Desenvolvimento Infantil: Instrumentos de Avaliação e Programa de Estimulação Psicossocial Sophie Eickmann Profa Adjunta do Dpto Materno Infantil
Acompanhamento do Desenvolvimento Modelos: Vigilância / Monitorização Triagem (Screening) Avaliação The Commonweath Fund - 2007
Monitorização do Desenvolvimento Definição: “Processo flexível, longitudinal, contínuo e
acumulativo através do qual profissionais de saúde podem, utilizando várias fontes, reconhecer crianças em risco para distúrbios do desenvolvimento” AAP 2006 The Commonweath Fund - 2007
Vigilância do Desenvolvimento Conceito mais amplo (na atenção primária): Prevenção (antecipação de problemas)
Detecção de anormalidades Promoção (difusão de atitudes que possam favorecer o desenvolvimento) SBP - 2005
The Commonweath Fund - 2007
Triagem do Desenvolvimento Definição: “ Utilização sistemática de um instrumento
padronizado breve para identificar crianças que podem apresentar distúrbios do desenvolvimento” AAP 2006 The Commonweath Fund - 2007
Triagem do Desenvolvimento “Todas as crianças, mesmo sem fatores de
risco ou alterações aparentes devem ser submetidas a testes de triagem padronizados
para o desenvolvimento” 9 meses
18 meses (geral e triagem para Autismo) 24 – 30 meses AAP 2006
Avaliação do Desenvolvimento Definição: “ Processo complexo que tem objetivo de
identificar
distúrbios
específicos
do
desenvolvimento que afetam a criança” → QD + avaliação médica completa → Etiologia AAP 2006 The Commonweath Fund - 2007
Vigilância do Desenvolvimento Triagem / Avaliação do Desenvolvimento
Vigilância do Desenvolvimento Finalidades: Encaminhamentos adequados Orientar a família em relação ao desenvolvimento infantil
Monitorizar os efeitos de intervenções
AAP 2006 The Commonweath Fund - 2007
Instrumentos Anamnese Questionários para pais
Fichas de acompanhamento Testes de triagem Escalas de desenvolvimento
Anamnese • Contexto sócio – familiar • Fatores de risco biológicos • Preocupação dos pais / cuidadores
• História do desenvolvimento pregresso Pop de alto risco devem ser
encaminhada para avaliação mais abrangentes em serviços especializados Jonhson e Marlow, 2006; Sices L, 2007
Questionários para pais “Pre-screening” • Ages and Stages Questionnaires (ASQ) 0 - 6 anos • Battelle Developmental Inventory Screening Tool (BDI-ST 2ª Ed) 0 – 95 meses
• Parent’s Evaluation of Developmental Status (PEDS) 0 - 8 anos • Child Developmental Inventory (CDI) 18 m - 6 anos
• Pre-screening Developmental Questionnaire (PDQ II) 0 – 6 anos (DENVER II)
Instrumentos de Acompanhamento Amira C. Figueiras Isabel C. de Souza Viviana G. Rios
Yehuda Benguigui
OPAS / OMS 2005
Instrumentos de Acompanhamento Ficha de Acompanhamento do Desenvolvimento
Ministério da Saúde Cadernos de Atenção Básica 11 2002
Teste de Triagem de Denver II • Do nascimento aos seis anos • Rápido e simples (10 a 20’) • Dividido em áreas: Pessoal/Social Motricidade ampla Motricidade fina Linguagem • Observação direta / informação do acompanhante • Classifica em: desempenho normal, suspeito e anormal Frankenburg et al, 1992 / www.denverii.com
Teste de Triagem de Bayley III • De 1 a 42 meses • Rápido e simples (15 a 25’) • Dividido em áreas: Cognição Linguagem (receptiva e expressiva) Motricidade (grossa e fina) • Observação direta • Classifica em categorias: em risco / emergente / competente PsychCorp, 2006
Avaliação do Desenvolvimento Escalas de Desenvolvimento • Griffith Mental Development Scales Baby Scales 0 - 24 meses
• Bayley Scale of Infant and Toddler Development (Bayley III)
Avaliação do Desenvolvimento Função das Escalas de Desenvolvimento • Objetivar e quantificar os dados
• Referência da normalidade • Fazer curvas de distribuição (Percentil, Média/Desvio Padrão)
Escalas do Desenvolvimento QUEM PODE FAZER? • Pediatra treinado e experiente • Especialistas pediátricos • Pediatra do Desenvolvimento e Comportamento
• Neurologista do Desenvolvimento • Neuropediatra • Psiquiatra Infantil
• Fisiatra Pediátrico AAP, 2006
Escala de Bayley III Cognição
Motor - amplo - fino
Linguagem - receptiva
- expressiva Social-emocional
Comp. adaptativo
Escala de Bayley III
www.harcourt.com - Bayley III -2006
Escala de Bayley III Atualização dos dados normativos: amostra contemporânea e representativa Ampliação da faixa etária (1 a 42 meses)
Melhora do conteúdo Melhora da qualidade psicométrica
Maior utilidade clínica PsychCorp, 2006
Qualificação do avaliador Quem pode usar o teste sem treinamento adicional?
