Revista espirita 129

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EDITORIAL

Pseudoespíritas O sábio codificador, Allan Kardec, ao elaborar a “Constituição do Espiritismo”, como consta no livro “Obras Póstumas” (foto), 2.ª parte, item 3, chamou-nos a atenção para o fato de que “não faltarão intrigantes, pseudoespíritas, que queiram elevar-se por orgulho, ambição ou cupidez; outros que propalem pretensas revelações com o auxílio dos quais procurem salientarse e fascinar as imaginações por demais crédulas”. Entre outros títulos, merecidamente dados ao organizador da mensagem consoladora do Espiritismo, podermos incluir o de profeta ou médium de premonição. Ele referia-se aos nossos dias e os fatos estão a confirmá-lo. Rapidamente, podemos enumerar alguns desses pseudoespíritas antevistos por Kardec: - Dirigentes possessivos que se apropriam das instituições. - Ex-dirigentes que fazem da intriga um instrumento de retorno ao poder. - Evangelizadores que não se evangelizam, ministrando às crianças fórmulas mágicas que não aplicam aos próprios filhos e a si mesmos. - Médiuns despreparados e arrogantes que não estudam e que querem dobrar a resistência dos obsessores com palavreados desconexos. - Médiuns e escritores que produzem livros de baixíssima qualidade doutrinária e ainda promovem noites de autógrafos, como palco de autopromoção. - Oradores exibicionistas que clonam estilos conhecidos, usurpando o direito alheio. Na tribuna, gesticulam simiescamente e se valem de anedotários sem qualquer ligação com o conteúdo da exposição. - Encarregados de grupos de estudo que não preparam os temas a serem abordados e improvisam respostas descabidas, recheando-as com opiniões pessoais. - Frequentadores que não chegaram a ler as obras básicas e tentam impor conceitos trazidos de outras crenças, quando não se fazem levianos, insistindo em rituais e encenações que maculam a simplicidade da Doutrina que dizem amar.

Continua no verso...

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Alguns outros exemplos poderiam ser dados, para se constatar a perfeição das assertivas do eminente Codificador. Esses são grandes obstáculos que os espíritas conscientes precisam combater com os meios propostos pelos benfeitores espirituais. Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Allan Kardec incluiu o capítulo XX, “Os trabalhadores da última hora” e, nele, os itens 4, “Missão dos espíritas” e 5, “Os obreiros do Senhor”. Os que prevaricam deveriam lê-los. Ficariam tomados de pavor pelas consequências de seus atos, que um dia virão. Por isso, Jesus nos advertiu sobre as regiões “de prantos e ranger de dentes”.

Não busque ser o gênio, sê o apóstolo São inteligências enciclopédicas que apenas sofrem de dispepsias e que daqui se nos afiguram como feiras de aptidões e consciências. Correm aí atrás de tudo o que signifique o seu mundaníssimo interesse e vivem segundo as oportunidades. Idiotas, abandonam a vida material como suínos. E é de se ver os esgares e trejeitos desses patifes quando acordam na vida real. Desejariam que houvesse um local isolado, circunscrito, conforme os tratos de teologia católica, onde Lúcifer com os seus sequazes lhes destilassem as gorduras envenenadas a fogo ardente. De qualquer forma, porém, temos aqui o serviço ativo de saneamento espiritual, sem infernos ou purgatórios literais. Graças a Deus. E como a vida desse mundo é repleta de coisas transitórias, esperamos que o reconheças, desempenhando todos os teus deveres cristãos. Que outros se enriqueçam e se locupletem. Procura as riquezas da alma, os tesouros psíquicos que te servirão na imortalidade. Não busques ser gênio, sê o apostolo. Eça de Queirós (foto) Psicografado por Chico Xavier, em 1933, na cidade de Pedro Leopoldo, constante na obra “Palavras do Infinito”.

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Pacto Áureo A Vitória da Fraternidade

O Pacto Áureo, considerado o mais expressivo fato histórico do movimento espírita brasileiro, em todos os tempos, completa agora, em 5 de outubro de 2009, seu sexagésimo aniversário. O documento assinado na sede da Federação Espírita Brasileira, então no Rio de Janeiro, antiga capital do País, garantiria a Unificação de todos os interesses. Muito oportunamente, a Federação Espírita do Paraná acaba de lançar a obra “Pacto Áureo – A Vitória da Fraternidade”, que faz precioso relato de todos os momentos vividos ao longo de décadas de lutas contínuas, que culminaram no sucesso desejado pela espiritualidade superior, como bem afirma o prefácio do livro: “Após os esforços de líderes notáveis, imbuídos do ideal espírita, deu-se a Vitória da Fraternidade sobre os interesses mundanos de alguns e as intenções desagregadoras de outros, prevalecendo o bom senso de todos. Pacientemente, elevados benfeitores, instruídos pela misericórdia do Cristo e pela dedicação de Ismael, orientaram as almas para a grandiosa sementeira dos grãos abençoados da fé renovadora. Havia sido dado o passo decisivo para a monumental obra da Unificação. Não podemos perder a memória dos imensos sacrifícios nas lutas travadas pelos fiéis tarefeiros do Cristo. Com indescritível lucidez e coragem moral, eles não descansaram para preservar a imponente obra da Codificação cuja finalidade maior é restaurar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo no, ainda atormentado, planeta em que vivemos.” É necessário conhecer a história de nossos antecessores nas lides espíritas, para não reincidirmos nos mesmos erros e conflitos do passado. É fundamental aprender com o registro das lutas desses luminares que não mediram esforços e dores para manter unido o movimento que representa o Consolador Prometido em nossa Nação. Maio/agosto - 2009


Bezerra de Menezes

Pensamentos Doutrinários XII Da série publicada no jornal O PAIZ, no Rio de Janeiro, a partir de 1886.

