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DIOCESEEMFOCO
ENCERRADA SEGUNDA TURMA DA ESCOLA DIOCESANA DE TEOLOGIA PASTORAL O mês de novembro, já no seu fim, marcou também o encerramento do curso de Teologia Pastoral, voltado para agentes de pastoral atuantes nas comunidades paroquiais da Diocese de Guanhães. A Escola Diocesana de Teologia Pastoral teve seus trabalhos iniciados em fevereiro de 2012, com duração de 240 horas/aula, distribuídas em 30 módulos. Para conhecer o projeto, voltamos um pouco no tempo, a julho de 2009, quando foi criada a escola. Com os trabalhos iniciados em agosto do mesmo ano, a caminhada da primeira turma com 45 alunos durou pouco mais de três anos. Desse grupo surgiram equipes de apoio às várias Pastorais Diocesanas, entre elas a equipe de elaboração dos roteiros dos Grupos de Reflexão. Com início restrito à área citada (São Miguel – CITAR PARÓQUIAS), mas uma experiência sucedida de tal forma a despertar o interesse de muitos outros paroquianos. Depois da aprovação dos vários pedidos para ingresso ao curso, a iniciativa foi transformada em Escola Diocesana de Teologia Pastoral. O desejo de começar essa caminhada vem de muito longe; exatamente de Aparecida, a capital Mariana do Brasil. A partir da Conferência de Aparecida, veio a necessidade de uma resposta diocesana. O foco do projeto foi oferecer capacitação teológica voltada aos agentes de pastoral; a partir do conteúdo apresentado em cada encontro eles podem tornar-se cada vez mais discípulos missionários de Jesus Cristo.
Ao longo desses três anos de jornada teológica, os agentes de pastorais presentes na Escola Diocesana de Teologia Pastoral assistiram aulas em 14 módulos – com variação de um a oito –, de 8h a 64h. Foram ministradas disciplinas de Introdução à Teologia, Eclesiologia, Liturgia, Doutrina Social da Igreja, História da Igreja, Moral Fundamental, Bíblia, Cristologia, Sacramentos, Espiritualidade, Mariologia, Escatologia, Trindade e Prática Pastoral. Da paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, em Virginópolis, vem um depoimento simples e forte sobre a experiência da Escola Diocesana de Teologia Pastoral. Para Sebastiana Maria Pinheiro, foi o ‘tiro’ mais certo da Igreja Católica inspirada pelo Espírito Santo. Leigo residente na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Pito, em Gua-
conteceu no dia 30 de novembro, em Virginópolis, o 18º Rebanhão com a participação de aproximadamente 1000 pessoas de várias paróquias da nossa diocese. Foi conduzido pelo Ministério de Música “Missão de Viçosa”, e o prega-
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nhães, Pedro Pereira teve receio de não poder prosseguir com o curso dados os três anos de encontros. Ele já havia assumido alguns compromissos e temia impedir outra pessoa com mais disponibilidade em poder participar. Ciente da necessidade de aprofundar seus conhecimentos para servir melhor à sua comunidade, decidiu abrir mão de compromissos para frequentar o curso. “Hoje posso dizer que fiz a melhor escolha. Tivemos um curso muito participativo, com escolha de disciplinas e professores muito bem acertadas, proporcionando conhecimento, esclarecimento e muita alegria. Agradeço à Diocese de Guanhães pela iniciativa e parabenizo a todos os professores e alunos pela brilhante participação”, concluiu Pedro. A Escola Diocesana de Teologia
dor Wiliam de Paula, membro do Núcleo Nacional do Ministério Jovem. O Tema do Rebanhão “Conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” Ef 4,3 foi o mesmo trabalhado durante todo o ano pela RCC do Brasil. Foi um dia de muitas alegrias expressadas nas músicas, louvores, ora-
Pastoral trouxe duas mudanças para a vida de Mary Barbosa, da paróquia Nossa Senhora do Porto, em Senhora do Porto: ela passou a ler a Folha Diocesana e deixou de ver a Bíblia como um objeto de enfeite. “Primeiramente, eu agradeço a Deus por ter me inspirado para que eu procurasse ler a Folha Diocesana, pois antes não era meu costume; antes, posso confessar, olhava a Bíblia como enfeite, colocandoa em um suporte para enfeitar a minha casa; não sabia que guardava um tesouro; porém, hoje posso afirmar que este tesouro não é para ser guardado e sim para ser desfrutado”. Ela conclui dizendo: tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho. O encerramento da Escola Diocesana de Teologia Pastoral foi marcado por uma celebração eucarística em ação de graças, presidida pelo bispo diocesano, Dom Jeremias Antonio de Jesus, e concelebrada por alguns padres de nossa diocese. Parentes dos que concluíram o curso acompanharam a celebração e a entrega dos certificados, no salão da Catedral, onde também foi servido um jantar aos presentes. A próxima turma terá início em 2015 e os interessados podem procurar o padre de sua paróquia e se informarem melhor.
ções e adoração ao Santíssimo Sacramento. Encerrou-se com a Santa Missa presidida por Dom Jeremias e concelebrada por padre Hermes e padre José Geraldo, nosso Diretor Espiritual, estando presente também na Missa o diácono Bruno Ribeiro.
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FOLHA
IOCESANA Bodas de Ouro de INFORMATIVO DA DIOCESE DE GUANHÃES | MG | ANO XVIII | Nº 222 | Dezembro de 2014
“Tia Raquel”
cooperadora da família “Uma vocação não anula a outra. Você só tem que mudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”. | PÁGINAS 4 E 5 |
O novo site da Diocese de Guanhães já está na net www.diocesedeguanhaes.com.br Faça-nos uma visita! Divulguem!
“O Natal é a eterna criança divina nascendo dentro de nós, nos redimindo, nos reconciliando com aqueles e aquelas que estão ao nosso redor” | PÁGINA 3 |
“Aprendi muito mais que ensinei. Aqui encontrei uma Igreja Viva onde o povo é o protagonista da evangelização.” | PÁGINA 6 |
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Calendário Diocesano
Editorial
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DAREDAÇÃO
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ue alegria! Já iniciamos mais um novo ano litúrgico na vida da Igreja. Assim como as estações do ano dá ritmo a vida no planeta, também o ano litúrgico dá ritmo a nossa vida espiritual, caminhada rumo ao Pai. O advento é tempo de preparação para celebrarmos a primeira páscoa de Jesus: o Natal. Por isso mesmo nosso bispo nos apresenta orientações para aproveitarmos o máximo possível e colhermos os frutos desse momento que a igreja nos proporciona. É tempo de soltarmos as amarras que nos impedem de caminhar, acolher e dar o perdão de modo que iniciemos o ano civil na paz do menino Jesus, nosso salvador; os textos de padre Ismar e Regina nos ajudam a entender isso: Ano novo, vida nova. Mais uma vez temos a contribuição do Padre João Evangelista, com suas orientações litúrgicas sobre o canto, ministério tão rico para Igreja orante que reza e louva a Deus pelos seus feitos no decorrer dos anos. Acolhemos, com muita satisfação, ao padre Dilton que retorna de uma rica experiência na África. Seja bem vindo padre, partilhe conosco a riqueza que pôde colher junto aos nossos irmãos do outro lado do oceano. Cinquenta anos não são cinquenta dias, por isso nesta última edição do ano a Folha Diocesana lembra os cinquenta anos de vida consagrada de Maria Raquel, cooperadora da família. Motivo de alegria e estímulo ao contemplar no seu rosto a alegria de ter “gastado” sua vida em favor da Igreja Doméstica (a família), sobretudo os pequeninos. A folha diocesana deseja a todos um abençoado natal e feliz ano novo.
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DEZEMBRO 2 - Estudo da Campanha da Fraternidade 2015 (Pe. Ismar) 06-07 - ECC (Segunda etapa) em Guanhães 9 - PASCOM 10 - Aniversário de ordenação presbiteral do bispo e Confraternização de final de ano dos padres na Paróquia de Sabinópolis.
expediente
Conselho Editorial: Padre Adão Soares de Souza, padre Saint-Clair Ferreira Filho, Taisson dos Santos Bicalho Revisão: Mariza da Consolação Pimenta Dupim Jornalista Responsável: Luiz Eduardo Braga - SJPMG 3883 Endereço para correspondência: Rua Amável Nunes, 55 - Centro Guanhães-MG - CEP: 39740-000 Fone:(33) 3421-3331 folhadiocesana@gmail.com
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O jornal Folha Diocesana reserva-se o direito de condensar/editar as matérias enviadas como colaboração.Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo de total responsabilidade de seus autores.
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CIRCULAR Nº 05/2014 ASSUNTO: ORIENTAÇÕES LITÚRGICAS E PASTORAIS PARA O TEMPO DO ADVENTO Guanhães, 28 de novembro de 2014. Caros irmãos Presbíteros, Religiosas, Consagradas, Seminaristas, Animadores de comunidades, Agentes de Pastoral, Grupos e todo o povo de Deus presente na Diocese de Guanhães. Saudações fraternas!
Ordenação Diaconal
trecho bíblico “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 99/100), foi o lema de ordenação do neodiácono Bruno Costa Ribeiro. O povo da diocese de Guanhães/MG se alegra e acolhe esse jovem natural de São João Evangelista/MG que oferece sua vida ao serviço de Deus. A ele e aos demais consagrados (padres, religiosas e consagradas) de nossa diocese, nossa prece e súplica pela perseverança, amor e zelo. E que não faltem operários para a messe do Senhor aqui na diocese de Guanhães/MG e em toda parte.
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a m o c a u b contri A N A S E C O I D A H L O F Dados para depósito bancário: Editora Folha Diocesana de Guanhães Cooperativa: 4103-3 Conta Corrente: 10.643.001-7 SICOOB-CREDICENM
A FOLHA DIOCESANA PRECISA DE VOCÊ
COMEMORAÇÃO - DEZEMBRO DE 2014 Padres, religiosas, consagradas e seminaristas da diocese de Guanhães
14 - Presença Equipe da Causa do Cônego em Sabinópólis. 15 - Início das Novenas de Natal
SERVIÇO
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Maria Inês de Almeida Pe. Alípio José de Souza Maria Raquel Mendes Soares Pe. Itamar José Pereira Dom Jeremias Antonio de Jesus Pe. João Evangelista dos santos Pe. José de Brito Filho Pe. Amarildo Dias de Mendes Ir Ana Maria Mendes Pe Ismar Dias de Matos Dom Marcello Romano Frei Geraldo Monteiro Dom José Maria Pires Sem. André Luiz E. da Lomba
Nascimento Nascimento/ Ordenação Consagração Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Nascimento Nascimento Nascimento Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Nascimento
Mais um ano litúrgico chegou ao fim. Um novo ano litúrgico já começou! Nossos afazeres e preocupações contribuem para que não percebamos o tempo passar! Tudo parece ou está mais acelerado! A Liturgia nos convida a celebrar o tempo. Ela nos permite parar, sentir, refletir, meditar, rezar, viver e atualizar o Mistério! Através da Liturgia nós entramos no Tempo de Deus que por sua vez entra no ‘nosso tempo’ e na nossa história! Com a celebração do Advento iniciamos este novo tempo e este novo ano. É o tempo que abre para a Igreja a grande celebração da manifestação do Salvador em nossa humanidade. É um tempo de preparação para as festas epifânicas, a fim de que possamos receber o Senhor que vem e se manifesta a nós. É tempo de Alegria! Deus pisou a nossa terra e estabeleceu entre nós a sua morada! Um acontecimento assim tão marcante deve ser muito bem celebrado. Por isso, venho, através desta, recordar e complementar algumas orientações e sugestões litúrgicas e pastorais para este tempo tão especial: 1 - “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”. O espaço da celebração deve estar despojado e sóbrio. Um tronco com um broto ou um galho seco com uma flor lilás (pode ser uma orquídea) ajuda a simbolizar o sentido da espera. Lembrar que a cor litúrgica é a lilás ou a cor rosada, mais relacionada com a piedosa e a alegre esperança própria desse tempo. 2 - Lembrar que durante o Advento não se usam flores nem se canta o Glória, reservados para a Festa do Natal. 3 - Fazer a coroa do Advento, com ramos verdes, enfeitada com fitas coloridas e, a cada domingo, introduzir uma vela até completar quatro, no final do Advento. Poderá ser colocada junto ao altar ou próxima ao ambão. As velas vão sendo acesas, gradativamente, nas quatro semanas do Advento: no primeiro domingo, uma; no segundo, duas; no terceiro, três; e no quarto, todas. As velas podem ser todas da cor lilás, ou três lilases e uma rosa, ou uma verde (esperança), outra branca (paz), outra rosa (alegria) e outra vermelha (amor). A Liturgia Diária traz uma oração própria para cada domingo para o momento de acender a vela. Estão presentes na coroa três simbologias significativas: a luz como salvação, o verde como a vida que esperamos; a forma arredondada como símbolo da eternidade. Ela expressa muito bem a espera de Cristo como Luz e Vida para todos. 4 - No primeiro domingo do Advento, permite-se abençoar a coroa do Advento. Pode ser no início da celebração, logo depois da sauda-
ção, antes do Ato Penitencial, com a seguinte oração: “Senhor, nosso Deus, a terra se alegra nestes dias, e vossa Igreja exulta diante do vosso Filho que vem como Luz esplendorosa para iluminar os que jazem nas trevas da ignorância, da dor e do pecado. Cheio de esperança em sua vinda, o vosso povo preparou esta coroa com ramos verdes e a adornou com luzes. À medida que as velas desta coroa forem sendo acesas, iluminai-nos, Senhor, com esplendor daquele que, por ser Luz do mundo, iluminará toda a escuridão. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”
biente de silêncio e contemplação. Durante esse momento poderá ser entoado um mantra. É importante que quem estiver motivando esse mantra o faça adequadamente, isto é, comece bem baixo, vai aos poucos aumentando o volume da voz e depois abaixe novamente até ficar um sussurro. Após esse momento dá-se início a acolhida ou o comentário inicial.
