FOLHA EXTRA ED 1071

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27 DE DEZEMBRO DE 2013

SEXTA-FEIRA

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nº 1071, ANO 10 R$ 2,00

FOI NOTÍCIA EM 2013 FOTOS - FOLHA EXTRA

Folha Extra traz retrospectiva do ano

Nesta edição os leitores da Folha Extra poderão acompanhar as principais reportagens veiculadas em 2013, trazendo os assuntos e notícias de maior relevância para o Norte Pioneiro. Para quem já viu é a chance de relembrar um a um os fatos que marcaram o ano, e para quem ainda não viu é a oportunidade de se inteirar destes assuntos. Desta forma, o jornal preparou uma “seleção” de cada editoria, divididas por páginas no primeiro caderno. Já na página B1, no segundo caderno, notícias factuais que aconteceram nesta semana. Tudo para fechar o ano cumprindo a missão de sempre informar com qualidade e seriedade.


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OPINIÃO

COMIDA CASEIRA DE SABOR ÚNICO

Livros sem títulos Por MILTON PIRES Escritor do Recanto das Letras

Certa vez, há um bom tempo atrás, e estando eu de plantão, num momento em que o movimento estava reduzido (até pelo adiantado da hora) procurei uma dessas salas... uma dessas coisas chamadas de “estar médico” e sentei para ler um pouco..Ocorre que na tradicional sujeira e confusão que são esses lugares (onde nada é de ninguém) coisa alguma havia que me interessasse. Revistas e jornais velhos, além é claro, daqueles livros de medicina cuja atualidade só poderia fazer sucesso em Cuba. Fuçando numa velha prateleira, acabei encontrando (vejam só que “horror” para um hospital público num “Estado Laico”) uma Bíblia. Estando sozinho na sala, aquela hora da madrugada comecei a ler alguns trechos. Como sempre faço quando tenho oportunidade vou direto ao Velho Testamento: gosto de Jeremias, Isaías, enfim..a “turma” que andava chateada com Israel em função do estado de coisas na época. De repente, entrou na sala o colega que até então estava ocupado. Vendo que eu lia, perguntou do que se tratava. Respondi que era a Bíblia e ele, num tom de zombaria, disse: “não sabia que tu eras, religioso” Eu respondi que eu também “não sabia” e perguntei: “sou religioso porque estou lendo a Bíblia?” Afirmou ele que sim e daí eu não resisti: “concluo, portanto, que se eu estivesse lendo “Minha Luta” (e eu já li) de Adolph Hitler, eu seria um nazista, não é mesmo?” Vi que o sujeito, sentindo-se apanhado numa armadilha, sentiu-se constrangido e resolveu não levar mais as coisas adiante. Contei essa história para vocês como introdução do texto para fazer uma pergunta, e ao mesmo tempo um comentário: Vocês poderiam me explicar de onde veio no Brasil essa tradição de “somos o que lemos”?? Eu sinceramente não sei a resposta! Digo mais, lembrando o quão pouco se vê gente lendo nos locais de trabalho ou em casa hoje em dia deveríamos fazer o caminho inverso e afirmar que “quem não lê nada, não é nada”..rsss.. rsss..não é mesmo?? Escrevo, e esse é o objetivo do texto, que a falta de “personalidade cultural” dos brasileiros chegou a tal ponto que nada

mais previsível do que julgar as pessoas e as idéias que elas supostamente professam pela capa do livro que vemos elas lendo! Pode haver absurdo maior do que esse??? De onde surgiu idéia tão ridícula? Nenhuma defesa do hábito de ler, do elogio da leitura ou da sua importância naquilo que pensamos pode justificar uma coisa como essa. O que autoriza alguém a pensar isso quando vê outro lendo é a falta de juízo crítico, a incapacidade total de saber a diferença entre ler e acreditar e a vida numa sociedade sem capacidade alguma de abstração, de transcendência ou de extrapolação da realidade palpável, da realidade “noticiável” mais trivial. O que pensar, pergunto eu, da maturidade ou da moral da mulher brasileira, por exemplo se considerarmos “Cinquenta Maneira de se Masturbar” como o livro que representa essa parcela da população?? O que dizer do homem médio e da cultura brasileira se quisermos nos basear no volume de livros vendidos por Edir Macedo para julgar nosso panorama intelectual?? Ler, recolher-se, isolar-se do outro e do politicamente correto é visto popularmente como uma identificação automática entre escritor e leitor... Quem lê a Bíblia “deve ser alguém que a toma ao pé da letra”..quem leu Hitler “deve ser nazista” e por aí vai...um festival de besteiras sem fim capaz de deixar a alta cúpula do Partido-Religião e de seus lacaios dentro da Universidade Pública orgulhosos de tanta burrice. Em breve vai chegar o tempo em que um novo item vai fazer sucesso nas livrarias e casas de material de escritório..Capas para os livros que estão à venda...capas dos mais diversos estilos: de couro, de material sintético, de pano ou simples papelão e que vão se adaptar perfeitamente ao livro vendido podendo inclusive ser compradas na mesma hora que ele. Vai ficar mais confortável ler assim, vai ser um ato mais civilizado, mais discreto e politicamente correto..vai ser o tempo dos Livros sem Títulos..

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CHARGE DA EXTRA

A dificuldade de expor o pensamento Por CARLOS BERNARDO GONZÁLEZ PECOTCHE Fãs da Psicanálise - Trecho extraído de artigo da Coletânea da Revista Logosofia Tomo 1 p. 241 a 243