Exemplos de comunicação com os espíritos Não vão tirar daí a conclusão Max gosta de ir logo ao fundo das questões, e é por de que o imortal filósofo admitia isto que, no passado artigo, a existência dos demônios do descarnou o que dá escândalos Catolicismo. Demônio era chamado todo no Espiritismo: a sua aplicação à o espírito desencarnado. cura das moléstias. Aí temos, pois, um exemplo É preciso que se saiba, que não constitui isto o Espiritismo, da comunicação de um espírito, que sugeria ideias mas que é apenas políticas e filosófium fenômeno escas. pírita, uma conseMassilon, o granquência natural da de orador sagrado, grande lei da comudizia que suas menicação com os eslhores orações lhe píritos. eram sugeridas duE nem é esta rante o sono. Coma única, porque a preende-se que não história registra fapodia ser seu prótos que são outras Bezerra de Menezes prio espírito que lhe tantas aplicações da mesma lei a diferentes ordens sugeria aquelas notabilíssimas orações, porque se tivesse ele de concepção humana. De memória, Max citará os capacidade para tanto, tê-la-ia dormindo ou acordado. seguintes: Temos, pois, neste caso, Sócrates declarou, no livro 6.º da sua República que muitas um exemplo de comunicação ideias lhe eram inspiradas por sugerindo ideias religiosas. E isto prova que os espíritos, seu demônio familiar.

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que conosco se comunicam, não são demônios, no sentido da Igreja Romana. Voltaire, o incrédulo Voltaire, confessava que o 2.º livro da sua Henriada, sem dúvida o melhor de todo aquele poema, a juízo dos competentes, lhe fora sugerido às horas de sono.

Fôra, pois, um exemplo de comunicação de um espírito que sugeriu ideias poéticas. Nota da redação: O pseudônimo Max, citado no início deste texto, é do próprio Bezerra de Menezes.

Horóscopo nosso de cada dia

Grande parte do vício na leitura de horóscopos, na crença em mapas astrais ou na cartomancia é devida ao fracasso das religiões dogmáticas e tradicionais do mundo. Entre os espíritas pode-se afirmar com segurança que essa atitude é fruto exclusivo da ignorância sobre os postulados da Doutrina. Do ponto de vista espírita, temos de muito esclarecedor o que Emmanuel em “O Consolador”, questão 140, psicografia de Chico Xavier, editado pela FEB, afirma: “As antigas asservias astrológicas têm a sua razão de ser. O campo magnético e as conjunções dos planetas influenciam no complexo celular do homem físico, em sua formação orgânica e em seu nascimento na Terra; porém, a existência planetária é sinônimo de luta. Se as influências astrais não favorecem a determinadas criaturas, urge que estas lutem contra os elementos perturbadores, porque, acima de todas as verdades astrológicas, temos o Evangelho, e o Evangelho nos ensina que cada qual receberá por suas obras, achando-se cada homem sob as influências que merece”. Deixar a vida ser conduzida pelas mãos do interesse menos digno é ignorar a crença no Espiritismo, além de violentar o próprio livre-arbítrio. Cada um é dono de seus passos. A vontade é capaz de sobrepujar qualquer tipo de pressão externa que venha ou não dos astros. Grandes luminares da história (João Batista, Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Allan Kardec, Léon Denis etc.) adotaram procedimentos respeitáveis, deixando-se inspirar sempre, não pela Lua, ou por Júpiter, mas por Jesus, que é o maior de todos os astros. Maio/agosto - 2009


Trabalhando

os trabalhadores Joana Abranches - ES

Uma das coisas mais complexas no cotidiano de uma Casa Espírita é administrar as diferenças comportamentais entre os trabalhadores. Aqui e ali, por um motivo ou por outro, pipocam os atritos e melindres, muitas vezes encobertos pelo silêncio em nome da “caridade” mas evidentes nos olhares atravessados, nos recadinhos indiretos e, não raro, no afastamento inexplicável daquele companheiro que parecia tão entusiasmado. Quando chega a este ponto é que a guerra de persona já atingiu o seu ponto máximo. Não desanimemos. Onde há gente há problema. Graças a Deus! Porque conviver significa oportunidade ímpar de crescimento. É preciso apenas saber identificar, respeitar e integrar as diferenças, repensando o conceito ilusório de que para figurar no seleto rol dos “escolhidos”, todos têm que estar aptos e disponíveis, todo o tempo, a todo o tipo de tarefa na Casa Espírita. Esteriótipos solapam a autenticidade e favorecem a hipocrisia. Somos diferentes e isso obedece a um propósito Divino. Aquilo que é fácil para mim já não é para o outro e vice-versa. Sabemos que é a diversidade das flores que confere harmonia e beleza a um jardim, porém, tudo passa pelo paisagista, que traçou canteiros, combinou cores e formas, considerando, sobretudo, os níveis de resistência e fragilidade de cada planta para então dispor a sua localização. Também na Casa Espírita, pessoas com personalidade, maturidade e aptidões diferentes podem conviver harmonicamente em sua diversidade, mas o “paisagismo” cabe aos dirigentes. Pensemos em nossos grupos. Sempre encontraremos neles um trabalhador do tipo dinâmico e disponível, este irmão é perfeito para tarefas práticas. Mas não o chame para reuniões de planejamento porque ou não vai comparecer ou vai cochilar. Já o tipo “certinho” é racional, organizado e faz questão de tudo “preto no branco”. Quem melhor para a administração? Afinal, formalizar e controlar é com ele mesmo. Tem também o “artista”. Afeito ao lúdico, ele não dispensa a música, o teatro e outras manifestações de arte em tudo o que faz. Sua sensibilidade enche as reuniões comemorativas daquela emoção e entusiasmo tão necessários para levantar o ânimo. Ideal para trabalhar com jovens e crianças, este companheiro sacode a mesmice, motiva a equipe e estimula como ninguém a integração fraterna. Temos ainda o introspectivo, o extrovertido, o afoito, o ponderado, o questionador, o acomodado, o “modernoso”, o conservador e por aí vai. E quem de nós se aventuraria a discorrer sobre a maior ou menor importância desse ou daquele trabalhador, conforme os perfis aqui relacionados? Na verdade, todos são insubstituíveis e indispensáveis em suas peculiaridades porque - enquanto não conseguimos ser perfeitos – o segredo é nos valer das próprias imperfeições para potencializar o trabalho. Enquanto uns sonham outros ponderam, uns planejam outros concretizam, uns organizam outros adornam. E lá vamos nós, lidando com as diferenças e garantindo a continuidade da obra. Enquanto isso, vai se aprendendo a ceder, a ser voto vencido, a discordar sem “rosnar” e tantos outros exercícios de reforma íntima.