5 - Nos ritos iniciais pode-se realizar o acendimento da coroa do Advento. A pessoa que trouxe a vela coloca-a na coroa, fazendo uma breve oração: “A luz de Cristo que esperamos neste Advento enxugue todas as lágrimas, acabe com todas as trevas, console quem está triste e encha nossos corações da alegria de preparar sua vinda!” ou “Bendito sejas, Deus bondoso, pela luz de Cristo, sol de nossas vidas, a quem esperamos com toda a ternura do coração” ou “Preparemos um caminho para o Senhor! Endireitemos nossas estradas! Para que todas as pessoas vejam a salvação de Deus” ou “Deus Pai de Bondade, vós enviastes vosso Filho ao mundo por meio de Maria, vossa serva. Vossas promessas se cumpriram naquela que é a imagem da Igreja e sua maternidade nos inspira no discipulado, na esperança e na alegria da proximidade do Natal. Por ela brilhou para nós a luz da salvação, Jesus, nosso irmão. Bendito sejais, Senhor! (Apropriada para o Quarto Domingo) A vela poderá ser acesa por uma mãe grávida. A comunidade pode cantar um refrão apropriado.
11 - No quarto domingo do Advento, será oportuno, durante a celebração, em momento apropriado, colocar a imagem ou figura de Maria e de José no presépio. Valorizar a participação das mães gestantes e de crianças nos vários momentos da celebração. Após o Evangelho pode-se fazer uma bênção da árvore de Natal, iniciando-se com este texto de Isaías: “Para ti virá o esplendor do Líbano, pinheiros, olmeiros e ciprestes virão enfeitar minha morada” (Is 60,13). Oração: “Bendito sejas, Senhor nosso Pai, que nos concedestes recordar com fé os mistérios do nascimento de vosso Filho no meio dos pobres! Concedei--nos a todos nós, reunidos ao redor desta árvore, que sejamos enriquecidos com os exemplos da vida de Jesus Cristo, que vive e reina para sempre. Amém!” No final da celebração, lembrando a gravidez de Isabel e Maria, dê-se uma bênção especial às gestantes que forem à celebração.
6 - Dar destaque especial a todo o Rito da Palavra, proclamando os textos bíblicos de maneira viva, com dignidade, com espiritualidade, de forma orante, sem pressa, diretamente do livro próprio para as leituras. Isso exige que os leitores se preparem bem antes, sobretudo pela oração e pela meditação da Palavra a ser proclamada. À preparação espiritual para a proclamação da Palavra, alia-se a preparação técnica: postura do corpo, tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da Palavra, as vestes... A Palavra é realçada também por momentos de silêncio, por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade, a exemplo de Maria. Cantar sempre o salmo, cujo refrão é acompanhado pela assembléia. Antes da primeira leitura poderá ser entoado um mantra ou refrão meditativo, substituindo qualquer comentário. Após a homilia, o mesmo mantra ou refrão poderá ser repetido. Ex: “Desça como a chuva”, “Ó luz do Senhor”, “Onde reina o amor”, “Shemá Israel”, “Escuta Israel”... Trazer o Evangeliário na procissão de entrada depositando-o sobre o Altar até a proclamação do Evangelho. Esse é um rito que deve ser cada vez mais comum aos domingos. Após a conclusão do Evangelho (Palavra da Salvação), a equipe de música pode retomar o Aleluia. 7 - A resposta às preces poderá ser cantada e expressar desejo e expectativa. 8 - No terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete, a cor litúrgica pode ser a rósea. Sendo este domingo, o domingo da alegria, usam-se flores com moderação. A vela deste domingo pode ser rosa. 9 - Antes de cada celebração criar um am-
10 - Lembrar da Coleta da Evangelização, dias 13 e 14 de dezembro, cujo percentual de 45% será destinado para o serviço pastoral da Diocese.
12 - Em cada celebração, após a homilia, pode-se cantar um refrão meditativo, ou mantra, para ajudar a interiorizar o sentido apontado pelas leituras. 13 - Lembrar que a bênção final é própria do Advento. 14 - O tempo do Advento é marcado de grande riqueza espiritual, alimentando a esperança dos cristãos. Para aproveitar bem toda a sua riqueza, convém que se cuide com maior carinho dos detalhes externos deste tempo (cantos, espaço litúrgico, os diferentes enfoques das leituras e das orações, principalmente dos Prefácios). 15 - O tempo do Advento é próprio para um “balanço” da caminhada cristã, pessoal e comunitária, em direção ao Reino definitivo. Por isso, trata-se de um tempo muito adequado para a celebração do Sacramento da Penitência, acompanhada da confissão sacramental. 16 - Nos últimos anos, muitas comunidades eclesiais, influenciada pela onda consumista das festas natalinas e de final de ano, estão assumindo o costume de enfeitar suas igrejas bem antes de o Natal chegar. Em pleno tempo do Advento, que é “um tempo de piedosa e alegre expectativa”, ornamentam suas igrejas com flores, pisca-pisca, árvore de Natal e outros motivos natalinos, como se já fosse o Natal. Não fica bem! Não se influencie pelos símbolos consumistas da nossa sociedade. Evite-se enfeitar a igreja com motivos natalinos durante o Advento. Deixe o Advento ser Advento e o Natal ser Natal. Enfeites natalinos dentro da igreja só quando o Natal chegar. Então, sim! Com certeza, a festa será melhor! Sobretudo se houver na comunidade uma preparação espiritual adequada. 17 - Os instrumentos musicais sejam usados com moderação, conveniente ao caráter próprio do tempo do Advento, de modo a não
antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. 18 - O presépio poderá ser montado aos poucos, a cada semana, até o quarto domingo, ou então, a partir do dia 16 de dezembro (início da Novena de Natal). Que a cada domingo a comunidade visualize sinais da aproximação da chegada do Senhor, também por meio da arrumação do presépio. Que seja o quanto possível, expressão de nossa fé cristã e de nossa cultura. É muito significativo construir o presépio em mutirão. Se houver árvore de Natal, colocar nela frutos de nossa terra e outros símbolos que expressem nossos sonhos e esperanças. O presépio deve ser simples, bonito e de bom gosto, como foi simples e pobre a manjedoura onde Jesus nasceu. 19 - Convém lembrar a importância da novena de preparação para a celebração do Natal. Incentive-se para que, nestes dias grupos e famílias se reúnam para juntos ouvirem a Palavra de Deus, rezarem e, assim, à luz desta Palavra, da oração e da fé, estreitar os laços de amizade e solidariedade entre todos. Valorizar tempos de oração comunitária. 20 - Sendo Advento, por excelência, também um tempo mariano, pode-se destacá-lo com alguma imagem ou ícone de Nossa Senhora dentro do espaço celebrativo, principalmente a partir do dia 17 de dezembro. Nunca, porém, colocar a imagem sobre o altar. O melhor seria perto da coroa do Advento. Ao final de cada celebração cantar um hino mariano. Celebrar bem as duas festas marianas que ocorrem no Advento: dia 08 de dezembro (Imaculada Conceição de Nossa Senhora), com flores, alfaias brancas, Glória, incensação da imagem de Nossa Senhora nos ritos iniciais e talvez uma breve homenagem à Mãe do Senhor ao final da celebração e dia 12 de dezembro (Nossa Senhora de Guadalupe). No Quarto Domingo seria bom valorizar a imagem de Maria, com uma vela acesa ou arranjo discreto (poucas flores), para não ferir a reserva simbólica própria do tempo. Outra sugestão é colocar a imagem de Maria em lugar apropriado com uma lamparina a sua frente (sinal de vigília e espera) ou a lamparina entre as imagens de José e Maria, e, antes da bênção final, levá-las ao presépio. 21 - Escolher músicas que expressem o desejo do coração de ver sinais de vida, de justiça e de paz cada vez mais fortes e verdadeiros em nosso tempo, ainda tão marcado pela injustiça, violência e morte. O Hinário Litúrgico I – CNBB, acompanhado de CD, e o Ofício Divino das Comunidades apresentam um repertório excelente de cantos para as celebrações deste tempo. 22 - Promover a unidade e trabalhar pela Paz. A CNBB definiu o ano de 2.015 como o “Ano da Paz” para o Brasil. Ano que se inicia no Primeiro Domingo do Advento 2.014 esse encerra no Natal de 2.015. Desejo que todos tenham um Santo e Feliz Advento e assim, possam se preparar com alegria e esperança para celebrar o Natal do Senhor Jesus. Que Maria, a Senhora do Advento, interceda por todos nós. Em Cristo Jesus, Dom Jeremias Antônio de Jesus Bispo Diocesano
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ARTIGOS&NOTÍCIAS
Experiência Missionária na África e Retorno à Diocese
Nesses 9 meses vivendo aqui na África, mais precisamente na Província do Niassa em Moçambique, falar de experiência missionária é limitar o que se descobre e se experiencia todos os dias. Em outros artigos para publicação na Folha Diocesana já relatei várias vezes que o meu coração inquietava-se levando-me cada vez mais a criar coragem para desinstalar-me e viver, de fato, uma “IGREJA EM SAÍDA”. Alimentando esse desejo missionário fui me preparando com cursos de missiologia e animação pastoral promovido pelo CCM (Centro Cultural Missionário) em Brasília e outros cursos nas Pontifícias Obras Missionárias. A minha participação efetiva e afetiva junto ao COMIRE Leste 2, do qual fui Secretário Executivo por 3 anos e posteriormente Tesoureiro por 2 anos, contribuíram muito para que eu concretizasse o “IDE” (imperativo que Jesus usa no Evangelho de Mateus 28, 18-20) e também uma outra passagem que diz: “Sai da tua terra e vai onde te mostrarei”. Assim, não tive mais como ficar parado. Saí rumo à Africa no dia 18 de Março deste ano com o desejo de ficar aqui pelo menos 3 anos, mas nem tudo sai como a gente quer. Os Planos de Deus diferem dos nossos planos. Tendo necessidade de revisar a saúde, uma vez que aqui onde eu me encontro a precariedade dos serviços de saúde amedrontam qualquer pessoa e sentindo a necessidade de um controle maior da Pressão Arterial, resolvi antecipar a volta. Nada muito sério, mas que se não cuidar pode se agravar com o tempo. Assim, conversando com o Dom Armando, bispo responsável pelo projeto Além Fronteira, da diocese de Bacabal, no Maranhão e com o Dom Jeremias, nosso bispo de Guanhães, acertamos o meu retorno para o dia 20 de dezembro próximo, chegando ao Brasil no dia 21/12. Aprendi muito mais que ensinei. Aqui encontrei uma Igreja Viva onde o povo é o protagonista da evangelização. Temos aqui uma Igreja realmente ministerial onde os lei-
gos assumem de verdade o seu papel de evangelizadores. Fazem celebração da palavra, assumem de verdade a catequese, acompanham as famílias cujos casais estão em dificuldade no relacionamento, animam a liturgia e cânticos quando da celebração da missa. Celebram o batismo, cuidam das economias da comunidade, enfim, fazem a Igreja caminhar. Muitos são os desafios! Pobreza extrema! É um povo desconfiado, fruto da guerra que prejudicou muito essa região até 1992, quando foi assinado o Acordo de Paz em Roma. Muitas pessoas tiveram que migrar para outras regiões e até para outros países, como o Malawi (faz fronteira com a região onde estamos). Povo que ainda é tomado pelo medo, sobretudo dos “MUCUNHAS” (homens brancos), pois no período da guerra muitos desses conseguiam aproximar-se de alguns nativos e assim praticavam sequestros de pessoas e formavam uma organização criminosa que levava inclusive crianças para serem vendidas e assim traficados seus órgãos. Um fato que me deixou perplexo foi quando de uma visita minha a uma comunidade, estando eu, uma Irmã e um leigo da comunidade, ao pararmos o carro num determinado lugar para verificarmos se haveria possibilidade do carro passar, vimos um jovem (23 anos mais ou menos) que vinha em sentido contrário em uma bicicleta. Há uns 100 metros mais ou menos, quando ele percebeu que se tratava de “MUCUNHAS”, abandonou ali mesmo a sua bicicleta e numa carreira adentrou o cerrado como se fugisse de um bicho muito feroz. Ao perguntarmos ao leigo o porquê daquela reação do jovem, veio então a explicação que já expus acima. O sistema educacional é outro ponto vergonhoso aqui nesse país. Não há compromisso dos professores com a missão assumida. Alunos são obrigados a carregar areia, pedra, água, capim para reforma e/ou construção de escolas. Tivemos casos aqui
de crianças buscando areia pra escola quando desceu um monte de areia sobre as mesmas matando 2 dessas crianças e deixando outras 3 gravemente feridas. Os pais não reclamam, pois têm medo. Fizemos as denúncias mas não é tomada nenhuma providência até porque os pais não se manifestam quanto à perda dos próprios filhos. Temos ainda outro costume e que faz parte da cultura deles, que é o Rito de Iniciação. São pelo menos 3 Ritos: o Muçulmano, o Tradicional e o Cristão. Problema maior que detectei é o de saúde pública nesses ritos (não é conveniente publicar isso aqui). O Rito de Iniciação Cristã, foi colocado como alternativa para evitar tantos problemas de saúde gerado por causa desses ritos. Apesar de todos esses desafios, e outros que preferi omitir, estou me realizando cada vez mais como pessoa, como padre e cada vez mais convicto de que fiz a opção certa de sair da comodidade da minha diocese, da minha paróquia, da minha família para estar com esse povo, ainda que, por pouco tempo, mas o suficiente para eu continuar lutando e animando a outros padres e leigos a se encorajarem e saírem também, porque se pensarmos que a nossa Diocese, a nossa paróquia são também terras de missão, o egoísmo não nos deixará perceber que além dos nossos muros há terras de missão gritando muito mais que “as nossas terras de missão” por pessoas corajosas que queiram anunciar Jesus Cristo onde há muitos que não O conhecem ou sequer ouviram falar d`Ele. “Ai de mim, seu eu não evangelizar”. No ensejo, desejo à Equipe da Folha Diocesana e a todos os leitores um FELIZ E SANTO NATAL! Pe. Dilton Maria Pinto Padre do Clero de Guanhães em Missão na África.
