EDITORIAL Consciência espírita - cristã Quem foi mais cristão que o próprio Cristo? Quem o seguiu com mais ardor que o apóstolo Paulo? Quem lhe foi mais fiel que Allan Kardec? Quem, por via mediúnica, o explicou melhor que Emmanuel? Jesus não hesitou, na sua serenidade celestial, em censurar o mercantilismo da fé e a hipocrisia religiosa de seu tempo, cunhando as expressões “raça de víboras”, “sepulcros caiados”, “salteadores de viúva”, “cegos que conduzem cegos”... Paulo, sempre sincero, condenava publicamente tudo que colidia com a “sã doutrina”. Allan Kardec, nas dezenas de números da Revista Espírita, jamais deixou alguém sem resposta, defendeu a pureza doutrinária e a tudo abordava com textos lúcidos e contundentes, sem deixar de ser ético. Emmanuel, pelas mãos abençoadas de Chico Xavier, clareou nossos raciocínios, desfilando os erros de ontem para que não os repitamos hoje. Seria uma heresia de extremo mau gosto chamá-los de maledicentes ou perturbados. Não há como negar que eles são as âncoras mais seguras para a nau vacilante dos interesses espirituais da humanidade. Pensar diferente é decretar a própria insensibilidade diante dos fatos. Por isso, não é lícito conviver com a filosofia do “lobo travestido de ovelha”, aceitando a permissividade de conceitos e de práticas, sem dar-lhe o “bom combate”. O que dizer do profissional da saúde que, por falsa piedade, prefere ver o doente morrer, a ter que aplicar o amargo, mas salvador remédio? Adotar a postura do silêncio e da omissão, como símbolos de humildade e de respeito, é faltar com a caridade cristã do esclarecimento. O espírita que diz “não me comprometa” ou que aceita posicionar-se neutro, quando deveria “confessar o Senhor diante dos homens”, faz-se confuso e não merecerá a confiança dos benfeitores divinos. Erra, ao julgar que defender os postulados doutrinários é ferir interesses alheios e faltar com a caridade. Estamos no mundo a soldo de que interesse? O da redenção humana, ou da conveniência pessoal? Com qual caridade estamos comprometidos? Com a que educa ou com a que se omite? Jesus afirmou que só a verdade liberta. Paulo exemplificou. Allan Kardec a transformou em fé racional. Emmanuel fez dela incomparável semeadura. Por que fugir dos abençoados atritos que produzem luz confortadora? Para viver nas sombras? Humildade e equilíbrio, indispensáveis à nossa crença, estão muito mais no trabalho sacrificial, na consciência espírita-cristã, do que no jogo discutível das aparências. Foi por essa razão que o Senhor foi taxativo: “o teu sim, seja sim e o teu não, seja não”. 1
A OBRA DO SÉCULO Ante a enxurrada de livros ditos “psicografados”, em que quase todos pecam pela pobreza literária e baixo teor doutrinário, as consideradas clássicas e básicas, como as de Allan Kardec e as complementares trazidas por Chico Xavier, vão paulatina e perigosamente perdendo importância. Por isso, foi com agradável surpresa que encontramos na “Revista Internacional de Espiritismo”, ano LXXV, n.º 1, a lúcida entrevista de Richard Simonetti que coloca a série André Luiz/Chico Xavier como a “OBRA DO SÉCULO”, vindo ao encontro dos destaques que a nossa revista “O ESPÍRITA” vem dando em suas últimas edições à mesma série. Vale reler trechos da entrevista concedida: - Vivemos o último ano do século XX. Desde o exercício passado são listados acontecimentos e personalidades que se destacaram. Qual seria, na sua opinião, o livro espírita mais importante dos últimos cem anos? Eu elegeria não um livro, mas um conjunto deles, envolvendo o trabalho maravilhoso do Espírito André Luiz, na série que começa com “Nosso Lar” e completa-se com “Evolução em Dois Mundos”. Temos nesses livros uma gloriosa visão do mundo espiritual, como jamais foi oferecida ao homem. - Há quem situe a obra de André Luiz como uma nova revelação, um passo adiante na história do Espiritismo. Seria isso? É, sem dúvida, um passo adiante, mas não uma nova revelação. André Luiz simplesmente desdobra, desenvolve o conhecimento veiculado nas obras de Kardec. O que na codificação está sintetizado, em André Luiz aparece ampliado. - O que você destacaria na coleção André Luiz? Há tantos aspectos importantes que seria complicado enumerá-los. Um destaque fundamental: ressumbra na obra de André Luiz a presença de Deus no Universo, impondo a justiça mas sustentando o amor e a misericórdia, a nos oferecer infinitas oportunidades de reabilitação e reajuste, quando nos transviamos. - É surpreendente observar o clima de serenidade e paz vigente em “Nosso Lar”, sob império dos valores evangélicos que parecem orientar a cidade. Chegaremos um dia a esse estágio na Terra? Sim, quando o egoísmo deixar de ser o móvel das ações humanas. Os cidadãos de Nosso Lar, sem exceção, trabalham em benefício da coletividade, no empenho de servir. Numa sociedade onde todos se unem em favor do bem comum, instalase o Reino de Deus. Vejo-a nas universidades, quando os doutos e os sábios despirem a arrogância; vejo-a nos templos e nas igrejas, quando os religiosos renunciarem às fantasias. Reconhecendo as realidades espirituais e o intercâmbio com o além, todos terão muito a aprender com esse maravilhoso compêndio de sabedoria que Deus nos concedeu para acelerar nossa jornada, rumo ao infinito. 2
FIDELIDADE
a Jesus e a Kardec Elias Barbosa, em seu livro “No Mundo de Chico Xavier”, 5.ª edição, Instituto de Difusão Espírita, página 69, fez a seguinte pergunta ao Chico: - Emmanuel já fez para você alguma referência especial sobre Allan Kardec? - Lembro-me de que, num dos primeiros contatos comigo, me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.
