Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
M. C. Stunich Get Bent Livro 02 Série Hard Rock Roots Tradução por Anne Pimentel
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Hard Rock Roots Copyright © 2013 C. M. Stunich ~2~
Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
SINOPSE
Naomi Knox está sumida. Eu nem p*rra sei se ela está viva ou morta. O que eu sei é que ela é o ar que eu preciso respirar. Ela é minha redenção, um fogo que consome e que arde em meu sangue. E eu vou fazer de tudo para encontrá-la. Qualquer coisa. Mesmo que isso signifique o fim para mim.
***
Turner Campbell está procurando. Mas ele não tem a p*rra de ideia o que é que ele está procurando. Há escuridão ao redor e segredos suficientes para sufocar. Há anjos e há demônios. É impossível distingui-los. Luz precisa brilhar sobre a verdade, mas não há ninguém para segurar a tocha. A linha entre a vida e a morte é turva e os jogadores estão todos completamente enraizados no jogo. A pergunta é: eu ainda sou um deles?
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Eu toco na veia no meu braço direito com dois dedos e verifico o torniquete de borracha que está em volta da minha carne suada, me certificando que esteja bem apertada. Estou tentando achar um bom local para a injeção, para que eu possa tirar a seringa eu tenho que segurar entre os dentes e atirar para cima. É a única maneira que eu vou passar por isso. A única maneira do caralho. —Turner! Que diabos está acontecendo aí dentro? —Eu caio contra a parede e ignoro gritos roucos de Treyjan. Ele esteve lá fora pela maldita manhã inteira gritando o tempo todo. Eu não quero mais ouvir isso. Ele está me deixando louco. Eu puxo a seringa para fora da minha boca e deslizo a agulha na minha pele, sibilando para a corrida de dor quente e branca quando minha veia é perfurada. Pressiono o êmbolo para baixo e espero. Poucos segundos depois, eu sinto isso no fundo da minha garganta. Tem gosto de merda de vitória, como realização, como eu fosse o rei do mundo do caralho. Eu arranco a agulha sem a menor cerimônia e a lanço na lata de lixo. Ela pousa em cima de uma montanha de preservativos usados e papel de sedae isto é provavelmente insalubre como a merda, mas eu não me importo. Eu não me importo com nada agora exceto Naomi. Naomi. — Turner! Tire a porra da sua bunda daí de dentro agora. Eu rasgo o torniquete para fora do meu braço e a coloco em cima do balcão, segurando os lados da pia eu me inclino e tusso. Boa meth1 sempre faz você tossir. E isso faz você se sentir tão bem pra caralho que até mesmo um pesadelo como este começa a parecer um sonho. — Você está usando droga aí, seu filho da puta? — Trey grita e ele soa como ele estivesse prestes a estourar uma veia maldita dessa vez. Eu levanto os meus olhos para cima e olho para mim mesmo no espelho. Não é uma visão 1
Meth = metanfetamina.
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bonita. Eu pareço uma merda. Jesus Cristo. Eu estive andando assim por três dias? Meus olhos estão vermelhos e rodeados de púrpura e os meus lábios estão pálidos e rachados. Eu pareço um zumbi, merda. —Não enche a merda do saco, cadela, — Eu grito para ele, me levantando e fungando, deixando meus olhos se fecharam por mais um minuto. Pelo menos agora eu não tenho que me preocupar sobre como eu vou passar por mais um dia. As drogas vão cuidar disso para mim. Naomi. Eu chego até a porta e destranco. Trey não perde tempo e abre a porta me jogando um olhar mortal. Eu ignoro em favor de passar um delineador. Nós temos um show hoje à noite e eu quero ter uma boa aparência. Inferno, eu tenho que parecer bem ou eu não vou ser bem recebido no palco. Minha dor é privada, não é algo para sair para que todos possam ver. Eu não estou em exibição aqui. — Você tem tesão por mim ou algo assim? — Pergunto a ele, fingindo que está tudo bem, que minha vida não foi apenas de mal a pior, que a respiração só não foi aspirada da porra de meus pulmões. — Eu não posso nem cagar em paz mais? — Trey olha para o lixo, para o torniquete com sarcasmo. — Vai ficar chapado todos os dias agora? — Eu dou de ombros e olho a aplicação de preto ao redor dos meus olhos me certificando de que é grossa o suficiente para esconder os círculos. As mulheres adoram delineador em caras de qualquer maneira. Ou pelo menos as mulheres que vem aos meus shows, as únicas com os piercings no nariz e as tatuagens em seus quadris. Queria escolher uma delas hoje e foda-se a dor, mas eu não posso fazer isso com Naomi. Pela primeira vez na minha vida, eu não consigo nem imaginar transando com outra mulher. Eu olho para o teto com minhas convulsões cerebrais com falso prazer, esperança equivocada, coragem fatal. — Onde você está agora, Madre Teresa? Nós temos ficado chapados todos os dias desde que tínhamos dezesseis anos. — Eu finjo não notar que Trey está usando o boné de Travis. Ou de quem quer que seja o boné. Ainda não descobri o mistério. Parece haver uma porra de tonelada inteira deles flutuando agora e isso é meio que a menor das minhas preocupações. Naomi. — Não gosto disso, Turner. Não assim porra. O que você está fazendo? Você vai se matar. — Eu não digo ao meu melhor amigo que eu não me ~5~
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importo, que eu prefiro morrer do que viver sem Naomi Knox. Quer dizer, quão fodido é isso? O amor suga suas bolas. Todo mundo sempre age como se fosse a única coisa para a qual vale a pena viver, aquela centelha de fogo que te puxa para dentro, que acaricia o cabelo para trás e permite que você saiba que tudo vai ficar bem. Bem, agora que eu caí dentro dele, nada está bem. Nada nunca vai ficar bem. Bebi do vinho do amor e agora eu estou bêbado como merda sem um lugar para se deitar. Meu final feliz, a minha graça salvadora está morta num necrotério, em tiras e fodida, tão mutilada que eles não podem sequer identificar o maldito corpo com certeza. Oh, eles dizem que é provavelmente ela, porque se não, quer dizer, onde merda é que ela está? Onde? Onde? Onde diabos está você, Knox? Com seu cabelo muito loiro e seus óculos de sol e toda sua atitude de estar pouco se lixando. Eu deixo cair o delineador e empurro Trey fora do caminho, mal conseguindo levantar a tampa do vaso antes de eu vomitar nele. Ele me olha com um lábio enrugado, mas não diz nada, não até que eu tenha acabado e esteja abrindo a água da torneira e salpicando água no meu rosto. — Olha, cara, o que aconteceu com essas menina é fodido em todos os tipos de formas loucas, mas o que você quer fazer a respeito? Os policiais estão nisso. Eles estão no hospital. — Treyjan faz uma pausa e sopra uma rajada de ar. Seu cabelo castanho está desgrenhado e os olhos apertados, à procura de uma saída para este confronto. Ele sabe o que ele quer dizer para mim, mas ele está com medo. Ele devia estar. Eu me levanto e me aproximo dele rapidamente, parando em seu rosto, estreitando os olhos. Meu corpo está pulsando agora, e eu sinto que eu poderia cantar a partir das montanhas ou algo assim. Mas, então, eu penso nela. Naomi. Por um longo tempo eu estive brincando com fogo, ingerindo pílulas, ficando chapado, que seja, eu nunca tive um estraga prazeres como este. Eu sinto o desejo de chegar em minha boca e puxar o meu coração, arrancá-lo através da minha garganta, sangrar toda minha dor pela pia maldita. — Diga — Eu digo a Trey, cerrando os punhos, sabendo que eu poderia bater a merda fora dele se eu quisesse. E eu não vou mentir, eu meio que quero agora. — Você nem menos a conhece. — Naomi. Se você estiver querendo insultar ela, você pode também usar o nome dela. — Trey suspira e dá um passo para trás, puxando um cigarro do bolso e acendendo. Ele olha para Milo, mas nosso empresário está fora, em um outro universo, que tem a ver com hordas de repórteres e câmeras de TV e editores de revistas. Há teóricos da conspiração em abundância, ~6~
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alguns policiais, fãs enlouquecidos, vigílias à luz de velas. Nós não estamos em turnê mais, não realmente. Agora somos parte de um circo itinerante, com show de horrores. Tudo se foi em uma merda e nada mais está certo. Eu sinto que estou andando torto, como se todo o mundo estivesse inclinado e eu sou o único a tentar estar em linha reta. — Naomi era uma garota legal —, ele começa, mas eu o interrompo, me afastando e indo de volta para frente do ônibus. Ronnie, Josh e Jesse me olham com os olhos nervosos. — É — eu digo a ele, porque se eu não agarrar esse último pingo de esperança, eu vou desmoronar em pedaços. Eu retiro um cigarro e acendo. — Turner, venha aqui, porra! — Treyjan grita, ficando frustrado comigo novamente. Acho que ele está com medo de que eu vá transformar me em Ronnie, deslizar para o reino de sombras e me tornar um andarilho, falar em forma de melancolia. Mas ele não precisa se preocupar com essa porcaria. Sabendo o que sei agora sobre essa merda de amor, eu estou surpreso que Ronnie ainda está vivo. Eu não vou duraria se eu tivesse a certeza de que ela se foi. Eu só vou murcharia e desapareceria. Eu dou uma tragada e deixo minha cabeça cair para trás enquanto as ondas de fumaça saem de minhas narinas em espirais suaves. — Você teve uma longa semana com essa garota. Grande coisa. Você não está apaixonado. Pare de ser um emo cadela e supere isso. As pessoas morrem, Turner. É a porra da vida deferindo golpes. Então engula isso e supere a si mesmo. O ônibus fica em silêncio. Eu fico completamente imóvel por um longo momento. Ronnie funga. Eu acho que eles pensam que eu estou indo à merda e foda-se meu amigo, mas eu não estou. A metanfetamina está me beijando suavemente, me provocando com suas horríveis e pequenas garras, seduzindo a minha mente de dentro para fora. Em vez disso, eu sorrio. — O show deve continuar, porra —, eu digo, deixando cair o queixo para o meu peito. Eu apago meu cigarro na pia e roubo um par de óculos do meu bolso da frente. Quando a polícia me devolveu meus itens pessoais, estes estavam lá. Eu acho que eles poderiam ser de Naomi, mas eu não quero pensar nisso agora. Eu deslizo-os no meu nariz e agradeço o caralho por não receber um cartão amarelo por cotoveladas daquele policial. Algumas noites na cadeia, sem drogas, sem música, teriam me matado, me despido a alma e me drenado.
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— O quê? — Isto é de Josh. Sua voz parece estar trêmula, mas hey, ele tem bolas para sequer tentar falar comigo agora. — Eu vou cantar para Amatory Riot2, — eu digo a eles e não há nenhum suspiro coletivo ou nada, o ônibus permanece morto em silêncio. Eles acham que eu estou ficando louco. — Trey, você vai tocar guitarra. — Eu não conheço nenhuma das suas malditas canções, — ele vem até a mim, dando um passo à frente. — Turner, eles acabaram. Seu gerente está em estado crítico, sua guitarrista está morta e a vocalista sumida. Não tente salvar um navio afundado. Se preocupe com a gente, se preocupe com isso. Indecency3 precisa de você, cara. Não fode conosco. Eu reviro meus ombros, passando os dedos ao redor do pescoço da guitarra de Naomi. Não me pergunte como eu consegui isso ou por que eu tenho. Se o amor te deixa louco, então a ausência dele te leva à loucura. — Se você não me ajudar, eu vou fazer isso sozinho. — Turner... — Há um aviso na voz de Trey, mas o que é que ele vai fazer? Será que ele vai me impedir? Não penso que sim porra. Eu passo pela a porta e estendo a mão, enrolo os dedos em torno do seu punho e puxo. Luz e som explodem como fogos de artifício. As pessoas começam a gritar, câmeras começam a piscar. Ignoro tudo e saio para a briga.
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Banda em que Naomi era ou é guitarrista. Banda de Turner e os meninos.
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Confus達o. Surpresa. Dor. Estas s達o as tr棚s coisas que vieram antes da escurid達o.
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— Você tem que estar brincando comigo! — Dax gritava, girando para longe e agarrando a sua cabeça. Sua frieza espelha a minha e eu estou bem com isso. Ele acha que ama Naomi. Ótimo. Mas ele não pode. Não é verdade. Não é como eu amo. Isso é uma impossibilidade, porra. — Você quer a gente no palco? Você está louco. Completa e totalmente louco. Você não percebe o que acabou de acontecer? Estamos absolutamente e completamente ferrados. Amatory Riot acabou. América está praticamente morta. Naomi... — Dax para de falar e inclina a testa contra a parede. Rook Geary assiste com raiva, os braços cruzados sobre o peito largo. Ele não gosta de mim em seu ônibus, mas é aí que os membros remanescentes do Amatory Riot estão hospedados, assim sendo, este é o lugar onde eu tenho que estar. — Como diabos você conseguiu a guitarra dela? — A garota com o cabelo louro-preto grita. Eu ignoro a pergunta, porque eu não tenho certeza. Quando voltei da delegacia de polícia, ela estava lá, apoiada contra os armários. Imaginei que um dos meus colegas de banda a pegou para mim, mas eu nunca me preocupei em perguntar. Eu não me importo. — Você não vê que o que nós temos é ruim o suficiente? Nós não precisamos de você aqui esfregando nossos narizes nesta porcaria. — Isto vem de um dos outros caras da banda. É uma merda se eu sei qualquer um de seus nomes. Eu mantenho a minha atenção voltada para Dax. — Quando ela voltar, ela não vai querer ver sua música na merda. — Eu levanto a guitarra pelo pescoço com uma mão e seguro o meu cigarro na outra. — A porra da sua alma está envolvida em tudo em isso. Não podemos deixar ir pelo esgoto. Isso é cruel pra caralho. — Ela não está voltando, Turner. Naomi está morta. — Você não sabe isso. — Turner, qual é. — Quando Dax se vira, ele tem lágrimas nos olhos e ele não tem vergonha disso. Enquanto estou aqui em uma falsa brisa, ~ 10 ~
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sintonizado com a queima da metanfetamina em minhas veias, Dax está lá como o emo melancólico que ele é, soluçando descaradamente na frente de sua banda e tudo de Terre Haute. O que é ridículo. Melancolia é uma coisa privada. Não é algo que você apenas mostra a todo mundo. É tão desrespeitoso, eu só quero dar um soco na cara dele,porra, e nos dentes dele. Como se atreve. Como diabos ele se atreve. Eu aperto meu cigarro. — Eu sei que você e Naomi estavam se aproximando e você está chateado por causa da merda que aconteceu entre vocês, mas você tem que parar de iludir a si mesmo, cara. Vá para o palco, pegue uma garota, siga em frente. Vamos lidar com isso, ok? — Eu resisto à vontade de esmagar a guitarra contra o rosto de Dax. Isso não vai trazer o que eu quero. Isso não vai trazer de volta Naomi. — Venha ao palco comigo. A música cura, Dax. Até mesmo as mais feias almas do caralho podem curar um pouco. Cante as canções dela, mantenha ela viva. — Eu engulo profundamente e me inclino sobre as drogas como um suporte. Naomi. Eu não posso nem pensar na porra do seu nome. Está lá na minha cabeça em um ciclo contínuo. Sua voz vem uma e outra vez na minha cabeça e eu juro que quando o vento sopra, eu posso sentir seu corpo contra o meu.Eu aperto meus olhos e olho para baixo. Eu normalmente não sou tão otimista. Mas eu sempre fui teimoso. — Fodam-se os fãs, — diz Dax e eu olho para trás para ele. Ele parece histérico agora, mas eu não posso culpá-lo por isso, então eu fico ali e o deixo reclamar. Meus músculos se apertam e a raiva passeia através de mim, exigindo respeito, me pedindo para colocá-lo para baixo. Mas eu não posso. Eu não posso trazer ninguém para baixo, porque eu estou no ponto mais baixo que existe. Não há mais para onde ir. — Isso não é um circo. Nós não estamos aqui para satisfazer a sua curiosidade mórbida. Vidas foram perdidas e destruídas, Turner. Há milhares de abutres que pularam fora desse ônibus, querendo nos cortar tão profundamente e nos fazer sangrar até a morte. — Dax dá um tapa no peito duro para dar ênfase, apertando os dedos em suas luvas de caveira tão forte que a pele fica vermelha. — E você quer que a gente entre no palco e toque? Por quê? Assim, cada nota pode nos envenenar um pouco mais? Assim, a cada dedilhar de seus dedos em sua guitarra pode nos lembrar que ela se foi e nossa vida se foi e a música, — Dax ri, mas não há nenhuma alegria lá. Apenas a porra de uma dor e agonia o suficiente para afogar um exército. — A música está morta, Turner. Eu olho para cima, para os olhos cinzentos de Dax, através da onda de cabelos escuros que ele usa para se esconder como um cobertor de segurança, e eu dou a elea mais porra da pura verdade e só Deus sabe disso.
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— A música nunca morre, Dax. Ela reaviva e acalma a alma. Se você se deixar levar, você leva Naomi para baixo, mas a música vai viver. A música sempre vai viver.
A atmosfera nos bastidores é a mais enjoativa, deprimente de merda que eu já tive de assistir completamente. Mesmo no funeral de Travis eu não me sentia assim. Há essa sensação de desesperança que envenena o ar e arrasta seus dedos sujos através de sua alma. Ninguém quer ficar aqui, mas eles não têm para onde ir. A multidão está loucamente insana hoje, gritando e berrando e arranhando seu caminho para o palco, cantando perguntas que ninguém sabe a resposta. Onde está Hayden? Quem matou Naomi? O que vai acontecer com Amatory Riot? Eu mantenho a guitarra pendurada no meu ombro e espero por Terre Haute para terminar sua montagem e descer da porra do palco. Assim que eu chego lá em cima, este jogo está acabado. Eu não vou permitir que o desrespeito possa continuar. Aqueles idiotas vão curtir e calar a boca. Eles vão mostrar o seu apoio com ouvidos abertos e gritos desesperados. Eles vão ouvir e eles vão apreciar o trabalho de Naomi, ou eu vou destruir no palco com a guitarra dela. Eu vou cortá-los com este machado preto e branco, cortá-los em pedaços e jogá-los às feras. Eu termino o meu cigarro e o atiro no chão. Eu não me importo se ele queima todo o lugar até o chão. Tudo o que importa agora é deixar a voz de Naomi ser ouvida, usando a música como eu uso as drogas, como uma muleta para passar o dia, um trampolim para passar por todo o abismo negro da semana cheia de horror. Ninguém menciona que eu estou usando as mesmas roupas que eu tinha em alguns dias atrás, ou que eu feda como merda. Nem mesmo Milo. Eu nem tenho certeza de que eu sou o único. A porra da roupa de Dax também parece muito familiar. — Você não tem que fazer isso, — diz Trey para mim, mas eu o ignoro. Ele está realmente começando a me irritar. Eu costumava pensar que ele me conhecia melhor do que ninguém, mas essa merda está começando a ficar velha. Se ele não pode ver que eu tenho que fazer isso, então nós obviamente estamos ficando mais distantes do que eu jamais poderia ter imaginado. ~ 12 ~
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— Trey, vá se foder, — digo e ele suspira. — Tudo bem, o que diabos eu sei? Eu só assisti Ronnie cair em uma depressão ao longo da vida e ele nunca saiu. Falo com você para tentar te impedir de fazer o mesmo. — Eu vou ficar bem. Assim que eu encontrar Naomi. — Mesmo que ela esteja morta, eu tenho que saber com certeza. Até então, na minha cabeça, ela ainda está apenas sumida. Embora sumida é melhor do que derramamento de sangue, isso é foda para ser verdade. — Oh, Jesus Cristo, Turner. Ela está morta. — Ele assobia esta última parte para fora, baixando a voz para que ninguém mais pudesse ouvir. O tema da Naomi Knox é um maldito tabu aqui. Estão todos mais do que dispostos a ter certeza de que ela está fria no necrotério, mas também são covardes de merda para dizer isso em voz alta. Que se danem. Fodam-se todos eles. — Você ouve a multidão? — Dax pergunta, se movendo ao meu lado. Trey lança a ele um olhar desagradável que eu não sei por que. Não é como se ele fosse culpado por tudo isso. Deus ajude o filho da puta que fez isso. Se eu encontrá-lo, eu não vou estar pensando direito. Haverá sua dor e seu fim, e eu vou fazer a minha própria missão pessoal para me certificar que ele sinta os dois. — Isso é ridículo. Nós não podemos ir lá fora. Eles não estão aqui para ouvir a porra da música. Desculpe dizer isso, mas eu acho que nós estamos abandonando o barco. Eu giro para encará-lo e me levanto a altura de seu rosto, pressionando o bico da minha bota na dele. Ele não esperava por isso, então ele não dá um passo trás, ele apenas fica lá e me deixa chegar mais perto. — Vamos exigir o respeito deles e nós vamos ter. Eles vão nos dar isso ou então eles saem. Eu não vou aceitar qualquer outra coisa. Se você sair agora, você estará desistindo. Você pode estar preparado para fazer isso, mas eu não estou. Rook derruba o microfone de sua boca e faz uma pausa como se ele não tivesse certeza do que fazer. As pessoas aqui perderam suas malditas mentes. A música não é o que eles vieram fazer; drama é. Eu não faço porra de drama. Sem esperar por uma resposta do Dax, eu invado o palco com botas sujas de sangue seco, parando no centro, à espera no centro das atenções como se eu tivesse nascido para fazer esse caralho. Rook libera o microfone sem relutar. — Hey. — Uma palavra minha retumba por todo o lugar, do jeito que deve ser. Eu sempre fui responsável, desde que eu saí de casa. A minha vida ~ 13 ~
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não me deu quaisquer outras opções. Você assume o controle ou então vai ser controlado. Não é muito a porra de uma escolha. E esta é a minha turnê e é o meu maldito coração que está sangrando e meu amor que está perdido no mar. A multidão olha pra mim com a boca aberta e telefones celulares piscam, tirando fotos, gravando vídeos. Bom para eles. Eu os quero aqui para escrever esta merda nos livros de história, marcar este momento como um marco na vida. Se souber fazer, eles vão se lembrar para sempre dessa merda. Não importa se seja minhas roupas sujas suadas, ou minhas bochechas afundadas ou minhas mãos trêmulas, eu não sei, mas fico sem reação, apenas no silêncio atordoado quando eu falo minhas próximas palavras. — Calem a boca. Nós não estamos aqui para entretê-los. Estamos aqui para destroçar a vossa alma e juntá-la depois. Estamos aqui para fazer vocês se lembrarem porque é tão bom estar vivo. Estamos aqui para lembrá-los que todo o drama e as besteiras não valem à pena. Então, vocês vão calar a boca e vocês vão ouvir e se vocês não gostam disso, vocês podem sair. E se vocês ficarem, quando vocês saírem por aquela maldita porta mais tarde, vocês vão parar de fofocar e vão pensar o que querem na vida e então vão tomar medidas para conseguir isso. — Faço uma pausa e molho meus lábios enquanto o equipamento é deslocado ao meu redor, enquanto os membros do Amatory Riot saem dos bastidores, engatinham pelo chão de madeira suja e ficam com a cabeça para baixo e com os corações batendo rápido. — Eu me apaixonei por uma menina na semana passada. Eu não esperava isso, nem sabia o que estava acontecendo comigo, até que fosse tarde demais. Agora que há uma chance de que eu a perdi, eu sei que eu faria qualquer coisa para recuperá-la. — Minha mão cai para a guitarra e minha mente luta para lembrar seu ritmo, sua música, a ascensão e a queda de sua voz. Já faz um tempo desde que eu toquei, mas vou ser amaldiçoado se eu estragar tudo. Atrás de mim, Dax começa uma batida em sua bateria, enquanto que o drogado magrelo se desloca à minha direita, assumindo o controle da posição da guitarra solo, me dando tempo para entrar no ritmo. Ele só leva um segundo para entrar na música e uma vez que ele tem o controle, os parafusos do demônio hardcore em mim me deixa ir, afundando seus dentes em minhas mãos e deslizando sua língua na minha garganta. A multidão grita e se divide em pedaços antes de cair juntos em um só, eliminando o nós e eles, se tornando uma única entidade, um rosto brilhante gritando sua alegria e dor para o mundo, sabendo que ele é seguro para derramar segredos, que eles estão sendo pegos nas vertentes da nossa música. Um emaranhado de teias são tecidas quando nós desvendamos esses filhos da puta, desencadeando a nossa fúria para eles e vê-losficando empolgados dez vezes mais. ~ 14 ~
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No início, a minha voz é baixa e fraca, como se eu estivesse saindo de um coma do caralho ou algo assim. Isso não está me fodendo, nunca me fodeu. Se eu deixar o amor me fazer fraco, então eu não seria Turner porra Campbell. “Crueldade involuntária banhada em beleza canta para mim, me deixa pra baixo, e levanta-me de volta. Leva-me alto, sobe para além, e todo o tempo estou caindo. Eu estou caindo. Caindo. Caindo de tão alto que eu passo através de você, e você não, você se recusa, recusa me ver”. Eu chego a um ponto que eu sinto que talvez Naomi estivesse cantando sobre mim. Acho que muitas de suas canções são sobre mim, mas talvez eu seja apenas um pequeno cachorro arrogante.Mas eu gosto de pensar que elas são sobre mim. Todas as minhas músicas são para ela, só que eu não sabia.Eu gostaria de poder lhe dizer. Eu gostaria de ter feito um trabalho melhor ao dizer os meus sentimentos para ela. Jesus, eu não sei o que eu esperava, mas não foi isso. Não era o sangue ou as ambulâncias ou o desconhecido. Eu sinto salta da porra daquela garota. Quando você tentou me capturar, era tudo uma mentira. Quando você tentou me acalmar, você só me fez chorar. Porque eu estou caindo. Caindo. Caindo para dentro de você. E eu estou sangrando. Sangrando. Porque você me cortou. Meu coração está dolorido. Meus olhos varrem a multidão e eu vejo sorrisos, lágrimas, testas franzidas. Eu passo por cima de todos eles, tentando lembrar que era para têla no palco ao lado de mim. Pode ter sido apenas alguns dias atrás, mas o fosso entre aquela época e agora é tão grande que faz parecer anos. Eu sinto meu corpo respondendo aos pensamentos, às memórias e eu acabo com o mais impróprio, furioso, pau fodendo duro. Mas eu não vou pedir desculpas por isso. É só o meu pau reagindo ao que o meu coração já sabe. A multidão ama a merda fora de mim por isso. ―E eu não posso continuar‖. E então, enquanto eu estou olhando a multidão, enquanto estou fingindo que esta coisa de chamar e responder não está acontecendo entre eu e aquela garota com cabelo de duas cores, que é Naomi quem está me respondendo, vejo a menina descalça. ―Minha vida‖. Ela está em pé na parte de trás, a única pessoa que ainda está parada, a única cujo corpo não está pulsando com a música. Ela não se perdeu no meio da multidão. Ela ainda está sozinha e ela está olhando diretamente para mim, porra. O próprio Diabo iria chorar se a menina olhasse para ele do jeito ~ 15 ~
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que ela está olhando para mim. Eu quase engasgo com minhas próximas palavras. Meus dedos se atrapalham um pouco. Eu sou um perfeccionista desgraçado no coração. Não posso deixar isso. Eu não vou. ―Está tudo acabado. Eu não posso respirar". Eu me sinto que a garota está tentando me pegar com seu olhar, tentando me avisar com aqueles olhos azuis loucos que nadam como o mar. Eu quero parar de jogar ali mesmo, chamá-la para fora, ter a multidão para trazendo ela para mim, jogá-la aos meus pés para que eu possa abalar a merda fora dela. Ela sabe coisas. O que, eu não tenho certeza, mas Naomi me contou sobre ela, me advertiu na verdade. E se ela é a única responsável? ―E eu não vôo mais‖. Eu continuo cantando, sabendo que ela vai ter ido embora antes que eu possa chegar até ela e eu tento gravar tudo o que puder de seu rosto, da maneira como suas mãos agarram a sua estúpida bolsa de plástico, a forma como os seus lábios partem e seu rosto enche de medo. Eu vejo sua boca murmurando palavras e acho que ela está tentando me dizer algo. Então eu percebo que não é nada disso. Ela está cantando as letras, os pedaços de resposta, uma que Naomi teria feito se tivesse estado no palco com essa cadela anoréxica, Haley ou qualquer merda que o nome dela é. ―Porque eu estou caindo. Caindo. Caído por você.” Quando ela viu a carnificina no ônibus, ela disse que era tarde demais. Que ele chegou lá primeiro. Quem caralho é ele? Que diabos está acontecendo? A menina começa a se mover para trás, de vestido branco sujo e rasgado, fundindo-se nas sombras, levando suas respostas com ela. Na minha tristeza, eu tinha me esquecido dela e agora, aqui está ela, trezentos quilômetros de distância do último lugar que eu a vi. Eu seguro as últimas linhas da canção como um apelo, eu estou orando para ela ficar, para responder às minhas perguntas, mas se ela me ouve, ela não me dá nenhuma dica. ―E então eu sei que é o fim e até a minha queda chegou ao fim‖. A última coisa que eu vejo antes que ela vá são os lábios, murmurando as palavras como um vira-lata. ―Eu caí no chão e eu fui embora. Eu caí no chão e nós acabamos. Para sempre‖.
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Por alguma razão, eu acho que eu ouvi um anjo cantando, tocando a batida do meu pulso que vibra com as palavras que são minhas, escritas em um caderno de espiral sujo, nascidos da dor que beijou meu espírito uma vida atrás.
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Após o show, Trey traz um par de meninas de volta para o ônibus só para me irritar, praticamente forçando a loira no meu colo. — Dê-lhe um pouco da sua coca4, Turner, — ele diz e se envolve em torno de uma morena e sorri do outro lado da mesa para mim. Será que ele não consegue entender que eu não estou jogando mais, porra. Eu não quero essa menina ou qualquer outra. Eu só quero Naomi Knox de volta. Se isso não pode acontecer, porra, eu não sei o que eu vou fazer. Eu apenas sento lá por algum tempo e vejo o rabo dela em cima dele. Eu corro de novo para o banheiro, mas não me sinto melhor, não realmente. A carga emocional que tive no palco totalmente ferrou com a minha cabeça e eu não consigo sair dessa. Eu me sinto como um zumbi, marchando para a batida de tambor de um necromante. Estou me movendo, mas eu não estou no controle. Eu estou funcionando, mas eu não estou vivendo, não mais. — Vamos lá. Qual é seu maldito problema? — Trey pergunta enquanto a garota passa os dedos pelo meu cabelo. Eu a deixei fazer isso, mas só porque eu sou um desastre emocional agora. Eu não estou pensando nela ou nas palavras que ela está sussurrando no meu ouvido ou a forma como Trey está agindo, como um maldito idiota do caralho. Estou pensando na menina com os pés descalços e com corte estranho.Eu olho para ela. Oh, você pode apostar sua bunda doce que eu olhei por todo o maldito lugar. Mas eu sabia que não ia encontrá-la. Eu percebi que a loira acabou cometendo um erro vindo aqui. Sua mão abaixou entre minhas pernas e se estendeu sobre a protuberância da minha virilha. Eu aperto minha mão em seu pulso, talvez demasiado forte e ela solta um grito. — Não. — Só uma palavra, soa duro como aço. Eu empurro a menina de cima de mim. — Eu não estou na porra do clima agora. — Eu puxo um cigarro do bolso e acendo quando a mulher começa a chiar obscenidades atrás de mim. Ela ainda joga um tubo de batom na parte de trás do meu pescoço.
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Cocaína.
