Abril 2011 Ano 10 No 87
É o bicho!
Cada vez mais pessoas descobrem os benefícios de ter a companhia de um animal de estimação
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Educação
Adaptação de crianças pequenas à escola
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Alexandre Brandão
Redes sociais
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Saúde
Fundo de olho e sua relação com a saúde
índice
editorial
Os benefícios de ter um animal doméstico Cada vez mais pessoas descobrem como é bom ter a companhia de um animal de estimação. Os animais domésticos estão presentes em quase a metade dos lares cariocas, dividindo os momentos alegres e tristes e são excelentes companhia, não apenas para idosos e crianças. A Folha Carioca foi às ruas e ouviu algumas histórias de pessoas apaixonadas por seus bichos e descobriu que não só gato e cachorro fazem a alegria de muitas famílias. Encontramos peixes, canarinho, patos, tartaruga, arara, furão e diversos outros bichos que encantam seus donos e participam da biografia familiar. Os motivos para se ter um animal são muitos como, por exemplo, depois dos filhos crescidos, morando em outra cidade, casados; as pessoas sentem solidão, sentem falta de dar e receber afeto. Comprovamos que a companhia de animais pode melhorar a qualidade de vida, além de suprir a carência afetiva. As pessoas sentem-se úteis, necessárias e se mantêm ativas, preservando a saúde física e mental. Não importa o tipo de animal, raça ou espécie, o que vale é o contato, o amor e o vínculo que se estabelece entre a pessoa e o bicho. Acompanhem as muitas histórias e curiosidades a partir da página 14. Um problema crescente é o abandono de animais. O Ipab - Instituto de Proteção aos Animais do Brasil - estima que aproximadamente 50% dos animais adquiridos são abandonados de diferentes formas em até 30 meses. Os motivos alegados são diversos: “vou casar e meu noivo é alérgico”, “irei morar em um apartamento menor”, “estou me mudando para outro país”, “estou grávida”, “estragou o estofado do sofá novo”, “roeu o sapato”, “cresceu demais”, “faz sujeira”, “enjoei dele e quero um filhote novo” etc. Saibam que abandonar e praticar ato de abuso, maus-tratos com os animais é crime. A principal lei que protege os animais é a Lei Federal 9.605/98, que trata dos crimes ambientais. É preciso consciência e prática da posse responsável. Animais não podem ser tratados como objetos, sendo descartados por donos irresponsáveis! Veja na página 18 a resposta que uma protetora de animais deu para uma pessoa que mudou de cidade e não cogitou levar seus gatos com ela. Boa leitura!
2295-5675 2259-8110 9409-2696 Fundadora Regina Luz
Capa Arte: Renan Pinto
Editores Paulo Wagner / Lilibeth Cardozo
Projeto gráfico e arte Vladimir Calado (vlad.calado@gmail.com
Distribuição Gratuita
Revisão Petippa Mojarta
Jornalista Fred Alves (MTbE-26424/RJ)
Ilustração João Ferro
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Quem é quem
Maria Cândida 9
Saúde e bem-estar
Hidro Pilates 10
Educação
Adaptação de crianças à escola 12
Saúde e bem-estar
Osteoporose, é melhor prevenir 14
Capa
É o bicho! 18
Posse responsável
Abandono de animais 19
Saúde
Fundo de olho e sua relação com a saúde 22
Perfil
Ricardo Rocha 23
Memória
Músicos da OSB – heróis da minha infância 25
Novos talentos
Rebeca Tomasquim
colunas 06 06 08 09 10 11
Gisela Gold Suzan Lee Hanson Arlanza Crespo Sandra Jabur Wegner Patricia Lins e Silva Lilibeth Cardozo
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Ana Cristina de Carvalho Alexandre Brandão Oswaldo Miranda Maria Luiza de Andrade Tamas Haron Gamal
ENTRE EM CONTATO CONOSCO Leitor, escreva pra gente, faça sugestões e comentários. Sua opinião é importante.
folhacarioca@gmail.com Colaboradores Alexandre Brandão, Ana Cristina de Carvalho, Arlanza Crespo, Gisela Gold, Haron Gamal, Lilibeth Cardozo, Oswaldo Miranda, Maria Luiza de Andrade, Patrícia Lins e Silva, Sandra Jabur Wegner, Suzan Lee Hanson e Tamas
Captação de Anúncios Angela: 2259-8110 / 9884-9389 Marlei: 2579-1266 O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores.
quem é quem
Ficar parada não dá Arlanza Crespo
Abril 2011
A pianista Maria Cândida se dispôs a me dar uma entrevista depois de muita resistência. Não achava que sua história tivesse importância, disse que era muito simples. Como se as histórias simples também não fossem interessantes!
os teatros e os shoppings. Tem um grupo de amigas que saem com ela. “Ficar parada não dá”. Essa frase ela repetiu sem parar durante a entrevista. Caiu três vezes na rua, levou alguns pontos, mas já está inteira de novo e badalando. Adora carnaval, sai em todos os blocos do Leblon, adora dançar. No momento está aprendendo tango na Estácio de Sá, e quando perguntei o que gostaria de fazer que ainda não tivesse feito disse: “Viajar! Quero viajar muito, mas enquanto isso não acontece me convida para qualquer coisa, me chama que eu vou”. Quando vocês virem uma velhinha super esperta e rápida andando pelas ruas do Leblon, não se preocupem, ela anda sozinha, não precisa de ajuda, e se bobear está muito melhor que nós! Foto: Paulo Wagner
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Soube de Maria Cândida através da minha amiga Catarina da “Garapa Doida” no princípio do ano passado. Na época ela estava tocando piano no Rio Design Center. Não consegui falar, o evento acabou, perdi o contato. Agora estou aqui, esperando por ela no Garcia e Rodrigues, onde marcamos um encontro. Só que eu não a conheço, e esqueci de perguntar como estava vestida, o que quase ocasionou uma situação engracada. Quando cheguei disse ao recepcionita que estava esperando uma pessoa e ele me disse que a mesa já estava reservada para mim e minha convidada Desirée. Ainda bem que ele disse o nome, poderia acontecer de começar a entrevistar alguém por engano, e só perceber depois de algum tempo. Mas enfim, ela chegou minutos depois e começamos a nossa conversa. Maria Cândida Rodrigues Campos nasceu no dia 5 de agosto de 1924, é carioca do Meier e foi professora de piano e canto orfeônico, mas largou tudo por causa do casamento. “No princípio meu marido não me proibia de trabalhar, dizia: ‘Vai Candida’. Queria me fazer feliz, ele era apaixonado por mim. Eu me dediquei a vida inteira a ele, me privei de
tudo, mas ele mereceu, foi um casamento de amor”. O marido de Maria Cândida era médico e morreu há 10 anos, faltando 4 anos para eles completarem bodas de ouro. “Depois que fiquei viúva nunca mais quis namorar, tenho medo de tentar de novo e não dar certo, principalmente quando se deu bem com o marido”. Hoje, com 86 anos de idade e morando com o filho único no Leblon, Maria Cândida não para. Voltou a tocar piano e fazer tudo que sempre gostou. Se considera uma mulher moderna e nada a incomoda, apesar de achar o mundo atual uma loucura. Entende um pouco de computador, gosta muito de sair, conversar, adora praia. Acorda cedo todos os dias, anda na praia das 6h às 7:30h, almoça em casa e de tarde sai para
Como eliminar as manchas da pele da Clínica La Liq, Melissa Falcão alerta que é preciso tomar cuidado com receitas caseiras ou automedicação. “A consulta dermatológica é fundamental para avaliar e diagnosticar corretamente o tipo de mancha e o tratamento adequado”, ela observou. Os tratamentos irão variar de acordo com o perfil de cada paciente. Já o domiciliar é feito com clareadores à base de hidroquinona, ácido fitico, ácido kojico, arbutin. Já as sessões de luz pulsada dependerão do tipo de patologia e do grau de acometimento da mancha, podem ser feitas de 3 a 5 sessões e são indolores. “Os peelings podem ser realizados a cada 21 dias e, inicialmente, durante dois ou três dias, a pele pode descamar, pois irá remover a camada superficial da pele”, informou a doutora Melissa. “Independentemente do grau e do tipo de mancha, é preciso atentar ao uso do filtro solar. Agora que o verão acabou, essa é a época indicada para a realização
dos procedimentos, devido à baixa exposição ao sol”, sugeriu a doutora Cristina Graneiro. Portanto, se você não aguenta mais olhar no espelho e esconder as incômodas manchas, procure um dermatologista para que o especialista possa diagnosticar e recomendar o melhor tratamento para a sua pele.
Skin, Body and Health: venha conhecer o universo La Liq Av. Ataulfo de Paiva, 226, sala 302, Leblon, Rio de Janeiro Acesse o nosso site www.laliq.com.br ou ligue para (21) 2512-2460
Abril 2011
Uma pele macia, uniforme e sem manchas. Este é o desejo da maioria das mulheres que convivem com as inconvenientes marcas. As causas podem ser as mais variadas, desde exposição excessiva ao sol, acnes e até distúrbios hormonais. De acordo com a dermatologista e diretora médica da Clínica La Liq, Cristina Graneiro, é fundamental cuidado cotidiano com a pele. “O filtro solar deve ser usado todos os dias, mesmo em tempo nublado, com Fator de Proteção Solar (FPS) de, no mínimo, 30. Já aquelas que estão fazendo algum tratamento para clarear e eliminar as manchas, o recomendado é um FPS 60”, explicou. Mas quem pensa que apenas a maquiagem pode esconder as manchas está enganado, pois são diversos os tratamentos dermatológicos para esse tipo de lesão. Depois de uma avaliação médica, podem ser indicados peelings, luz pulsada ou tratamento domiciliar. A dermatologista
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Gisela Gold giselagold@terra.com.br
Chocolate
Grito calado
Chocolates me faltam no sumiço do
Que falta me faz aquele homem que
diálogo com o marido de minha mãe. Quis
me mandava pegar papel, lápis e borracha
tantas vezes oferecer-lhe chocolate ao leite,
para anotar suas observações a respeito das
mas na hora agá, só tinha sabor amargo:
matérias que eu não entendia.
“Vou ficar assim, exagerada como você?”
“Não decora, menina; aprende. Tem
Daí coração cansava da dieta e exigia açúcar.
que saber interpretar. Tudo é uma questão
“Exagerada sim, mas adorável, como um
de saber ler.” Saudade de não entender matéria...
bom chocolate...”
Domingo pé de cachimbo Abril 2011
Ai ai domingo pé de cachimbo do vô. Meio-dia em ponto inaugurava
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na ponta da mesa o tão desejado macarrão preto da família a sua volta. Macarrão apretalhado no molho da carne assada pela vó. Bons tempos em que corpo da gente entendia de calor e não de caloria.
