Manual de Jornalismo e Território - Primeira Infância e Adolescência

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MAN UA L D E J O R N A L IS M O E T E R R ITÓ R I O

PRIMEIRA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA


REALIZAÇÃO:

APOIO:


SÃO PAULO • 2021 ÉNOIS LABORATÓRIO DE JORNALISMO


COMO COBRIR QUESTÕES DA PRIMEIRA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA


Manual de Jornalismo & Terrirório

Para quem é este guia? O

PRODUÇÃO

terial didático para quem quer saber

Glória Maria e Sanara Santos

mais sobre seu território, sobre como

ORGANIZAÇÃO E TEXTO

noticiar a partir de suas vivências em

Simone Freire, Alice de Souza,

seus territórios. Nesta primeira edição,

Danila de Jesus, Camila Simões,

vamos nos debruçar sobre como apro-

Débora Brito, Elena Wesley,

fundar a cobertura da primeira infância

Leilane Menezes e Mayara Penina

CRÉDITOS

lá, comunicadores, comunicadoras, e todo mundo da

quebrada, da favela… este é um ma-

e adolescência – e como políticas

SUPERVISÃO E EDIÇÃO

públicas dentro desse tema impactam

Nina Weingrill

o público direto.

DESIGN Também falaremos sobre como orga-

Thais Erre

nizar seu projeto de jornalismo, pensar

CONTATO

as pautas para dar conta das necessidades locais, explorar linguagens e

formacao@enoisconteudo.com.br

novas formas de distribuição. Bora?

enoisconteudo.com.br 4


Como surgiu?

06

O que você vai encontrar aqui

10

1. Jornalismo & Território

12

MAPA AFETIVO

14

A PAUTA

20

DISTRIBUIÇÃO

22

2. Política & Território

24

3. Primeira Infância & Adolescência

30

A FORMAÇÃO NA SOCIEDADE

32

DIREITOS

34

ERROS E ACERTOS NA COBERTURA

46

4. Materias de Apoio

52

Agradecimentos

63 5


Manual de Jornalismo & Terrirório

Como surgiu? A

tarefa parecia muito simples para a reportagem: asaber quantas crianças haviam sido atendidas

pelos Conselhos Tutelares na cidade de São Paulo e a tipificação desses atendimentos. Saber, por exemplo, quais eram os atendimentos mais comuns quando o assunto era violação dos direitos das crianças e adolescentes na cidade. No final, tornou-se uma apuração de mais de um ano. Dos 52 Conselhos Tutelares da cidade, apenas quatro responderam à solicitação da reportagem, e alguns órgãos responsáveis, por diversas vezes, não souberam explicar os desencontros de informações. O resultado de toda essa experiência foi entender que, embora o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 6


tenha mais de trinta anos, há muitos

são levados para o resto da vida. Ou

gargalos de dados que dificultam o

seja, discutir e ampliar o debate sobre

acesso à informação e, consequen-

primeira infância, e também adoles-

temente, o trabalho da imprensa ao

cência, diz respeito a todes nós, uma

cumprir o seu papel de fiscalizar

vez que dita sobre o que seremos e

o espaço público.

queremos enquanto sociedade.

Se não sabemos da real situação das crianças e adolescentes no país, como podemos garantir que leis estão sendo cumpridas ou que há um ambiente real que propicie a elaboração de políticas públicas?

A partir desses questionamentos, e sabendo que em um país de grandes proporções e de contextos muito diversos, a falta de cobertura nos territórios impacta diretamente o desenvolvimento local, iniciamos uma discussão ainda mais estratégica: como comunicadoras, comunicadores ou iniciativas de comunicação nas quebradas, favelas, comunidades indígenas, quilom-

Vale ressaltar que a primeira infância,

bolas e em municípios afastados

período que vai do nascimento até os

atuam ou podem atuar de forma

seis anos de idade, é uma janela em

direcionada à pauta da primeira

que experiências, descobertas e afetos

infância e adolescência? 7


Manual de Jornalismo & Terrirório

Como, a partir do território, podemos impactar discussões, fazer a comunidade se interessar pelo assunto e cobrar do Poder Público soluções para os problemas que mais afetam a nossa realidade?

do contexto de pandemia, os encontros – antes pensados presencialmente – foram adaptados e aconteceram no ambiente virtual. Com edições nas capitais de São Paulo, Rio de Janeiro, e estados das regiões Norte, Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, discutimos as realidades das primeiras infâncias e adolescências em sua multiplicidade. Momentos que proporcionaram conexões, aprendizados e trocas, sejam culturais, afetivas, políticas ou sociais,

Assim, iniciamos diversos encontros,

entre comunicadoras e comunicadores

em várias regiões pelo país. Por conta

de territórios periféricos e favelados.


Em cada edição, os encontros passa-

ECA, desenvolvimento infantil e políti-

ram por noções básicas de jornalismo,

cas públicas. Desses encontros nasce

lei de acesso à informação, jornalismo

este guia. Bem-vindes à primeira edição

de dados, distribuição de conteúdo;

do Manual de Jornalismo & Território da

além de conteúdos temáticos sobre o

Énois Laboratório de Jornalismo.

Mapa das inscrições pelo país 9


Manual de Jornalismo & Terrirório

O que você vai encontrar 1

JORNALISMO & TERRITÓRIO

V

ocê conhece a sua favela, a sua quebrada, a sua periferia, a sua comunidade? Quem são

os/as agentes comunitários/as; os principais atores políticos, os principais locais, organizações, escolas,

2 PRIMEIRA INFÂNCIA & ADOLESCÊNCIA

parques? Sabe onde está a quadra de esportes, a barbearia, o salão de beleza? Onde estão as crianças e os adolescentes? Para responder a essas questões, a gente começa a nossa jornada com a metodologia do Mapa Afetivo,

3

POLÍTICA & TERRITÓRIO

um exercício de autoconhecimento enquanto sujeito político. Ou seja, como seres ativos na busca por transformação e justiça social no contexto dos territórios comunitários, periféricos e favelados, não podemos esquecer que se quisermos falar da nossa quebrada, a primeira lição é conhecê-la. 10


preparar para cobrir seu território a partir

aqui

do acesso a essas informações, como podem utilizar os dados públicos e da Lei de Acesso à Informação (LAI) para melhorar o seu trabalho. Muita galera massa trouxe tudo isso nas formações.

Este é um exercício para auxiliar no mapeamento de atores e necessida-

No último módulo, mergulhamos no

des locais, assim como em estratégias

tema da primeira infância e adolescên-

para pensar em alcance e distribuição

cia: o que é o desenvolvimento infantil;

do seu conteúdo para o seu público,

quais são os direitos da criança e

seja por um site, WhatsApp, Facebook,

do adolescente e as construções de

carro de som ou outras maneiras

políticas públicas direcionadas; além

capazes de fazer a notícia chegar

de uma discussão sobre linguagem e

com facilidade e com uma linguagem

cobertura sobre o tema na mídia. Para

acessível. É, em resumo, um mergu-

nunca esquecer: tem muita gente boa

lho à nossa existência e, porque não,

bem pertinho de nós e que sabe muito

“resistência” no território.

sobre a nossa realidade, é essencial achar essas fontes.