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— Turner, traga seu traseiro de volta aqui! — Trey grita enquanto eu chuto a porta e começo a descer as escadas, batendo a cabeça contra a lateral do ônibus e escorregando para o pavimento de pedra. Eu não estava esperando o amor, mas eu estava mais do que disposto a abraçar a merda fora dele.Isto totalmente se enlameando nas profundezas da merda do desespero? Nem tanto. — Você está bem? — Eu não tenho que olhar para saber que a voz acima de mim pertence a Ronnie. Não há muitas pessoas nesta terra que podem fazer os deuses chorar com uma pergunta simples assim. — Eu pareço bem, Ronnie? — Eu estalo, pressionando a palma da minha mão na minha testa e deixando as cinzas do cigarro caírem no meu jeans. Eu penso em lançar o nome de Asuka lá fora, só assim ele vai surtar e eu não vou ter que ficar sozinho na minha miséria, mas mesmo como um lixo como eu sou, eu sei melhor do que isso. Há certas linhas que até eu não estou disposto a atravessar. Eu olho para ele quando fecho a porta apagando o discurso de Trey e aperto as mãos abertas contra ele. — Não segure isso contra Treyjan, Turner. Ele não sabe de nada. Ele só quer que você seja feliz, é tudo. Eu suspiro profundo e derrubo meu pulso para o chão, deixando a queimadura apagar contra o cimento. Meu outro joelho vem para cima e eu olho para o jeans bruto, sujo da minha calça, aqueles que secaram, respingos de sangue preto ao redor dos tornozelos. — Ele é um tolo do caralho, — digo a Ronnie, e ele ri, movendo-se perto de mim, cheirando a maconha. Lembro-me do dia em que Asuka morreu, o olhar ferido no rosto de Ronnie, a maneira como seus lábios ficaram brancos e a cor desapareceu de seu rosto. Minha memória daquelas primeiras semanas após sua morte é um pouco nublada – garotas, bebidas, drogas - mas eu tenho certeza que ele não trocou de camisa por um mês. Ele vai entender, pelo menos. Ele vai me oferecer apoio e ficar ao meu lado e ele não vai tentar empurrar algumas groupies em mim ou me fazer acreditar que nada está errado. — Ele é, sim, mas é por isso que gosto de sair com ele, certo? Nos faz sentir melhor sobre nós mesmos. — Entendo que é uma piada, mas eu não rio. Me sinto esgotado. Mesmo com a droga, eu não me sinto como grande coisa, de qualquer jeito. Me sinto pequeno. Minúsculo. Sentado aqui desse jeito, estou ciente de quão pequeno eu sou para o mundo, como sem importância eu realmente sou. Eu poderia ter fãs, uma seqüência de pessoas que gostam da minha música, mas e daí? Se eu fiz alguma marca neste mundo, não foi de uma forma positiva. Uma mancha, talvez. Tipo, olha Naomi. A deixei na porra ~ 19 ~
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de um naufrágio, a usei e a joguei de lado, como eu faço com tudo e todos. Talvez em minha busca para ser respeitado eu me esqueci de devolvê-lo? Talvez eu me tornei uma coisa que eu nunca quis ser? — Eu quero acreditar que ela não está morta, Ronnie. — Há uma chance —, ele me diz, honestamente, indo mais perto, os pés chutando pedrinhas soltas e se inclina para trás contra o ônibus. Lá dentro, eu posso ouvir o riso falso de Trey, alto e estridente, cheio de alegria forçada. Eu não sei o que ele quer de mim, mas esta merda não está ajudando. Ele está realçando exatamente o quão fodido eu estou. — Mas ninguém acredita nisso, exceto eu. — Eu me afundo, passando os braços em torno de minhas pernas, parando minha respiração para que ela saia lenta e controlada. Dentro, porém, dentro do meu coração está batendo e batendo contra meu peito e meu pulso está correndo. Minhas mãos tremem e meu queixo treme com adrenalina. Ouço Ronnie expirando longamente antes de falar. Quando ele faz, eu posso dizer que ele se sente mal por mim, que ele entende o que eu estou passando, que ele está desesperado para eu estar certo. Ele quer que Naomi esteja viva, então eu não tenho que passar pela merda que ele passou. Toda essa porcaria de auto aversão, esses momentos de puro terror quando ele acordava gritando o nome dela. Asuka. Acho que o pior ainda foi quando o silêncio que se seguiu aos gritos, o pedaço congelado do inferno que Ronnie iria se sentar, olhos vidrados, o suor escorrendo pelo rosto. Eu sempre soube que ele estava se lembrando de que ela estava morta, arranhando seu caminho fora de pesadelos e em algo muito, muito pior. A porra da realidade fodida. — Será que isso importa, então? Por que não ter esperança? Por que não esperamos como o inferno até que a verdade venha à tona? Se for descoberto que você estava errado, fique deprimido depois. Mas não fique destruído ainda. Você sempre pode se matar depois, certo? — Ronnie puxa um baseado do bolso e acende com um isqueiro de prata, lançando um brilho alaranjado sobre o rosto mal barbeado. O fim do crepitar do baseado faz com que as tatuagens de serpentes no pescoço parecem que estão se contorcendo, comprimindo ao redor de seu pescoço e sufocando a vida fora dele. Às vezes, acho que ele gostaria de morrer, sem ter que tomar uma decisão consciente sobre isso. Suicídio é difícil. É preciso muita coragem e Ronnie e eu sabemos que ele é um covarde maldito. Eu inclino minha mão até o baseado e ele passa para mim. Estou prestes a dar o meu primeiro trago quando Dax vem e faz uma pausa a dois passos, com as mãos dobradas nos bolsos de sua calça jeans preta. ~ 20 ~
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— Ei, — diz ele e, em seguida, olha para Ronnie, como se não tivesse certeza que quer falar perto dele. Ronnie é meu maldito melhor amigo, porém, não há nenhuma maneira de merda de que eu vá deixar ele fora da conversa. Ou Dax diz o que ele precisa dizer na frente dele ou ele não diz nada.Eu não quero ser deixado sozinho agora. Preciso de Ronnie aqui, por mais gay que isso possa parecer. Eu dou um trago e levo o baseado para Dax. Ele ignora. — Posso falar com você por um minuto? — Ouça, — Eu digo, inclinando a cabeça para trás contra o ônibus e respirando o doce aroma de suor, fumaça e álcool. Ah, sim, a festa é hoje à noite. A multidão está batendo em um frenesi desenfreado, gritando do lado de fora da entrada da frente, lançando merda sobre o portão. A imprensa não está ajudando muito também, relatando rumores e espalhando-as como incêndio florestal. Se eu fosse procurar pela putinha careca agora, eu ia ser despedaçado pelos meus próprios fãs. Eles iriam me pisotear até virar merda. Eu trago mais uma vez e entrego o baseado para Ronnie. Antes que Dax tenha a chance de falar, Jesse se move entre nós em seus jeans skinny vermelho, usando um monte de coisa idiota, pulseiras de borracha em seu braço. — Olhem essa merda, — ele diz, mostrando-me o pulso e a escrita branca que adorna todas as oito pulseiras que estão espremidas em seu braço magro. Todos dizem a mesma merda: Sr. Turner Campbell. Huh. — Elas estão vendendo isso lá fora por seis paus. — Quem está? — Eu pergunto, levantando meus óculos e olhando mais de perto. Jesse encolhe os ombros e retira do braço, lançando um olhar curioso sobre Dax. — Não sei. Algumas garotas numa van? Parece que você é ainda mais popular agora. Bom trabalho, Turner. — Ele pega as pulseiras novamente e para, mordendo o piercing preto no centro do lábio. Jesse não sabia o que fazer comigo agora. Cada coisa que ele me diz é interrompida com uma desculpa ou alguma merda assim. Não me faz sentir melhor. Todo seu embaraço me faz me sentir pior. É um lembrete constante de que as coisas não estão bem, que pode não ficar bem para mim nunca. Naomi Knox tinha esse... algo dentro dela que me fez pensar em filhotes e gatinhos. Eu quero beijar seu rosto e fazer filhos com ela e ela é a única maldita mulher nesta terra que eu daria o título da Sra. Turner Campbell. Foda-se o resto dessas groupies. — Bem, feliz que você está interessado na posição, mas eu não faço idiotices. Obrigado. — O baseado volta para mim novamente e eu dou mais um trago. — E diga ao resto dos caras que qualquer um que eu ver usando aquelas pulseiras malditas está demitido. ~ 21 ~
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— Por favor, posso falar a sério com você por um momento? — Dax rosna, parecendo irritado. Olho para ele e desejo que as drogas fizessem por mim o que costumavam fazer. Penso em levantar e pegar a garrafa de vodka do gabinete. Talvez se eu misturar algumas substâncias, eu desmaie? Parece melhor do que a outra alternativa. — Te vejo lá dentro, — Jesse diz, pegando o baseado. Eu noto que ele não vai tirar as pulseiras como ele falou. Poucos segundos depois, Josh chega perto, mas ele não diz nada. Ótimo. Ele está começando a aprender a lição e ficar fora do meu caminho. Ronnie acha que devemos conviver melhor, mas eu simplesmente não tenho energia para tentar agora. Talvez quando Naomi voltar, eu vou tentar?Se ela voltar. — O que você quer, Dax? Estou meio ocupado agora, está bem? — Dax enruga o lado esquerdo de seu rosto por um momento e, em seguida, pega o controle de si mesmo, sugando uma respiração profunda e apertando as mãos. Ele está usando luvas vermelhas sem dedos com costura preta hoje. Eu acho que eles são feitos de couro, mas quem diabos sabe? — A banda e eu temos conversado, — ele faz uma pausa e olha por cima do ombro como se esperasse que Naomi ou a vaca magrela 5saísse da multidão de ajudantes de palco a qualquer momento. — E nós gostaríamos que você assumisse, pelo menos até que Hayden volte. Quero dizer, se ela voltar. Se não, então até encontrar outra pessoa. — Ele não tem que pedir duas vezes. — Estou dentro até que Naomi volte, — Eu digo, e, em seguida, antes que o idiota pudesse falar, eu dou mais uma tragada. —não importa o tempo que leve, você me entende? — Ronnie assobia baixinho. Sendo um líder de duas bandas? Talvez não seja uma boa ideia, mas eu estou fazendo esta promessa na ideia de que Naomi Knox vai voltar, que ela está lá fora em algum lugar, viva. Eu estou fazendo esta promessa de amor, estúpida ou não, porque sem isso, não há nada neste mundo pelo qual vale à pena viver.
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Do original: Skinny Bitch.
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Quão cruel é depois de eu ter aceitado minha derrota, me render à escuridão e me permitir cair para o outro lado, para que acordar? Eu venho com um suspiro que nunca escapa dos meus lábios, que se vê envolvido em algo constritivo, que me sufoca. Eu luto e tento desesperadamente acabar com esse purgatório do inferno em que eu me vi apanhada. É perversamente cruel. Perversamente cruel e muito feio. Eu chuto e luto e rosno, mas isso não me faz nenhum bem, porque eu estou presa. Em quê, eu não sei. Poderia ser em cordas, pode ser correntes, poderia ser fios de poder demoníaco, ou merda, se eu tiver sorte talvez seja cabelo de anjo? Talvez eu esteja esperando nos portões do céu, embrulhada e pronta para o julgamento? Se sim, então eu sei que eu estou fodida. Então, eu me esforço um pouco mais, e eu grito, e eu grito, e eu grito. E no fundo da minha mente, eu ouço uma resposta, um canto vindo de todos ao meu redor, ecoando em resposta aos meus gritos. E os cantores estão repetindo uma coisa e uma única coisa, duas pequenas palavras que significam nada e tudo. Turner Campbell.
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Na manhã seguinte, eu acordei com a chuva que embaçou as janelas com a umidade deixando espaço para desenhos realmente inadequados de meus companheiros de banda. As janelas na parte de trás, todas têm paus gigantes desenhados sobre elas. Eu desmancho os desenhos com a minha mão e fumo um cigarro, na esperança de que Milo ainda esteja sentindo pena o suficiente de mim para que ele não seja uma cadela. É meu ônibus de qualquer maneira. Eu suspiro e me pergunto onde é que vamos agora, qual a próxima cidade. Eu parei de me importar depois que Naomi desapareceu,mas não posso deixar de sentir que estou ficando mais longe dela, como se talvez ela ainda estivesse naquele sangue encharcado no ônibus de volta em Denver. Bato as cinzas em uma bandeja de vidro e coloco o cigarro entre os lábios. Se a mulher no hospital é a empresária de Naomi, América e ela não é a menina no necrotério, então quem diabos é? Essa é a pergunta que está me incomodando a noite toda. Eu acho que a polícia deveria ter o DNA ou alguma merda e eu quero saber por que está demorando tanto. Ou talvez eles saibam e não estão me contando. Faria sentido. Quero dizer, quem diabos sou eu realmente? Uma estrela do rock? Um viciado em drogas? Eles não se importam o caralho. Na realidade, ela e eu não temos nada a ver um com o outro. A polícia não sabe que eu estou apaixonado. E mesmo que eles soubessem, o amor não significa nada no mundo real. Ele te abre para dentro, fode sua alma louca, mas do lado de fora, é apenas uma fraqueza a ser explorada. E agora, eu estou sendo fodido em tudo. Eu esmago o cigarro no cinzeiro e me viro, me movendo entre os beliches, passando pelo ronco e pela bunda de Jesse e passo adiante, onde Trey está sentado sem camisa, amamentando uma ressaca e olhando pra mim com punhais em seus olhos. Ele está furioso, eu entendo. Eu não estou agindo como eu mesmo, mas ele deveria me dar uma folga, considerando as circunstâncias. Eu paro e olho para Milo que está teclando furiosamente em seu laptop. Eu sei que ontem à noite criou alguma agitação; eu ouvi meu nome sendo cantado no estacionamento. Eu aposto que ele tem as mãos cheias. Pelo ~ 24 ~
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menos eu sei que eu estou pagando a ele para fazer algo que não seja besteira. Por capricho, eu chego até o balcão e pego uma das estúpidas pulseiras Sra. Turner Campbell e coloco no meu pulso. Eu tiro uma foto com o meu telefone e posto em cada porra de lugar. A única mulher que poderia manter este título está desaparecida. Me ajudem a encontrar Naomi Knox e mantenha a música viva. — Turner, — Milo chama minha atenção quando ele vê o que eu estou fazendo. Quando eu olho para ele, parece cansado e me sinto culpado talvez pela primeira vez na vida. O homem está enfurecido, mas ele é um bom empresário. Eu acho. — Não era uma foto do meu pau, desta vez, eu juro, — Digo a ele e ele quase sorri. A pequena ruga entre as sobrancelhas assume uma forma suficientemente rápida e leva o humor para longe. Eu vou até a geladeira e pego uma cerveja. — Turner, se você vai estar cantando para Amatory Riot, há algumas coisas que precisamos falar sobre, coisas legais.—Tomo um gole da minha garrafa e a coloco sobre o balcão, cruzando meus dedos em torno da borda da bancada. Na frente, ouço trechos da canção que nosso motorista está ouvindo. É algo velho, algo que eu reconheço vagamente, algo que eu ouvi antes. Escondendo de você da forma mais óbvia, rindo por trás da minha mão eu oro, que você vai me ver. Oh baby, apenas me ver. Veja-me. — Eu não quero falar sobre coisas legais, Milo, — Digo a ele, deixando meu queixo cair para o meu peito. — Trabalhe isso por mim, ok? — E então eu me levanto e começo a ir para a parte traseira do ônibus. Ronnie finalmente sai do banheiro deixando-o aberto para mim. Eu vou direto para lá com um único objetivo em mente: ficar chapado. Ontem à noite, eu tive um sonho de que Naomi estava esparramada sobre uma cama de frente para mim, os olhos contornados com delineador, rosto suado e os lábios entreabertos. Nele, eu rastejei em cima dela, a beijei e encontrei meu caminho para baixo de sua garganta, entre os seios. Eu a provei e depois a fodi duro e acabamos gozando juntos, deitamos e enrolados, braços e pernas entrelaçados. Quando eu acordei, eu queria estourar meus miolos. Eu dou uma olhada em Ronnie, finalmente, sentindo pela primeira vez que eu entendo o que ele passou todos esses anos atrás. Se já é assim tão ruim não saber se ela está morta ou viva, caramba, como seria realmente desesperador ter a certeza de que ela está morta? Eu não posso nem imaginar, porra. Eu não quero. ~ 25 ~
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Então, eu vou ficar chapado e o que mais? Mas então, eu paro com os pés no chão de azulejos e minha mente começa a girar. Com apenas alguns goles de cerveja no meu sistema, este é provavelmente o mais sóbrio que eu estive em um longo tempo. As rodas começam a girar, pistas se encaixam. A loira no hospital é a empresária. Naomi Knox não está no necrotério. Há uma outra mulher então, morta, cortada de modo que ela se parece com Naomi, ou melhor, não parece muita coisa. E ninguém informou o seu desaparecimento. Eu bato a porta do banheiro e volto para frente do ônibus, ignorando o olhar de Treyjan e da digitação frenética de Milo. A velha canção segue o seu caminho através do ar e rasteja no meu crânio, fazendo-me pensar. Veja-me, baby. Oh, oh. Veja-me, baby, que você não me perdeu. Se você sente falta de mim, então eu nunca estive lá. O motorista. Os ajudantes de som. As groupies. Há toda uma série de pessoas que nos seguem, que vêm e vão com tanta freqüência que eles não estão realmente desaparecidos. Se um deles fosse parar com uma fita no pé no necrotério, quem saberia? Isso mesmo. Ninguém, porra. — Milo, — Eu começo, deixando minha cerveja embaixo na pia. Eu não tenho essa urgência de pegá-la novamente. Se esta é uma tendência que vai continuar, quem diabos sabe? Eu não estou dizendo que estou virando um straight-edge6ou outra coisa, mas se eu tiver que parar de usar para pensar direito e pensar direito me leva a Naomi, me tornarei um padre maldito. — Você pode me dar uma lista de todas as pessoas aprovadas para a viagem? Qualquer pessoa que tenha um passe para os bastidores que poderia ter tido acesso aos ônibus durante o show? — Ele para de digitar por um momento e olha para cima, obviamente perplexo. Seu cabelo loiro está preso à testa com o suor e os seus lábios estão pálidos. Mais uma vez, fico com aquela pequena coisinha de culpa, que fica sussurrando no meu ombro e que diz que talvez eu esteja sendo muito duro com o cara. Eu tento sorrir, mas isso não vem, não sem Naomi. Ainda assim, minha cara acaba neutra, que é melhor do que uma carranca mau humorada, certo? — Eu preciso dos registros do dia anterior em que Naomi sumiu até agora. Você pode fazer isso por mim? — Milo abre a boca para responder quando eu o interrompo com uma palavra que eu tenho certeza que ele nunca ouviu sair dos meus lábios. — Por favor? Ele faz uma pausa, com os dedos descansando sobre as teclas de seu computador e depois suspira.
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É um modo de vida que surgiu nos anos 80 associado ao punk/hardcore. Ele defende a total e perene abstinência em relação a entorpecentes (tabaco, álcool e as chamadas drogas ilícitas).
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— Tudo bem, Turner, — ele diz, e eu tento não ficar muito animado. Isto poderia significar nada. Mas, em seguida, isso pode foder tudo. — Deixeme terminar o que eu estou trabalhando e eu vou conseguir isso para você. — Milo olha para sua tela e em seguida, de volta para mim. — Isso é importante? — pergunta ele, como se ele talvez já soubesse a resposta para essa pergunta. — A porra mais importante que eu já pedi para você. Algumas horas mais tarde eu estou segurando uma pilha de páginas impressas na minha mão. Na página dez, eu acho exatamente o que eu estou procurando.
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Eu tenho a porra da certeza que eu não estou morta. Se eu estivesse eu não teria vontade de mijar, certo? Meus ombros não estariam doendo e meu estômago não estaria roncando. Se eu estivesse morta, eu não teria uma intravenosa em meu braço e eu não estaria nesta escuridão. Eu acho que estou em um carro. Ou uma van, talvez. Um caminhão? Onde quer que eu esteja, eu estou numa rodovia, isso é certo. E eu estou amarrada. Não é nada mágico, sem pelo de unicórnio ou pó de fada, só corda e fita. Acho que fui sequestrada, mas quem diabos sabe? Eu tento puxar as memórias, tento juntar o que aconteceu comigo, mas tudo o que posso ver quando eu fecho meus olhos é Turner Campbell no palco comigo, roçando contra mim, misturando sua voz com a minha e fodendo a multidão com suas palavras. Depois disso, tudo é uma neblina, tudo em branco, porra. Mas eu não estou morta. Eu tenho certeza pra caralho sobre disso.
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Eu não conto a ninguém sobre a minha descoberta. Não ainda. Quero esperar e ver o que acontece hoje à noite no show, se a menina careca aparece novamente. Eu tomo a decisão antecipadamente de que se eu a vir, vou atrás dela, todo o resto que se dane. Eu poderia descobrir algo, pelo menos acho que posso descobrir algo, mas eu realmente não vou saber nada até que eu fale com aquela garota. Sabendo que a mulher no necrotério não é Naomi não me diz onde Naomi está. Para isso, eu tenho que cavar mais fundo. Eu me sinto como o maldito Sherlock Holmes e outras merdas, como se eu devesse estar por aí andando com uma lupa maldita. Em todos os lugares que eu olho, tudo o que vejo está me chamando, me prometendo que há um quebra-cabeça a ser resolvido se eu chegar mais perto disso. Tudo muda quando chegamos em San Antonio. Nós entramos no estacionamento atrás do local do show e já existem equipes de reportagem em todos os lugares, bloqueando as ruas, entupindo as calçadas. Está chovendo, mas os fãs se mostram na casa das centenas e os ingressos do show já se esgotaram. Eu sempre quis ser popular, mas porra. Eu não quero chegar lá assim. As pessoas não estão aqui pela música, ou sexo, ou as drogas. Elas estão aqui pela tragédia, aparecendo em bandos para absorver o mistério e a angústia. Algumas delas acenam com placas dizendo coisas sobre Naomi, nenhum deles era útil ou prestativo. Meu post provavelmente piorou as coisas ao invés de melhorar. — Está como um apocalipse de zumbis lá fora, — Trey diz, vindo até mim com seu cabelo castanho penteado para cima espetado com gel. Ele está com uma camiseta da Burning the Bleeding7lembrando-me de que há outras bandas nesta turnê, além de Indecency e Amatory Riot. Algo fácil de esquecer algumas vezes. Mãos batem nas janelas à medida que o ônibus passa por entre a multidão, avançando nosso caminho para a área bloqueada onde nossos ajudantes de palco cercaram antecipadamente em todo o lote atrás do velho edifício. Este lugar é louco e eu estava ansioso para jogar há séculos. Agora, no 7
Uma banda.
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entanto, não parece tão malditamente importante. Minha mente está envolvida em outras coisas. — Pior que isso talvez, — eu digo, tirando um cigarro e o acendendo. Trey segue o exemplo e nós ficamos ali em silêncio, fumando a fumaça cinza e lançando olhares sobre os nossos ombros para nos certificar de que Milo não esteja prestes a aparecer e gritar para nós. — Zumbis só mordem, certo? Eu prefiro ser comido vivo ou virar um deles do que ir lá fora com essas cadelas loucas. Meio que tenho esse pressentimento que vou ser estuprado. — Provavelmente, — Trey responde. Fora das janelas, o meu nome é cantado por uma maldição. Acabei de me tornar mais do que um rockstar. Eu sou a porra de um superstar agora. Não que isso é realmente importa, mas eu verifiquei algumas das minhas merdas no meu telefone antes. Eu tenho dez vezes mais likes no Facebook, uma centena a mais de seguidores no Twitter, e atualmente o meu nome está entre os mais pesquisados do Google. Que tal isso? Se eu não estivesse com o coração partido e sangrando por dentro, eu estaria no meio de uma porra de orgia. Maldita seja, Naomi Knox, com a sua porra de atitude e os seus bonitos olhos alaranjados. Quem diabos é você para interromper tudo, rasgar a minha alma e me deixar precisando e procurando? Eu vou até banheiro e pego um pouco de delineador,rabiscando as palavras no espelho antes de esquecê-los. Poderia fazer uma boa música, se alguma vez eu tiver a chance de escrever uma nova. A maneira como as coisas estão indo, estou me sentindo esperançoso. Marta Yadley. Ela se inscreveu para participar da turnê e passou uma verificação de antecedentes, começou conosco em Seattle em nosso primeiro dia e não apareceu para o trabalho no dia seguinte em que Naomi desapareceu. Ela não foi a única. Não, muitos dos caras que ajudam a banda fugiram naquele dia. Eu não culpo os filhos da puta. Quero dizer, quem quer estar num tour onde você pode ter sua cabeça esmagada? Não vale a pena morrer por drogas e fodas fáceis. Mas a senhorita Yadley é a única mulher branca que desapareceu naquele dia. Ninguém mais se encaixa na lista. Eu deixo cair o delineador na pia e sorrio para mim mesmo no espelho. Eu pareço muito melhor hoje, menos como um cadáver e mais como um homem com uma porra de missão. Eu vou encontrar Naomi Knox. Um homem de verdade nunca deixa sua amante à beira da estrada. Se ela está lá fora, eu vou recuperá-la, porra. — Ei cara, — Trey diz quando eu coloco o meu cigarro. — Quero pedir desculpas pela noite passada. Não sei quando eu virei um idiota. — O silêncio ~ 30 ~
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cai entre nós novamente, pontuado apenas pela multidão do lado de fora das janelas. Trey e eu nunca fomos bons em abrir a porra dos nossos corações. — Você sempre foi o cara, — Eu digo e ele me dá um sorriso torto. — Não é sua culpa, você não pode deixar de agir quando você é chamado após a porra de um preservativo dar errado. — Vá se foder, Turner, — ele diz, mas sei que, em seguida, não haverá problemas entre nós. Ele vai me dar um pouco de espaço, como eu espero que eu não caia direto para o chão. Se eu tentar, então ele estará lá chutando a minha bunda até eu parar. Isso é o que as porras de amigos fazem. Uma vez que os ônibus estão estacionados e o equipamento está sendo arrastado, cobertos com plástico e transportados através da chuva repentina em velocidade recorde, eu saio com um guarda-chuva sobre a minha cabeça e um par de botas espessas em meus pés. Estou à procura de Dax e acabo achando ele em uma posição vulnerável, inclinado no ônibus vazio, soluçando de tanto chorar. Quando eu abro a porta e subo os degraus, ele levanta o rosto para olhar para mim e enxuga os olhos com as costas da mão, sem pedir desculpas pelas lágrimas ou dando explicações. Eu não pergunto a ele também. Eu entendo, ele sabendo ou não. — Eles encontraram o sangue dela, — ele diz antes que eu possa falar. Eu balanço um pouco de água do meu guarda-chuva e o fecho, puxando-o para dentro atrás de mim antes de eu bater a porta. — De que porra você está falando? — Eu pergunto olhando para o cabelo úmido de Dax e seus olhos cansados. Ele não está usando nenhuma maquiagem e ele tem as mesmas luvas malditas da noite anterior. Eu nem acho que ele se deu ao trabalho de trocar de roupa. — Mas não é ela, — continua ele, fungando duro e respirando fundo. — Eles encontraram sangue de Naomi no ônibus, mas não coincide com o corpo. A garota no necrotério não é ela. — Marta Yadley, — Eu digo e ele se assusta, lançando para mim uma expressão desconfiada. Ele tem barba por fazer em todo o maxilar e a pele em seu rosto parece pálida. O garotinho da 8 bateria não está se saindo bem com toda essa merda. Acho que eu sou feito de material mais resistente. Tento agradecer a minha mãe na parte de trás da minha mente, elogiá-la por bater em mim todos esses anos. Foi o suficiente para me preparar para isso. Mas então, foda-se a puta. Eu não estou agradecendo ela metaforicamente ou não. 8
Do original: The Little Drummer Boy.
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— Como você sabe disso? — Eu resisto à vontade de pegar a maconha no meu bolso e olhar ao redor. Há sacos em todos os lugares, capas de guitarra, garrafas de cerveja vazias. Parece que ter um caso não tem sido bom para uma banda. — Bom trabalho, detetive, — Eu digo, o que é uma espécie de uma coisa inteligente a fazer. Olhando para os olhos com sangue de Dax e as mãos trêmulas, eu decido adicionar, — Eu passei por todos os ajudantes da banda que estavam faltando e encontrei uma garota que combinava com a descrição de Naomi. — Eu dou de ombros, mas por dentro, estou tremendo, também. Não é ela. Não é ela. Não é ela. O mantra ecoa em minha cabeça repetidamente e traz o primeiro sorriso de verdade no meu rosto que eu tive em dias. — Mas eles não sabem onde ela está? — Eu acho que Dax não estaria ficando desidratado de tanto chorar se eles soubessem, mas nunca é demais perguntar. — A polícia não sabe de porra nenhuma, — ele me diz o que não é surpreendente. Eu não espero que eles ajudem muito. Dax suspira profundamente e abaixa o queixo ao peito. — Ou, se sabem, eles não nos disseram. Isso é tudo que eu sei. Eles encontraram seu sangue. Um monte, eles disseram. Há uma boa chance de que ela esteja morta com base na quantidade de sangue. — Eu não respondi isso. O que caralho eu poderia dizer? Dax está perdido em seu próprio mundo, de luto pela perda de seu amor. Estou determinado a encontrar o meu. — É por isso que eu vim aqui para falar com você, — Digo a ele, olhando para o teto. Este ônibus não é tão bom quanto o nosso. Os utensílios são pretos, não prata, e o chão está coberto de linóleo, não de madeira. Talvez se Rook Geary passasse um pouco mais de tempo em sua música e menos tempo de merda com as groupies, eles teriam utensílios melhores. — Mas eu acho que a questão não é discutível agora. — Não mergulhe nisto, Turner, — Dax me diz, a voz tão baixa que é quase um sussurro, perdido no tamborilar da chuva no telhado de metal. — Deixem eles fazerem isso. Deixe os especialistas lidarem com isso. — Eu sorrio de novo, não um sorriso bonito, mas um muito amargo. Se Dax tivesse vivido a vida que eu vivi, ele saberia que a polícia nem sempre acerta. — Vejo você no palco, — Eu digo, e então eu estou descendo os degraus e corro através da chuva. Quando eu bato a porta de volta para a chuva, o segurança quase bate na porra da minha cabeça e depois pede desculpas abundantemente quando vê meu rosto. Isso é quando eu sei que ~ 32 ~
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algo está mudando dentro de mim, transformando, tornando-se algo diferente. Antes eu teria demitido o homem, dado uma surra nele. Agora, porém, estou tendo dificuldade em justificar o porquê. Eu tenho um propósito agora e parece bom pra caralho. Tudo o que faço agora está focado no momento em que meus lábios se encontram com os de Naomi mais uma vez. Nada mais importa. No interior, eu procuro ao redor até encontrar a menina com o cabelo de duas cores. Eu não tenho a maldita ideia de qual seja o nome dela, mas a coisa que eu estou procurando, se ela está aqui, ela vai ter. Ela é a única garota com a qual eu já vi Naomi saindo. — Ei, — Eu digo e ela gira de frente para mim, com um vestido preto e branco de bolinhas em torno de seus quadris. Ela é bonita em um estilo old school9na sua maneira. Se alguém tivesse nos apresentado algumas semanas atrás, eu poderia ter comido ela. Não mais. — Você é amiga da Naomi, certo? — A menina olha para a minha mão estendida e depois se volta para mim. — Blair Ashton, — ela diz e depois balança minha mão. — Em que posso te ajudar, Turner Campbell? — Sua expressão é neutra, descansando em um lugar onde cada palavra que eu digo poderia apontar a escala, convencendo-a de quem eu sou de uma forma ou de outra. Agora, eu quero que ela goste de mim. Eu preciso que ela goste. — Bem, olá, Blair, — Eu digo, tentando jogar meu charme, dando meio passo. Se eu chegar muito perto, ela vai me rejeitar. Deixe tudo isso para trás, e eu poderia muito bem cuspir na cara dela. — Eu queria fazer uma pergunta. — Ela pisca com seus longos cílios para mim e espera. — Fale, — ela diz, pegando um pouco de cabelo por cima do ombro e deixando seus olhos cintilam em volta de mim. Blair não está em um bom lugar agora. Qualquer um podia ver isso. Ela está nervosa e ela tem o direito de estar. Ninguém sabe quem atacou América e Marta, o que é ainda mais assustador, ninguém sabe o porquê. Ela pode ser a próxima; ela pode não ser. — Você tem acesso a qualquer uma das coisas de Naomi? Qualquer coisa que a polícia tenha deixado para trás? — Blair não sabe ao certo o que fazer com as minhas perguntas. Uma coisa que eu noto de imediato: ela não gosta das perguntas. — Por quê? — ela pergunta, desconfiada, abanando os cílios falsos enquanto ela mantém seu olhar em volta da sala, para os ajudantes desconhecidos e o pessoal local, com um passar nervoso de sua língua pelos lábios. — Quero dizer, o que eles deixariam para trás que seria de alguma utilidade para você? Eles são policiais, Turner. — Eu aperto meus punhos 9
Significa antiga escola, velha guarda, pessoas e/ou coisas antigas.