Suzan Lee Hanson suzan.hanson@gmail.com
Dona Vânia Há uns sete anos Vânia veio trabalhar lá em casa. Meus filhos tinham 7 e 14 anos de idade. Eu vinha de uma temporada sem ninguém em casa me ajudando, então, quando ela chegou, praticamente entreguei minha casa para ela, exausta da rotina de quem tem lar, filhos e trabalha fora. Até hoje é meu braço direito, às vezes esquerdo também. Cheia de personalidade, gerencia suas próprias atividades, tem voz de ordem na turma lá de casa, senta na sala comigo todo dia de manhã para um dedo de prosa, além de deixar a casa limpíssima, cheirosa e arrumada, o que confesso não ser tarefa simples. Diz ela que não gosta de cozinhar, talvez pela rotina diária de preparar almoço e jantar, mas, sempre me encho de felicidade quando, ao chegar no hall dos elevadores do meu andar, sinto um cheiro delicioso de comida, e confirmo que ele vem da minha casa! Que acolhida pode ser melhor, depois de um dia de trabalho no centro da cidade e da solução
de um sem número de obrigações diárias? Então, chegamos à comida de dona Vânia – o melhor feijão mulatinho do mundo, o arroz integral com alho espremido no final (o refogado tradicional perde o gosto devido ao longo período de cozimento), os legumes “al dente” e levados ao forno com azeite e um pouquinho de parmesão, a farofa de cebola sempre crocante, porque a cebola é dourada em fogo bem baixo na manteiga misturada com óleo, a berinjela recheada com carne moída molhadinha e bem temperada, o yakissoba de legumes também crocantes com rodelas de cebola e alho bem dourados, sem falar no sensacional nhoque de batata caseiro. Ainda melhor é seu jogo de cintura para preparar pratos a partir das minhas adaptações de alguma receita já utilizada anteriormente, que são relatadas nas nossas conversas de manhã cedo na sala: “Vânia, faz um suflê para hoje à noite, usa aquela receita do caderninho velho, mas troca o
bacalhau pelo siri, a cebolinha por coentro e não precisa botar tomate. Não esquece de bater a clara em neve e misturar devagarinho, só no final”. Simples assim. Quando chego, encontro um suflê dourado, junto com suas recomendações: “Come com a salada que eu fiz, dona Suzy” ou “Não vai comer mais um pouquinho?”. Mas autonomia e personalidade têm seu preço: teve que deixar o emprego duas vezes. Agora, pela terceira vez de volta, parecemos um casal de idade, que releva os defeitos um do outro, e valoriza o que há de bom: malcriação, mau-humor, bagunça, dentro dos limites da razão, é claro, são tolerados com humor, enquanto que conversa franca, amizade, generosidade, afeto e honestidade, de ambas as partes, são sempre festejadas. Ah, esqueci de contar que ainda ganho frutas picadas para levar lanche saudável para o trabalho, sem pedir. Por favor, não apareçam lá em casa fazendo propostas...
Abril 2011
Novidades Serviรงos e Entregas
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Arlanza Crespo arlanzacrespo@yahoo.com
Abril 2011
Dei, sim...
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A praia não é mais a minha maior fonte inspiradora. Enganei-me, a minha maior fonte inspiradora agora é a fila do banco. Só vou ao banco uma vez por mês para fazer um depósito para o caseiro de Petrópolis, o que não dá pra botar em débito automático, e por conta disso nunca tive muita familiaridade com filas. Mas a princípio, sempre achei interessante; muitas pessoas significam muitas histórias, e história é tudo que me interessa. Descobri também que os idosos têm fila preferencial, mas podem usar a outra, enquanto que os outros não podem usar a dos idosos. Observando mais atentamente vi que o tempo na fila dos idosos demora muito mais. Geralmente a quantidade de pessoas na fila é de 3 para 1. É que o idoso às vezes esquece a senha, conversa muito com o caixa, demora mais para entender os procedimentos… Assim, eu, idosa, mas esperta, depois de muitos estudos desenvolvi um método que não prejudica ninguém e também pode dar frutos (digamos… de namoro). Prestem atenção: hoje fui no Bradesco, peguei a senha n° 96 do idoso. O
guichê marcava n° 84. Pensei: faltam 12. Aí contei quantas pessoas tinha na fila única e vi que eram 36. Cabeça funcionando, 36 de um lado contra 12 do outro, exatamente três vezes mais. Do lado dos idosos só um caixa atendendo, do outro lado quatro caixas. O que fiz? Fui para a fila comum, mas mantive a minha senha. Moral da história: quando fui atendida na fila única ainda faltavam três números para a minha senha da fila dos idosos. Terminei o meu pagamento e em vez de rasgar a senha que eu não precisei, aí sim, é que foi a grande sacada… Olhei para os idosos sentados esperando e resolvi dar o meu número para o mais simpático, que era justamente o último que tinha entrado e que estava com a senha n° 105. Ele - lindo - ficou super agradecido e até puxou conversa. Foi quando uma velhinha, nervosa, gritou comigo, dizendo: ”Você deu pra ele?” E eu disse: “Dei, sim”, e fui embora correndo com medo que ela me batesse com o guarda-chuva. Mas deixa estar, que mês que vem eu volto. Quem sabe o velhinho está lá para eu dar para ele de novo…
Sandra Jabur Wegner hidrovida@hidrovida.com.br
A piscina é um ambiente instável que o tempo todo exige equilíbrio da pessoa nela imersa. Caminhar dentro d’água demanda um esforço muito grande para vencer a resistência que o líquido impõe. Em comparação, vencer a resistência do ar no solo requer um esforço mínimo. Quando caminhamos na água em um ritmo rápido e nos detemos subitamente, necessitamos de concentração e um esforço muscular. Realizamos uma contração abdominal, glútea e da musculatura paravertebral (que situa-se ao lado da coluna vertebral) para nos equilibrarmos e ficarmos parados. Podemos criar ondas andando na piscina em diferentes direções e velocidades e parando de repente. Existem várias propriedades da água que são úteis aos exercícios aquáticos. Destacamos o empuxo, ou seja, a força que atua sobre qualquer corpo imerso de baixo para cima, anulando a gravidade e produzindo o efeito de flutuação, desequilibrando-nos. Por sua vez, a pressão hidrostática, que é a pressão exercida pelo peso de uma coluna fluida em equilíbrio, é crescente com o aumento da profundidade e atua como que nos abraçando e
sustentando, contribuindo para aumentar o equilíbrio. No Pilates de solo, trabalha-se o centro de força – “power house” e a ginástica funcional – também conhecido pela denominação em Inglês “core” (músculos do abdomen, do assoalho pélvico e estabilizadores da coluna). O Hidro Pilates, também chamado de Water Pilates ou Acqua Pilates, também o faz, ajudado pelo empuxo e pela pressão hidrostática. Este tipo de Pilates compreende exercícios de concentração e centralização. Os principais responsáveis pelo equilíbrio são a musculatura abdominal, especificamente os músculos transversos, a musculatura paravertebral, particularmente os multíferos, e o cinturão de força. A respiração diafragmática está presente o tempo todo, assim como a concentração corporal. O Pilates de solo desenvolve músculos volumosos, visando a hipertrofia. Já o Hidro Pilates cria uma forma corporal, definida, forte e equilibrada. O Pilates no solo trabalha com superfície firme, com molas, aparelhos e também materiais instáveis, como bolas e pranchas de equilíbrio, mas intrinsecamente em
um meio estável – o solo, sob ação da força da gravidade. Na água, utilizam-se implementos resistentes e as propriedades físicas da água que geram instabilidade, como o empuxo e a turbulência, bem como a resistência ao deslocamento. No Hidro Pilates realizam-se inicialmente exercícios simples utilizando a força da própria água, visando a centralização – suporte e controle do tronco em conjunto com movimentos dinâmicos das extremidades (braços e pernas). Enfoca-se a concentração no movimento coordenado com a respiração. Os objetivos do Pilates tanto no solo como na água são: melhorar a postura e a saúde, buscar o bem-estar, melhorar a qualidade de vida, unir corpo e mente, entender seu corpo e como ele funciona, liberar tensão, relaxar, combater o estresse da vida moderna, ajudar a melhorar o equilíbrio e a coordenação pelo realinhamento da coluna e pelo fortalecimento do core. Dúvidas sobre o assunto podem ser esclarecidas através do e-mail hidrovida@hidrovida.com.br
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Hidro Pilates
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educação
notas
Adaptação de crianças pequenas à escola
Quinta sem lei na Gávea, até quando? Mais uma quinta-feira sem lei na frente do Bar do Pires na rua Marquês de São Vicente, na Gávea. Autoridades ausentes. PM au-
Abril 2011
Patrícia Lins e Silva
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Como adaptar crianças pequenas à escola? Podemos começar por perguntar por que estamos levando nossos filhos tão pequenos para a escola. Afinal, os pais também são educadores e o mundo é lugar rico em aprendizagem. Mas o espaço escolar oferece alguma coisa relativa à educação que é diferente da educação proposta pela família. Levamos nossos filhos para a escola não para o cumprimento de uma obrigação burocrática de obtenção de um diploma, para um dia, talvez, cursarem a Universidade. As crianças e jovens vão à escola porque vale a pena, porque é lugar onde certamente vão desenvolver sua capacidade de pensar, de refletir, de conviver. É com essa certeza que entregamos nossos filhos pequenos aos professores que vão cuidar deles. A ansiedade que pode ocorrer no período de adaptação pode ser substituída pelo desejo de que, rapidamente, nossos filhos possam usufruir de tudo o que o novo espaço tem a oferecer. Além da separação importante da casa e da família, que exige transferência de confiança para outras pessoas, a criança encontra na escola uma rotina diferente daquela a que está acostumada. Encontra outras crianças, as atenções
sente. Prefeitura ausente. são divididas, os brinquedos divididos, as propostas são limitadoras, não no sentido de estagnar o desenvolvimento, pelo contrário, estimulam a busca de uma organização necessária para o aprendizado da vida em grupo e da própria organização de pensamento. Procurando no “Aurélio” definições para a palavra adaptação, encontramos 10 significações. Algumas não interessam ao nosso contexto, mas várias outras nos fazem refletir: “acomodar-se, harmonizar-se, adequar-se, ajustar-se, conformar-se, amoldar, apropriar etc”. Algumas delas podem ser interpretadas como tendo carga positiva - harmonizar-se, apropriar-se - e outras como tendo significação de carga negativa - conformar-se, amoldar... Mas todas as significações estão presentes na adaptação das crianças pequenas à escola, no sentido de que vão se ajustar, se amoldar, para apropriarem-se da cultura instituída e, portanto, vão ganhar o pertencimento à sua sociedade. A ida para a escola deve ser vista como altamente positiva para a vida da criança. É a entrada no mundo social, a oportunidade de grandes descobertas, de trocar pensamentos, de exercitar a capacidade de pensar, de se relacionar, de crescer.
Os moradores têm que ir para a rua para passar em frente ao estabelecimento. Os estudantes da PUC correm sérios riscos de atropelamento. A prefeitura já foi avisada inúmeras vezes e o prefeito já deu ordem para resolverem o problema. Mas até agora, nada...
Alunos da PUC ocupam inteiramente a calçada e parte da pista de rolamento
Congresso de Fisioterapia A fisioterapeuta especializada em hidroterapia, Sandra Jabur Wegner, participará em junho do Congresso quadrienal da Confederação Mundial de Fisioterapia (WCPT), em Amsterdam, Holanda. Nesta ocasião, participará também de uma reunião da Rede Mundial de Hidroterapia (Aquatic Therapy Network), integrante da WCPT, onde terá oportunidade de encontrar fisioterapeutas especializados de diversos países, permitindo um profícuo intercâmbio de ideias e conhecimentos. Antecedendo o Congresso, tomará parte no tradicional e mundialmente conhecido curso anual de aprimoramento em hidroterapia ministrado na Clínica Valens, em Bad Ragaz, Suíça. Todos os novos conhecimentos, técnicas e procedimentos serão aplicados em sua clínica de hidroterapia Hidrovida.
Lilibeth Cardozo
lilibethcardozo@hotmail.com
Em abril junto os pedacinhos de tudo e muito menos varrer as mãos que sujam o Rio de lixo, de maldades, de desamor, de crimes, de destruição, de pichações, dos furtos, dos roubos, de toda a sujeira que faz doer o coração de quem ama essa cidade. Viver no Rio é um nascer, uma escolha, uma sorte, um privilégio, um sonho realizado ou uma casualidade. No mês de abril, depois das festas costumeiras de 3 meses, entre famílias e amigos, o carnaval tendo sido espetacular, nas cinzas da quarta-feira começou o ano. Cariocas retomam suas rotinas e eu, que comecei 2011 dizendo que depois consertava o rumo, estou juntando os pedacinhos desde janeiro. Uma surpresa ali, outra acolá, fiz promessas para 2011. Não essas promessas de acender velas, não comer chocolate, deixar de fumar. Sou muito fraquinha para cumprir essas coisas. Prometi foi parar de entender certas coisas e ganhar liberdade. Clarisse Lispector dizia que não entender é libertador. Quero esquecer um grande amor e amar a mim sempre na primeira vez: quando alguém me irritar, quando eu ficar carente, quando o homem que chamei de “meu amor” me desprezar, quando meus filhos me aborrecerem, quando o saldo no banco ficar zerado.