No segundo módulo, entramos no escopo da política pública. Debatemos

Ah, sabemos que o jornalismo é cheio de

como o sistema político brasileiro se

jargão, não é mesmo? Se não entendeu

organiza no nível municipal, como co-

algum termo ou ficou confuso/a, deixa-

municadores/as, jornalistas, podem se

mos um glossário lá no final, tá bom? 11


0

JORNA & TERRI


01

ALISMO ITÓRIO


Manual de Jornalismo & Terrirório

JORNALISMO & TERRITÓRIO

Mapa Afetivo E

ste é o momento da chegança!

Nesta edição, nosso Mapa Afetivo está

Um momento para nós, enquanto

focado no quanto conhecemos sobre

comunicadores e comunicadoras, ma-

crianças e adolescentes em nosso

pear o quanto de fato sabemos sobre

território. Mas, logo, você vai perceber

onde vivemos ou sobre onde queremos

que ele pode ser usado para mapear

escrever. O Mapa Afetivo é um instru-

os mais diversos temas que sejam

mento de pesquisa sobre o território

importantes para você.

e como você o enxerga. Nele, você vai

PARA COMEÇAR

apontar suas vivências, trocas, engajamento e relações. Ele irá ajudar muito

Pegue uma folha e sinalize algum

no desenvolvimento de pautas e em

ponto como “meu local”. A partir disso,

pensar as necessidades de informação

comece a desenhar o que está ao seu

que seu território aponta, assim como

redor. A dimensão fica a seu critério,

ideias para distribuir seu conteúdo.

pode ser o seu quarteirão, o seu bairro. 14


O importante é que seu mapa sinalize

que deseja mapear e, portanto, com o

os principais pontos de referência para

qual quer se comunicar. Para facilitar,

você. Aqui precisa aparecer o território

deixamos um template aqui para você.

MAPA AFETIVO: TEMPLATE PART E 1

PA RT E 2

PARTE 3

1. Sinalize 15 locais

4. Sinalize com

7. Sinalize com ! os

importantes para

a cor azul os ambien-

espaços onde se

você no seu bairro.

tes que remetem a

discute política.

Ex: escolas, creches,

sentimentos positivos.

bares, associações de bairro, bares etc. 2. Sinalize com um círculo os locais em que há presença de crianças. 3. Sinalize com um quadrado os locais em que há presença

5. Sinalize com a cor

8. Sinalize com X

vermelha os ambientes

os espaços onde há

que remetem a

violação de direitos.

sentimentos negativos. 6. Sinalize com a cor amarela os ambientes que remetem a sentimentos neutros.

de adolescentes.

15


Manual de Jornalismo & Terrirório

MAPA AFETIVO EXEMPLO DE TEMPLATE PREENCHIDO

UBS C REC HE CEDESP

PAR QU E DO CANIVETE S A MB A QUI

P ONTO DE ÔNIBUS PRA Ç A

C A MI N H Ã O D E BR I N C AR A M AVS

FEIRA

MEU LOCAL

ESCOL A

MERCADINHO

C R E C HE

RÁDIO C A N TA R E I R A

BAR

RUA C OM ERC I A L DO TERESI NH A

16


O Mapa Afetivo pode ser feito em cima da representação cartográfica do território ou desenhado à mão, como as duas versões ao lado.

17


Manual de Jornalismo & Terrirório

Com o mapa em mãos, mergulhamos

me trazem? O que isso diz sobre

em um processo de reflexão. Algumas

meu território?

perguntas norteadoras vão nos ajudar neste momento:

Dentre os locais sinalizados no meu mapa, onde eu vejo os direitos

Agora que entendi os locais

sendo violados? Que sentimentos

que estão ao meu redor, e onde

eles me trazem?

considero que há a presença de crianças e adolescentes, qual

Conheço iniciativas ou pessoas

é a avaliação que faço sobre

do território que buscam sanar

o meu território?

esses problemas?

Conhecia todos os locais que

O que esse mapa fez eu perceber

mapeei? Tenho relação com eles?

que antes não percebia? Quais locais me surpreenderam?

Onde há mais concentração de crianças, que tipo de presença

Que histórias esses locais têm para

é essa? Quais sentimentos eles

me contar? O que quero saber mais

me trazem? O que isso diz sobre

sobre eles?

meu território? Conheço pessoas no território que Onde há mais concentração de

falam sobre os problemas ou solu-

adolescentes, que tipo de presen-

ções que eu identifiquei? Quais são

ça é essa? Quais sentimentos eles

as minhas possíveis fontes? 18


O que enxergo de positivo

DICA

e negativo no mapa?

Esse exercício fica mais rico se

A partir de tudo isso, o que

feito coletivamente, com outras

quero escrever sobre meu

pessoas, para alimentar o debate!

território? O que os moradores precisam saber e como posso me articular para isso? É possível enxergar que no território que pertenço existem áreas ainda mais segregadas, vulneráveis? Como me relaciono com esses espaços?

19


Manual de Jornalismo & Terrirório

Pauta E

xiste um olhar particular sobre

Tutelares. Observei no meu mapa que

a pauta para quem vive e atua

não há um Conselho Tutelar próximo

fora dos grandes centros urbanos

da minha região, isso me desperta um

ou nas periferias deles. Depois de

sentimento de indignação, porque sei

da discussão sobre seu território, e

que há várias denúncias de violação

se encontrando nele enquanto um

de direitos contra crianças na região.

comunicadore, é hora de materializar

Pois bem, nós temos como “tema” a

tudo que foi debatido e analisado.

ausência do espaço público – e do

Uma chuva de ideias e possibilidades

Poder Público, consequentemente.

saíram do exercício anterior e agora precisamos transformá-la em um

Um tema vai nos dar caminhos para

“tema”, em uma “pauta”.

várias possibilidades de pautas que vão se materializar em reportagens.

O que isso significa? Que vamos

Para fazer a escolha correta ou mais

pensar minuciosamente a pergunta

estratégica sobre que pauta realmen-

que queremos responder à sociedade

te tem mais a agregar no território,

sobre um determinado assunto. Por

responder a perguntas norteadoras,

exemplo, voltemos ao assunto que

pode ajudar. A seguir deixamos

gerou todo este projeto: os Conselhos

algumas delas: 20


1

A partir do que senti ou

7

observei no meu mapa, sobre

2

Quem são minhas fontes (pessoas ou organizações

o que quero escrever em uma

que entendem muito sobre o

reportagem?

assunto)?

Qual o meu objetivo com

8

essa reportagem?

Qual a linguagem que vou usar para informar? Texto, foto, vídeo, áudio? Tenho

3

4

5

Para quem estou escrevendo?

conhecimento técnico para

Quem é o meu público?

produzir esse material?

Quais perguntas a reportagem

9

Quais serão as etapas da

vai responder? E por que res-

reportagem, o passo a passo

pondê-las é importante?

do que vou fazer? 10

Após uma breve pesquisa sobre o assunto, o que já saiu

Como penso em distribuir o meu conteúdo?

sobre isso e o que eu vou fazer de diferente? 6

Nos materiais de apoio, no fim deste guia, separamos um

Que dados tenho sobre o

conteúdo bem bacana sobre

assunto? De quais dados ainda

como estruturar um projeto

preciso e como posso

editorial para sua pauta. Não deixe de conferir!

consegui-los? 21


Manual de Jornalismo & Terrirório

Distribuição P

ara encontrar uma pauta relevan-

1 Defina cinco pessoas que distri-

te, é preciso pensar estrategica-

buem conteúdo em seu território e

mente para quem estou escrevendo e

reflita o que pode fazer para entrar

como desejo distribuir essa história.

em contato com elas.