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oda pessoa que carece de rapidez mental e não pode, além disso, expor seus pensamentos com clareza, dificilmente avança no caminho da vida, desta vida em que tão necessário é manter ágil o entendimento nas inúmeras circunstâncias que amiúde devem ser enfrentadas. Se se trata da vida dos negócios, bem sabemos quão indispensável é uma mente desperta e uma palavra fácil para encarar as mil situações que não admitem lentidão nem no pensamento, nem na palavra, nem na ação. O mesmo acontece em todas as outras ordens da vida: um candidato, por exemplo, que vai em busca de um emprego, tem, se não sabe expor seu pensamento com clareza e rapidez, uns noventa e nove por cento de probabilidades a menos, se comparado a quem sabe fazê-lo melhor; nas tarefas de governo e, enfim, onde quer que o homem ou a mulher devam desempenhar funções de alguma importância, é igualmente imprescindível possuir essa facilidade na exposição

do pensamento. De que ou de onde provém tal deficiência ou anormalidade? Vejamos: é costume generalizado dos pais cortar a atitude espontânea dos filhos quando estes, seja na alegria, seja na dor, querem expor o que pensam ou sentem. Em geral se faz a criança calar imperativamente, admoestando-a, ou não admitindo que

outras. Na juventude, ainda que de forma um tanto atenuada, acontecem análogas situações, que os mais ousados conseguem impedir, mas não os que foram oprimidos na infância por essa contrariedade. É tal o hábito que esta deficiência impõe ao ser, que em muitos casos, já homem, fala como se

que obedecem. Buscar a forma de eliminar do ser humano essa anomalia psicológica, reeducando seu caráter até alcançar uma total emancipação da timidez que o oprime, é aplainar o caminho a todos os que sofrem as conseqüências de causas que, alheias ao bom sentir do coração, foram sendo repetidas de geração em geração, sem

De que ou de onde provém tal deficiência ou anormalidade? Vejamos: é costume generalizado dos pais cortar a atitude espontânea dos filhos quando estes, seja na alegria, seja na dor, querem expor o que pensam ou sentem. ela diga o que de antemão já se sabe que vai dizer; pior ainda se é para desculpar-se de alguma falta cometida. Isso cria um complexo de inferioridade, quer dizer, apodera-se da alma infantil uma espécie de timidez e temor à medida que tais passagens se repetem, e os pensamentos e palavras vão ficando entrecortados, como se as peças da razão se fossem travando umas com as

não precisasse completar suas frases, na crença, sem dúvida, de que quem o escuta captou de antemão o que ele queria expressar. Procura fazer com que os demais entendam por antecipação o pensamento que resiste a ser pronunciado. Daí os tantos mal-entendidos com seus semelhantes, tantas contradições, sem que na maior parte das vezes ele possa explicar para si mesmo a

que se conseguisse descobrir em que consistia esse mal que tantos desassossegos e desditas sempre causou ao indivíduo.

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O segredo da felicidade Por PAULO SARTORAN

Fãs da Psicanálise

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oda pessoa que carece de rapidez mental e não pode, além disso, expor seus pensamentos com clareza, dificilmente avança no caminho da vida, desta vida em que tão necessário é manter ágil o entendimento nas inúmeras circunstâncias que amiúde devem ser enfrentadas. Se se trata da vida dos negócios, bem sabemos quão indispensável é uma mente desperta e uma palavra fácil para encarar as mil situações que não admitem lentidão nem no pensamento, nem na palavra, nem na ação. O mesmo acontece em todas as outras ordens da vida: um candidato, por exemplo, que vai em busca de um emprego, tem, se não sabe expor seu pensamento com clareza e rapidez, uns noventa e nove por cento de probabilidades a menos, se comparado a quem sabe fazê-lo melhor; nas tarefas de governo e, enfim,

onde quer que o homem ou a mulher devam desempenhar funções de alguma importância, é igualmente imprescindível possuir essa facilidade na exposição do pensamento. De que ou de onde provém tal deficiência ou anormalidade? Vejamos: é costume generalizado dos pais cortar a atitude espontânea dos filhos quando estes, seja na alegria, seja na dor, querem expor o que pensam ou sentem. Em geral se faz a criança calar imperativamente, admoestando-a, ou não admitindo que ela diga o que de antemão já se sabe que vai dizer; pior ainda se é para desculpar-se de alguma falta cometida. Isso cria um complexo de inferioridade, quer dizer, apodera-se da alma infantil uma espécie de timidez e temor à medida que tais passagens se repetem, e os pensamentos e palavras vão ficando entrecortados, como se as peças da razão

se fossem travando umas com as outras. Na juventude, ainda que de forma um tanto atenuada, acontecem análogas situações, que os mais ousados conseguem impedir, mas não os que foram oprimidos na infância por essa contrariedade. É tal o hábito que esta deficiência impõe ao ser, que em muitos casos, já homem, fala como se não precisasse completar suas frases, na crença, sem dúvida, de que quem o escuta captou de antemão o que ele queria expressar. Procura fazer com que os demais entendam por antecipação o pensamento que resiste a ser pronunciado. Daí os tantos mal-entendidos com seus semelhantes, tantas contradições, sem que na maior parte das vezes ele possa explicar para si mesmo a que obedecem. Buscar a forma de eliminar do ser humano essa anomalia psi-

cológica, reeducando seu caráter até alcançar uma total emancipação da timidez que o oprime, é aplainar o caminho a todos os que sofrem as conseqüências de causas que, alheias ao bom sentir do coração, foram sendo repetidas de geração em geração, sem que se conseguisse descobrir em que consistia esse mal que tantos desassossegos e desditas sempre causou ao indivíduo.

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RETROSPECTIVA

Richa anuncia duplicação da PR-092 entre Jaguariaíva e Santo Antônio da Platina Governador fez o anúncio durante uma visita ao Norte Pioneiro no mês de novembro; obras ainda não têm previsão para início LUCAS ALEIXO Joaquim Távora

O governador Beto Richa (PSDB) fez um dos anúncios mais esperados por toda a população do Norte Pioneiro: a duplicação da PR-092 no trecho entre Jaguariaíva e Santo Antonio da Platina. A boa nova foi revelada no dia 13 de novembro, quando Richa cumpriu agenda na região visitando Siqueira Campos, Santana do Itararé, Salto do Itararé, Joaquim Távora e Carlópolis. A visita de Richa teve início por

Siqueira Campos, ainda na parte da manhã, depois passou por Santana do Itararé, Salto do Itararé, Joaquim Távora e terminou em Carlópolis, já no fim da tarde. Em todas as cidades o governador se reuniu com autoridades locais, ouviu reivindicações e fez anúncios de melhorias nos setores de habitação, infraestrutura urbana, saneamento básico e saúde, além de continuamente citar seus laços afetivos com a região, já que seu pai, o ex-governador José Richa, foi criado e Joaquim Távora e morou ainda em Wenceslau Braz e Jacarezinho. “Estamos pagando a dívida que o Estado tem com o Norte Pioneiro, que foi por anos a porta de entrada do Paraná, porém ficou esquecido em gestões anteriores”, destacou. No entanto, o maior anúncio ficou por acontecer em Joaquim Távora, quando Richa afirmou categoricamente que a duplicação da PR-092 entre Jaguariaíva e Santo Antonio da Platina acontecerá, graças a uma parceria Público-Privada (que consiste em