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Ninguém espere mar de rosas. Impossível não haver conflito onde existe diversidade. Aqui é aquele companheiro veterano que rejeita as sugestões dos recém-chegados porque se julga detentor de toda a experiência; ali é outro que chega querendo mudar tudo, desconsiderando aqueles que já estavam muito antes da sua chegada, construindo o que ele encontrou. Cabe às lideranças observar, intervir e pacificar, pois as relações são a viga mestra dos grupos e quando abaladas tudo vem abaixo. Uma forma eficaz de prevenir é realizar constantes avaliações das atividades. Mas avaliar não é colocar os companheiros no “paredão”. Avaliar é reunir a equipe periodicamente para analisar o que está sendo feito, em clima de fraternidade, discutindo dificuldades e possibilidades com vistas a manter ou corrigir a rota onde for preciso. Também é imprescindível repensar as decisões de cima para baixo. Não raro a diretoria decide e os demais trabalhadores executam, sem que de alguma forma tenham sido consultados enquanto elementos fundamentais para as realizações. Diante disso nos perguntamos: Quando é que nós espíritas vamos conseguir distinguir autoridade de autoritarismo? Quando é que vamos deixar de medir o valor dos companheiros pelos cargos que ocupam ou pelos títulos que ostentam? Quando é que vamos parar, enquanto dirigentes, de usar os trabalhadores por mão de obra passiva para projetos personalistas? Quando deixaremos de tomar questionamentos legítimos como “influência de obsessores”? É urgente abandonar tais heranças reacionárias e avançar para a postura ética e fraterna que se espera de uma liderança espírita. Um verdadeiro líder busca sempre o entendimento amoroso - em nível individual ou coletivo – quando os problemas surgem. Em momentos de crise não silencia, nem impõe, dialoga. Omissão por medo de provocar ruptura é um equívoco. Se não criarmos coragem de intervir junto aos conflitos, contribuiremos para que se avolumem. Quando menos se espera, lá estão eles, substituindo o saudável prazer de estar junto pela obrigação do compromisso assumido “do lado de lá”, esvaziando grupos e corações. Liderança é responsabilidade. É ter claro o papel que nos compete como mediadores e aglutinadores; como irmãos de caminhada e não como “donos das almas” ou “da causa”, porque senão, à menor contrariedade, vamos ser os primeiros a fazer as malas e sair por aí atrás do utópico grupo ideal e - o que é mais grave arrastando conosco ou deixando para trás “seguidores” divididos e desnorteados. As chances de acertar são infinitamente maiores quando nos dispomos a exercitar esse tal amor, que não é algo tão longínquo assim; que começa pela valorização dos pontos positivos do outro, em detrimento dos negativos; pelo exercício da tolerância, por reconhecer em nós muitas mazelas a serem toleradas. Se não buscarmos nutrir pelos companheiros esse amor possível, continuaremos a brincar de espírita bonzinho e, no fundo, só nos aturando, assim como qualquer profissional no seu ambiente de trabalho. Mas se existir afeto, a gente cede aqui, cede ali ou não cede - porque existem coisas que não dá para transigir - mas diz o que tem que dizer de forma firme, porém cuidadosa e assim, lembrando Jesus, vamos conversando com o nosso irmão em reservado “e se ele vos entender”- diz o Mestre - “então tereis ganho o vosso irmão”. Difícil?... Mas quem foi que disse que é fácil evoluir?... E que se evolui sem conviver? Pensemos nisto. Maio/agosto - 2009


Drogas - Panorama geral O “Relatório Mundial sobre Drogas 2009”, das Nações Unidas, apresenta um panorama sombrio e desanimador. Destaca que o crime organizado, associado ao tráfico de drogas, movimenta mais de 300 bilhões de dólares ao ano. Descreve um círculo vicioso, já conhecido, em que o lucro absurdo auferido pela comercialização ilegal das drogas cria a instabilidade social que gera o crime. Alguns dados sobre o Brasil impressionam. Segundo o Relatório, a nossa Nação possui o quarto maior número de usuários de drogas injetáveis e que, em função deste cenário, está em nono lugar entre os países com maior população infectada pelo vírus HIV (AIDS). O estudo vincula o uso dessas drogas ao crescimento de contaminados pelo HIV e revela que, no Brasil, 48% dos soropositivos são usuários de drogas injetáveis. A maconha continua sendo a droga mais consumida mundialmente e os dados a ela associados demonstram que os danos à saúde física são muito maiores do que se imaginava, destruindo algumas teses de que a “maconha não é tão prejudicial”. Neste contexto, o prefácio do Relatório condena a descriminalização das drogas, admitindo que a manutenção da sua ilicitude sustenta um mercado negro gigantesco ligado à violência e à corrupção, afirma, contudo, que a legalização, visando minimizar esta questão, seria um “erro histórico”. Acarretaria uma epidemia de drogas e não garantiria o fim de um mercado paralelo criminoso em face de um mercado controlado. Encerra registrando que as drogas representam um risco à saúde e devem permanecer sob ataque, pois a sociedade não deve optar entre priorizar a saúde ou a segurança, deve escolher ambas. Na ótica mundana, as assertivas do referido documento estão absolutamente corretas. No entanto, a Doutrina Espírita oferece elementos para entendermos que o efeito destruidor das drogas extrapola os limites da estrutura física alcançando e comprometendo o equilíbrio do perispírito. Aliadas a esta realidade, ainda temos as vinculações de entidades desencarnadas aos viciados, nos conhecidos processos obsessivos, que fomentam dramas sociais, desajustes emocionais, psicológicos e espirituais. Estas obsessões, comuns atualmente, geram uma simbiose em níveis vibratoriais onde as energias maléficas absorvidas pelo usuário da droga torna-o enfermiço, infeliz, violento, preso a interesses indignos, sem o pleno domínio das faculdades intelectivas e dos desejos. Lembramos que a dependência de drogas se inicia, em geral, pelo consumo da maconha, na maioria das vezes associada ao cigarro, desembocando nas mais pesadas (cocaína, crack, ópio, morfina, heroína, LSD, ecstasy etc.). O seu uso crescente acomete a todos, jovens, adultos e crianças, não escolhe raça, classe social ou religião. O seu poder destruidor invade lares, quebra regras e escraviza, física e espiritualmente, milhões de pessoas. O problema é complexo e exige de nós compreensão com base nos postulados espíritas, energia na dose certa e boa vontade para com nossos irmãos em queda.