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apertados ao meu lado. Eu, portanto, não estou acostumado a aceitar merda de pessoas. Eu meio que gostaria de dar um soco em seu pequeno nariz. Mas eu não vou. Eu estou acima dessa porcaria. Não vale a pena. A única coisa que vale a pena é isso. Eu suspiro e libero a minha frustração no ar úmido. Isso tão gostoso. Deveria ser ilegal. Cristo. Eu não posso sequer respirar direito agora. Eu fico olhando para as vigas aparentes, a madeira não tratada. Este edifício é tão velho como o pecado. Eu não sei nada sobre sua história, não importa no momento, mas seria bem legal descobrir. Eu corro minhas mãos pelo meu rosto e conto as teias de aranha, vinte, trinta. A acústica neste local vai ficar prejudicada. — Algo como uma lembrança? Você precisa de algo para se lembrar dela? — Blair soa amarga quando ela faz essas perguntas, mas eu não deixo isso me incomodar. Naomi não está morta. Marta está. Naomi está lá fora, em algum lugar e eu estou indo encontrá-la porra. Eu deixo cair o queixo para baixo e dou um olhar duro em Blair. Ela não pôde prender o meu olhar, bom sinal. — Se você pudesse pensar no que Naomi deixou, eu gostaria de ver.Às vezes, os policiais olham para as coisas de uma maneira e os garotos maus olham de outra. — Você é um garoto mau, Turner? — ela me pergunta, inclinando levemente a cabeça, franzindo seus lábios vermelhos. Ela me olha de um jeito que eu não sou fã. Ela é bonita, mas ela ficaria mais bonita em um par de jeans e uma camiseta. Tanto faz. Eu só tenho olhos para Knox neste momento. Parece ser uma fodida dos anos oitenta para mim, mas não é. É apenas uma progressão natural. Eu já estive com um monte de meninas, centenas até e eu não dou a mínima para nenhuma delas. Por Naomi, eu corto fora o meu próprio pau. Muito simples. — Eu não sei, Blair. Eu ainda estou imaginando o que possa ser. Quando eu encontrar uma resposta, eu vou deixar você saber. Por agora, eu só quero dar uma olhada nas coisas de Naomi. — Blair balança a cabeça e tira um cigarro do bolso na parte da frente do vestido. Ela acende e não me oferece um. Percebo distraidamente que suas mãos estão tremendo. — Não há nada, Turner. Os policiais levaram tudo. Pare de se preocupar sobre isso, ok? E então ela vai embora e me deixa lá mais curioso do que nunca. Eu posso ser um idiota, mas eu sou um idiota perceptivo. Algo está acontecendo com Blair Ashton. Eu sorrio. Qualquer pista é boa, qualquer novo mistério é útil porque significa progresso. Eu tomo outro fôlego do ar úmido e ouço o zumbido da multidão na frente. Depois de tudo isso acabar e Naomi voltar, ~ 34 ~
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vamos ser coroados Rei e Rainha do maldito Rock. Faço uma pausa. Eu tenho que conseguir um cigarro para mim. Foda-se o Deus e a Deusa do Rock 'n' Roll do caralho. Eu olho em volta por algum tempo, deixando o mar dos trabalhadores e músicos trabalharem em torno de mim, mantendo distância, colocando as bordas e se movimentando. Eles farão qualquer coisa, qualquer coisa para não correr até a mim. Gostaria de saber quanto tempo eu fui um idiota colossal, mesmo sem saber. Eu deixo cair o cigarro no chão e faço uma pausa. Passos lentos, Turner. Passos lentos. Eu viro e vou em busca de um cinzeiro. Por um momento, nada acontece. Eu ando por aí e eu corro meus dedos sobre as paredes destacadas, cavando em capas de guitarra, abrindo bolsas abandonadas. Eu admito, eu não tenho nenhuma porra de ideia do que estou fazendo. Eu não sou um dos meninos do Hardy ou alguma merda. Eu não sou nenhum Nancy Drew 10. Mas há uma força impulsionadora dentro de mim que não vai descansar, uma explosão de paixão por alguém que não seja eu mesmo. Eu nunca tive esses impulsos antes. Pelo menos não assim. — Cinco minutos, Turner, — Milo diz quando ele me encontra depois, caído em uma cadeira, fingindo estar chapado. Na realidade, porém, estou mais consciente agora do que eu já estive. Eu não fumei um baseado hoje, não estou na onda de qualquer droga. Hoje, é só eu, a nicotina e uma única cerveja.Uma única merda de cerveja. Estou orgulhoso de mim mesmo, mesmo que eu não tenha ninguém para compartilhar minhas realizações. Concordo com a cabeça e dou a ele um aceno instável, meus braços cobertos do pulso ao cotovelo com essas pulseiras estúpidas. Toda vez que eu encontro uma, eu coloco em meu braço. Não sei por quê. Apenas parece importante de alguma forma. Quando ele hesita e pára para olhar para mim, assistindo, observando só Deus sabe o quê. Mas eu nunca esperei o que veio depois. Nunca teria imaginado essa porra. Pego um cigarro, mas não fumo, ao invés disso, coloco-o atrás orelha e levanto da cadeira, observando quando a porta traseira abre e chuva respinga no chão de cimento. Dax entra, se movendo lentamente, com os olhos vazios. Ele é o tipo de cara que é chutado no saco e chora sobre isso. Talvez ele o faça profundamente ou que seja, mas tudo que eu posso pensar é que não há
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É um filme estadunidense, baseado na famosa série de mistério de mesmo nome
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nenhuma maneira na merda que ele ame Naomi. Se ele amasse, não haveria jeito nenhum que o fizesse desistir. Eu deslizo os óculos de sol no meu rosto. Eles se tornaram uma espécie de algo para mim agora, uma direção. Além disso, eu posso pensar todos os tipos de coisas desagradáveis por trás desses óculos e ninguém vai saber. As janelas da minha alma têm óculos agora, baby. — Eu espero que você esteja pronto para acabar com essas lágrimas de merda, — Digo a Dax, me sentindo melhor. Minha adrenalina está bombeando e eu estou pronto para isso. Quando eu canto as palavras dela, seu espírito envolve em torno de mim, acaricia minha alma, despedaçada e me costura, me mantém continuando outro dia. Dax dá de ombros, parecendo tão patético quanto o resto da banda. Amatory Riot é uma janela quebrada e se eu não tomar cuidado, ela vai estourar. — Bem, só me siga e você ficará bem. Em um aceno imperceptível de Milo, eu invado o palco, levantando os braços até obter atenção da multidão. Não é preciso muito para eles gostarem. Abaixo de mim, não há nenhum ser humano, apenas animais. Abaixo de mim, os últimos vestígios de controle humano que se mantém separado da natureza se foram. É tudo instinto e fúria selvagem lá embaixo. A música é a representação metafísica de nossos corações rasgados, toda a nossa dor e raiva, nosso amor e alegria, triturados e misturados. Ele salva as pessoas e as destrói. Se estiver alguma coisa no meio, não é realmente a música afinal, apenas ruído. Eu pego o microfone duro, enrolo os dedos em torno dele e gostaria que fosse o meu pau. Eu não tenho sido capaz de me masturbar ou transar desde que Naomi desapareceu, então eu tenho toda essa energia reprimida dentro de mim, mordiscando minha alma, me alimentando com pensamentos sombrios. Eu passo o microfone na minha língua, chegando mais perto, mordendo-o com os dentes. — Boa noite, — Eu rosno, deixando a raiva e o sexo e a confusão sair pela minha boca. — Como estão hoje à noite? — Deixei um pouco de sotaque bater em minha voz. É tão falso quanto a metade dos seios neste lugar, mas que inferno. Acabei de ir para isso. — Dizem que tudo é maior no Texas. — Faço uma pausa. E sorrio forçadamente. — Se isso é verdade, então eu acho que estou em casa aqui. Eu balanço a guitarra ao redor não como epicamente Naomi faz, mas funciona. Gritos enchem o auditório quando eu bato as cordas com tanta força que parece que meus dedos vão ficar cortados nas pontas, estrangulados por furiosos acordes e melodias épicas.
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— Quem diabos é você? — Eu grito no alto dos meus pulmões, perdendo esse tom alto do qual aquela vaca magrela consegue acertar. A multidão parece gostar, pulando para cima e para baixo, batendo no chão através de seus pés. — Me comendo, me sangrando, me fodendo. — Eu como essas palavras, modificando um pouco com um pedido de desculpas em silêncio para Knox. — Ele não está em mim, aquele pau com estocadas perfeitas. Eu vi o seu reflexo em um espelho, esmagou-o em pedaços. Me comendo, me sangrando, me fodendo.Faça uma imagem perfeita, solte sua alma. Onde você estava no dia em que me tornei invisível? Com uma pequena quantidade de culpa aliviada, eu puxo minhas mãos das cordas e pego o microfone, rosnando para ele com a intenção animalesca enquanto Wren toca um solo destinado a Naomi. Ele é bom no que faz, o suficiente para deixar todos animados, bombear o sangue até o cérebro e cegá-los com paixão e raiva, mas ele não é Knox. Nem de longe. Se ela estivesse aqui, esta multidão estaria estendida no chão, morta por ela. Eu giro em círculos e bato as solas das minhas botas contra a madeira velha, me perguntando para que finalidade este lugar foi construído. Certamente não para isso, este derramamento de sangue e suor das almas. Faço uma pausa e toco em meu pé, espero, enquanto Wren enrola e o menino da bateria inicia, batendo em seus pratos, esmagando. O outro cara, seja qual-for-seu-nome, esmaga o baixo contra sua virilha, tirando a merda fora dele. Estou impressionado. — Eu estou te chamando. Chamando o cara para entrar, a pessoa enterrada tão profundamente que está me comento, me sangrando, me fodendo. Eu estou juntando e eles não parecem bons. Pontas agudas de dor estão me provando, me cortando, me dilacerando, e eu não posso... Eu não vou... Eu NÃO vou deixar você ir, deixar você se perder tão fundo dentro de mim. A multidão está bombeando os punhos, balançando como cevada em uma brisa de verão da porra. Alguns olhos estão fechados, mergulhando profundamente, outros estão abertos, espalhando-se. É como uma orgia maldita aqui - corpos se misturando, mãos suadas deslizando sobre quadris até as costas, apertando suas bundas em paus latejantes. Eu não ficaria surpreso se essa coisa toda explodisse. Eu me preparo para a harmonia que está chegando, para que Blair salte e suavize as bordas da minha voz. Em vez disso, eu recebo algo completamente diferente. — Me comendo, — sussurros saem pelos alto-falantes, suave e feminina, familiar, mas não familiar o suficiente. — Me sangrando — Faço uma ~ 37 ~
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pausa e a multidão fica em silêncio, desse jeito, como uma vela apagada. A ausência de ruído é quase dolorosa para os meus ouvidos latejantes, como um soco no estômago, súbita e inesperada. — Me fodendo. É como um mistério de assassinato tocando aqui agora, mas a piada não é apenas sobre o público, é sobre os jogadores, também. Eu estou congelado no lugar, a guitarra solta em volta do meu pescoço, enquanto uma mulher entra de palco à esquerda, gritando as palavras para esta canção dolorosa como se ela já tivesse cantando antes. E ela já cantou. Puta que pariu. Coberta de cortes e com sangue seco e sujo, lá está ela. Hayden Lee. A vocalista do Amatory Riot está de volta.
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Eu ouço a minha música de novo, crescendo alto, como alguma chamada de merda vinda do céu. Isto derrama em torno de mim e afunda a minha alma com raiva. É quando eu realmente começo a lutar, quando eu grito contra as amarras e estico os músculos para me soltar, empurro até que o sangue vaza de minhas feridas. Um anjo está cantando a minha música nos lábios de um diabo e eu sei quem ele é, mesmo neste estado. É Turner Campbell, o homem que eu amava, que não me amou de volta quando eu mais precisei dele, que diz que me ama agora. Por que ele está roubando minhas letras, chorando a minha dor? Será que ele sabe que estou aqui? Alguém sabe? Eu tento recordar, com força. Eu imagino que minha mão está apertando ao redor da maçaneta da porta do ônibus, parando ao som de vozes lá dentro. — Da próxima vez que eu lhe pedir para fazer alguma coisa, espero que fique acabado. Fumar maconha atrás do ônibus não equivale a trabalhar no meu livro. Quando você está no cronômetro, você pertence a mim. Mais tarde, eu poderia fazer menos merda do que você faz. América. Sendo uma vadia. Nada de anormal nisso. Na minha memória, eu continuo subindo, puxando a porta e subindo os degraus para encontrar meu empresário. Mãos em seus quadris sobre uma jovem garota que parece ter minha idade. Eu nunca atinha visto antes, mas isso não é incomum. Há muitos membros da equipe que eu nunca conheci. Ambos olham para cima quando eu entro, mas eles não estão olhando para mim. Eles estão olhando para alguém atrás de mim. América abre a boca para falar e dor passa através da minha cabeça, me fazendo cair de joelhos. Eu caio para frente quando um peso esmaga e range nas minhas costas.Minha boca não faz sons; só a minha mente é capaz de gritar. E ela faz. Ela grita e luta, batendo em meu atacante, mas não movo meus membros. Meus olhos vão para o escuro e eu desmaio. E então eu acordei aqui. ~ 39 ~
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Eu posso provar sangue e cheirá-lo também. É escuro, mas não é um porta-malas. Há muito espaço acima e ao redor e embaixo é muito mole. Uma cama? Estou em uma cama? Um som sacode minha cabeça me alertando, atrai meus olhos fechados para um flash de luz. Eu devo estar com os olhos vendados, porque eu não consigo ver nada, mas veria a cor da escuridão. A picada no braço dói e eu grito de novo, gritando para que um anjo venha em meu socorro. Eu não sei porque. Eu não tenho nenhuma ideia de como, no mais terrível momento, eu poderia contar com esse lobo em pele de cordeiro. Mas eu faço. Com cada batida lenta do meu coração cansado, eu faço.
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Vera vadia magrela ao vivo é como assistir a um surgimento de zumbi do túmulo. Quando essa garota desapareceu, eu meio que achava que ela estava morta. Ao contrário de Naomi, Hayden tem um buraco dentro dela. Basicamente, ela é fraca. Vendo ela caminhando pelo palco é um choque, para ser sincero. Para seu crédito, a banda continua tocando e termina a canção com uma bela nota alta de Miss Lee. Eu, eu fiquei parado ali feito um idiota e com um olhar espantado. — Está feliz em me ver? — ela paralisa, tosse e engasga e Dax se levanta e corre até ela com uma garrafa de água. A banda se reúne ao redor dela. — Naomi? — Eu pergunto, esperando além da esperança de que onde quer que Hayden estava, talvez Naomi estivesse com ela, que talvez tivéssemos uma liderança sólida. Ela me ignora por um momento e abaixa a garrafa, enquanto o silêncio da multidão desaparece com murmúrios e em seguida, iniciam-se gritos ensurdecedores. — O que tem ela? — Hayden pergunta, olhando em volta para a banda com um pouco de sangue escorrendo de seu couro cabeludo até seu olho. Ela não parece saber da notícia ainda. Seu cabelo está enrolado e ela está vestindo roupas que parecem que já viu dias melhores. Que diabos está acontecendo? Ninguém vai me dizer que a porra do seu desaparecimento não tem nada a ver com Naomi. Não. Eu posso ser estúpido, mas não sou um fodido retardado. Eu resisto por pouco o desejo de estender a mão e sacudi-la forte. — Oh meu Deus, — Blair sussurra, ficando com lágrimas nos olhos. — Você não ouviu. — Ouviu o quê? — Hayden funga, limpando a mão em seu rosto. Ela está tremendo e suas bochechas parecem magras, mas em seus olhoseu não vejo qualquer dor ou medo, apenas confusão. — O que está acontecendo? Onde está a Naomi? Porque é que Turner está aqui?
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— Onde diabos você se meteu? — irrompe Dax. Ele também parece querer sacudir a cadela. Hayden enfia uma mecha de cabelo atrás da orelha e funga, balançando a cabeça freneticamente. O burburinho na multidão ficou tão alto que é quase impossível ouvir o que ela diz em seguida. — No inferno. —Eé isso. Hayden para de falar e as lágrimas enchem seus olhos. Blair envolve seus braços em torno de seu companheiro de banda. — Está tudo bem, baby. Está tudo bem. — Eu só quero cantar, — Hayden sussurra e em seguida, começa a soluçar. Eu fico lá assistindo de mau humor quando o resto da banda olha em volta como se não tivesse certeza do que fazer. Eles não têm nenhum agente agora e sua cantora principal está, obviamente, sofrendo algum tipo de trauma.Naomi, sua líder de verdade, está longe de ser encontrada. Eu me viro e me movo para fora do palco o mais rápido que eu pude. — Milo. — Eu digo e não tenho vergonha das palavras que caem ao lado de meus lábios. Eu nunca poderia deixá-los para baixo, mas ei, o que um homem pode fazer? — Eu preciso de você. — Milo balança a cabeça e se move para frente, entrando no papel que ele é bom pra caralho, subindo no palco e passando o braço em volta dos ombros tremendo de Hayden. Ele a acompanha e lança um olhar sobre mim, franzindo o cenho. — Eu acho que é hora de Indecency ir para um show, — ele diz e eu aceno, sugando um enorme fôlego e realmente sentindo falta das drogas no meu sistema. Eu posso fazer isso. Milo começa a ladrar ordens para a equipe e eles correm em volta de mim, se apressando para transportar para fora o equipamento. Um deles até pega um pano e esfrega um pouco do sangue que escorria de Hayden pelo chão. — Que porra é essa? — Ouço Trey perguntar atrás de mim. Mas eu não tenho nenhuma resposta para ele. Seja qual for a merda que Hayden passou vai ter que esperar. O show tem que continuar, certo? Eu aliso os dentes contra o meu piercing de língua com tanta força que ele sangra, enchendo minha boca com um gosto de cobre picante. Quando eu olho por cima do meu ombro eu vejo policiais. Não sei de onde eles vieram, provavelmente, pela confusão do lado de fora, mas eles já estão pairando em torno de Lee e sussurrando perguntas com calma. Minha mente se esforça com estas novas informações, tentando digerilas quando eu me movo para a direita e tento pegar um vislumbre da multidão ofegante. Os seguranças estão com um olhar nervoso, que é um mau sinal, porra. Os portões de metal da frente estão chacoalhando e sendo empurrado para frente quando as pessoas tentam subir sobre eles, desesperados por um gosto deste drama. Se eles soubessem o que era beber essas coisas, eles não ~ 42 ~
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estariam tão ansiosos. Meus olhos varrem a bagunça colorida dos desajustados e meliantes rapidamente e, em seguida, passo por cima deles novamente, apenas no caso. Eu realmente não esperava ver ela. Mas eu vejo. A menina careca. Turner Campbell realmente nunca foi tão inteligente. Eu admito isso. Sim, sou estúpido às vezes, mas quando eu ponho algo na minha cabeça, eu não paro até conseguir. E isso, isso é a porra do meu coração e alma. Eu movo pelo palco em uma corrida e atinjo a beirada com um agrupamento de músculos e tendões, lançando-me para frente e para a multidão. A porra do público adora isso e suas mãos surgem como os demônios do inferno, alcançando e agarrando cada pedaço meu. Eu passo por essa onda quente de carne, suor e terra como se eu estivesse flutuando em nuvens de merda. A multidão me permite navegar por um preço, correndo suas mãos sobre mim, me molestando com os dedos gananciosos e me tocando em todo lugar, me passando para trás e para frente, para cima e para baixo, vibrandome com a batida de seus corações. O tempo todo, eu me esforço para manter os olhos sobre a menina que tenta virar e fugir. Mas o lugar está cheio, denso e imóvel. Meus movimentos poderiam ser frenéticos, incontroláveis, mas pelo menos eu estou me movendo. A menina fica presa entre a saída e os banheiros, escolhendo o caminho mais fácil e deslizando seu corpo, passando por um segurança e pela pesada porta de vaivém. E então as coisas ficam ruins. Essas pessoas estão loucamente irritadas, salivando sangue, desesperados para comer um pedaço de mim e tornar-se alguma coisa. Eu disse, me adorem, eles disseram que sim, senhor. E agora estou pagando por isso. Minha própria arrogância do caralho sempre vivendo a merda dentro de mim. A multidão surge e me engole, me deixando cair no chão, onde eu bati no chão duro com meus joelhos. Pessoas me pressionam para baixo como uma avalanche, arranhado minhas palmas no chão, raspando minha pele ao longo da madeira lascada. Eu ouço meu nome ecoando ao meu redor, e pela primeira vez, eu vejo a minha fama como uma maldição em vez de uma bênção. Me escondendo atrás das paredes do meu ônibus, atrás do nevoeiro das drogas, sussurros doces, lábios anônimos, eu não vi esse lado ruim. E deixe-me te dizer, isso é muito feio. Verdadeiramente feio pra caralho. Há essa dor e essa tristeza, essa tragédia e eles não se importam com nada disso. Eles me vêem do jeito que querem, se recusam a reconhecer a ~ 43 ~
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minha dor. Isto é o inferno. Destruído por seu próprio sonho. Brilhante, Turner. Olhe para você agora, seu idiota do caralho. Na movimentada massa de rostos e mãos gananciosas, algo se destaca para mim. Um par de pés descalços congelados e ainda chutando e lutando, gritando. Eu luto através disso, rastejando sob o mar de seguidores que eu sempre quis, que acreditam em tudo o que eu já disse a eles. Todos eles me querem, mas agora eles não podem me encontrar; estou escondido da vista deles, debaixo de seus pés enquanto seguranças lutam para chegar do outro lado.Que porra de erro foi esse. A última vez que estive em público, antes desta turnê começar, eu era reconhecido com certeza, mas não era nada assim. Oh, Deus, nada como isso. Eu rastejo lentamente, consciente de que as mãos estão me tocando, pés me chutando, alguns por acidente, alguns de propósito. Parece como um bando de riot's11 malditos agitando até aqui. Quando eu chego a essa ilha de tranqüilidade, estendo a mão e uma mão segura a minha,dedos suaves envolvendo ao redor do meu pulso,me puxando para cima com uma força que me surpreende. Eu subo na hora certa, bem na hora que a multidão começa a explodir em gritos e gritos de raiva. Eu não olho para onde estou indo, apenas segui os passos rápidos da menina – a irmã adotiva de Naomi, eu presumo - arrasta-me para frente, fazendo muito mais progresso do que ela tinha feito antes.Meu palpite é que ela não estava tentando até então. Está claro pra caralho agora. Nós batemos no banheiro feminino e entramos. Quase que imediatamente, eu estou sendo bombardeado com lembranças de Naomi e meu coração contrai dolorosamente, me deixando curvado e encostado na parede, ofegante. A garota careca não me dá nenhum tempo, apenas me agarra pelo pulso novamente e me arrasta até o último box do banheiro, me empurrando para dentro e batendo a porta atrás de nós. Ela desliza a tranca no lugar e gira o rosto para mim, com o queixo para cima e os olhos tempestuosos como a porra do céu lá fora.Onde os olhos de Naomi eram secos, os dessa menina são molhados. Encharcados. Ela está encharcada de dor e melancolia, o andar, o falar refletem abuso e maus-tratos. — Você poderia ter sido morto, — ela diz e seus olhos piscam até a porta quando surge um som estrondoso da multidão e depois se desvanece. 11
Referência ao público da banda de Naomi.
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Vozes femininas tagarelam descontroladamente e a garota careca têm seus olhos fixos de volta em mim. — Fique no banheiro, — ela sussurra e eu dou a ela um olhar de que merda é essa? Mas essa garota não pega nada. Parece que talvez ela já teve o suficiente de merda em sua vida. — Fique no banheiro, — ela sussurra baixinho, como um abutre ou algo assim. — Se elas te virem, você vai ser amarrado e estuprado. Vai, vai, vai.— eu franzo a testa e fico um pouco constrangido. Apenas um pouco. — Quem diabos é você? — eu sussurro quando a carequinha ruborizar. —Qual é o seu nome? — A menina anda em círculos e envolve seus braços em torno de si mesma, sugando uma respiração áspera e dura. Ela sabe coisas. Eu sei que ela sabe. Quando ela não responde, eu arrisco alguns palpites.— Kathleen? Karen? Kim? — Bem, não é o Rumpelstiltskin12, — essa é sua resposta. Huh. — Kerrie? — A garota palpite fecha os olhos com tanta força que eu posso ver a pele enrugada e afundar dentro de seu globo ocular. — Katie? — Ela se vira rapidamente, agitando seu vestido sujo, os olhos brilhando como malditos fogos de artifício. — Sim, — ela respira, a palavra é tranqüila, mas poderosa, lançada apenas para que eu pudesse ouvi-la sobre o barulho do lado de fora do buraco de merda em que nós estamos parados.O corpo quente de Naomi enrolado no meu, seus dedos sobre minha pele, seus seios doces. Eu tremo e tento ignorar o tesão que está subindo no interior de minhas calças. Meio que penso em começar a usar cuecas um desses malditos dias. — E você é Dakota, estou certa? — Eu dou de ombros e pego um cigarro. — Turner Dakota Campbell, em carne e osso, — Eu digo e paro. Eu dou descarga no vaso. Eu não pergunto como ela sabe disso.Meu nome está estampado em milhares de sites, blogs, nos feeds do Twitter, nas timelines de Facebook. Está em toda porra de lugar e isso não é apenas a minha arrogância falando; é um fato. — E agora que você já jogou esse maldito jogo, eu quero saber. Onde está Naomi? — Os olhos da moça se enchem de lágrimas e ela começa a tremer. Essa bolsa maldita está pendurada por cima do ombro, balançando como um pêndulo. Ela está com o mesmo vestido em que a vi algumas semanas atrás. — Eu não sei, — ela sussurra, sacudindo a cabeça. — Eu não sei. Tentei chegar aqui a tempo, eu tentei. Mas já era tarde demais. É muito tarde. — Cale a boca, — eu agarro-a, talvez um pouco duro demais. — Ela se encolhe e se afasta, eu me sinto mal. 12
É o personagem homônimo e principal antagonista de um conto de fadas originado na Alemanha.
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— O Diabo, — diz Katie e depois cai de joelhos. Algo rola de sua bolsa e desaparece debaixo da porta. — Você está bem aí, querida? — pergunta uma voz nasal. —Você deixou cair suas pílulas. — Pode ficar com elas, — diz Katie, olhando para mim de sua posição no chão.Estou ficando desconfortável agachado aqui nessa merda do caramba, mas eu não me mecho. Eu fico e eu espero, olhos varrendo o rosto cansado da garota em busca de pistas. — Esta é uma boa merda, você tem certeza? — pergunta a cadela estúpida fora da porta. Eu tenho o desejo de dizer a ela para se foder, mas isso pode acabar com uma multidão em minhas mãos. Eu fico quieto. É preciso um inferno de um grande esforço, mas eu consigo. — Eu disse PODE FICAR COM ELAS! — Katie grita, agarrando a sua cabeça com os dedos tortos, agarrando o amontoado cabelo. Ela começa a se balançar para frente e para trás como uma louca, gemendo baixinho, gemendo lastimosamente. — Porra, tudo bem, quem perde é você, — diz a cadela do banheiro e então seus saltos batem para longe do box. — Ouvi dizer que Turner Campbell está na plateia em algum lugar, — ela diz e eu ouço alguns conjuntos de risos. Eu bloqueio as meninas para fora. — O Diabo não existe, Katie. Quem fez isso com Naomi e América, Marta? Você tem que saber alguma coisa. — Tudo que eu sei é que é melhor você encontrar ela antes que ele ponha as mãos nela. — Quem Katie? De quem diabos você está falando? — Estou ficando desesperado agora, sentindo a adrenalina bombeando em minhas veias. Ele, ele, ele. O pensamento de um cara tocando Naomi só me faz ficar pior ainda porra. Eu vejo vermelho; eu quero matar, porra. Nada de ruim pode acontecer com ela ou Turner Campbell deixará de existir e Vengeance13 vai tomar o seu lugar. — Eu vi o que ele pode fazer e não é algo a que você sobreviva. É algo que você corre pelo resto da sua vida. Eu ainda estou correndo, Dakota. — Puta que pariu, — Eu grito, descendo do vaso e batendo as botas contra o chão sujo. Há seringas em todos os lugares aqui. Parece como um
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É o guitarrista base da banda de Heavy Metal estadunidense Avenged Sevenfold.
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
maldito quarto de risco biológico. — Eu não posso fazer merda nenhuma com essas dicas meio vagas. Soletre para mim. Katie olha para mim e cascatas de dor correm pelo seu rosto e mancham seu vestido sujo. Ela é uma garota bonita. Ela tem o rosto em forma de coração e olhos redondos, lábios como um botão de rosa. Há um espírito de fogo lá, também, um que me deixa doente quando vejo a neblina cobrindoo,como a névoa sobre o sol. Alguém realmente ferrou com essa garota. Não qualquer pessoa, seus pais, os quais Naomi matou. Se eu tivesse ficado incomodado com a ideia de Naomi matar alguém, eu não estaria aqui. Vendo essa garota, eu sei por que ela fez isso, por que ela fez justiça em suas próprias mãos, canalizando isso em um par de tesouras e terminando as coisas. Pelo que eles fizeram a essa garota, os pais de Katie foram para a luz. — Eu não sei nada ao certo. Mas se ele me encontrar, ele vai me destruir. Eu só tenho algumas peças restantes. Se ele me pega de novo, não haverá nada para juntar. Preciso de Naomi para ficar bem. Por favor, ajude-a. — Eu cerro os punhos ao meu lado e tento conter uma onda de raiva, fúria e desamparo. Ficando aqui nesse banheiro conversando não vai salvar a mulher que eu amo, aquela que eu nunca cheguei a realmente mostrar isso. Eu tenho que agir, mas como eu posso quando eu não tenho nada para ir em frente? — Qual é o nome do Diabo? — Eu pergunto, esperando que ela me dê algo concreto. Katie limpa a mão em seu rosto e agarra sua bolsa de plástico contra o peito. — Ele tem muitos nomes. Belzebu, o AntiCristo, Satanás... — Essa menina está, obviamente, fora de seu juízo perfeito. Eu não estou tirando nada dela. Eu giro ao redor e soco a parede com raiva, deixando escapar um grunhido de frustração. O azulejo quebra e sangue escorre pelas minhas juntas. Tarde demais, eu me viro para Katie para pedir desculpas, mas ela já se foi e eu ouço o céu chorando por sua dor, encharcando a terra em lágrimas quando ela explode no auditório e desaparece na multidão antes que eu possa dar um passo à frente. Quando eu faço, a minha bota bate em alguma coisa no chão. Faço uma pausa e tomo um passo para trás. Sob a sola de borracha está uma chave de carro.
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
Vozes me acordam do meu nevoeiro de estupor. Elas são familiares, mas eu não posso nomeá-las. Tudo que eu sei é que eu já as ouvi antes. Eu não posso dizer quaisquer palavras, as drogas não vão me deixar. O que posso dizer é que a música parou. Tudo ao meu redor está calmo, alguns geradores trabalham fazendo barulho, fora isso nada mais.Onde caralho eu estou?Me pergunto, quando eu mudo para o lado e sinto um puxão doloroso em meu braço. As intravenosas ainda estão presas, bombeamento Deus sabe o que em mim. Comida? Eu sei que eu não tenho comido há dias. E água certamente, porque eu não bebi nada também. Passos vem em minha direção, tão altos que parecem que vão estourar meus tímpanos. O farfalhar da cortina soa novamente e flashes de luz brilhante aparecem pela minha venda. Cortinas. Uma casa reclusa. Geradores. Estou em um ônibus. Ou um trailer, eu acho. Provavelmente um ônibus. Um ônibus de turnê talvez? Desta vez, ao invés da picada em meu braço usual, uma mão passa pelos meus cabelos e o escova gentilmente para trás em um gesto tranqüilizador.Só que eu não me acalmo. Isso me irrita. Eu quero me levantar. Eu preciso saber onde eu estou. Eu quero saber quem diabos tem a audácia de me amarrar desse jeito? Eu começo a gritar e a mão se torna áspera, me empurrando de volta e esmagando meu rosto contra o tecido áspero de jeans. Por trás da venda, eu posso sentir a protuberância que só pode realmente ser uma coisa. Não, não, não. Eu começo a lutar e a mão desce até a minha mordaça, cavando os dedos por baixo do tecido, se preparando para arrancá-la. Quem quer que seja quer me estuprar. Meu corpo explode em pânico, a adrenalina tomando conta e me fazendo chutar como um animal selvagem. A mão me bate com força, mas eu quase não percebo, gritando e empurrando, arqueando as costas e batendo na parede com os pés. Mais passos soam até mim e a mão some. Um momento tenso de silêncio reina e, em seguida, vem a picada, cavando em meu braço ~ 48 ~
Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
dolorosamente. Então eu desapareço em um sono forçado, eu grito para o mundo ao meu redor, rezando para que alguém ou alguma coisa tenha misericórdia suficiente para se preocupar com uma garota que achava que foi quebrada, que só agora percebeu que está apenas torcida. Quem, quem, quem virá para esta menina que não sabe como amar mais? Quem?