As Formas Musicais e o Rito
Algumas das intervenções da música na celebração têm como função o acompanhamento de um rito. O objetivo destas intervenções é importante, porém, acessório. É o que ocorre, por exemplo, com o canto de abertura da celebração, que acompanha a entrada do presidente, ou o cântico litânico (Cordeiro de Deus), que acompanha a fração do pão, ou a aclamação ao evangelho, o canto das oferendas e de comunhão. Em outras situações o próprio canto é um rito, o que o torna insubstituível, indispensável. Aqui é o caso do “santo” ou do “glória”, nos quais culminam os ritos introdutórios da celebração eucarística (introdução da celebração e introdução do rito eucarístico). Só em situações extraordinárias se proclamam estes cantos-ritos, ou seja, o santo, o glória, o salmo responsorial e, até mesmo a aclamação ao evangelho. Pode se aplicar isso também ao ato penitencial e ao “Cordeiro de Deus”. Porém, tanto a música quanto a palavra precisam de silêncio. É o valor musical deste (o silêncio) que a liturgia valoriza, ou que o rito necessita. Portanto, não se pode cantar em todos os espaços vazios. Condicionada pelas intervenções do ministro e pela assembleia, pela função ritual e pela forma literária, a música ganha forma. Na liturgia existem as formas diretas, sem repetição, alternância e nem resposta, e a dialogal, quando há anúncio e resposta. Este é o mais elementar, e acontece no diálogo entre o ministro e a assembleia, de maneira recitativa, ou, em casos especiais e solenes, como o Amém da doxologia final da anáfora (Por Cristo, com Cristo e em Cristo...), aceitam uma forma mais elaborada. As leituras também podem ser cantadas, desde que não seja anulado o seu caráter de leitura. E como leitura, temos os salmos que, desde os primeiros séculos, os cristãos têm por ele um afeto todo especial herdado dos cultos judaicos. Estes podem ser recitados por um solista, por um solista com responsório da assembleia em dois coros, ou proclamada por vários solistas com verso e resposta. As antífonas são destinadas ao canto. São quase sempre sínteses de textos sálmicos ou de texto bíblico. Já as aclamações são um dos elementos mais dinâmicos de qualquer celebração, pois são manifestações de entusiasmo e festividade intensa. Expressa o sentimento do coração, movido pela fé. É o caso do hosanna, ou do Aleluya, ou o Amém, sobretudo da prece eucarística, que são praticamente intraduzíveis. Também se têm como importantes as aclamações depois da instituição, as da prece eucarística, as de depois do Pai Nosso, entre outras, que seriam necessárias formas musicais para ressaltá-las, facilitar a participação da assembleia e enriquecê-las, solenizálas. Os hinos e cânticos são mais apresentados com os salmos. Podem ser em forma de prosa ritmada, como o glória e o Te Deum, ou em estrofes com versos ritmados metricamente iguais, ou em rimas como as prosas e as sequências.
ARTIGOS Fé & Política
DEZEMBRO2014
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Pe. Ismar Dias de Matos * p.ismar@pucminas.br
NATAL E RECONCILIAÇÃO u gostaria de fazer uma viagem neste Natal. Viajar para um lugar que tenho evitado muito. Quero viajar para dentro de mim mesmo. E para isso preciso deixar um pouco os relacionamentos virtuais, que me tomam muito tempo. Preciso encontrar-me comigo mesmo, abrir espaço no meu coração para que nele o Menino Deus possa encontrar sua manjedoura. E que os Anjos, os Pastores e os Reis venham visitá-Lo e me abençoem também. Preciso me dar de presente um tempo para mim mesmo, tão precioso quanto o ouro, o incenso e a mirra. Tenho tempo para tanta coisa quase inútil!
E O que os pais devem saber
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Preciso compreender que o Natal é a eterna criança divina nascendo dentro de nós, nos redimindo, nos reconciliando com aqueles e aquelas que estão ao nosso redor - sobretudo os pequeninos e humildes -, enchendo-nos de luz e esperança. Misteriosamente, Deus se faz Menino, dizendo-nos que tudo pode recomeçar; que podemos nos reconciliar com aquilo que julgávamos perdido. Conscientemente sei que Natal não é encher alguém de presentes que, muitas vezes, encobrem nossa culpa de pessoas ausentes; não é acender luzinhas na janela e pela casa inteira, sem acendê-las primeiro no coração; não é empanturrar-me na ceia calórica, mas alimentar-me
de presenças amigas e reconciliarme com aqueles com os quais estava rompido. Preciso viver isso além da consciência e da razão. Natal é a magia de um tempo que escorre nos calendários e, depois, retorna e nos alivia dos pesados fardos diários. É um tempo sagrado com que o Cristianismo nos presenteou e o comércio teima em nos roubar, ano após ano. * professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas
...compreender que o Natal é a eterna criança divina nascendo dentro de nós...
Regina Coele Barroso Queiroz Santos butibarroso@yahoo.com.br
A ARTE DE SER LEVE sse é o título do livro da jornalista Leila Ferreira, que vale a pena ser lido, principalmente nestes tempos em que a vida está se tornando pesada. Seguem algumas reflexões feitas pela autora em seu livro:
E
Achar que gentileza é algo supérfluo é miopia. Gentileza é qualidade de vida. Por um motivo simples: a vida é feita de relacionamentos. Vive melhor quem tem competência para se relacionar e faz parte dessa competência tratar o outro com civilidade e respeito. Ninguém gosta de conviver com pessoas desagradáveis. Ser maleducado e autocentrado é suicídio social. Nossa sociedade estimula a falta de civilidade. E dois fatores, principalmente, levam a ela: o estresse e o anonimato. Estamos vivendo em ambientes estressantes no trabalho, no trânsito, nos aeroportos, na vida pessoal. E, quando estamos estressados, ficamos irritadiços, menos tolerantes com os erros alheios e mais
propensos a explodir. O estresse acabou virando uma espécie de desculpas universal para comportamentos injustificáveis. Isso significa o quê? Que estamos perdendo o controle de nossas vidas? Crie harmonia e beleza em seu entorno. Para “dar uma melhoradinha no mundo”, basta que cada um cultive a gentileza em seu palmo de terra. Às vezes, uma ou duas palavras de cortesia são suficientes para deixar o nosso entorno mais agradável. Gentileza é o mínimo que devemos uns aos outros. O otimismo não é supérfluo, é uma necessidade vital. O bom humor se aprende. Todas as pessoas passam por acontecimentos positivos e negativos. A diferença está na forma com veem esses acontecimentos. O indivíduo pode escolher sua maneira de pensar, está apto a adquirir novos hábitos mentais. Otimismo e senso de humor são coisas que a gente aprende e treina, da mesma forma que um esporte. Rir, ter senso de humor, ver
Gentileza é o mínimo que devemos uns aos outros a vida de forma mais leve, faz bem à saúde, garantem as pesquisas. “O pessimista e o mal-humorado praticamente envenenam seus cérebros, argumenta a neurocientista Sílvia Cardoso, da Unicamp, “Quando a pessoa ri, quando é tolerante, quando pensa de forma positiva, ativa no cérebro as substâncias do bem, como a dopamina e as endorfinas. Isso é bom para a saúde e a longevidade”. “A esperança nos dá asas. O desespero nos dá pés de chumbo” Nossa capacidade de pensar coisas boas é que vai estruturar o cérebro de tal forma que vamos sentir coisas boas.” Temos que aprender a educar nossos pensamentos. Descomplicação e desaceleração
um dos possíveis ingredientes para uma vida mais leve. Necessitamos de intervalos para a quietude. “Quando diminuímos o peso da existência para aquelas pessoas que nos cercam é sinal de que vivemos bem.” Diminuir o peso talvez seja essa a maior competência em termos de convivência.
Bom fim de ano e um ano novo repleto de leveza a todos!
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DEZEMBRO2014
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Bodas de Ouro de “Tia Raquel”, cooperadora da família MARIA RAQUEL: INFÂNCIA DEDICADA À FAMÍLIA A vida da portuguesa Maria Raquel Mendes Duarte é como uma peça de teatro encenada em vários atos. Da infância pobre na aldeia de Ribeira da Pipa, lugarejo sem água, luz e estradas, pertencente à freguesia de Casével, cidade de Santarém, região centro-oeste de Portugal, aos 50 anos de vida consagrada, celebrados no último dia 15 de novembro, tia Raquel viu seu pai, Joaquim Duarte, falecer aos 51 anos de idade, vítima de esclerose múltipla, e viveu durante sete anos em Roma, antes de vir para o Brasil. Foram duas entrevistas para uma pessoa especial, em uma data especial. Tia Raquel recebeu a Pascom/Folha Diocesana na sede do Instituto Secular das Cooperadoras da Família, em Guanhães, e a acolhida foi ao melhor estilo de sua simplicidade, humildade e generosidade. A voz suave e o sotaque carregado, devido à sua origem lusitana, são acompanhados por sorrisos e um semblante meigo. É uma mulher de espírito nobre. Segunda das três Cooperadoras da Família portuguesas moradoras de Guanhães, Maria Raquel foi camponesa no lugarejo onde residia com seus pais, Joaquim
início. Sua mãe dizia que as meninas deveriam saber fazer cada item do enxoval e Maria Raquel, quando tinha algum recurso, comprava pano e se dedicava a tecer e costurar, tudo sob a luz do candeeiro. Curiosamente, a jovem tão dedicada ao trabalho no campo e aos preparativos de seu enxoval não queria namorar. “Não dava conta de aceitar namoro. Automaticamente Primeiras que vieram para ao Brasil: da esquerda para uma coisa me afastadireita: Celeste, Rosa, Maria Otília, Aurora, Benildes va. Não gostava de ir aos ajuntamentos de jovens, onde haveria oportunidades para nava até o falecimento quando não mexia nemoros. Eu queria casar, mas não queria nanhum músculo ou articulação do corpo. Os joelhos já praticamente encostavam-se à morar. Mas eu sei que isso era fruto da oração. Deus estava conduzindo. Eu rezava e altura do peito, segundo relato. Os integrantes da família Mendes Duar- minha mãe não percebia isso, meu pai não te trabalhavam no campo. Seu pai, um ho- podia nem pensar que eu fosse seguir um mem muito austero, e irmãos mais velhos caminho desse porque era muito estranho cuidavam de porcos e ovelhas e pouco pu- na mentalidade daquele povo, naquela époderam estudar. Apenas o mais velho dos fi- ca. Diziam que se a moça errasse teria que
Cooperadora Raquel e Zequinha junto com as turmas de 4 a 6 anos.