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Vianna de Carvalho responde ATUALIDADE DO PENSAMENTO ESPÍRITA Médium: Divaldo Pereira Franco

Tema: Mídia Pergunta: Nos dias atuais, tem-se observado uma verdadeira

guerra comercial nos canais de TV pela penetração das religiões nas residências. A permanecer este estado de coisas, amanhã poderemos entender que haverá uma separação de veículo na mídia por produtos diferenciados, atendendo à segmentação (produtos comerciais e conteúdo programático) que as religiões estão provocando?

Resposta: Os espíritos lúcidos e os benfeitores nobres não compartem dos métodos que são apresentados nas televisões com o objetivo de levar a mensagem de vida eterna aos interessados. Não se pode divorciar a proposta das religiões da ética de apresentá-las. Somente os meios dignos podem responder pelas realizações dignificadoras. Algumas das técnicas que vêm sendo apresentadas, em determinados setores das denominadas religiões eletrônicas, ferem frontalmente a qualidade do ensino de Jesus às criaturas, que jamais se utilizou de lavagem cerebral ou de mecanismos equivalentes para atrair simpatizantes. A sua autoridade e a profundidade dos conceitos, por Ele emitidos, cativavam e despertavam para a realidade transcendente da vida. Quando faltam esses valores, apelam-se para os recursos da sugestão, do engodo, do fanatismo e da acusação em nome da Verdade. Igualmente, a utilização das propostas religiosas para a distração e venda de produtos terrenos, com a possibilidade de enriquecimento dos seus líderes agride o Evangelho, que preconiza a renúncia aos bens materiais e a superação das ambições desordenadas que a ganância desenfreada propõe. Maio/agosto - 2009


Distúrbios psicológicos Dez milhões de pessoas, em todo o mundo, consomem substâncias psicotrópicas para minimizar tensões nervosas, fobias, insônias, entre outras. Uns cem milhões usam tranquilizantes, como lexotan, lorax, anafranil, benzodiazepina, para tratamento dos sintomas psicopatológicos como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e estresse. Há momentos de inquietudes e de instabilidades emotivas nos múltiplos setores da sociedade, em que existem dezenas de milhões de pessoas com transtornos mentais, neuroses e índices acentuados de demência e vários outros transtornos psicóticos. Para a Psiquiatria, os desacertos psíquicos originam-se de fatores físicos. Já a Psicologia, especialmente a Psicanálise, considera-os reflexos de traumas adquiridos na experiência da vida, “incrustados” no inconsciente. A Neurologia aponta-os como alteração da sincronia genética, interferindo na estrutura dos neurônios. A despeito da ação efetiva dos psicofármacos, acreditamos que eles funcionam como paliativos nos momentos críticos das disfunções psíquicas, até porque, os elementos geradores dessas patologias, a rigor, não se encontram nos neurônios do cérebro, porém, na estrutura funcional do perispírito. André Luiz explica que “um lago de águas agitadas não reflete a luz da estrela que jaz no firmamento”. Pura realidade! Existem pessoas neuróticas que trabalham com tanta voracidade, aprisionadas pela ganância ao dinheiro, numa escala sem precedentes. Sem método, sem descanso e sem tempo para a família. Tais criaturas chegam ao paroxismo da deser10 Maio/agosto - 2009

Jorge Hessen - DF

tificação dos sentimentos, numa lamentável opacidade espiritual. Estarrece-nos a sofreguidão na busca do sexo em que são remetidos os escravos da luxúria nos pântanos da indigência moral. Outros se mantêm numa exagerada genuflexão, sucumbindo na afasia. Diante dos ventos das adversidades e dos apelos conflituosos, em face das competições humanas, devemos conectar o “plugue” da fraternidade, nela, desfrutarmos o prêmio de uma vida saudável. O matemático e psicólogo Pedro Uspensky sugeriu, nesse contexto, uma revisão das propostas das escolas psicológicas, da Psicologia mecanicista, da Psicologia aplicada, do Behaviorismo e das demais escolas psicológicas sedimentadas no pensamento psicoanalítico de Freud. Escudada pela retórica da mensagem da libido, deveriam essas escolas psicológicas ceder espaço à busca da psicologia do homem como um todo, sem que esse seja visto, somente, como um animal movido à sexualidade. A psicologia tradicional, com suas teses reducionistas, não pode continuar confundindo a psiquê com os atributos intelectivos, porém, deve entronizar os preceitos da Psicologia transpessoal, que explica e disseca o homem integral – a personalidade, a individualidade eterna – estuda-os numa simbiose harmônica. À Doutrina dos Espíritos está reservada a tarefa de alargar os horizontes das pesquisas psíquicas, contribuindo para a solução dos enigmas que atormentam a consciência, projetando luz nas questões desafiadoras do ser, do destino e da dor. Os processos psicopatológicos são frutos das nossas ações e decorrem da má utilização do livre-arbítrio. O Evangelho estabelece, como medida básica, a ética do amor e da caridade para a conquista da íntima harmonia psíquica.


Na sublime iniciação Presença de Emmanuel/Chico Xavier Quando Jesus nos convocou à perfeição, conhecia claramente a carga de falhas e deficiências de que estamos ainda debitados perante a contabilidade da vida. O Mestre, porém, chamava-nos ao preciso burilamento. Urge, assim, penetrar o sentido de semelhante convite, aceitando, de nossa parte, a sublime iniciação. Na subida áspera em demanda aos valores eternos, as Leis do Universo não nos reclamam qualquer ostentação de grandeza espiritual. Criaturas em laboriosa marcha na senda evolutiva, atendamos, desse modo, aos alicerces do aprendizado. Nas horas de crise, os estatutos divinos não nos rogam certidões de superioridade a raiarem pela indiferença, e sim que saibamos sofrê-las com reflexão e dignidade, assimilando os avisos da experiência. Renteando com injúrias e zombarias, as instruções do Senhor não exigem de nós a máscara da impassibilidade, e sim que as vençamos de ânimo firme, assinalando-lhes a passagem com a bênção da Emmanuel compreensão fraternal. Defrontados por tentações, a vida não espera que estejamos diante delas em regime de anestesia e sim que busquemos neutralizá-las com paciência e coragem, entesourando os ensinos de que se façam mensageiras, em nosso próprio favor. Desafiados pelas piores desilusões, não nos pedem os regulamentos da eternidade qualquer testemunho de aridez moral, e sim que diligenciemos esquecê-las sem a menor manifestação de desânimo, abraçando mais amplas demonstrações de serviço. Abstenhamo-nos de adornar a existência com expectações ilusórias. Somos criaturas humanas, a caminho da sublimação necessária, e, nessa condição, errar e corrigir-nos, para acertar sempre mais, são impositivos de nosso roteiro. Conquanto isso, porém, permaneçamos convencidos, desde hoje, de que, se, por agora, não nos é possível envergar a túnica dos anjos, podemos e devemos matricular-nos na escola dos espíritos bons. Maio/agosto - 2009 11


?