WILLIAN NUNES - FOLHA EXTRA

Richa, em Joaquim Távora, fez o tão esperando anúncio confirmando a futura duplicação da 092 uma parceria entre governo e uma concessionária, que após a duplicação irá instalar uma praça de pedágio no trecho). “E vamos tentar duplicar de Jacarezinho para frente, até a divisa com São

Paulo”, adiantou o governador. Apesar do anúncio, o governo do Paraná ainda não tem maiores definições a respeito do início das obras, porém devem ter início nos primeiros meses

PROMESSA

Norte Pioneiro terá curso de medicina, afirmam deputados André Vargas e Alex Canziani se reuniram com Gleisi e reitor da UFPR, em novembro, quando foi confirmada uma extensão da universidade para o Norte Pioneiro com o curso de Medicina; cidade a receber a extensão ainda não foi definida, mas ficará entre Santo Antônio da Platina, Bandeirantes ou Cornélio Procópio DA REDAÇÃO C/ ASSESSORIA

Uma reunião entre os deputados federais pelo Paraná André Vargas (PT) e Alex Canziani (PTB), ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zaki Akel Sobrinho, e o secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim, selou a confirmação da extensão da UFPR (Universidade Federal do Paraná) para o Norte Pioneiro, com a conseqüente

instalação de um curso de Medicina para a região. O encontro, realizado 27 de novembro, ainda acertou extensões da universidade para outras regiões do Estado. Segundo o deputado André Vargas, foram acertadas expansões para Oeste, Sul, para a região de Curitiba e para o Norte Pioneiro. “É um sonho antigo que esta região receba uma extensão da Universidade Federal do Paraná e, é claro, o sonho do curso de Medicina. Ficou consolidado que não somente o Norte Pioneiro terá a extensão da Universidade Federal, como terá curso de Medicina e vários cursos de Engenharias”, garantiu.

Ainda de acordo com Vargas, este foi um trabalho em conjunto entre ele e o deputado Alex Canziani, no entanto ainda não foi definido o município que abrigará o novo curso de Medicina. Bandeirantes, Cornélio Procópio e Santo Antônio da Platina estão na disputa. Para o deputado Alex Canziani, o mais importante é conquista de um campus da Universidade Federal do Paraná para a região. “Isso é um privilégio fantástico que a região terá. E a idéia é que a universidade atenda a região como um todo, o que será muito importante para o seu desenvolvimento”, afirmou o petebista.

Na avaliação de Canzini, a ministra Gleisi está bastante entusiasmada com o projeto, que não é só para o Norte Pioneiro, mas do litoral, de Curitiba, Toledo. “Vai ser um passo importante que a ministra Gleisi e a presidenta Dilma vão dar para a educação superior do Paraná”, finalizou Canziani. Embora um jornal tenha anunciado que Cornélio Procópio havia ganhado a disputa para receber o curso de Medicina, a disputa ainda está aberta e 2013 se encerrou com uma grande disputa política entre prefeituras e associações de municípios para ver quem fica com o curso.

Jaguariaíva chora a morte do prefeito Baroni Um dos maiores políticos do município faleceu em setembro após perder a luta contra o câncer LUCAS ALEIXO Jaguariaíva

Jaguariaíva amanheceu de luto em 17 de setembro. Neste dia o município perdeu seu então prefeito, Otélio Renato Baroni (PT), um dos maiores políticos que Jaguariaíva já teve como chefe do Poder Executivo (inclusive apontado por muitos como o melhor prefeito da história da cidade). Aos 72 anos, Baroni lutava contra um câncer de próstata e es-

tava internado em Curitiba, já que seu estado havia se agravado consideravelmente nos últimos meses. Após ficar internado por uma semana na capital paranaense, o ex-prefeito perdeu a luta contra a doença e faleceu de insuficiência respiratória (em virtude de complicações causadas pelo câncer). Baroni era casado com Alcione Lemos e deixa duas filhas. Ele era prefeito reeleito de Jaguariaíva após ser derrotado em duas outras disputas e em seu primeiro mandato cumpriu a incrível margem de 90% de seu Plano de Governo.

DIVULGAÇÃO

Otélio Renato Baroni faleceu em 17 de setembro

de 2014. Ao que tudo indica a concessionária responsável pela duplicação será a Econorte – empresa ligada ao grupo Triunfos Participações e responsável pela polêmica concessão da PR-

153 e BR-369 no Norte Pioneiro, incluindo o pedágio que engloba as duas rodovias localizado no município de Jacarezinho, dono da terceira tarifa mais cara do Paraná.

NORTE PIONEIRO

Ministro e governador garantem apoio para piscicultura Projeto ambicioso do prefeito de Pinhalão, Claudinei Benetti, deve impulsionar economia de toda região WILLIAN NUNES - FOLHA EXTRA