Por isso, quando usamos a metodolo-

2 Qual o tipo de conteúdo, qual o

gia do Mapa Afetivo, é preciso sempre

formato de conteúdo que é comum

retomá-lo e tentar captar onde está o

para todes? Fotos, vídeos ou textos?

meu público-alvo, e refletir como as

Por quais plataformas acessam

informações chegam a essas pessoas

esse conteúdo?

para garantir que aconteça o mesmo com o meu conteúdo. Esse é um

3 Quais são as estratégias que você

processo de sair do “quadrado do jor-

vai usar para manter essas pessoas

nalismo” e tentar encontrar caminhos

conectadas a você?

que tenham como foco o engajamento comunitário. Nesse sentido, aqui vão

4 Como saber se o seu objetivo está

algumas perguntas que podem ajudar

sendo cumprido? Que tipo de infor-

a traçar planos para garantir o engaja-

mações você precisa ter para saber

mento dos conteúdos no seu território.

se o seu conteúdo está cumprindo 22


a missão dele? Quais são as

Nos materiais de apoio, você irá encon-

perguntas que precisa fazer para

trar um exercício interessante sobre

o seu público?

como entender nosso público-alvo e personas (um personagem fictício que reúne as características do seu público).

Estima-se que existam mais de 120 milhões de usuários de WhatsApp no Brasil. A plataforma tem se consolidado fortemente como distribuidora de conteúdo jornalístico, especialmente em locais com pouco acesso à internet, já que o uso do aplicativo não consome dados. Nos nossos encontros regionais, falamos muito sobre estratégias de comunicação na plataforma e deixamos aqui algumas dicas da jornalista Gisele Alexandre, do podcast, para WhatsApp, Manda Notícias. Se liga! 1. Tenha um número

4. Reserve um tempo

7. Não seja

de WhatsApp

do seu dia para ler

invisível, divulgue

para o trabalho.

as mensagens.

o seu trabalho.

2. Divulgue seu

5. Responda sempre

8. Bloqueie quando

número sempre

que houver uma

achar necessário.

que possível.

mensagem para você.

9. Faça entrevistas

3. Participe de

6. Salve sempre

grupos que possam

o número de

10. Crie listas

gerar pautas.

possíveis fontes.

de transmissão.

23

por áudio.


0

POLÍT TERRIT


02

TICA & TÓRIO


Manual de Jornalismo & Terrirório

POLÍTICA & TERRITÓRIO

P

ara cobrir bem o território, pre-

As instituições são fontes essenciais

cisamos saber como funciona

para qualquer conteúdo jornalístico.

a produção e manutenção de políticas

Além de entrevistas, elas podem

públicas. Há instituições públicas,

fornecer dados que vão sustentar a

privadas e organizações da socie-

argumentação do conteúdo. E, muitas

dade civil que trabalham em prol da

vezes, são os próprios dados que vão

manutenção de direitos das crianças

ditar o que é ou não uma pauta.

e adolescentes. Conhecê-las é esDADOS: LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LAI)

sencial para a produção de qualquer conteúdo jornalístico.

Existem várias formas de ter acesso Pesquisando um pouco mais sobre

a dados, a principal é por meio de me-

cada instituição, organização ou entida-

canismos de transparência. No Brasil,

de, verifique quais são as instituições

a Lei de Acesso à Informação (LAI)

ou organizações que podem responder

estabelece que o acesso aos dados é

sobre a violação de direitos que você

a regra e não a exceção. Em seu artigo

encontrou no seu território.

8º, a LAI estabelece que é dever de 26


entidades e órgãos públicos divulgar

ACESSO À INFORMAÇÃO

em local de fácil acesso informações públicas de interesse coletivo. Isso é chamado de “transparência ativa” e nos dá a possibilidade de buscar

REPERCUSSÃO NA SOCIEDADE

nos sites de prefeituras, estados e do governo federal muitos materiais. Mas os governos nem sempre publicam dados que realmente são relevantes para entender a realidade nos territórios.

AÇÃO DO PODER PÚBLICO

Por isso, a LAI é um instrumento rico para qualquer jornalista, pois estabelece também a “transparência passiva”, ou

ONDE ENCONTRAR AS INFORMAÇÕES?

seja, a possibilidade de qualquer cidadão solicitar acesso aos dados que não

Como mencionado, alguns órgãos

pode encontrar em locais públicos.

e entidades públicas devem fornePor isso, saber fazer a pergunta

cer informações de interesse geral,

certa pode garantir o protagonismo

independentemente de terem sido

da discussão prioritária ao território,

solicitadas. Alguns portais realizam

dar infinitas possibilidades de pautas,

essa função: Portal da Transparência,

e mais, influenciar na criação de

Portal Brasileiro de Dados Abertos,

políticas públicas.

entre outros sites oficiais. 27


Manual de Jornalismo & Terrirório

Outras informações são pedidas às

estadual ou municipal?

instituições por meio da Plataforma

Ex. creche: município; ensino médio:

Integrada de Ouvidoria e Acesso à

município e/ou estado; universidades

Informação (Fala.BR), antigo Sistema

estaduais: estado; universidades

Eletrônico do Serviço de Informa-

federais: governo federal.

ções ao Cidadão (e-SIC), que existe em nível federal (e-SIC Federal), nos

2 Qual a instância da informação?

estados e municípios.

Qual o departamento? Ex. Polícia Militar, Polícia Civil, Secretarias, Ministérios, Judiciário, etc. Na dúvida,

Você precisa fornecer:

peça redirecionamento de pedido ao órgão

nome, RG, CPF e e-mail

competente já no texto enviado.

Você não precisa fornecer: dados socioeconômicos,

3 Defina o período sobre o qual deseja

gênero, endereço e telefone

pedir a informação (intervalo de tempo: semana, mês, ano).

Não se assuste, é mais fácil do que

4 Defina o local: escolas, unidades

parece. Aqui, alguns passos importan-

básicas de saúde, Conselho Tutelar, etc.

tes para garantir que se obtenha os dados que precisa corretamente.

5 Detalhe o máximo que puder os itens que quer de informação.

1 Você precisa saber quem é o detentor da informação que busca: é federal,

6 Seja claro, direto e use listas: 28


DICAS DE COMPLEMENTO NA HORA DE SOLICITAR:

MODELO

• Formato Requisito que sejam fornecidas em formato aberto (planilha em *.xls, *.csv, *.ods). • Justificar negativa “Caso parte das informações

O QUE: boletins de ocorrência

não possa ser fornecida, favor

de crimes contra a dignidade

justificar e enviar o restante.”

sexual no metrô de São Paulo ONDE: cidade de São Paulo (SP)

• Informações sigilosas

QUANDO: entre 01/2014 e

“Caso parte das informações

01/2019

seja sigilosa, favor tarjá-las e enviar o restante.”

Por favor, fornecer os dados classificados por

• Reencaminhe meu pedido

• Gênero autor/vítima

“Caso o órgão não seja o

• Idade autor/vítima

responsável pelas informa-

• Local da ocorrência

ções, favor encaminhar ao

• Data/Hora da ocorrência

responsável.”