Chico Xavier - Desenho
Chico Xavier responde
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Pergunta: Chico, em algumas reuniões identificamos discussões estéreis em torno de opiniões particulares e pontos de vista exclusivistas de determinados médiuns, que os conduzem, muitas vezes, ao afastamento do serviço, carregando no coração mágoas e desapontamentos com a direção das reuniões e dos centros espíritas. Como devemos agir diante dos que se afastam das tarefas? Resposta: O quadro de nossas responsabilidades diante da mensagem cristã do “amai-vos uns aos outros” é tão vasto; os serviços ainda incompletos e as tarefas por realizar em nome do amor ao próximo se desdobram com tanta intensidade que, sinceramente, cabe-nos a solução de aproveitar o tempo disponível às nossas limitadas possibilidades, trabalhando e servindo sem cessar em nome do bem geral. Não podemos nos dar ao luxo de correr atrás daqueles que abandonam o serviço espiritual, a pretexto de lhes oferecer explicações e homenagens. Isto porque nossas obrigações aí estão, exigindo-nos tempo e dedicação, e não podemos perder tempo. Se fulano ou sicrano considerou por bem abandonar as próprias obrigações espirituais, por este ou aquele melindre, que podemos nós fazer? Entreguemolo, pela oração, à bênção misericordiosa de Deus, o Pai amoroso de todos nós, e, por nossa vez, perseveremos no trabalho do bem até o fim. Extraído do “O Espírita Mineiro”, pág. 8, periódico da União Espírita Mineira.
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Bezerra de Menezes
Pensamentos doutrinários II A partir de 1886, Bezerra de Menezes, ainda encarnado, publicou artigos espíritas em O PAÍS que, à época, era o jornal mais importante da nação brasileira, dirigido pelo combativo político republicano Quintino Bocaiúva. A compilação desses artigos foi feita pelo ex-deputado federal e espírita convicto Freitas Nobre. A revista O ESPÍRITA prossegue publicando resumos desses textos ricos e oportunos.
Pai e Criador. Os espíritos são criados com iguais disposições para o alto destino, que foi marcado a todos, mas a liberdade de cultivar aquelas condições, não sendo exercida com o mesmo esforço e pelo mesmo modo por todos, é o fator dessa desigualdade que notamos. Deus entregou ao homem seu próprio destino, com os mesmos meios de alcançá-lo, com a plena liberdade de empregar esses meios. Se uns usam bem a liberdade, e outros usam mal, de quem a culpa? A lei da preexistência tudo Pela lei espírita da explica preexistência e vidas múltiplas, os samoiedas e os hotentotes são Se Deus cria para cada corpo, espíritos em princípio de sua que se gera, o espírito que o tem de evolução, ou que se atrasaram por animar, isto é, se o homem só mau uso de sua liberdade, mas que, tem uma vida para sendo como todos desenvolver sua perperfectíveis, marfectibilidade, Deus charão progressivanão é justo, dando mente para o destino capacidades desiguais humano: a perfeição aos homens, de quem pela ciência e pela exige o mesmo travirtude. balho. E os caucasianos, Isto é odioso e que ostentam suas blasfemo, mas isto é excelentes disposições, dedução rigorosa da são espíritos que já se doutrina da vida adiantaram em passaúnica. das existências: mas Admite, por que já foram tão hipótese, a doutrina atrasados e incapazes da preexistência ou como o samoieda e o das vidas múltiplas, hotentote. Bezerra de Menezes pela qual os espíritos, Deus, pois, deu a que constituem a humanidade todos os seus filhos, como um pai terrestre, já viveram provas em terrestre, os mesmos meios de passadas existências, e vereis como progredirem: digamos, o mesmo a diversidade para o bem e para o mestre e os mesmos livros, e se uns saber, que manifestam os homens, se esforçam mais do que outros, não exalta em vez de acusar a justiça do é porque tinham sua preferência, e 4
se uns desprezam aqueles meios ou os empregam frouxamente, não é por efeito de sua exclusão. Os grandes sábios, como os grandes santos, não o são por graça especial do Criador, mas por obra de seu próprio esforço. Platão, Sócrates, Laplace, Newton não receberam do Criador inteligência mais perfeita do que os pobres, que ainda não têm capacidade para encarar a ciência. Santo Agostinho, São Paulo, Elias, Jeremias não tiveram do Criador o dom da virtude, mas a conquistaram, como todos podem e hão de conquistar, no desenvolvimento da sua perfectibilidade, através dos séculos, e mediante mais longa ou mais curta enfiada de vidas corporais. Com a lei da preexistência tudo se explica, as dificuldades, que eram impossíveis de serem
resolvidas pela doutrina da vida única, caem por terra, e a luz se faz, porque vê-se claramente que a justiça de Deus é igual para todos, desde que se compreende que em sua origem essas grandes almas, que nos aparecem e nos parecem tão privilegiadas, não receberam do Criador mais do que qualquer outra, mas que é do uso que fizeram dos dons, que o Criador repartiu por todos, que resultou-lhes alcançar graças, segundo a palavra do Senhor: “ao que mais tiver, mais se dará, e esse viverá na abundância”. Mais clara prova da pluralidade de existências nos dá a Escritura nestas palavras do Senhor a Jeremias: “Eu já te conhecia antes de te haver gerado no ventre de tua mãe”. A Escritura, pois, atesta a verdade da Doutrina Espírita, assente na pluralidade de existências.