Verificação

de Conhecimentos

Doutrinários

Baseada na literatura espírita consagrada por Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joanna de Ângelis, Yvonne A. Pereira, Cairbar Schutel, Vianna de Carvalho entre outros.

Assinale a opção correta e confira o resultado na página 22: 1. Ele ficou conhecido por “Kardec brasileiro” e “médico dos pobres”. Trata-se da extraordinária figura de:

Vianna de Carvalho. Bittencourt Sampaio. Bezerra de Menezes. Eurípedes Barsanulfo.

2. O Pacto Áureo, um dos maiores acontecimentos da história do movimento espírita brasileiro, foi o acordo assinado entre a FEB e as instituições espíritas representativas dos Estados existentes na data de:

5 de outubro de 1949. 3 de outubro de 1949. 18 de abril de 1949. 31 de março de 1949.

Nasceu em 1.º de maio na cidade de Sacramento (MG) e faleceu aos 38 anos, vítima da gripe espanhola.

3. O importante acordo celebrado entre a Federação Espírita Brasileira - FEB e as instituições representativas dos Estados, denominado Pacto Áureo, teve como líderes:

Lins de Vasconcellos, Richard Simonetti e Carlos Jordão. Lins de Vasconcellos, Herculano Pires, Leopoldo Machado. Lins de Vasconcellos, Leopoldo Machado, Francisco Spinelli. Lins de Vasconcellos, Leopoldo Machado, Richard Simonetti.

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4. Em 2010, será comemorado, em todo o Brasil, o 1.º centenário do nascimento da seguinte personalidade espírita:

Bezerra de Menezes. Chico Xavier. Eurípedes Barsanulfo. Anália Franco.

5. A questão n.o 1 de “O Livro dos Espíritos”, Que é Deus?, respondida pelos espíritos colaboradores da Codificação, registra o seguinte texto:

Suprema inteligência do Universo. É o princípio de todas as coisas. É a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. É a inteligência suprema, causa primária do Universo.

6. Dois evangelistas foram influenciados diretamente pela marcante figura do apóstolo Paulo de Tarso, quais foram?

João e Mateus Lucas e Marcos

João e Marcos Lucas e Mateus

7. André Luiz revela, na obra “Nosso Lar”, uma unidade de medida para as horas de trabalho no mundo espiritual. Qual?

Bônus-espiritual Bônus-trabalho Bônus-hora Crédito espiritual

8. A obra “Ave Cristo”, romance do autor espiritual Emmanuel, narra a trajetória de uma alma iluminada que se desdobra na recuperação de um filho que repudiava o Cristianismo. Qual o nome do filho de Quinto Varro neste livro primoroso?

Opilo Corvino

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Fato extraordinário

Mateus (17: 23-26)

Antes que isso contasse, Jesus foi logo se antecipando E, dirigindo-se a Simão Pedro, Ele foi dessa maneira falando: - O que você acha, Pedro? De quem os reis devem cobrar Os impostos: dos filhos ou dos alheios? Pedro ficou um tempo a pensar

Pintura estilizada do Mestre Jesus

E em seguida respondeu - Que seria dos alheios, então. Logo, os filhos deveriam Estar isentos dessa taxação

Jesus operou alguns “milagres” Que, por suas singularidades, Parecem bastante estranhos Aos olhos da Humanidade.

Falou Jesus como a confirmar. Simão Pedro já ia concordar, Porém Jesus, enfaticamente, Disse para complementar:

Um desses notáveis prodígios Assim foi testemunhado: Estava Pedro em Cafarnaum Quando foi abordado

- Mas, para que não os escandalizemos, Vá, atire um anzol ao mar, E o primeiro peixe que você Naquele momento pescar,

Por um coletor de impostos Que lhe perguntou diretamente Se Jesus pagava os impostos Do templo habitualmente.

Tome-o e abra-lhe a boca. Uma moeda irá encontrar. Depois vá procurar o coletor E com essa moeda você pagará

Pedro respondeu que sim, Embora, segundo a história, Tenha parecido que não. Ao chegar a casa, na ocasião,

O imposto por mim e por você. Pedro foi, deveras, ao mar E tudo que Jesus lhe disse Veio, totalmente, a se realizar.

Pedro estava disposto A contar para o “Enviado” O episódio no qual Ele tinha se enredado.

Logo, Pedro pegou a moeda, Foi à procura do coletor, E, em nome dele e de Jesus, O imposto do Templo pagou.

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O grandemente pernicioso interesse pessoal Rogério Coelho - MG

“Faze o bem com alegria e, no ato de realizá-lo, fruirás a sua recompensa.” Joanna de Ângelis2