29


03

PRIM INFÂN ADOLES


3

MEIRA NCIA & SCÊNCIA


Manual de Jornalismo & Terrirório

PRIMEIRA INFÂNCIA & ADOLESCÊNCIA Você se lembra dos seus seis primeiros anos? Como muitos de nós não lembramos de todos os detalhes do começo da nossa vida, nem sequer nos damos conta da importância dessa época. Mas é nela, a chamada primeira infância, em que 90% das conexões cerebrais são formadas. A primeira infância compreende o período do nascimento até os seis anos de idade. Experiências, descobertas e afetos vividos nesse período moldam todo o restante de nossas vidas. Vamos falar um pouco sobre isso neste módulo.

A formação na sociedade

O

desenvolvimento humano

minadas idades, cada ser humano

é uma articulação de três

tem peculiaridades quando se trata

áreas. É extremamente importante

do desenvolvimento, ou seja, cada

salientar que, embora alguns pro-

indivíduo tem um desenvolvimento

cessos sejam comuns em deter-

único, particular. São elas: 32


DESENVOLVIMENTO

começa a se formar e segue evoluindo

BIOFÍSICO:

na velocidade das experiências vivi-

Período em que acontece

das, ou seja, vivências são fundamen-

a aquisição de novas funções

tais para o pleno desenvolvimento do

e habilidades motoras.

ser humano. As experiências moldam a arquitetura cerebral.

DESENVOLVIMENTO PSICO-COGNITIVO:

ESTIMULAR A INFORMAÇÃO

Um dos pilares do crescimento intelectual infantil é o processo ou faculdade de adquirir um conhecimento.

BRINCAR E CRIAR EXPERIÊNCIAS

DESENVOLVIMENTO SOCIAL:

Construção do sentimento de justiça, de regras e normas, apropriação da

AFETO E VINCULO

linguagem na sociedade, percepções sobre a garantia dos direitos, construção da ética, da estética,

A partir daí, a matemática é fácil:

influência da cultura.

experiências positivas irão formar um Na primeira infância, a neurociência

indivíduo mais seguro. E o contrário

afirma que a arquitetura do cérebro

também é verdadeiro. 33


Manual de Jornalismo & Terrirório

Direitos P

ara cobrir bem o território preci-

sociedade civil também trabalham em

samos saber como funciona a

prol da manutenção de direitos das

produção e manutenção de políticas

crianças e adolescentes. Conhecê-las é

públicas. No Brasil, essa organização

essencial para a produção de qualquer

acontece em três esferas: federal,

conteúdo jornalístico. Essas institui-

estadual e municipal.

ções funcionam de diversas formas e se estruturam de diferentes maneiras.

Existem três poderes que as adJudiciário. As políticas públicas, que

COMO UMA LEI É CRIADA

vão garantir os direitos sociais, são

Para criar uma nova legislação, é

regulamentadas por meio das leis, que

preciso antes propor um Projeto

surgem a partir do trabalho desses

de Lei (PL). Isso pode ser feito no

três poderes no país.

âmbito municipal, estadual ou federal,

ministram: Legislativo, Executivo e

por qualquer vereador, deputado ou A garantia de direitos das crianças

senador, comissão da Câmara, do

e adolescentes perpassa por cada

Senado ou Congresso, pelo presidente

esfera, cada uma atuando conforme

da República, pelo procurador-geral

suas competências. Outras instituições

da República, pelo Supremo Tribunal

públicas, privadas e organizações da

Federal, tribunais superiores ou por 34


ESFERAS

INSTITUIÇÕES

O QUE COMPETE

PODERES

BRASIL

FEDERAL

ESTADUAL

MUNICIPAL

Executivo (cria a lei)

Presidente da República

Governadores

Prefeitos

Legislativo (aplica a lei e fiscaliza)

Deputados federais e senadores (Congresso Nacional)

Deputados estaduais

Vereadores

Judiciário (interpreta a aplicação das leis)

Tribunais federais e juízes (Supremo Tribunal Federal)

Tribunais estaduais e juízes

Não existe atuação do poder judiciário no âmbito municipal

Apuração de ato infracional atribuído a adolescente; pedidos de adoção; ações civis; aplicar penalidades administrativas; pedidos de guarda e tutela; ações de alimentos; entre outros.

Assistência judiciária gratuita; inquéritos e ações civis públicas; investigação; fiscalização; zelar pelo efetivo respeito aos direitos; mandados de segurança; acompanhar ações; entre outros.

Atender e aconselhar os pais ou responsável; encaminhar notícia de fato para investigação; requisitar serviços públicos; assessorar o Poder Executivo local; entre outros.

Varas da Infância e Juventude; Varas Criminais; as Comissões de Adoção.

Corregedorias dos Tribunais; Defensorias Públicas; Promotorias do Ministério Público; Polícia Militar e Civil.

Conselhos Tutelares; Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedecas).

35


Manual de Jornalismo & Terrirório

você, cidadão (www2.camara.leg.br/

e confirmação, por correspondência

participacao/sugira-um-projeto).

física, em até dez dias. Os Projetos de Lei, quando recebidos nas três esferas

No caso do Legislativo Federal, por

de poder, são analisados, discutidos e,

exemplo, os projetos de lei podem

se aprovados, seguem para sanção do

ser enviados ao Fale Conosco do

prefeito ou presidente da República.

site da Câmara dos Deputados, por e-mail (clp.decom@camara.leg.br)

AS LEIS E A INFÂNCIA

ou carta. Se o envio for por e-mail, a

Os Direitos da Criança e do Adoles-

sugestão precisa de assinatura digital

cente estão expressos em várias

MARCOS LEGAIS DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL Até 1988, crianças e adolescentes eram vistos como OBJETOS DE INTERVENÇÃO Doutrina do Menorismo Cód. Menores 1927 e 1979 Doutrina da Proteção Integral e Absoluta Prioridade Entende a criança como prioridade absoluta das famílias, Estado e sociedade.

1988

1990

Artigo 277 da Constituição Federal, a Constituição Cidadã

Estatuto da Criança e do Adolescentes (Lei Federal 8.069)

Insere a doutrina de proteção integral dentro da Constituição.

Leis específicas para assegurar os direitos e deveres de crianças e adolescentes.

36


legislações nacionais e também

com absoluta prioridade, o direito à

nos marcos internacionais, desde

vida, à saúde, à alimentação, à edu-

a Declaração Universal dos Direitos

cação”, entre outros direitos.

Humanos, de 1948, até a Constituição Brasileira de 1988 e o Estatuto

Desde 2016, o país tem uma legisla-

da Criança e do Adolescente (ECA),

ção específica para a primeira infância,

de 1990. No Brasil, segundo a

o Marco Legal da Primeira Infância

Constituição, “é dever da família, da

(Lei Federal 13.257), que estabelece

sociedade e do Estado assegurar à

diretrizes para a criação de políticas

criança, ao adolescente e ao jovem,

públicas com foco nessa fase da vida.

2012

2013

2016

Sinase (Lei Federal 12.945)

Estatuto da Juventude (Lei Federal 12.852)

Marco Legal da Primeira Infância (Lei Federal 13.257)

Regulamenta como o Poder Público deve prestar atendimento especializado aos adolescentes autores de atos infracionais.