do pai, aos 19 anos o poupou de ver a filha seguir a Deus; o irmão mais velho sofreu muito dada a visão da época sobre o ingresso de moças em convento por motivo de erro grave. Após o comunicado da decisão, ele parou de conversar com a irmã. Ele era motorista de um pequeno caminhão de entrega de gás e sempre parava na rua para falar com ela. Tal gesto não se repetiu
questionada se isso se deve ao fato de ela ter a sensação de dever cumprido, de estar no caminho certo, a resposta foi um seguro sim. “Naqueles 15 dias eu pareço ter adquirido uma couraça, a ponto de levar minha mãe da casa do meu irmão até a estação de trem, deixá-la sozinha e sair [para a casa de Santa Zita, onde moraria]”. A carta, escrita e enviada para o instituto, para co-
tia Raquel foi para seu quarto e chorou. O desembarque em solo brasileiro foi em 1979. Ao lado de Maria Otília Nave Tourais, Maria Raquel, observando a necessidade das famílias de baixa renda, empreenderam o embrião de uma creche, em fevereiro de 1981. No início, crianças pobres de vários bairros de Guanhães eram atendidas pelas duas cooperadoras portuguesas e suas companheiras brasileiras. Os pequenos passavam o dia em um salão na casa das consagradas, onde também é a sede do instituto. “Fizemos as coisas sem saber nada. Começou a partir do grito da Igreja, dentro dos grupos apostólicos. Nós tínhamos um salão que nos serviu para festas, para nós sobrevivermos, porque sobrevivemos do nosso trabalho. Não temos remuneração. Quem é profissional recebe como qualquer outra pessoa, mas nosso trabalho aqui em casa não é remunerado. Depois as coisas foram evoluindo e por todos os lados foram abrindo salões e não precisavam mais do nosso. Então nós pensávamos que poderíamos acolher as crianças aqui, viriam aqui, tomariam uma sopa, seria pelo menos uma refeição por dia”. Foi feito um levantamento da situação das famílias e nós trabalhamos com as me-
Mutirão: carregando material para construir casas
com muitos erros. Eram pisos impróprios, janelas com vidros grandes, sempre quebrados, lavatórios com altura inadequada para crianças, entre outros. As adaptações necessárias foram sendo feitas com o passar dos anos, custeadas por recursos oriundos de eventos organizados por cidadãos guanhanenses. Hoje, a cooperadora da família e pedagoga, Arminda de Jesus Batis-
veria ser, não fui aquilo que eu poderia ser, mas foi o que eu fui capaz de fazer, então sou feliz com isso. Eu acho que os conflitos que hoje existem é porque as pessoas não se encontram com Deus, não esperam de Deus essa felicidade que Ele dá, em qualquer lugar, em qualquer situação, com ou sem saúde, com ou sem inteligência, mas se tiver condição de saber que
“Uma vocação não anula a outra. Você só tem que mudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”. Duarte e Maria Rosa Mendes, e irmãos, dois rapazes mais velhos e uma irmã caçula. “Minha infância foi feliz e simples porque ali tudo era assim. Não havia pessoas em melhor situação do que nós, portanto era tudo muito difícil. Nasci em 1936, no período de guerra (Segunda Guerra Mundial) e, quando eu tinha sete anos, já com dois irmãos mais velhos, nasceu a caçulinha e meu pai adoeceu; na altura ninguém chamava de esclerose múltipla, mas seria isso”. Foram 12 anos de uma doença evoluti-
Servindo refeição aos pequeninos
lhos chegou à quarta classe. Maria Raquel teve uma educação tardia, consequência dos cuidados para com sua irmã caçula a fim de sua mãe poder trabalhar. Aos nove de vida ela foi para a escola onde ficou por dois anos, quando a necessidade de ajudar a família no campo a impossibilitou de continuar os estudos. Depois de perder o pai, aos 19 anos de idade, Santarém foi o destino de tia Raquel. Lá, ela trabalhou na casa de uma tia, porem as poucas condições financeiras a impediam de pagar o suficiente à sobrinha. Entre os 23 e 28 anos, a jovem trabalhou na casa de um juiz de direito, quando aconteceu a mudança em sua vida. Maria Raquel conheceu a Obra de Santa Zita, fundada pelo padre Joaquim Alves Brás, também fundador do Instituto Secular das Cooperadoras da Família. A obra e o instituto nasceram da percepção de padre Joaquim na necessidade de auxílio às empregadas domésticas. Muitas iam para as cidades sem conhecimento algum e precisavam aprender lições escolares e de trabalho. Até esse momento de sua vida, a jovem portuguesa sempre estava se preparando para casar. “A essa altura que eu saí da minha casa para Santarém, eu já tinha meu enxoval pronto. Como éramos pobres não podíamos comprar de repente, fui fazendo tudo direitinho para, quando chegasse a hora, não ter uma despesa grande”. Tão logo começou a trabalhar, os cuidados com as peças de sua futura casa, ao lado de um marido, tiveram
ir para o convento”. Foram alguns pedidos de namoro. Palavras da futura consagrada: fugia enquanto podia. O envolvimento maior foi com apenas um jovem – muito teimoso –, morador da capital, Lisboa, onde cumpria o serviço militar. Ele escreveu várias cartas, nenhuma respondida por Maria Raquel e ela fazia questão de pedir ao rapaz para não escrever; ela não iria responder. A insistência o fez conseguir um prazo de um ano para haver uma decisão da moça. Vencido o período, após chegar a trabalharem juntos e ela impor a condição de ele não comentar com ninguém seu interesse em namorar a jovem, veio o não definitivo. Era decisão tomada, contudo ela se valeu da desobediência do pretendente à condição por ela imposta e encerrou qualquer possibilidade de relacionamento. O INGRESSO NA OBRA DE SANTA ZITA Já existia a associação que cuidava das jovens empregadas domésticas em Santarém, para onde Maria Raquel se mudou a fim de trabalhar na casa da tia. Depois de participar de retiros na cidade de Lisboa, ela começou a citar sua vocação, fato desconhecido pelas pessoas próximas até então. “Eu não quero nada, mas o que o Senhor quiser eu quero, não me importa se casada ou solteira. Que seja o que o Senhor quiser”. Tia Raquel entregava sua vida nas mãos de Deus e confiava na providência Dele para seu futuro. Tudo se desenrolava e o dia de entrada no instituto se aproximava. O falecimento
mais. Com o casamento, a caçula passou a morar perto da mãe, viúva. “Tem uma coisa sempre gravada em mim. Meu irmão mora perto de Lisboa e minha mãe estava lá porque um neto havia acabado de nascer. Nesses 15 dias [primeira quinzena de novembro] eu fui em casa, arrumei minhas coisas; minha família ficou assustada com minha decisão. Minha mãe iria de Lisboa para Santarém e eu para o instituto. Às 7 horas da noite, em novembro, o que já é de noite e é frio, fui levar a minha mãe à estação de trem, para ela descer de noite, sozinha, e eu pegar minha malinha e ir para Lisboa, com pouca experiência daquela cidade, bater na casa de Santa Zita. Eu tenho essa imagem, de deixar a minha mãe lá, sentadinha, uma viúva, toda vestida de preto, e ir para o meu destino”. Tia Raquel narrou essa passagem sem derramar uma lágrima sequer. Quando
Crianças catequizadas pela cooperadora Raquel em 1983
municar a decisão de entrar para a obra, nunca chegou ao destino, entretanto, em 15 de novembro de 1964, Maria Raquel Mendes Duarte, ingressou na ordem onde, cinco anos depois, fez seus primeiros votos e residiu em Viseu, cidade ao norte de Portugal. Os sete anos seguintes foram vividos em Roma, praticamente dentro do Vaticano, a serviço do austero cardeal belga Maximiliano Furstenberg, como coordenadora de sua casa. Na Itália, a jovem consagrada viveu até o princípio de agosto de 1978, data da morte do papa Paulo VI. A VINDA PARA O BRASIL Em uma viagem de trem, Maria Raquel soube da morte do pontífice. Posteriormente, diagnosticada com um nódulo na mama, houve a necessidade de uma cirurgia e apareceu um pensamento: agora não vou para o Brasil. O convite para vir já havia sido feito. Acontece então uma assembleia geral (fato repetido a cada seis anos) do instituto, em Portugal, da qual ela participou e o desejo era não viajar para nosso país. Terminado o encontro, decisão confirmada, enquanto todos retornaram às suas casas,
Mutirão: carregando material para construir casas
ninas que estavam aqui, muitas até já saíram. As responsáveis pelo empreendimento social fizeram contato com um consórcio de entidades de Governador Valadares e expuseram a situação das crianças atendidas. Muitas precisavam atravessar a cidade para chegar, o que era perigoso. A primeira ajuda deles foram mesas e cadeiras, até hoje existentes na sede da Creche Lar dos Pequeninos. Outro apoio nessa fase foi do senhor Figueiró, então gerente da Itambé, em Guanhães. Até material de construção pago em lojas era uma forma de auxílio à obra social das Cooperadoras da Família. Antes construção do prédio definitivo, em área pertencente à Associação de Caridade Nossa Senhora do Carmo, mantenedora do Hospital Regional Imaculada Conceição, Maria Raquel passou por mais um desafio. A compatriota e companheira de instituto, Maria Otília, embarcou para Portugal, onde esteve por 10 anos, e algumas moças, ajudantes nos cuidados com as crianças, deixaram a instituição. Alem disso, a prefeitura cedeu um terreno nos arredores do cemitério Nossa Senhora da Soledade, no alto do bairro Alvorada, para a obra das instalações da creche. Um local impróprio para receber os filhos das famílias pobres da cidade. Juntamente com uma senhora de nome Uilma, Maria Raquel procurou o então provedor da Associação de Caridade, o senhor César Caldeira, para um acordo sobre o terreno da entidade, ideal para o empreendimento. Dele veio o sim para o acerto, se assim fosse desejo da prefeitura. Houve alguns problemas políticos e burocráticos para o começo das obras e mesmo durante essas, como erros estruturais, mas ficou pronto. As fundadoras e colaboradores enfrentaram vários desafios nessa época, começo da década de 1980, porque o prédio foi erguido
ta, está à frente da Creche Lar dos Pequeninos. A instituição acaba de passar por uma reforma. Foi construída uma rampa onde havia uma escada, um dos pátios foi coberto e todos receberam piso novo, adequado às crianças. Para ver as fotos das instalações basta acessar a fanpage no Facebook. O endereço é facebook.com/larpequeninos. MENSAGENS AOS VOCACIONADOS, AOS LEIGOS E À GUANHÃES “Tem que ser um dom de Deus; tem que ser um chamado; vocação é um chamado. E depois, muita disponibilidade de quem se questiona porque às vezes são chamados e muitos são os chamados, poucos são os escolhidos. Às vezes a pessoa é chamada e não se questiona, não quer ouvir, não se dispõe. Então tem que haver o dom de Deus que chama e eu acho que Ele chama muita gente que não responde, senão não estávamos com tanta pobreza de vocações. Há muita gente que o Senhor chama e não respondem. Tem que haver essa escuta de Deus pela oração e foi a única coisa que eu sempre senti em minha vida e nunca me deixou pensar que eu fiz uma escolha errada na minha vida. Não foi bom, não foi o que de-
Deus nos conduz, ninguém deixa de ser feliz. Se a pessoa não se ocupar em viver o seu batismo e a sua resposta a Deus – o leigo é chamado e consagrado a Deus pelo batismo –, se ele não viver essa dimensão do seguimento de Jesus e ser membro da igreja e do corpo místico de Cristo, não vai ser feliz. A gente vê tanta feliz porque faz tudo que pode. Eu admiro como podem fazer tanto. Há muita gente que pode fazer mais e a igreja precisa de gente que pode fazer mais, de gente disponível e eu acho que Deus vai nos conceder a graça de aumentar o número de leigos engajados”. À cidade que a acolheu há 35 anos, praticamente metade de sua vida, Maria Raquel chama de menina dos olhos e também deixa sua mensagem. “Um agradecimento muito grande, à Igreja que me acolheu, que teve seu lugar para mim. Muita gratidão à Igreja, muita gratidão aos padres que passaram, aos leigos da comunidade, tanta gente. Eu fico admirada com o exagero porque eu não fiz nada de especial. Se eu não fizesse nada seria um crime, seria uma coisa errada, mas não fiz nada de mais. Então, muita gratidão a toda comunidade e que Deus nos conceda a graça de sermos cada vez mais comunidade, igreja de Jesus Cristo”.