•Pediatras
•Fonoaudiólogos
•Fisioterapeutas
•Terapeutas Ocupacionais
•Psicólogos •Pedagogos PsychCorp, 2006
Com experiência em avaliação individual
Áreas de Domínio - Bayley III Cognição
Com. Receptiva
Com. Expressiva
Linguagem
Motor Grosso
Motor
Avaliados com a criança em situação de teste
Motor Fino
Áreas de Domínio - Bayley III
SocialEmocional
Comp. Adaptativo
Questionário para ser preenchido pelos pais ou cuidadores
Indicações x Limitações Objetivar e quantificar os dados Instrumento de pesquisa Ensinar aos pais sobre o desenvolvimento de seu filho Não compara crianças com deficiências físicas ou sensoriais graves com população normativa
Custo, treinamento, local e duração
Cognição x Inteligência Quanto
jovem
V. preditivo
valor preditivo
em grupos de risco
biológicos e ambientais p/ atraso Desenvolvimento cognitivo na infância prevê escolaridade Lancet, Jan/2007
Ambiente
Livre
de distração, ventilado e claro
calmo,
Espaço
para andar, correr e escada (degraus: 15cm X 25 cm)
Nº mínimo de pessoas na sala Não recomendado no domicílio
Tempo de administração A duração da atenção do lactente é curta tentar minimizar o tempo Médias:
= 12 meses: 50 minutos 12 meses: 90 minutos
Subteste
Escore Total Bruto
Escore Balanceado
Escore Composto
Percentil
Intervalo de confianรงa (_____%)
Cognitivo
Usar Tabela A.5 Linguagem
Com. Receptiva
Com. Expressiva
Total
Usar Tabelas A.4
e A.7
Motor
Motor Fino
Motor Grosso
Total
Usar Tabelas A.4
e A.8
Tabela 6.1
Manual Técnico pg 109
Escore composto
Escore Balanceado
Desvio Padrão
Percentil
55
1
-3
0.1
60
2
-2 2/3
0.4
65
3
-2 1/3
1
70
4
-2
2
75
5
-1 2/3
5
80
6
-1 1/3
9
85
7
-1
16
90
8
-2/3
25
95
9
-1/3
37
100
10
0 (média)
50
105
11
+1/3
63
110
12
+2/3
75
115
13
+1
84
120
14
+1 1/3
91
125
15
+1 2/3
95
130
16
+2
98
135
17
+2 1/3
99
140
18
+2 2/3
99,6
145
19
+3
99,9
Curva do Percentil Cognitivo
Grupo de Pesquisa em Saúde e Nutrição
Materno Infantil UFPE: Pedro Israel C Lira - Marília C Lima
Sophie H Eickmann - Gisélia Alves Rosemary Amorim - Daisy Amaral Ana Cláudia Lima - Míriam Guerra
Sonia Coutinho – Maria Luisa Alessio LSHTM (Londres): Ann Ashworth - Saul Morris UCL (Londres): Sally Grantham-McGregor
UoB (Bristol): Alan M Emond UM I (Montpellier) : Claude Léger
Estudo de coorte: BPN/PAN a termo 1993/94 Saúde e nutrição de crianças: estudo de coorte 1997/98 Estudo de coorte: Aleitamento Materno 2001 Zona da Mata Meridional de Pernambuco •
Palmares
•
Catende
•
Água Preta
•
Joaquim Nabuco
•
Ribeirão
Situação de moradia e saneamento básico
Interação entre a dieta no início da vida e o genótipo na definição de relevantes aspectos da saúde e qualidade de vida
GENES
Ambiente no início da vida
GENES
N U T R I Ç Ã O
Crescimento e Desenvolvimento do Cérebro
Capacidade Cognitiva e Aprendizagem
Crescimento (músculo/osso) Composição Corpórea
Imunidade, Capacidade de trabalho
Programação Metabólica: Proteínas , Lipídeos, Carboidratos, Hormônios, Receptores
Obesidade, Diabetes, D. Cardiovascular, Hipertensão, Derrame, Câncer, Osteoporose, Envelhecimento
Adaptado - Fonte: Herbig & Stover, Anais Nestlé, 2004; 63:1-12
Fatores socioeconômicos – – –
Fatores biológicos
Renda familiar Ocupação dos pais Nível educacional