Determina o que o Estado brasileiro deve garantir às pessoas de 15 a 29 anos.

37

Estabelece diretrizes para a formulação e implementação de políticas públicas para essa etapa da vida.


Manual de Jornalismo & Terrirório

MARCOS INTERNACIONAIS DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES Declaração Universal dos Direitos Humanos

Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes

Documento estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para delimitar os direitos fundamentais do ser humano.

1948

1959

Regras de Beijing Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude.

Resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU com a base comum dos direitos às pessoas com deficiência. 1975

Declaração Universal dos Direitos da Criança Documento que orienta os países a respeitar as necessidades básicas da criança.

1980

Resolução sobre como deve ser o tratamento com jovens que cometeram infrações. 1985

Convenção de Haia Sequestro Internacional de Crianças (Decreto nº 3.413, de 14 de abril de 2000) Convenção sobre aspectos civis que visa proteger os direitos da criança em situações de guarda e mudança de domicílio. 38

1988

Diretrizes de Riad (Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil) Orienta, com diretrizes, a prevenção de atos infracionais por jovens.


Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009)

Convenção sobre os Direitos da Criança (Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990)

Convenção de Haia Adoção Internacional (Decreto nº 3.087, de 01 de julho de 1999)

Tratado que visa proteger os direitos das crianças e adolescentes e tem cumprimento obrigatório entre países signatários.

Documento que protege crianças e suas famílias contra o risco de adoção ilegal, irregular, prematura ou malpreparada no âmbito internacional.

1989

1990

Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Conferência de Jomtien Reúne definições e abordagens sobre as necessidades básicas de aprendizagem, metas para a educação e compromissos governamentais.

1993

Estabelece que pessoas com deficiência têm o direito de serem reconhecidas como pessoas perante a lei.

2000

2007

Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade

Declaração do Milênio

Estabelece um conjunto de regras mínimas aceitas pela ONU para a proteção de jovens privados de liberdade.

Documento que deu origem aos 8 objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, entre os quais acabar com a fome e a pobreza extrema.

39


Manual de Jornalismo & Terrirório

O QUE ESTÁ NA CONSTITUIÇÃO? “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

“§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica, e obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade.” Artigo 227, §3º, IV e VI da Constituição Federal 40


ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) A Lei Federal nº 8.069/1990, conhecida

que vivem em período de intenso

como Estatuto da Criança e do Adoles-

desenvolvimento psicológico, físico,

cente (ECA), é o marco legal e regula-

moral e social, dignos de receber, com

tório dos direitos humanos de crianças

prioridade absoluta, proteção integral.

e adolescentes no Brasil. É a lei que cria condições para que os direitos

O Estatuto considera

definidos no artigo 227 da Constituição

criança a pessoa até

Federal possam ser exigidos.

12 anos de idade incompletos, e adolescente

O Estatuto reconhece que crianças e

aquela entre doze e

adolescentes são sujeitos de direito,

dezoito anos de idade.

QUEM PROTEGE A CRIANÇA NOS DIFERENTES ÂMBITOS FAMÍLIA

Natural extensa ou substituta, no caso de adoção

SOCIEDADE

Conselho Tutelar

41

ESTADO

Governos e órgãos públicos


Artigo 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Estatuto da Criança e Adolescente (ECA)

Com o ECA, surgiram importantes

ções, instituições, além da sociedade

instituições como o Conselho Tutelar,

civil. Foi a primeira legislação com a

encarregado de trabalhar e zelar pela

doutrina de proteção integral na Amé-

defesa dos direitos das crianças e

rica Latina a se inspirar na Declaração

dos adolescentes, e os Conselhos

Universal dos Direitos da Criança de

de Direitos da Criança, ambos nos

1979 e na Convenção Internacional

âmbitos municipal, estadual e federal,

sobre os Direitos da Criança, aprovada

tendo como atribuições a formulação

pela Organização das Nações Unidas

de políticas para crianças e adoles-

(ONU) em 1989. Apesar da unanimi-

centes, respectivamente.

dade em considerar o ECA um avanço, ainda há diversos desafios que preci-

Criado em 13 de julho, o documento

sam ser enfrentados para que ele seja

foi resultado de um amplo debate que

realmente efetivo. Entre alguns dos

envolveu movimentos sociais, organi-

desafios, está a necessidade de tornar

zações não governamentais, articula-

a lei conhecida, ter investimentos, ou 42


mesmo proporcionar o pleno funciona-

Órgão permanente, autônomo e não

mento dos Conselhos Tutelares.

jurisdicional, ele é composto por conselheiros tutelares, que são escolhidos

Há, ainda, uma ideia distorcida e erra-

por meio de eleições que acontecem

da na sociedade de que o Estatuto tem

em âmbito municipal. Embora seja vin-

a finalidade de “defender bandido”, o

culado ao município, ele se caracteriza

que muitas vezes impede o uso do

como uma instituição independente.

documento como argumento para a realização de matérias. Nesse sentido,

Cada Conselho pode ser fiscalizado

vale reforçar e informar sobre o que de

pelo Conselho Municipal dos Direitos da

fato o ECA protege, para quem e em

Criança e do Adolescente, pela Justiça

quais situações pode ser utilizado.

da Infância e da Juventude e pelo Ministério Público. As entidades e a socieda-

CONSELHO TUTELAR

de civil também podem fiscalizar.

O Conselho Tutelar é um órgão en-

LEMBRETE

carregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adoles-

É importante sempre avaliar a atua-

cente dentro da sociedade. Importan-

ção do(a) conselheiro (a), que deve

te: ele não é responsável por atender,

agir com isonomia, independente

mas, sim, atuar para que os órgãos

de raça, cor, religião, classe social e

responsáveis realizem o atendimento

idade; dentro do território.

necessário em cada situação. 43


Manual de Jornalismo & Terrirório

VIOLAÇÃO DE DIREITOS

PARA ENTENDER Falta: morte, ausência Omissão: ausência de ação, inércia Abuso: maus-tratos, violência Negligência: desmazelo, menosprezo Abandono: desamparo, desproteção

Tudo aquilo que impede o pleno gozo dos direitos de crianças e adolescentes se configura como violação.

COMO FAÇO UMA DENÚNCIA?

Aqui, algumas situações: 1 violência física, psicológica

Escrever uma reportagem bem-apurada

e negligência;

e checada é uma forma de denunciar

2 violência sexual: abuso

abusos. No entanto, nem sempre esse

ou exploração sexual;

é o melhor caminho. Há casos em que

3 abandono;

uma reportagem pode comprometer

4 tráfico de pessoas;

uma investigação, ampliar a situação

5 trabalho infantil;

de vulnerabilidade social ou viabilizar

6 discriminação em

novas e outros tipos de violências contra

decorrência da orientação

as crianças e adolescentes. Para isso,

sexual e/ou raça/etnia;

existem canais diretos de denúncia:

7 danos e agravos à condição de vida;

DISQUE 156, MUNICIPAL

8 falha do Estado na garantia

DISQUE 181, ESTADUAL

de direitos como educação e saúde.