Allan Kardec incluiu no terceiro livro básico do Espiritismo, uma mensagem de um Guia protetor (Sens, 1862), que, entre outras coisas, dizia1: “Nesses, há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem, apenas para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer com desinteresse, e o bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus. Há também o orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento. Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu. Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo”. Por meio da psicografia de Divaldo Franco, afirma Joanna de Ângelis2: “O Sol aquece e mantém o Planeta sem qualquer exigência; a chuva abençoa o solo e o preserva rico, em nome do Criador, sustentando os seres e se repete em períodos ritmados, nada pedindo em troca; o ar, que é a razão da vida, existe em tão harmoniosa e equilibrada discrição, que raramente as criaturas se dão conta da sua imprescindibilidade. [...] Quando se faz algo meritório em favor do próximo, aguardando recompensa, eis que se apaga a qualidade

da ação, em favor do interesse pessoal grandemente pernicioso. A cobrança da gratidão diminui o valor da dádiva. Ajuda a todos com naturalidade, como dever que te impões, a favor de ti mesmo, e te aureolarás de paz. Se estabeleces qualquer condição para ajudar, desmereces a tua ação, empalidecendolhe o valor. Une-te ao exército anônimo dos heróis e apóstolos da bondade. Ninguém te saberá o nome, no entanto, o pensamento dos beneficiados sintonizará com a tua generosidade estabelecendo elos de ligação e segurança para a harmonia do mundo. Os que se destacam na ação comunitária e são aplaudidos, homenageados, sabem que, sem as mãos desconhecidas que os ajudaram, coisa alguma poderiam fazer. Assim, os benfeitores verdadeiros são os da retaguarda e não os que trilham nos veículos da comunicação.” Em oportuna e esclarecedora peroração, conclui a mentora amiga2: “[...] Aproveita o teu dia e vai semeando auxílios, esparzindo bondade de que esteja rica a tua vida, e provarás o licor da alegria na taça da felicidade de servir. Hospeda o teu próximo na tua generosidade sem cobrar a taxa da gratidão.”

KARDEC, Allan. “O Evangelho segundo o Espiritismo”, FEB, cap. XIII, item 19. FRANCO, Divaldo. “Episódios Diários”, pelo espírito Joanna de Ângelis, Editora LEAL, cap. 9. 1

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Frases que merecem

meditação

Extraídas da obra “E a Vida Continua...”, autoria de André Luiz e psicografia de Chico Xavier. “Quando dormimos, o veículo pesado ou corpo carnal repousa sempre, mas o comportamento do espírito difere infinitamente.” “A ciência avançará, desvendando segredos do Universo, resolvendo problemas e suscitando desafios novos à sua capacidade de investigação; no entanto, a fé sustentará o homem nas realizações e provas que é chamado a atravessar.” “Fora das constrições carnais, cada espírito se revela por si.” “Se nuvens de mágoa lhe anuviam ainda o coração, lance-as fora e sigamos para a frente, aspirando à paz.”

“Aceitemo-nos quais somos, reconheçamos o montante de nossas dívidas e coloquemos mãos fiéis no arado do serviço ao próximo, sem olhar para trás...” “Cada qual de nós é um mundo por si e, em razão disso, cada individualidade, após largar o carro físico, encontrará emoções, lugares, pessoas, afinidades e oportunidades, conforme desempenhou o ofício, ou melhor, os deveres que lhe competiam durante a existência, na Terra.” “’Todos receberemos, nas Leis da Vida, o que fizermos, pelo que fizermos, quanto fizermos e como fizermos.” “Deus nos permite abraçar, como filhos, aquelas mesmas criaturas que não soubemos amar em outras posições sentimentais!...” “No mundo espiritual, idealiza-se a correção, o reajuste, a melhoria e o polimento dessa mesma vida, no plano físico.” “Compreender é buscar a frente, auxiliar os outros será garantir-nos!” 16 Maio/agosto - 2009


Tribuna Livre Pergunta: Mediunidade e Espiritismo existem desde todos os tempos ou são assuntos diferentes? Resposta: Muitos confundem a história do Espiritismo com a história da mediunidade. Lembremos, para melhor entender, que o Espiritismo é um corpo de Doutrina nascida em 1857, estruturado por Allan Kardec, enquanto que a mediunidade é o veículo com o qual ele, o Espiritismo, se movimenta e que existe desde os primórdios da Humanidade. Insistir nessa confusão será o mesmo que afirmar que um edifício surge no exato momento em que a pedra bruta, que lhe constitui o alicerce, é gerada na intimidade do solo. Dizem, também, que o Espiritismo tem seu marco inicial em 1847, com os fenômenos de Hydesville, no Condado de Wayne, circunscrição de Arcádia, nos Estados Unidos, protagonizados pelas irmãs Fox. Ainda aí, está contraditado o verdadeiro sentido histórico de nossa Doutrina. Quando muito, esses fenômenos podem ser tidos à conta de fatos precursores que viriam ajudar, mais tarde, na formação do Espiritismo. João Batista, como consta

O ESPÍRITA responde nos Evangelhos, foi o precursor de Jesus. Preparou o caminho para o Mestre, para o Cristianismo. Daí a afirmar que ambos são o mesmo, que o precursor é o Mestre, vai uma enorme distância, uma gritante incoerência. Podemos nos situar no bom senso de Conan Doyle que admite nesses fenômenos “o ponto de partida do MODERNO ESPIRITUALISMO”. Allan Kardec, na parte introdutória de “O Livro dos Espíritos”, com muita clareza, demonstra a limitação do termo “espiritualismo” em relação ao vocábulo “Espiritismo”. Explica que a expressão Espiritismo é muito mais ampla e encerra conhecimentos mais profundos. Vale estender o raciocínio a respeito para concluirmos que espiritualismo é a crença em Deus e na sobrevivência da alma após a morte e sua continuidade, enquanto que o Espiritismo enfeixa, além desses aspectos, a certeza da comunicação com os “mortos”, a evolução espiritual, a reencarnação, a vida física e socialmente organizada nos planos espirituais à semelhança dos planos terrestres etc. Ao aceitarmos que Doutrina Espírita tenha nascido antes de 1857, teríamos que concordar, dentro dessa linha de conclusões, que o Cristianismo historicamente teve o seu advento antes de Jesus Cristo. Maio/agosto - 2009 17