Formandos do pré primário com professora paraninfo e a cooperadora Raquel
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Bodas de Ouro de “Tia Raquel”, cooperadora da família MARIA RAQUEL: INFÂNCIA DEDICADA À FAMÍLIA A vida da portuguesa Maria Raquel Mendes Duarte é como uma peça de teatro encenada em vários atos. Da infância pobre na aldeia de Ribeira da Pipa, lugarejo sem água, luz e estradas, pertencente à freguesia de Casével, cidade de Santarém, região centro-oeste de Portugal, aos 50 anos de vida consagrada, celebrados no último dia 15 de novembro, tia Raquel viu seu pai, Joaquim Duarte, falecer aos 51 anos de idade, vítima de esclerose múltipla, e viveu durante sete anos em Roma, antes de vir para o Brasil. Foram duas entrevistas para uma pessoa especial, em uma data especial. Tia Raquel recebeu a Pascom/Folha Diocesana na sede do Instituto Secular das Cooperadoras da Família, em Guanhães, e a acolhida foi ao melhor estilo de sua simplicidade, humildade e generosidade. A voz suave e o sotaque carregado, devido à sua origem lusitana, são acompanhados por sorrisos e um semblante meigo. É uma mulher de espírito nobre. Segunda das três Cooperadoras da Família portuguesas moradoras de Guanhães, Maria Raquel foi camponesa no lugarejo onde residia com seus pais, Joaquim
início. Sua mãe dizia que as meninas deveriam saber fazer cada item do enxoval e Maria Raquel, quando tinha algum recurso, comprava pano e se dedicava a tecer e costurar, tudo sob a luz do candeeiro. Curiosamente, a jovem tão dedicada ao trabalho no campo e aos preparativos de seu enxoval não queria namorar. “Não dava conta de aceitar namoro. Automaticamente Primeiras que vieram para ao Brasil: da esquerda para uma coisa me afastadireita: Celeste, Rosa, Maria Otília, Aurora, Benildes va. Não gostava de ir aos ajuntamentos de jovens, onde haveria oportunidades para nava até o falecimento quando não mexia nemoros. Eu queria casar, mas não queria nanhum músculo ou articulação do corpo. Os joelhos já praticamente encostavam-se à morar. Mas eu sei que isso era fruto da oração. Deus estava conduzindo. Eu rezava e altura do peito, segundo relato. Os integrantes da família Mendes Duar- minha mãe não percebia isso, meu pai não te trabalhavam no campo. Seu pai, um ho- podia nem pensar que eu fosse seguir um mem muito austero, e irmãos mais velhos caminho desse porque era muito estranho cuidavam de porcos e ovelhas e pouco pu- na mentalidade daquele povo, naquela époderam estudar. Apenas o mais velho dos fi- ca. Diziam que se a moça errasse teria que
Cooperadora Raquel e Zequinha junto com as turmas de 4 a 6 anos.
do pai, aos 19 anos o poupou de ver a filha seguir a Deus; o irmão mais velho sofreu muito dada a visão da época sobre o ingresso de moças em convento por motivo de erro grave. Após o comunicado da decisão, ele parou de conversar com a irmã. Ele era motorista de um pequeno caminhão de entrega de gás e sempre parava na rua para falar com ela. Tal gesto não se repetiu
questionada se isso se deve ao fato de ela ter a sensação de dever cumprido, de estar no caminho certo, a resposta foi um seguro sim. “Naqueles 15 dias eu pareço ter adquirido uma couraça, a ponto de levar minha mãe da casa do meu irmão até a estação de trem, deixá-la sozinha e sair [para a casa de Santa Zita, onde moraria]”. A carta, escrita e enviada para o instituto, para co-
tia Raquel foi para seu quarto e chorou. O desembarque em solo brasileiro foi em 1979. Ao lado de Maria Otília Nave Tourais, Maria Raquel, observando a necessidade das famílias de baixa renda, empreenderam o embrião de uma creche, em fevereiro de 1981. No início, crianças pobres de vários bairros de Guanhães eram atendidas pelas duas cooperadoras portuguesas e suas companheiras brasileiras. Os pequenos passavam o dia em um salão na casa das consagradas, onde também é a sede do instituto. “Fizemos as coisas sem saber nada. Começou a partir do grito da Igreja, dentro dos grupos apostólicos. Nós tínhamos um salão que nos serviu para festas, para nós sobrevivermos, porque sobrevivemos do nosso trabalho. Não temos remuneração. Quem é profissional recebe como qualquer outra pessoa, mas nosso trabalho aqui em casa não é remunerado. Depois as coisas foram evoluindo e por todos os lados foram abrindo salões e não precisavam mais do nosso. Então nós pensávamos que poderíamos acolher as crianças aqui, viriam aqui, tomariam uma sopa, seria pelo menos uma refeição por dia”. Foi feito um levantamento da situação das famílias e nós trabalhamos com as me-
Mutirão: carregando material para construir casas
com muitos erros. Eram pisos impróprios, janelas com vidros grandes, sempre quebrados, lavatórios com altura inadequada para crianças, entre outros. As adaptações necessárias foram sendo feitas com o passar dos anos, custeadas por recursos oriundos de eventos organizados por cidadãos guanhanenses. Hoje, a cooperadora da família e pedagoga, Arminda de Jesus Batis-
veria ser, não fui aquilo que eu poderia ser, mas foi o que eu fui capaz de fazer, então sou feliz com isso. Eu acho que os conflitos que hoje existem é porque as pessoas não se encontram com Deus, não esperam de Deus essa felicidade que Ele dá, em qualquer lugar, em qualquer situação, com ou sem saúde, com ou sem inteligência, mas se tiver condição de saber que
“Uma vocação não anula a outra. Você só tem que mudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”. Duarte e Maria Rosa Mendes, e irmãos, dois rapazes mais velhos e uma irmã caçula. “Minha infância foi feliz e simples porque ali tudo era assim. Não havia pessoas em melhor situação do que nós, portanto era tudo muito difícil. Nasci em 1936, no período de guerra (Segunda Guerra Mundial) e, quando eu tinha sete anos, já com dois irmãos mais velhos, nasceu a caçulinha e meu pai adoeceu; na altura ninguém chamava de esclerose múltipla, mas seria isso”. Foram 12 anos de uma doença evoluti-
Servindo refeição aos pequeninos
lhos chegou à quarta classe. Maria Raquel teve uma educação tardia, consequência dos cuidados para com sua irmã caçula a fim de sua mãe poder trabalhar. Aos nove de vida ela foi para a escola onde ficou por dois anos, quando a necessidade de ajudar a família no campo a impossibilitou de continuar os estudos. Depois de perder o pai, aos 19 anos de idade, Santarém foi o destino de tia Raquel. Lá, ela trabalhou na casa de uma tia, porem as poucas condições financeiras a impediam de pagar o suficiente à sobrinha. Entre os 23 e 28 anos, a jovem trabalhou na casa de um juiz de direito, quando aconteceu a mudança em sua vida. Maria Raquel conheceu a Obra de Santa Zita, fundada pelo padre Joaquim Alves Brás, também fundador do Instituto Secular das Cooperadoras da Família. A obra e o instituto nasceram da percepção de padre Joaquim na necessidade de auxílio às empregadas domésticas. Muitas iam para as cidades sem conhecimento algum e precisavam aprender lições escolares e de trabalho. Até esse momento de sua vida, a jovem portuguesa sempre estava se preparando para casar. “A essa altura que eu saí da minha casa para Santarém, eu já tinha meu enxoval pronto. Como éramos pobres não podíamos comprar de repente, fui fazendo tudo direitinho para, quando chegasse a hora, não ter uma despesa grande”. Tão logo começou a trabalhar, os cuidados com as peças de sua futura casa, ao lado de um marido, tiveram
ir para o convento”. Foram alguns pedidos de namoro. Palavras da futura consagrada: fugia enquanto podia. O envolvimento maior foi com apenas um jovem – muito teimoso –, morador da capital, Lisboa, onde cumpria o serviço militar. Ele escreveu várias cartas, nenhuma respondida por Maria Raquel e ela fazia questão de pedir ao rapaz para não escrever; ela não iria responder. A insistência o fez conseguir um prazo de um ano para haver uma decisão da moça. Vencido o período, após chegar a trabalharem juntos e ela impor a condição de ele não comentar com ninguém seu interesse em namorar a jovem, veio o não definitivo. Era decisão tomada, contudo ela se valeu da desobediência do pretendente à condição por ela imposta e encerrou qualquer possibilidade de relacionamento. O INGRESSO NA OBRA DE SANTA ZITA Já existia a associação que cuidava das jovens empregadas domésticas em Santarém, para onde Maria Raquel se mudou a fim de trabalhar na casa da tia. Depois de participar de retiros na cidade de Lisboa, ela começou a citar sua vocação, fato desconhecido pelas pessoas próximas até então. “Eu não quero nada, mas o que o Senhor quiser eu quero, não me importa se casada ou solteira. Que seja o que o Senhor quiser”. Tia Raquel entregava sua vida nas mãos de Deus e confiava na providência Dele para seu futuro. Tudo se desenrolava e o dia de entrada no instituto se aproximava. O falecimento
mais. Com o casamento, a caçula passou a morar perto da mãe, viúva. “Tem uma coisa sempre gravada em mim. Meu irmão mora perto de Lisboa e minha mãe estava lá porque um neto havia acabado de nascer. Nesses 15 dias [primeira quinzena de novembro] eu fui em casa, arrumei minhas coisas; minha família ficou assustada com minha decisão. Minha mãe iria de Lisboa para Santarém e eu para o instituto. Às 7 horas da noite, em novembro, o que já é de noite e é frio, fui levar a minha mãe à estação de trem, para ela descer de noite, sozinha, e eu pegar minha malinha e ir para Lisboa, com pouca experiência daquela cidade, bater na casa de Santa Zita. Eu tenho essa imagem, de deixar a minha mãe lá, sentadinha, uma viúva, toda vestida de preto, e ir para o meu destino”. Tia Raquel narrou essa passagem sem derramar uma lágrima sequer. Quando
Crianças catequizadas pela cooperadora Raquel em 1983
municar a decisão de entrar para a obra, nunca chegou ao destino, entretanto, em 15 de novembro de 1964, Maria Raquel Mendes Duarte, ingressou na ordem onde, cinco anos depois, fez seus primeiros votos e residiu em Viseu, cidade ao norte de Portugal. Os sete anos seguintes foram vividos em Roma, praticamente dentro do Vaticano, a serviço do austero cardeal belga Maximiliano Furstenberg, como coordenadora de sua casa. Na Itália, a jovem consagrada viveu até o princípio de agosto de 1978, data da morte do papa Paulo VI. A VINDA PARA O BRASIL Em uma viagem de trem, Maria Raquel soube da morte do pontífice. Posteriormente, diagnosticada com um nódulo na mama, houve a necessidade de uma cirurgia e apareceu um pensamento: agora não vou para o Brasil. O convite para vir já havia sido feito. Acontece então uma assembleia geral (fato repetido a cada seis anos) do instituto, em Portugal, da qual ela participou e o desejo era não viajar para nosso país. Terminado o encontro, decisão confirmada, enquanto todos retornaram às suas casas,
Mutirão: carregando material para construir casas
ninas que estavam aqui, muitas até já saíram. As responsáveis pelo empreendimento social fizeram contato com um consórcio de entidades de Governador Valadares e expuseram a situação das crianças atendidas. Muitas precisavam atravessar a cidade para chegar, o que era perigoso. A primeira ajuda deles foram mesas e cadeiras, até hoje existentes na sede da Creche Lar dos Pequeninos. Outro apoio nessa fase foi do senhor Figueiró, então gerente da Itambé, em Guanhães. Até material de construção pago em lojas era uma forma de auxílio à obra social das Cooperadoras da Família. Antes construção do prédio definitivo, em área pertencente à Associação de Caridade Nossa Senhora do Carmo, mantenedora do Hospital Regional Imaculada Conceição, Maria Raquel passou por mais um desafio. A compatriota e companheira de instituto, Maria Otília, embarcou para Portugal, onde esteve por 10 anos, e algumas moças, ajudantes nos cuidados com as crianças, deixaram a instituição. Alem disso, a prefeitura cedeu um terreno nos arredores do cemitério Nossa Senhora da Soledade, no alto do bairro Alvorada, para a obra das instalações da creche. Um local impróprio para receber os filhos das famílias pobres da cidade. Juntamente com uma senhora de nome Uilma, Maria Raquel procurou o então provedor da Associação de Caridade, o senhor César Caldeira, para um acordo sobre o terreno da entidade, ideal para o empreendimento. Dele veio o sim para o acerto, se assim fosse desejo da prefeitura. Houve alguns problemas políticos e burocráticos para o começo das obras e mesmo durante essas, como erros estruturais, mas ficou pronto. As fundadoras e colaboradores enfrentaram vários desafios nessa época, começo da década de 1980, porque o prédio foi erguido
ta, está à frente da Creche Lar dos Pequeninos. A instituição acaba de passar por uma reforma. Foi construída uma rampa onde havia uma escada, um dos pátios foi coberto e todos receberam piso novo, adequado às crianças. Para ver as fotos das instalações basta acessar a fanpage no Facebook. O endereço é facebook.com/larpequeninos. MENSAGENS AOS VOCACIONADOS, AOS LEIGOS E À GUANHÃES “Tem que ser um dom de Deus; tem que ser um chamado; vocação é um chamado. E depois, muita disponibilidade de quem se questiona porque às vezes são chamados e muitos são os chamados, poucos são os escolhidos. Às vezes a pessoa é chamada e não se questiona, não quer ouvir, não se dispõe. Então tem que haver o dom de Deus que chama e eu acho que Ele chama muita gente que não responde, senão não estávamos com tanta pobreza de vocações. Há muita gente que o Senhor chama e não respondem. Tem que haver essa escuta de Deus pela oração e foi a única coisa que eu sempre senti em minha vida e nunca me deixou pensar que eu fiz uma escolha errada na minha vida. Não foi bom, não foi o que de-
Deus nos conduz, ninguém deixa de ser feliz. Se a pessoa não se ocupar em viver o seu batismo e a sua resposta a Deus – o leigo é chamado e consagrado a Deus pelo batismo –, se ele não viver essa dimensão do seguimento de Jesus e ser membro da igreja e do corpo místico de Cristo, não vai ser feliz. A gente vê tanta feliz porque faz tudo que pode. Eu admiro como podem fazer tanto. Há muita gente que pode fazer mais e a igreja precisa de gente que pode fazer mais, de gente disponível e eu acho que Deus vai nos conceder a graça de aumentar o número de leigos engajados”. À cidade que a acolheu há 35 anos, praticamente metade de sua vida, Maria Raquel chama de menina dos olhos e também deixa sua mensagem. “Um agradecimento muito grande, à Igreja que me acolheu, que teve seu lugar para mim. Muita gratidão à Igreja, muita gratidão aos padres que passaram, aos leigos da comunidade, tanta gente. Eu fico admirada com o exagero porque eu não fiz nada de especial. Se eu não fizesse nada seria um crime, seria uma coisa errada, mas não fiz nada de mais. Então, muita gratidão a toda comunidade e que Deus nos conceda a graça de sermos cada vez mais comunidade, igreja de Jesus Cristo”.
