P rtilhando NATAL: JORNAL
NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2018 | ANO 02 - NÚMERO 19
UMA EXPERIÊNCIA DE TEIMOSA ESPERANÇA NA BUSCA DE VIDA NOVA
Por Edward Guimarães
cada início de ano litúrgico, nós, cristãos, somos chamados a viver o tempo do Advento como singular oportunidade de conversão: fazermos profunda avaliação de nosso jeito de caminhar, tanto no nível pessoal quanto coletivo. Isso ajuda na preparação para bem celebrarmos o Natal, fonte de renovação da esperança e de fé, para avançarmos na busca e conquista de vida nova na Igreja e na sociedade. Assim, geralmente motivados pela novena do Natal, somos interpelados a abrir as portas de nossos corações e de nossas casas a Deus e aos companheiros e companheiras de caminhada (Ap 3, 20). Somente abertos ao amor gratuito de Deus, que vem ao nosso encontro, podemos assumir o dinamismo de amar uns aos outros, na vida em comunidade de fé e no compromisso de participar da construção de uma sociedade justa e fraterna. Ao contemplarmos o mistério da proximidade amorosa de Deus no presépio, nos damos conta do modo como Jesus veio ao nosso encontro: Deus, movido por amor, se esvaziou de seu poder divino, se abaixou até nós, assumindo a nossa vida e tornando-se em tudo igual a nós (Cf. Fl 2, 7; Hb 4, 15). Acontece que, ao
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entrar em nossa história, viveu o contexto de profunda exclusão social. Esta triste realidade de marginalização acontece igualmente na vida dos mais pobres e vulneráveis de nosso tempo. A chegada do menino Jesus não encontrou espaço de generosa acolhida entre nós. Não houve solidariedade fraterna e lugar digno para receber a família de Nazaré: a mãe Maria, no estágio final de gravidez, e o pai José, peregrinos fora de sua pátria (Cf. Lc 2, 18). Percebemos imediatamente que quando não cuidamos da cultura da hospitalidade, da solidariedade fraterna e da sensibilidade humanitária para bem acolher o outro em suas necessidades, significa que ainda não entendemos o projeto salvífico de Deus revelado na vida de Jesus de Nazaré: somos todos filhos e filhas do Amor de Deus e, portanto, irmãos e irmãs vocacionados ao amor fraterno. Recebemos o dom da vida e estamos aqui para aprendermos a amar. Nossa origem coincide com o nosso destino: nascemos do Amor de Deus, no Amor divino existimos e para este Amor voltaremos. Desse modo, a celebração do Natal revela e expressa, de modo muito singular, a beleza e o sentido maior da vida cristã vivida em comunidades de fé e partilha de vida: somos convidados a cuidar das relações humanas para
que todos experimentem, na acolhida fraterna, a gratuidade do amor de Deus. Desejamos a você, a sua família e a sua comunidade um abençoado Natal: que cuidem das relações humanas, amando uns aos outros, para que todos, por meio delas, experimentem-se amados por Deus. Deus viveu, em Jesus, a trágica experiência da exclusão social, mas para que ninguém, entre nós, seja excluído de nosso amor fraterno, da proteção da justiça e da mesa da cidadania. Temos que pensar nos meios concretos que garantem a dignidade humana de cada filho e filha de Deus. Celebrar o Natal é assumir um compromisso concreto: acolher o amor de Deus que, em Jesus, vem ao nosso encontro e amarmos uns aos outros, cuidando para que cada pessoa, na Igreja e na sociedade, tenham vida e vida em abundância (Cf. Jo 10, 10). Edward Guimarães é leigo, catequista de adultos e
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NATAL: DEUS APERTA NOSSO DEDO. A liturgia nos presenteia com o tempo litúrgico do Advento para nos ajudar a fazer uma grande “preparação” para o Natal do Senhor.
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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
membro do Conselho Arquidiocesano de Pastoral, na Arquidiocese de Belo Horizonte. É o atual secretário executivo do Observatório de Evangelização PUC Minas e é professor de teologia do Instituto Regional de Pastoral Catequética – IRPAC da CNBB Leste 2.
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Apesar de me dirigir a vós, pretendo incluir todos os cristãos, que vivem na Igreja a aventura da sua existência como filhos de Deus.
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