Crivella e Richa mostraram entusiasmo com projeto LUCAS ALEIXO

A produção de peixes no Norte Pioneiro desde o início do projeto recebeu garantia de apoio irrestrito dos governos federal e estadual. Em 25 de abril o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, e o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), estiveram em Pinhalão e confirmaram investimentos junto ao projeto de piscicultura do prefeito de Pinhalão, Claudinei Benetti (PSD). A programação do ministro, governador e uma série de deputados e secretários começou com uma visita ao local onde é construído o frigorífico de peixes, que deverá atender a toda a região. Depois a comitiva se dirigiu para a sede da Associação Esportiva e Recreativa de Pinhalão, no centro da cidade, onde centenas de pessoas aguardavam as autoridades para o início da solenidade, que teve a apresentação da maquete do frigorífico de peixes que atenderá a todos municípios vizinhos. O ministro Marcelo Crivella discursou fazendo comparações da indústria da pesca com a prática bovina e de-

mais carnes, além de destacar a parte “ecologicamente correta” da aqüicultura. “Hoje o comércio de peixes é três vezes maior que o comércio de frango, porco e boi juntos”, afirmou. “O peixe é o melhor alimento e tem o custo mais barato”. Na seqüência, Crivella citou a capacidade que o país tem para a criação de peixes e chegou a comparar a aqüicultura com o pré-sal. “Com 0,5% do nosso mar podemos produzir 20 milhões de toneladas de peixe por ano, o que renderia R$ 300 bilhões”, pontuou. “A aqüicultura é melhor que o pré-sal”. Já Richa teceu uma série de elogios ao projeto de piscicultura no Norte Pioneiro e citou a “sensibilidade do governo federal e do ministro Crivella em perceber a importância deste projeto” e fez questão de garantir o apoio da Emater, IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e demais órgãos estaduais deste segmento à iniciativa de Benetti e aos produtores rurais que aderirem à produção de peixes. “Ministro, os paranaenses estão imensamente agradecidos ao senhor por este gesto. Este projeto pode ser a redenção do Norte Pioneiro”, projetou.


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Cemitério de escravos: dois séculos de história LUCAS ALEIXO Arapoti

Duas ruínas, uma história. A fazenda Boa Vista, em Arapoti, guarda em suas terras dois valiosos elementos históricos: um antigo cemitério de escravos e um casarão do século retrasado – ou ao menos o que restou deles. Localizadas às margens da PR239, entre Arapoti e Ventania, as ruínas da fazenda Boa Vista “lutam” contra a ação do tempo, de vândalos e, principalmente, da falta de zelo para manter vivo um pedaço da história da escravidão na região. Lamentavelmente as fontes para se obter dados precisos a respeito do local são escassas, ficando basicamente restrito a relatos de moradores das redondezas. No entanto, muitas coisas as ruínas contam por si só. Ao se chegar ali a impressão é de voltar no tempo. De longe é possível ver as paredes e o telhado de uma construção ainda imponente. De perto, a imponência é, em parte, substituída pelo aspecto de total abandono. Porém, sem ter nenhum tipo de

informação é fácil notar que ali existe uma casa construída há provavelmente quase 200 anos e que foi a sede de uma fazenda de grande porte. Com paredes com quase um metro de espessura, é possível ver que a construção é de barro e que passou por reformas que podem ter a desfigurado no quesito originalidade, embora ainda tenha diversos traços de uma casa do século retrasado. A grande varanda separava a casa do pátio, que ainda tem restos de um muro de pedra. Poucos metros a diante, à sombra de uma figueira com aparência centenária, um muro de pedras delimita o espaço de um antigo cemitério agora abandonado, com mato e túmulos parcial ou totalmente destruídos. Nas inscrições das lápides pouca coisa remete de fato aos tempos da escravidão – o que não espanta, já que boa parte do que existe ali foi severamente deteriorado pela ação do tempo e de vândalos. No entanto, em uma pedra caída e envolta por mato devolve a certeza de que pessoas que viveram em senzalas foram sepultadas ali. O nome de Virgilino Caxambu, falecido em 19/06/1901 aos 22 anos de idade, é a prova da autenticidade da idade centenária atribuída ao

A Copa que o Norte Pioneiro paga LUCAS ALEIXO (Matéria publicada em 16 de outubro)

A Copa é do mundo, mas o Norte Pioneiro ajuda a pagar – ainda que contra sua vontade. Como? Simples: com os altos investimentos do governo Federal para sediar o evento, o repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) às prefeituras foi afetado e acabou tendo quedas bruscas, influenciando diretamente (e negativamente) na vida dos moradores da região. Como o FPM é a maior fonte de verbas das pequenas prefeituras – que é o caso de todos os municípios do Norte Pioneiro – os prefeitos se vêem obrigados a lutar para manter ao menos os pontos essenciais, como a área da Saúde, merenda escolar e pagamento de funcionários, em dia. Para se ter uma ideia da importância deste repasse, o Fundo de Participação dos Municípios chega a representar até 70% da arrecadação de algumas prefeituras da região, sendo de longe a maior fonte de recursos municipais no Norte Pioneiro. O presidente da Amunorpi (Associação dos Municípios do Norte Pioneiro) e prefeito de Tomazina, Guilherme Cury Saliba Costa (PSD) faz duras críticas ao governo Federal e afirma que as pequenas prefeituras estão sendo injustiçadas. “De onde vem esses cerca de R$ 10 bilhões gastos na Copa? Dos mesmos impostos que compõe o FPM, então o dinheiro que era nosso está

sendo investido nas cidades que sediarão jogos, e nós, os pequenos municípios, ficamos a ver navios”. E o maior dos problemas, na visão de Guilherme, é a desigualdade na relação do investimento e retorno entre os municípios, já que os que menos precisam do FPM são os que recebem os investimentos e terão lucros, enquanto aqueles que mais precisam do repasse não terão maiores benefícios e ainda são prejudicados. “Curitiba, por exemplo, o FPM não chega a 10% da arrecadação, então a diminuição dele não afeta a administração pública, até porque estão acontecendo investimentos pesados por lá e haverá um grande retorno durante a Copa. Agora, para o Norte Pioneiro não existe benefício algum, em contrapartida existe um prejuízo absurdo para nós”. CONTRASTE E se por um lado obras bilionárias são erguidas nas sedes, o Norte Pioneiro padece com graves problemas de infraestrutura. O contraste é visível e brutal. Enquanto arenas milionárias e complexos da engenharia são levantados para receber gringos e atender exigências da FIFA, o Norte Pioneiro sofre, por exemplo, com um baixo índice de rede de coleta e tratamento de esgoto, falta de hospitais qualificados e não possui um trecho de rodovia duplicado, só para citar alguns de uma grande lista de problemas. Como foi dito na primeira linha deste texto, a Copa é do mundo, mas a conta é sua. E só a conta.