DISQUE 100, FEDERAL 44


COMO É O TRABALHO COTIDIANO DO CONSELHO TUTELAR? NOTÍCIA DO FATO/DENÚNCIA: (pode acontecer por telefone, pessoalmente, por escrito, entre outros)

REGISTROS ADMINISTRATIVOS DA DENÚNCIA

AVERIGUAÇÃO: VISITA DOMICILIAR, INSTITUCIONAL

CENÁRIO 2 DENÚNCIA PROCEDENTE

CENÁRIO 1 DENÚNCIA IMPROCEDENTE

ABERTURA DO EXPEDIENTE

ARQUIVAMENTO APÓS ANÁLISE DO COLEGIADO

APLICAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS À CRIANÇA E/OU ADOLESCENTE E MEDIDAS AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DA MEDIDA APLICADA, ZELANDO PELA EFETIVIDADE DO ATENDIMENTO

45


Manual de Jornalismo & Terrirório

Erros e acertos na cobertura Ao longo do tempo, como vimos, as discussões sobre os direitos de crianças e adolescentes foram evoluindo. Nesse sentido, alguns vícios e equívocos da cobertura jornalística precisam acompanhar a evolução dessas discussões. Aqui, algumas dicas preciosas sobre o que “pode” e o que “não pode” quando vamos escrever sobre o tema.

QUAIS VIOLAÇÕES UMA MATÉRIA PODE PRATICAR? 1 Desrespeito à

2 Identificação

presunção de inocência

de adolescentes

Ex: “Neto é suspeito de tentar rou-

em conflito com a Lei

bar, aliás de roubar e matar. Tentar,

Ex: [Imagem de câmera] “Taí o

não. Ele roubou e matou o próprio

menor que matou o vizinho.

avô, lá no município de Alegre…”

Olha a cara dele”. 46


3 Incitação à desobediência às leis

8 Incitação ao crime e à violência

ou às decisões judiciárias

Ex: “Atira, meu filho; é bandido”.

Ex: “Eu, se sou delegado, jogo no meio dos presos e acabou”.

9 Discurso de ódio e preconceito de

raça, cor, etnia, religião, condição 4 Exposição indevida de pessoa(s)

socioeconômica, orientação sexual

Ex: “Fulana de tal, 38 anos, foi

ou procedência nacional

estuprada”.

Ex: “Malditos miseráveis que agora compram carros”.

5 Exposição indevida de família(s)

Ex: “O caso que aconteceu com

10 Divulgar a idade intelectual de uma

o morador dessa residência de

criança com deficiência

número 29 aqui”.

Ex: “Aos nove anos, sua idade intelectual é de uma criança de três”.

6 Violação do direito ao silêncio

Ex: “Agora não quer falar, é? Bota o microfone aí e pergunta o que ele fez”. 7 Tortura psicológica e tratamento

desumano ou degradante Ex: [Comunicador ridiculariza alguém] “Chororô na delegacia: acu-

Fonte: www.midiasemviolacoes.com.br

sado de estupro alega inocência”.

Intervozes e Andi 47


Manual de Jornalismo & Terrirório

O QUE FAZER E NÃO FAZER?

7 Evite o uso de termos e expres-

sões que remetem ao menorismo (exemplo: usar “menor” ou “menores” sem qualificativo de

1 Conheça e respeite os princípios e

as regras de proteção dos direitos

idade, para se referir a crianças e

das crianças e adolescentes.

adolescentes, é inapropriado. Ele reproduz a ideia de incapacidade na infância).

2 Busque informações com espe-

cialistas sempre que tiver dúvida 8 Não compartilhe ou publique infor-

sobre o uso de uma expressão.

mações que violem os princípios e regras de proteção dos direitos de

3 Compartilhe as informações que

crianças e adolescentes.

chegarem até você sobre este tema.

9 Nunca peça para a criança encenar

4 Sempre que possível ouça

as vozes de crianças e adolescen-

ou falar sobre coisas que não

tes em primeira pessoa.

aconteceram. 10 Use “adolescente que cumpre

5 Busque dados por meios

oficiais (LAI, Defensorias, MP,

medida socioeducativa” no

Conselhos Tutelares).

lugar de “preso”. 11 Use “criança (meninos, meninas)

6 Procure o equilíbrio entre as denún-

em situação de rua” no lugar de

cias e a busca de soluções. 48


“menino/a de rua”, “moleque de rua”, “trombadinha”,

O QUE DIZ O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)

“moleque à toa”, “menor abandonado”

Art. 17. O direito ao respeito consiste

e “menor carente”.

na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do ado-

12 Use “adolescente em

lescente, abrangendo a preservação

conflito com a lei” ou

da imagem, da identidade, da autono-

“adolescente autor de

mia, dos valores, ideias e crenças, dos

ato infracional” em

espaços e objetos pessoais.

vez de “menor infrator”, “menor preso”,

Art. 143. É vedada a divulgação de

“delinquente juvenil”,

atos judiciais, policiais e administra-

“trombadinha”, “pive-

tivos que digam respeito a crianças e

te” e “marginal”.

adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.

Fonte: Mayara Silva

Parágrafo único. Qualquer notícia a

de Souza, ativista pela

respeito do fato não poderá identificar

infância e adolescência,

a criança ou adolescente, vedando-se

advogada do Instituto

fotografia, referência a nome, apelido,

Alana, e Andi - Comuni-

filiação, parentesco, residência e, inclu-

cação e Direitos.

sive, iniciais do nome e sobrenome. 49


Manual de Jornalismo & Terrirório

UBS C REC HE CEDESP

PAR QU E DO CANIVETE S A MB A QUI

P ONTO DE ÔNIBUS PRA Ç A

C A MI N H Ã O D E BR I N C AR A M AVS

FEIRA

MEU LOCAL

ESCOL A

MERCADINHO

C R E C HE

RÁDIO C A N TA R E I R A

BAR

RUA C OM ERC I A L DO TERESI NH A

50


MAPA AFETIVO Agora que conhecemos um pouco mais sobre o que está relacionado à questão da primeira infância e adolescência, que tal voltar para o Mapa Afetivo e responder algumas questões para investigar mais sobre as pautas que estão ao seu redor? Bora lá!

3. Por que as situações

1. No seu território,

2. Em quais desses

onde é possível

locais você enxerga

mapeadas são impor-

observar a presença

situações em que

tantes e como elas se

de crianças e adoles-

há violações de direi-

relacionam com a sua

centes?

tos? Quais são elas?

cidade, o seu estado e o país?

4. Quem são as pessoas

5. Que dados existem

ou instituições que pode-

sobre isso?

riam te explicar melhor sobre essas situações?

51


0

MATE DE A


04

ERIAIS APOIO


Manual de Jornalismo & Terrirório

a. Construindo um projeto editorial O

projeto editorial é a descrição

exemplo: quais as principais questões

detalhada dos objetivos, fluxo

sociais, políticas, econômicas, entre

de trabalho, público-alvo, questões po-

outras do meu bairro? Com essas

líticas e ideológicas, levantamanto de

informações, por que comunicar, por

orçamento, e também de definição do

que criar algo aqui é importante? E se

projeto gráfico ou iniciativa de comuni-

eu quero criar algo de comunicação

cação. Funciona mais ou menos como

aqui, para quem eu vou informar?

a planta de uma casa a ser construída.

Quem será o meu público-alvo? Com qual público pretendo falar? E por quê?