Prometi fazer de 2011 meu ano de louvor ao Rio e sair por aí vivendo minha cidade. Olhar pro céu e me distrair com os pássaros que voam formando um “v” e de minuto a minuto trocam o que vai à frente. Sair de casa fotografando as flores dos jardins baixinhos ou das grandes árvores, pisando nas areias das praias, me distraindo com as falas que ouço pelas ruas que, se escritas, dariam um ótimo texto. Quero ir às livrarias e encontrar meu romancista que não sabe dizer adeus. Quero ir ao cinema e ver três filmes num dia só como fiz ontem. Quero visitar amigos queridos e não ficar ouvindo conselhos de psicanalistas de botequim que acham que entendem de tudo. Quero morar na Urca e dormir com barulho dos sapos e acordar com os passarinhos. Quero estar com meus sete irmãos, meus filhos, minha norinha e meu genro adoráveis, meus mais de trinta sobrinhos, meus muitos amigos queridos. Quero continuar a publicar minha Folha Carioca com meu amigo Paulo e resistir, resistir, resistir. Eu disse que depois consertava o rumo. Fiz um, juntando mil pedacinhos. Não sei se dará certo, mas o meu rumo de 2011 é ser carioca apaixonada e gostar muito mais de mim!
Abril 2011
O ano começou bem para o Rio de Janeiro. Um calor daqueles de cansar até o sol. Turistas buscando os melhores ângulos para guardarem em fotos as deslumbrantes belezas da cidade. O mar engolindo o sol ao fim do dia na praia do Arpoador sugerindo barulhinho de fritura. Por trás do Cristo e do Pão de Açúcar, os tons avermelhados, as pinceladas de branco das poucas nuvens e o azul acinzentando formaram as aquarelas mais bonitas da cidade. À noite tivemos a maior lua cheia dos últimos muitos anos. Terra e lua andaram namorando numa proximidade rara. Moços e moças bonitas desfilando juventude pelas ruas da cidade; senhoras bem vestidas comemorando suas famílias, com ou sem seus companheiros, ou buscando um novo. Idosos procurando a fresca dos fins de tarde passeavam pelas calçadas, abraçados as suas senhorinhas, companheiras de tantos anos. Crianças chiando suas primeiras palavras no nosso sotaque carioquês ou outras, maiores, gritando as alegrias de brincarem em espaços livres. Promessas de um Rio cada vez melhor e os cariocas acreditando nas promessas. Nas ruas os uniformes alaranjados dos garis varrem, varrem e varrem. Não podem varrer
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Foto: Domingues FIlho
Cirurgiã-Dentista
Ortodontista CRO-RJ 25.887
saúde e bem-estar
Osteoporose... é melhor prevenir do que tratar
Abril 2011
Treinamento em plataforma vibratória
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A origem do treinamento
Método de prevenção
O treinamento com plataforma vibratória foi desenvolvido na década de 80, na antiga União Soviética, com o propósito de combater a perda de densidade óssea e massa muscular em astronautas que se submetiam a viagens espaciais com permanência em atmosfera sem ação de força gravitacional. Em seguida, ainda na União Soviética, começou a ser utilizada para melhorar o desempenho de atletas e na recuperação após atividades físicas chamando assim a atenção de cientistas ocidentais que iniciaram pesquisas permitindo a ampliação de seu uso para áreas der reabilitação, fitness e estética.
Não é novidade que os estímulos físicos são extremamente importantes para os ossos e que qualquer tipo de exercício pode ser considerado estimulador da formação de massa óssea. Entre os treinamentos físicos de tratamento de doenças ósseas temos a musculação e, seguindo o avanço das pesquisas científicas, incluímos as atividades proprioceptivas como o Pilates, o treinamento funcional e o treinamento em plataforma vibratória. O processo de estimulação fisiológica é o mesmo em todas as abordagens de treinamento, a diferença no treino em plataforma vibratória é que o corpo responde a uma força de gravidade e de aceleração muito maior, com isso obtém resultados mais efetivos e em prazo muito mais curto.
A doença osteoporose A osteoporose é uma das doenças mundiais mais comuns e debilitantes. A osteoporose tem como consequência ossos porosos, fraturas, dores, perda de movimento, incapacidade de realizar tarefas diárias e, em alguns casos, morte. Em todo o mundo, uma em cada três mulheres com mais de 50 anos irá sofrer fraturas osteoporóticas e o mesmo acontecerá a um em cada cinco homens. A osteoporose pode em muitos casos ser prevenida, caso seja inicialmente diagnosticada e devidamente tratada, evitando assim que as pessoas se exponham a limitações e fraturas desnecessárias.
O aparelho É uma plataforma vibratória que de acordo com o modelo ou fabricante tem um motor com maior ou menor potência e capacidade de criar estímulos vibratórios. A pessoa para conseguir se equilibrar em sua superfície, contrai instintivamente todos os músculos do corpo e, essa contração inicia o processo fisiológico que causa micro-lesões nos ossos fazendo com que o organismo aumente a
produção de células de reconstrução óssea forçando o sistema ósteo-articular a fortalecer-se contra possíveis novas agressões, entre elas a osteoporose. O segredo da nova tecnologia está na precisão das vibrações. Não importa o peso da pessoa, a máquina está programada para fazer com que os músculos se contraiam de 25 a 60 vezes por segundo para estimular a reconstrução da densidade óssea. Á medida que o aluno progride, o professor vai aumentando a intensidade, a sobrecarga do treino e da aceleração das vibrações promovendo maiores desafios e aumentando progressivamente a resistência física do praticante. Prevenir a osteoporose é mais fácil que tratar. Continua na próxima edição... Ana Cristina de Carvalho www.pilatesvilla90.blogspot.com anacris.c@terra.com.br
Alexandre Brandão
No Osso
xanbran@gmail.com
Até recentemente, éramos alegres e tristes, amados e odiados, risonhos e trombudos no espaço que estivesse ao alcance de nossos braços e de nossas mãos. Uma invenção como o avião criou a possibilidade de num sopro irmos de um lado ao outro, mas nossa atuação continuou presa ao espaço físico que ocupávamos. O telefone, antes do avião, criou a conecção a distância, mas tímida (e, por muito tempo, cara), limitada a dois atores, um em cada ponta. Na verdade, o telefone não passa de um instrumento para marcar encontro. A internet — evoluindo do correio eletrônico aos bate-papos e além — muda isso. De certa forma, nossa presença virtual é um ensaio de um desejo humano antigo: a onipresença. Nesse mundo, as redes sociais — como têm sido conhecidos o twitter, o orkut e o facebook, as mais populares — são um capítulo à parte. Recentemente, nestes terremotos de insatisfação que pegaram de cuequinha arriada e penico na mão os ditadores da Líbia (osso duro de roer), do Egito e de outros países, elas viraram peça de resistência política. Bastam-nos os dedos, esses subservientes criados de nossa mente, e de uma boa legião de amigos ou seguidores para mexer com o mundo. O resto, como sempre, é o poder de persuasão, a habilidade de convencer primeiro uns e depois outros e mais outros e outros, numa progressão infinita, que promove a reunião de uma multidão na Praça Tahrir. Essas redes, se podem ser úteis para derrubar ditadores ou badalar artistas, são também espaços festivos. Sim, festivos. Somos, muitas vezes, um monte de crianças estreando seus brinquedos novos. Há os que vivem administrando fazendas virtuais e outros que passam o tempo todo respondendo a perguntas a respeito de seus amigos. Aliás, o termo amigo é forte para ser empregado nas redes, talvez o utilizado no twitter, seguidor, seja melhor. Para se ter exemplo da festa, dia desses, um publicitário de BH (Aroeira) postou algo assim:
se o facebook fosse no Irã, seria faceburka. Uma brincadeira de menino. Em menos de 30 minutos, gente de vários lugares, eu inclusive, dava contribuição com outras ideias: se fosse de um amante de Bergman, facetofacebook; se fosse de cerveja escura, facebock. Se fosse de um dentista, seria facebroca; de Wilson Sideral, fácilbook; de um cara falso, fakebook; e, para terminar os poucos exemplos: se fosse de religiosos, faithbook. Para muita gente, as redes sociais ferem de morte a individualidade. Sempre há o risco de nossos dados correrem de um cadastro para outro, virarem-se contra nós e, como seduções comerciais, encherem nossa paciência e a memória de nossos computadores. No fundo, o que as empresas querem é conhecer o consumidor na sua intimidade. E o risco é exatamente este: você ali achando que brinca ou planeja revoluções, e os grandes conglomerados vasculhando seu jeitinho de ser. Não sei se o medo dos que reclamam sobre da agressão à individualidade tem a ver com essa enormidade dos interesses econômicos. O problema, rasteiro, é o vizinho descobrir o segredo do requentado que inebria todos na hora da janta. Dentro de uma rede social, é possível usar algumas configurações de segurança mais ou menos confiáveis, nem todos sabem disso. Enfim, o medo não é de todo descabido, mas muitos são mesmos descuidados. As redes sociais não substituem os locais de convívio, onde o velho olho no olho continua comandando a praça, inclusive a Tahrir. Ou, deixando a metáfora de lado, twitter, orkut e facebook são espaços para o eu-coletivo (o que brinca, o que promove revoluções, o que informa), o eu-eu mesmo precisa de amigos para tomar chope, para compartilhar alegrias e tristezas, precisa de amores para acalmar a fúria do corpo, para reproduzir-se ou mesmo para se deixar ficar em sua companhia sereno, pleno, esquecendo-se de tudo o mais.
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Com que eu eu vou?
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É o bicho! Lilibeth Cardozo Arquivos pessoais
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Cada vez mais pessoas descobrem os benefícios de ter a companhia de um animal de estimação
Foto: Ricardo Shuck
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Indicadores demográficos recentes apontam para grandes transformações em nosso país e nossa cidade. Enquanto as taxas de fecundidade (número de filhos por mulher) caíram vertiginosamente nas últimas décadas, a longevidade tem apontado para o aumento crescente de população idosa. Tais indicadores configuram mudanças na organização e hábitos das famílias, bem como mudanças de comportamento e estado de saúde dos cariocas. Menos filhos, mais longevidade, mais solidão! Neste cenário demográfico do Rio de Janeiro aparece um crescimento expressivo de pessoas que vivem sozinhas e veem um animal de estimação como companhia. Ter um bicho de estimação em casa pode ser uma grande alegria para toda a família ou um grande problema quando esta estima não é partilhada entre os moradores. Segundo a médica veterinária Mariana Cardozo, “ter um animal requer também dos seus donos um empenho com o bem-estar e saúde deles, fazendo com que os custos familiares aumentem, ficando esse comprometimento cada vez mais importante devido à maior proximidade entre o dono e o animal. A escolha de ter um companheiro de estimação deve ser feita com cuidado e deve sempre ser uma decisão familiar, e nunca um presente de “grego”. O animal deve ser uma alegria e não um fardo, e para isso acontecer ele deve ser bem educado, alimentado e ter suas atividades, lembrando sempre que elas variam de acordo com cada espécie e raça”. Ainda segundo Mariana e terapeutas, a relação do homem com um animal pode trazer inúmeros benefícios a pessoas de qualquer idade. Crianças brincam e aprendem, convivendo com os bichos ao acompanharem o crescimento, a procriação e a educação dos seus bichinhos. Adultos sentem-se estimulados a passear com seus cachorros, fazem amizades com vizinhos e não raro sentem-se acompanhados e gratificados pelos carinhos que recebem por estarem tratando bem aquele ser vivo e dependente. Para os idosos ter um animal de estimação é um trabalho estimulante e um prazer diário, além de companhia importante quando se sentem sozinhos. Muitos idosos ganham saúde física ao fazerem suas caminhadas com os cães e saúde emocional trocando carinhos e companheirismo, tanto com os próprios animais quanto com os de outras pessoas ao partilharem experiências no convívio e trato de seus bichinhos. Mas toda essa convivência tem acarretado certos distúrbios no comportamento dos animais. Com essa proximidade pode acontecer a descaracterização do comportamento
natural e instintivo dos animais, o que faz com que eles adotem o comportamento dos humanos que vivem a sua volta. Quando o relacionamento se excede ocorre uma humanização do animal, que passa até a estranhar indivíduos de sua própria espécie. Algumas pessoas também passam a ter comportamentos estranhos e se isolam do mundo, preferindo a companhia do animal à de familiares e amigos. Toda essa mudança comportamental pode gerar um transtorno para as pessoas que não conseguem compreender e resolver os problemas de seus animais. A Folha Carioca foi em busca de pessoas que vibram com seus animais e descobriu que não só gato e cachorro são alegrias de muitas familias. Encontramos uma arara, um furão, um canarinho e diversos bichos que encantam seus donos e participam da biografia familiar.