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RETROSPECTIVA

Folha Extra trouxe a reportagem sobre as ruínas da fazenda Boa Vista em 29 de maio; ali tesouros históricos perecem com a força do tempo e a falta de zelo ALCEU NUNIOR - FOLHA EXTRA

Cemitério de escravos ainda recebou corpos até a década de 90, mas está completamente abandonado local. Em um canto do cemitério, os túmulos e as cruzes no chão são raros, o que de cara dá a ideia de que ali estão os primeiros enterrados e seus restos mortais já não possuem mais algo que faça os vivos saberem de suas existências. Sepulturas bem mais novas, como a de uma pessoa enterrada no cemitério em 1993 também mostram que moradores da vi-

zinhança continuaram a ser sepultados neste local com o passar das décadas. Logo aparece alguém que pode confirmar algumas das suspeitas. Alacir Xavier dos Santos tem três antepassados sepultados ali e tem a sua própria história em volta da fazenda Boa Vista. Nascido e criado nas redondezas, o trabalhador rural relembra histórias contadas pelo pai, familiares e amigos que chegaram

a conviver com escravos. Alacir conta que o casarão abandonado era a sede da fazenda onde moravam os donos das terras, e que havia uma senzala por perto já consumida pelo tempo. De acordo com ele, o cemitério foi usado até anos atrás ainda por moradores da região e, de acordo com os relatos que ouviu, os primeiros corpos foram depositados ali em 1822. “Muita coisa a gente já não sabe,

já se perdeu com o tempo. Esse casarão mesmo está abandonado tem uns 20 anos. Agora ninguém pode mexer porque foi tombado pelo Patrimônio Histórico. Lá no cemitério já não se enterra mais ninguém e acabou ficando largado também”, lamenta. O grande problema é que a cada dia que passa um pedaço da história regional desde a época da escravidão vai ruindo, junto com as já ruínas da fazenda Boa Vista.

A ponte que liga o passado ao presente Construída há quase 100 anos para levar o café produzido no Norte Pioneiro para São Paulo, é uma das quatro pontes pênsil existentes no Brasil. Matéria foi destaque da edição da Folha Extra em 16 de maio WILLIAN NUNES - FOLHA EXTRA

LUCAS ALEIXO Ribeirão Claro

Já que beleza não se põe a mesa, essa matéria deve começar com a seguinte palavra: riqueza. Dentre as usuais no vocabulário jornalístico, essas sete letras definem com precisão cirúrgica a ponte pênsil Alves de Lima, pela sua história e arquitetura. Localizada nos municípios de Ribeirão Claro e Chavantes, fazendo a ligação entre Paraná e São Paulo sobre o rio Paranapanema, a Alves de Lima é uma das quatro pontes pênsil que existem no Brasil. Com um visual ímpar e uma arquitetura capaz de encher os olhos até dos mais leigos no assunto, a ponte tem 164 metros de comprimento, sendo que deste total “apenas” 82,5 metros formam a parte suspensa e, pela sua arquitetura, é comparada à outra ponte deste estilo no sul do país – a Hercílio Luz, em Santa Catarina. Ainda na questão arquitetônica da construção, a ponte tem largura total de 4,10 e 2,88 de vão livre, está apoiada por seis pilares de concreto, suspensa e mantida por 14 cabos de aço apoiados em duas torres de concreto, com 18 metros de altura. Seguindo neste quesito, um detalhe faz da Alves de Lima única, apesar da semelhança de projetos entre ela e a ponte catarinense: nenhuma das outras três pontes pênsil em território brasileiro possui laterais e piso de madeira, sendo essa uma característica exclusiva da ligação entre Ribeirão Claro e Chavantes. Agora, apesar de toda riqueza

Ponte Pênsil Alves de Lima impressiona pela beleza e história arquitetônica da ponte, nada se compara à história – infelizmente pouco difundida na região – que a Alves de Lima possui e faz dela possivelmente o maior ponto turístico do Norte Pioneiro no que diz respeito à importância histórica e cultural. O começo de tudo remete ao início do século passado, quando se iniciou um estudo para a construção de uma ponte sobre o rio Paranapanema com o objetivo de substituir o primitivo e perigoso transporte via balsa. A reivindicação de autoridades, moradores, especialmente fazendeiros, locais foi atendida e no fim de 1920 foi inaugurada com o nome de ponte Esperança, com recursos dos governos e municípios, além da iniciativa do fazendeiro Manoel Antonio Alves Lima (que posteriormente acabou homenageado dando o nome à obra que idealizou e ajudou a concretizar). A alegria dos moradores da região, porém, durou pouquíssimo. Quatro após a inauguração, durante a Revolta Tenentista, os revoltosos paulistas atearam fogo na ponte tentando impedir

ou ao menos retardar a perseguição das tropas legalistas. Em 1928 novamente a ponte é completamente reformada, e mais uma vez só dura por quatro anos, já que durante a Revolução Constitucionalista de 1932 as tropas leais a Getúlio Vargas a dinamitaram no intuito de retardar os avanços das tropas paulistas. Quase como uma Copa do Mundo, os acontecimentos que afetavam a ponte continuavam a acontecer de quatro em quatro anos, e em 1936 a ponte é reconstruída mais uma vez – agora para durar por mais de 50 anos. Em 1983 a ponte pênsil é destruída pela terceira vez em sua história, porém a “vilã” da vez não são mãos humanas, e sim a natureza. Uma das maiores enchentes já registradas na região deixou praticamente toda Alves de Lima submersa, causando grandes danos e precisando ser reconstruída novamente dois anos depois. Ainda no ano de 1985 a ponte é tombada pela primeira vez, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Artístico de São Paulo (Conde-

phaat). Em 2001 é a vez do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico do Paraná considerar o local como patrimônio tombado. Os anos seguintes, contudo, não foram dos mais gloriosos para a Alves de Lima. Sem manutenção adequada e alvo constante de vândalos, a ponte foi se deteriorando gradativamente até chegar ao ponto de não ser mais possível o trânsito sobre ela, culminando com a interdição em 2006. Na mesma época uma ponte de concreto foi construída paralela à ponte pênsil, tomando para si a responsabilidade de levar os veículos de um estado a outro, e fazendo com que a Alves de Lima ficasse completamente esquecida por alguns anos. Felizmente o grupo responsável pelas hidrelétricas na extensão do rio Paranapanema era incumbido, como forma de “pagamento” pelo uso do rio, a restaurar a ponte, o que teve início em 2009 e a conclusão em 2011. Atualmente é proibido o tráfego de automóveis de qualquer espécie por sobre a ponte, sendo a circulação restrita a pedestres.