Fatores nutricionais
Morbidade
Fatores familiares
Peso ao nascer
Aleitamento Materno
Diarréia
Idade materna
Perímetro cefálico
Desnutrição
Infecção
Paridade
Idade gestacional
Consumo alimentar
respiratória
Coabitação
Sexo
Micronutrientes
Hospitalização
Tamanho familiar Condições de moradia Interação mãe/bebê
Estimulação domiciliar
Crescimento e Desenvolvimento
BAIXO PESO AO NASCER A TERMO E DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO MOTOR E MENTAL ( BAYLEY) DE CRIANÇAS AOS 6, 12 E 24 MESES DE VIDA SEGUNDO O PESO AO NASCER Mata Meridional de Pernambuco, 1993/95
- 7,3
- 9,9
- 10,2
- 4,2
- 7,0
- 9,1
120 100 80 PBNasc
% 60 PANasc
40 20 0 Motor 6
Motor 12
Motor 24
Mental 6
Mental 12
Mental24
Fonte: - Grantham-McGregor SM, Lira PIC, Morris SS, Ashworth A . J Pediatrics, 1998
- Eickmann SH, Lima MC, Lira PIC Arq Neuropsiquiat, 2002
EFEITO DO PESO AO NASCER SOBRE OS TESTES WISC E COORDENAÇÃO DE CRIANÇAS AOS 8 ANOS DE IDADE - Zona da Mata Meridional de Pernambuco VARIÁVEIS
WISC* TOTAL
(a)
PERFORMANCE
COORDENAÇÃO* EQUILIBRIO
COORDENAÇÃO
Esc. Materna ( 9 anos) 0-4
- 8,32**
5-9
- 6,64*
Tipo de Escola Pública
- 6,93**
- 7,72**
0,55**
0,77**
Índice Estimulação Domiciliar (HOME) Peso ao Nascer (<2500g)
- 3,13†
- 4,09†
0,20*
0,08**
- 1,96*
- 0,84**
* Ajustado por: Renda Familiar per capita, Índice Ambiental, Pessoa/Dormitório, Co-habitação Paterna, Idade Materna, hemoglobina
(a)
(a)
= coeficiente de regressão
Nível de significância: † P 0.10;* P 0.05; ** P 0.01 Fonte: - Emond AM, Lima MC, Lira PIC, Grantham-McGregor SM, Ashworth A , Acta Paediat 2006
ANEMIA E DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO METAL E MOTOR RELACIONADO COM OS NÍVEIS HEMOGLOBINA EM CRIANÇAS AOS 12 MESES DE VIDA – Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 1997/98
Hemoglobina
Escala de Bayley
(g/dL) < 9,0
n 69
% 28,2
Mental 105,6
101,1
9,0 – 10,9
111
45,3
107,6
105,7
65
26,5
108,4
106,4
11,0 (*)
Total = 245
Motor
(*)
P < 0,02 Fonte: Lima MC, Eickmann SH, Lima ACV , Guerra M, Lira PIC, Huttly SR, Ashworth A. Acta Paediatrica, 2004
ALEITAMENTO MATERNO E DESENVOLVIMENTO
EFEITO DO ALEITAMENTO MATERNO NO DESENVOLVIMENTO MENTAL
AOS 12 MESES â&#x20AC;&#x201C; Zona da Mata Meridional de Pernambuco, 2000/01
VARIABLES
D. Mental Unadjusted
P
Adjusted *
CI (95%)
P
R2 %
Per caput family income(c) 0.50 MW
6.43
<0.001
3.63
[0.61, 6.65]
0.02
3.2
Home stimulation index
0.67
<0.001
0.48
[0.22, 0.74]
<0.001
11.2
Sex(c) Female
4.53
0.001
3.23
[0.77, 5.68]
0.01
4.0
Haemoglobin (g/dL)
2.02
<0.001
1.28
[0.37, 2.19]
0.006
2.6
Breast feeding Fully at 1 mo
3.65
0.01
3.00
[0.48, 5.53]
0.02
1.8
*Adjusted for: Per caput family income, possession of TV and fridge, flush toilet, maternal work and years of schooling, number of children under 5 years, home stimulation index, smoking during pregnancy, birthweight, infant's sex, haemoglobin level, weight-for-age Fonte: Eickmann SH, Lira PIC, Lima MC, Coutinho SB, Teixeira MLPT, Ashworth A. Paediatric and Perinatal Epidemiology, 2007
PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO PSICOSSOCIAL
Saúde e nutrição de crianças: um estudo de coorte 1997/98 Recrutamento ao nascer
N=652
(Setembro 1997 - Agosto 1998)