É muito importante que, para a cons-

Não pode ser todo mundo…

trução de um projeto editorial, seja realizada uma pesquisa, por meio de

Indentificando o meu público, qual a lin-

leitura ou vivência, sobre o território,

guagem que quero usar? Por quê? Qual

a comunicação local, de quebrada. Por

é o canal que quero usar para informar? 54


RASCUNHANDO MEU PROJETO EDITORIAL Um projeto editorial deve conter: 1

NOME DO PROJETO / INICIATIVA

2

QUAL O OBJETIVO / MISSÃO DO PRODUTO / COLETIVO

3

QUAL SERÁ O PÚBLICO-ALVO

4

QUAL SERÁ A LINGUAGEM

5

QUAIS SÃO AS SEÇÕES (OU CAPÍTULOS) E A QUE SE DESTINAM

6

QUAL A PERIODICIDADE

7

QUAIS SERÃO OS CARGOS (REPÓRTER, EDITOR ETC.) E A RESPONSABILIDADES DE CADA UM

8

A PRODUÇÃO SERÁ PRÓPRIA OU DE COLABORADORES

9

POLÍTICA EDITORIAL (COMO ALCANÇAR SEUS OBJETIVOS)

10

COMO DISTIBUO O MEU CONTEÚDO

11

QUAL SERÁ A IDENTIDADE VISUAL

12

COMO SE DARÁ O USO DE IMAGENS

13

EQUIPE

14

ESTRUTURA

15

ORÇAMENTO 55


Manual de Jornalismo & Terrirório

b. Personas A

Pense em quais temas interessam

o seu cliente em potencial. Ela é

mais para o seu público, considerando

baseada em dados reais sobre com-

os problemas e objetivos dele.

“persona” é um personagem

COMPREENSÃO DAS DÚVIDAS

aque representa o seu público,

portamento, características demográficas, histórias pessoais, motivações,

MAPA DO PERCURSO

objetivos, desafios e preocupações.

Entenda qual o percurso feito pelo seu público, desde o momento em que ele

A função da persona é nortear com

tem contato inicial com o seu produto

mais chance de assertividade o tom

até se tornar um consumidor frequente.

de diálogo, as propostas de conteúdo ATENÇÃO

e a estratégia de distribuição.

Evite erros como criar personas

COMO CRIAR UMA PERSONA

demais e basear suas estratégias em achismos. Analise os dados coletados na pesquisa antes de definir as estratégias de produção e distribuição.

COLETA DE DADOS Realize uma pesquisa com seu público-alvo, para entendê-lo. Isso pode ser

Ao fim, você pode estruturar sua

feito por formulários on-line, telefone-

persona seguindo o exemplo que

mas, e-mails e outros.

deixamos aqui. 56


PERSONA O PÚBLICO-ALVO DO MEU PROJETO NOME: IDADE: OCUPAÇÃO:

FRASE/PERSONALIDADE:

RESUMO:

EXPERIÊNCIA:

HÁBITOS

DESEJOS:

FRUSTRAÇÕES:

57


Manual de Jornalismo & Terrirório

c. Glossário MATÉRIA/REPORTAGEM

FONTE

Texto noticioso, que segue critérios

Como o próprio nome diz, é de onde se

técnicos e éticos do jornalismo.

tira a informação para a reportagem.

É veiculado e divulgado, na imprensa.

Uma fonte pode ser algum/a especialista sobre determinado tema, uma

PAUTA

instituição que forneça dados,

É o roteiro de uma reportagem, ou seja,

uma pessoa que vai contar a sua histó-

da história que se vai contar. Descreve

ria (o personagem da matéria).

o que será narrado pelo jornalista. Elas diferem a partir do veículo ou mídia que

LEAD

se quer contar a história.

É o resumo que define uma pauta, respondendo a seis questões chaves:

GANCHO

O quê? Quem? Quando? Como?

É quando um assunto não é necessaria-

Onde? Por quê?

mente quente/atual, mas se relaciona com o que é – e, por isso, ganha valor.

PROJETO EDITORIAL

Por exemplo, efemérides.

Documento que descreve detalhadamente as orientações e características,

EFEMÉRIDES

individuais e coletivas, políticas e

Datas comemorativas e/ou feriados que

econômicas, relacionadas ao veículo de

podem pautar a produção de conteúdos.

imprensa, editorial. 58


d. Links e Referências

Agora que você já conhece os principais conceitos sobre primeira infância e adolescência, fez o mapa afetivo do seu território, aqui está uma lista de sites e fontes para aprofundar o assunto e produzir muitos conteúdos.

Jornalismo & Território

• www.facebook.com/cddacontece

ATLAS DA NOTÍCIA

Janeiro (RJ), fundado em 2011.

CDD ACONTECE Um dos principais canais de mídia comunitária do Rio de

• www.atlas.jor.br/desertos-de-noticia Mapeamento do jornalismo local

DADOS.GOV

brasileiro, que identifica a presença

• dados.gov.br

dos “desertos de notícia” no país.

Portal brasileiro de dados abertos.

FALA.BR

DE OLHO NOS DADOS

• falabr.cgu.gov.br

• deolhonosdados.substack.com

Canal para fazer pedidos de

Newsletter com dicas, técnicas e ferra-

acesso à informação.

mentas para o jornalismo investigativo. 59


Manual de Jornalismo & Terrirório

Cobertura Política

PORTAL DA TRANSPARÊNCIA • www.portaltransparencia.gov.br Portal da transparência

ESTATÍSTICAS TSE

do Governo Federal.

• www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas Banco de dados do Tribunal Superior

GUIA DO CONSELHO FEDERAL

Eleitoral sobre as eleições realizadas.

DE ADMINISTRAÇÃO (CFA) • cfa.org.br

INICIATIVA 72 HORAS

Ensina a usar o Índice de Governança

• 72horas.org

Municipal (IGM), um diagnóstico da

Promove a educação política por meio

gestão dos municípios.

da transparência sobre os recursos pú-

Primeira infância

blicos declarados pelas candidaturas. MANUAL GPI ELEIÇÕES MUNICIPAIS • www.manual2020.com.br Guia básico para interessados em

ANDI: COMUNICAÇÃO E DIREITOS

temas relativos às eleições municipais.

• www.andi.org.br

SUGIRA UM PROJETO

lacionadas à infância e adolescência.

Dicas para a cobertura de notícias re• www2.camara.leg.br/participacao/ sugira-um-projeto

PRIMEIRA INFÂNCIA PRIMEIRO

Site da Câmara dos Deputados para

• primeirainfanciaprimeiro.fmcsv.org.br

sugerir um Projeto de Lei.

Oferece informações e ferramentas 60


aos gestores e jornalistas sobre políti-

da primeira infância.

cas públicas para a primeira infância. REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA UNICEF BRASIL

• primeirainfancia.org.br

• www.unicef.org/brazil

Articulação nacional pela

Site do Fundo de Emergência

promoção e garantia dos direitos da

Internacional da ONU para a infância.

primeira infância.

Filme sobre a importância dos primei-

Box de fontes

ros anos de vida, de zero a seis anos,

Olha a dica: crie e atualize

para a formação dos indivíduos.

sempre o seu banco de fontes!