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
Eu cancelei nosso show. É fodido, eu sei, mas eu não posso cantar quando meu coração está na minha garganta. Se eu abrisse a boca agora, a única coisa que sairia seria um grito sufocado de raiva. É isso, tudo o que tenho agora. Eu me esgueiro para frente, usando a vantagem do banheiro para fugir para a chuva fina lá fora.Acima de minha cabeça, nuvens carregadas estalam e rosnam, me alertando para fora da bagunça. Mas eu ignoro tudo, agarro firme a chave na minha mão. O tempo pode não perceber, mas eu sou o único com a vantagem agora. A multidão foi reduzida ao mínimo indispensável e mesmo as poucas pessoas que ficaram estão sob guarda-sóis e dentro das barracas. Eu faço um caminho mais curto para o estacionamento de clientes e paro, observando os veículos molhados. A chave é indefinida. A única razão que me faz saber que a chave pertence a um veículo é porque ele tem aquele pedaço de borracha preta na ponta. Caso contrário, eu nunca sequer saberia. Eu mantenho a chave tão apertada que os cortes em minha mão sangram e o sangue vermelho cai em meus pés. A tarefa diante de mim parece fodidamente impossível, mas eu não posso me convencer do contrário. Assim, no escuro, na chuva, eu passo para a frente e eu começo a testar os veículos. Tento em portas e porta-malas, passando de uma ponta a outra, então para a próxima. Eu imagino que se alguém me pegar, eu digo: eu sou Turner Maldito Campbell. Eles vão recuar. Se não, há sempre dinheiro.Última vez que verifiquei eu tinha uma tonelada de dinheiro. Cada fracasso me irrita, me fazendo cerrar os dentes e morder o meu piercing na língua, sinto o gosto de sangue em minha boca, sentindo como eu quero dar uma surra em alguém. Não. Não qualquer pessoa. Ele. Quem diabos que levou Naomi. Deus, quando eu encontrá-lo, é melhor ele correr, porque se eu colocar minhas mãos em torno de sua garganta, as porras das luzes vão se apagar. —Turner — A voz aguda corta a chuva e meu olhar vai para cima sobre uma figura que corre através da garoa para mim. Quando ele chega ~ 50 ~
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perto, eu vejo que é Ronnie. Seu rosto está pálido e suas mãos estão trêmulas, mas ele parece lúcido o suficiente. Eu coloco a chave na fechadura e dou a volta. Nada. — O que diabos você está fazendo aqui fora? — pergunta ele, me vendo passar por um Miata prata. Eu paro por um momento, tentando descobrir como diabos responder essa pergunta. — Procurando minha mulher, — Eu digo simplesmente porque bem, isso é tudo que há para fazer. Ronnie parece entender melhor do que ninguém. Eu vou até o próximo veículo e ele me segue, cabelo espetado em sua testa pálida e bochechas fundas. Ronnie é um cara legal. Mas não muito. É melhor ele parar com as drogas malditas ou ele vai apodrecer de dentro para fora. Até eu entendi isso, porra. — Trey não está feliz com você, — diz ele, mas ele não menciona Milo, então eu acho que está tudo bem. Com o súbito reaparecimento de Hayden, a multidão vai superar isso. Eles me viram cantar, um fantasma que ressuscitou dos mortos e eu torci a merda fora de suas bundas. Eles vão se lembrar deste show por um bom tempo. — Achei o máximo, — Eu sigo enquanto pego a chave, insiro na fechadura, girando-a, sentindo mais uma onda de decepção. Atrás de mim, eu posso ouvir os sons dos gritos da multidão para fora do prédio. Eu não vou ser capaz de continuar assim por muito tempo. — Mas isso não quer dizer nada comparado a isso. — Ronnie não me questiona, apenas estica a mão para a chave e examina cuidadosamente. Sendo o Deus da fofoca que é, ele tem aperfeiçoado e refinado com conhecimentos e habilidades de merda inútil, quando Ronnie olha para a chave a aperta os olhos duramente, eu sei que ele tem alguma coisa para mim. — Esta não é uma chave de carro, Turner, — ele me diz que ele acena com a cabeça uma vez e me entrega de volta. Sua camiseta está colada em seu corpo, mostrando-me o quão magro ele está. Me faz sentir como um maldito amigo de merda. Como é que eu perdi essa espiral decadente? Onde merda eu estive? — Então o que é? — Eu pergunto quando as massas se dispersam e começam a se mover em direção a seus respectivos veículos.Provavelmente um bom momento para nós sairmos. Mas eu não vou. Não até que eu consiga uma resposta do Ronnie. Ele lambe os lábios e olha em volta como se esperasse que alguém estivesse ouvindo nossa conversa. Quando ele olha para mim, eu posso ver a curiosidade e o medo em seus olhos. Ele não sabe exatamente o que está acontecendo, mas ele pode imaginar e ele não gosta. Eu não o culpo. — Se meus instintos estão certos e eles geralmente estão, eu teria que dizer que essa chave... vai para um dos ônibus da turnê. ~ 51 ~
Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
Ronnie e eu deixamos o estacionamento correndo, parando apenas quando o porteiro grande e corpulento na frente parece estar prestes a explodir nossos malditos cérebros. Eu não mostro a ele nenhuma identificação, basta deslizar o cabelo da minha testa e olhar ele nos olhos. Ele nos permite entrar. Parando na frente da cerca de arame, eu olho ao redor do estacionamento quase vazio. Ninguém realmente quer ficar aqui fora no escuro neste tempo miserável, isso me dá tempo para pensar, para fazer a varredura.Havia cinco ônibus antes, há quatro agora. Esta chave pode me levar ao meu ônibus ou até mesmo para Naomi. Nesse caso, não é realmente uma pista na verdade. Mas há a chance de que ele vai para um dos outros ônibus. Na esquerda há o ônibus dos Terre Haute. No centro, vejo o ônibus de Burning the Bleeding. Á direita dele, Ice and Glass. Eu giro a chave em meus dedos, observo e espero. Relâmpago crepita na distância, serpenteando através da escuridão do horizonte como um aviso. Fique fora disto, ele me diz. Se você não quer se machucar. Eu sorrio. Nem mesmo Deus em pessoa poderia me impedir de assumir esta tarefa. — Eu vou te levar de volta para o ônibus, — digo a Ronnie, mas ele já está balançando a cabeça. Quando eu olho para ele, eu vejo algo em sua expressão. Nesse olhar, que tem sido vazio por muito tempo, há esperança. Há sinceramente uma porra de esperança no olhar de Ronnie. — Cara, se eu deixasse você fazer isso sozinho, eu estaria colocando uma arma na minha própria boca. Eu tenho que ter alguma coisa e é isso. Você tem que ser feliz, Turner.Se eu não posso fazer as coisas direito para você, então que chance eu tenho? — Ele esfrega o nariz, um hábito de cheirar todo o crack. Seus olhos estão molhados, mas talvez seja da chuva ou o que seja. — Depois de Azuka, eu... — Ronnie balança a cabeça. Ele não está pronto para falar ainda, mas ele vai estar. Eventualmente. Se tudo der certo. Se Naomi está morta, então eu vou desistir e eu provavelmente vou estar tomando Ronnie para um passeio. Não pense nisso agora, Turner. Nem considere isso. — De qualquer forma, eu não quero voltar para o ônibus e ouvir a puta de Trey.Vamos fazer isso, então podemos dormir esta noite. Estou cansado pra caralho.
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
Ronnie anda em direção ao nosso ônibus, me arrastando com ele. Nós não falamos quando nos aproximamos no caso de que Trey ou Milo esteja lá dentro e testo a fechadura. Não é nossa chave. Uma foi. Três ainda faltam. O próximo ônibus pertence a Terre Haute. Eu duvido o caralho que esta é deles. Nós temos que testar embora ou eu não vou ficar tranqüilo. Eu não vou nem descansar em paz se eu souber com toda a porra do meu coração que eu não fiz de tudo para encontrar Knox. Quando nos aproximamos das paredes verdes e prata do ônibus, dava para ouvir as vozes que zumbem lá dentro, oscilando em torno de Hayden como se ela fosse a maldita coisa mais preciosa que a terra já viu. Pessoalmente, eu não acho que o mundo teria sofrido muito em perdê-la, mas o que eu sei? — Você ouve alguma fofoca sobre isso? — Eu pergunto, inclinando a cabeça em direção à janela da lateral. Ronnie acena, mas coloca um dedo sobre os lábios. Conseguimos testar com sucesso a chave sem que ninguém nos perceba. Eles estão muito ocupados mimando Hayden para prestar muita atenção a qualquer outra coisa. Sua boneca Barbie está de volta e isso é tudo que importa. Eu duvido que algum deles está mesmo pensando em Naomi agora. Exceto Dax. Talvez o garoto emo esteja chorando na sua cama, eu não sei. — Ela está dizendo a todos que ela passou a última semana amarrada. Diz que não sabe onde ou por quê, mas que ela acabou de acordar deitada no chão perto das lixeiras, ouviu a música e vagou para dentro. — Eu levanto as duas sobrancelhas. — Mentira. — Isso é o que ela está dizendo. Ela não tem muitos detalhes, apenas fica repetindo as mesmas coisas várias vezes. Ela disse que estava a caminho do ônibus para o palco em Denver, quando alguém bateu na cabeça dela e a levou. — Eu enrugo a testa. Essa merda não faz sentido para mim, não com o que Naomi disse antes do show. Ela disse que estava substituindo temporariamente Hayden, como se ela soubesse de algo mais. Eu olho para Ronnie, mas ele está apenas dando de ombros. — Ei, eu não sou um detector de mentiras. Tudo o que estou dizendo é o que eu ouvi e é de segunda ou terceira mão as informações de qualquer maneira. Poderia estar absolutamente errado. — Ronnie nunca está errado, e ele sabe disso. Eu esfrego em meu queixo, mas eu não consigo descobrir por que Hayden mentiria. Talvez ela esteja apenas embaralhando essa merda toda considerando as circunstâncias. Se ela está dizendo a verdade, tanto quanto ela sabe disso, não faria sentido. Se não, é muito para ser uma coincidência. ~ 53 ~
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Não há nenhuma maneira no inferno que ela estava fora fazendo suas coisas e simplesmente foi seqüestrada na mesma noite que todo o resto da merda caiu. Nuh uh. Eu chamo isso de mentira. — E a polícia? — Eu pergunto. Ronnie balança a cabeça, cabelo escuro colado ao seu crânio como um boné. — Não sei porcaria nenhuma sobre a polícia, — ele me diz e nós dois paramos de falar. Os outros dois ônibus estão fáceis o suficiente para obter o acesso, muito menos atividade passa por aqui. Tentamos duas fechaduras, erramos duas vezes. Estou prestes a lançar a chave no chão e esmagá-la quando Ronnie faz outra sugestão, a qual obviamente esqueci porque eu sou uma idiota do caralho. — E sobre os trailers pessoais? — ele pergunta olhando em volta com olhos pequenos. — Eu não os vejo aqui, mas a chave poderia pertencer a um deles. Eles estão fora, reabastecendo neste momento. — Ele se vira e olha para mim quando nós fazemos o nosso caminho de volta para o ônibus. — Ou poderia ser nada. Eu não sei onde você pegou a chave, mas talvez ela pertença a uma senhora de idade em Oklahoma ou algo assim. Você sabe. — Não, — eu disse automaticamente, girando o pedaço de prata ao redor em minha mão. — Eu sei. Esta chave é um pedaço do quebra-cabeça, um pouco do mapa que vai me levar até Naomi e eu não vou parar até eu descobrir de onde veio. — Ronnie balança a cabeça e suspira profundamente, estendendo a mão para a maçaneta da porta e fazendo uma pausa enquanto seus dedos envolvem o metal frio. — E se você estiver certo, Turner, e depois? — Ele pergunta, mas acho que ele já sabe a resposta para essa pergunta. — Depois? — Eu digo enquanto eu olho para cima e vejo as nuvens cinzentas que atravessam a escuridão sombria do céu. — Então eu vou chutar alguns traseiros.
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Tudo permanece estagnado por algum tempo. Até quando, eu não tenho certeza. Com os olhos cobertos nesta escuridão sufocante de cobertores e cordas, não há nenhum jeito de julgar a passagem do tempo. Algumas pessoas podem ser capazes de resistir a longos períodos como este, acessando memórias felizes, dias na praia ou noite com garotas. Eles podem ser capazes de escapar do inferno físico que eles estão sendo puxados para as profundezas brilhantes de alegria que eles têm armazenado, o passado brilhante e bonito, que orienta o seu caminho na escuridão do seu futuro. Mas para mim, o meu passado não é tão feliz e minhas lembranças não são tão bonitas. Fiquei ali naquela escuridão, drogada e aterrorizada. Eu não quero ser estuprada. Eu não quero ser usada. Isso vai contra a própria natureza do meu caráter. Deitada aqui, impotente e presa, me sinto como uma pessoa diferente. Naomi Knox sempre encontra uma saída, sempre triunfa apesar da adversidade. Ela pode fazer isso com palavrões ou um soco no rosto, mas ela sempre consegue. Talvez não desta vez. Não vai haver nenhuma fuga épica para mim. As cordas são amarradas apertadas e as drogas são sólidas. Meus captores são como os vilões dos filmes, me deixando sozinha em um quarto aberto com um único guarda. Não há chances aqui para escapadas ousadas ou cabelo elevando ao triunfo. Tenho que esperar para ser salva. Não porque eu quero, não porque eu estou precisando de alguma forma, mas porque eu não posso me mover. Eu não posso ver. Meus ombros foram alterados de doloroso para dormentes, não é um bom sinal. Estou sendo mantida viva artificialmente. Quão fodido que é isso? E a parte mais fodida de tudo isso é que eu não sei o porquê. Não penso em nada. Um brinquedo sexual? Não tenho nenhuma porra de pista. Sou refém? Isto é tráfico de seres humanos? Mas então por que eu continuo ouvindo música? A última parte lógica de mim, o pouco que está além do alcance das drogas, percebe que eu ainda estou, provavelmente, seguindo a turnê. Minha música está tocando e Turner está cantando. Eu quero dar um tapa em seu rosto e beijá-lo ao mesmo tempo. Ele está mantendo a minha alma viva, enquanto meu corpo se encontra aqui e apodrece. Eu não sei por que ele está fazendo isso. É por causa disso... essa palavra suja que começa com A, ~ 55 ~
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aquela coisa que faz corações baterem, mas também pará-los? Suponho que, se... não, não, não... quando eu sair daqui, eu vou ter que perguntar a ele. Então eu fico lá em silêncio forçado, desesperada para manter minha mente longe de todo o horrível "e se..." jogando dentro na minha cabeça, imagens de mim quebrada e sangrando, perto da morte, mas negando a paz. Eu tremo e fungo, tentando pensar em um momento em minha vida onde eu estava realmente feliz. Eles são poucos e distantes entre si, com certeza, mas há um que continua vindo à mente de novo e de novo e de novo. A noite em que encontrei com Turner Campbell pela primeira vez. Devia ser o meu mais escuro pesadelo, mas não é. De alguma forma, quando penso naquela noite, eu sorrio. Deus, eu realmente devo estar desesperada.
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Eu dedilho a chave enquanto eu me sento à mesa e ouço Milo ir e falar sobre publicidade e a polícia e blá blá blá. Eu realmente não dou a mínima. Tudo que me importa é o barulho dos motores. Ronnie e eu continuamos trocando olhares e ele continua balançando a cabeça. Parece como se aqueles filhos da puta tivessem ido embora para sempre. — Quando eles vão voltar? — Eu pergunto, interrompendo Milo e atraindo os olhos de todos para a mim. Meu empresário passa a mão pelo cabelo loiro e ajusta a gravata vermelha. Ele sempre usa uma, mesmo neste buraco quente do inferno. É como se ele fosse impermeável ao tempo, a caminhada, sendo o símbolo da obediência civil, um honrado corporativo. Conseguiu amar Milo Terrabotti, certo? — Quem, Turner? — ele me pergunta, soando frustrado. Ele soa desse jeito muitas vezes quando fala comigo. Eu giro meu telefone novo em torno da mesa e olho para a imagem no plano de fundo. Naomi. Eu não sou nenhum fodido perseguidor ou algo assim. Eu peguei essa porra no site da Amatory Riot. É uma foto de grupo, mas seu rosto é o único que eu vejo. Eu toco um dedo nos seus lábios. — Os trailers, os de uso pessoal. — Milo verifica seu relógio com uma expressão perplexa. Ele não entende a minha pergunta, mas pelo menos ele vai respondê-la, mesmo que seja apenas para provar que ele sabe. — Eu pensei que eles estavam apenas reabastecendo. Por que diabos estão demorando tanto? — Eles não estão apenas reabastecendo, Turner. Se fosse esse o caso, eles poderiam fazê-lo na estrada. Eles têm de comprar coisas, você sabe. Alimentos, camisinhas, os itens que você pediu. — Milo me dá um olhar. —Eles vão estar de volta antes do amanhecer. É quando vamos embora. — Meu empresário olha para cima de seu relógio e olha diretamente dele para mim. — Por quê? — Só pra saber, — Eu digo a ele, espremendo a chave. Ele suspira e balança a cabeça, esfregando a dobra de pele entre as sobrancelhas. ~ 57 ~
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— Ok, Turner. Tudo bem. — Milo respira e enfia suas pequenas mãos nos bolsos na parte da frente da calça. Ele não gosta que ninguém saiba, mas ele tem que levá-los até porque ele é tão pequeno. Eu mantenho o meu olhar na parte inferior de suas calças e tento observar a costura a mão enquanto a minha mente vagueia. Por que qualquer um dos funcionários iria querer seqüestrar Naomi? Um fã enlouquecido? Será que Marta e América ficaram em seu caminho? Eu aperto a chave mais forte ainda, moendo-a em minha mão enquanto eu tento imaginar o quão grande é e quão longe isso vai. Há o vídeo de Naomi, o chapéu de Travis. Quero dizer, o quão profundo é essa coisa? Quantas pessoas estão envolvidas? — Nós temos alguns interesses renovados no álbum. Parece que toda esta tragédia, tão horrível como é, chamou a atenção de algumas pessoas muito importantes. — Milo limpa sua garganta e se prepara para lançar em seu discurso de Profissionalismo, Prática e Progresso.Podemos sempre dizer quando ele está prestes a fazer isso porque ele ronca como um porco maldito e embaralha seus pés. Felizmente, ele é interrompido por uma batida na porta. Olhares são trocados e, em seguida, Milo se levanta para atender a posta, revelando Hayden Lee em pé na frente do nosso guarda-costas, o cabelo pingando em volta do rosto lavado. Ela sorri para todos nós e, em seguida, foca seu olhar em mim. — Oh Deus, por favor, entre, — Milo diz, convidando-a através da porta.À distância, eu posso ver alguns dos membros de sua banda pairando sob guarda-chuvas e observando cuidadosamente.Milo fecha a porta sobre eles e ajuda a vaca magrela a pegar uma toalha para se secar.Ela não está tão molhada quanto você imagina, fazendo-me pensar que ela provavelmente andou aqui com um de seus amigos. — O que você quer? — eu pergunto a ela, não tentando adoçar essa merda. Eu não confio nela. Essa cadela desaparece no mesmo dia em que Naomi desaparece e volta sem se lembrar de nada? Rá. Um monte de merda. Se ela está envolvida, eu vou destruí-la. Um bom soco na sua garganta poderia acabar com sua carreira. Hayden lambe os lábios e toca o curativo na testa com os dedos hesitantes. — Eu estava esperando que pudéssemos conversar, — ela diz e, em seguida, olha ao redor da sala para os meus amigos. É óbvio que ela quer ter ~ 58 ~
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um pouco de privacidade. Tudo bem por mim. Eu tenho um monte de perguntas para ela. Sem responder, eu a alcanço e agarro seu pulso com uma mão, pegando um guarda-chuva com a outra. A chave permanece na minha mão, apertando contra o cabo de madeira. Eu chuto a porta e saímos antes que Milo possa terminar seu protesto, espirrando através da chuva e se afastando do ônibus. — É melhor começar a falar, — Eu digo a ela enquanto ela se esforça para me acompanhar. — Você tem algum problema comigo ou alguma coisa? — ela para quando envolve as mãos em volta do meu braço me fazendo diminuir o passo. Eu deixo ela me tocar. Mas apenas para que ela possa me acompanhar. — Eu por acaso fiz alguma coisa pessoalmente para te ofender, sua majestade? — Eu olho ao redor e lambo algumas gotas dispersas de água dos meus lábios. — Sim, na verdade. Agora que você perguntou, estou um pouco desconfiado, princesa. — Hayden bate a palma da mão no meu peito e me empurra para longe. Eu giro e sinto meus músculos queimando com adrenalina. Eu quero bater nela pra caralho, mas eu não vou. Eu estou farto com essa merda. Respire, Turner, Respire. Eu deixo meus olhos fechados e, em seguida, abro novamente. Haydem observa meu esforço para me controlar e sorri.Ela não se parece ou age como uma garota que esteve amarrada por uma semana. Eu resisto à vontade de cuspir em seu rosto enquanto ela olha para a chuva e permite que a água passe pelas bochechas magras e lábios finos. A chuva surge e começa a cair, umedecendo sua camiseta branca revelando uma pequena sugestão da coisa real por baixo. Se a cadela era magra antes, ela está a meio caminho para o túmulo agora. — Não se lembra de me foder? — ela me pergunta, o que baixa um pouco a minha guarda. Eu fungo e corro minha mão pelo meu rosto. Minhas tatuagens parecem de neon nesta luz negra. Você pensaria que elas ficariam mudas, mas elas não estão, elas estão me olhando diretamente nos olhos, brilhando com cor, um forte contraste com a monotonia ao nosso redor.Examino as estrelas através meus dedos. Eu enrolo-os firmemente e deslizo a chave no meu bolso, para o caso de isso ficar feio. — Eu não me lembro de nada. Por que você pergunta? — Hayden encolhe os ombros e há gazes nos arranhões em volta do pulso. Seu sorriso vacila um pouco, mas ela tenta não me deixar notar. — Eu ouvi sobre Naomi, — diz ela, enquanto se move para frente puxando-me atrás dela, balançando os quadris como se estivesse tentando seduzir. Sem chance que isso vai acontecer. Eu pego um cigarro e entro em ~ 59 ~
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uma luta com o vento tentando acendê-lo. A ausência de produtos químicos no meu sistema está realmente fodendo comigo. Me sino trêmulo, tonto e fraco, ao mesmo tempo que me sinto livre, lúcido.É bizarro pra caralho. — E a América. E quem quer que aquela garota morta seja. — Marta Yadley, — eu digo e Hayden olha por cima do ombro com uma carranca molhada, a umidade escorrendo pelo seu queixo pontudo até seus mamilos eretos como se fossem miras. — Eu pensei que os policiais não estavam publicando seu nome? — Eu tiro meu isqueiro, prendendo-o ao lado da chave me assegurando de que ela ainda está a salvo. — Eles não estão, — eu digo, mas não explico como eu sei sobre isso. Acabo de dar uma tragada no meu cigarro e continuo caminhando. Eu não tenho ideia para onde estamos indo, mas eu continuo andando, tentando ver como eu posso recolher informações antes que Hayden decida mudar de assunto. Não escapa da minha atenção de que estamos nos movendo em um círculo, voltando ao redor das lixeiras por trás da rua, o lugar em que Hayden diz que acordou. Havia policiais lá fora mais cedo, mas eles já se foram. Eu posso ver alguns deles em torno da cerca, tentando descobrir como lidar com essa merda. Desde que entramos em turnê, eles estão tendo um tempo difícil em nos encaixar em sua jurisdição e política de merda. Atravessamos linhas de estado, mas o assassinato aconteceu em um lugar, por isso não é território do FBI. O município onde aconteceu ainda está com o comando da investigação, mas embora eles segurem o ônibus de Knox, eles não podiam manter o resto de nós lá após o interrogatório. Alguns deles vieram juntos com a gente, mas eu não os vi fazer nada enquanto estamos aqui. A maioria deles está por aí bebendo café, encarando todos nós. Isso realmente estragou a porra da diversão. Eu ouço os ajudantes de palco reclamando sobre isso nos bastidores. —Onde você chegou a isso? — Hayden me pergunta quando chega perto do edifício e pára.Seu rosto se levanta e seus olhos azuis se trancam na torre do sino acima. Quem fez a construção tentava fazê-la parecer que sempre tivesse sido assim, mas é óbvio que algo não está certo, há algo que está faltando. — Cheguei a que? — Eu pergunto a ela quando ela envolve seus braços em torno de si e se arrepia. Eu entrego o guarda-chuva e ela o pega, mas eu não entro debaixo dele junto dela.Em vez disso, dou um passo para trás e começo a me afastar. À distância, eu posso ouvir o ronco dos motores. Esta é uma estrada particular e o show acabou. Há apenas uma coisa que poderia significar. Os trailers estão de volta. Hayden olha para mim e enrola o lábio. ~ 60 ~
Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
— Eu gostei de você, Turner, — ela diz e eu dou de ombros. Isso não é algo que eu não tenha ouvido antes. — Você foi o que eu sempre quis ser. Agora, eu não sei mais. — Eu largo o cigarro no chão e ele se apaga em uma poça. — Você é o Deus do Rock 'n Roll, uma besta sexual a ser reconhecido. — Hayden sorri de novo, mas ele cai por terra. — Mas você também está cheio de merda. Onde diabos está Naomi, seu psicopata? — Minha cabeça estala e eu aperto meus punhais para ela. — Você está me acusando, porra? — Eu pergunto, completamente enojado. Hayden chupa uma respiração e lambe os lábios. A próxima coisa que ela diz tira a merda fora de mim. — Essa guitarra que você tem, a qual você reivindica é de Naomi. Isso é mentira, Turner. Dax me contou que a viu esmagando-a no palco, então onde é que você está tentando chegar? O que você está tentando fazer? Meu corpo fica frio e meu sangue congela em minhas veias, deixandome como uma estátua na escuridão turva da chuva e os flashes afiados de um raio. Hayden está certa. Com toda essa comoção de merda, eu não estava pensando claramente. A guitarra. Porra. A guitarra. Não pode ser de Naomi. Isto é fodidamente impossível.
Subi as escadas do ônibus em uma raiva cega. Eu não sei exatamente do que é que eu estou com raiva. Hayden? Naomi? Eu mesmo? Não. É a porra do caralho do mistério que está por trás de toda essa merda. É ele. O Demônio. Quem quer que fosse que Katie estava falando. Quando eu tropeço para dentro, todo molhado e chateado, eu encontro um dos policiais sentados à mesa com Milo. Eu sei que são policiais por causa da maneira como eles se sentam, a forma como os seus olhos balançam para mim e absorvem tudo, catalogando. Irrita-me ainda mais. — O que diabos vocês querem? — Eu pergunto enquanto eu alcanço a geladeira e pego uma cerveja. Sim, sim, sim, eu preciso da cabeça limpa e tudo, mas essa merda pede um pouco de bebida.Estou orgulhoso de mim mesmo por não estar usando qualquer droga. Milo se levanta com um sorriso forçado e tenta acalmar a minha pele arrepiada antes que eu arrancasse qualquer garganta. ~ 61 ~
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— Turner, com base em novas evidências do caso, estes homens estão aqui para te fazer mais algumas perguntas sobre Naomi. — Eu olho para os dois detetives e eu não tenho nada a dizer. Talvez eles me tenham como suspeito, talvez não. Eu não dou a mínima. Eu não sei nada para que possa ajudá-los. Claro, eu poderia apresentar a irmã adotiva ou a chave, mas eu não vou. Eles vão levá-las para longe de mim, levá-las em custódia e eu não sei nada sobre o que está acontecendo. Foda-se, mesmo que eles encontrassem Naomi, eu provavelmente não iria ouvir sobre isso até que estivessem nos malditos noticiários. — Pergunte à distância, — eu digo, com a intenção de tirá-los daqui o mais rápido possível. Eu preciso que Ronnie vá verificar os trailers. Eu estalo a tampa da garrafa na extremidade do balcão e bebo, engolindo a garrafa inteira em menos de dez segundos. O pequeno punhado de álcool bate no meu estômago vazio e vai direto para minha cabeça. Eu pego um cigarro e tento ignorar o fato de que minhas mãos estão tremendo. Não tem nada a ver com a polícia, mas sim tudo a ver com a guitarra. Aquela porra era cara. Não é apenas uma extra, uma reserva. Essa coisa foi plantada, isso é certo. Sem dúvida. Um dos policiais, o de casaco marrom com botões brancos se levanta e estende a mão. Ele é sorridente e jovem, alegre. Exatamente o tipo de cara que eu odeio. Ele e eu somos pólos opostos na escala. Aposto que ele cresceu em uma casa de três quartos no subúrbio com um cão e dois ou três irmãos e irmãs.Bom pra ele. Eu cresci em um trailer tão pinchado que você não conseguiria distinguir a cor. Imediatamente, minha guarda está alta e eu me sinto territorial. —Ei Turner. Meu nome é Jim Pemberton e eu sou o xerife do departamento da cidade de Denver. É realmente uma honra conhecê-lo. Eu tenho sido um fã de sua música há anos. Eu estava realmente em um de seus primeiros shows, em Jersey quando Travis ainda estava no baixo. — Eu olho para a sua mão e depois de um momento de debate, eu tomo e aperto forte, deixando-o saber que eu estou falando sério aqui. Eu vejo seus olhos azuis e os lábios rachados e tento decidir se ele está trazendo o meu amigo morto para me irritar, ou para tentar me ganhar.Quando o outro policial limpa a garganta e franze a testa para mim, eu vejo que Jim é o bom policial. Quem está na mesa é o ruim. Ótimo. Isso já aconteceu antes quando fui pego por perturbar aquela garota. Posso lidar com isso. Eu sendo no banco e jogo o meu cartão de bad boy, ajustado as calças com uma mão e segurando o cigarro na outra. O policial ruim me assiste brincar com minhas bolas e não tenta esconder seu desgosto.
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— Você é um fã da minha música? — Eu pergunto quando Ronnie entra na sala e olha para mim. Ele sabe que os trailers estão de volta também. Bem, é claro que ele sabe, ele é Ronnie aberração McGuire.O policial ruim continua olhando para mim com olhos castanhos, franzindo os lábios e cruzando as mãos sobre a mesa. Aposto que se ele tivesse no seu lugar, todos nós estaríamos presos em Denver até que esta merda acabasse. — Meu nome é Darnell Valentine, — diz ele em um tom monótono. — E nós gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas. — Ele senta duro e não tenta esconder sua decepção. — Antes de passarmos isso para outro departamento, nós gostaríamos de concluirmos o final da investigação. — FBI? — Ronnie pergunta, focando seus olhos nos deles. Eles olham para sua pele pálida, as tatuagens de cobra em seu pescoço e eles não parecem muitos animados em tê-lo aqui na sala.Felizmente para eles, eles não dizem nada. — Hayden Lee desapareceu em Colorado e apareceu no Texas,— Jim diz, sorrindo brilhantemente. Ele não explica mais. Em vez disso, ele se senta ao lado de seu parceiro e passa a me fazer um monte de perguntas inúteis. O que você sabe sobre Naomi Knox? Como vocês dois estão envolvidos? Onde você estava no dia e na hora tal?Nada disso significava grande coisa até que a conversa mudou de rumo. — Você já teve o prazer de conhecer o irmão de Naomi, Eric Rhineback? — Darnell pergunta. Eu paro no meio do caminho com o meu cigarro à boca. Puta merda.As drogas já teriam feito tanto dano no meu cérebro que eu nunca parei para pensar sobre o Eric?Bem, merda, ele obviamente está desconfiado aqui, não é? Naomi disse que estava seguindo a turnê, que ela falou com ele. Mas o que eu posso dizer aos policiais? Ou eu devo ir procurar eu mesmo o filho da puta? Eu tamborilo os dedos sobre a mesa e tento pensar. Finalmente, eu decido que esta informação, pelo menos, me livraria mais rápido desses caras de terno. — Eu não o conheci, mas Naomi disse que falou com ele. — A polícia não deixa transparecer. Se eles já ouviram esta informação antes, eles não deixam. — Ela te disse sobre o que eles conversaram? — Jim pergunta transparecer. Sim, eu penso enquanto Ronnie faz sanduíche pra ele e escuta a conversa. Milo fica rígido e olhando o relógio de vez em quando. Está tarde, tarde pra caralho para esses policiais e toda essa merda. Mas aqui estão eles, e a turnê só vai ter que esperar. Ah, a arrogância. E eu pensei que estava ruim. Naomi me contou tudo sobre seus pais adotivos e como ela os matou, como ela ~ 63 ~
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esfaqueou um par de tesouras com pânico em suas gargantas como uma espécie de heroína de novela. — Ele estava procurando por sua irmã, — eu digo e noto que o olho direito de Jim contrai um pouco. Acho que atingiu um nervo. — Eu vejo, — diz ele e ajusta-se ligeiramente. Ele está fingindo não estar interessado, mas eu posso dizer que ele está. O policial ruim não move um músculo. Eu mantenho meus olhos em Darnell e noto que ele está usando um relógio muito caro. Policiais fazem um monte de dinheiro, não é? Eu não sei. Tudo o que eles já fizeram por mim foi aparecer e levar minha mãe embora. Eles nunca me ajudaram, realmente nunca a puniu, nunca me deram uma segunda chance ou algo assim. Eles bateram nela e lançaram ela de volta mais irritados do que nunca. Eu fecho meus olhos e tento suavizar a raiva na minha barriga. — E você sabe por que ele poderia ter ido até Naomi e ter pedido ajuda com isso? — Eu dou de ombros e esfrego meu cigarro em um cinzeiro. Este é realmente o quarto cigarro desde que eu sentei. Isso está levando mais tempo do que eu pensava. Os trailers derivam em torno da parte de trás da minha mente. Imagino chutando a porta para baixo e encontrando Naomi, jogando-a sobre meu ombro e salvando ela como um príncipe em uma porra de um conto de fadas. — Como diabos eu vou saber? — Eu pergunto, jogando minha outra ficha. O fato é que Naomi e eu não estamos conectados de alguma forma tangível e a lei está em meu favor agora. — Ela e eu não somos exatamente unidos pelo quadril. — Mas você não está apaixonado por ela? — Darnell deixa escapar, se inclinando para frente. Suas sobrancelhas peludas caem sobre os olhos e obscurecem o brilho que ele está jogando do meu caminho.Minhas narinas se alargam, mas eu consigo segurar o meu temperamento. Bom para mim. Estou crescendo em todos os tipos de formas de merda. — Isso é da sua conta? — Eu rosno de volta. — Darnell... — Jim começa, mas o seu parceiro não está ouvindo. — Temos uma sala cheia de pessoas que ouviram você confessar seu amor a ela, que a ouviu negar de volta o mesmo amor. Isso teria me irritado. Não te incomoda? Ser rebaixado assim? E assim, publicamente, também? Eu me levanto e depois bato sobre o cinzeiro com a minha mão. — O que porra você está insinuando, filho da puta? — Eu rosno quando Milo se levanta e me agarra pelo ombro. Darnell e Jim se levantam
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também, mas, desta vez, é Jim quem está franzindo a testa e seu parceiro quem está sorrindo. — Obrigado pelo seu tempo Sr. Campbell. — Jim diz, me dando um sorriso de boca fechada. Ele sai e Darnell o acompanha. O som da porta balançando ao vento parece muito alto e eu fico ali olhando para uma marca de queimadura no tampo da mesa. — Turner? — Ronnie pergunta e eu olho para ele. — Vamos andar para você se acalmar, amigo? — Concordo com a cabeça e puxo o braço do aperto de Milo. Meu empresário não diz nada. Talvez desta vez, ele percebe que foi longe demais. Ninguém questiona o meu amor por Naomi. Ninguém.