Autor espiritual: Camilo1 Médium: Raul Teixeira Livro: Educação & Vivências

Homossexualidade e

educação

Conscientemente, a ninguém passará a ideia de dizer a quem quer que seja como deverá viver ou deixar de fazê-lo pelas estradas humanas, quando essas sugestões não venham solicitadas pelos honestamente interessados. Entretanto, nos dias atuais da Humanidade, não têm sido poucos os que interrogam os amigos encarnados e os desencarnados acerca da situação homossexual de grande contingente de homens e de mulheres, de jovens e de idosos, a se multiplicarem nas variadas sociedades terrenas, todos arrostando tormentos similares e distintas reações, suplicantes uns, deprimidos muitos, revoltados tantos, e entregues ao sabor dos ventos das circunstâncias um vasto número. Provenientes dos recônditos da alma, onde se alocam reminiscências de desrespeito e de crimes hediondos, cometidos contra as leis morais que são presentes nas consciências humanas, ou, por outro modo, decorrentes de processos educacionais deletérios que se apoiaram em inclinações morais deficitárias, ainda não suficientemente amadurecidas para a verdadeira liberdade, os dramas homossexuais têm lugar na intimidade das criaturas, largamente. Motivados, ainda, por terríveis programas obsessivos, que antigos inimigos desencarnados engendram por vingança ou, ainda, decorrentes de perturbações psiquiátricas não devidamente diagnosticadas, explodem quadros homossexuais, aqui e acolá. A situação vem se tornando tão comum que, ao largo do tempo, vem sendo admitida como terceiro sexo ou como opção normal daqueles que assim almejam viver. Desembocam no estuário dos conflitos da homossexualidade infindáveis gravames assinalados nos arquivos extracerebrais, provenientes de passadas reencarnações, quando o abuso do próprio corpo e dos corpos alheios, a agressão à própria constituição emocional e às constituições alheias determinaram os torturantes quadros de agora, na esfera da sexualidade. Ninguém suponha que tais conflitos não se estendam, do mesmo modo, nas esferas heterossexuais, uma vez que os espíritos que se movimentam sobre a Terra, com poucas exceções, carregam complexos problemas na área sexual, carecendo reestruturar-se, renovar-se, a fim de valorizar tão sublime fonte de estesias que a Divindade ensejou às Suas criaturas com o objetivo feliz, na cooperação junto à obra universal. O fenômeno homossexualismo, em si mesmo, impõe, aos que por ele estão assinalados, um regime de imperiosas disciplinas em sentido amplo, capazes de ensejar à alma, se atendidas, bênçãos de venturas crescentes a projetarem luzes de paz, de harmonia para o amanhã. Quem disse que será crime ou pecado que um homem a outro homem ame? Onde a condenação para o amor e o afeto entre as mulheres? 18 Maio/agosto - 2009


O amor, devidamente compreendido, é a energia que nos diviniza, é o traço que nos liga ao Criador, impulsionando-nos a espalhar a Sua vontade pelo Universo. Não cogitamos aqui desse arremedo de amor com que o vulgo resolveu apelidar as práticas carnais do sexo, mas cogitamos desse Amor que é o próprio Deus, que faz com que na sexualidade a criatura humana se torne co-criadora com o seu Criador. O drama que se instala nas vidas terrenas é que não estão aptos os indivíduos a vivenciarem o Amor que sensibiliza a alma, que imprime sentimentos de renúncias felizes, que enleva, que renova, forjando saúde e plasmando vida plena. Amar jamais será desaconselhável seja entre quem for. Não obstante, o homossexual não necessitará mergulhar nos pântanos da pederastia, tampouco os homossexuais carecerão perder-se nos viscos do lesbianismo, nas voragens da relação carnal. Se um companheiro ou uma companheira percebe em si as inclinações homossexuais, que procure identificar nisso os gritos de expiação, induzindo à educação para que a vida seja vitoriosa. O amor, o enternecimento, a prestação de serviços, a comunhão idealística, tudo isso contribuirá para a gradativa liberdade do ser. Os serviços da fraternidade junto a um lar de idosos ou de crianças, os labores desenrolados em instituições de atendimentos a enfermos gerais e a doentes terminais, serão excelentes sugestões para quem necessita aplicar as próprias energias na construção de tempos novos de esperança e de paz. Somente a partir desse esforço educativo, gradativamente alcançado, é que os velhos atormentados pela libido indisciplinada lograrão a saída gradual das frustrações e das tormentas, reconquistando a ventura de viver, olhando de frente os novos tempos de equilíbrio geral. O Espiritismo, com as suas propostas de trabalho e renovação e com a sua benfazeja fluidoterapia, associadas aos labores da desobsessão, muito pode oferecer, como luminosa contribuição aos que anseiem por revigorar-se no regime de saúde e redenção para as próprias existências. Entregar-se a práticas irresponsáveis e frustrantes não será o melhor roteiro para quem sonha com as paragens do Reino dos Céus, portas adentro de si mesmo. Ouve Jesus e busca-O, sempre, uma vez que Ele anunciou que os que O buscassem jamais seriam lançados fora.2 Se te sentes, então, sob o azorrague dessas pelejas, ouve-O e a Ele te entregues, aprendendo, amando sem cessar e trabalhando sem cansaço, enquanto, operoso e sensível, consciente e zeloso da dignidade, aguardas o dia venturoso da liberdade, resgatados os tempos de inconsciência ou de loucuras, quando poderás, por fim, rutilar como gema preciosa na coroa da vida. 1. 2.

TEIXEIRA, J. Raul, “Educação & Vivências”, espírito Camilo, Editora FRÁTER, cap. 10. João, 6:37. Maio/agosto - 2009 19


Curiosidades doutrinárias Especial Pacto Áureo - 60 anos

Segundo Juvanir Borges de Souza, que foi presidente da FEB, em artigo publicado na Revista REFORMADOR de outubro de 1997, a expressão “Pacto Áureo” é uma criação inspirada de Arthur Lins de Vasconcellos Lopes, paraibano da cidade de Teixeira que foi, em várias oportunidades, Presidente da Federação Espírita do Paraná - FEP e um dos importantes signatários do referido Pacto. O “Pacto Áureo”, que foi o acordo celebrado em 5/10/1949 entre a FEB e as instituições (Federações e Uniões) representativas dos Estados, definiu os contornos, hoje existentes, do movimento espírita em nosso Brasil, com repercursão mundial. O ilustre evento, denominado “Caravana da Fraternidade”, foi uma verdadeira saga que durou 45 dias, e exigiu muita perseverança por parte de seus abnegados membros, percorreu o Norte e o Nordeste do País dando a devida publicidade ao iluminado Pacto. A Caravana da Fraternidade partiu do Rio Grande do Sul no dia 29 de outubro de 1950, debaixo de muitas dificuldades materiais, e dissolveu-se em Minas Gerais, na sua capital Belo Horizonte, no dia 13 de dezembro de 1950. Amparados no ideal da Unifica20 Maio/agosto - 2009