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RETROSPECTIVA

Soterramento mata dois em Wenceslau Braz Laje no fosso de um silo desabou e tirou a vida de dois operários que trabalhavam exatamente na manutenção do local, em 11 de abril WILLIAN NUNES - FOLHA EXTRA

LUCAS ALEIXO Wenceslau Braz

Paulo Henrique de Gouveia, 18 anos, morador de Wenceslau Braz, e Vilmar Vilela, 49 anos, morador de Assis, faziam a manutenção de um fosso ao lado de um silo na Aprocer (Associação dos Produtores de Cereais), localizada no Distrito Industrial de Wenceslau Braz, na manhã de 11 de abril quando a laje que estava sobre eles não resistiu a um deslizamento de terra e acabou cedendo, matando assim os dois operários. O resgate dos corpos foi feito pelos Bombeiros Comunitários de Siqueira Campos e durou cerca de cinco horas. Pelo menos outros seis operários estavam na obra na hora do

Laje de um fosso desabou sobre dois operários acidente, porém nenhum deles ficou ferido. Após os corpos serem encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) de Jacarezinho foi constatada a morte de ambos por asfixia.

As duas vítimas eram contratadas pela empreiteira e não tinham qualquer espécie de vínculo com a Aprocer, já que a associação terceirizou a realização das obras para a Rio-Sul. Após laudos e investigações, o

caso foi sempre tratado pela polícia como homicídio culposo (quando não há culpa no autor do crime). Por fim o funcionário da empreiteira que era o responsável pela obra acabou indiciado pelas mortes.

Milhares vão às ruas para protestar no Norte Pioneiro Protestos que tomaram o Brasil em junho também chegaram à região LUCAS ALEIXO

Em junho milhares de pessoas saíram às ruas de diversos municípios do Norte Pioneiro com o objetivo de protestar, seguindo o fenômeno social que tem atingido o país inteiro. Na região, em praticamente todas as cidades houve algum tipo de mobilização popular, seja em solidariedade às causas nacionais, seja por reivindicações próprias, seja por ambos os motivos.

O fato é que, em sua maioria composto por jovens, os movimentos ganharam as ruas e tiveram uma participação popular inimaginável até alguns meses atrás. Nas reivindicações, algumas até meio confusas, pode-se notar dezenas de anseios antigos que a população guardava por anos, porém agora foi exteriorizado. Nas duas principais cidades da região, Jacarezinho e Santo Antonio da Platina, o que se viu foram grupos com uma boa quantidade de pessoas indo às ruas fazendo diversas reivindicações. Já nos outros municípios, embora com uma adesão consideravelmente

menor, os protestos não deixaram de acontecer e também ganharam as ruas com cobranças e pedidos direcionados às autoridades nas esferas municipal, estadual e nacional. A sério de protestos regionais teve início 20 de junho, em Santo Antonio da Platina, onde aproximadamente duas mil pessoas saíram às ruas do centro da cidade, no protesto melhor organizado e executado da região. No dia seguinte foi a vez das ruas do centro de Jacarezinho serem o local da mobilização. Ali, cerca de 500 pessoas se mobilizaram por causas nacionais, mas também dando foco a questões

municipais – como pedágio que abrange as BRs 369 e 153, além de diversas reclamações a respeito da administração municipal local. Joaquim Távora e Siqueira Campos, também dia 21, tiveram pequenos grupos de protestantes circulando por ruas dos municípios. No dia 22 foi a vez de Ibaiti ter seu momento de ver jovens mobilizados. Já Wenceslau Braz, entre os “protestos menores”, por assim dizer, foi o município que provavelmente teve o maior número de participantes, já que conseguiu quase uma centena de pessoas fazendo reivindicações dia 22.

Fraudes no INSS de Jaguariaíva podem existir há anos Benefícios eram concedidos mediante ao pagamento de propinas; valor das fraudes é milionário e uma ação da Polícia Federal, em junho, desarticulou a quadrilha responsável LUCAS ALEIXO - FOLHA EXTRA

LUCAS ALEIXO Jaguariaíva O esquema milionário responsável por um rombo de milhões aos cofres do INSS que foi desmontado por uma operação da Polícia Federal em Jaguariaíva e Arapoti em junho pode existir há anos. As investigações aconteciam desde 2010 e, de acordo com informações obtidas pela equipe de reportagem da Folha Extra, os indícios de fraudes poderiam existir já em datas bem anteriores ao início das investigações, tendo em vista que pelo menos desde 2008 existem reclamações referentes a este assunto. Em toda a região é possível ouvir dezenas de relatos de pessoas que julgam não terem recebido o tratamento adequado, sendo negado o pedido de benefícios, como aposentadorias por invalidez e o recebimento do auxíliodoença, para trabalhadores sem condições de saúde ideais de continuar na ativa – exatamente os dois benefícios alvo de inves-

INSS de Jaguariaíva era o palco de fraudes milionárias tigação. Os médicos suspeitos realizavam as perícias não só em Jaguariaíva, mas em outras cidades das redondezas, como Arapoti e Wenceslau Braz, por exemplo. Sete pessoas suspeitas de fraudar a Previdência Social foram indiciadas pela Polícia Federal tanto em Jaguariaíva quanto em Arapoti. Dois médicos-peritos do INSS, dois advogados e outros três intermediários são suspeitos de montar um esquema fraudulento. A ação recebeu o nome de

Operação Consórcio. De acordo com a Polícia Federal, os valores pagos pelos segurados para poder receber os benefícios chegariam a até R$ 5 mil. De início foram identificados por volta de 700 benefícios com indícios de irregularidades, mas o número pode ser maior. O prejuízo estimado é de R$ 7,2 milhões. O INSS vai revisar os benefícios identificados e, caso as fraudes sejam comprovadas, os segurados deverão devolver os valores

recebidos indevidamente. Até onde se sabe, os intermediários ofereciam o esquema e levavam os interessados até os advogados. Depois, os segurados eram encaminhados para os médicos, que na condição de peritos do INSS, concediam os benefícios por incapacidade. Quem não aceitava as condições ilegais não eram periciados de forma correta e precisavam entrar na Justiça para conseguir os benefícios.