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Eu ouço vozes novamente. Eles estão discutindo neste momento. Eu me pergunto se eles estão tentando decidir o que fazer comigo. Espero que seja o que for que eles decidam, que me deixem sair dessas malditas cordas, mais cedo do que mais tarde. Eu não consigo sentir minhas mãos ou os pés mais, o que assusta a merda fora de mim. Eu preferia quando eles estavam queimando em agonia. Os passos vêm em minha direção, mas não afastam as cortinas. Em vez disso, eles se movem além de mim, pela primeira vez desde que cheguei aqui. As vozes não falam quando estão por perto, mas tão logo eles se afastam, começam de novo.Seja onde quer que eles estejam, estão longe, as vozes ficaram tão abafadas que eu não consigo ouvir nada, só resmungos. É tão malditamente frustrante, quase o suficiente para iniciar as lágrimas novamente.Eu pensei que eles tinham secado nos primeiros dias, mas talvez eu esteja errada. Agora, um bom soluço parece que está prestes a emergir e tomar conta de mim. Seja positiva, Naomi, eu digo, tentando ter uma conversa interna comigo mesma. Nunca funcionou para mim antes, mas há sempre uma primeira vez para tudo, certo? Você vai sair dessa como uma pessoa mais forte.E então você estará saindo e irá arrancar fora algumas cabeças.Quem é o responsável por isso vai cair com força. Os passos voltam e desta vez há o farfalhar habitual da cortina, o flash de luz. Mas quando eu espero pela agulha, ela não vem. Desta vez, as intravenosas são arrancadas do meu braço e eu gemo de dor. Um segundo depois, eu estou sendo erguida e jogada por cima do ombro de alguém. Um homem, eu acho, com base no músculo e o cheiro almiscarado de loção pósbarba, mas eu já estive errada antes, acredite ou não. A pessoa começa a falar e sua voz ainda é um pouco abafada, apesar do meu descanso contra suas costas. Isso é quando eu percebo que: eu estou usando tampões de ouvido. Tampões do caralho. Maldição. — Diga a ele que os termos não mudaram. E diga que nós não temos visto ela, porra. Se fizermos isso, vamos cuidar dela, ok?— A voz ressoa abaixo ~ 66 ~
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da minha bochecha quando a pessoa me leva adiante. Minha cabeça tamborila enquanto descemos e, em seguida, eu suspiro contra o tecido quando minha boca atinge água fria trazendo a vida de volta em meus membros entorpecidos. A dor segue logo após, branca e quente, como se centenas de agulhas estivessem me apunhalando de novo e de novo e de novo. Eu começo a lutar e gritar enquanto subimos para fora da chuva até um outro conjunto de passos, em uma sala quente ou ônibus ou qualquer porra que seja. Meu estômago se remexe e bile sobe na minha garganta quando eu sou jogada do ombro do meu captor para baixo em uma cama e uma luz flameja em meus olhos. Eu tento virar e enterrar a cabeça em um dos travesseiros próximos, mas os dedos descem e pegam meu queixo duro, me virando na direção oposta. Ninguém fala novamente. Acho que reconhecê-los, eu não sei, mas o silêncio barulhentos, papeis sendo amassados, ruídos nomear. Alguns momentos depois, os barulhos sendo fechada e trancada.
é por medo de que eu vá é assustador. Ouço passos estranhos que eu não posso cessam e eu ouço uma porta
A agulha pica meu braço de novo e eu desmaio.
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A chave não funciona nos malditos trailers. Não importa quantas vezes eu tente, o quão duro eu empurro, o quanto eu quero gritar, não está funcionando, caralho. Então Ronnie e eu voltamos para o ônibus e eu entro em colapso, exausto, imagens de guitarras e tesouras e sangue correndo pela minha cabeça em um ciclo contínuo. Percebo que eu provavelmente estou passando por algum tipo de retrocesso, agora, e isso não é fácil. Minha mente e meu corpo estão ambos lutando para seguir através do que é provavelmente a semana mais difícil da porra da minha vida. Apaixonar-se é como pegar uma doença incurável. Sim, talvez isso não soe tão romântico, mas é verdade. Ele muda você, dentro e fora, altera a forma como você vê e sente as coisas, como você percebe o mundo. É incurável e é contagiosa como a merda. Isso faz você querer ter bebês e criar gatinhos, caçar borboletas e dormir com a cabeça no peito de outra pessoa. Amor... cara, ele fode com tudo o que somos e tudo o que você queremos ser. Eu gosto e odeio isso. Eu rolo no meu sono e gemo, apertando os meus dedos para a parede ao lado da minha cama.Minha outra mão deriva para baixo do meu corpo e começo a acariciar meu pau, enquanto as imagens de uma porra de beleza loira preenchem minha cabeça. Eu me sinto mal, batendo punheta para ela quando ela está ausente, mas de alguma forma, eu sei que ela está bem e eu sei que eu vou encontrá-la. Assim que eu fizer isso, eu vou estar colocando um anel em seu dedo, porra, fazendo-a minha de uma vez por todas, ela gostando ou não. No fundo, eu sei que ela ainda me ama, mesmo que ela não vai admitir isso para si mesma. Então, no meio de sono, eu corro meus dedos no meu pau, na base dele, apertando forte, a imagem de Naomi apertando firmemente em torno de mim, sonhando que estou enchendo-a com a minha porra. Eu mordo meu lábio com força e bombo rápido e furiosamente, gemendo tão alto que Jesse acaba jogando algo para as cortinas e me dizendo para calar a boca. Mas eu não posso parar. Eu estou tão envolvido com aquela garota que eu não consigo respirar mais, que eu não posso ver o mundo sem ela. O amor me pegou pelas bolas e nunca vai me deixar ir. Estou estupidamente ferrado. ~ 68 ~
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Eu vou encontrá-la, Knox. Você pode apostar sua bunda doce que eu não vou descansar até que você esteja deitada em meus braços, saciada e suada, cheia de mim, enquanto eu sou consumido por você. Eu aperto mais,me movendo mais rápido, derramando-me em calças e desejando que fosse a doce buceta do meu amor. E então eu olhos e olho para a parede e eu sei, apenas sei que onde caralho quer esteja, ela pode me sentir desejando ela, porque eu com certeza posso me querendo.
minhas abro os que ela senti-la
O amor é uma doença, cara, e eu estou divagando, porra.
Quando acordo, estamos em Austin e o sol está brilhando tão forte como a chuva estava caindo ontem.Eu saio para frente do ônibus com os olhos caídos e o que é uma atitude ruim. Começando o dia ansiando pela pessoa que você ama, repleta de segredos quando você odeia essas coisas, é difícil de lidar. Meu lema pessoal de não ter nenhum segredo não está funcionando agora e eu estou apodrecendo por centro, cheio de todo aquele sangue, cheirando monstruosidade. Eu posso ver como Naomi ficou tão zangada com o mundo. Ela estava carregando algumas grandes e malditos tumores de mentiras. Acendo um cigarro e afundo para baixo da mesa, em frente a Ronnie. Ele parece melhor hoje, menos viciado. Estou orgulhoso dele. Ele sorri para mim e algumas das obturações de prata nos dentes reluzem. — Teve um bom tempo na noite passada? — Ele pergunta e eu dou de ombros. Eu não tenho vergonha. — Isso teria sido muito melhor se eu tivesse uma parceira, — Eu digo e Ronnie balança a cabeça, perdendo seu sorriso à introspecção, mergulhando tão fundo dentro de si mesmo que por um momento, ele parece um cadáver. Percebo que ele está vestindo algumas dessas malditas pulseiras estúpidas sobre o braço dele. Eu vejo que uma tem escrita vermelha que é um pouco diferente das outras. Sra. Ronnie McGuire. Ele me vê olhando e segura seu pulso. — Sua fama está chegando até nós, — ele diz, mas realmente não parece tão animado com isso.Em vez disso, ele se dobra para frente e trava o meu olhar com o dele. Ele está vestindo roupas limpas hoje e ele realmente tem ~ 69 ~
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uma camisa que um de seus filhos lhe enviou. É uma cor laranja estúpida com um urso na frente e parece um pouco ridículo, mas a mensagem é clara. Eu te amo, papai. Eu o peguei olhando para ela algumas vezes, mas ele sempre empurrava de volta debaixo do travesseiro quando ele era pego.Minha busca, minha determinação, de alguma forma está passando para meu amigo. Eu gosto disso. Talvez algo de bom pode crescer fora de toda essa merda como adubo? Quem sabe? — Você está bem com isso? — Eu estou bem com o sensacionalismo do desaparecimento da minha namorada? Não realmente porra, mas o que é que eu vou fazer sobre isso? Meio que está em minhas mãos. Uma vez que a tenha de volta, sã e salva, talvez então eu vá sorrir com isso. — Estamos fazendo dinheiro suficiente para comprar uma ilha privada do caralho. —Sim, bem, há isto, também. — Eu vejo como Josh se move para a cozinha e começa a fazer uma xícara de café. Pela primeira vez na minha vida, eu estou realmente acordado antes do meio dia. Impressionante. Pelo olhar da agitação do lado de fora da janela, parece que a multidão está realmente chegando cedo também pela primeira vez.A viagem de San Antonio até Austin dura menos de duas horas, então o meu palpite é que todos conseguiram o que queriam quando chegamos ontem à noite - sexo, drogas, sono.O sentimento geral no acampamento é de contentamento, não de raiva, não de medo, não de tristeza. É como se o assassinato nunca tivesse acontecido. Eu me sinto meio chateado por Marta. Eu me sinto ainda mais chateado por Naomi. — Qual é o plano para hoje? — Ronnie me pergunta, esticando os braços acima da cabeça e se inclinando para trás. Ele coça a barba por fazer em seu queixo. —Mastigar chiclete? —Eu respiro fundo, absorvendo o cheiro quente de cafeína. Talvez, em vez de ter uma cerveja hoje, eu vou começar com um pouco de café.Parece uma boa mudança de ritmo. Eu bato o meu piercing de língua contra os dentes e tento pensar. Eu devo mencionar a guitarra para Ronnie? Talvez ainda não. Acho que eu deveria ir dar uma olhada em primeiro lugar, ver se consigo encontrar alguma coisa. — Eu só vou andar por aí e ver se posso encontrar alguma coisa, — Eu digo e finjo não notar o entusiasmo no rosto de meu amigo. Ele quer ajudar e eu fico contente. Ele está mais animado do que eu o vi desde que Asuka morreu há tantos anos, mas eu não quero que a faísca no seu olhar se transforme em desconfiança. Hayden, vagabunda que ela é, me deu algo para se pensar.Talvez a hostilidade de Dax e Blair tenha algo a ver com essa guitarra? Talvez todo mundo esteja se perguntando sobre isso? — Eu ligo para você se eu encontrar alguma coisa, — Acrescento, e Ronnie sorri. Quando eu me levanto para pegar uma xícara de café, Josh coloca um na minha frente. ~ 70 ~
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— Para você, — ele diz simplesmente e eu dou a ele um sorriso de boca fechada. — Obrigado. — Ele balança a cabeça bruscamente e voltamos a ignorar um ao outro. Ele não é Travis, ele nunca vai ser, mas eu acho que eu posso perdoá-lo por beijar Naomi. Bem, eventualmente, de qualquer maneira. Dou um gole em meu café e penso no meu plano.
Tem um cara chamado Stack que trabalha para a turnê. Tecnicamente, ele é empregado por todas as bandas, então eu me sinto bem em procurá-lo. Ele tem mais piercings do que uma almofada de alfinetes, mas as mulheres se juntam a ele como se ele fosse feito de merda de chocolate. Seus lábios dizem que querem comê-lo e correr as suas línguas sobre suas bocas úmidas, escovar os dedos para baixo de seus braços nus. Eu tenho de atravessar um mar de mulheres para apenas falar com o cara. — Não, este não é uma reserva, — ele diz com um sorriso de dentes brancos. Eu posso praticamente ver meu reflexo nas malditas coisas. Posso jurar pra caralho que me vejo em seus piercings. Os seis piercings em seus lábios balançam quando ele fala. — Eu vi a Wolfgang14 de Naomi depois do show, e estava um lixo. Esta é nova. — Ele gira a guitarra em torno de seus dedos longos e aperta seus olhos castanhos para ela como se ele pudesse decifrar de onde veio só olhando por muito tempo. — Quero dizer, eu provavelmente poderia rastrear o número de série e te dizer de onde ela veio. — Ele olha para mim. — Mas se eu fosse você, eu acabava de contar minhas bênçãos e agradeceria a quem quer que fosse que a deixou para você. — Stack encolhe os ombros e devolve a guitarra para mim antes de voltar a remendar um kit de lixeira. — Por que isso? — Eu pergunto enquanto ele volta a se concentrar em seu trabalho e os seus olhos começam a ficar com aquele olhar distante, provando que ele nasceu para este tipo de coisa. É o mesmo olhar que eu fico quando eu canto, quando Ronnie esmaga sua bateria. Um olhar focado, de quando um artista fica cego para todo o resto.
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É uma marca de guitarra
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— Essa guitarra é uma bênção. Difícil de encontrar. Custa mais do que um carro. — Ele olha para mim e levanta uma sobrancelha coberta por piercings. — Bem, mais do que o meu carro de qualquer maneira. Eu não gosto de segundas suposições, boa sorte. — Stack sorri e volta para a bateria. Meu estômago se agita, mas eu não sei o que dizer. Essa merda é como uma maldição. Eu poderia pedir para ele rastrear o número de série, mas tenho a sensação de que quem deixou esta guitarra foi cuidadoso o suficiente para cobrir seus rastros. Quero dizer, se eles estão tentando se safar do assassinato, então certamente pode fugir um pouco do velho eu. Eu guardo a Wolfgang de volta na capa e pego pela alça, me afastando antes que as garotas estejam de voltam e comecem a enlouquecer para ter sexo com Stack. Acho que comigo fora de cena elas precisavam de um backup. — Ei. — Me viro ao ouvir o som de uma voz e encontro Hayden parada em pé. Seu cabelo está preso no topo da cabeça e ela tem um top rosa brilhando e um par de jeans skynny branco. Pulseiras de spike adornam seus pulsos e ela tem um punhado de cordões de prata pendurados no pescoço. Quando eu olho para ela, tudo o que vejo é a prostituta atenta. Não há realmente muito sobre ela que eu ache atraente. Porra, quando eu fodi com essa garota eu devia estar seriamente drogado. Ela definitivamente não é como Naomi. Me pergunto se o meu desgosto ao ver ela tem a ver com a minha suspeita. Para mim, ela parece culpada pra caralho. — O quê? — Eu pergunto quando começo andar pela calçada escaldante. Talvez eu possa levar essa porra de volta para dentro. Eu vou precisar dela para tocar esta noite.Faço uma pausa, de repente, parando subitamente. Hayden segue quando eu viro o rosto para ela. — Você vai cantar hoje à noite? — Eu pergunto a ela. Ela olha para mim com olhos azuis frios e sorri maliciosamente. — Por que eu não cantaria? — ela pergunta, a boca torcida em uma expressão que eu sei que enlouqueceria Knox. Certamente iria me enlouquecer se eu tivesse que olhar para ela dia após dia. Hayden tira um cigarro de maconha de seu bolso e oferece para mim, mas eu recuso com a cabeça. — E quanto a Naomi? — Eu pergunto e ela me dá um olhar estranho. É parte medo, parte confusão. Eu não consigo entender a razão por ela se comportar assim e isso me deixa ainda mais desconfiado. Ela certamente não parece estar lamentando a perda de sua amiga. Essa cadela pode cantar tudo que ela quiser para ser a Rainha do Rock, mas ela não se compara a Naomi. Não é a minha opinião, apenas um simples fato. Naomi escreve as músicas, canta como uma deusa e tem a voz de uma porra de um anjo. Hayden sabe como cantar sensualmente. Ela é uma atriz, não um músico. Eu não sei se Amatory Riot sobreviverá sem Naomi. ~ 72 ~
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— O que tem ela? — ela pergunta, com olhar culpado. Ela olha para um lado, tragando sua maconha e não dando a mínima sobre os policiais que estão passando por menos de vinte metros de nós. Com certeza eles provavelmente já viram coisa muito pior por aqui, mas ainda assim, bastante corajosa para fumar baseado a céu aberto. — Eu deveria parar de viver só porque ela está desaparecida15? — Hayden dá a volta em seus pés enquanto eu rolo meus olhos com desgosto e continuo em direção à saída do local. Mesmo que ela cante, eu vou estar no palco, me certificando de que tudo corra bem, batendo para fora os acordes que estão muito acima da minha cabeça. O dia que eu parar de cantar será o dia em que eu desistir de Naomi e não há nenhuma maneira de merda que isso vá acontecer. O local de hoje à noite costumava ser uma igreja... Que apropriado. — Turner! — Hayden chama e faço uma pausa, olhando por cima do meu ombro para ela. Ela olha diretamente para meu rosto e segura o olhar, desejo ardendo em seus olhos. Acho que ela não está tão em cima de mim como ela afirma estar. — Eu quero que você saiba que eu nunca quis que nada acontecesse com Naomi, não de verdade. — E então, com essa merda enigmática, ela se vira e vai embora, me deixando chamando por ela. Mas eu não vou atrás dela. Há apenas uma mulher no meu mundo que vale correr atrás.
15
No original MIA que quer dizer Missing In Action. Desaparecida em ação...enfim, desaparecida.
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Eu acordei algum tempo depois e estou chocada como a merda para descobrir que a venda sumiu.Mas que diabos?Imediatamente, meu olhar percorre ao redor da sala, olhando, absorvendo. Eu preciso saber onde estou e quais armas, quais rotas de fuga, estão à mão para que eu possa sair deste pesadelo. Meus braços e pernas estão na posição spread-eagled16. Não é bom. Esta posição só sinaliza coisas ruins, coisas muito horríveis. Eu aperto meus olhos fechados contra o medo e os abro de volta. Estou em um trailer, eu acho. Quero dizer, poderia ser um ônibus, mas se for, não é nenhum dos que vieram em turnê com a gente. A cama que eu estou faz parte de um sofá-cama. Perto de mim tem armários e gabinetes de linóleo laranja.À minha esquerda, há um par de assentos de couro velho, rachados com a idade. Nós não estamos em movimento, agora, isso é óbvio apenas da falta de movimento. Eu puxo contra minhas amarras, mas elas são tão apertadas como eram antes, se não mais. Eu me mexo um pouco e não estou surpresa de ouvir um tilintar em cima da minha cabeça.Algemas. Algemas do caralho. A dor me faz suspirar, que me lembra, um pouco tardiamente, que eu não estou amordaçada. Eu posso mover minha maldita língua pela primeira vez em dias. — Mostre-me sua cara de merda, idiota! — Eu grito. Ou tento. Minha garganta está seca e áspera e o melhor que pode sair é um sussurro áspero. Eu tento de novo. — Você seu viado filho da puta, vem e me desamarre, me mostre o que você tem, filho da puta. — Apenas um coaxar ofegante. Eu começo a lutar novamente, batendo em torno de meu corpo como se eu estivesse tendo uma convulsão, lutando com cada última gota de força que tenho, tentando obter uma reação do meu captor ou encontrar um ponto fraco em toda esta merda.Tem que haver uma saída. Tem que ter. Onde diabos está você, Turner? Eu penso e, em seguida, percebo o quão tola eu fui. Agora, aqui, com as drogas desaparecendo do meu sistema, eu percebo que Turner 16
É a posição em que uma pessoa tem seus braços estendidos e as pernas afastadas.
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
pode até não estar procurando por mim. Eu nunca sequer considerei isso antes. Não sei quando me tornei um coração romântico sangrando. Mesmo que Turner sentisse todas as coisas que declarou naquela noite em Denver, isso não significa que ele vai largar tudo e ir em busca de mim. Mas que merda. Então eu chuto mais duro e continuo a gritar, com a vontade a cada respiração para que algo aconteça. Nada acontece por um longo tempo e minha voz, em vez de ficar mais forte, fica mais fraca a cada grito, cada sussurro ofegante de respiração. Porra, porra e poooorra. Fiquei ali e olhei para o teto.Está manchado, apenas cheio de pontos de água e gordura. Baseado no cheiro de mofo e de podre, é óbvio que esse cheiro e quem quer que seja que me tenha agora, vive em um lugar pior do que o meu seqüestrador anterior. Eu me ajusto com um suspiro, tentando conter as lágrimas quando a dor surge quente em minhas mãos e pés. E então eu ouço um barulho. Um chiado. É baixo, quase imperceptível. Eu puxo meu pulso direito. Nada. Minha esquerda. Aha. Eu puxo mais duro. Eu posso ouvir metal deslizando no metal seguido de um som agudo quase imperceptível. É um parafuso solto? Uma peça velha prontamente posicionada? Eu não sei, mas vale à pena tentar. Eu puxo meu pulso com tanta força que parece que o osso está prestes a quebrar ao meio, sugando minha respiração e reprimindo um grito que está ameaçando arrancar minha garganta. Nada acontece porra. Eu desmorono de volta para a cama com um soluço e me pergunto se isso vai ser o último lugar que eu vou ver. Se este quarto será meu pesadelo e meu túmulo. O que vou sentir aqui? Todas as coisas que eu lutei para escapar quando eu matei meus pais adotivos? É esta a vingança do universo contra mim por tomar suas vidas? — Quando a lua pendura baixa e a noite é quente, eu encontro o meu caminho para você, — Eu sussurro enquanto meus olhos se enchem de lágrimas que eu não vou derramar.Se este é o meu último momento sozinha, a última vez que eu vou ver o mundo desta maneira, eu quero cantar. Eu sempre tocava violão, é como se fosse uma parte do meu maldito corpo, uma extensão de mim mesma, mas o canto é... é uma extensão da minha alma.Eu gostaria de ter feito mais, que eu não tivesse deixado Hayden monopolizar a liderança. — Se a vida é uma questão de coragem, eu falhei, então eu espero que você ainda vá me segurar. Oh Deus, por favor me segure. Se você me deixar para baixo, eu tenho outro lugar para ir. — Eu fungo forte e luto para acalmar a onda esmagadora de depressão. — Se você vai me levantar, eu prometo que vou ficar. ~ 75 ~
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Eu vou encontrar meus pés e lutar, ninguém vai me incomodar novamente. Esses paus e pedras não vão tocar os meus ossos, e as palavras serão as únicas armas com que eu posso lutar. — A porta range, mas eu não paro de cantar. Quem quer que seja o filho da puta que esteja aqui, eu quero que ele saiba que sou uma pessoa com sentimentos, que eu estou aqui, que eu sou importante. Eu não vou ser algum boneco de foda sem rosto que grita para o seu prazer. Vou me submeter, mas eu me recuso a ser estuprada, porra. — Eu vou derramar sangue se for preciso. Eu vou levá-los para fora, enquanto eu chamar pra dentro. Eu vou perdê-los enquanto eu encontrá-los. Leve-me de volta, e eu prometo que vou ficar.Eu prometo, juro, conhecê-lo, amálo, acredite nisso. A porta se abre e eu ergo minha cabeça para ver quem é. Algum agressor mascarado? Um estranho com más intenções? Em vez disso, a pessoa que sobe os degraus é uma das últimas pessoas que eu esperava ver. Eu engulo em seco e forço a palavra pelos meus lábios secos. — Hayden?
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A tempestade que tivemos em San Antonio rola para a direita em Austin e bate em todos nós duramente, crepitando o ar com energia elétrica e passando uma sombra sinistra sobre o local. Eu estou no fundo dos bastidores, recém-saído de ideias e frustrado pra caralho. Eu deveria ter seguido Hayden. Eu a vi, com certeza, e ela voltou para o ônibus de Terre Haute, mas eu Devia ter ficado com ela.Algo não está certo sobre essa menina, nunca esteve. Pela primeira vez na minha vida, eu me sinto mal por dentro por ter dormido com alguém, como se algo dentro ficasse mexido de uma forma ruim. Obrigado fodido Deus por eu não me lembrar dessa merda. Eu fico com os braços cruzados e meu olhar focado no palco do Ice and Glass. Eu não sei muito sobre a sua música, mal me lembro que eles existem. Eles foram abrindo nossos shows desde que saímos de Seattle e, ainda assim, nunca me preocupei. Eles são bons, mas não vão ser uma estrela, nem de longe.Acendo um cigarro e me afasto, focando meu olhar sobre Milo que está falando com um dos ajudantes de palco. Para ser honesto, eu não sei como isso funciona. Milo me diz o que fazer e para onde ir e eu sigo adiante. Quem faz o quê aqui, quem está no comando, nada disso importa para mim. Devesse, talvez, mas isso não acontece. Eu retiro o meu telefone, verifico as mensagens, verifico minha página no Facebook, meu blog. Nada. Ninguém tem nada útil a dizer, porra. Bando de trolls malditos. Eu coloco de volta no bolso e quase largo o meu cigarro, quando a energia oscila de vez em quando. Para seu crédito, Ice and Glass continua indo, não pulando uma única batida. A multidão, indiferente anteriormente, começa a gritar e ficar animado. Ótimo.Eu preciso de um show animado hoje à noite, algo para alimentar o meu sangue para que eu possa manter o continue andando17. A energia é desligada novamente e as luzes de emergência piscam, banhando ambos as salas em um brilho vermelho que me faz lembrar de salas escuras e assassinos em séries pervertidos. Não gosto disso. Faz meu estômago embrulhar. O cantor, um cara de vinte e poucos anos com uma cara de filho da puta arrogante e uma atitude a corresponder, botando para fora as letras de 17
No original “keepin' on” que significa ir em frente.
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sua canção, gritando-a no meio da multidão como se sua música alimentasse a raiva. Eles amam a merda fora disso e começam a pular, banhados pelo brilho sangrento das luzes e as batidas distantes da bateria. Quando a eletricidade explode e volta em ação, a multidão grita como demônios lamentando e avançam para o palco. É um pouco menor do que o habitual, uma arena improvisada feita a partir de uma velha plataforma da igreja. Meio que me arrepia essa porra. Todos os lados do palco estão envoltos nestas cortinas vermelhas e pesadas que balançam no teto abobadado como fantasmas. Eu me afasto e fecho os olhos, respirando o cheiro de suor e baseado, desejando como o inferno que eu estivesse na onda. Mas eu sei que eu sou menos do que inútil assim. Se eu não estou fazendo nenhum avanço agora, o que diabos posso esperar fazer com um monte de vozes gritando na minha cabeça? Drogas não são opções agora. — Turner. — Este é o meu nome, curto e apertado. Abro os olhos para encontrar Blair vestida com um conveniente vestido vermelho, apertado e drapeado. Parece que ele tem uma mente própria, uma vez que polegadas de vestido sobem até as coxas pálidas. Seu cabelo preto e loiro paira sobre os ombros e brinca com as bordas dos dedos onde eles estão pressionados contra o peito. Abaixo deles, eu posso ver algo espreitando para fora. Uma imagem talvez? — E aí? —Pergunto quando a vejo me observando atentamente. Ela está fazendo um monte de julgamentos agora e eu tenho que ter certeza que estou certamente neles. Tem conflito queimando em seus olhos, me avisando que algo aconteceu. Eu não sei o que é, mas é sério. Caso contrário, por que diabos mais ela estaria aqui falando comigo? Blair fecha os olhos e descansa seus longos cílios em seu rosto por um momento. — Você me perguntou se havia algo de Naomi que poderia ajudá-lo a descobrir as coisas. Bem, eu poderia ter alguma coisa, mas eu preciso de você para responder a uma pergunta minha primeiro. — Ela abre os olhos e cortame profundamente. — De onde você tirou essa guitarra? Todos vimos o que Naomi fez com ela. Que porra é essa que você está tentando fazer? — Molhei meus lábios e toquei meu cigarro em um cinzeiro próximo. Honestidade, a minha fodida política favorita. Finalmente. — Foi deixada no meu ônibus, — Eu digo e depois eu penso durante um minuto. A guitarra. Um pedaço de Naomi, um símbolo. O chapéu de Travis. O mesmo. O que. Porra. Está acontecendo aqui? Tenho a ideia de que essa coisa toda vai além de Naomi, que é algo maior, algo ainda mais assustador do que eu pensava antes. Algo que começou há muito, muito tempo atrás. Minha pele irrompe em arrepios e eu me vejo passando um braço sobre o peito.
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Blair continua olhando para mim, estou com a camisa branca e preta com os punhos vermelhos do Amatory Riot, jeans escuro, botas. Ela não é a minha maior fã, mas sei que antes que ela dê um passo adiante em seus ridiculamente saltos altos ela vai dar uma chance para mim. — Achei isso no ônibus, sob o colchão de Naomi. Eu o encontrei antes do show naquela noite. Eu ia perguntar a ela depois, mas... — Blair pára de falar e depois empurra a imagem no meu peito. Eu pego com os dedos trêmulos e desdobro a foto. Hayden Lee, coberta de sangue. Que surpresa.
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— Que porra é essa? — Pergunto como o pior amigo, o melhor inimigo, que eu já tive escapando e se movendo para o lado da cama, caindo de joelhos e com as mãos pairando sobre o meu corpo como se estivesse lançando um feitiço. —Eu gostaria que não tivéssemos tantos segredos, — ela sussurra, fungando e deixando lágrimas salgadas e quentes caírem de seus olhos até a pele nua em meus braços. — Se nós não tivéssemos feito, isso poderia não estar acontecendo agora. Sinto muito, Naomi. Eu nunca quis que nada de ruim acontecesse com você. — Hayden, — Eu digo, tentando apelar para o seu lado suave.Não sabia que ela tinha um até agora, mas merda, se seu rosto chorando e lábios tremendo é alguma indicação, ela parece culpada.Eu tenho que me jogar sobre isso, aproveitar e dar o fora daqui. O jeito que ela está agindo, como seus olhos estão mudando de um lado para outro, eu estou disposta a apostar que este não é o seu trailer.Ela sabe de quem ele pertence e ela não deveria estar aqui. Isso é muito óbvio. — Hayden, o que quer que aconteceu, o que você fez ou que eu fiz, não importa. Só me tire daqui e nós vamos resolver isso. Nós sempre fazemos, certo? Certo? — Mas ela não está ouvindo mais. Seu rosto está em suas mãos magras e ela está chorando como se eu já estivesse morta, como se este fosse meu funeral, como se eu estivesse sendo enterrada. Eu sempre odiei a cadela, mas agora, eu a desprezo. — Me desamarre dessa porra, piranha! — Eu grito e eu tenho orgulho de ouvir a minha voz realmente sair corretamente. Em vez de um suspiro ofegante, eu sôo forte, pronta, como se eu pudesse acabar com qualquer coisa. É tudo uma fachada, é claro. Não há dúvida que eu não poderia machucar nem uma mosca maldita, mas encaro os olhos dela. — Você foi má comigo, Naomi. Sempre me chamando de idiota, sussurrando palavras cruéis nas minhas costas. — A mão de Hayden serpenteia e me agarra pelos cabelos, puxando apertado, apertando forte. — Eu deveria te querer aqui, querer que você sofra, mas eu acho que não é apenas comigo. — Ela solta e se levanta, as lágrimas correndo, olhando para o relógio em cima do fogão. Ela parece tão limpa e lustrosa agora. Isso me irrita. Eu me sinto tão suja e nojenta. Eu mataria por uma fodida chuveirada. Droga. — Eu ~ 80 ~
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tenho um show em breve, — ela me diz, confirmando minha suposição anterior de que eu ainda estou em turnê. Eu não estou em um depósito no deserto. As coisas estão melhorando. — Temos um show em breve e eu estaria brincando comigo mesma se eu pensasse que iria sobreviver sem você por muito tempo. — Hayden se vira e me dá um olhar por cima do ombro, chegando a puxar o clipe de seu cabelo. Cabelos escuros perfeitamente lisos escorrem por suas costas e balançam enquanto ela gira seu rosto para mim. Seus mamilos estão eretos e ela parece um pouco excitada dada a situação. — Mesmo com Turner... — ela faz uma pausa e lambe os lábios. Eu não gosto do jeito que ela diz seu nome, como se estivesse estuprando ele com palavras. O ciúme surge através de mim, surpreendente e aterradora. Como eu posso estar pensando quando me encontro em uma situação desta? Que porra? — Seríamos apenas uma novidade. Eu não quero isso. Eu quero ser imortalizada, Naomi. — Hayden se move em minha direção e franze os lábios. — Eu vou tirar você daqui. Eu não sei quando ou como, mas eu vou. Eu vou. — E então ela se inclina e pressiona um beijo em meus lábios. Na verdade, eu quero estrangular a cadela, mas eu não posso afastá-la agora, então eu estava apenas ali parada, até que ela se afasta com um suspiro. — Hayden, — Eu digo e ela se vira e se afasta. — Não me deixe aqui. — Ela me ignora e chega até a porta. — Hayden! Por favor! — Eu grito e minha voz ecoa pelo trailer. — Hayden! — Chuva e vento passam através da porta aberta, enquanto ela desce as escadas e bate na calçada, deixando a porta balançar e se fechar atrás dela. Desespero me esmaga com força, aperta o controle sobre a minha garganta e me estrangula. Eu começo a gritar e bater, chutando e batendo ao redor, machucando meus pulsos e tornozelos e tirando sangue. Eu estou fazendo tanto barulho, que eu nem sequer ouço a porta abrir uma segunda vez. — Naomi? A voz suave é quase inaudível acima do meu grito, mas eu ouvi. É uma voz que eu não ouvia há muito, muito tempo. Eu paro de gritar e inclino o queixo em direção ao meu peito, para que eu possa ver.De pé na extremidade da cama, descalça e com o vestido em trapos, está a minha irmã adotiva, Katie Rhineback.