Os cães, patos e tartarugas Ângela e Patricio, cariocas da gema, saíram da cidade e foram morar num sítio há poucos quilômetros do Rio. Depois de onze anos vivendo num pequeno sítio em Guapimirim, dizem com alegria: “Tivemos oportunidade de viver - uma vida ao ar livre, cercados de natureza: árvores frutíferas, plantas exóticas, flores belíssimas e animais, muitos animais”. Ângela era moradora da Urca desde 1954 (ano que nasceu) e seu marido desde 1962, quando entrou para o IME. Ângela fez um relato emocionado de sua convivência e amor dedicado a seus bichos. “Quando resolvemos mudar foi um espanto geral, inclusive nosso. Mas hoje, 11 anos depois, não nos arrependemos nem um minuto e a razão deste não arrependimento está na vida que passamos a ter e na relação que criamos com nossos queridos bichos”. O casal batiza todos os cachorros com nomes compostos. Ela nos diz: “Inicialmente dois cães vieram conosco: o Tobi Luis (segundo ela, o mais belo exemplar de golden retriever que existe) e o Petrus José (um pastor alemão que não sabe ser cachorro, acha que é gente). Aqui encontramos um vira-lata que não pôde ir com o dono da casa que compramos, pois ele foi morar em um
Mariana, Sofia e sua sobrinha Carolina
Isto é ser feliz!”.
A arara faladeira apartamento, o Xuxo. Logo estabeleceram uma convivência harmoniosa e divertida. O Xuxo, já mais velho, tomava conta e ao mesmo tempo ensinava aos pirralhos as artes passíveis de serem praticadas num espaço tão grande e novo. Sabendo de nossa mudança, uma amiga resolve nos visitar e, ao fazê-lo deixou conosco uma jabota que era criada numa bacia de plástico, na varanda de seu apartamento. Foi bem-vinda a Miquelina! Ah! Esqueci de falar dos patos: eram sete - esses não tinham nome -; como havia patos e patas... nasceram patinhos, esses sim todos devidamente batizados: Jairinha, Gabriela, Mariana, Inês, Manquinho (ele mancava por causa de uma patinha mal formada que eu consertei usando um clipe com tala). Estamos em nosso ambiente cercados de vida. Já passou por aqui uma família de cabras (Catarro, Meleca, Pum, Trac e Bufa – chamávamos de Família Porcaria), um cavalo (Estrelinha), muito coelhos (Joaquim e Maria, Bochecha, Papinha, Bolim, Bolacha, Teimoso e muitos outros que não foram batizados, pois foram dados a amigos”. Ângela fala com emoção: “Aprendemos que dar amor aos animais é uma maneira sublime de amar. Você ama e pronto! O retorno é impressionante! Aqueles que dizem que os animais não pensam e não sentem, não sabem de nada! Como explicar a fila indiana formada pelos patos, quando toda tarde meu marido entra no pateiro para lhes dar repolho? O que dizer do caminhar dos cães diretamente para o canil, quando percebem que precisamos abrir o portão? Como explicar o cessar dos latidos quando digo a eles: ‘Muito obrigada, mamãe já viu que tem gente no portão’. Hoje, além do Tobi e do Pertrus, temos o Pingo Henrique, a Lassie Rita, a Cocada Eugenia e a Farofa Estela. Já nos deixaram o Xuxo, a Taba Léa, o Stopa e a Guga Maria – partidas sentidas, sofrimento enorme. Somos conhecidos na cidade como os cuidadores dos animais abandonados. Cuidamos de vários que achamos feridos, atropelados, abandonados e hoje estão alegres
Eliane Roballo, igualmente carioca da gema, também foi buscar uma vida mais tranquila num dos municípios do estado. Mãe de três filhos mudou totalmente seu estilo de vida longe da “gema” carioca e construiu tudo novo na “clara” do estado, no município de Miguel Pereira. Eliane sempre gostou de animais e quando solteira e sem filhos, vivendo o glamour da moda e calçadas de Ipanema, tinha uma cachorrinha que a acompanhava em todos os lugares. Teve três filhos e, logicamente, os bichos passaram a fazer parte da familia vivendo num sítio aprazível. Segundo Eliane, todos os bichos do sítio foram deixados por alguém que por algum motivo não pôde ficar com eles. O bicho encantador da família é uma arara, chamada de Arara, também abandonada no sítio. Eliane nos conta: “Ela é a coisa mais linda. Logo que chegou passou alguns dias quieta, mas como só recebeu carinho, logo se espalhou. O meu marido construiu uma gaiola gigantesca com troncos e até piscina, pois ela adora tomar banho. Quando isso acontece, ela ri dela mesma e fica aos gritos, gargalhando mesmo, ao estilo do Clodovil que ria reclinando o corpo. Às vezes nos pregava susto, pois quando chegávamos à noite ela falava baixinho: ‘oi Arara’, parecia voz de gente. Até hoje, quando se liga o carro para sair ela grita ‘tchau Arara’. Ela adora banana e pede ‘Arara quer banana’. Embora tentássemos, não foi possível torná-la tricolor. Torce pelo Vasco e grita pelo time, provavelmente o time de seus antigos donos. A única pessoa que consegue entrar na gaiola sou eu, mas jamais consegui tocar nela. Deixamos assim,
pois pensamos em respeitá-la. Adora imitar as pessoas, se alguém gargalha, ela também o faz, e dança muito, canta ‘Atirei o pau no gato’ com direito a miau no final e tudo. Existe uma igreja de evangélicos do outro lado do sítio, perto da estrada principal e ela aprendeu a gritar ‘aleluia’. É só começarem o culto que ela participa. Também não conseguimos mudar isso. Enfim, essa interação não ensinamos, apenas estimulamos com muita atenção e carinho. É claro, acho que seria melhor para ela viver livre, mas veio para nós assim, não sobreviveria mais se a soltássemos. Em respeito às leis de preservação e proteção dos animais fizemos registro no Ibama. Soube um dia, não sei se é verdade, que araras vivem 40 anos e morrem apaixonadas se perdem o dono. Outra coisa curiosa é que ela sempre chamou as crianças pelos nomes: Isabel, Vicente e Maria, com o detalhe de que Maria ela fala com sotaque americano, ‘Mauria’. É um animal muito querido e interage com toda a família”.
A amiga gatinha Frida Bia Luz é uma linda moça moradora de Ipanema. Com sua máquina fotográfica clica várias vezes sua gatinha Frida e divide as fotos numa das mais famosas redes sociais da internet. Bia nos conta que ganhou de um amigo a gatinha quando foi morar sozinha. Ela nos fala: “Ganhei de amigo oculto pois amo gatos. Este meu amigo, Fred, me deu o bicho porque fui morar sozinha e ele seria uma companhia”. Ela prossegue: “Ganhei de surpresa e tive que dar o nome na hora. Queria algo que lembrasse meu amigo Fred, então foi um pulo para Frida. Que não deixa de ser chiquérrima, pois aproveitei para ter dois sentidos: Frida de Fred e Frida, de Frida Kahlo!” Bia mostra todo seu amor por sua gatinha e relata com alegria a companhia que sua gata lhe faz: “Eu amo ter animal de estimação. É uma super companhia! Ainda mais para quem mora sozinha. Chegar e ser recebida na porta com aquele miadinho de saudade, te seguir, pegar no colo e ela deixar beijar, beijar e beijar... Quando vou dormir é só falar ‘Vamos dormir?’ Ela dá um miau e vem atrás, deita ao meu lado, em frente ao meu rosto e pede carinho na barriga. O meu namorado, Sergio, fala que ela é a gata mais carinhosa do mundo! Quando Maria e Arara
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e felizes em casas de pessoas que os amam. Somos padrinhos de todos e quase explodimos de felicidade quando vamos visitá-los e eles se derretem aos nossos pés! Isto é amor!
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Bia e Frida
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fiz obra aqui em casa, todos os dias quando chegava ela me mostrava o que tinha sido feito de novo. Precisaram quebrar um canto da parede, no teto da cozinha, e lá foi ela, subiu na geladeira, no micro-ondas e se esticou mostrando o buraco. Amo! Não tem preço! Agora, por exemplo, enquanto escrevo eu chamo: ‘Friiida’ ela vem, miando e olhando nos meus olhos. Sobe no meu colo e pede carinho. É muita companhia”.
A cadela Kirra
Kirra em momento de Repouso
Bia, antes de ter seu apartamento, morou na casa da família de seu namorado Sergio. A família é dona da Kirra, uma linda cadela da raça labrador. Ela nos conta entusiasmada: “A cadela que sempre quis ter! Uma fofa! Já foi mais minha, quando morei na casa do Sergio durante dois anos. Era minha companhia para correr. Éramos cúmplices. Ela me entendia perfeitamente. Quando eu calçava o tênis para correr, já me olhava e o olhar dizia ‘vaaaamossss!’”. Tenho saudades da companhia dela para correr, mas não tem nada mais gostoso que ir para casa do Serginho e quando ela me vê eu pergunto “quem é Serginho?” Ela fica alucinada! O Serginho fala: “Cadê a Bia?” Ela vem direto em mim. Amo bichos. Eles são inocentes, amigos, verdadeiros. Nós devíamos observar nossos animais de estimação e tirar como lição. As atitudes são incríveis e totalmente comparáveis com as nossas”.
O canarinho Joãozinho
Ediméia e Joãzinho
Ediméia é uma senhora, mãe de cinco filhos, e sempre teve a casa cheia de gente. Depois que os filhos casaram e a única filha solteira trabalha o dia todo, fica muito só. Um dia ganhou de presente de um pedreiro que fez um serviço em sua casa um canário belga, nascido em cativeiro. A ave recebeu o nome de Joãozinho, em homenagem ao pedreiro João que a presenteou. É uma emoção assistir à relação da Ediméia com o seu canarinho. Ela nos diz: “Ele mora na gaiola, a casinha dele, mas eventualmente eu solto e ele anda pela casa, não foge”. Os cuidados com o passarinho são delicados e ela diz: “Ele canta lindo e me conhece. Quando falo com ele,
vem beslicar meus dedos, como se fosse um beijinho. Como canários passam pela fase da muda, trocando as penas, dou 3 gotinhas de remédio na época da muda para que ele não entre em depressão. Na época da muda Joãozinho não canta e sinto muita falta do lindo canto. Qualquer reunião em casa, quando tem mais barulho, o canto dele é a música da família”. Ediméia é tão apaixonada pelo bichinho que sempre que tem que sair e passar a noite na casa de um dos filhos, uma de suas amigas assume os cuidados com o canarinho.
A gata Fumaça Helena, hoje casada com Guilherme que é alérgico a pelos de gatos, teve que abrir mão de levar para sua nova casa sua gatinha Fumaça. Quando mocinha Helena encontrou num carro abandonado um filhotinho recém-nascido e levou para casa. O gatinho era tão pequeno que sua mãe achou que não sobreviveria. No entanto, aceitou o filhote e ao banhá-lo descobriu uma cor cinza maravilhosa de seu pelo. Outra coisa que descobriu é que o animal era fêmea. A gatinha foi alimentada com leite no algodão e cresceu muito saudável. Helena hoje vai visitar a Fumaça na casa da mãe e é reconhecida logo que chega à escada. Fumaça começa a miar anunciando sua chegada. A gata teve três ninhadas e foi esterilizada. Não vai à rua, dorme quase o dia todo e é cheia de mimos como, por exemplo, só tomar água fresca e não usa a caixa de areia se não estiver rigorosamente limpa. Hoje Fumaça já é uma senhora de mais de 13 anos, muito saudável. Helena nos conta: “Ela é ciumenta, sensitiva e foge de qualquer visita que não goste de bichos. Esconde-se e só reaparece quando a visita vai embora. Se fica muito tempo sozinha, apronta alguma como fazer xixi no tapetinho do banheiro ou fora de sua caixa de areia, demonstrando sua insatisfação. Fumaça nunca ficou doente e nunca precisou de medicamentos”.