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“Pensei que fosse morrer”, diz sobrevivente de tornado Cobrador de ônibus atingido por tornado que devastou Taquarituba (SP), em setembro, relata momentos de terror LUCAS ALEIXO - FOLHA EXTRA

LUCAS ALEIXO Wenceslau Braz

Anderson Aparecido Bueno, de 19 anos e morador de Wenceslau Braz, era cobrador do ônibus da Transfronteira que fazia a linha entre Itaí (SP) e Wenceslau Braz na tarde de 22 de setembro, um domingo fatídico. Ele relata os momentos de terror que viveu quando o ônibus, que naquele momento trafegava pela SP-255, perímetro urbano de Taquarituba (SP), ficou na rota do tornado. De acordo com Anderson, no momento havia cerca de 15 passageiros no veículo e nenhum deles ficou gravemente ferido. Sorte essa que não teve o motorista do ônibus, Jamil Francisco da Silva, de 54 anos, que morreu na hora. “Ficou tudo branco e o ônibus começou a balançar e balançar cada vez mais. Estava tremendo, parecia um terremoto. Aí o ônibus começou a virar no ar e os vidros estouravam. Ele deve ter dado umas três voltas no ar, foi parar uns 20 metros de onde estava estacionado. Minha única reação foi abaixar e me segurar para não sair voando pelo pára-brisa”, detalha o cobrador. Nesses poucos segundos, Anderson conta que temia por sua vida e pensava em sua filha, de apenas um mês. “Pensei que fosse morrer. Só quem passa por uma situação dessas sabe como é. Não achava que fosse sair vivo. Ficava lembrando do rosto da minha filha e pensando se eu morreria antes de fazer 19

anos”, conta ele, que completou 19 anos no dia seguinte após o susto. “Não consigo me lembrar de como saí do ônibus, mas sei que vi o motorista e naquela hora já percebi que ele estava morto. Andei até uma construção ali do lado e fiquei escondido. Estava com medo e não conseguia pensar direito, fiquei um bom tempo na construção. Tive medo de voltar e encontrar todos os passageiros mortos. Quando finalmente tive coragem de sair, a primeira coisa que eu vi foi uma mulher toda ensangüentada, então voltei para a construção. Só saí de lá acho que na terceira vez que a ambulância voltou para socorrer a gente, e aí fui levado para o hospital”, detalha o cobrador, que ainda diz ter demorado para acreditar que estava mesmo vivo e cita o fato de que a força do vento levou sua gravata, seus sapatos e seu celular. “Minha gravata sumiu, simplesmente desapareceu na hora da ventania. Fiquei sem sapatos e meu celular também desapareceu”.

Ex-marido faz mulher, filho e familiares reféns Joelson Ferreira levou momentos de terror a uma família, no mês de janeiro, em Joaquim Távora ALCEU JUNIOR

Quatro pessoas foram feitas reféns em uma residência no centro da cidade de Joaquim Távora, no Norte Pioneiro, em 11 de janeiro. Vindo de táxi da capital, Joelson Ferreira, de 28 anos, já tem passagem pela polícia com a acusação de agressão contra a mulher. Ele estava com uma pistola calibre 380, um revólver calibre 38 e uma suposta bomba, instalada dentro do encanamento da casa. De acordo com as informações dadas por parentes dos reféns o homem teria vindo em busca do filho de quatro anos, Nicolas Emanoel Soares Ferreira, fruto de seu relacionamento com a vítima. Transtornado com o posicionamento de sua ex-mulher, em não deixá-lo levar o filho, fez refém todos que estavam dentro da casa, incluindo a mãe, irmã e outras duas filhas que a vítima teve em outro

casamento. Mobilizados, policiais de toda a região e equipesespecializadas da capital, COEe BOPE (Comando de Operações Especiais) cercaram os quarteirões de acesso à residência e mantiveram negociações com o rapaz, que segundo os policiais, possuía ainda além de pistola, dinamites próximas as vítimas. Cerca de 40 homens trabalharam na operação. Após as 13h a negociação fez com que uma das filhas da vítima, fosse liberada. Julia Stephani Soares Miranda, de 13 anos foi solta pelo sequetrador e imediatamente encaminhada ao atendimento móvel, organizado pelo Corpo de Bombeiros próximo ao local, que fica a 50 metros da rodovia PR-092, próximo ao Auto Posto Mazotti. Depois de muitas negociações e 31 horas de sequestro, Joelson finalmente libertou a ex-mulher, a última pessoa a estar sob sua mira.


S E X T A - F E I R A , 2 7 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 3 - E D. 1 0 7 1

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RETROSPECTIVA

Um século de história e beleza

ALCEU JUNIOR - FOLHA EXTRA

Em fevereiro a Folha Extra publicou a premiada reportagem sobre o Parque Ecológico da Mina Velha, em Ibaiti LUCAS ALEIXO Ibaiti

Como escrever uma matéria de um lugar que é indescritível? O “drama” vivido pela equipe de reportagem da Folha Extra é proporcional ao tamanho das belezas naturais e da importância histórica que o Parque Ecológico da Mina Velha, em Ibaiti possui. Localizado há menos de 1km do centro da cidade, o parque conta com uma beleza exuberante. Os túneis que há mais de 100 anos começaram a desbravar o subsolo do município em busca de carvão convivem com uma paisagem natural capaz de encantar qualquer um. Logo na entrada do parque a impressão é de que o lugar vai apresentar cenários que raramente são encontrados – o que de fato deixa de ser uma mera impressão para se tornar realidade em pouquíssimo tempo. Uma antiga chaminé, de quando o local ainda vivia da mineração, dá o primeiro tom da vasta

combinação de beleza e história que se encontra por ali. Conforme os lances de escada começam a ficar cansativos, a paisagem em volta vai ficando cada vez mais atraente. As pedras rodeiam o caminho e o inconfundível barulho de uma cachoeira fica nítido. Logo se chega aos túneis da antiga mina de carvão. O espaço que outrora era tomado por mineradores agora fica restrito a morcegos (que fazem questão de aparecer e dar as boas vindas aos visitantes), além das aranhas. E a “cereja do bolo” fica exatamente em um desses túneis. A passagem que leva a outras galerias subterrâneas passa por detrás de uma cachoeira e tem abertura que proporciona aos visitantes uma visão ímpar, por poder de ver as águas caindo bem a sua frente. Simplesmente indescritível. Para finalizar o cenário digno de filmes (especialmente os do Indiana Jones), mais um lance de degraus leva os visitantes até o pé da cachoeira, onde mais uma vez a paisagem impressio-