Estudo dos fatores determinantes do desenvolvimento Nascidos de Janeiro - Agosto 1998
N = 245
Escala de desenvolvimento mental e motor de Bayley aos 12 meses Programa de estimulação psicossocial dos 13 aos 18 meses
N = 156 Intervenção
Controle
Escala de desenvolvimento mental e motor de Bayley aos 18 meses
Determinantes do desenvolvimento mental e motor aos 12 meses numa população de baixa renda: um estudo de coorte no nordeste do Brasil Renda familiar per capita <= 0,5 SM
51%
Residência sem saneamento
40%
Ausência de coleta de lixo
31%
Mães adolescentes
34%
Mães analfabetas
45%
Pais desempregados
30%
Fonte: Lima MC, Eickmann SH, Lima ACV , Guerra M, Lira PIC, Huttly SR, Ashworth A.
Acta Paediatrica, 2004
Características das crianças • Idade gestacional < 37 semanas
9,8%
• Peso ao nascer < 2.500g
9,4%
• Aleitamento materno
10%
exclusivo >= 20 dias •Índice de HOME <= 18 (Média = 24 DP = 6) Fonte: Lima MC, Eickmann SH, Lima ACV , Guerra M, Lira PIC, Huttly SR, Ashworth A.
Acta Paediatrica, 2004
20%
Índice de desenvolvimento de Bayley Mental: Média = 106 DP = 12 Motor: Média = 104 DP = 12
Modelo final do Índice de Desenvolvimento Mental O modelo explicou 28% da variação do IDMental Socioeconômicos
Ambientais
22%
Estimulação domiciliar
Biológicos
6%
Modelo final do Índice de Desenvolvimento Motor O modelo explicou 26% da variação do IDMotor Socioeconômicos
Ambientais
21%
Estimulação domiciliar
Biológicos
5%
Melhora do desenvolvimento mental e motor através de uma intervenção de estimulação psicossocial de base comunitária no nordeste do Brasil Avaliar o impacto de um
programa de estimulação psicossocial de baixo custo,
realizado com crianças dos 13 e 18 meses de vida Fonte: Eickmann SH, Lima MC, Lima ACV , Guerra M, Lira PIC, Huttly SR, Ashworth A. Developmental Medicine & Child Neurology, 2003
Visita domiciliar – 13 meses Convite e explicação do programa “Brincar é coisa séria”
Conversa sobre a importância do brincar
e interagir no desenvolvimento infantil
Oficina do brincar – 14 meses Estimular as mães a brincar e interagir com suas crianças Brinquedos industrializados Brinquedos de sucata
Oficina de sucata – 15 meses Confecção de
brinquedos com sucata
Interação e Estimulação em atividades
de vida diária
Oficina de encerramento – 16 meses
Discussão sobre o programa e vivências
Confecção de mural
Visitas domiciliares semanais de 14 a 18 meses ď&#x192;ź Reforço das atividades ď&#x192;ź Entrega de brinquedos de material reciclado
Todas as crianças 110
Mental
Motor
Ă?ndice de Bayley
105 100
* (9,4)
* (8,2)
95 90
Interv (n=78) Contr (n=78)
* P<0,001
85 80 12 meses 18 meses 12 meses 18 meses
Bayley <= 100 110
Mental
Motor
Ă?ndice de Bayley
105 100 95 90
* (11,2)
** (10,8)
Interv (n=39) Contr (n=39) * P< 0,001 **P= 0,001
85 80 12 meses 18 meses 12 meses 18 meses
Bayley = 101 - 115 115
Ă?ndice de Bayley
Mental
Motor
110
105
* (7,1)
** (5,2)
Interv (n=39) Contr (n=39) * P = 0,003
100
** P = 0,05
95 12 meses 18 meses 12 meses 18 meses
Recomendações Futuras pesquisas: População mais abrangente Avaliação de outras variáveis Equipe multidisciplinar
Criação de programas de intervenção multifocal: Aspectos de saúde Nutrição Estimulação psicossocial
OLINDA/PE