O PREÇO DO MAL O Rei Carlos IX ouvindo naquela mesma noite e por todo o dia seguinte a narrativa das atrocidades praticadas com velhos, mulheres e crianças, chamou de parte o mestre Ambroise Paré, seu médico assistente – a quem muito prezava, posto professe outra religião – e disse: “Não sei o que comigo se está passando nestes dois dias, mas a verdade é que me sinto muito abalado, de corpo e alma, e que, dormindo ou acordado, tenho diante de mim essas criaturas mutiladas, semblantes horrendos, mascarados de ódio e sangue! Oh! Eu quisera que em tudo isso não entrassem os inconscientes e os inocentes!” Tudo faz crer ali estivessem, em torno do sanguinário rei, espíritos a clamar vingança. Gabriel Delanne “A Evolução Anímica” - Edição FEB 5
Evangelho
Jorge Hessen - DF
Instrumento sublime para vencer as trevas Em face da ausência de maior vigília para a prática cristã que venha nortear nossas ações e reações, permanecemos num patamar inferior de angústias. Há um esforço cada vez mais intenso dos obsessores, para manter a vida na Terra em seu primarismo instintivo e as nossas tendências funcionando como antenas receptoras mentais para as vis conexões com as suas artimanhas. É bom que se diga que essa conjugação também se dá ao nível de encarnados para encarnados e destes para desencarnados. No que reporta aos problemas de influenciações espirituais, Allan Kardec interroga os mentores espirituais: “Influem os espíritos nos nossos pensamentos e ações?”. Os veneráveis benfeitores elucidam que “(...) sua influência é maior do que pensais, pois muitas vezes são eles que vos dirigem”1. A propósito, lembremos que o alcoolismo, o uso de drogas, os desvios sexuais, o tabagismo, criam condicionamentos ao encarnado e atingem também o desencarnado que vêse atormentado por irresistível desejo. Na impossibilidade de satisfazerem-se no plano espiritual, os viciados do além procuram os viciados encarnados para manterem um processo de simbiose psíquica. Por isso, não é raro o viciado sentir-se nervoso, descontrolado, por passar algum tempo sem realizar seu desejo. Normalmente, isso é sintoma da influência dos obsessores, que lhe cobram a satisfação de suas necessidades. Sabemos que os algozes reagentes do plano extrafísico (desencarnados) são os mesmos encarnados de outrora que, por má vontade, permanecem imantados aos planos da materialidade, do sensualismo, da violência e que se agarrando, fortemente ao campo físico não desgrudam dos encarnados que com eles se afinizam. Portanto, por insinceridade, em nosso tênue esforço para a reforma moral, obstamos as relações equilibradas e equilibrantes conosco e com o próximo. Toda nossa desarmonia leva 6
a desenvolver sintonias viciosas com outras mentes doentias, sejam de desencarnados ou encarnados, o que aguça sobremaneira nosso próprio desarranjo interior, resultando daí as ingentes dificuldades para nos libertar das algemas em que nos aguilhoamos ante as garras do mal. Urge ponderar que, na medida que a idéia negativa é facilitada, os espíritos vão dominando nossa personalidade, exercendo influência cada vez mais consistente. As motivações deliberadas para agirmos em padrões de inferioridade moral sofrem potencialização impressionante, pois os obsessores atuam, emitindo forças mentais quais dardos venenosos que nos destroem aos poucos. Porém, não podemos esquecer que a obsessão é um importante fator que amplia os impulsos que nos são próprios, onde infere-se que a obsessão é apenas uma questão de afinidade moral. “Cada um de nós forma sua atmosfera moral, dentro da qual somente podem penetrar espíritos da nossa natureza, que são os únicos que a podem respirar.”2. A obsessão configura-se toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exerça sobre outrem constrição mental negativa por qualquer motivo, através de simples sugestão, indução ou coação, objetivando domínio. A rigor “a obsessão ocorre porque os seres humanos ainda carregam em suas almas uma taxa mais elevada de sombras que de luz”3. Evidentemente que a peça mais importante para a vitória sobre as trevas está reservada ao obsidiado. A terapêutica doutrinária é a do convite para auto-análise sincera, para destruir em definitivo as tendências negativas, numa estóica busca do Evangelho como alavanca de legítima libertação. 1 “O Livro dos Espíritos”. Allan Kardec. Questão n.º 459 Ed. FEB. 2 “A loucura sob Novo Prisma”. Bezerra de Menezes – pág. 158. 3 “Obsessão e Desobsessão”. Suely Caldas Shubert – pág. 31.
“Depois de minha desencarnação, é possível que apareça muita gente recebendo mensagens atribuídas a mim; digo-lhes que não é minha intenção parar de trabalhar, mas, se puder, como o pessoal costuma dizer, gostaria de ‘dar um tempo’ com a caneta e com o papel...” Francisco Cândido Xavier Do livro “O Evangelho de Chico Xavier”
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Fátuos discípulos Rogério Coelho - MG
“E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim, não poderá ser meu discípulo.” Jesus (Lc 14:27)
Amélia Rodrigues
“Há falsos mestres e fátuos discípulos” esclarece Amélia Rodrigues no livro “Há Flores no Caminho”, da lavra mediúnica de Divaldo Pereira Franco. Porém, o candidato a discípulo fiel do Mestre dos mestres não poderá tergiversar: uma vez com a mão na charrua nunca olhará para trás. Certa feita a mãe dos filhos de Zebedeu quis que seus dois filhos assentassem um à direita e outro à esquerda de Jesus no “trono da glória celestial”. Poderiam aqueles fátuos discípulos sorver o cálice para alcançar tais culminâncias? Quem anseia pelo reconhecimento e facilidades nas leiras de trabalho com o Cristo jamais poderá ser Seu discípulo. Os verdadeiros seguidores das luminosas diretrizes, quando na vivência dos ideais de enobrecimento, não descoroçoam ante a incompreensão nem se entristecem com a indiferença dos da própria grei. Antes, alegram-se com tais vicissitudes tão abundantes nos áridos caminhos da evolução, identificando nelas apenas teste para medir-lhes a robustez da fé. Entendemos com Amélia Rodrigues que “o melhor ensino faz-se pelo conhecimento e mediante a vivência; a melhor aprendizagem pelo estudo e através do exercício”. Assim, o seguidor do Cristo deverá transferir o discurso teórico das verdades celestiais para o curso da prática cotidiana, levando sua cruz, renunciando-se a si mesmo e seguindo – impertérrito – as luminescentes pegadas do Zagal Celeste, transformando-se em “carta-viva” de Seus ensinamentos onde quer que vá. 8
Divaldo Franco responde (Extraído do número 77, jul/set - 92, de O ESPÍRITA)
Pergunta: A cobrança de taxas em eventos essencialmente espíritas não estaria incorrendo nos mesmos e seculares erros de religiões, que cobram todo serviço que prestam à comunidade? Onde fica o “dai de graça o que de graça recebestes”? Não seria a elitização da cultura doutrinária?