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Atravessaro set do Amaroty Riot é uma porra. Hayden não é uma cantora ruim. Na verdade, ela é melhor do que eu quero admitir. A coisa é, ter que olhar para sua bunda magra enquanto ela come o prazer da multidão é como assistir a um succubus18estuprar um homem. Ele pode agir como ele estivesse gostando, mas ele não tem ideia de que a sua alma está sendo rasgada fora através de seu pênis. Eu quero quebrar minha guitarra na parte de trás da cabeça dessa cadela e exigir que ela me diga onde Naomi está. Eu sei que ela sabe. E aquela foto? Se Naomi tinha aquilo e Hayden queria impedir ela de dizer às pessoas, isso faria sentido do porque dela ir atrás dela. Agora, por que ela mataria Marta e atacaria América, eu não sei, porra. Talvez a vadia seja apenas louca? Eu forço meu estilo através das canções, tentando o meu melhor para corresponder-me com Wren, ficando em qualquer lugar que me aproxime de Naomi. Depois, eu nem sequer me importo de deixar o local, apenas um passo até a frente e arrancar o microfone da mão de Hayden. O público assobia para isso e cacareja como se eu jogasse a guitarra no chão e a chutasse com o pé. — Olá, — eu sussurro no microfone, feliz por estar livre da guitarra, mas me sentindo um pouco nu, também, sabe? Ainda bem que isso é positivo no palco. Eu brinco com a borda da minha calça e solto um botão. Os demônios abaixo de mim surgem e choram, agarrando-se a mim, me adorando, não tendo nenhuma porra de ideia o quanto eu estou sofrendo. Eu quero infligir dor em Hayden até que ela desista de seus segredos. Assim que essa música acabar, cadela é melhor correr.— Como estão esta noite? — Eu levanto a minha camisa e deixo eles darem uma boa olhada enquanto os membros da tripulação correm em volta a mim, quebrando como ondas quando eles chegam perto. Ninguém toca em Turner Fodido Campbell. — Eu vou ser sincero com vocês agora. Estou para além de um fodido tesão. Palavras lá de baixo chegam até a mim. Me escolha. Me foda. Eu quero você. 18
É um mito de um demônio com aparência feminina que invade o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles para lhes roubar a energia vital.
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Eu rio baixinho e beijo o microfone, ouvindo a minha dura e irritada respiração através dos alto-falantes.Eu acaricio minha barriga com uma das mãos, sentindo o cabelo lá, brincando na beira da minha calça com os dedos. Eu passo a mão pelo meu bolso e puxo meus óculos, deslizando-os no meu nariz e soltando um suspiro profundo. — Vocês são fodidamente adoráveis, mas há apenas uma mulher que pode me satisfazer agora. Apenas uma mulher. — Eu bato meu pé no palco e espero por Ronnie para lançar nossa primeira música. Uma Mulher.Parece irônico que eu escrevi isso enquanto eu estava praticamente me prostituindo.Talvez meu coração sabia de alguma coisa que minha mente não? Talvez eu tenha me lembrado de uma mulher, a que pode me enfrentar cara a cara, cuja boca é tão suja quanto a minha? Porra. Caralho. Foda-me. Ronnie bate na lateral e me corta através de meus ossos, me sacudindo duro, saltando meu joelho como uma espécie de velho Deus do tempo, que eu deveria estar em preto e branco ou alguma merda, apresentada em uma história de amor e ódio através de uma tela prateada. Trey me chuta na bunda e Jesse segue, arrastando Josh para o passeio. Eu sei que esta é a canção pela qual se esforça ao máximo, mas eu não me importo. É o que eu preciso cantar exatamente agora. A energia pisca novamente e me beija de vermelho, me provando, me comendo por dentro, enquanto eu começo o primeiro verso. — Minha única mulher, minha única mulher, a pessoa que está lá. — Quem está lá, — a voz de Trey filtra em voz baixa no microfone. — Minha única mulher, a única pessoa que me conhece, a pessoa que entende. — Entende. — Minha única mulher. — a suavidade vai embora e auréola angelical ao redor da minha cabeça se estilhaça e eu me curvo em um grito pesado, sugando uma respiração e esmagando os tímpanos da multidão com um lamento, quebrando a calmaria com um grito. Isso rasga através deles como um furacão e arranca suas almas. —MINHAÚNICAMULHER! — Eu chupo em uma respiração e a cuspo contra o microfone. — Ela é a ÚNICA que entende. Aquela que fodidamente ENTENDE. — Eu balanço o microfone ao redor e giro em um círculo, envolvendo o cabo em volta de meu pulso e pegando-o com a outra mão. — Ela é a única que dá vida a este deserto, — Eu assobio esta última palavra, moendo-o com saliva e suor contra o microfone. Quando eu termino aqui, eles vão ter que destruir esta merda. Vai ter escrito Turner
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Campbell em todo fodido lugar. —Inferno. Esse desolado pedaço do inferno. Minha única mulher. Minha ÚNICA maldita mulher. A luz oscila novamente e desta vez, ela fica desligada por um momento e as luzes de emergência acendem, beijando meu cabelo preto azulado com vermelho, destacando minhas tatuagens, me banhando em uma bonita luz carmesim. Eu deixo cair o microfone e arranco minha camisa.Eu admito, eu estou um pouco perdido em meu frenesi, mas tudo bem. Isso é o que a multidão veio aqui para ver, então isso é o que eles verão. Eu. Ensangüentado, meu coração batendo fora do meu peito. É melhor eles darem uma olhada de perto, porque esta é a chance única que eles não terão novamente. — Quando ela está comigo, eu não sou apenas um homem, — Eu bato meu punho no meu peito e me agacho, gritando minhas palavras acima do barulho da multidão. Os pratos de Ronnie ressoam brilhantemente atrás de mim. Jesse, Trey e Josh continuam dedilhando seus instrumentos intensamente, mesmo que ninguém pudesse ouvi-los. Não importa. Aqui mesmo, neste momento, a música transcendeu os amplificadores e altofalantes e cabos e fios. É tudo alma aqui, baby. Todos rasgados, retorcidos e com almas fodidas. — Eu sou parte de um todo, uma VIDA, respiração, a PORRA de um pedaço do universo. E tudo por causa da minha única mulher, minha ÚNICA mulher. — Eu estou de joelhos agora e eu estou gritando, apenas gritando essa merda para fora, minha voz embargada e se partindo como vidro, como se minhas bolas nunca estivessem penduradas e eu sou um garoto maldito novamente. A energia muda de novo e eu rolo nas minhas costas, alcançando acima de minha cabeça e usando o cabo que está enrolado em volta do meu pulso para arrastar o microfone de volta para mim. O suor escorre pelo meu rosto e se agarra aos meus cílios, corre pelo meu delineador preto e brinca com a estrela tatuada no meu coro cabeludo. — Ela estava lá para mim quando o mundo estava morto. — Quando o mundo morreu! — Meus rapazes me apoiaram com as letras que eu escrevi, mas nunca entenderam. Eu apenas cantava e as sentia. Agora, eu entendo. Pode até parecer estúpido.Eu não sei muito sobre Naomi, certo? As coisas poderiam estar ferradas entre nós. Mas você sabe o quê? Não importa.Quando o amor toma conta de você e te morde, você pode apenas se entrega, porque se você combater isso, você estará lutando contra a única coisa na terra que vale a pena viver. — Ela estava comigo quando eu estava podre por dentro, quando eu sangrei sangue negro e disse mentiras brancas. Ela estava comigo quando o céu
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caiu e o dia virou noite, quando as sete pragas desceram sobre mim, minha única mulher estava lá. E lá vai outra vez, a energia falha e sucumbe ao poder infinito da natureza. Espero que tenhamos malditos geradores ou alguma merda, porque eu acho que hoje à noite ela deu tudo o que ela tem. É a nossa vez de dar um passo atrás e reavaliar as coisas. — E quando eu vou para a cama, — Eu rosno, esperando que alguém possa ouvir, que há pelo menos uma pessoa gritando, absorvendo a minha voz, minhas palavras. — Com a minha única mulher, eu saboreio a doçura e a vergonha. Minha única mulher é um bom vinho para o meu “cave”19, doendo, sofrendo. — É tão alto aqui que eu não posso ouvir as palavras que saem dos meus lábios, passo minha língua em meus piercings nos lábios, serpenteado ar quente como maldições e bênçãos. Quando eu levanto o meu queixo para cima, posso ver as pessoas se empurrando nos bastidores, lutando para inserir algum sentindo de ordem aqui. Eu me curvo em minha barriga e solto o microfone do meu pulso. A música ainda está dentro de mim, pedindo para sair, arranhando a minha garganta com garras em forma de gancho, mas se não há ninguém para ouvi-lo, eu vou segurá-la dentro. Eu quero alguém para me ouvir, para entender o que eu estou passando. Eu agacho em meus joelhos e observo a multidão. Têm muitos fãs do Riot agora, gritando meu nome, me chamando, xingando, gritando, chutando, mordendo. É uma casa de loucos lá e eu sou o rei. Eu enrolo meu braço sobre meu rosto e olho para a minha direta. Há uma figura que emerge da escuridão da entrada do palco, banhada em sombras escuras e vermelho sangue oscila da luz se apagando. Eu olho para trás sobre a multidão. Eles vão começar a evacuar o local em breve, antes que este poço de demônios acabe com o lugar. — Turner. Minha cabeça se encaixa para a direita. Aquela voz... Não há maneira do caralho. Nesta loucura, eu estou imaginando coisas. Olho duro, de soslaio e tento me concentrar. As chamas de energia ofuscam a visão em um brilho por um segundo, destacando o cabelo loiro, olhos marrons. E então apaga novamente e eu me ergo, tropeçando para a figura com meus braços estendidos. Eu não consigo ver merda nenhuma. Eu tropeço em cima de uma das linhas que mantêm as cordas para baixo e caio contra um peito arfante.
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Area de taberna ou bar, criada com o objetivo de ser o lugar onde se bebe e come.
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Assim que as minhas mãos tocam sua pele nua, eu sei quem é. Sem dúvida, eu sei que eu estou olhando para Naomi Knox.
Minhas mãos deslizam para cima em ambos os lados de seu rosto molhado, quando eu perco o fôlego e ainda tenho minha mente girando. — Naomi. — Eu sussurro enquanto eu acaricio sua pele e lágrimas quentes deslizam dos meus olhos e caem pelo meu rosto. Caralho, eu não posso acreditar que eu estou em pé aqui no palco chorando como uma putinha. Mas eu não posso ajudar. Eu não posso reinar mais e nem ela. — Turner, — ela sussurra, e eu só quero abraçar a merda fora dela, apertá-la com tanta força que ela possa se fundir em minha pele. Eu tenho que foder com ela, só assim eu posso sentir seu corpo sensual e quente em torno meu, então eu posso ter certeza que ela está realmente aqui, de que ela está realmente bem. Ela está de volta. Ela está de volta e eu sou a primeira pessoa que ela procurou. Ela veio até mim. Calor e eletricidade passam através de nós quando estamos nos tocando e eu tenho a porra da certeza de que os relâmpagos no céu estão batendo nesta igreja e passando em nós dois, nos enchendo com energia e precisando, querendo e malditamente desesperado. Eu beijo seus lábios com força, pressiono meus lábios suados nos seus frios e molhados e a saboreio, quero tanto fodê-la que meu pau endurece para mexer meu corpo contra seu corpo mole. Relutantemente, eu deixo cair as minhas mãos de seu rosto e meus braços apertam ao redor dela, puxando-a para mim, segurando tão apertado que eu tenho certeza que eu iria quebrar qualquer outra mulher. Mas não Naomi. Naomi Knox é inquebrável. — Caralho, eu senti tanto sua falta, — eu digo a ela, mas ela não responde, não imediatamente. Ela parece fria e um pouco fraca e partes dela estão machucadas e sangrando. Eu não sei o que aconteceu, mas eu vou descobrir. Eu a beijo novamente, fechando meus lábios apertados com os dela, quando a energia liga e desliga de novo, matando nossa visão noturna, eu e minha única mulher nos escondendo à vista de todos. Ela me beija de volta, feroz pra caralho, mordendo-me, mordiscando meus lábios, batendo os dentes ~ 86 ~
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contra os meus. Suas unhas cavam a pele nua de minhas costas e tiram sangue quando nós tropeçamos e batemos no amontoado de cortinas que pendem do alto. O tecido nos envolve, nos atraindo enquanto eu a pressiono de volta apertadamente na parede e me movo contra ela, sentindo seus seios macios através de sua camisa, seu rabo de cavalo apertado sob meus dedos. Ela mantém os braços em volta dos meus ombros e se afasta por um momento para tomar fôlego. — Eu achei que você estava indo me salvar, — ela diz. — Quão estúpido isso é? — Com um grunhido, eu a levanto e a bato com força contra a parede, muito duramente talvez, mas é muito difícil pensar com toda essa adrenalina passando através de ambos. Atrás de mim a multidão está gritando, lutando para chegar ao palco, brigando contra os seguranças. As coisas estão ficando perigosas aqui, mas eu não me importo. Eu não posso parar. Tudo o que eu posso ver é Naomi Knox. — Oh, merda, baby, isso não é estúpido, de jeito nenhum. Eu venho te procurando desde que você sumiu. Eu teria atravessado o mundo para você, andado pelo fogo, rastejado sobre uma cama de alfinetes e agulhas. Porra, eu quero dizer apenas porra, Naomi. — Eu pressiono minha testa na dela quando ela cava através do meu cabelo e em um emaranhado de dedos, puxando meu couro cabeludo com uma raiva feroz. — Por quê? É uma palavra tão simples, mas não há nenhuma resposta simples para isso. Se eu pudesse, eu me cortava e apenas derramaria minhas entranhas no chão. Esse amontoado de entranhas brilhantes seria a minha resposta, esse sangue pulsando em uma bagunça. Eu apenas existo para essa mulher. Eu não posso nem acreditar que quando eu a conheci eu a deixei ir. Eu deveria ter segurando ela com força e a mantido para sempre. Se ela tivesse me segurado, é isso. Uma mulher como Naomi, cara, não pode ser enjaulada. Se ela ficar, é porque ela quer. E eu quero o que ela quer. — Naomi Knox, eu já te disse antes. Eu via errado, então eu vi direito. Eu estava cego, então porra, agora eu vejo. —Eu a beijo novamente, mas ela não retribui. Em vez disso, sua mão cai entre nós e desabotoa minhas calças. Graças aos deuses malditos eu nunca usei cueca. — Isso não faz sentido nenhum, — ela sussurra, agarrando o meu lábio inferior entre os dentes. Ela olha para mim e seus olhos apenas estão molhados, úmidos o suficiente para que alguma coisa pudesse crescer lá dentro, transformar esse deserto em uma floresta. — Você tem sorte de cantar bem. ~ 87 ~
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Sua mão acaricia meu pau, deslizando pelo eixo e passando por minhas bolas. Ela não está sendo gentil quando ela os aperta e eu cerro os dentes, olhando seu rosto, seu nariz semi-quebrado, seus lábios que me fazem me lembrar de um morango, vermelho e redondo e suculento pra caralho. Eu a deixo no chão e ela usa a outra mão para tirar meus óculos, tirando do meu rosto e deslizando ele até seu nariz. — O que aconteceu? — Eu sussurro através do barulho, dos gritos estridentes atrás de nós. Aqui, envolto nessas cortinas, nós podemos também estar em um mundo diferente. Eu deixo minha mão cair entre nós até chegar a seus jeans. Ela me deixa desabotoar, mas me pára quando ela vê as pulseiras. — Sra. Turner Campbell? — ela pergunta, sua voz endurecida, saindo de uma forma estranha, uma eletricidade onde estamos emaranhados. Eu me afasto um pouco e puxo sua mão do meu pau, deslizando o bracelete em seu pulso fino, machucado e sangrando. Ela tenta se afastar, mas eu a puxo com força e a beijo novamente, empurrando suas calças para baixo, puxando-a contra mim e ficando de joelhos. Naomi vem comigo e me deixa colocar ela lá no chão, me deixando puxar uma perna de seus jeans quando eu pressiono o meu corpo suado seminu contra o dela. — Não pode haver apenas um, — eu digo a ela quando ela geme em minha boca e me puxa para dentro dela, envolvendo suas pernas em volta de mim e forçando meu pau onde ela quer que ele vá. Eu deslizo em sua buceta escorregadia tão facilmente que é quase um crime. A entrada é lisa e molhada, me encharcando, me encharcando nela enquanto as pessoas gritam e sobem em cima do outro.À medida que a violência lá fora fica pior, o calor aqui dentro se intensifica, me queima de dentro para fora, me lavando e me ameaçando a banhar em chamas. Nenhum de nós está pensando claramente. Estamos desesperados para sentir o outro, para nos conectar e nos tornar um só, de pé sobre duas pernas fortes. Naomi deixa a cabeça cair para trás e suga uma respiração profunda, apertando em volta de mim, me segurando dentro dela enquanto eu solto meus lábios de sua garganta e a beijo, afastando a chuva. — Turner! — Ouço Trey gritando meu nome, mas eu não respondo. Qualquer coisa fora daqui é irrelevante, obscuro e borrado em relação a esta linha reta, a esta clareza. Eu estou tão fodidamente feliz por estar sóbrio agora. Eu não faço sexo sóbrio há anos. É uma experiência totalmente nova, como se eu estivesse perdendo minha virgindade de novo. Bem, você sabe, metaforicamente falando. — Por que você não veio para mim? — ela pergunta, soando confusa. Nós provavelmente não deveríamos estar fazendo isso. Eu deveria estar ~ 88 ~
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segurando-a, levando-a de volta para o ônibus e fazendo-a confortável. Eu preciso alimentá-la e lhe dar água e descobrir o que diabos aconteceu, se... se algo aconteceu com ela. Eu levo minhas mãos em cada lado do seu rosto, olhando para ela com uma careta. Mas não é por ela. É por mim. Eu a deixei para baixo. Eu deveria ter feito melhor. — Naomi, — eu digo e eu quero dizer as palavras que se arrastam de meus lábios trêmulos. — Eu passaria o resto da minha fodida vida tentando fazer isso para você. Eu sou um pedaço de merda idiota drogado, degenerado, mas quando eu penso em você, eu quero ser melhor. Eu quero fazer as coisas melhor. — Turner! — Trey ainda está chamando meu nome, provavelmente com medo de que eu tenha sido arrastado pela multidão do inferno. Mal sabe ele que eu estou na porra do céu agora. Naomi e estamos gruindo, mexendo e batendo nossos corpos juntos de maneiras perversas. Eu soco meu pau em sua buceta e minhas bolas batem em sua bunda, criando um tipo de música pecaminosa que é impossível de recriar, não importa o quanto tentemos. E confiem em mim, eu tentei. Com cada rosnado, cada grunhido, a cada nota bem colocada, batendo melodia, estamos tentando encontrar esta nota perfeita de amor e sexo, infundido no meio da multidão para que eles possam devorar vorazmente um gostinho. Eu saboreio o corpo nu de Naomi,me perguntando se ela se sentiu tão bem na noite em que nos conhecemos, quando eu tirei a virgindade dela, mesmo sem saber.Mas todos os dias, minha memória fica melhor, puxada para cima do cofre da minha mente, guardada com cuidado para quando eu estivesse pronto para isso. Eu soco duro em sua carne doce e ela cobiça meu pau, apertando ao meu redor e me tendo como prisioneiro. Nós parecemos dois animais no cio, fodendo e batendo e se fundindo um ao outro até que o prazer se acumula e nos bate forte. Eu resmungo e me movo dentro dela, derramando minha semente e minha raiva e minha frustração reprimida, meu desejo, minha miséria e minha esperança, tudo isso dispara dentro dela enquanto ela agarra meu pescoço e arqueia as costas. Ela é a mais bela merda que eu já vi,esticando-se debaixo de mim, preenchida por mim, coberta de suor, encharcando minha virilha com seus sucos quentes. As pessoas estão se batendo atrás nós, gritando ordens,arrastando o equipamento de volta quando os primeiros fãs conseguiram subir ao palco, agarrando qualquer coisa que possam encontrar e esmagando contra a parede, encontrando a capa de Ronnie e jogando-a para fora na multidão.
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A eletricidade sexual entre nós se apaga e a realidade surge enquanto eu deslizo meu pau para fora e eu subo as calças para cima, ajudando Naomi a abotoar a dela e agarro sua mão para ajudá-la a se levantar. Eu não sei o que é, mas eu não quero que ninguém a veja. Quando ela olha para mim e levanta os óculos, acho que ela tem a mesma ideia em mente. Eu saio do caminho das cortinas e vou de encontro com o rosto de um idiota, deixando-o para trás e agarrando minha camisa da sua mão quando ele cai de bunda no chão. Muito escuro aqui, muito confuso para qualquer um ver. Eu começo a empurrar qualquer um que apareça, não me preocupando se algum deles irá prestar queixa.Eu acotovelo uma puta na garganta quando ela agarra meu cabelo e puxa minha cabeça para trás. Antes que eu possa virar e afastá-la, Naomi está lá. Ela dá um soco do nada e bate na mulher sob o queixo. A vadia cai como um saco de batatas e Naomi pega minha camisa, amarrando-a em volta da cabeça como um lenço suado.Nesta confusão, ninguém vai notar. Eu pego a mão da minha única mulher e a levo com segurança para fora da porta dos fundos.
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Turner me leva de volta para seu ônibus e nós subimos as escadas, trancando a porta atrás de nós e verificando ao redor para ter certeza de que somos os únicos nele. Eu acho que seu guarda-costas me viu, certeza que eu vi o cara sorrindo, mas não há muito que eu possa fazer sobre isso. Quanto sua banda... Eu não sei como ele planeja me manter aqui sem que ninguém descubra. Assim que essa confusão esteja controlada, todos estarão de volta. Eu desmorono sobre a mesa e seguro um soluço. Eu realmente não sei o que se passava pela minha cabeça quando eu entrei. Katie destrancou minhas algemas e me deixou ir sem uma palavra coerente, me liberando com uma enxurrada de palavras ilegíveis, que não fazem qualquer sentido, porra.Sinto muito. Fique longe dele. Tenha cuidado com o Diabo. Por enquanto eu estou segura, preenchida de confusão, ansiedade e medo.Eu não sei quem me seqüestrou, nem por que, não sei o que aconteceu enquanto eu estava fora. Tudo o que sei é que eu não vejo nosso ônibus em qualquer lugar, que Hayden está, obviamente, uma porra louca, bem como envolvida, e que eu não posso fazer nada sobre isso.Eu deveria ir à polícia, provavelmente. Quero dizer, esse é o passo mais lógico, não é? Mas eu não posso. Não com os segredos que me rondam. Se Katie está aqui, isso tudo pode ter algo a ver com aquele vídeo, com os assassinatos, com toda a merda da década passada me rondando. Eu me levanto e vou para dentro, procurando Turner. Eu não esperava que sua voz acendesse um fogo dentro de mim, a promessa de que os anjos realmente existem, para me fazer sentir amada e honrada e protegida.Eu não sabia que eu iria ouvi-lo cantando sobre mim, me chamando, implorando. Quando as luzes se apagaram, eu sabia que tinha que chegar até ele, então eu entrei no palco na frente de uma sala cheia de porra pessoas. Eu deixo cair a minha cabeça em minhas mãos com um gemido. Obviamente meu julgamento neste momento está um pouco comprometido. Uma semana na porra de um confinamento solitário pode fazer isso para uma pessoa. — Estive ausente por só Deus sabe quanto tempo e a primeira coisa que faço é foder sem camisinha no palco? — Meu coração está martelando e ~ 91 ~
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meu corpo se sente docemente dolorido. Eu quero levar Turner na parte de trás e transar com ele novamente. Quão confuso é isso? Ele volta depois de verificar o resto do ônibus e fecha as cortinas e fica escuro para poder enxergar. Ele está se alimentando de minha energia, mas ele não sabe por que ainda, não sabe que este passeio é uma teia cheia de aranhas, só esperando o momento certo para que elas possam vir em um enxame para cima de mim e me picar. Eu tenho que descobrir quem são os jogadores neste pequeno jogo e eu tenho que tirá-los um por um. No entanto o que precisa acontecer, o que eu preciso fazer, eu vou ser a única que vai sair desta por cima. — Naomi, — Turner diz e sua voz está mais séria do que eu nunca ouvi.Eu me viro e olho para o playboy filho da puta que me deixou sozinha e grávida, que usa as garotas da mesma maneira que ele usa camisinhas, enchendo-as e depois as jogando fora.Eu olho para ele e seu rosto está diferente de alguma forma. Enquanto eu estava fora, ele mudou. Ele não sabe ainda, acho que não, mas está lá.Meu desaparecimento o mudou. Para melhor. — Você está sóbrio? — eu interrompo antes que ele possa dizer qualquer outra coisa. Seus olhos estão claros, cercados por listras pretas que escorreram do seu delineador por causa do suor. Seu cabelo está uma bagunça, mas seu olhar está reto como uma flecha. — Mortalmente sóbrio, — ele me diz, movendo-se perto timidamente, como se ele não tivesse certeza de que estou realmente aqui. Suas mãos tocam meu rosto novamente, puxando o meu olhar para o seu. — Deus, isso é como a porra de um sonho. — Tente pesadelo, — eu digo, me afastando de seus dedos quentes e sensuais, lutando contra meu instinto primitivo. Eu não vou admitir que ainda esteja lutando contra o coração. Eu não amo Turner mais. Eu não o amo. Eu não o amo. — Eu não posso... Eu acabei de escapar de uma terrível possibilidade e em seguida fui e tive relações sexuais sem camisinha com você. — Estou limpo, baby, — ele diz com um sorriso estúpido. Okay, com um sorriso sexy. É sexy e estúpido. — Eu sempre uso camisinhas e eu acabei de receber meus exames, sabe? — Eu olho para ele. — Não é com isso que estou preocupada, — eu digo enquanto me levanto e vou até sua geladeira. Ele me segue e assiste enquanto eu abro e procuro por comida. Não há muito coisa aqui, mas eu consigo lidar um sanduíche pronto e alguns palitos de queijo.Estou com tanta fome e ao mesmo tempo sem. O que quer que estivesse nas intravenosas estúpidas me manteve viva, mas eu não estava vivendo, entende? ~ 92 ~
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Turner pega um copo de água com gelo e traz para a mesa, voltando para a janela para ver a casa de horror que acabamos de deixar. Eu não sei o que aconteceu lá dentro, mas ele estava mais do que insano.Pena que eu não poderia ser uma parte disso. — Mas foda-se, — eu digo, acenando com a mão, pensando que eu deveria ir atrás de uma pílula do dia seguinte. Ou Turner poderia ir. Eu não vou deixar este ônibus até eu tenha um plano. — Isso não é importante. O importante é isso. — Eu dou uma mordida no sanduíche e gemo de prazer, fazendo com que seus olhos voltem para mim. Ele se move e desliza no banco ao meu lado,esfregando seu corpo ao longo do meu e colocando sua mão tatuada encima da minha coxa. Meu olhar cai em suas tatuagens e em sua barriga plana e permanece lá,sem vontade de olhar para os olhos dele. Neste momento, algo está em curso, uma coisa se abrindo dentro de mim como uma flor.Isso assusta a merda fora de mim, faz com que seja mais difícil odiá-lo e desejar a sua morte prematura.Agora, e acho que eu poderia... gostar de Turner Campbell. — Eu quero que você saiba tudo, apenas no caso. — Onde você estava? — ele pergunta, desembrulhando pauzinhos de quijo para mim e colocando na mesa de granito. — Eu tinha essa chave... Achei que você estava em um dos trailers. — Eu estava em trailer, — Eu digo a ele, terminando o sanduíche, engolindo-o como um lobo faminto e limpando as migalhas na minha calça. — Mas não era qualquer um destes aqui. Ele estava estacionado do lado de fora do estacionamento, na rua.A única razão que eu sabia para onde estava indo, foi porque eu ouvi a música. Eu pego o queijo e começo a descascar as tiras, mas eu desisto, apenas empurro a coisa toda na minha boca. Depois de Katie me deixar ir, ela fugiu e desapareceu na noite como se ela nunca tivesse aparecido.Eu não me incomodei em ir atrás dela, só acabei tropeçando para fora, descalça na chuva e deixei o som da música me levar onde eu precisava ir.Música nunca me decepcionou antes, então eu sabia que podia confiar nela. Parece que eu estava certa. — Porra, — Turner amaldiçoa, puxando uma chave do bolso e batendo-a em cima da mesa. — Você estava na porra da vista de todos e eu te perdi. — Ele passa a mão pelo cabelo preto azulado e respira lentamente, passando rapidamente seus olhos sobre os meus. Uma faísca passa entre nós e antes mesmo de eu saber o que realmente está acontecendo,ele me pega em seus braços e me puxa para o seu colo, me apertando contra seu peito suado. ~ 93 ~
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Eu fico rígida por um momento, mas depois eu relaxo. E eu odeio dizer isso, mas isso parece bom. — Eu tenho que me esconder, Turner. Há uma série de problemas que eu não posso nem começar a me desfazer ainda. Tudo o que sei é que Hayden está envolvido de alguma forma. — As mãos de Turner me apertam com força e quando ele fala novamente, eu posso ouvir seus dentes rangerem com raiva. — Eu sabia que a vadia fazia parte disso. Jesus Cristo. — Me sento e o olho nos olhos, tirando meus óculos que ele usava no palco. — Turner, — Eu começo, mantendo minha voz baixa e grave. Isso é merda pura e se ele vai ser uma parte dela, preciso saber que ele está totalmente dentro, que ele está pronto para saltar no fundo do poço. Este é um tempo em que nem um dedo do pé na parte rasa vai fazer bem a ninguém.Preciso de alguém que eu posso contar. Este filho da puta está me dizendo que me ama e em seu rosto, eu vejo uma incomparável dedicação. Se eu estou sendo honesta comigo mesmo, isso assusta a merda fora de mim. — Preciso de ajuda. Eu preciso de alguém que eu posso contar. Eu não sei o que é isso entre mim e você, mas se você está oferecendo a sua ajuda, eu vou aceitar. Uma pancada na porta nos assusta e eu subo para os meus pés como um lutador no ringue, pronto para me defender, punhos erguidos. — Quem diabos é? — Turner pergunta, se levantando e se move atrás de mim, pressionando seu calor contra mim. Eu não posso segurar um arrepio, e eu sei que ele percebe, mas eu acho que é apenas a maneira que é. Eu culpo tudo sobre a porra da minha virilha. — Sou eu. Me deixe entrar. — Eu não reconheço a voz, mas Turner sim. Ele me gira suavemente e me olha direto no rosto. Seus olhos não vacilam e sua voz é tão afiada como uma espada. — Eu te amo, Naomi. Eu não meço as palavras e eu não adoço as coisas. Eu disse o que eu quis dizer e eu quis dizer o que eu disse. — Ele sorri maliciosamente e esfrega o polegar sobre meu lábio inferior. — Eu não gosto de guardar segredos, mas se eu tiver que guardar, para você, eu vou. Vou me esconder do mundo e eu não vou contar nem a uma alma maldita. Contanto que eu posso ser honesto com você e vice-versa, isso é tudo o que realmente importa para mim. — Ele faz uma pausa e olha para a porta. — Então, se você vai me ter, eu serei seu cavaleiro em brilhante armadura, porra. — Turner olha para mim e deixa de lado os meus ombros. — E se você estiver disposta, eu quero trazer Ronnie nessa. — Eu começo a protestar, mas ele me interrompe. — E Dax. — Meu coração salta na minha garganta e eu me afasto, correndo os dedos pelo meu cabelo. Está emaranhado e gorduroso e desagradável. A ~ 94 ~
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primeira coisa que eu preciso fazer é tomar um banho. E eu vou poder pensar melhor.Especialmente porque, agora, eu tenho a porra de Turner em cima de mim. Eu tremo de novo e não tem nada a ver com o clima. Eu tenho que tomar uma decisão, aqui e agora. Em quem devo confiar? Eu olho para trás, Turner, sem camisa e bastante perigoso e bonito como o inferno. Eu o deixei quando ele me ferrou pela primeira vez. Posso lhe dar uma segunda chance? Será que ele ainda merece uma? Quando ele avança e envolve as mãos nos meus cabelos, beija minha boca e suspira contra meus lábios, eu decido. Eu decido e eu sei, então, que não há como voltar atrás. Aconteça o que acontecer na minha vida a partir deste ponto, Turner irá desempenhar um papel nele. — Ok, — eu digo e eu não posso evitar beijá-lo de volta. — Você está dentro. Me ajude, Turner e nós vamos descobrir isso juntos.