O galo Repolho Maria tem 12 gatos e é apaixonada por animais. Seus filhos também adoram animais. Ela nos conta que sua filha Bruna, quando menina, aos 6 anos de idade, tinha um galo chamado Repolho, que andava atrás dela o Maurinha e Juju
dia inteiro. O galo morreu e Bruna quis fazer o enterro. Maria nos relata que Bruna, chorando dizia “Vai meu galinho, vai pro céu dos galos” e estava inconformada. Seu irmão perguntava a ela: “Bruna, existe céu pra galos?” Ela respondia: “Tem sim, Breno. Tem céu pra gatos, pra cachorro, pra galos, galinhas, todos os bichos”.
Bruna rezando pelo seu galo
A cadelinha Juju Maurinha e Raimundo formam um casal muito alegre e unido. Tiveram dois filhos que já estão adultos e arranjaram uma cachorrinha poodle toy quando os meninos ainda eram adolescentes. Segundo Maurinha, a opção que fizeram em ter a pequena Juju, compartilhando e acompanhando o crescimento da que chamam “nossa filhotinha Juju”, foi uma das coisas mais acertadas das suas vidas. Maurinha fala com emoção e lágrimas nos olhos: “Ela chegou de mansinho, foi ganhando e conquistando espaço e se tornou a nossa querida e amada companheira de todas as horas. Conviver, descobrir o lado lindo, flexível e adaptável dela, foi uma senhora experiência e aprendizado. Era um prazer e até bem engraçado vê-la disputando coisas incomuns conosco, como por exemplo, comer alface, rúcula e agrião. Juju me acompanhava o dia todo. Ela partiu há 1 ano e meio e quantas saudades ela deixou! Às vezes ainda escutamos os seus passinhos no nosso quarto de madrugada. A nossa convivência durou 15 anos. Sinto muita falta e ando pelas ruas acariciando os cachorros que passeiam com seus donos. Ter uma cachorrinha como a Juju é ter certeza do quanto podemos trocar amor com os animais”.
Carol Rangel é carioca, é médica e depois que foi morar sozinha, arranjou um animal diferente para lhe fazer companhia. Apaixonou-se pelo bichinho, Quim, um silver mitt, conhecido popularmente como furão. Carol encontrou um animalzinho que a encanta e lhe dedica todo carinho e afeto. Não satisfeita comprou mais um, o Zé, que é a nova alegria da médica. Ela posta regularmente as fotos dos bichinhos numa das redes sociais e sempre contando sobre sua paixão pelos bichinhos. Diz Carol: “Foi amor à primeira vista. Já vinha namorando os ferrets há algum tempo. Mas quando vi o Quim, me encantei e tive a certeza: é ele! Ele é um silver mitt e tem 3 meses. É extremamente brincalhão, fica difícil até tirar fotos. Estou aprendendo a cuidar dessa fofura e cada dia mais encantada. Em fevereiro deste ano chegou mais um integrante à casa. Trouxe o Zé, que nasceu em outubro de 2010. É um sable siamês lindo, brincalhão e bagunceiro feito o Quim. Espero que ele seja feliz e que eles sejam companheiros!” Carol aconselha aos amigos: “Ele é muito mansinho e engraçado demais, me divirto com o pequeno. Comprem que não vão se arrepender. É mais fácil de cuidar do que um cachorro e não sente tanto a nossa falta quando temos que dar os plantões da vida”. Carol realmente adora seus
bichinhos e faz brincadeiras com a natureza dos dois dizendo: “Acho que vou profissionalizar o Quim e ganhar um cascalho extra no circo. Nunca vi contorcionismo igual! E o mais impressionante é que ele estava dormindo e ficou horas na mesma posição”.
Liz, uma gatinha com donos até o fim D. Kate tem 96 anos de idade, mora na Gávea, super lúcida, inteligente e culta. Ela veio da Alemanha ainda pequena com seus pais, na época da 2ª Guerra Mundial, fugindo do nazismo e tem uma trajetória de vida notável. É médica psiquiatra e trabalhou com a Dra. Nise da Silveira no Museu do Inconsciente. Sempre gostou de animais, especialmente gatos, ao ponto de frequentar exposições. Há um ano ela adotou uma gata sem raça definida. Um casal de Niterói, amigo de uma amiga dela, cuida e encaminha gatos para adoção. Pela internet, olhando as fotos de vários animais D. Kate se interessou por um, mas ele já tinha sido adotado. Revendo outras fotos ela se apaixonou por uma gata de pelagem cinza com manchas caramelo e branca, que atende pelo nome de Liz. A gata tinha acabado de ter uma ninhada e foi abandonada pelos seus antigos donos. Seus filhotes foram logo adotados, mas D. Kate se interessou pela mãe. A
Foi amor à primeira vista.
Quim, Carol e Zé
gata foi entregue esterilizada e vermifugada. Segundo ela, Liz já veio educada, pois nunca sujou ou estragou nada no novo apartamento. Em pouco tempo Liz virou sua grande companheira, acompanhando-a em todos os lugares do apartamento. O interessante é que, diferente da maioria, D. Kate, antes de adotar a gata, garantiu o futuro da jovem bichana, em caso de acontecer algo com ela. Já tem definida uma pessoa de sua confiança que assumirá a gatinha. O elo afetivo entre as duas é lindo.
O pug Ed e um bebê Fernanda é uma carioca que depois de casada foi morar em São Paulo. Ela e o marido, Alexandre, compraram um filhote de cão da raça pug, o Ed, e ele passou a ser companhia para o jovem casal, enquanto planejavam sua família. Fernanda relata: “Vários episódios provam que o Ed é um filho para gente. Quando o Ed teve um grave problema neurológico eu fiz uma promessa que se ele ficasse bom eu ficaria seis meses sem comer doce, que é uma das coisas que eu mais amo no mundo. Fui para a Argentina e o EUA e durante esses seis meses eu não comi um alfajor sequer. Fiquei grávida e o Ed acompanhou minha gravidez e o nascimento de nosso querido Benício, hoje com um aninho. Antes da gravidez o Ed andava de moto com a gente. Eu comprei um bolsa tipo ‘canguru’ para levar o cão e ele ia na moto entre mim e o Alexandre, com as patinhas e a cabeça apoiadas nas costas do meu marido. Quando o Benício nasceu o Ed ficou com muito ciúme, começou a fazer
Dona Kate e a gata Liz
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Quim e Zé, os furões companheiros
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xixi dentro de casa para chamar atenção. Isso só parou quando o Bê começou a comer papinha, porque eu punha a comida do bebê que sobrava no pote do Ed e assim eles ficaram amigos. Hoje o Ed pega seu brinquedo predileto e leva até o Bê para eles brincarem juntos. Eu fico jogando o brinquedo e os dois correm atrás juntos. A presença do Ed em nossas vidas não incomodou em nada, ao contrário, eu não preciso de babá eletrônica porque quando o Benício acorda de manhã o Ed vai imediatamente me acordar. O Benício gosta tanto dele que a primeira palavra que ele falou não foi mamãe, foi Ed”.
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Nossos amigos
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Existem inúmeros animais que nós elegemos para ter ao nosso lado. Entre as centenas de espécies podemos citar pássaros, araras, periquitos, peixes de aquário, hamsters, furões, galos, galinhas, coelhos, tartarugas e até mesmo iguanas e cobras. Mas não há dúvida que os cães e gatos são os mais populares. Deles, nós não esperamos nenhum serviço ou lucro; nós os temos em casa só pelo prazer da companhia. Os animais pequenos e dóceis são os preferidos, pois, entre outras coisas, eles são os mais indicados para conviver com crianças e idosos. O convívio com cães e gatos desempenha um papel positivo na formação da personalidade infantil e possibilita aos idosos uma ocupação saudável. Com relação a esse último aspecto, vale destacar que diversos especialistas recomendam que pessoas idosas tenham um animal de estimação em casa. De modo geral, uma pessoa que cuida de um animal de estimação apresenta maior grau de satisfação pessoal, pois tal atividade preenche o tempo e estimula o estabelecimento de vínculos de afetividade. Essa é uma das razões que justifica o aumento do número de animais domésticos por residência em vários centros urbanos do Brasil. O que, de certa forma, acabou contrariando a previsão daqueles que acreditavam na substituição dos “tradicionais animais de estimação” pelos “novos amigos eletrônicos” do século vinte e um, tais como computador, vídeo-game, celular e iPods. Não há duvida que, cada vez mais, a nossa relação de amizade com os animais de estimação tem se fortalecido e, certamente, podemos afirmar que esse vínculo durará por muito tempo.