Resposta: É lentamente que os vícios penetram nos organismos individuais e coletivos da sociedade. A cobrança desta e daquela natureza, repetindo velhos erros das religiões ortodoxas do passado, caracteriza ambição injustificável, induzindo-nos a erros que se podem agravar e de futura difícil erradicação. Temos responsabilidades com a casa espírita, deveres para com ela, para com o próximo e entre esses deveres o da divulgação ressalta como uma das mais belas expressões da caridade que podemos fazer ao Espiritismo, conforme conceitua Emmanuel, através da mediunidade abençoada de Chico Xavier. Nos eventos esssencialmente espíritas, deveremos nós, os militantes da doutrina, assumir as responsabilidades, evitando criar constrangimentos naqueles que, de uma maneira ou de outra, necessitem beneficiar-se para, em assimilando a doutrina, libertarem-se do jugo da paixões, encontrando a verdade. O dar de graça conforme nos chega é determinação evangélica que não pode ser esquecida e qualquer tentativa de elitização da cultura doutrinária, em detrimento da generalização do ensino a todas as criaturas, é um desvio intolerável em nosso comportamento espírita. 9
ORAR POR QUEM? Celso Martins - RJ
Vieram indagar-me se eu orava. Respondi que outra coisa não faço desde que me entendo por gente, principalmente depois de ter lido esta frase (que já coloquei no livrinho POR UM MUNDO MELHOR - Ed. Edicel) de um pastor protestante norte-americano: Devemos orar como se tudo dependesse (e depende mesmo) de Deus. Mas também trabalhar como se tudo dependesse (e depende de igual modo também) de nós próprios. Mas quem viera com esta pergunta, saiu-se com outra pergunta: - Para que é que você ora? Expliquei, já sabendo que estava naquela fase da escola quando havia exame oral em dezembro para passar (ou não) de série. Oro, oro agradecendo a Deus por me ter criado; por me ter oferecido a presente existência; por ter dado a mim o pai que tenho ainda, a mãezinha que já se foi de volta para o grande além; por ter dado a mim excelentes professores, estudiosos alunos, prestimosos colegas; por ter dado a mim a irmã, a quem alfabetizei e, além disso, o sogro que me foi mais que pai; a sogra que a mim chamava de “o filho homem que Deus lhe deu”, pois que só tenho uma cunhada. Sim, agradeço a Deus os leitores que me lêem, mandam-me cartas, pelos que lêem e passam adiante lendo coisas melhores, é claro! Agradeço aos redatores dos jornais por onde escrevo. E parei por aí. Escondi o petitório enorme que faço também ao Criador! - Em favor de quem você ora? Informei sem nenhuma mania de grandeza: Oro por quem sofre e por quem faz alguém sofrer, pois este último é mais merecedor de preces. Oro pelo que sofre no hospital onde aquele doente está sendo atendido. Oro pelos que morrem nas guerras, todas elas de origem econômica, todas sem exceção, ainda que se digam religiosas. Mas oro muito mais pelos que promovem as guerras para manter uma vasta indústria de armamentos, de última tecnologia às vezes, dando emprego a muitos cientistas e a muitos rapazes e moças. Oro pelo que mata para ganhar dinheiro ou para roubar petróleo. Oro pelo que assalta para fazer o tráfico das drogas ou assalta por maldade mesmo no coração, podendo, se for o caso, ao menos furtar sem ferir. Há uma diferença entre furtar (uma coisa) e roubar (ameaçando alguém). Oro pelas mãos piedosas de um coveiro que, um dia, irá com mais dois ou três colegas, debaixo do sol ou da chuva, colocar os meus despojos debaixo da terra para as minhocas me roerem os magros ossinhos. Terminei dizendo que também oro a Deus agradecendo-lhe as maravilhas que existem desde os átomos até as luzes de milhões de galáxias. 10
Emmanuel Presença de
TODOS NÓS Da beneficência somos todos necessitados. Os mais fortes requisitam apoio, a fim de que se lhes acentue a resistência. Os mais fracos esperam auxílio para que não desfaleçam. Os mais cultos precisam de esclarecimento, de modo que a vaidade não lhes ensombre a cabeça. Os ignorantes solicitam o amparo de quem lhes ministre a instrução. Os doentes aguardam a enfermagem de quem os medique. Os sãos reclamam o concurso de quem lhes recorde o cuidado preciso para que não adoeçam. A solidariedade é lei da vida. Por isso mesmo, a nosso ver, a caridade não é somente uma virtude simples, mas também uma instituição universal. 11
Siameses
Conselho Editorial
A origem do nome vem do velho reino de Sião, atualmente Tailândia, dada a imensa repercussão mundial do caso Chang e Eng, lá nascidos em 1811. O termo técnico é “xifópago”, que quer dizer “ligados pelo externo”. Antes, eram raríssimos os casos. Agora, em cada oitenta mil partos surge um caso de xifopagia. Comprovou-se não haver nenhuma relação com condição sócio-econômica, climática, alimentícia e mesmo genética. Nascem geralmente ligados pelo tórax ou pelo abdômen, mas pode acontecer que nasçam ligados por outras partes do corpo, como o caso raro das irmãs Rosa e Josepha Blazek que vieram ao mundo presas pela coluna vertebral e pela pelve, em formato extremamente constrangedor. Superaram as limitações, tornaram-se violinistas na Boêmia, atual República Tcheca. O que mais emocionou o mundo, foi a situação das gêmeas