Mineiro mostra em detalhes os antigos túneis de carvão, que hoje se tornaram ponto turístico na tanto pela beleza quanto pela grandeza. Lamentavelmente, em alguns pontos do parque é possível notar a ação de vândalos e da falta de manutenção do local. Para resolver esse problema, o secretário de Agricultura, Pecuária, Meio Ambiente e Turismo de Ibaiti, Luiz Celso Gonçalves, tenta promover grandes modificações e tem planos ambiciosos para que o parque se torne um ponto turístico de reconhecimento nacional. “Infelizmente isso aqui passou um tempo sem o cuidado ideal. Agora fechamos para a visitação e vamos arrumar

muitas coisas, queremos que isso seja um ponto turístico conhecido no Paraná e até no Brasil inteiro”, projeta. “É difícil encontrar na região um lugar tão bonito quanto esse”. HISTÓRIA Impossível falar da história do parque sem citar Osmar Antônio Leite, o Mineiro, que trabalhou no local por décadas. De acordo com ele, a exploração de carvão teve início em torno de 1909 e durou até a década de 40. Após isso, o local viveu anos no ostracismo, até que em 1985 uma lei municipal criou o Parque Ecoló-

EM SETEMBRO

Folha Extra é eleita melhor jornal do interior do Paraná LUCAS ALEIXO Cornélio Procópio

A Folha Extra foi a vencedora do Troféu Araucária 2013, principal premiação de jornalismo do Paraná. O resultado foi a soma de pontos conquistados em 18 categorias que premiavam os cinco melhores trabalhos em cada quesito de jornais impressos e revistas do interior do todo Paraná. A premiação aconteceu no último sábado 21 de setembro, no

Aguativa Resort, em Cornélio Procópio, e reuniu representantes de dezenas de jornais e revistas do interior do Estado, com todas as regiões tendo algum representante. A Folha Extra teve seis de seus trabalhos enviados julgados por uma banca de professores da Unicentro como os melhores em suas categorias: melhor capa, melhor fotografia, melhor reportagem livre, melhor série de reportagens, melhor editorial e melhor campanha publicitária institucional.

Além disso, mais dois segundos lugares, três terceiros lugares, três quartos lugares e dois segundos lugares fizeram da Folha Extra ter a maior pontuação do evento, ao lado da Folha de Irati. No quesito Comunicação Cidadã, onde seriam premiadas as melhores séries de reportagens, a conquista do Troféu Araucária começou a se desenhar, com a série “Meu Voto, Meu Futuro” ficando em segundo lugar e a série “O Interior do Norte Pioneiro”, que detalhou

em várias edições o cotidiano de bairros e distritos da micro região, sendo premiada com a primeira colocação. Na vez das capas dos jornais terem o seu julgamento divulgado surgiu outra primeira colocação para a Folha Extra, com a capa da edição 1001, do dia 23 de agosto, que trazia como manchete a matéria sobre os índios de Tomazina, parte integrante da série “O Interior do Norte Pioneiro”. Na categoria Fotografia, uma das mais concorridas, nova-

gico da Mina Velha, sendo um dos únicos a proporcionar tamanhas belezas. Agora, um projeto da atual administração pretende transformar o local no único parque estadual do Norte Pioneiro, podendo introduzir a Mina Velha no principal cenário turístico nacional. E Mineiro mostra conhecimento de cada detalhe do lugar, desde árvores até os acontecimentos históricos. Em meio a tanto conhecimento sobra espaço para planos e projeções. “Quero ver esse lugar bem cuidado, recebendo turistas de todos os lugares, como acontecia antigamen-

mente grande expectativa. E para alegria da equipe do jornal ali presente, a fotografia “Cultura Abandonada”, retratando o descaso com a Casa da Cultura de Siqueira Campos, que teve sua construção abandonada há 10 anos, foi a vencedora. Depois a vez da categoria Reportagem Livre, outra com quase 30 concorrentes, a trazer as cinco escolhidas pelos jurados. E aí a Folha Extra reinou absoluta. “A ponte que liga o passado ao presente”, a respeito da Ponte Pênsil Alves de Lima, em Ribeirão Claro, ficou na quarta colocação, seguida pela reportagem “Cemitério de Escravos: dois séculos de história”, que trouxe a história de um cemitério de escravos abandonado na zona rural de Arapoti, na terceira posição. E na primeira colocação a reportagem “Mina

te. Já chegamos a receber um ônibus com estudantes de Macaé/RJ para fazer estudo daqui”, relembra. Um livro ata guardado pelo zelador traz registro de visitantes da Nova Zelândia. Após a visita fica a certeza que o Parque Ecológico da Mina Velha é uma prova viva de que a mão humana, história e natureza podem conviver em perfeita harmonia. E mais que isso, proporcionar ambientes que mesclem tudo isso e se tornem capazes de se tornar ícones, seja no quesito histórico, ambiental ou turístico. Ou em tudo isso ao mesmo tempo.

Velha, um século de história e beleza”, sobre o Parque Estadual da Mina Velha, em Ibaiti, finalizando a categoria com três reportagens da Folha Extra eleita entre as cinco melhores do interior do Paraná. No quesito Editorial o texto “Hipocrisia, requisito para país de primeiro mundo”, tecendo críticas à saúde no Brasil e fazendo comparações com a saúde de outros países também rendeu um primeiro lugar ao jornal. Para finalizar a premiação foi a vez da categoria “Campanha Publicitária Institucional”, onde mais uma vez a Folha Extra ficou na primeira colocação, com a campanha “Visite, Conheça, Ajude – Lar São Vicente de Paula”, fazendo menção ao Asilo São Vicente de Paula, em Wenceslau Braz.


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