Abandono de animais A troca de e-mails mostrada a seguir é um excelente exemplo de como conscientizar as pessoas sobre um problema crescente que é o abandono do animal de estimação porque os donos vão viajar, mudar, casar, parir etc. *** Bom dia, meu nome é Maria. No início do ano passado me mudei para Manaus e deixei meus animais com minha mãe para ela cuidar. Recentemente, infelizmente, ela faleceu. Como ela morava sozinha com os meus dois gatos, os animais terão que ser adotados. Eles estiveram temporariamente com uma amiga que está se mudando e não poderá mais ficar com eles... Por isso estou buscando alguém, urgente, visto que ela sairá do apartamento no final de semana. Escrevo esse e-mail como forma de divulgar a adoção de meus gatos. São dois: uma fêmea e um macho, ambos vacinados, um ano e meio de idade, castrados, vermifugados e muito dóceis. Gostaria de saber se vocês poderiam divulgar pelo bairro para mim. Obrigada! *** Maria, por que você não leva os gatos para Manaus, de avião? Hoje mesmo mandei três gatas para Salvador, Bahia, pela TAM Cargo. Se for problema de dinheiro a gente faz uma campanha na internet e consegue a grana toda ou em parte, sei lá. Já fizemos isso para várias pessoas humildes, porém responsáveis, que amavam seus bichos, que tiveram de se mudar e, com ajuda, levaram seus animais em viagem. Posso passar todas as dicas para a sua amiga, o que vai facilitar muito o processo. Afinal, os gatos são seus e a responsabilidade é sua. Adoção é para sempre, coisa séria e uma mudança não justifica o abandono. Minha irmã trouxe a gata dela do Japão, foram 24 horas de voo! Adoção não acontece em uma semana, não existe data para acontecer, tem “trocentos” gatos sendo doados agora mesmo nesta cidade. Já doei mais de mil animais, entre gatos, cachorros, chinchilas, aves e até um cavalo, mas tudo tem o seu tempo. Porque não adianta dar para qualquer um, que pode maltratar, negligenciar, abandonar etc. Adoção só responsável, senão você coloca o bicho numa roubada. Porque está cheio de gente sem noção, irresponsável e até psicopatas aparecendo para adotar animais. Não pense que todo mundo que aparece para adotar é gente boa, não. Isso só acontece no mundo encantado da Disney. Na real, a banda toca de outro jeito. Adoção é um trabalho insano, estressante, difícil, e depende de tempo e da sorte de cada um. Se você pensa que abandonar os animais num abrigo é uma opção, saiba que abrigos são campos de concentração, ambientes superlotados, insalubres, criadouros de vírus e bactérias letais, onde 90% dos bichos que são abandonados morrem em menos de 15 dias (se você não acredita, faça uma visita a um desses lugares, mas entre e passe umas horas no local, se tiver estômago forte, porque a experiência é barra-pesada). Aliás, essas instituições deprimentes deveriam ser proibidas, e, graças a Deus, já estão começando a ser. A Suipa, por exemplo, está interditada judicialmente devido às condições horríveis em que vivem os animais. Pense nisso, se você tem amor a esses animais, que, segundo suas próprias palavras, são seus, e foram a companhia final de sua falecida mãe. Pense que eles têm sentimentos, sofrem, amam, sentem saudade, rejeição, abandono. Pense que eles deram aconchego e carinho a sua mãe. São vidas, cujo destino está em suas mãos. Por favor, faça a coisa certa. Atenciosamente. Valéria
Benício e Ed
O fundo do olho é a mais rica e detalhada pintura ao vivo e em cores da situação das artérias, veias e nervos do corpo humano, pois na sua visualização somente meios transparentes se interpõem entre o médico e a retina do paciente, salvo em situações patológicas. A retina funciona como uma janela através da qual se enxerga a saúde do organismo de uma maneira geral. A retina é um tecido nervoso sensível à luz, localizado na superfície interna da parte posterior do olho, cuja função é transformar o estímulo luminoso em um estímulo nervoso. Comparando com o processo fotográfico, a retina é como se fosse o filme da máquina, que capta imagens por meio das suas células fotorreceptoras para enviá-las ao cérebro. A fundoscopia ou oftalmoscopia é o exame em que se visualizam as estruturas do fundo de olho, dando atenção ao nervo óptico, aos vasos retinianos, e à retina propriamente dita, especialmente sua região central denominada mácula. O exame de fundo de olho é realizado desde 1851, quando Von Helmholtz inventou o primeiro oftalmoscópio e se constitui, ainda hoje, no principal elo entre a oftalmologia e os demais ramos da medicina. O principio óptico consiste na projeção de luz, proveniente do oftalmoscópio, no interior do olho e mediante a reflexão dessa luz na retina é possível observar essas estruturas. Existem dois tipos de fundoscopia: a direta, na qual se obtém uma imagem quinze vezes ampliada, mas com restrito campo de visão, e a indireta, que proporciona uma imagem com ampliação menor, porém com visualização mais ampla da retina, evidenciando-se até sua periferia. A oftalmoscopia direta é comumente realizada pelo clínico geral e utiliza-se um aparelho simples e portátil, enquanto a oftalmoscopia indireta é geralmente restrita ao médico oftalmologista e depende de equipamentos mais complexos. Indivíduos que não têm problemas oculares ou doenças que predispõem a males na região dos olhos, como hipertensão arterial e diabetes, precisam fazer o exame anualmente, especialmente se já passaram dos
40 anos. O clínico geral ou o médico oftalmologista irá sugerir uma periodicidade diferente para quem está em acompanhamento para alguma doença ocular ou sistêmica, levando em conta o histórico do paciente. O exame de fundo de olho pode trazer informações importantes para indivíduos de todas as idades. Recém-nascidos prematuros e cujas mães tiveram infecções durante a gestação devem ser submetidos rotineiramente a um exame detalhado de fundo de olho. Todos os demais bebês devem ser avaliados com o teste do reflexo vermelho, em que é avaliada a coloração avermelhada gerada pela retina através da pupila, quando submetida a uma iluminação direta. Esse teste pode ser realizado pelo próprio pediatra, no berçário ou na sala de parto, que encaminhará ao oftalmologista em caso de qualquer alteração ou de um resultado duvidoso. A oftalmoscopia, nestes casos, pode indicar a presença de tumores como o retinoblastoma, infecções como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e sífilis, além de doenças como a retinopatia da prematuridade, doença relacionada à formação dos vasos da retina que pode levar à cegueira. Em adultos, o exame de fundo de olho realizado regularmente é fundamental para o diagnóstico precoce de diversas doenças oculares, entre elas o glaucoma. Aliado à medida da pressão intraocular, permite que o tratamento seja iniciado antes da presença de sintomas, já que o glaucoma, segunda causa de cegueira no Brasil, é uma doença silenciosa que pode levar anos para causar dificuldade visual. As alterações relacionadas ao envelhecimento, como o surgimento de drusas na retina e o desenvolvimento de degeneração macular relacionada à idade, também são sempre observadas pelo oftalmologista durante a fundoscopia. A fundoscopia, por suas ligações com a clínica médica, a neurologia e outras especialidades é um elemento importante para o diagnóstico e acompanhamento de diversas doenças sistêmicas. Em indivíduos com hipertensão arterial ou diabetes, uma fundoscopia
Flavio Mac Cord Mestre e doutorando em Ciências Médicas pela Unicamp, pós-graduado em Retina Clínica e Cirúrgica pela USP, professor substituto da UERJ e médico do Hospital Federal dos Servidores do Estado e da Clínica São Vicente
cuidadosa pode trazer informações valiosas sobre a situação vascular subjacente. É interessante destacar que a fundoscopia é um método prático e fácil para se avaliar os danos em órgãos-alvo, além de fornecer informações sobre a atividade e tempo de desenvolvimento dessas doenças. Esse exame é mais um meio a ser utilizado pelo clínico para um melhor acompanhamento e tratamento dessas doenças e prevenir suas complicações oculares e sistêmicas. Na neurologia, a fundoscopia é comumente empregada, por exemplo, em pacientes em coma, na procura de sinais como o edema de papila, que pode indicar hipertensão intracraniana e a presença de hemorragia sub-hialóide, que pode sugerir hemorragia intracraniana. Assim, nestas últimas décadas, em que presenciamos grandes avanços na Medicina, a prevenção assume naturalmente papel fundamental na promoção da saúde. A riqueza de informações contidas no fundo de olho é uma ferramenta valiosa nesse cuidado com o paciente.
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Fundo de olho e sua relação com a saúde
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O olho é um órgão que permite observação direta de parte do seu sistema vascular, sobretudo da retina. Inúmeras doenças podem levar a alterações características do nervo óptico, da retina e de seus vasos
EMERGÊNCIA
GERAL
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Esqueceram de mim... Dia desses aconteceu o lançamento de um livro sobre a TV-Tupi, escrito por Luís Sergio Lima e Silva, Editora Aplauso. Foi na Travessa do Shopping Leblon. Wilson Rocha me disse: “Vamos lá, Miranda. Vai ser bom a gente encontrar velhos amigos daqueles tempos, pois todo mundo deve aparecer...” Fui. Ele já estava lá. Era também o lançamento de outro livro sobre a vida do grande ator Rubens Corrêa (tiraram o nome dele do teatro da Prudente de Moraes, assim como tiraram também o nome do Aurimar Rocha do teatro da Ataulfo). Deixa pra lá. Deixo. Pra quê, não é mesmo? Bem, como o Ancelmo deu uma nota, tinha muita gente. Postei-me num cantinho com o Wilson. Teve quem viesse falar comigo. Velha guarda: João Loredo, Ricardo Katar, Adonis Karan, Eloá, Jalusa Barcelos, Iris Bruzzi, Maria da Glória e sua filha, bonitona, Eugenio Fernandes, Vivian Perl, Carmen Verônica, Lidia Matos, Dilma Lóes, Maurício Sherman, Maria Pompeu, Luiz Vieira, Flavinho, sim, o Cavalcanti Jr., com um netinho, Carlos Alberto Santos, o Piteirinha, meu diretor no “Sem limite”, Rede Tupi, o Fábio, de São Paulo, que pesquisa minha vida, o Almeida Castro, Dóris Monteiro, entre outros. E mais os atores Glória Pires, José Wilker, figuras que não identifiquei e outras que certamente não me conheciam. Wilson me levou a uma senhora sentadinha, propondo que eu também descançasse um pouco - em pé já por duas horas! “Oswaldo Miranda, mas você não muda!” Abraços, beijinhos... Era nada mais nada menos que Maninha Castro, uma das mais famosas garotapropaganda daquele tempo. Maninha! Com ela fiz um programa infantil na TV-Rio, patrocínio do Pão PuIlman, onde experimentei a Escolinha de jornalista, que repetiria na Excelsior com Tia Arlene. Uma lembrança, na hora. Quando a criançada começava
a bagunçar o programa, ela impunha a ordem, bradando com autoridade de uma professora, o palavrão respeitado (um simulacro) por toda a turma: PITA QUl TAPATA! E voltava o silêncio no estúdio. Precisa passar para o Português? Maninha, cabelinho branco, saudade... *** Aperto. Os reencontros, abraços, lembranças, busca de autógrafos, empurra-empurra... fiquei no meu cantinho. E pronto. Mas estava doido para ver o livro. Capa com o Curumim, o indiozinho da taba. Maratona nas livrarias. “Esgotado”. “Só por encomenda”. “Ainda não recebemos”. Desde 24 de janeiro e nada. Agora, na livraria da Travessa da rua Visconde de Pirajá, o gentil funcionário permitiu uma folheada, retirando o plástico, a embalagem. Pacientemente... página por página. Muita informação, garimpagem, fotografias, detalhes, coisas que eu nem sabia, pesquisa, texto bom, bom de ler. Deu trabalho, muito, na procura de gente para depoimentos, indicações, sugestões, tempo e cuidado no arrumar todo o material colhido. Obra certamente feita com sacrifício, dedicação, carinho, louvável contribuição que será, sem dúvida, elemento valioso de leitura e consulta sobre a história da TV, que completa agora 60 anos, e que tem justamente na querida Tupi, canal 6, a partir de sua instalação por Chateaubriand, em janeiro de 1950, importantíssimo marco na história da cultura da cidade. Ah, sim, ia dizendo que na Travessa folheei, ávido, sôfrego, o bonito livro. Emocionei-me com algumas recordações e com fotos que ilustram passagens que até devo ter vivido, já que mesmo no comecinho, lá na Av. Venezuela, 43, onde tudo nasceu, eu estava presente, produzindo um comercial sobre o lançamento da máquina de lavar roupa, produto que
apresentara ao público em matéria no semanário Shopping News. Não me encontrei na bela publicação. Nem no índice onomástico, gente cujo nome é registrado no texto ou que ofereceu informações ao autor. Eu não estou. Nem o Wilson Rocha. Esqueceram de mim... Não importa que, entre tantas coisas expressivas eu tenha dado à TV-Tupi o maior recorde no Ibope, 80%, imbatível até hoje, com o casamento da mitológica Noivinha da Pavuna, Leni Orsida, no “Show sem limite” do credibilíssimo J. Silvestre; ou participado da primeira tentativa de mandar imagem (Pagliari) para São Paulo; ou produzir a primeira transmissão network via Embratel (apenas cinco estados) e por aí vai... Paralelamente neste momento, batendo 91 na cabeça, venho tendo sessões contínuas de depoimentos para José Carlos Alexim, no cuidadoso preparo de outra obra ainda mais abrangente, quando a TV no Brasil completa 60 anos, ao mesmo tempo que dou subsídios para a memória do rádio e dos cassinos, quando a ABI - Associação Brasileira de Imprensa consagra-me com as bodas de platina pelo que produzi na área da comunicação. Céus! E nem caberia lembrar do que fiz, além do J.Silvestre, com o Flávio Cavalcanti, Mauro Montalvão, Léo Santos (irmão do Silvio), Paulo Max, José Saleme, Paulo Giovanni ali mesmo na Urca, recorrendo agora ao et cetera para fechar...
O Cruzeiro, a mais importante publicação da imprensa brasiledra em seu tempo, 600 mil exemplares por semana: abriu capa com J.Silvestre e Leni Orsida, a Noivinha da Pavuna, por causa do Ibope: 80%, Globo, 14%, Rio, Continental e Excelsior, traço! O maior sucesso de audiência da Tupi, repetida ainda em toda a Rede Associada, João Calmon, Arrabal, Lucena, vibrando... e Edmundo Monteiro p__ da vida por não ter colocado o programão do Silvestre na grade do Sumaré, São Paulo, o que é outra história...
Homenagem
Charge viva
Desastre
José Alencar: o homem incomum, aquele que avultava no reduzido núcleo que representava o único e ínfimo saldo responsável por uma réstia de dignidade do governo Lula
O que a Angela Merkel foi fazer enfiada neste bueiro? Estaria se escondendo do Kadhafi? (internet, via Dulcinha)
Fukushima quer dizer “Ilha da sorte”...