Formandos do pré primário com professora paraninfo e a cooperadora Raquel
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ARTIGOS&NOTÍCIAS
Experiência Missionária na África e Retorno à Diocese
Nesses 9 meses vivendo aqui na África, mais precisamente na Província do Niassa em Moçambique, falar de experiência missionária é limitar o que se descobre e se experiencia todos os dias. Em outros artigos para publicação na Folha Diocesana já relatei várias vezes que o meu coração inquietava-se levando-me cada vez mais a criar coragem para desinstalar-me e viver, de fato, uma “IGREJA EM SAÍDA”. Alimentando esse desejo missionário fui me preparando com cursos de missiologia e animação pastoral promovido pelo CCM (Centro Cultural Missionário) em Brasília e outros cursos nas Pontifícias Obras Missionárias. A minha participação efetiva e afetiva junto ao COMIRE Leste 2, do qual fui Secretário Executivo por 3 anos e posteriormente Tesoureiro por 2 anos, contribuíram muito para que eu concretizasse o “IDE” (imperativo que Jesus usa no Evangelho de Mateus 28, 18-20) e também uma outra passagem que diz: “Sai da tua terra e vai onde te mostrarei”. Assim, não tive mais como ficar parado. Saí rumo à Africa no dia 18 de Março deste ano com o desejo de ficar aqui pelo menos 3 anos, mas nem tudo sai como a gente quer. Os Planos de Deus diferem dos nossos planos. Tendo necessidade de revisar a saúde, uma vez que aqui onde eu me encontro a precariedade dos serviços de saúde amedrontam qualquer pessoa e sentindo a necessidade de um controle maior da Pressão Arterial, resolvi antecipar a volta. Nada muito sério, mas que se não cuidar pode se agravar com o tempo. Assim, conversando com o Dom Armando, bispo responsável pelo projeto Além Fronteira, da diocese de Bacabal, no Maranhão e com o Dom Jeremias, nosso bispo de Guanhães, acertamos o meu retorno para o dia 20 de dezembro próximo, chegando ao Brasil no dia 21/12. Aprendi muito mais que ensinei. Aqui encontrei uma Igreja Viva onde o povo é o protagonista da evangelização. Temos aqui uma Igreja realmente ministerial onde os lei-
gos assumem de verdade o seu papel de evangelizadores. Fazem celebração da palavra, assumem de verdade a catequese, acompanham as famílias cujos casais estão em dificuldade no relacionamento, animam a liturgia e cânticos quando da celebração da missa. Celebram o batismo, cuidam das economias da comunidade, enfim, fazem a Igreja caminhar. Muitos são os desafios! Pobreza extrema! É um povo desconfiado, fruto da guerra que prejudicou muito essa região até 1992, quando foi assinado o Acordo de Paz em Roma. Muitas pessoas tiveram que migrar para outras regiões e até para outros países, como o Malawi (faz fronteira com a região onde estamos). Povo que ainda é tomado pelo medo, sobretudo dos “MUCUNHAS” (homens brancos), pois no período da guerra muitos desses conseguiam aproximar-se de alguns nativos e assim praticavam sequestros de pessoas e formavam uma organização criminosa que levava inclusive crianças para serem vendidas e assim traficados seus órgãos. Um fato que me deixou perplexo foi quando de uma visita minha a uma comunidade, estando eu, uma Irmã e um leigo da comunidade, ao pararmos o carro num determinado lugar para verificarmos se haveria possibilidade do carro passar, vimos um jovem (23 anos mais ou menos) que vinha em sentido contrário em uma bicicleta. Há uns 100 metros mais ou menos, quando ele percebeu que se tratava de “MUCUNHAS”, abandonou ali mesmo a sua bicicleta e numa carreira adentrou o cerrado como se fugisse de um bicho muito feroz. Ao perguntarmos ao leigo o porquê daquela reação do jovem, veio então a explicação que já expus acima. O sistema educacional é outro ponto vergonhoso aqui nesse país. Não há compromisso dos professores com a missão assumida. Alunos são obrigados a carregar areia, pedra, água, capim para reforma e/ou construção de escolas. Tivemos casos aqui
de crianças buscando areia pra escola quando desceu um monte de areia sobre as mesmas matando 2 dessas crianças e deixando outras 3 gravemente feridas. Os pais não reclamam, pois têm medo. Fizemos as denúncias mas não é tomada nenhuma providência até porque os pais não se manifestam quanto à perda dos próprios filhos. Temos ainda outro costume e que faz parte da cultura deles, que é o Rito de Iniciação. São pelo menos 3 Ritos: o Muçulmano, o Tradicional e o Cristão. Problema maior que detectei é o de saúde pública nesses ritos (não é conveniente publicar isso aqui). O Rito de Iniciação Cristã, foi colocado como alternativa para evitar tantos problemas de saúde gerado por causa desses ritos. Apesar de todos esses desafios, e outros que preferi omitir, estou me realizando cada vez mais como pessoa, como padre e cada vez mais convicto de que fiz a opção certa de sair da comodidade da minha diocese, da minha paróquia, da minha família para estar com esse povo, ainda que, por pouco tempo, mas o suficiente para eu continuar lutando e animando a outros padres e leigos a se encorajarem e saírem também, porque se pensarmos que a nossa Diocese, a nossa paróquia são também terras de missão, o egoísmo não nos deixará perceber que além dos nossos muros há terras de missão gritando muito mais que “as nossas terras de missão” por pessoas corajosas que queiram anunciar Jesus Cristo onde há muitos que não O conhecem ou sequer ouviram falar d`Ele. “Ai de mim, seu eu não evangelizar”. No ensejo, desejo à Equipe da Folha Diocesana e a todos os leitores um FELIZ E SANTO NATAL! Pe. Dilton Maria Pinto Padre do Clero de Guanhães em Missão na África.
As Formas Musicais e o Rito
Algumas das intervenções da música na celebração têm como função o acompanhamento de um rito. O objetivo destas intervenções é importante, porém, acessório. É o que ocorre, por exemplo, com o canto de abertura da celebração, que acompanha a entrada do presidente, ou o cântico litânico (Cordeiro de Deus), que acompanha a fração do pão, ou a aclamação ao evangelho, o canto das oferendas e de comunhão. Em outras situações o próprio canto é um rito, o que o torna insubstituível, indispensável. Aqui é o caso do “santo” ou do “glória”, nos quais culminam os ritos introdutórios da celebração eucarística (introdução da celebração e introdução do rito eucarístico). Só em situações extraordinárias se proclamam estes cantos-ritos, ou seja, o santo, o glória, o salmo responsorial e, até mesmo a aclamação ao evangelho. Pode se aplicar isso também ao ato penitencial e ao “Cordeiro de Deus”. Porém, tanto a música quanto a palavra precisam de silêncio. É o valor musical deste (o silêncio) que a liturgia valoriza, ou que o rito necessita. Portanto, não se pode cantar em todos os espaços vazios. Condicionada pelas intervenções do ministro e pela assembleia, pela função ritual e pela forma literária, a música ganha forma. Na liturgia existem as formas diretas, sem repetição, alternância e nem resposta, e a dialogal, quando há anúncio e resposta. Este é o mais elementar, e acontece no diálogo entre o ministro e a assembleia, de maneira recitativa, ou, em casos especiais e solenes, como o Amém da doxologia final da anáfora (Por Cristo, com Cristo e em Cristo...), aceitam uma forma mais elaborada. As leituras também podem ser cantadas, desde que não seja anulado o seu caráter de leitura. E como leitura, temos os salmos que, desde os primeiros séculos, os cristãos têm por ele um afeto todo especial herdado dos cultos judaicos. Estes podem ser recitados por um solista, por um solista com responsório da assembleia em dois coros, ou proclamada por vários solistas com verso e resposta. As antífonas são destinadas ao canto. São quase sempre sínteses de textos sálmicos ou de texto bíblico. Já as aclamações são um dos elementos mais dinâmicos de qualquer celebração, pois são manifestações de entusiasmo e festividade intensa. Expressa o sentimento do coração, movido pela fé. É o caso do hosanna, ou do Aleluya, ou o Amém, sobretudo da prece eucarística, que são praticamente intraduzíveis. Também se têm como importantes as aclamações depois da instituição, as da prece eucarística, as de depois do Pai Nosso, entre outras, que seriam necessárias formas musicais para ressaltá-las, facilitar a participação da assembleia e enriquecê-las, solenizálas. Os hinos e cânticos são mais apresentados com os salmos. Podem ser em forma de prosa ritmada, como o glória e o Te Deum, ou em estrofes com versos ritmados metricamente iguais, ou em rimas como as prosas e as sequências.
ARTIGOS Fé & Política
DEZEMBRO2014
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Pe. Ismar Dias de Matos * p.ismar@pucminas.br
NATAL E RECONCILIAÇÃO u gostaria de fazer uma viagem neste Natal. Viajar para um lugar que tenho evitado muito. Quero viajar para dentro de mim mesmo. E para isso preciso deixar um pouco os relacionamentos virtuais, que me tomam muito tempo. Preciso encontrar-me comigo mesmo, abrir espaço no meu coração para que nele o Menino Deus possa encontrar sua manjedoura. E que os Anjos, os Pastores e os Reis venham visitá-Lo e me abençoem também. Preciso me dar de presente um tempo para mim mesmo, tão precioso quanto o ouro, o incenso e a mirra. Tenho tempo para tanta coisa quase inútil!
E O que os pais devem saber
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Preciso compreender que o Natal é a eterna criança divina nascendo dentro de nós, nos redimindo, nos reconciliando com aqueles e aquelas que estão ao nosso redor - sobretudo os pequeninos e humildes -, enchendo-nos de luz e esperança. Misteriosamente, Deus se faz Menino, dizendo-nos que tudo pode recomeçar; que podemos nos reconciliar com aquilo que julgávamos perdido. Conscientemente sei que Natal não é encher alguém de presentes que, muitas vezes, encobrem nossa culpa de pessoas ausentes; não é acender luzinhas na janela e pela casa inteira, sem acendê-las primeiro no coração; não é empanturrar-me na ceia calórica, mas alimentar-me
de presenças amigas e reconciliarme com aqueles com os quais estava rompido. Preciso viver isso além da consciência e da razão. Natal é a magia de um tempo que escorre nos calendários e, depois, retorna e nos alivia dos pesados fardos diários. É um tempo sagrado com que o Cristianismo nos presenteou e o comércio teima em nos roubar, ano após ano. * professor de Filosofia e Cultura Religiosa na PUC Minas
...compreender que o Natal é a eterna criança divina nascendo dentro de nós...