— Santa merda e porra, — Turner diz depois que eu acabo de cotar parte da história. Colocando o que eu sei com o que ele sabe não fez absolutamente porra de sentindo nenhum para nós.É tudo ainda um grande e fodido mistério. E quem plantou a guitarra?Bem, quando eu encontrar o filho da puta eu vou ter certeza de agradecê-lo por substituir a minha Wolfgang antes de explodir seus miolos. — A vadia magrela tem alguns parafusos soltos, hein? — pergunta ele, lançando sua voz baixa, de modo que Ronnie e eu podemos ouvi-lo, mas o resto da banda não. Eu não sei como os dois estão pensando em me esconder do resto do grupo, mas vou deixar eles trabalharem nessa logística. Eles conhecem seus amigos melhor do que eu. Uma batida na porta e todos nós nos silenciamos por um momento. — Estamos prestes a sair, está tudo bem aí? — uma voz pergunta. — Tá tudo bem, — Turner responde, colocando os pés em cima da mesa.Estamos sentados na parte de trás do ônibus, uma área circular com uma mesa e uma tonelada de cinzeiros. Há janelas em todos os lados e tem um segundo banheiro, que está com a porta e a luz quebradas. — Você está liberado para decolar. Agora nos deixe em paz. —Ele dá uma tragada em seu cigarro e me oferece. Eu pego outra nova da caixa sobre a mesa e tiro o isqueiro do bolso. Quando eu deslizo a fumaça entre meus lábios, eu sinto ~ 95 ~
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como se estivesse voltando para casa. Oh Deus, sim. Minha separação forçada de nicotina não era exatamente agradável. Quando a fumaça enche meus pulmões, eu suspiro de prazer.Porra sim. É disto que eu estou falando, baby. Ronnie aumenta volume do aparelho de som para ajudar a abafar a nossa conversa. Ele é um cara legal, eu poderia dizer no momento em que coloquei os olhos nele. Caras legais são fáceis de detectar, porque eles são tão poucos e distantes entre si, como as rosas em um campo de ervas daninhas. Mesmo que você nunca tenha visto um antes, você sabe que quando você tropeça em um, porque sua presença é como nenhuma outra. Ronnie é do tipo que eu deveria estar me apaixonando, mas agora, eu estou atolada em um mundo só de Turner. Eu faço cara feia para nada em particular e fumo meu cigarro.Ronnie me assiste e retira um pouco o cabelo do rosto com uma mão pálida, magra.Ele já foi bonito, uma vez, mas a tristeza e saudade, drogas e álcool, tudo isso tem apagado sua beleza e o deixado nada mais que dolorido, triste, melancólico e fodido. Eu me sinto mal pelo cara, realmente. Parece que ele precisa de um abraço. — Por que não fazer isso da maneira mais simples, — Turner sugere, me olhando com o canto do olho. Ele ainda está tentando fazer essa besteira de machismo em mim, mas não está funcionando. Seu coração está sangrando por todo o peito.Eu poderia ser a única com a tatuagem, mas ele tem a coisa real,ali acima da porra de seus peitorais duros. Eu disse que ele não entendia o amor, mas ele acha que ele entende. Tudo o que eu tenho que fazer para acreditar nele é olhar em seus olhos e eu já sei que ele realmente sente algo por mim.Eu acho que pensando que eu estava morta bateu duramente dentro dele. De jeito nenhum eu vou me livrar desse cara tão facilmente dessa vez. Estou tão presa com Turner Campbell. Melhor se acostumar com isso. — Vamos encurralar Hayden e bater a merda fora dela, até que ela fale. — Reviro os olhos. — Isso vai muito além de Hayden, Turner. Há outras pessoas envolvidas e se eu estiver certa, — Eu esmago o meu cigarro no cinzeiro. — Então não é só comigo que eles estão fazendo isso. Pense nisso.Por que te enviar a guitarra? O chapéu? Você está envolvido quer você saiba disso ou não.Batendo em Hayden pode nos ajudar a arranhar a superfície, mas não vai nos dar acesso a fonte. — Eu pego minha garrafa de água e bebo metade em um gole. É tão bom ter líquido escorrendo pelo meu pescoço. O líquido da intravenosa não é a mesma coisa. Esta merda pode muito bem ter ambrosia, tem um gosto tão doce. — Você acha que alguém está mirando Turner? — Ronnie pergunta. Eu noto que ele gosta de repetir as coisas. Acho que ele está remoendo a memória. Eu tenho um bom pressentimento sobre isso.Ronnie é o tipo de ~ 96 ~
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homem que percebe as coisas, pequenos detalhes.Ele observa e absorve, como um guia, mas sem papel. — Eu tenho quase certeza disso, — Eu digo enquanto a mão de Turner desliza para cima da minha coxa, roçando suavemente sobre a pele nua. Eu não estou usando muito agora, apenas um par de seus boxers e uma de suas camisetas, então ele tem acesso fácil. Eu só tenho que ter certeza que ele sabe o seu lugar, onde ele está e tudo isso. Pedi a ele que me ajudasse, mas eu não disse que ia tomar a rota romântica. Talvez eu seja a única que se esqueceu do fato de que eu estou usando a pulseira Sr. Turner Campbell no meu braço ainda. Eu tiro a pulseira. — O que precisamos fazer é encontrar Katie. Ela, obviamente, sabe mais do que ela está falando, o que é compreensível, considerando sua criação. — Eu suspiro e tento não revivo essas memórias antigas. Eu não posso ajudar, mas pergunto se tudo aquilo tem algo a ver com isso, mas quais são as minhas opções?Enterrar o segredo para o bem é a única coisa que eu posso pensar. Deixar isso voar não é uma boa ideia. Confessando meu passado sangrento para o mundo só vai fazer a minha vida pior, não melhor. Melhor essa merda ficar a sete palmos do chão, ao lado dos bastardos esfaqueados. — Então, como vamos encontrar ela? — Turner pergunta, se ajustando até que o longo de sua coxa escove contra a minha. Eu finjo não perceber. Só porque eu estava desaparecida, só porque ele me lamentou com os anjos no céu, não significa que estamos de repente em alguma coisa. Então, gênio, por que diabos você decide foder o bastardo no palco?E sem camisinha?Droga, garota, você está no fundo do poço. Eu ignoro o meu subconsciente e começo o meu próximo cigarro. — Nós não, — eu digo a elee, olhando-o de lado. — Vamos esperar. Ela vai aparecer eventualmente. — Eu dou uma tragada e sopro anéis de fumaça. Não perco a protuberância crescendo nas calças de Turner. — E nós precisamos encontrar Eric antes que os policiais façam isso. — Isso é, se ele ainda estiver por aí. — Eu não gosto da ideia da polícia pairando tão perto. Nem o FBI. Não é impossível fazer as coisas sem que eles saibam, mas é certo que essa merda que não será fácil. — Você confia no filho da puta? — Turner me pergunta, se virando para o lado e colocando o braço sobre as costas da cadeira. Ele não se preocupou em colocar uma camisa, só fica lá com seus mamilos duros e seus músculos brilhando sob a luz amarela que oscila acima de nós quando começamos a nos mover. Lá fora, a chuva bate contra as janelas, como milhares de punhos, ajudando nos proteger de ouvidos indiscretos. Mas não vai durar muito. Tudo isso vai desmoronar e alguém vai me ver e tudo isso vai
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à merda. Eu tenho que ter certeza que estou no controle, que o espiral inevitável vai para onde eu diga para ir. — Eu não confio em ninguém, — eu digo a ele e, em seguida, olho através da mesa para Ronnie. — Nem mesmo você. — Ótimo, — o amigo de Turner diz, pressionando as palmas das mãos contra a mesa e se levanta. Seus olhos escuros me levam e ele sorri. — Você não deveria. Mantenha essa cautela ao redor e você vai ficar bem.— Ele geme e suspira, deixando cair o queixo ao peito. —Eu estou perdendo o ritmo. — Ele levanta a mão para cima e gesticula distraidamente para a parte de trás do ônibus. — Toda essa besteira lá foi demais para este velho. Eu estou terminando a noite.Eu vou manter meus olhos e ouvidos abertos amanhã para fofocas. — Ronnie se arrasta para longe da mesa e pega a maçaneta da porta, olhando por cima do ombro para Turner e eu. — Você quer que eu traga alguns cobertores e essas merdas pra cá? — É. Diga os caras que eu estou em um maldito humor. — Ronnie balança a cabeça e não questiona isso. Eu levanto uma sobrancelha. — E isso vai o que, manter eles longe? — Turner dá de ombros como se eu não devesse estar surpresa, olhando para mim de olhos semicerrados. Ele é uma porra de um príncipe tão elegante. Ele pode ter sobrevivido ao parque de trailers quando ele era jovem, mas nunca duraria agora.Eu vejo como ele passa seus dedos pelo seu abdômen, jogando com ele como uma tábua de lavar maldita e deixa os dedos abaixo da cintura da calça jeans. Ele finge que está apenas ajustando a si mesmo, mas eu sei melhor. Ele está tentando me deixar excitada. Eu sopro fumaça no rosto dele. Ele apenas o respira com um sorriso. — Vamos apenas dizer que, quando Turner está empé de guerra, as pessoas ficam fora de seu caminho. — Haram. — Eu me inclino para trás e espero até que Ronnie volta com cobertores e travesseiros, depositando-os sobre a mesa e se retirando com uma piscadela. Turner tranca a porta atrás dele e resolve voltar para sua posição de frente a mim. Eu coloco meus pés para cima e descanso meus dedos contra suas pernas. — Você acha que é tão duro, mas eu vejo através de você. Ele se inclina para frente e respira o hálito quente contra o meu rosto. — Realmente, Naomi? E o que é que você vê? ~ 98 ~
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— Eu vejo um homem que pensa que sabe o que quer, mas que não entende. Eu vejo um cara que Turner me interrompe, agarrando meu queixo e pressionando sua testa na minha. Não me afasto quando ele se arrasta entre as minhas pernas, mantendo os dedos fechados e apertados no meu rosto. — Naomi, você vê um cara que achava que ele tinha perdido a única coisa que ele realmente queria. A única coisa que ele desejava e nem sequer sabia disso, — ele sussurra, e sua voz é suave, como um gatinho de pêlo macio.É estranho como a merda.Este é o mesmo cara que deixou uma ajudante de palco nua sobre os amplificadores do palco, me engravidou e me deixou sozinha aos dezesseis anos, que festeja, fode e canta e não se importa se um coração seja quebrado no processo. Este também é o cara que está fazendo meu peito apertar e meus lacrimejarem, que fez surgir uma dor latejante entre minhas pernas alisando sua pele na minha. — Você vê um idiota com uma lista enorme de erros, que nem sequer sabe com quantas garotas ele dormiu, mas que agora só quer uma. — E se eu dissesse que você não pode tê-la? — Digo a ele, não gostando da dor que eu sinto quando ele se afasta e se senta novamente na minha frente. Meu corpo está me implorando para transar com ele de novo, para segurá-lo apertado dentro de mim e fazê-lo meu. Eu quero bater nele e arranhar suas costas e me certificar de que todas essas outras cadelas estão fora dos limites. Eu quero que elas saibam que ele me quer de uma maneira que ele nunca quis, que ele me implora de maneira que ele nunca sentiu antes. Eu tremo e agarro um cigarro com raiva, apertando as mãos. Turner apenas sorri, todo convencido e arrogante. Não é de propósito, não necessariamente, mas algo sobre isso soa falso quando ele olha para mim.Eu encontrei uma rachadura no escudo de Campbell.E sou eu. Eu sou a porra da rachadura. — Eu teria que dizer que isso seria uma merda muito ruim.Eu consigo o que quero, Naomi, e o que eu quero é você.Acostume-se com isso. — Eu me viro. — Ei, Turner, — eu digo. — Foda-se. — Ele se inclina para frente. — Eu só diria isso. — Eu balanço minha cabeça e agarro a garrafa de água, goles alternando com tragadas. — Eu te fodi. — Ele ri, alto e estridente, como um ralador de queijo, os sons saindo mais como de uma vitrola antiga. Eu odeio admitir isso, mas eu meio que gosto disso. Oh Deus, não. Você não está se apaixonando por ele, não é?O que é toda essa merda sentimental?Isso não é você, Naomi. Você não ~ 99 ~
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precisa de um homem.Você precisa de respostas e, em seguida, você precisa de um encerramento e, em seguida, você precisa voltar para a sua carreira. A sua carreira. A música. Sua música que ele pegou emprestado. Eu penso em falar isso com ele, mas eu não sei como abordar o assunto. É muito sensível. Eu escolho um tema fácil. — Quando chegarmos a Dallas preciso de você para pegar uma pílula do dia seguinte, você entende? Tipo, quando o ônibus estiver parando, você estará indo até a farmácia pegar um para mim. — Turner me dá um olhar carregado, um arrogante sorriso. Eu quero arrancar sua cara fora e estuprá-lo ao mesmo tempo.Algo está muito errado comigo. Eu culpo isso a minha semana em cativeiro. — Sim, sim Capitão, — ele rosna, dando uma bela e longa tragada lenta em sua nova fumaça. Ele deixa sair fumaça por suas narinas. — E se eu pegar herpes, eu vou te matar. — Seu sorriso se torna maior e eu noto algo de diferente em seu rosto, o quanto ele ficou mais bonito, de repente. Leva-me um minuto para descobrir o que é. Ele está feliz. Pela primeira vez desde que eu o conheci, eu posso dizer que Turner porra Campbell está realmente feliz. Por quê? Por causa de mim. Eu desvio o olhar. — Eu disse a você, baby, eu estou limpo. Eu usei mais camisinhas do que um professor de Português. — Que diabos isso significa? — Eu rosno, pegando um travesseiro e afofando-o. Pode não parecer tão confortável para dormir em um banco, mas para mim, isso tudo ainda parece como o céu. Eu ainda tenho marcas em meus pulsos e tornozelos mas eu não estou drogada, e o melhor de tudo, eu estou livre. Eu provavelmente poderia dormir em um beco com um saco de lixo como um travesseiro e com ratos doentes e eu ficaria bem. Assim que minha cabeça bate no travesseiro, minhas pálpebras começam a cair. Há tanta coisa acontecendo neste pouco espaço de tempo que faz minha cabeça girar. O que aconteceu comigo, o que Turner passou enquanto estive fora, América no hospital, Katie, Eric, Hayden. Ugh. Eu tive mais do que suficiente para uma noite. — Isso significa, — sussurra Turner, pegando um cobertor e colocando-o sobre o meu corpo enrolado. — Que eu estou apaixonado por você, Naomi Knox.
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
Naomi não tem porra de ideia de como me sinto por dentro. Para ela, a semana passada foi um pesadelo, um processo que teve de superar. Para mim, era um poço de dor, de esperança e desespero, medo e necessidade e querer, tudo misturado em uma só. Eu não estou dizendo que eu estava pior nem nada, mas porra. Pensar que ela poderia estar morta, querendo acreditar que ela não estava... Agora, olhando para seu rosto adormecido, eu quero fazer um Riverdance20 do caralho. Quero saltar sobre esta mesa e gritar e berrar a minha alegria para o mundo.A onda em que estou agora é melhor do que qualquer droga já inventada. Me sinto como um Rei hoje. Um Deus. Eu estou feliz. Sim. Feliz. Essa horrível palavra iniciada com F que passamos a vida procurando. Naomi está dormindo, então eu acho que eu posso tirar seu cabelo da testa, e beijar-lhe o rosto, sem ter minhas bolas arrancadas. Eu toco seu braço, pressiono a palma da mão em seu ombro e apenas respiro. Mesmo sem saber, eu estive prendendo a respiração por dias esperando por essa garota. Olhando para ela agora, eu não posso acreditar que eu já toquei outra mulher. Estou repelido pela ideia, fodidamente enojado com isso. Eu fico em pé e termino meu cigarro. Eu nem sei o que fazer comigo mesmo agora. Eu só quero andar para lá e pra cá e proteger Naomi com a minha vida. Quero rosnar para qualquer um que chegar perto e eu juro pra caralho que eu vou defender ela até a morte. Verdade seja dita, eu não me importo com mais nada agora. Quero dizer, pense nisso. Eu tenho dinheiro, fama, respeito, música e minha garota. É isso aí. O que mais existe? Eu mesmo tenho amigos que vão ficar ao meu lado não importa o quê e fumando um bom cigarro. E agora mais o quê? — Agora, — digo ao meu cigarro que eu pressionando no cinzeiro. — Agora, se eu encontrar os filhos da puta que estão nos ameaçando eu vou leválos para baixo. Vou destruí-los um a um até não haver ninguém nesta terra para me desafiar. — Eu sorrio e olho para Naomi. — Exceto por ela, — Eu 20
É um espetáculo de sapateado irlandês, reconhecido pelo rápido movimento de pernas dos dançarinos e aparente imobilidade da cintura para cima.
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sussurro. — Porque eu sei que essa garota vai ser um desafio para mim todos os dias para o resto da minha maldita vida.
Amanhece e eu não dormi muito. Eu praticamente sentei observei Naomi dormir como a porra de um perseguidor. Eu quase caí no sono algumas vezes, mas acordei assustado, pensando que era tudo um sonho, que eu nunca tinha encontrado ela e que ela apareceu morta em uma vala em algum lugar na manhã seguinte. Foi uma espécie de uma noite de merda. E perfeita também. Besteira dicotômica. — Pegue um pouco de suco de laranja do caralho, — Naomi sussurra quando eu empurro seus pés do meu colo e me levanto, rodando a cabeça e constatando um torcicolo no meu pescoço. — E algo para comer. — Ela faz uma pausa e, em seguida, com a boca abafada pelo travesseiro, consegue sair um forçado por favor. Eu sorrio e abro a porta com um chute, fechando-a cuidadosamente atrás de mim.Ronnie já está acordando, por isso dou a ele um aceno de cabeça e ele se levanta, movendo-se para a parte de trás e deslizando para dentro.Eu me pergunto o que ele e Naomi vão conversar quando eu não estiver aqui. — Onde está a porra do Milo? — Eu pergunto a Josh o qual caiu na mesa, com uma xícara de café segurava entre as mãos. Eu tiro uma camisa para fora da gaveta debaixo da minha cama e a visto. Acontece que ela é branca e tem escrito Breaking Pretty na parte da frente. Eu passo meus dedos pelo logotipo Indecency embaixo e olho para fora da janela, seguindo um aceno de Josh. A multidão hoje está fodidamente insana, aproveitando a claridade, o tempo quente a se amontoado do lado de fora dos portões, gritando, berrando e se debatendo como uma massa sólida. Toda essa merda de acampar pode estar chegando ao fim em breve.Turner Campbell e a equipe precisa de um upgrade. Eu olho por um minuto enquanto eu considero fumar um baseado. Pelas costas de Naomi, não teria problema, não é? Mas então eu penso sobre a minha mente ficando nublada, borrando as bordas de seu rosto bonito. Além disso, ela precisa da minha ajuda. Eu preciso da minha ajuda. O trabalho de detetive pode não ser tão incrivelmente urgente, mas ainda é prioridade. Eu vou para um cigarro e passo a minha cerveja de manhã para uma xícara de café preto.
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— Ele está lidando com alguns rumores estranhos, — Josh diz, grogue e irritado. Te disse, ele é um putinha de manhã.Quando ele descobrir que seu banheiro favorito está agora permanentemente fora dos limites, ele vai ficar puto. — As pessoas estão dizendo que te viram fazendo sexo nos bastidores na noite passada. —Eu bufo e deposito a xícara de café na pia. Eu imagino que há câmeras de zoom em meu rosto agora e tento manter um sorriso perverso estampado em meus lábios. — Agora isso de certo está estranho pra caralho, — Eu digo, mas eu não respondo à pergunta por baixo de suas palavras. Você estava? Josh faz um barulho bufando baixinho e depositando sua xícara. — Então, agora, graças a isso, você está ainda mais popular do que você estava na noite anterior. — Ele faz uma pausa e quando eu olho por cima do ombro,eu o vejo mordendo o lábio.Josh parece tão malditamente jovem para mim agora, como um anjo virgem ou algo assim. Eu não posso nem imaginar como ele se parece no palco com o resto de nós, um bando de drogados filhos da puta. Eu saboreio meu café. Eu não quero odiar Josh, mas é tão fácil. Tão fácil de culpá-lo por não se encaixar, por não ser Travis, por ser muito ingênuo. A vida veio e ferrou a bunda dele com um vibrador seco. Eu deveria estar feliz com isso, deveria tentar ser uma mão orientadora. Em vez disso, eu fico irritado quando ele está por perto. — Como? — ele sussurra quando eu viro totalmente para encará-lo. — Como você faz isso? — Ele parece perplexo, como se ele não pudesse imaginar por que alguém em sã consciência estaria interessado em mim.Eu fico olhando para a sua pele pálida, seu cabelo loiro, tremendo com raiva em sua mandíbula e tento descobrir uma resposta para essa pergunta. Veja, aqui está a coisa. Quando eu penso em mim, eu me vejo como um arrogante de merda. Eu posso pensar em todos os tipos de razões pelas quais as pessoas se reúnem em torno de mim, se lançam aos meus pés e imploram por mais. Mas quando eu penso sobre Naomi... Eu acho que estou tendo um tempo difícil ao imaginar por que ela iria querer ficar comigo. Eu estraguei tudo, traí suas fantasias e seus sonhos e agora ela está apenas começando a superar. Isso me faz querer ser uma pessoa melhor, uma pessoa que é fácil de imaginar junto.Talvez seja isso que a multidão está vendo em mim agora?Talvez eles se apaixonaram com a ideia antes mesmo dela se concretizar. Ou talvez eu só estou cheio de porcaria. Tomo um gole do meu café, um empecilho para o meu cigarro. — Bem criança, — Eu digo e vejo como Josh franze os lábios. — Talvez seja só porque eu sou um merda? ~ 103 ~
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Eu trago para Naomi seu suco e sua pílula, voltando da farmácia a tempo de ser bombardeado com câmeras e microfones, fãs furiosos e uma massa de telefones celulares, todos gravando minha expressão facial chocado enquanto eu subia por entre os arbustos e tentava pular a cerca.Eu posso ver que esta merda frenética vai ficar feia rapidamente. — Quase fui preso pela cadela atrás do balcão, — Digo a Naomi quando ela aceita o saco plástico de mim com uma expressão no rosto.Ronnie olha para fora imediatamente e diz o que está acontecendo apenas para reconhecimento.Presumo que significa que a antiga prostituta desligada encontrou um estrondo e uma fofoca, mas eu não disse nada sobre isso. Eu estou mudando, talvez ele esteja, também?Aqueles que estão em casas de vidro não devem lançar pedras ou qualquer outra coisa, certo? — Ela tentou me dar alguma palestra religiosa sem sentido sobre a contracepção. Foda-se ela. Dou uma avaliada em Naomi, enquanto ela se inclina sobre a mesa e desliza a caixa da sacola e lê o texto na parte traseira da embalagem de papelão pequena. Obviamente Ronnie remexe minhas gavetas a procura de algumas roupas para Naomi, porque ela está usando um par de meus jeans skinny preto, com um cinto na cintura e uma folgada camiseta da Amaroty Riot. Sem sutiã e eu espero sem calcinha, a menos que ela esteja usando algumas das minhas cuecas. Meu pau endurece e começa a interromper os sinais de meu cérebro para o resto do meu corpo. Trapaceiro filho da puta. — Tome um comprimido até 72 depois do sexo desprotegido, — ela lê quando eu caio na cadeira e faço o meu melhor para me controlar. Não é exatamente o momento certo para ficar excitado por uma garota quando ela está lendo o manual de instruções de um contraceptivo de emergência. Ter certeza de que ainda tenho alguns preservativos no bolso para mais tarde. — Tome a segunda 12 horas após a primeira. — Naomi tira um comprimido branco do envelope e o toma com um gole de suco de laranja. — Pelo menos não é um maldito bicho de sete cabeças. — ela diz enquanto ela enfia o outro comprimido no bolso de trás da calça jeans. Ela joga um punhado de cabelo loiro por cima do ombro e me olha. — E você não tem herpes? Eu desabotôo minha calça e tiro para fora, observando como seus olhos se mantém sobre o meu pau. ~ 104 ~
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— Não desde a última vez que verifiquei. — Naomi revira os olhos e finge não estar interessada. Mas eu sei que ela pode sentir o calor entre nós. Mesmo com o ar condicionado funcionando a todo vapor, não é suficiente para manter as janelas em volta sem embaçar. Eu dou uma volta e abro um pedaço das cortinas para deixar entrar um pouco de luz. A luz do sol realça suas maçãs do rosto perfeitas, lábios úmidos, seus lindos olhos. Parecem laranja, esta manhã, e não marrom.Apenas laranja. Como chamas. Quero ser incinerado. — Turner, — ela diz e sua voz abaixa, fica realmente grave. Eu abotôo minhas calças para cima, me sentindo meio que, como uma espécie de ferramenta completa. Me sinto desajeitado ao seu redor agora. Eu só vou admitir, como se ela fosse um anjo e eu sou... Eu não sei. O Diabo? Ela se tornou essa coisa mística, este objetivo distante que eu tenho tentado alcançar, lamentando ao mesmo tempo em que eu estou comemorando e agora ela está aqui. Eu me imagino como um garoto nerd na escola, apalpando e tateando sua primeira teta.Eu sinto todo vacilante agora como se eu não tivesse nenhuma ideia de como seduzir uma mulher.Eu me sinto como um virgem maldito. — Isso não pode acontecer novamente. Quer dizer, eu não posso mesmo acreditar que isso aconteceu. Eu estava em um lugar estranho na noite passada. Eu me sinto melhor hoje. — Ela suspira e se senta em frente a mim, se inclinando e colocando os cotovelos sobre os joelhos. — A minha experiência não foi tão ruim, mas poderia ter sido pior, Turner. Eles estavam se preparando para coisa pior. Eu sei disso. Eu podia sentir a porra do cheiro. — Ela toca dois dedos para o nariz e desce a mão de volta em seu colo. Seus olhos ficam nervosos quando as cortinas se abriram e eu sei que elas estão deixandoa nervosa, então eu as fecho novamente e o quarto volta a ficar escuro. — Então, vamos encontrar esses filhos da puta e deixá-los na miséria, — Eu digo, me inclinando para trás de forma casual. Sinceramente, eu ainda só quero tocá-la, sentir sua pele, me certificar que ela está realmente aqui, que ela não foi levada embora na ambulância e bateu em uma laje fria, marcada como uma amostra biológica. Em vez disso, eu me inclino e puxo uma gaveta que está sob o banco. Quando o espaço é apertado como este, as coisas começam a ficar interessantes.Existem gavetas em todo este lugar.Acontece que nestes tem alguns sapatos assassinos nele. — Eu vou ser seus olhos e ouvidos, gata. Você me diz o que você quer de mim e você terá. — Uma peruca, — diz ela e eu olho para cima com um sorriso. — Bizarro. — Naomi suspira e coloca as mãos nos quadris. — Eu preciso ser capaz de sair com você, ver as coisas por mim mesmo. Eu não vou sentar aqui na parte de trás de seu ônibus como um capacho, esperando por um de seus colegas de banda me encontrar aqui ~ 105 ~
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agachada e tremendo. Eu tenho que agir, Turner. Isso é o que eu faço. Eu assumo e vou tomar cuidado. Não há mais ninguém por perto para fazer isso por mim. — Até eu, — Eu digo e eu lanço a ela um par de sapatos. Eles são meus, por isso eles são um pouco grandes, mas eles vão ter que servir por enquanto.Naomi pega o tênis preto e eu dá um olhar severo. Percebo que ela não fica nem três metros perto de mim. Será que é porque ela pode sentir a paixão entre nós?Porque ela está com medo de me querer?Ou porque ela está enojada com isso. Deus, eu espero que não. — Eu não sou uma donzela em perigo, Turner, — ela diz, batendo as solas dos sapatos sobre a mesa. Sua tatuagem no tornozelo espreita para fora para mim a partir de seu jeans e, pela primeira vez, eu fico a olhando para ela enquanto ela está distraída. Eu acho que não vou ter esta oportunidade novamente. Turner Dakota Campbell está rabiscado em seu pé até o osso do tornozelo, onde as ataduras de gaze estão enroladas. Feito em vermelho com duas facas negras que se cruzam atrás do meu nome do meio. Acho que eu era a sua primeira vez em mais de um sentido. A tatuagem é um pouco amadora,mas há algo romântico sobre as linhas suaves e a coloração turva.Inconscientemente, minha mão chega para cima e desliza sobre o meu ombro. Naomi percebe e se afasta, bloqueando minha visão. — Você pode não ser uma donzela em perigo, — eu digo a ela, tentando manter minha respiração lenta e constante. Estou um pouco suado hoje, um pouco confuso por não ter me libertado, se é que você sabe o que quero dizer. — Mas não há nenhuma maneira para que você possa andar em torno de mim e não ser notada. Uma peruca não vai fazer isso, querida. —Por que isso?—, Ela diz e eu me levanto, me aproximando dela, roçando contra suas costas apenas o suficiente para sentir o magnetismo do nosso calor corporal nos pedindo para entrar em conflito, a se entrelaçar como fizemos ontem à noite e nunca deixar ir. Puta que pariu. Eu não quero que Naomi tome essa pílula. Eu quero pequenos bebês Campbell com ela e colocar um anel no seu dedo e levá-la até o altar, tudo que nem nas merdas de conto de fadas. Está tão ruim agora eu estou começando a me perguntar se eu estou louco.Este amor à primeira vista de merda não é fácil de lidar. Eu meio que quero socar essa garota e me casar com ela? Meio estranho. Eu abro um pouco as cortinas para que ela possa ver a massa de jornalistas.Seus olhos ficam grandes e ela franze os lábios. — Eu pensei que tudo isso era um rugido da TV ou algo assim, — ela diz, parecendo horrorizada. Isto simplesmente aconteceu da noite para o ~ 106 ~
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dia.Fomos de popularidade medíocre para estrelato em uma semana. Assim que Naomi reaparecer e revelar que ela ainda está viva, caramba, ela vai ser declarada santa. — Mas que caralho esta acontecendo!! Cristo. — Eu rio, me aproximo e respiro seus cabelos. Ela treme e bem, foda-se cara, mas isso é tudo que ela escreveu. Naomi gira e nossas bocas se chocam, nossas mãos se agarram e de repente estamos pressionados tão juntos e apertados que precisaria de uma ferramenta com poder maldito para nos separar. Eu a respiro e ela me saboreia; eu toco seus seios e ela toca minha virilha. Eu não consigo chegar a ela rápido o suficiente, beber dela profundo o suficiente. — Estou tão confusa, — ela geme quando ela desliza para baixo para o banco e eu a sigo,ficando entre suas pernas, puxando a calça jeans. Ela entrelaça os dedos no meu cabelo enquanto eu desato o cinto e puxo o jeans sobre seus quadris. Sua buceta está logo ali na minha cara, pêlos loiros, inchada e molhada. Porra. Eu a beijo duro e ela geme, abrindo seus joelhos para mim, me deixando entrar. Com uma mão, eu deslizo meus dedos em sua buceta e com a outra, eu pego no meu pau com fúria. — Não fique, — Eu sussurro contra seu calor, rangendo os dentes com o esforço de ficar aqui, de joelhos. Eu nunca fiz isso em qualquer outra mulher. Turner Campbell não faz a porra da coisa de joelho. Mas Naomi não é apenas uma mulher, ela é uma deusa do rock, uma fatia de fúria e beleza. — Deus. Eu estou ficando louco aqui. — Apenas viva isso. — Eu te odeio, — ela sussurra, mas eu não sei o que essas palavras significam agora. Elas são ilegíveis e cheia de confusão e bagunça. Eu quero ouvir um eu te amo dela, mas se ela dissesse isso tão facilmente, talvez eu não estivesse tão disposto a trabalhar para ouvir isso. Eu te amo, Turner Dakota Campbell soa na minha cabeça, um eco de uma memória, um fantasma de um passado distante. Um dia, eu vou deitar e me lembrar de tudo que aconteceu entre nós na primeira noite, escrever tudo em algum lugar ou algo assim, provar a ela que isto está lá, enterrado em mim em algum lugar. — Me odeie se é tudo que você quer, — digo a ela enquanto eu respiro contra seu clitóris inchado.Está como uma pedra agora, duro como o meu pau. — Mas você vai gemer enquanto você está fazendo isso. — E então eu a beijo onde o sol não brilha. Minha língua se move para cima sua buceta molhada,umedecendo-a, mesmo que ela não precisa de nenhuma ajuda. Eu lambo ao redor dos meus dedos e, em seguida, deslize-os para dentro dela, saboreando-a ao mesmo tempo. Quando eu agarro seus quadris e pressiono os meus lábios contra seu clitóris, meus dedos queimam, mexendo em círculos, tirando minha identidade e misturando com a dela. E mesmo que eu sei que eu ~ 107 ~
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sou um auto-confiante, um babaca egocêntrico, é bom estar tão perto de uma outra pessoa. Naomi geme, baixo e profundo, levantando seus quadris para o meu rosto, pressionando-se contra mim. É quase demais para suportar. Eu quero me levantar e empurrar meu pau dentro dela, senti-la sensual e quente em torno de mim, sua buceta moendo meu pau. Mas se eu me orgulho de alguma coisa, é de ser um bom amante e eu não mostrei exatamente a ela minhas habilidades. — Seu doente filho da puta! — A porta abre detrás de mim e Dax caminha para dentro, me agarrando pela camisa enquanto eu de viro e acabo batendo na mesa. Eu nem sequer pensei, apenas agi, atingindo-o no rosto com tanta força que eu ouço uma rachadura. Ele tropeça de volta para Ronnie, que está me dando um olhar e eu dou um pesaroso olhar por cima do ombro. Dax volta para mim rapidamente, aproveitando meu estado e me dando uma boa direita na porra do nariz. O sangue pinga do meu nariz e Naomi grita para parar e fica entre nós,mãos estendidas, com a calça e o cinto de volta ao redor de seus quadris. Eu, meu pênis duro ainda está pendurado para fora da minha calça e meu rosto está molhado com sulcos de Naomi. Ótimo. A hora perfeita para interromper. — Cara, que porra é essa? — Eu pergunto, indo para longe do sangue quando Dax detém a mão em sua bochecha e olha para Naomi. Ele está realmente vestindo roupas limpas, hoje, outra roupa emo gay com esqueletos e coisas desse tipo. Seu cabelo escuro paira sobre os olhos e ele tira alguns, mas não todos, o choque total e absoluto que ele está passando. — Meu De... Porra. — Isso é tudo o que ele pode dizer. O sangue pinga na minha boca, enquanto eu assisto o jogo de emoções entre Dax e Naomi. Ele vai de zangado para confuso para nervoso e, em seguida, direto para soluçar. Ele estende a mão e ela aceita um abraço dele. Quando eles se separam, ambos estão sorrindo. Enfio meu pau para dentro e tento não ficar com ciúmes. — Eu... eu... — Dax esfrega os olhos com as luvas sem dedos pretas. Os nós dos dedos enunciam as palavras Perdido e Amor.Eu faço cara feia e desvio o olhar. — Eu pensei que nós concordamos em trazer Dax, então eu aproveitei o ônibus vazio para trazê-lo aqui. — Ronnie coça a cabeça e se inclina contra a parede. Ele está com uma outra camisa de um de seus filhos, uma diferente desta vez. Acho que esta é de sua filha mais velha. Diz Quando as coisas ficam
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difíceis, eu fico mais difícil21. Fofo. — Não esperava que vocês dois estivessem uma rapidinha. Merda. — Ronnie tira um cigarro. — Eu não... sei o que dizer, — Dax sussurra, colocando as mãos sobre o rosto e olhando para Naomi através das lágrimas nos olhos. Viado do caralho. Faço cara feia para ele, mas ele não percebe. Ele está muito ocupado olhando a minha mulher. — Como você chegou aqui? Quando você chegou aqui? — Com isso, seus olhos estalam até os meus por uma fração de segundo, como a ausência de Naomi em sua vida fosse, parcialmente, minha culpa. — Porra. — Eu esfrego as minhas mãos pelo meu rosto. Meu pau está tão duro que pode muito bem ser feito de uma maldita pedra. Quero agarrar Naomi e deslizar para dentro dela, sentir sua respiração em meu ouvido os braços em volta do meu pescoço. — Bom Deus, — Eu gemo e Naomi me uma cotovelada no estômago. Milagrosamente, eu não fico bravo com ela.Estou ficando muito melhor em controlar minhas emoções. No passado, ser atingido, mesmo em tom de brincadeira iria cravar minha raiva. Não hoje. Hoje eu só estou com tesão do caralho. — Não seja um fodido idiota, — ela sussurra enquanto ela coloca as mãos nos quadris e olha para o chão. Ela está medindo o quanto ela quer contar Dax. Pessoalmente, eu iria mais do que chutar a bunda perseguidora do ônibus. Mas então eu me lembro que trazê-lo foi minha ideia. Dax ama Naomi. O que é bastante óbvio, então ele é uma aposta segura. Ele fará qualquer coisa para ela. Eu só espero que eu esteja certo sobre ele, que ele não irá mais longe do que isso. — Dax, você não pode contar a ninguém sobre isso, você entende? — Dax deixa cair as mãos do rosto e acena com a cabeça, sugando um grande fôlego e balançando a cabeça como se ele estivesse tentando limpá-la. — Deus, Mi, eu não posso acreditar que você ainda está viva. Quando eu vi o sangue e os corpos, Eu só... algo dentro de mim morreu naquele dia. — Ele coloca a mão no peito e olha para ela com uma porra nostalgia profunda. Isso fez meus pêlos eriçarem e meu estômago doer. Uma pequena parte o de mim sente pena do cara, enquanto o resto de mim só quer bater a merda fora dele. — Mi? — Pergunto, tirando meu próprio cigarro. Se eu não posso chupar a doce buceta de Naomi,vou comer todo um campo maldito de tabaco.Ninguém me dá atenção. — Dax, você entende o que estou dizendo?Hayden é uma parte disso. Ela não pode saber que estou aqui. — Dax balança a cabeça e deixa cair as mãos para seus quadris, imitando a pose de Naomi. Ele não parece surpreso ao ouvir ela dizer isso. 21
No original: When times get tough, I get tougher. (Tougher rima com daughter).