norte-americanas Abigail e Brittany Hensel, que vivem numa pacata cidade do Meio-Oeste dos Estados Unidos. Têm, hoje, aproximadamente vinte anos de idade. Possuem duas cabeças, dois pescoços, dois corações, dois estômagos e duas colunas. Abaixo da cintura tudo é comum. Vivem sorrindo, amam-se, estudam e praticam esporte. “Separar-nos? Os gêmeos Chang e Eng, em foto tirada pou- Jamais. Nós gostamos de ser juntas”, co antes da morte de ambos em 1874. Vive- dizem ambas. ram 63 anos e eram amigos. A revista LIFE, uma das mais lidas do mundo, publicou ampla reportagem sobre as duas, como modelos de resignação e amor à vida. O programa de TV, dirigido por Oprah Winfrey, de maior audiência nos EUA, foi retransmitido para dezenas de países, inclusive no Brasil, pela extinta TV Manchete, mostrando a imensa felicidade das duas, que trans12
formaram seus dramas em exemplo de vida construtiva. Em 1993, foi realizada a primeira intervenção cirúrgica com sucesso absoluto, separando os siameses chilenos Marcelo Antônio e José Patrício. Esses fatos ajuAbigail e Brittany, com pouco mais de 3 aninhos. Filhas de pais amoro- daram a mudar a sos e dedicados. fisionomia dos absurdos preconceitos em torno dos(as) irmãos(ãs) xifópagos(as) que, ao longo dos séculos, por absoluta deformação da cultura religiosa que predominou até os meados do século XX, eram execrados, olhados com admiração negativa, como se fossem seres abomináveis. A ignorância e o fanatismo da Idade Média produziram os mais hediondos espetáculos, em vários países da Europa, sacrificando-os ao nascer, por serem tidos como obra do “maligno”. Os conquistadores espanhóis encontraram, na América Central e Caribe, indígenas que, em suas tribos, tinham rituais que levavam à fogueira esses siameses. Gravuras encontradas na Índia do século XVI mostram que a tortura, o sacrifício e o assassinato desses seres eram práticas comuns em quase todo o mundo. Coube à Doutrina Espírita a projeção da luz indispensável sobre os fenômenos da natureza humana, até então incompreensíveis, para entendermos que a xifopagia está sob o controle das leis divinas que permitem o reajustamento de espíritos culpados por meio de dolorosas expiações. No capítulo V, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que trata das causas atuais das aflições, Allan Kardec foi taxativo: “promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida”. Portanto, ante a certeza da absoluta justiça de Deus, só podemos 13
admitir que há uma causa e que foi numa vida anterior. A reencarnação seria então o “elo perdido” pela ignorância da humanidade e que agora “achado” pela Doutrina Espírita dá lógica Gravura hindu aos fatos, tornando mostrando a coerente o fenômetortura de no dos siameses, adultos que se ligam por siameses. amor ou por ódio, mas sempre tendo por base erros graves cometidos por ambos. A xifopagia é um choque cármico para o retorno do equilíbrio espiritual. O futuro os aguarda com acenos de liberdade, pois, como sabemos,
“Deus corrige os que ama”.
O filme “LUTERO” Poucas vezes a cinematografia foi tão fiel aos fatos históricos como no filme “Lutero”. Artistas excelentes, cenários perfeitos, diálogos inteligentes e construtivos refletem a grandiosa vida desse missionário, cujas idéias Emmanuel classificou como “uma nova luz, propagando-se com a rapidez de um incêndio”, em “A Caminho da Luz”, cap. XXI. O grande reformista Martinho Lutero (1483-1546), com sua impressionante coragem espiritual, revoltou-se contra a Igreja Católica, à qual pertencia. Combateu a venda de indulgências, as missas, o uso do latim, os dogmas, os rituais, os ícones (santos), o celibato e outros procedimentos que desfiguravam a beleza originária do Evangelho do Cristo. Tudo isso está rica e fielmente mostrado no filme que já saiu do circuito nacional de cinemas mas está à disposição nas locadoras em todo o País. 14
Frases que merecem MEDITAÇÃO
(Extraídas da obra “Missionários da Luz”, de autoria de André Luiz e psicografia de Chico Xavier.) “O Espiritismo Cristão é a revivescência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, e a mediunidade constitui um de seus fundamentos vivos.” “O lar não é somente a moradia dos corpos, mas, acima de tudo, a residência das almas.” “A moléstia intransigente enfraquece os instintos mais baixos, atenua as labaredas mais vivas das paixões inferiores, desanimaliza a alma, abrindo-lhe, em torno, interstícios abençoados por onde penetra a luz infinita.”
a produzir maravilhosamente no solo da terra.” “Ninguém trai a vontade de Deus, nos processos evolutivos, sem grandes tarefas de reparação.” “Sexo, na existência humana, pode ser um dos instrumentos do amor, sem que o amor seja o sexo.” “Por vezes, para preservar convenientemente a saúde, é preciso conhecer as enfermidades; para cultivar o bem, é necessário não ignorar a existência do mal.”
“No campo vibratório da mente humana, sente-se ainda o veneno das víboras ingratas, o instinto dos lobos ... , as ciladas das raposas, o impulso sanguinário dos tigres vorazes, a vaidade e o orgulho dos leões.”
“O homem que apregoa o bem deve praticá-lo se não deseja que as suas palavras sejam carregadas pelo vento, como simples eco dum tambor vazio.”