HOJE: Viriato Costa: “Em são Paulo, num grande condomínio, a síndica incluiu no Regulamento, como proibição, gemidos amoroso”. E não é que numa noite ela foi bater na porta de um apartamento exigindo que o item fosse cumprido, já que um casal fazia amor com alguns decibéis acima do permitido... // VEJA: Capa carnavalesca: “Ei, você ai, me dá um partido ai, me dá um partido ai...” E a fidelidade partidária indo pra casa do catete... // ÉPOCA: Ruth de Aquino: “O jeito com que Sandy segura o copo cheio, com o dedo mindinho tenso, denunciou a incompatibilidade da moça com o líquido dourado.” Sim, não funcionou. Que tal uma devassa na agência que produziu o discutível comercial com a ex-parceira do Junior? // ÉPOCA: “O cirurgião plástico Dr. Liacyr Ribeiro, o brasileiro que há 16 anos operou Kadafi - Segredo guardado há 16 anos. Ele não quis anestesia geral, com medo de morrer ou ser morto”. Sim, teve o rosto esticadinho como pedimos e neste momento pode até estar esticadinho... por inteiro // GERAL: Opah Winfrei ouvindo Lea Ti, filha de Toninho Cerezo que falou assim: “Meu pai me disse que não se importava se eu era um homem, uma mulher ou um cachorro. Ele me amava.” Last but not least // EXTRA: “Espólio de Michael Jackson já faturou 310 milhões de dólares”. Que não sejam espoliados pela família... // CARTA CAPITAL - Capa - Dilma: “Um omelete sem quebrar os ovos. O desafio de cortar 50 Bilhões de reais em gastos sem abortar o crescimento.” Bem, o que ela fez na Ana Maria Braga era de queijo // O GLOBO: “...a Câmara exige paletó e gravata. Nada mais justo que um auxílio-vestuário.” O gozador é ninguém menos que o baiano de Itaparica João Ubaldo Ribeiro. // DESTAK: “A classe C incorporou 19 milhões de brasileiros vindos das classes D e E mantendo o posto de maior do país, com mais de 101 milhões pessoas.” É um estudo sobre ascensão social, quer dizer, utopia, quimera.
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mídia
Deu na
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perfil
Maestro Ricardo Rocha
O sagrado na origem da música
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Maria Luiza de Andrade
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Fundador e regente da Cia. Bachiana Brasileira (Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro na categoria Música Erudita), o maestro Ricardo Rocha já realizou turnês com sua orquestra no Vietnã e em Cingapura. Gravou mais de 15 concertos para o rádio e a televisão, CDs e DVDs (com destaque para os Motetos de Bach). Em novembro de 2009 dirigiu a Nona Sinfonia de Beethoven na estreia da Orquestra Jovem do Brasil, formada por jovens escolhidos em todo o país, em comemoração aos 20 anos da queda do Muro de Berlim. Na Alemanha, criou e dirigiu por 11 anos (1989 a 2000) o ciclo “BrasilianischeMusik im Konzert” para a difusão da música sinfônica brasileira à frente de importantes orquestras, como a Sinfônica de Bamberg, entre outras. Na Argentina foi maestro residente frente à Orquestra Sinfônica Uncuyo, de Mendoza e, no Brasil, tem regido como convidado a Orquestra Sinfônica Brasileira, Teatro Municipal de São Paulo, Sinfônica de Minas Gerais, Petrobras Sinfônica e Sinfônica Nacional. É autor do livro “Regência, uma arte complexa” e possui o título de Kapellmeister, o mais alto em Regência na Alemanha. FC – O título de Kapellmeister - Mestre Capela - enfoca exclusivamente a Música Sacra? Ricardo Rocha – Academicamente, o Kapellmeister é um título de ponta na pós-gradução para a formação de regentes não só de concertos sinfônicos, mas também de óperas. Um título, portanto, que inclui a grande música sacra, sem ser este o seu foco. Na tradição latina, o mestre de música na igreja sempre foi o Mestre Capela, cargo que o Pe. José Maurício Nunes Garcia exercia na Igreja do Carmo da Antiga Sé, quando da chegada de D. João VI ao Rio de Janeiro. Seu correspondente na tradição germânica sempre foi o Kantor, cargo exercido por Johann Sebastian Bach ao longo de 27 anos na Igreja de São Tomás, em Leipzig. Entre nós a confusão começa pelo sentido de Capela, do latim tardio cappella, que significa pequena igreja, enquanto Kapelle, em alemão (apesar de também indicar um santuário) significa, na tradição musical, banda de música, orquestra. As mudanças na Igreja nas últimas décadas excluíram a Música Sacra do serviço religioso? Falar em exclusão não é apropriado; talvez seja mais conveniente falarmos em deturpação e desvio do critério que por séculos orientou a Igreja Romana na produção não só da música, mas na escolha de todos os
serviços que encomendou, em diferentes áreas: o de servir a Deus com o melhor que se puder oferecer. Isto porque, em algum momento, as boas intenções expressas no Capítulo VI do Concílio Ecumênico Vaticano II, que trata da sagrada Liturgia, por alguma razão se perderam, produzindo resultados diferentes dos que, certamente, foram previstos. Da mesma forma que a Igreja procurou sempre os melhores profissionais entre artesãos, pintores e arquitetos para suas obras, também o fez para a função eclesial da música sacra, profissionais da Música, como o seu Mestre-Capela, músico profissional capaz de organizar os voluntários e amadores com talento musical dentro da Igreja. Entretanto, o cargo aparentemente desapareceu do serviço religioso, que foi entregue a grupos jovens e bandas de música amadoras. O que se buscava simples mostrou-se simplório; o pauperismo das produções musicais não tardou a aparecer, fosse nas composições escritas a partir de dois ou três acordes, com suas melodias de poucas e repetidas notas, ou na execução sofrível das peças pelos conjuntos. Cedendo à tentação da moda musical, em particular do gospel e das igrejas pentecostais americanas, a Igreja Romana perdeu em solenidade e atmosfera, esquecendo-se de suas próprias determinações, como na exarada de um de seus textos do citado capítulo VI do Sacrosanctum concilium: “A tradição musical de toda a Igreja constitui um patrimônio de inestimável valor, que sobressai entre as outras expressões de arte, especialmente pelo fato de que o canto sacro, unido às palavras, é uma parte necessária e integral da liturgia solene”. Aconteceu o mesmo com as outras igrejas cristãs? A Igreja Romana já perdeu sua liderança e contribuição na área musical. Basta olhar para igrejas históricas como a Batista, por exemplo, que mantém, profissionalmente, o seu Ministro de Música (o equivalente ao Mestre Capela da tradição católica), com a manutenção e promoção de orquestras e coros infanto-juvenis, onde o ensino e o cultivo musical não só são levados a sério, como também são responsáveis pela formação de cantores, instrumentistas, compositores e regentes. Com seus Seminários, Ministros de Música, coros e orquestras, a Igreja Batista é hoje, para mim, uma referência no serviço musical religioso entre todas as denominações cristãs, malgrado a enorme influência do pathos triunfalista americano em suas composições,
estranho à piedade brasileira, e ao seu hábito discutível de fazer traduções para o Português diretamente no tecido musical. Qual seria a saída para reverter a situação atual? No caso da Igreja Católica, penso que seu serviço litúrgico-musical deva ser urgentemente repensado e, mais do que tudo, reestruturado com a consultoria e a presença de profissionais da área. Se não é financeiramente viável a contratação de um Mestre-Capela para cada paróquia existente, dever-se-ia contratar pelo menos um para cada Arquidiocese importante, com a função de estabelecer parâmetros e referências para o fazer musical nas paróquias. Sei que o Setor de Música Litúrgica da CNBB vem buscando diretrizes sobre isso nos últimos anos, mas, pelos resultados obtidos, parece que os esforços não têm sido suficientes para a mudança deste quadro. Enfim, vamos torcer para que a Igreja Romana recupere a grande produção musical da qual, por séculos, foi a grande promotora. Afinal, como disse e escreveu Santo Agostinho, inspirando um milênio depois o monge agostiniano Martinho Lutero, “quem canta, ora duas vezes”. Em que medida a geração do fenômeno musical está ligada ao cultivo da sacralidade? A partir da observação e da análise de fatos e padrões comportamentais em diferentes culturas, não importa se falamos de culturas asiáticas, dos diferentes povos indígenas da Amazônia ou da nossa música ocidental, podemos constatar que existe uma íntima relação entre a produção do fenômeno musical e o universo místico e religioso na visão do mundo e da realidade daquele que a cria, seja este um indivíduo, um povo ou um grupo social ou cultural. Na mesma proporção e relação, observamos que a perda desta dimensão, a perda do cultivo desta sacralidade que nos é inerente, provoca um processo de secularização, o qual, uma vez desencadeado, promove como que uma desertificação nas manifestações e impulsos musicais, expressos no desaparecimento progressivo de cantos e canções, assim como da geração de ritmos e dança.
Como se desenvolveu a música no Ocidente? A análise da música ocidental nos mostra como o seu desenvolvimento foi se dando de forma diferente do desenvolvimento do método científico. Neste, investiga-se o fenômeno até a descoberta dos padrões ou das leis naturais que o regem. Postula-se então uma teoria colocando-a imediatamente em prática, em experiência, para observar sua pertinência ou não. Já a música percorreu outro caminho: o da teorização, organização e construção sobre a prática musical experimentada e fruída pelo grupo na qual ela se manifestou. Portanto, ela se desenvolveu – e, no caso estrito da música ocidental, só se desenvolveu por ter havido teorização sobre o fenômeno musical espontâneo, simples e primitivo. Ou seja, a teoria veio depois da prática, buscou a sua organização após a experiência da prática. Porém, a resposta a sua pergunta é mais simples: a música do Ocidente, nos últimos dezesseis séculos, foi criada e desenvolvida por culturas e indivíduos profundamente religiosos, não importando aqui a denominação de sua religião, via de regra, cristã. Ela se desenvolveu e só pôde encontrar crescimento por ser um fruto vivo do espírito, do Espírito que fundou a nossa civilização.
memória
Músicos da OSB, heróis da minha infância Maria Luiza de Andrade
Aos quatro anos de idade me apaixonei pela Orquestra Sinfônica Brasileira assistindo, nas manhãs de domingo, aos Concertos para a Juventude, iniciativa do inesquecível Eleazar de Carvalho. Meu pai, oficial de Marinha, contava a história do regente, que começara sua carreira musical tocando tuba na Banda dos Fuzileiros Navais. Parecia conto de fada! Na saída do Theatro Municipal, eu observava os músicos se dirigindo para os pontos de ônibus com seus instrumentos a tiracolo. Papai chamava minha atenção para seus ternos surrados e os sapatos gastos: “Esses músicos, minha filha, são heróis; recebem salários aviltantes, mas não desertam da vocação. Infeliz o país que trata assim os seus músicos, a voz da sua alma!” Quando íamos aos bastidores cumprimentar o Maestro Eleazar, ele me chamava pelo nome e indagava: “Então, Maria Luiza, já sabe solfejar?” Fico pensando se não foi esse incentivo que me levou a ingressar na Associação de Canto Coral, sob a direção de sua fundadora Cleofe Person de Matos. A ACC, em conjunto com a OSB, promoveu concertos memoráveis sob a regência dos maiores regentes nacionais e estrangeiros: Karl Richter, Strawinski, Victor Tevah, Jacques Pernoo e tantos outros. Cleofe e o regente francês Jacques Pernoo se juntaram para promover as primeiras audições de obras notáveis do repertório coral-sinfônico, sempre em conjunto com a OSB, transformando os anos sessenta na década de ouro do Theatro Municipal. Com Pernoo, vieram intérpretes da Ópera de Paris e da Comédie Française (para os papéis falados) e cenógrafo para montar os oratórios “Joana d’Arc na Fogueira”, “O Rei David” (Honegger) e “O martírio de São Sebastião” (Debussy). O Maestro Pernoo e Henri Doublier (ator) voltaram ao Brasil seguidamente. Com eles mantive contato enquanto viveram. Durante os quase vinte anos em que atuei na Associação de Canto Coral aprendi a respeitar ainda mais os músicos da OSB. Ensaiávamos exaustivamente, coro e orquestra, preparando-nos para a chegada dos regentes convidados. Dos ensaios gerais guardo os melhores momentos da minha vida. Na década de 60, já formada e trabalhando em O
GLOBO, obtive bolsa de estudo do governo francês para o Centro de Formação de Jornalistas, em Paris. De volta ao A caminho do concerto da OSB Brasil, propus a Roberto Marinho que promovêssemos, a exemplo da Europa, concertos ao ar livre para levar a música erudita até o povo. A ideia foi encaminhada ao Departamento de Promoções, dirigido por Péricles de Barros, que batizou a série de concertos populares com o nome de Projeto Aquarius. O Maestro Isaac Karabtchevski encabeçou o Projeto, à frente da OSB, e o sucesso foi estrondoso, reunindo milhares de pessoas a cada apresentação. Hoje, a situação financeira dos profissionais da orquestra mudou, os salários aviltantes ficaram no passado, o país amadureceu, a música clássica conquista um público cada vez maior, mais jovem e mais interessado. Os clubes de música se multiplicam pelos bairros, reunindo grupos para assistirem palestras e concertos em DVDs. A atual crise que atinge a nossa OSB pode acarretar a morte da orquestra. Vem de longe a oposição dos músicos à liderança do atual titular. A “avaliação de desempenho” foi a gota d’água. Músicos do Brasil e das orquestras estrangeiras estão solidários com os colegas brasileiros. E sugerem: por que não submeter o maestro à avaliação de desempenho? E, em lugar de uma demissão em massa, será que uma única demissão não resolveria o problema? Volto à infância e à “missa dominical” no Theatro Municipal: Bach, Beethoven, Brahms, experiência de transcendência, descoberta da dimensão espiritual da vida... Obrigada, músicos da OSB. Continuem lutando. Thomas Keating, monge trapista e mestre de Meditação, dá uma orientação segura: “Suponho que uma das grandes proteções da migração seja voar em bandos”. Permaneçamos unidos.