ção, o Norte e o Nordeste estavam definitivamente associados ao Sul e Sudeste do Brasil. Chico Xavier, por meio da sua extraordinária mediunidade, revelou que espíritos nobres como Bezerra de Menezes, Humberto de Campos, Cairbar Shutel entre outros, acompanharam os caravaneiros da fraternidade colaborando para o efetivo êxito da luminosa missão. A formalização do Pacto fomentou as bases para a instalação de novas federações espíritas, bem como a reestruturação de federações existentes ajudando, de forma marcante, a consolidação do modelo federativo para a organização do movimento espírita brasileiro. A ata que institui o chamado “Pacto Áureo”, composta de 18 itens, registrou no seu primeiro item o seguinte texto: “Cabe aos Espíritas do Brasil porem em prática a exposição contida no livro ‘Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho’, de maneira a acelerar a marcha evolutiva do Espiritismo”. Fonte de pesquisa: “Pacto Áureo - A Vitória da Fraternidade”. Livro publicado pela Federação Espírita do Paraná - FEP, 1.a edição 2009.


Notícias comentadas Descoberto aminoácido em um cometa

Pesquisadores da Nasa encontraram glicina em amostras do cometa Wild 2 que têm sido analisadas há 3 anos e meio. As amostras haviam sido capturadas pela sonda Stardust. A glicina é um aminoácido que os organismos vivos utilizam para produzir proteínas. “Esta é a primeira vez que aminoácidos são encontrados em um cometa”, explicou Jamie Elsila, do Centro de Voo Espacial Goddard. “A descoberta de glicina em um cometa [...] reforça o argumento de que a vida no Universo pode ser comum, em vez de rara”, comemorou Carl Pilcher, diretor do Instituto de Astrobiologia da Nasa, cofinanciador da pesquisa. (G1 – Globo.com – Ciência e saúde – 17/8/2009) No livro “A Caminho da Luz”, Cap. I - A Gênese Planetária, Emmanuel, de forma poética, revela que as energias fundamentais para a criação da vida orgânica vieram do Cosmos: “Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o Representação do enimenso laboratório planetário em repouso. Daí a contro da Stardust com o cometa Wild-2 algum tempo, na crosta solidificada do Planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens”. O Espiritismo nos diz que do espaço desceu uma nuvem de forças cósmicas dando os primeiros passos para a vida organizada e a ciência, por sua vez, começa a comprovar que os gérmens da vida vieram de fora da Terra, considerando que os cometas, denominados “espermatozóides cósmicos”, são portadores desses componentes. Ainda, segundo a Astrobiologia e a Panspermia divulgada pelo físico empirista e fisiologista alemão, Hermann Ferdinand Ludwig Von Helmholtz (1821-1894), os di-animoácidos terrestres teriam sido formados em algum “berçário” do Universo, por intermédio da poeira e das radiações interestelares... A Doutrina revela com procedência, que a vida, como toda a energia, é originária do Fluido Cósmico Universal, e a vida biológica, no particular, pela variante desse fluido, o Princípio Vital. Quanto mais a ciência avança, mais se aproxima da revelação espírita. Maio/agosto - 2009 21


Tetraplégico ganha direito de morrer

Um australiano, que ficou tetraplégico depois de ser atropelado por um carro, ganhou o direito de recusar tratamento e morrer em Perth, na Austrália. A Suprema Corte do Oeste da Austrália decidiu a favor de Christian Rossiter, de 49 anos, que pediu que fosse retirado o tubo que o alimenta, hidrata e o mantém vivo na Casa de Saúde Brightwater. (Da BBC, reproduzida por O GLOBO - 14/8/2009) Tema recorrente que merece toda a atenção: abreviar a vida corporal. Na questão 944 de “O Livro dos Espíritos” foi indagado se o homem tem o direito de dispor da sua vida, e a resposta foi curta e direta: “Não; só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário importa numa transgressão desta lei.” A eutanásia é uma das formas de supostamente libertar uma pessoa de um estado de grande sofrimento, como o relato acima. Pensam assim muitas pessoas no mundo. Se os juízes e o paciente tivessem conhecimento sobre a vida espiritual, como esta é revelada pelo Espiritismo, jamais fariam tal opção porque teriam a compreensão da afronta à Lei Divina e da inutilidade do procedimento. Buscar alívio pela abreviação da vida física em sofrimento é uma quimera, pois por este caminho o sofredor somente é levado a mergulhar em muito mais sofrimento nos planos espirituais, após a desencarnação, em face da rebeldia aos códigos superiores. Paciência e resignação, fé e esclarecimento do espírito são caminhos necessários a todos aqueles em processos expiatórios. Mentalizemos sempre em favor dessas criaturas.

Respostas

Verificação de conhecimentos doutrinários - Páginas 12 e 13 Q.1 - Bezerra de Menezes. Q.2 - 5 de outubro de 1949. Q.3 - Lins de Vasconcellos, Leopoldo Machado, Francisco Spinelli. Q.4 - Chico Xavier. Q.5 - É a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Q.6 - Lucas e Marcos Q.7 - Bônus-hora Q.8 - Taciano 22 Maio/agosto - 2009


Carta ao atual e futuro ASSINANTE MANTENEDOR Querido(a) irmão(ã), A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978, jamais deixou de circular em seus 30 anos de existência. Sempre com muito sacrifício, levou para todo o Brasil a mensagem consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e a beleza propostas por nossos benfeitores sob a égide de Jesus Cristo. Cabe colocar, que muitas casas espíritas carentes, mormente no interior, onde há enorme falta de material de divulgação, estão recebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamos à sua nobre consciência, que contribua anualmente com um valor sugerido de R$ 15,00 (quinze reais), ou mediante colaboração espontânea acima deste valor, para que possamos custear as três edições da revista (abril/ agosto/dezembro), as postagens dos exemplares que serão remetidos em seu nome e a distribuição gratuita para centenas de instituições espíritas. Ao enviar sua parcela de contribuição, você estará viabilizando a continuação deste trabalho e apoiando os redatores, que lutam com denodo para manterem erguida a bandeira da Nova Fé, e que arcam com os custos desta produção, sem nada receber pelos serviços prestados. Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendo que a luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos.

Contribua com a divulgação da Doutrina Espírita. Preencha o formulário no verso. Maio/agosto - 2009 23


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