Regina Coele Barroso Queiroz Santos butibarroso@yahoo.com.br
A ARTE DE SER LEVE sse é o título do livro da jornalista Leila Ferreira, que vale a pena ser lido, principalmente nestes tempos em que a vida está se tornando pesada. Seguem algumas reflexões feitas pela autora em seu livro:
E
Achar que gentileza é algo supérfluo é miopia. Gentileza é qualidade de vida. Por um motivo simples: a vida é feita de relacionamentos. Vive melhor quem tem competência para se relacionar e faz parte dessa competência tratar o outro com civilidade e respeito. Ninguém gosta de conviver com pessoas desagradáveis. Ser maleducado e autocentrado é suicídio social. Nossa sociedade estimula a falta de civilidade. E dois fatores, principalmente, levam a ela: o estresse e o anonimato. Estamos vivendo em ambientes estressantes no trabalho, no trânsito, nos aeroportos, na vida pessoal. E, quando estamos estressados, ficamos irritadiços, menos tolerantes com os erros alheios e mais
propensos a explodir. O estresse acabou virando uma espécie de desculpas universal para comportamentos injustificáveis. Isso significa o quê? Que estamos perdendo o controle de nossas vidas? Crie harmonia e beleza em seu entorno. Para “dar uma melhoradinha no mundo”, basta que cada um cultive a gentileza em seu palmo de terra. Às vezes, uma ou duas palavras de cortesia são suficientes para deixar o nosso entorno mais agradável. Gentileza é o mínimo que devemos uns aos outros. O otimismo não é supérfluo, é uma necessidade vital. O bom humor se aprende. Todas as pessoas passam por acontecimentos positivos e negativos. A diferença está na forma com veem esses acontecimentos. O indivíduo pode escolher sua maneira de pensar, está apto a adquirir novos hábitos mentais. Otimismo e senso de humor são coisas que a gente aprende e treina, da mesma forma que um esporte. Rir, ter senso de humor, ver
Gentileza é o mínimo que devemos uns aos outros a vida de forma mais leve, faz bem à saúde, garantem as pesquisas. “O pessimista e o mal-humorado praticamente envenenam seus cérebros, argumenta a neurocientista Sílvia Cardoso, da Unicamp, “Quando a pessoa ri, quando é tolerante, quando pensa de forma positiva, ativa no cérebro as substâncias do bem, como a dopamina e as endorfinas. Isso é bom para a saúde e a longevidade”. “A esperança nos dá asas. O desespero nos dá pés de chumbo” Nossa capacidade de pensar coisas boas é que vai estruturar o cérebro de tal forma que vamos sentir coisas boas.” Temos que aprender a educar nossos pensamentos. Descomplicação e desaceleração
um dos possíveis ingredientes para uma vida mais leve. Necessitamos de intervalos para a quietude. “Quando diminuímos o peso da existência para aquelas pessoas que nos cercam é sinal de que vivemos bem.” Diminuir o peso talvez seja essa a maior competência em termos de convivência.
Bom fim de ano e um ano novo repleto de leveza a todos!
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Calendário Diocesano
Editorial
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DAREDAÇÃO
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ue alegria! Já iniciamos mais um novo ano litúrgico na vida da Igreja. Assim como as estações do ano dá ritmo a vida no planeta, também o ano litúrgico dá ritmo a nossa vida espiritual, caminhada rumo ao Pai. O advento é tempo de preparação para celebrarmos a primeira páscoa de Jesus: o Natal. Por isso mesmo nosso bispo nos apresenta orientações para aproveitarmos o máximo possível e colhermos os frutos desse momento que a igreja nos proporciona. É tempo de soltarmos as amarras que nos impedem de caminhar, acolher e dar o perdão de modo que iniciemos o ano civil na paz do menino Jesus, nosso salvador; os textos de padre Ismar e Regina nos ajudam a entender isso: Ano novo, vida nova. Mais uma vez temos a contribuição do Padre João Evangelista, com suas orientações litúrgicas sobre o canto, ministério tão rico para Igreja orante que reza e louva a Deus pelos seus feitos no decorrer dos anos. Acolhemos, com muita satisfação, ao padre Dilton que retorna de uma rica experiência na África. Seja bem vindo padre, partilhe conosco a riqueza que pôde colher junto aos nossos irmãos do outro lado do oceano. Cinquenta anos não são cinquenta dias, por isso nesta última edição do ano a Folha Diocesana lembra os cinquenta anos de vida consagrada de Maria Raquel, cooperadora da família. Motivo de alegria e estímulo ao contemplar no seu rosto a alegria de ter “gastado” sua vida em favor da Igreja Doméstica (a família), sobretudo os pequeninos. A folha diocesana deseja a todos um abençoado natal e feliz ano novo.
Q
DEZEMBRO 2 - Estudo da Campanha da Fraternidade 2015 (Pe. Ismar) 06-07 - ECC (Segunda etapa) em Guanhães 9 - PASCOM 10 - Aniversário de ordenação presbiteral do bispo e Confraternização de final de ano dos padres na Paróquia de Sabinópolis.
expediente
Conselho Editorial: Padre Adão Soares de Souza, padre Saint-Clair Ferreira Filho, Taisson dos Santos Bicalho Revisão: Mariza da Consolação Pimenta Dupim Jornalista Responsável: Luiz Eduardo Braga - SJPMG 3883 Endereço para correspondência: Rua Amável Nunes, 55 - Centro Guanhães-MG - CEP: 39740-000 Fone:(33) 3421-3331 folhadiocesana@gmail.com
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CIRCULAR Nº 05/2014 ASSUNTO: ORIENTAÇÕES LITÚRGICAS E PASTORAIS PARA O TEMPO DO ADVENTO Guanhães, 28 de novembro de 2014. Caros irmãos Presbíteros, Religiosas, Consagradas, Seminaristas, Animadores de comunidades, Agentes de Pastoral, Grupos e todo o povo de Deus presente na Diocese de Guanhães. Saudações fraternas!
Ordenação Diaconal
trecho bíblico “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 99/100), foi o lema de ordenação do neodiácono Bruno Costa Ribeiro. O povo da diocese de Guanhães/MG se alegra e acolhe esse jovem natural de São João Evangelista/MG que oferece sua vida ao serviço de Deus. A ele e aos demais consagrados (padres, religiosas e consagradas) de nossa diocese, nossa prece e súplica pela perseverança, amor e zelo. E que não faltem operários para a messe do Senhor aqui na diocese de Guanhães/MG e em toda parte.
O
a m o c a u b contri A N A S E C O I D A H L O F Dados para depósito bancário: Editora Folha Diocesana de Guanhães Cooperativa: 4103-3 Conta Corrente: 10.643.001-7 SICOOB-CREDICENM
A FOLHA DIOCESANA PRECISA DE VOCÊ
COMEMORAÇÃO - DEZEMBRO DE 2014 Padres, religiosas, consagradas e seminaristas da diocese de Guanhães
14 - Presença Equipe da Causa do Cônego em Sabinópólis. 15 - Início das Novenas de Natal
SERVIÇO
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Maria Inês de Almeida Pe. Alípio José de Souza Maria Raquel Mendes Soares Pe. Itamar José Pereira Dom Jeremias Antonio de Jesus Pe. João Evangelista dos santos Pe. José de Brito Filho Pe. Amarildo Dias de Mendes Ir Ana Maria Mendes Pe Ismar Dias de Matos Dom Marcello Romano Frei Geraldo Monteiro Dom José Maria Pires Sem. André Luiz E. da Lomba
Nascimento Nascimento/ Ordenação Consagração Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Nascimento Nascimento Nascimento Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Ordenação Sacerdotal Nascimento
Mais um ano litúrgico chegou ao fim. Um novo ano litúrgico já começou! Nossos afazeres e preocupações contribuem para que não percebamos o tempo passar! Tudo parece ou está mais acelerado! A Liturgia nos convida a celebrar o tempo. Ela nos permite parar, sentir, refletir, meditar, rezar, viver e atualizar o Mistério! Através da Liturgia nós entramos no Tempo de Deus que por sua vez entra no ‘nosso tempo’ e na nossa história! Com a celebração do Advento iniciamos este novo tempo e este novo ano. É o tempo que abre para a Igreja a grande celebração da manifestação do Salvador em nossa humanidade. É um tempo de preparação para as festas epifânicas, a fim de que possamos receber o Senhor que vem e se manifesta a nós. É tempo de Alegria! Deus pisou a nossa terra e estabeleceu entre nós a sua morada! Um acontecimento assim tão marcante deve ser muito bem celebrado. Por isso, venho, através desta, recordar e complementar algumas orientações e sugestões litúrgicas e pastorais para este tempo tão especial: 1 - “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”. O espaço da celebração deve estar despojado e sóbrio. Um tronco com um broto ou um galho seco com uma flor lilás (pode ser uma orquídea) ajuda a simbolizar o sentido da espera. Lembrar que a cor litúrgica é a lilás ou a cor rosada, mais relacionada com a piedosa e a alegre esperança própria desse tempo. 2 - Lembrar que durante o Advento não se usam flores nem se canta o Glória, reservados para a Festa do Natal. 3 - Fazer a coroa do Advento, com ramos verdes, enfeitada com fitas coloridas e, a cada domingo, introduzir uma vela até completar quatro, no final do Advento. Poderá ser colocada junto ao altar ou próxima ao ambão. As velas vão sendo acesas, gradativamente, nas quatro semanas do Advento: no primeiro domingo, uma; no segundo, duas; no terceiro, três; e no quarto, todas. As velas podem ser todas da cor lilás, ou três lilases e uma rosa, ou uma verde (esperança), outra branca (paz), outra rosa (alegria) e outra vermelha (amor). A Liturgia Diária traz uma oração própria para cada domingo para o momento de acender a vela. Estão presentes na coroa três simbologias significativas: a luz como salvação, o verde como a vida que esperamos; a forma arredondada como símbolo da eternidade. Ela expressa muito bem a espera de Cristo como Luz e Vida para todos. 4 - No primeiro domingo do Advento, permite-se abençoar a coroa do Advento. Pode ser no início da celebração, logo depois da sauda-
ção, antes do Ato Penitencial, com a seguinte oração: “Senhor, nosso Deus, a terra se alegra nestes dias, e vossa Igreja exulta diante do vosso Filho que vem como Luz esplendorosa para iluminar os que jazem nas trevas da ignorância, da dor e do pecado. Cheio de esperança em sua vinda, o vosso povo preparou esta coroa com ramos verdes e a adornou com luzes. À medida que as velas desta coroa forem sendo acesas, iluminai-nos, Senhor, com esplendor daquele que, por ser Luz do mundo, iluminará toda a escuridão. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”
biente de silêncio e contemplação. Durante esse momento poderá ser entoado um mantra. É importante que quem estiver motivando esse mantra o faça adequadamente, isto é, comece bem baixo, vai aos poucos aumentando o volume da voz e depois abaixe novamente até ficar um sussurro. Após esse momento dá-se início a acolhida ou o comentário inicial.
5 - Nos ritos iniciais pode-se realizar o acendimento da coroa do Advento. A pessoa que trouxe a vela coloca-a na coroa, fazendo uma breve oração: “A luz de Cristo que esperamos neste Advento enxugue todas as lágrimas, acabe com todas as trevas, console quem está triste e encha nossos corações da alegria de preparar sua vinda!” ou “Bendito sejas, Deus bondoso, pela luz de Cristo, sol de nossas vidas, a quem esperamos com toda a ternura do coração” ou “Preparemos um caminho para o Senhor! Endireitemos nossas estradas! Para que todas as pessoas vejam a salvação de Deus” ou “Deus Pai de Bondade, vós enviastes vosso Filho ao mundo por meio de Maria, vossa serva. Vossas promessas se cumpriram naquela que é a imagem da Igreja e sua maternidade nos inspira no discipulado, na esperança e na alegria da proximidade do Natal. Por ela brilhou para nós a luz da salvação, Jesus, nosso irmão. Bendito sejais, Senhor! (Apropriada para o Quarto Domingo) A vela poderá ser acesa por uma mãe grávida. A comunidade pode cantar um refrão apropriado.
11 - No quarto domingo do Advento, será oportuno, durante a celebração, em momento apropriado, colocar a imagem ou figura de Maria e de José no presépio. Valorizar a participação das mães gestantes e de crianças nos vários momentos da celebração. Após o Evangelho pode-se fazer uma bênção da árvore de Natal, iniciando-se com este texto de Isaías: “Para ti virá o esplendor do Líbano, pinheiros, olmeiros e ciprestes virão enfeitar minha morada” (Is 60,13). Oração: “Bendito sejas, Senhor nosso Pai, que nos concedestes recordar com fé os mistérios do nascimento de vosso Filho no meio dos pobres! Concedei--nos a todos nós, reunidos ao redor desta árvore, que sejamos enriquecidos com os exemplos da vida de Jesus Cristo, que vive e reina para sempre. Amém!” No final da celebração, lembrando a gravidez de Isabel e Maria, dê-se uma bênção especial às gestantes que forem à celebração.