“As sementes depositadas nos sarcófagos egípcios, há alguns milhares de anos, estão começando
“Um dia compreenderá o homem a importância do pensamento.” 15
“Cada um será julgado segundo as suas obras” (Apocalipse 20:12-13)
Na figura de Elias, mesmo falando em nome de Deus, ele cometeu alguns excessos e violências em sua época. Enfrentou a Rainha Jezebel, tendo-a vencido, matando os sacerdotes e suprimindo o culto ao deus Baal. Como João Batista, ele é morto por maquinação também de uma rainha. JOÃO 3:2 a 12 “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo. Se o homem não renascer da água e do Espírito, não pode ver o Reino de Deus. O Espírito sopra onde quer, e ouvis sua voz, mas não sabeis de onde ele vem e para onde ele vai.” Se o espírito fosse criado na hora da concepção, saberíamos de onde ele veio. Então ele já existia antes. O significado da palavra água no texto: O renascimento de “água” e “do espírito” é nada mais do que a retomada da experiência física, cuja constituição do corpo é eminentemente líquida (aproximadamente 70%). Portanto, o renascimento da água é reencarnar e o renascer de espírito é evoluir, progredir moralmente. 2 REIS 1:8 Elias vestia-se com uma roupa de pêlos e um cinto de couro.
MATEUS 3:4 Usava, João, vestes de pêlos de camelo e um cinto de couro. LUCAS 9:18 “...Quem dizem as multidões que sou eu? Responderam eles: João Batista, mas outros, Elias e ainda outros dizem que ressurgiu um dos antigos profetas.” Como poderia um antigo profeta, falecido há séculos, voltar à uma vida na Terra, senão por meio da reencarnação? PAULO I Cor. 15:16 “Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer.” Não existe planta sem a morte da semente. Não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma. Não existe borboleta sem a morte da lagarta. Isso é óbvio. A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo. É a fronteira entre o passado e o futuro. Se o espírito renasce, é porque ainda não se libertou do pecado. Ao se libertar do pecado, portanto, ele não volta mais a encarnar, a não ser por sua livre vontade, com o objetivo de fazer alguma coisa boa para a humanidade.
Wilson Reis Barbosa - DF 16
Curiosidades
doutrinárias 1) Na obra “Devassando o Invisível”, psicografada por Yvonne Amaral Pereira, editada pela FEB em 1962, encontramos o relato de que Bezerra de Menezes, em 1915, através do médium Silvestre Lobato, antecipou a invenção do rádio e da televisão. O “médico dos pobres” foi mais longe e afirmou que a TV permitiria ao homem captar imagens do mundo espiritual. À época, a mensagem foi tida por mentirosa e o médium se viu em apuros. Tudo está narrado no seu capítulo 8, item 1. Em 1964, dois anos depois da edição do livro, surgia no mundo a psicotrônica, ou a comunicação por meio da TV, rádio, gravadores e computadores, com vozes e imagens de seres desencarnados. 2) Frederico Figner foi um dos mais lúcidos e combativos espíritas do Brasil, no início do século XX. Nascido em 2 de dezembro de 1866, na antiga Tcheco-Eslováquia, emigrou para os EUA com apenas 16 anos. Peregrinou pelo México, América Central e América do Sul, fixando-se no Brasil. Em 1897, casa-se com Esther de Freitas Reys. Trouxe as invenções de Thomas Edson para a nossa Terra. Fundou a “Casa Edson”, no centro do Rio de Janeiro, à rua do Ouvidor. Criou a primeira gravadora do país e lançou os primeiros sucessos e cantores da então capital federal, como Noel Rosa. Desencarnou em 1946, aos 80 anos. Chegou a ser vice presidente da FEB e notabilizou-se pelo espírito de caridade, ajudando necessitados de todas as religiões. Viriato Correia, um dos maiores escritores brasileiros e membro da Academia Brasileira de Letras, dele disse: “Quem com ele tivesse meia hora de
Frederico Figner, autor da obra “Voltei”.
conversa, quem durante um dia observasse os seus atos, nunca mais o esqueceria”. Dois anos depois, em 1948, pela psicografia de Chico Xavier, ele nos daria um dos mais belos livros da literatura espírita: “Voltei” que assina com o pseudônimo de Irmão Jacob. 3) A epidemia da “influenza”, chamada de gripe espanhola em apenas 4 dias matou 8.000 pessoas em São Paulo, inclusive o presidente Rodrigues Alves. Essa mesma gripe tirou a vida de Eurípedes Barsanulfo, que desencarnou em 1.º de novembro de 1918. O apóstolo de Sacramento – MG tinha apenas 38 anos e foi contagiado pelos doentes que socorria diariamente, esquecido de si próprio. 4) Equipe de cientistas da Universidade de Illinois concluiu que não existe um “gene gay”. O homossexualismo não é doença, nem transmissível. Confirmando o que diz a Doutrina Espírita que explica o fato pela inversão da polaridade psicológica, ou seja: espírito masculino reencarnado em corpo feminino e viceversa. A sexualidade está na mente e não no corpo. A informação está na revista “Época”, 7/2/2005. 17
As ondas gigantes
Conselho Editorial
Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas falam-nos do “princípio das dores” e da “grande tribulação” que tratam das advertências do Cristo para a nossa época. A dimensão dos fatos que ocorrerão escapa à nossa capacidade de compreensão. No entanto, há uma frase do Senhor que nos deixa chocados: “Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados”. Cientistas de todo o mundo não escondem mais a certeza de que algo de extraordinariamente doloroso, para a sociedade humana, está para acontecer. As tsunamis, de 26 de dezembro de 2004, atingiram 15 países da Ásia e da África, mataram mais de 300.000 pessoas, deixando cerca de 1 milhão de desabrigados em poucas horas. Essas ondas gigantes são bem o reflexo dos desatinos humanos. Além das bombas das guerras mundiais, dezenas de outras, as atômicas, foram explodidas em experiências macabras. A devastação das florestas e a poluição atmosférica estão mudando rapidamente as condições climáticas. Associadas à degradação moral coletiva, completa-se o quadro desenhado profeticamente pelo Cristo. Em “Alvoradas do Reino do Senhor”, capítulo da obra “Há 2.000 Anos”, Emmanuel transcreve parte do discurso feito por Jesus aos primeiros cristãos, que desencarnaram ante a crueldade de Nero no ano 58. Assevera o Mestre: “Exausto de receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniquidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos cataclismos...”