MÍDIA SEM VIOLAÇÕES

ELZA CORSI

• www.midiasemviolacoes.com.br

• elzacorsi@gmail.com

Plataforma que detalha os tipos de

Nutricionista e bióloga. Sócia-fundadora

violações de Direitos Humanos mais

do Instituto Avisa Lá, dirige creches

presentes na mídia.

diretas no município de São Paulo (SP).

O COMEÇO DA VIDA • ocomecodavida.com.br/filme-completo

GUIA PRIMEIRA INFÂNCIA EM PAUTA

DJAN MOREIRA

• shorturl.at/gmrPS

• djanmoreira13@gmail.com

Guia para profissionais que queiram

Ex-conselheiro tutelar e ouvidor-geral

ou precisem lidar com as questões

externo da Defensoria Pública do Piauí. 61


Manual de Jornalismo & Terrirório

WALDETE TRISTÃO

de Justiça, na área da primeira

• waldetetristao@gmail.com

infância, e psicóloga do Tribunal de

Doutora em educação (USP). Atua

Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

em projetos de formação com foco em educação e relações raciais.

MAYARA SOUZA • mayara.souza@alana.org.br

ROSA SAMPAIO

Advogada e ativista pelos direitos de

• rosasampaio@gmai.com

crianças e adolescentes. Advogada

Militante do Fórum Pernambucano

do programa Prioridade Absoluta do

de Comunicação, integra a equipe

Instituto Alana.

da ONG Centro Sabiá. Tem experiência

na área de comunicação, em rádio,

LUCIANA KELLEN

com ênfase em direitos humanos

• lucianajornalistadopara@gmail.com

à comunicação

Jornalista e articuladora social no projeto Selo UNICEF. Militante da

FRANCISCA MARIA OLIVEIRA

infância e adolescência e estudiosa

• fmandrade@unicef.org

no assunto desde 2007.

Médica pediatra, especialista em saúde do UNICEF, atuando no

MAYARA PENINA

escritório de Salvador.

• mayarapenina@gmail.com Jornalista e especialista em Educa-

ELIANA OLINDA

ção Infantil. Dedica seu trabalho à

• olindalves@yahoo.com.br

pesquisa e produção de conteúdo

Instrutora do Conselho Nacional

sobre mulheres e crianças. 62


Agradecimentos Este projeto contou com a colaboração de

Facilitadores/as: Alane Reis, Albeniz Neto,

muita gente que se dispôs a mergulhar com

Alessandro Soares, Aline Castro, Ana

a gente em várias quebradas de diferentes

Carolina Lourenço, Carla Siccos, Daiane

partes do país. Desde uma equipe super

Mendes, Deivison Moacir Cezar, Djan

animada e disposta a cruzar as barreiras,

Moreira, Douglas Belchior, Eliana Olinda,

entre elas – a principal –, a pandemia de

Elza Corsi, Flávia Ribeiro, Francisca Maria

Covid-19, que nos provocou, logo no início, a

Oliveira, Gessika Costa, Giorgia Prates,

refletir sobre a metodologia e perspectivas

Graziela França, Josenira Nascimento,

de encontros presenciais.

Joyce Cursino, Joyce Melo, Larissa Amorim, Luciana Kellen, Maria Vitória, Mayara

Tivemos, ao longo desta jornada, incríveis

Penina, Mayara Silva, Mike Johnnatan,

instrutores e instrutoras que nos deixaram

Nivia Abrahão, Priscila Rocha, Rafaela Lima,

várias sementes, para pensar e repensar o

Raquel Marques, Rita Soares, Rosa Sampaio,

mundo à nossa volta técnica e socialmente.

Verlúzia da Silva, Violeta Cunha, Waldete

Não podemos deixar de lado cada profis-

Tristão, Wallace Morais e Yane Mendes.

sional de comunicação que chegou junto, em cada canto do país, para contextualizar

Participantes região NORTE:

as territorialidades, provocando também o

Ariel Rodrigues, Atácia dos Santos, Christian

olhar, não só à diversidade, mas ao outro –

Barros Mendes, Elma da Silva, Elmaza Lúcia

enquanto ser humano –, e à quebrada e fa-

Sadeck, Gabriel Veras, Gilson Langbhen,

vela, enquanto “quebradas” e “favelas” – na

Helen Regina Brandão, Jaine Araújo da Silva,

pluralidade, assim como deve sempre ser.

Juliana Rosenilda, Liege Da Costa, Magali Patrícia Rocha, Maria Vitória Lima, Mariah

A cada um e a cada uma, o nosso agradeci-

Tavares Brandt, Rudja Catrine Silva,

mento sincero e cheio de afeto.

Wellington Luiz da Silva e Wérica Lima. 63


Manual de Jornalismo & Terrirório

Participantes da região NORDESTE:

Francisco, Felipe Migliani, Flavia Rodrigues,

Aila Cristhie dos Santos, Aldenora Teófilo,

Flavia Veloso, Gabriela Carvalho, Gabriela

Ana Jorgiane, Ana Paula Nascimento,

Monteiro, Gabriella Mesquita, Geovany

Andressa Cristina Algave, Camila Eduarda

Marciano, Hélio Euclides, Igor Rocha, Isadora

Travassos, Clarissa Viana, Cláudia Maria

Stentzer, Janaina Rosa, Jessica Pires,

Meireles, Daniel Ferreira Paixão, Débora

Jhonathan Pereira, Júnia Morais, Larissa

Natacha, Géssika Costa, Isabela Gomes,

Gomes, Leticia Prates, Luana Angreves, Lucas

Jonas Bispo, José Everson, Junior José

Neves, Lucas Veloso, Luciana Souza, Mariana

da Silva, Ligia da Silva, Rebeka Lucio,

Pires, Marielle Gautério, Marina Fagundes,

Rosilene Serafim, Salatiel Cicero, Venicio

Matheus Freitas, Milena Geovana, Pâmela

Santos, Wallace Cardozo e Wellington

Carvalho, Raphael Preto, Rennan Leta, Samantha Messiades, Sandy Carangola,

Ricardo da Silva.

Sara de Lima, Silvia Castro, Tais Regina, Talyta Participantes da região CENTRO-OESTE:

Elen, Thaynara Santos, Valéria Borges, Vitória

Angela Costa, Catarina Loiola, Ericka

Pinheiro, Walisson Oliveira e Yasmin Saracho.

Guimarães, Ethieny Karen Pereira, Fabrício Araújo, Jennifer dos Santos, Klauber

Colaboração especial:

Antunes, Larissa Souza, Tatyana Alves,

Amanda Rahra, Bruna Gonçalves,

Tatiana Gonçalves e Vitória Lopes.

Carol Pires, Gabriela Mesquita, Isabela Alves, Jamile Santana, Jessica Mota, Michelly Melo, Simone Cunha.

Participantes das regiões SUL e SUDESTE: Amanda Botelho, Andressa Cabral, Axel Rodrigues, Bianca Janaína dos Santos, Breno

A toda a equipe da Fundação

Sousa, Carla Marques, Carla Siccos, Carlos

Maria Cecília Souto Vidigal, Repórter

Nhanga, Carolina Gomes, Caroline Saron,

Sem Fronteiras e Porticus.

Chaiane Ezequiel, Cristina Izak, Daniele Ribeiro, Debora Komukai, Edilene Souza, Eleni dos Santos, Emerson Santos, Erivaldo

64


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