6 - Dar destaque especial a todo o Rito da Palavra, proclamando os textos bíblicos de maneira viva, com dignidade, com espiritualidade, de forma orante, sem pressa, diretamente do livro próprio para as leituras. Isso exige que os leitores se preparem bem antes, sobretudo pela oração e pela meditação da Palavra a ser proclamada. À preparação espiritual para a proclamação da Palavra, alia-se a preparação técnica: postura do corpo, tom de voz, semblante, a maneira de aproximar-se da mesa da Palavra, as vestes... A Palavra é realçada também por momentos de silêncio, por exemplo, após as leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo a atitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Espírito torna fecunda a Palavra no coração da comunidade, a exemplo de Maria. Cantar sempre o salmo, cujo refrão é acompanhado pela assembléia. Antes da primeira leitura poderá ser entoado um mantra ou refrão meditativo, substituindo qualquer comentário. Após a homilia, o mesmo mantra ou refrão poderá ser repetido. Ex: “Desça como a chuva”, “Ó luz do Senhor”, “Onde reina o amor”, “Shemá Israel”, “Escuta Israel”... Trazer o Evangeliário na procissão de entrada depositando-o sobre o Altar até a proclamação do Evangelho. Esse é um rito que deve ser cada vez mais comum aos domingos. Após a conclusão do Evangelho (Palavra da Salvação), a equipe de música pode retomar o Aleluia. 7 - A resposta às preces poderá ser cantada e expressar desejo e expectativa. 8 - No terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete, a cor litúrgica pode ser a rósea. Sendo este domingo, o domingo da alegria, usam-se flores com moderação. A vela deste domingo pode ser rosa. 9 - Antes de cada celebração criar um am-
10 - Lembrar da Coleta da Evangelização, dias 13 e 14 de dezembro, cujo percentual de 45% será destinado para o serviço pastoral da Diocese.
12 - Em cada celebração, após a homilia, pode-se cantar um refrão meditativo, ou mantra, para ajudar a interiorizar o sentido apontado pelas leituras. 13 - Lembrar que a bênção final é própria do Advento. 14 - O tempo do Advento é marcado de grande riqueza espiritual, alimentando a esperança dos cristãos. Para aproveitar bem toda a sua riqueza, convém que se cuide com maior carinho dos detalhes externos deste tempo (cantos, espaço litúrgico, os diferentes enfoques das leituras e das orações, principalmente dos Prefácios). 15 - O tempo do Advento é próprio para um “balanço” da caminhada cristã, pessoal e comunitária, em direção ao Reino definitivo. Por isso, trata-se de um tempo muito adequado para a celebração do Sacramento da Penitência, acompanhada da confissão sacramental. 16 - Nos últimos anos, muitas comunidades eclesiais, influenciada pela onda consumista das festas natalinas e de final de ano, estão assumindo o costume de enfeitar suas igrejas bem antes de o Natal chegar. Em pleno tempo do Advento, que é “um tempo de piedosa e alegre expectativa”, ornamentam suas igrejas com flores, pisca-pisca, árvore de Natal e outros motivos natalinos, como se já fosse o Natal. Não fica bem! Não se influencie pelos símbolos consumistas da nossa sociedade. Evite-se enfeitar a igreja com motivos natalinos durante o Advento. Deixe o Advento ser Advento e o Natal ser Natal. Enfeites natalinos dentro da igreja só quando o Natal chegar. Então, sim! Com certeza, a festa será melhor! Sobretudo se houver na comunidade uma preparação espiritual adequada. 17 - Os instrumentos musicais sejam usados com moderação, conveniente ao caráter próprio do tempo do Advento, de modo a não
antecipar a plena alegria do Natal do Senhor. 18 - O presépio poderá ser montado aos poucos, a cada semana, até o quarto domingo, ou então, a partir do dia 16 de dezembro (início da Novena de Natal). Que a cada domingo a comunidade visualize sinais da aproximação da chegada do Senhor, também por meio da arrumação do presépio. Que seja o quanto possível, expressão de nossa fé cristã e de nossa cultura. É muito significativo construir o presépio em mutirão. Se houver árvore de Natal, colocar nela frutos de nossa terra e outros símbolos que expressem nossos sonhos e esperanças. O presépio deve ser simples, bonito e de bom gosto, como foi simples e pobre a manjedoura onde Jesus nasceu. 19 - Convém lembrar a importância da novena de preparação para a celebração do Natal. Incentive-se para que, nestes dias grupos e famílias se reúnam para juntos ouvirem a Palavra de Deus, rezarem e, assim, à luz desta Palavra, da oração e da fé, estreitar os laços de amizade e solidariedade entre todos. Valorizar tempos de oração comunitária. 20 - Sendo Advento, por excelência, também um tempo mariano, pode-se destacá-lo com alguma imagem ou ícone de Nossa Senhora dentro do espaço celebrativo, principalmente a partir do dia 17 de dezembro. Nunca, porém, colocar a imagem sobre o altar. O melhor seria perto da coroa do Advento. Ao final de cada celebração cantar um hino mariano. Celebrar bem as duas festas marianas que ocorrem no Advento: dia 08 de dezembro (Imaculada Conceição de Nossa Senhora), com flores, alfaias brancas, Glória, incensação da imagem de Nossa Senhora nos ritos iniciais e talvez uma breve homenagem à Mãe do Senhor ao final da celebração e dia 12 de dezembro (Nossa Senhora de Guadalupe). No Quarto Domingo seria bom valorizar a imagem de Maria, com uma vela acesa ou arranjo discreto (poucas flores), para não ferir a reserva simbólica própria do tempo. Outra sugestão é colocar a imagem de Maria em lugar apropriado com uma lamparina a sua frente (sinal de vigília e espera) ou a lamparina entre as imagens de José e Maria, e, antes da bênção final, levá-las ao presépio. 21 - Escolher músicas que expressem o desejo do coração de ver sinais de vida, de justiça e de paz cada vez mais fortes e verdadeiros em nosso tempo, ainda tão marcado pela injustiça, violência e morte. O Hinário Litúrgico I – CNBB, acompanhado de CD, e o Ofício Divino das Comunidades apresentam um repertório excelente de cantos para as celebrações deste tempo. 22 - Promover a unidade e trabalhar pela Paz. A CNBB definiu o ano de 2.015 como o “Ano da Paz” para o Brasil. Ano que se inicia no Primeiro Domingo do Advento 2.014 esse encerra no Natal de 2.015. Desejo que todos tenham um Santo e Feliz Advento e assim, possam se preparar com alegria e esperança para celebrar o Natal do Senhor Jesus. Que Maria, a Senhora do Advento, interceda por todos nós. Em Cristo Jesus, Dom Jeremias Antônio de Jesus Bispo Diocesano
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DEZEMBRO2014
DIOCESEEMFOCO
ENCERRADA SEGUNDA TURMA DA ESCOLA DIOCESANA DE TEOLOGIA PASTORAL O mês de novembro, já no seu fim, marcou também o encerramento do curso de Teologia Pastoral, voltado para agentes de pastoral atuantes nas comunidades paroquiais da Diocese de Guanhães. A Escola Diocesana de Teologia Pastoral teve seus trabalhos iniciados em fevereiro de 2012, com duração de 240 horas/aula, distribuídas em 30 módulos. Para conhecer o projeto, voltamos um pouco no tempo, a julho de 2009, quando foi criada a escola. Com os trabalhos iniciados em agosto do mesmo ano, a caminhada da primeira turma com 45 alunos durou pouco mais de três anos. Desse grupo surgiram equipes de apoio às várias Pastorais Diocesanas, entre elas a equipe de elaboração dos roteiros dos Grupos de Reflexão. Com início restrito à área citada (São Miguel – CITAR PARÓQUIAS), mas uma experiência sucedida de tal forma a despertar o interesse de muitos outros paroquianos. Depois da aprovação dos vários pedidos para ingresso ao curso, a iniciativa foi transformada em Escola Diocesana de Teologia Pastoral. O desejo de começar essa caminhada vem de muito longe; exatamente de Aparecida, a capital Mariana do Brasil. A partir da Conferência de Aparecida, veio a necessidade de uma resposta diocesana. O foco do projeto foi oferecer capacitação teológica voltada aos agentes de pastoral; a partir do conteúdo apresentado em cada encontro eles podem tornar-se cada vez mais discípulos missionários de Jesus Cristo.
Ao longo desses três anos de jornada teológica, os agentes de pastorais presentes na Escola Diocesana de Teologia Pastoral assistiram aulas em 14 módulos – com variação de um a oito –, de 8h a 64h. Foram ministradas disciplinas de Introdução à Teologia, Eclesiologia, Liturgia, Doutrina Social da Igreja, História da Igreja, Moral Fundamental, Bíblia, Cristologia, Sacramentos, Espiritualidade, Mariologia, Escatologia, Trindade e Prática Pastoral. Da paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, em Virginópolis, vem um depoimento simples e forte sobre a experiência da Escola Diocesana de Teologia Pastoral. Para Sebastiana Maria Pinheiro, foi o ‘tiro’ mais certo da Igreja Católica inspirada pelo Espírito Santo. Leigo residente na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Pito, em Gua-
conteceu no dia 30 de novembro, em Virginópolis, o 18º Rebanhão com a participação de aproximadamente 1000 pessoas de várias paróquias da nossa diocese. Foi conduzido pelo Ministério de Música “Missão de Viçosa”, e o prega-
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nhães, Pedro Pereira teve receio de não poder prosseguir com o curso dados os três anos de encontros. Ele já havia assumido alguns compromissos e temia impedir outra pessoa com mais disponibilidade em poder participar. Ciente da necessidade de aprofundar seus conhecimentos para servir melhor à sua comunidade, decidiu abrir mão de compromissos para frequentar o curso. “Hoje posso dizer que fiz a melhor escolha. Tivemos um curso muito participativo, com escolha de disciplinas e professores muito bem acertadas, proporcionando conhecimento, esclarecimento e muita alegria. Agradeço à Diocese de Guanhães pela iniciativa e parabenizo a todos os professores e alunos pela brilhante participação”, concluiu Pedro. A Escola Diocesana de Teologia
dor Wiliam de Paula, membro do Núcleo Nacional do Ministério Jovem. O Tema do Rebanhão “Conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” Ef 4,3 foi o mesmo trabalhado durante todo o ano pela RCC do Brasil. Foi um dia de muitas alegrias expressadas nas músicas, louvores, ora-
Pastoral trouxe duas mudanças para a vida de Mary Barbosa, da paróquia Nossa Senhora do Porto, em Senhora do Porto: ela passou a ler a Folha Diocesana e deixou de ver a Bíblia como um objeto de enfeite. “Primeiramente, eu agradeço a Deus por ter me inspirado para que eu procurasse ler a Folha Diocesana, pois antes não era meu costume; antes, posso confessar, olhava a Bíblia como enfeite, colocandoa em um suporte para enfeitar a minha casa; não sabia que guardava um tesouro; porém, hoje posso afirmar que este tesouro não é para ser guardado e sim para ser desfrutado”. Ela conclui dizendo: tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho. O encerramento da Escola Diocesana de Teologia Pastoral foi marcado por uma celebração eucarística em ação de graças, presidida pelo bispo diocesano, Dom Jeremias Antonio de Jesus, e concelebrada por alguns padres de nossa diocese. Parentes dos que concluíram o curso acompanharam a celebração e a entrega dos certificados, no salão da Catedral, onde também foi servido um jantar aos presentes. A próxima turma terá início em 2015 e os interessados podem procurar o padre de sua paróquia e se informarem melhor.
ções e adoração ao Santíssimo Sacramento. Encerrou-se com a Santa Missa presidida por Dom Jeremias e concelebrada por padre Hermes e padre José Geraldo, nosso Diretor Espiritual, estando presente também na Missa o diácono Bruno Ribeiro.
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FOLHA
IOCESANA Bodas de Ouro de INFORMATIVO DA DIOCESE DE GUANHÃES | MG | ANO XVIII | Nº 222 | Dezembro de 2014
“Tia Raquel”
cooperadora da família “Uma vocação não anula a outra. Você só tem que mudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”. | PÁGINAS 4 E 5 |
O novo site da Diocese de Guanhães já está na net www.diocesedeguanhaes.com.br Faça-nos uma visita! Divulguem!
“O Natal é a eterna criança divina nascendo dentro de nós, nos redimindo, nos reconciliando com aqueles e aquelas que estão ao nosso redor” | PÁGINA 3 |
“Aprendi muito mais que ensinei. Aqui encontrei uma Igreja Viva onde o povo é o protagonista da evangelização.” | PÁGINA 6 |