. O Cristo prossegue falando em “tempestades de lágrimas”. O “bramido do mar e das ondas”, com o exótico nome de tsunami, pode ser o início das grandes transformações que nos aguardam. Os que perseverarem até o fim, como Ele lembrou, viverão “um novo ciclo evolutivo” que “as divinas verdades do Consolador” semearão nos corações amadurecidos, “Haverá angústia entre as nações em naqueles que souberam abrir mão de perplexidade por causa do bramido do suas conveniências pessoais, de seus bens, do seu egoísmo, longe dos mar e das ondas. Homens desmaiarão preconceitos e dos grupismos, de terror pela expectativa das coisas cultivadores da sincera fraternidade. que virão sobre o mundo, porque os Os demais, os rancorosos, poderes dos céus serão abalados.” aprenderão um dia, com a própria dor, em outros planos da vida, nas Lucas 21:25 e 26 tarefas difíceis do recomeço. 18
Espíritas bolivianos
dão exemplo de consciência doutrinária Conselho Editorial
Cresce no movimento espírita brasileiro o sentimento de repúdio contra a febre da cobrança de taxas em eventos doutrinários do Espiritismo. Ótimo! Ainda é pouco. É preciso que jornais, revistas, programas de TV e rádio, de cunho espírita, ampliem suas campanhas contra o absurdo das cobranças. Segundo pesquisas recentemente feitas, que circularam por todo o nosso movimento, os espíritas são religiosos com cultura e renda “per capita” superiores às dos demais. É sempre bom lembrar, como se constata facilmente, que a maioria de nossos confrades reside em casas confortáveis, possui carros novos, viaja todos os anos, tem filhos em escolas pagas, veste-se primorosamente, dá festas abundantes com doces, salgados e bebidas... mas para os gastos com atividades religiosas costuma sair de “fininho”, falta “verba”, ou dá contribuições ínfimas, bem abaixo de suas possibilidades. A Bolívia é um dos países mais pobres do mundo. Tem 70% de sua população abaixo da linha da pobreza, o que se reflete no movimento de lá. Mesmo assim, deu-nos grandioso exemplo. Ao organizar o seu “4.º Encuentro Espírita Boliviano”, fez questão de colocar nos cartazes a frase “ENTRADA LIBRE”, como se confirma acima. Não foram poucas as despesas. O consagrado tribuno Divaldo Franco esteve presente com todos os custos
4.º Encontro Espírita Boliviano - Cartaz
cobertos pela direção do evento. Existem outras formas, além da contribuição pessoal, que seria o ideal, de se obter recursos para tais fins. Jantares, almoços, bazares, festivais de tortas e sorvetes etc. são promoções doutrinariamente aceitáveis. Não há o envolvimento de princípios e não impedem o acesso de pessoas pobres aos eventos espíritas. Chico Xavier nas obras “Encontros no Tempo”, organizado por Jarbas Leone Varanda, e “A Ponte” por Fernando Worm, chama a atenção para a elitização do movimento que vai grassando perigosamente. A fé verdadeira não abre mão da razão e também do sacrifício pessoal. É fácil custear a crença com o bolso alheio. 19
O PRAZER DE
SERVIR Toda a natureza é um anelo de “serviço”. Serve a nuvem, serve o vento, serve a chuva. Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu; Onde houver um erro para corrigir, corrige-o tu; Onde houver uma tarefa que todos recusam, aceita-a tu. Sê tu quem tira a pedra do caminho, o ódio dos corações e as dificuldades dos problemas. Há a alegria de ser sincero e de ser justo; há, porém, mais do que isso, a formosa, a imensa alegria de servir. Como seria triste o mundo se tudo estivesse feito, se não houvesse uma roseira para plantar, uma iniciativa para tomar! Não te seduzam as obras fáceis. É belo fazer tudo o que os outros se recusam a executar. Não cometas, porém, o erro de pensar que só tem merecimento executar as grande obras. Há pequenos préstimos que são bons serviços: enfeitar uma mesa, arrumar uns livros, pentear uma criança. Aquele é quem critica, este é quem destrói. Sê tu quem serve. O servir não é próprio dos seres inferiores. Deus, que nos dá o fruto e a luz, serve. Poderia chamar-se o SERVIDOR. E tem seus olhos fixos em nossas mãos e nos pergunta todos os dias: serviste hoje? A quem? À árvore, ao teu amigo, à tua mãe? Gabriela Mistral 20
Tribuna LIVRE Pergunta: O filme “Vozes do Além”, lançado em março desse ano, estrelado pelo conhecido Michael Keaton, empolgou a sociedade por trazer de volta a velha questão da imortalidade. O que há de verdadeiro nesse novo meio de comunicação espiritual?
Resposta: A transcomunicação instrumental, que quer dizer comunicação mediúnica por instumentos eletrônicos, surgiu no início da década de 60, do século passado, com a publicação do livro “Vozes do Universo”, em 1964, de autoria de Fiedrich Juergenson, sueco e produtor de filmes, com base em vozes gravadas pelos mais modernos gravadores da época. Em 1971, o engenheiro americano George Meek inicia experiências com o chamado “spiricom”, aparelho que permitiria ouvir vozes espirituais. Aproveitandose da idéia, William J. O’Neil, militar americano especializado em equipamentos eletrônicos obtém gravações de seres desencarnados. Em
O pesquisador Juergenson chegou a ser condecorado pelo Papa Paulo VI, pelos serviços prestados à humanidade com suas experiências.