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Qual a conexão entre música e cultura? Música é cultura na medida em que é expressão do espírito humano. Porém, ela se distingue de todas as demais artes pelo fato de ser a única a trabalhar e a existir exclusivamente dentro da categoria do tempo, enquanto as demais operam unicamente no espaço, como as artes plásticas, ou simultaneamente no espaço e no tempo, como o teatro, o cinema e a dança. A mitologia grega conferia à música origem divina, poderes mágicos e até de cura. No entanto, se os gregos nos deixaram grandes obras de escultura, arquitetura e pintura, da sua música não nos sobrou quase nada além de suas escalas modais e um sistema musical primitivo, apesar de sabermos que a música era atividade de grande expressão entre eles. É justamente no por quê da música grega ter-nos legado menos do que certamente produziu, que podemos identificar o ponto fundamental que vai diferenciar a civilização cristã e ocidental de todas as demais: foi nela que se desenvolveu, ao longo de quase mil anos, um sistema eficiente de notação musical, que a levou a desenvolver, a partir da monodia (canto gregoriano), a polifonia, a descoberta do acorde, o sistema tonal ou temperado, os tratados de harmonia e a criação de grandes conjuntos musicais, como as orquestras sinfônicas, criando o mais importante acervo musical da Humanidade. Não fosse a notação dos sons, inicialmente a sua altura e, bem mais tarde, a sua organização no tempo, ou seja, a notação do ritmo, não teria sido possível a promoção desta grande cultura musical produzida pelo Ocidente, que hoje é dominante em todo o mundo, particularmente na música popular, usuária do sistema tonal.
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t
Tamas
2004.tamas@openlink.com.br
Haron Gamal hjgamal@ig.com.br
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meu peito sangra por facada amor traição quem vê sangue correr não pode saber meu coração tem menstruação de paixão
“Paixão e bebedeira. Bom enquanto dura. Terrível quando acaba.” “ O jovem discípulo perguntou ao mestre: - Meu Mestre, que poder existe na mulher, que desde Adão, o homem é compelido ao pecado? Na primeira fração de segundo o mestre recordou a juventude e sua lembrança desenhou a imagem reluzente de Débora. Na segunda fração de segundo o mestre recordou a trajetória de felicidade e tormento provocado pela paixão por essa estonteante mulher. Na terceira fração de segundo o mestre recobrou a serenidade e disse: - Não há pecado maior que a negação do desejo.” “Pequenos momentos de prazer São eternos.” “Sonhos dissolvem-se Em migalhas de luz.” “A escuridão está fora de mim.” “A necessidade desenha o futuro. O prazer molda o prazer.” “Minto-me.”
Pensamentos Pró-fundos
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Ponto poético
O difícil percurso do olhar O poema, sempre difícil de ser analisado, ou mesmo percebido, constante obstáculo para o leitor, eis que surge e se oferece à decifração. Mas se não o deciframos, não seremos por ele devorado. O poema não é uma esfinge. Ou me engano? Desejam-se as suas palavras como se deseja a placidez de um rio caudaloso em estação de estio. Mas logo sobrevém a tempestade, e a mesma paisagem, que tanto nos acalmava, torna-se ameaçadora, a ponto de nos arrancar de onde a observávamos, lugar que antes julgávamos seguro. Oh, impossível o sublime kantiano, acompanhar a tempestade, em toda sua plenitude, fora dela. Seria bom se a poesia tivesse a mansidão desse rio, qual o rio de Heráclito, mesmo que nele não fosse possível ver duas vezes nossa própria face. Seria bom ler poesia sem se deixar contaminar, sem termos de levar para casa, ainda que tão somente, uma gota de toda essa lama. Assim, umas vezes como placidez, outras tantas como tempestade, chegam-nos os versos de Tanussi Cardoso. Em Exercício do olhar, como assegura o próprio nome do livro, exercita-se os vários modos de percepção da subjetividade, exercita-se nossa capacidade de sobrevida dentro da arte poética, ou mesmo – talvez o impossível – a capacidade de sobrevivência humana fora de toda essa tormenta. Iniciando-se com “Óvulo I”, a poesia se apresenta como larva. Então, perguntamos? Do que é capaz uma larva? Já sabemos a resposta. Afinal, tudo começou com uma larva. Eis o início: “que bicho se abrirá em palavra?” Através desse pequeno verso, viaja-se não apenas pela história humana, mas também através da literatura em língua portuguesa. Lá está Camões, com o seu bicho da terra tão pequeno, depois Drummond, que retoma Camões e apresenta esse bicho ainda bem pequeno, mas como protagonista de outras viagens, odisséias modernas. O autor de Exercício do olhar atualiza o tema e o lança à posteridade, pois a viagem continua, e a poesia-larva há de se multiplicar abrindo-se em palavras, constituindo novos mundos, constituindo a própria liberdade, que é o que caracteriza o ser humano. Nada melhor para mostrá-lo livre do que o ato criador, no caso do poeta, sua escrita,
tema do segundo poema, “Certas palavras”. Vai assim o desenrolar do livro, versos falando da língua, das palavras, da arte, de outros autores e de todas as possibilidades e impossibilidades. O bom poeta nunca cabe em si próprio. Aliás, ninguém cabe em si próprio, mas, melhor do que o poeta para expressar tal preocupação não há: “porque todos os mistérios são santos, / não nomearemos o nome das / coisas.” Mas o que é o fazer poético senão o ato de nomear, mesmo negando-o? Escrevese, nomeia-se, caso não se o faça com o nome conhecido, cria o autor uma nova maneira de dizer, um novo nome. Logo, nomeia-o do mesmo modo, embora à sua maneira. E assim avança Exercício do olhar. O livro divide-se em três partes: o tempo, os dias, as noites. “Constrói o tempo teias e ruínas”, e nada melhor do que a poesia para fazer esse inventário, mostrando que esse tempo também é construído por palavras: “O olho no olho do poema / que se anuncia / o olhar nosso de cada dia.” Em “os dias”, confessa o poeta: “quando na superfície / o verbo / vem da falta.” Talvez pudéssemos, aqui, conjecturar que a poesia vem tentar preencher o que nenhuma outra atividade humana conseguiu. É possível dizer que, se os outros ramos do conhecimento dessem conta da vida, não necessitaríamos da arte, nem da poesia. Mas se apresenta o artista e, para causar vertigem nos estudiosos das outras áreas do saber humano, diz: “porque partimos / cegos / não há luz sol estrelas.” O poeta ou cantor, mesmo cego, como Homero, vem lembrar a existência da luz, feito que esses outros, portadores de técnicas capazes de erigir engenhos tecnológicos, não foram capazes de perceber. “Os dias” ainda mostram a carnalidade da poesia: “a palavra / orgasmo / abre-se tônica / bem no / meio / da carnalidade”, e, mais adiante, a carne vai irmanada à transcendência: “voo cego / de águia / desmaio / salto no / abismo / sem ar”. Entre palavras discutindo as próprias palavras, palavras expressando o corpo e o amor, chega-se à ultima parte, “as noites”, em que a escrita revela, em “as sombras são”: “as sombras se esquecem / de si mesmas / e saem
novos talentos
Rebuliços Este mês abrimos um espaço na Folha Carioca para publicar textos de pré-adolescentes e adolescentes. Rebeca Tomasquim, nossa primeira colaboradora é uma menina de 12 anos, muito inteligente, articulada e com aquele ar encantador de menina-moça. Ela, com sua meninice, tem a graça das crianças e já ficando mocinha, conversa todos os assuntos com adultos. Nada pretensiosa ou arrogante, dá prazer em vê-la opinando sobre diversos assuntos e falando de seus sonhos. Rebeca tem um blog na internet onde posta seus textos, carregados das suas questões. Um amor! Ela diz: “Amo atuar. Não sabia que escrevia bem e de repente já tinha uma paixão e um blog onde posso postar os meus textos”. É um prazer ler o que pensa uma menina carioca, com ótima estrutura familiar e livre para pensar! Seu blog é www.rebulicos.blogspot.com
Quando vou me satisfazer? a espantar / as coisas, / à noite.” Espanta-se o poeta, espanta-se o leitor, a constatarem a poesia, esse fio tênue, capaz de atingir senão o cerne das coisas - hoje, duvida-se que as coisas tenham cerne -, ao menos a levar ao ato de reflexão máxima, à descoberta surpreendente do que é estar vivo: “a cada poema / que se faz / adia-se a morte / até a manhã / de um novo / poema.” Difícil falar mais sobre um autor de extensa e diversa obra – Boca maldita, 1982, Beco com saídas, 1991, Viagem em torno de, 2000, A medida do deserto e outros poemas revisitados, 2003, Exercício do olhar, 2006, e 50 POEMAS escolhidos pelo autor, 2008, – com elogios de inúmeros autores conceituados, como o do prestigiado acadêmico Antônio Carlos Secchin: “um dos pontos altos é o belo tom elegíaco que você empresta a tantos poemas (sobre o livro: Viagem em torno de). Retornando ao início dessa matéria, poderíamos perguntar: a poesia de Tanussi devorou o leitor, caso ele não a tenha decifrado? Certamente, não. Às vezes, como em toda escrita poética, a decifração torna-se difícil, e sabe-se que, para ela, não há apenas uma possibilidade de leitura, mas múltiplas. Então, não mais se teme a esfinge, admira-se e louva-se a sua beleza. Exercício do olhar Tanussi Cardoso Editora Fivestar, 145 páginas
Antes, tudo que eu queria era ser grande, agora quero ser maior. Adolescente era tudo, agora quem dera se fosse adulta. Quem dera se não fosse criança. Sua música já não me contagia. Sua recreação não me satisfaz, quero saber. Antes a recreação estava de bom tamanho. Por que ainda não fiquei satisfeita? Por que antes me satisfazia e agora já me cansei da novidade? Por que quero ser como os outros e não como eu sou? Vamos aumentando de tamanho e precisamos de mais satisfações para nos preencher. Queria que o passado me satisfizesse.
Realidade Hoje na minha aula de Português, a professora falou que a partir de agora as nossas redações seriam críticas, que mostrassem opinião, que não tinha mais espaço para criar, quer dizer, na escola não teria mais espaço para criar. Agora estamos mais velhos e na escola só cabe realidade. Agora não faremos mais fantasias, histórias que não existem, tudo seria opinião, críticas. Mas para criticarmos precisamos de histórias criadas. Afinal não podemos criticar a realidade. A realidade é uma para cada pessoa, por isso as histórias, mesmos que sejam verdadeiras não são reais. As visões são diferentes, e a realidade também é diferente. O que me aliviou naquele momento foi que apesar de estarmos sendo reais estaríamos criando a nossa realidade. Podemos criar não só na arte, mas no próprio momento de ser real, e pensar que sou o crítico mais importante que existe, fazendo um texto muito importante para um jornal importante. Não seria real o contexto, mas o texto seria totalmente real. E criando a opinião, vamos criando a nossa realidade que cria a nossa opinião real sobre o criado. E essa é a realidade que torna o meu mundo particular.
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