“O ESPÍRITA” responde 1986, a “Parapsychology Review” afirma que o professor universitário Ken Webster estava recebendo comunicações de um espírito chamado Thomas Harden com revelações surpreendentes. Segundo consta, conforme noticiou a revista “Isto É”, nº 1599, há mais de 10.000 pesquisadores na área em todo o mundo. No Brasil já existe uma Associação Nacional de Transcomunicadores (ANT), com quase 15 anos de atividades (site: www.geocities.com/auttci). A ANT tem no seu acervo de fenômenos o caso da psicóloga paulista Zilda Monteiro, que ouviu no seu celular a voz de seu ex-marido Edson a lhe dizer, sussurrando, “eu te amo”. Muitas vezes, para se ouvir com nitidez, as vozes são gravadas de trás para a frente (vozes reversas), como os narrados pela revista “Isto É”. Recentemente lançado em português, o livro “Os Mortos nos Falam” do padre francês François Brune, causou verdadeiro espanto pela coragem das afirmações. Do ponto de vista doutrinário do Espiritismo, as comunicações transcendentais são plenamente possíveis e são mesmo desejáveis, poupando aos médiuns grande esforço, além da credibilidade que daria aos fenômenos, por serem irrefutáveis, sem os prejuízos do animismo. Com o avanço da ciência e da tecnologia, a espiritualidade está mais próxima da sociedade encarnada. Nas obras da série André Luiz/ Chico Xavier, verifica-se o uso de equipagem eletrônica avançadíssima, como é o caso do psicoscópio, que os benfeitores informam logo estará entre nós, em “Nos Domínios da Mediunidade”, no seu capítulo 2. 21
Notícias comentadas Ney Latorraca confessa Ator desde a infância. Nascido às 17h15min., do dia 25 de julho de 1944, em Santos - SP, Ney já levava jeito para a interpretação desde criança. Imitava os professores, simulava desmaios para chamar atenção e fingia receber entidades para ganhar notas maiores de um professor espírita. Revista “Contigo” - 22/4/2004
Embora o humor na declaração do artista, fica-nos a pergunta: É verdadeiramente “um professor espírita”? Um professor comprometido com a educação não daria nota imerecida. Um professor espírita, conscientemente espírita, teria percebido as encenações, sempre grosseiras. O espírita estudioso conhece bem os mecanismos da mediunidade e seus desvios como a mistificação e o animismo. Pesquisador da UnB acompanhou a saúde de 52 estudantes durante três anos. Metade foi alvo de preces feitas a distância por rezadeiras. Conclusão: o sistema imunológico desse grupo tornou-se mais resistente. “Correio Braziliense” – 24/10/2004
A afirmação foi feita pelo respeitado professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília Carlos Eduardo Tosta. Espíritas e evangélicos da Igreja Sara Nossa Terra, que atuam em hospitais como voluntários, fizeram parte da experiência. Segundo o jornalista Ulisses Campbell, da equipe do “Correio Braziliense”: “Ciência e religião estão quase namorando”, avança dizendo que duas revistas científicas internacionais estariam interessadas na publicação do trabalho. Vale lembrar o que nos diz Allan Kardec, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em seu 1.º capítulo (Aliança da Ciência e da Religião): “Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos”. Qualidade cada vez mais apreciada no mundo corporativo, a intuição é tema de Blink, livro que virou coqueluche entre os executivos americanos. Revista “Época” – 14/2/2005
As potencialidades mentais do espírito humano foram sempre desacreditadas pela viciação imposta pelas religiões dogmáticas. Agora retornam! BLINK em inglês quer dizer “clarão repentino”, “lampejo”, ou seja, uma versão moderna de intuição, inspiração como tão claramente os benfeitores espirituais responderam a Kardec em “O Livro dos Espíritos” na questão 522: “É o conselho íntimo e oculto de um espírito que vos quer bem”, e o codificador acrescenta: “Os espíritos protetores nos ajudam com seus conselhos mediante a voz da consciência que fazem ressoar em nosso íntimo”. 22
Carta ao atual e futuro ASSINANTE MANTENEDOR Querido(a) irmão(ã), A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978, jamais deixou de circular em seus 27 anos de existência. Sempre com muito sacrifício, levou para todo o Brasil a mensagem consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e a beleza propostas por nossos benfeitores sob a égide do Cristo. Em sua nova fase, tem como sociedade mantenedora o Centro Espírita Fonte de Esperança, que atua há mais de 20 anos no campo da divulgação doutrinária e da assistência social. Cabe colocar, que grande número de casas espíritas carentes, mormente no interior, onde há enorme falta de material de divulgação, está recebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamos à sua nobre consciência, que contribua anualmente com um valor sugerido de R$ 10,00 (dez reais), ou mediante colaboração espontânea acima deste valor, para que possamos custear a edição da revista, a postagem dos exemplares que serão remetidos em seu nome e a distribuição gratuita a instituições espíritas. Ao enviar sua parcela de contribuição, você estará viabilizando a continuação deste trabalho e apoiando os redatores, que lutam com denodo para manterem erguida a bandeira da Nova Fé, e que arcam com os custos desta produção, sem nada receber pelos serviços prestados. Aproveitamos a oportunidade para requerer ao antigo assinante que nos envie, obrigatoriamente, para continuar recebendo a revista, seus dados, a fim de realizar recadastramento necessário à nova fase que se inicia, evitando desperdícios, com eventuais extravios. Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendo que a luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos. Temos certeza de que o Senhor Jesus o(a) recompensará em sua misericórdia, por manter acesa a chama de nossos ideais.
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Ano XXVII
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