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— Eu percebi que tinha mais coisas do que ela estava dizendo. Quero dizer, sua história era verdade, mas não era, você sabe?Quero dizer, há partes dela onde você pode apenas sente a emoção. O resto parece oco.— Dax permite que seus olhos trilhem o corpo de Naomi, de cima e para baixo e de volta. — Deus, me desculpe, eu estou apenas... Estou tentando me ajustando a isso. Eu acho que estou em estado de choque. Quero dizer, você está aqui. Você está viva e o único idiota que realmente acreditava que você estava era esse filho da puta estúpido. Dou um passo em frente, mas Naomi me pára com a mão no meu estômago. Como um cachorrinho perdido eu obedeço. Meu Deus, onde é que minhas bolas foram? — Preciso de sua ajuda para descobrir isso. — Naomi sorri e isso acende seu rosto pálido, o rosto esculpido. Eu fico olhando para sua garganta e queria que minha boca estivesse pressionada lá,provando-lhe o pulso e a sentindo viva debaixo de mim. Dax não é o único que está em choque. Naomi Knox está de volta. Ela está viva.Vai levar um tempo para se acostumar com isso, eu imagino. — Você pode ser meu cara infiltrado certo? — Para toda essa merda. — Dax estende a mão e pega a mão dela na sua. Eu assisto, mas não me movo, fico ali e deixo a fumaça sair de minhas narinas. — Estou tão feliz em te ver, Naomi. Eu quero que você saiba que... que eu te a— Porra, — Ronnie amaldiçoa, deixando cair o cigarro no chão e mordendo o lábio.Ele gira ao redor e fica tão perto de uma corrida que eu já vi, batendo a porta ao mesmo tempo que ela abre e a cabeça loira de Milo aparece. Naomi volta para o banheiro e está fora de vista. —Terrabotti, eu preciso de um adiantamento, — Ronnie diz, puxando a atenção de Milo para Dax e eu. Nosso empresário suspira enquanto ele sobe as escadas, lento e instável, como um velho cheio de artrite.Tudo este circo de merda é difícil para ele, eu acho. — Para quê, Ronnie? Ácido? Cocaína? Metanfetamina? Ronnie ri e dá um tapinha duro nas costas de Milo. — Você é tão fofo, olha para você, Terrabotti. Metanfetamina?É chamado de droga nas ruas, sabe?Gelo, nuvens, cristal22. Milo respira maciçamente e se prepara para lançar em seu discurso anti-drogas, o que ele faz, pelo menos, três vezes por semana. Eu agarro Dax pela frente de seu suéter rosa de emo e o puxo para a parte de trás, fechando a porta e trancando-a atrás dele. Ele olha para mim longa e duramente,mas não 22
No original: Ice, clouds, crystal. É tipo um apelido para essas drogas.
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diz nada.Depois de um minuto, eu ouço a declaração mais surpreendente da minha vida. — Me desculpe, Turner, — ele me diz, soando todo genuíno e fodido. Encaro ele como se ele fosse louco. Eu só estava lambendo o amor de sua vida e ele está pedindo desculpas para mim? Dax limpa uma mancha perdida de delineador em torno de seu olho e corre a língua sobre os dentes. — Eu devia ter acreditado em você quando você disse que ela poderia estar viva. Eu realmente... Eu realmente fodi as coisas. — Ele olha para Naomi. — E me desculpe você também. Eu deveria ter feito mais. Naomi dá alguns passos no banheiro e dá um tapinha nas costas dele. Eu vejo seus olhos, mas eu não vejo nada, somente amizade quando ela olha para ele. O que eu preciso lembrar é que Dax não é a minha concorrência. Eu sou minha única concorrência.Naomi me odeia. Eu. Isto não é sobre manter Dax fora do caminho. Isso é sobre fazer Naomi ver que eu realmente a amo. Eu tenho que provar isso e agora é a minha chance. Eu vou resolver esses mistérios, ter ela de volta no palco.Não há nada mais sedutor do que o poder da música.Uma vez que ela tenha essa guitarra pressionada contra sua virilha, suor escorrendo pelo seu rosto,uma horda de demônios uivando e implorando aos seus pés, ela vai perceber como ela se sente sobre mim. Eu sorrio. — Não é culpa sua, Dax, — diz ela, dando uma espiada para fora as cortinas novamente. O que ela vê faz seus lábios franzirem como se estivesse acabado de morder um limão. — Não havia nada que você poderia ter feito de qualquer maneira. — Ela olha por cima do ombro, cabelo loiro sedoso e macio ao redor do rosto. Ela cheira como o meu shampoo e ela está usando minhas roupas.Você sabe quão sedutor essa merda é? É como o mais poderoso afrodisíaco. — Isso tudo é apenas uma grande merda. — Ela mordisca o lábio inferior e estala os dedos, os olhos brilhando. — Um grande emaranhado de mentiras. — Naomi se vira abruptamente e chega perto de mim, levantando minha camisa com os dedos, desenhando as unhas ao longo do meu abdômen cerrado. Ela respira quente contra a minha boca enquanto ela toca a tatuagem de teia de aranha em giros arredondados. Dax observa em silêncio, mas eu posso ver a inveja em seus olhos. — Tudo o que precisamos fazer é desarmar uma linha e a aranha virá correndo. Naomi sorri e um calafrio passeia em linha reta até a minha coluna e no meu cérebro. De alguma forma, eu tenho uma porra de um sentimento ruim sobre essa merda.
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Quando Dax, Turner e Ronnie saem para o show, eu os sigo vestindo um capuz e óculos escuros. Está mais escuro e o tempo não parece muito bom, por isso a multidão está muito menor e as sombras muito maiores. Eles não gostam de minha ideia, mas eles não são meus malditos guardiões.Apesar do que aconteceu, eu ainda estou no comando.Nada nunca vai mudar isso. Eu os sigo até o local e mostro rapidamente meu passe nos bastidores para o segurança. Ele não parece feliz, mas me deixa passar, me dá uma olhada e chuta uma guitarra com o pé.Ele fica em cima de mim, me vigiando enquanto eu abro o estojo, certificando-se de que ninguém fica muito perto uma olhada neste ajudante. Eu levanto a tampa e corro meus dedos sobre a beleza preta e branca suave embalada dentro. — Oh Deus, eu senti sua falta, — Eu sussurro, sabendo muito bem que esta não é a minha guitarra original. Apenas o fato de que é o instrumento dos deuses negros e rebeldes do rock me faz feliz embora.Poderia ter sido um barato Target e eu estaria pulando de alegria agora.Meus dedos coçam a arranham as cordas. Na minha garganta, minhas cordas vocais se equilibram e estão prontas para atacar. Quando ouço a banda de abertura iniciar a sua primeira música, eu quase choro.Mesmo um dia sem música é uma punição, mas uma semana inteira?Não, nem fodendo obrigada. Eu levanto a Wolfgang com dedos suaves, examinando-a com os olhos cuidadosos. Eu não tenho nenhuma ideia do que eu estou procurando - uma mancha de batom? Um pouco de DNA? Uma impressão digital?Ainda assim, eu a giro devagar e mantenho meus olhos abertos, quase explodindo da minha pele quando a voz de Hayden soa de cima do meu ombro. — Você parece bem hoje, Turner, — ela diz e eu inclino a guitarra e tento obter um vislumbre dela no reflexo. Não funciona. Olho disfarçadamente por cima do ombro e encontro a cadela psicopata vestido com um par de shorts minúsculos e um top sem sutiã para manter seus pequenos seios no lugar. Mesmo as picadas de mosquito estão indo ao fracasso quando ela está saltando ao redor no palco esta noite. Se eu estivesse 'aqui', eu teria certeza que ela ~ 112 ~
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colocou um. Deus. Ela sabe que eu odeio isso. De alguma forma, eu sinto que ela sente que estou por perto e está tentando me irritar. Eu vou bater muito nela quando eu confrontar sua bunda. —Diferente. Aconteceu alguma coisa? Turner muda seu peso e levanta o queixo. Eu não posso ver seu rosto, mas eu posso ouvir seu sorriso quando fala. Ele é tão sortudo por suas bolas estarem fora do meu alcance ou eu esmagaria os filhos da puta. — Tive uma foda quente na noite passada. Sempre faz um bom dia seguinte, você não acha? — Oh sim, — Hayden diz com um sorriso sujo. Ele não alcança seus olhos, porém, apenas se sentam lá em sua boca fina e parece pesado. Quão profundamente ela está envolvida? — Eu não posso discordar com essa. Ontem à noite, quando Dax e eu estávamos... — Hayden faz uma pausa e coloca uma mão sobre a boca arredondada. — Eu disse isso em voz alta?Deus, ele vai me matar. — Ela é fã de si mesma e se afasta um passo, olhando em minha direção. Eu olho para longe e concentro-me na Wolfgang.— Estou muito nervosa. Minha segunda noite real de volta.Espero que eu possa me lembrar de como ser a grande atração da multidão. — Ela rosna essa última e eu posso apenas imaginá-la lançando uma piscadela para Turner antes de ela girar e ir embora. O som de seus saltos estalando no chão desaparecem ao se misturar com os sons que saem do palco. — Naomi, — Turner começa. Eu o interrompo. — Ela é cheia de merda Turner, — Eu digo a ele quando eu olho ao redor da caixa da guitarra.Tanto quanto eu posso ver, não há nada aqui.É um novo estojo, uma nova guitarra, perfeita réplica ao que eu esmaguei na minha raiva na fase confusa.Agachada aqui, agora, com a cabeça limpa, tudo o que posso perguntar é o que diabos eu estava pensando? Quebrei o meu bem mais precioso, porque eu estava confusa sobre Turner. Que porra. Eu não penso sobre a foda da noite passada ou a última foda esta manhã. — Ela, obviamente disse de propósito. Ela deve ter visto Dax entrar no ônibus ou algo assim e ela está ferrando com você. — Eu agarro o estojo fechado e levanto-me. Quando eu me viro, Dax está vindo do outro lado da sala para nós. Turner não perde tempo e enquanto faz seu maldito caminho ele pergunta. — Você fodeu Hayden na noite passada? — ele pergunta e eu me encolho. Dax parece um pouco perplexo e então sussurra a palavra que eu não esperava ouvir. — Sim.
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— Ah, porra. — Turner grita e as pessoas se dispersam. Alguém ainda tenta entregar a elee uma garrafa de água.Uma vez diva, sempre diva. Turner agarra sua cabeça e se afasta, mas eu mantenho o meu olhar firmemente focado no rosto de Dax. Ele nunca me ferrou antes, mas há sempre uma primeira vez para tudo. Se ele quer brincar comigo agora, ele tem uma oportunidade de ouro. Ele olha com olhar de desculpas e de arrependimento, como se ele acabasse de ser pego trapaceando. Mas eu não vou segurar isso contra ele .Quero dizer, olhe para mim. Eu tenho essa... coisa suja acontecendo com Turner.Eu não posso nem tocar no cara ou meus nervos ficam todos fodidos e eu não consigo pensar direito. — Deveria ter sabido que não deveria confiar neste filho da puta. — Eu pensei que você estivesse morta, — Dax surrura e eu tomo uma respiração, olhando-o diretamente nos olhos. Pessoas passam ao nosso redor e não tomam conhecimento de outra pessoa extra em um moletom. Eu poderia muito bem ser invisível no momento. Eu penso naquela pobre menina, Marta, que Turner me falou. Ela morreu então alguém poderia conseguir uma diversão de foda com os meus amigos, os meus fãs. Quando ele me disse que eles cortaram a pele de seu peito, barriga e tornozelo, só assim eles pensariam que era eu, que fez meu estômago torcer dolorosamente. Eu me sinto como se o sangue da garota estivesse em minhas mãos. Eu já tenho o suficiente disso, muito obrigada.O sangue ruim já queima como ácido; eu não posso nem imaginar o que seria como ter o sangue salpicado lá. Como você poderia viver com você mesmo? — Eu estava bêbado, drogado, deprimido. E Hayden... se ela está envolvida, é em um nível menor. Ela não é um monstro, não realmente. Ela é apenas – — Serio seu filho da puta maldito? — Turner diz, virando-se e dando a Dax um olhar revoltado mais uma vez, como se ele estivesse doente ou algo assim, levando a peste negra debaixo das unhas de prata.Isso me deixa muito irritada, eu só quero chutar na sua bunda. — Turner, — Eu assobio, tentando manter minha voz aguda, de modo que a música do palco a cobrisse. — Você mexeu comigo e agora está feito.Eu vou acabar com você. Acabar com você rapidamente e fazê-lo sangrar até secar. — Eu escuto as letras quando eu encaro os olhos escuros de Turner. — Não fique com esse cara de bunda só porque ele pegou um pouco de seus restos. — Turner se inclina para trás como se não pudesse acreditar que eu disse isso a ele. — Você transou com ela, também, uma vez. Obviamente, ela tem algum tipo de atração. — É isso... ciúme na minha voz? Estou com ciúmes? Isso é ridículo. — Ela está confusa. Acho que ela está tentando descobrir como ser uma pessoa melhor, mas só não entendeu ainda. — Eu olho para Dax e tento ~ 114 ~
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decidir se devo dizer a ele sobre discurso louco de Hayden no trailer. Quero dizer, ela disse que ia tentar me ajudar, certo? Eu quero dar a ele o benefício da dúvida, mas ela meio que me manteve segura por anos, só pra você saber, isso não vem fácil. — Me deixe falar com ela. — Antes que Turner ou eu possa interromper, ele segura as mãos e continua. — Eu não vou dizer a ela sobre você.Apenas... me deixe ver se consigo alguma coisa. — Dax encolhe os ombros e mantém seus olhos cinzentos em mim. — Eu amo você, — declara ele e posso dizer que ele quer dizer o meu nome, derramá-lo no ar como uma fragrância maldita. Mas ele não pode, não aqui. — Dax, — eu sussurro, chegando perto. Eu não estou tentando ser mesquinha, mas merda, eu não posso lidar com tudo isso ao mesmo tempo. As coisas são duras o suficiente como ela é. — Eu não estou procurando por amor agora. — Ele permanece parado e não responde. — Mas se você pudesse falar com Hayden, eu gostaria muito. Não faça isso porque você acha que vai me conquistar, faça isso porque você quer, certo? Se não, eu entendo.— Eu dou um passo para trás e o vejo me olhando por um momento. Depois de alguns segundos, ele balança a cabeça e se afasta. Isso não vai ser fácil. Ele não vai mais aceitar um não como resposta. Minha morte temporária quebrou alguns corações e derramou sangue por todo lugar. Eu preciso uni-los e seguir em frente. Olho para Turner. — Você não está procurando por amor, — ele diz, dando uma tragada em seu cigarro. — Mas e se ele te morder na bunda? — Eu fico olhando para o seu rosto forte, a estrela tatuada em seu couro cabeludo, seus piercings nos lábios, a única cicatriz em sua garganta, onde uma navalha deixou sua marca.Ele é bonito, mas é um tipo perigoso de beleza do tipo que mata almas. Não vai acontecer. Eu começo a dizer alguma coisa, mas ele me interrompe. Típico. — Só deixe ferver sua massa cinzenta um pouco, querida. — Eu estreito meus olhos para ele.Ele dá um passo para frente e agarra meus ombros. Mesmo através do tecido grosso, eu posso sentir seu calor. Minha cabeça cai para trás e quando ele pressiona sua boca com a minha, eu não luto.Eu o beijo de volta até eu perceber o quão estúpido nós estamos sendo. Eu tropeço para trás e cubro a boca com as mãos enluvadas. Tudo ao meu redor, gorjeios e risos cruéis ressoam. Outras garotas assistindo Turner colocar um ajudante em movimento. Huh. — Ei, — ele diz enquanto eu dou a volta em torno dele e ando em direção à porta. — Não se esqueça de me assistir no palco, gata. — Eu olho para ele, certificando-se de manter a minha cabeça abaixada no caso de alguém tentar me alcançar para fora. Eles não o fazem.Mas eu me sinto um ~ 115 ~
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suspiro de alívio quase audível nos bastidores, como a equipe que pode finalmente descansar. Se Turner Campbell parou de gritar o seu verdadeiro amor,então ele está acima de Naomi.Nós estamos acima de Naomi. Não é um bom sentimento para ser esquecido tão facilmente. Viro-me e alcanço a maçaneta da porta, percebendo que a única pessoa a que estava me mantendo viva enquanto eu estava fora foi o babaca rindo maliciosamente atrás de mim.
Queria que América estivesse aqui. Eu queria poder juntar todos os pedaços, como digitar informações em um programa de computador. Dar a ela mais alguns minutos e ela imprimisse um dossiê completo sobre o assunto, quem fez o quê, quando e porquê. Ela sabia de tudo. Penso em ligar para ela, mas eu não sei o que eu diria.Desculpe eu tenho fodido você. Eles estavam atrás de mim, mas você ficou no caminho? Ou talvez isso não seja mesmo verdade. Talvez eles quisessem ela morta?Como eu vou saber?Dax disse que ela está bem agora, tendo cuidados intensivos, mas ela estava bem mal, porque foi a primeira a quem eles chegaram, que ela teria morrido de hemorragia. Ouvir Turner e ele falar sobre o sangue no ônibus me deixa doente. O sofrimento que os dois sozinhos passaram é suficiente para colocar esse lugar para baixo.Adicionar a minha merda e a merda de América e da morte de Marta e esses filhos da puta terão que vir. Eu vou para fora e pisco o meu passe para o guarda de segurança antes de eu começar a andar o perímetro. No bolso da frente eu tenho uma faca e uma chave de fenda. Ninguém tira vantagem dessa garota novamente. Eu me certifico de ficar nas áreas iluminadas e evitar as sombras. Há guardas aqui e ali, de modo que não estou sozinha.Eu estou segura o suficiente por enquanto.Ainda assim, é meio difícil de sacudir o sentimento de choque e espanto. Quero dizer, nós sempre tivemos algum tipo de segurança, mas não esse tipo de segurança de agora, esse bloqueio, os holofotes. Isto é algo grande agora. E eu tenho que sentar à margem. Eu aposto que a multidão está como uma batida de coração pulsando. Eu suspiro e puxo um cigarro, dedilhando a imagem de Hayden enquanto eu alcanço meu bolso. Turner a deu de volta para mim, mas nós não mostramos a Dax. Nem a Ronnie também. Então eu acho que Blair, Turner e eu somos os únicos que sabemos o segredo de ~ 116 ~
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Hayden.Acho que o pior vem do pior, nós sempre podemos usar isso para chantageá-la. Eu não tinha opção, mas, ei, dê o troco em uma vadia. Eu fiz isso ao redor da maior parte do acampamento antes, eu localizei o carro champanhe colorido de antes. — Kathie,— Eu sussurrei. Eu me movi para o portão e mostrei ao guarda o meu crachá. Ele o olhou de relance e então olhou para mim com uma expressão irritada, enquanto ele retirava o parafuso e desenrolava a corrente. Sorte minha que está em marcha lenta do lado de fora da passagem na entrada sul. Fácil sair, fácil entrar. — Vocês, pessoal, não tem nenhuma ética no trabalho, sabem disso?O homem diz enquanto me movo passando por ele. —Vocês vêm e vão quando lhes convém, fumam como chaminés, fodem como coelhos. Quer dizer, ficam se apertando, pelo amor de Deus. —Eu ignoro seu discurso e pulo a pequena parede de pedras pela borda, usando os pesados arbustos que pontilham a estrada como alças para subir o monte íngreme. Quando eu alcanço o topo, eu subo, bato no pavimento úmido assim que o céu acima estronda. Parece como se um furacão estivesse nos seguindo. Gotas de chuva caem mais no meu rosto quando eu olho a janela e percebo que eu estava certa. Dentro do carro está Kathie Rhineback. Ela fecha a janela. Eu ponho minha mão no bolso do suéter e puxo a faca. Eu imagino que se Turner descobrisse que eu estava aqui, ele ficaria puto. Mas ele não é meu protetor, ninguém é. Se eu quiser fazer uma merda perigosa, eu farei uma merda perigosa. — Venha para dentro antes que ele veja você,— ela suspirou e eu não pude ajudar, mas olhei em volta. Eu imagino que ela está provavelmente falando sobre Eric, mas quem inferno sabe? —Depressa, ela insiste com os olhos abertos e a testa encharcada de suor. Eu checo e checo novamente, deixando claro que o novo celular que o empresário de Turner deu para ele estava no meu bolso. Se eu precisar fazer uma ligação, ele tem o número de Ronnie nele. Curiosamente, não há dúvida em minha mente que ele viria correndo. Eu abro a porta e deslizo para dentro, colocando meu capuz. — Como você sabia que eu estaria aqui?—perguntei, quando ela facilitou o caminho e se aproximou. — Você estava esperando por mim? — Eu estava procurando por você,—ela diz, mantendo seus olhos para frente e suas mãos paradas. Sua cabeça está raspada e suas bochechas estão profundas. Eu não gosto do olhar dela, como se algo tivesse vindo e fodido com ela desde que nós conversamos. Seu sofrimento não tinha diminuído, apenas ~ 117 ~
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se tornado mais profundo. Mas que porra? O que eu fiz para isso tudo? Eu quero que Katie tenha uma boa vida. Ela merece isso. Mesmo que ela seja obsessiva comigo. Eu tremo, mas falo para mim mesma que ela nunca foi uma ameaça. Ela brinca de me perseguir a algum tempo, me chamava de sua heroína, mas ninguém nunca soube por que. Ninguém além dela. Ela sabe que matei seus pais e por bastante tempo ela me adorou por isso da piores maneiras. Eu olhei profundamente para ela e tentei alcançar algum sentimento dela, algum sinal de que eu estivesse em perigo. Não cheguei a nada. Se ela realmente estava tentando me foder, ela não teria me deixado ir. — Eric?—eu pergunto e ela estremece, sua dor é quase palpável, se curvando sobre o volante, mas se recupera rápido. — Não. Sem Eric. Eric se foi. O demônio. Eu estou procurando por ele.—eu levanto minhas sobrancelhas. Certo, aqui vamos nós. Mais conversa louca. Legal. Apenas legal. Eu observo o tremor dos lábios inferiores de Katie e então deixo meus olhos caírem para a bolsa plástica em seu colo, no vestido sujo. Ela parece com um personagem de um romance distópico, selvagem e amedrontada ainda que de alguma forma feroz, louca, mas focada e determinada também. É assustador para caralho. — Você enviou o vídeo, não foi?—eu pergunto e seus olhos se enchem de lágrimas. Bingo. Eu sabia disso. Um mistério resolvido, mil a mais para resolver. — Por quê? — Você precisava saber quem seus amigos eram,— ela sussurrou. Eu me inclino contra a porta e vejo seu rosto, o brincar de emoções sob a pele pálida alinhada com veias azuis. Ao fundo, ouço um pouco de jazz no rádio. — Você realmente me colocou numa posição difícil, Katie. Não é legal. — eu pauso e espero ela seguir se explicando. Ela não faz. Só pensa. — Você está me perseguindo novamente? — eu pergunto tão calmamente e educadamente quanto possível. Eu não posso imaginar Katie como uma assassina, mas talvez ela seja responsável por outra coisa, os pássaros mortos e a cabeça de boneca, o chapéu e a guitarra. Talvez haja duas histórias interligadas aqui? Isso explicaria o buraco de merda torcida em que eu estou nadando. — Naomi, eu queria que você soubesse que podia confiar, porque ele está atrás de você. Todos eles estão. — Quem?— eu me mexo desesperada por respostas. Minha mente está girando com toda essa porcaria. Por fora, estou bem, mas por dentro, estou confusa. Perdida. Vazia e estourando. As coisas estão mudando ao meu redor mais rápido do que eu posso piscar. Meus segredos estão sendo derramados da minha alma, botando para fora o fedor de podridão que eu tenho carregado por ~ 118 ~
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tanto tempo. Mas com o que eu posso completar esses espaços? Amor? Nunca funcionou para mim antes, nunca foi o bálsamo de cura que os poetas prometem e autores empregam para que os fãs dêem risadas. Eu tenho odiado Turner de longe por tanto tempo e agora... ele está ao alcance e não estou certa se eu mesma o quero. Aperto minhas mãos em meu rosto e tento respirar. — Os demônios,— Katie sussurra, sua voz quase perdida na invasão do vento e água fora da janela. Eu sempre amei a chuva, mas por uma vez em minha vida, eu queria que estivesse ensolarado lá fora. A temperatura está densa e pesada, rolando abaixo dos meus ombros sobrecarregados. Eu pressiono meus dedos em minha testa. Eric estava certo ao menos sobre uma coisa: Katie ficou pior. Mas por quê? Isso é o que eu quero saber. —Você roubou a tesoura?—eu pergunto a ela, imaginando que eu já soubesse a resposta para essa pergunta. — Satan roubou. Assim ele poderia prender você sob a graça sombria dele. — eu deixei minhas mãos caírem em meu colo e empurrei minha sombra, assim eu posso ver melhor. Eu estou provavelmente fodida em mais de cinqüenta tons para entrar neste carro com essa mulher louca. — E os pássaros mortos, a mensagem de sangue, você escreveu aquilo?— Katie morde seu lábio tão forte que começa a sangrar. Ela toma a próxima saída e passa embaixo do viaduto, nos levando de volta à estrada na direção oposta. — O que você fez?—eu pergunto a ela, não querendo ir muito mais longe, apenas no caso. — Além do vídeo, pelo que mais você é responsável, Katie?—ela não responde, apenas fica lá e observa o pára-brisa com os olhos vidrados. Eu bato o meu punho contra o painel e ela soluça. — Que porra é essa, Katie. Eu nunca te perguntei sobre algo, mas por favor, por favor, qualquer coisa que você souber, me diga. — Isto é grande,— ela diz. — Maior do que você e eu. Nós somos apenas iscas, pegaram na net. Eu enviei o vídeo, Naomi, só assim você saberia em quem confiar. Eles mantiveram seu segredo, não foi? — Para quem mais você o enviou?—eu sussurro, pensando em Turner e América. Ela está certa. Embora eles não tenham feito, embora eles devessem ter gritado isso para a polícia, eles não fizeram. Isso diz muito, não é? — Dakota e América,— ela sussurra enquanto puxa para o estacionamento do local. Está lotado, mas ela dirige para encontrar uma vaga no fundo e retorna o carro, nos levando em um silêncio sepulcral. — É isso. Eu juro Naomi, nunca machucaria você.—ela gira e olha para mim, os olhos abertos como bolas de gude, os lábios tremendo e rachados. Seu corpo todo grita dor, dor, dor. Ela está ferida tão profundamente que está sangrando por dentro e não há um cirurgião no mundo que possa salvá-la disso. Eu odeio ~ 119 ~
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dizer, mas não acho que Katie vai se recuperar. Eu costumava pensar que sim, mas agora não tenho certeza. — Você é minha irmã, Naomi. Eu dei a ela um sorriso de canto e alcancei a porta. — Irmã adotiva,— eu digo e então saio do olho do furacão.
Eu ando direto de volta para dentro da área fechada e dou a volta, abrindo a porta e rastejando nas sombras, então eu ouço Turner cantar. Ele está tão ligado esta noite que eu sinto arrepios em todo o meu corpo quando ouço sua voz, posso praticamente senti-lo rastejar dentro de mim e me dividindo em pedaços, o mais delicioso tipo de tortura. Ele está cantando aquela canção estúpida Única Mulher novamente. É o bastante para fazer o público desmaiar e flutuar como um grupo de borboletas desesperadas por um gosto do seu néctar. A palavra minha aparece na minha mente e é apagada imediatamente. Eu não pensarei desse modo. Eu disse não a Turner antes. Eu preciso ter minhas armas. Mas então eu o observo rasgar o palco e destruí-lo. Eu vejo aquela paixão nele que eu admirava antes da fúria ofuscante, aquela felicidade e alegria derramando pela multidão e prometendo a eles que se podem ter tudo se apenas tentar o bastante. É uma hipnose fodida. E é tudo por minha causa? Ou apenas pela ideia de me ter? O pensamento de que ele encontrou o amor e depois perdeu? Eu não tenho uma pista. O que eu sei é que quando Turner vem para os bastidores, cheira como doce e cigarro, eu quase pulo nele. Entretanto, eu espero parada em meu lugar, enquanto eu ouço os sons ao meu redor diminuírem, enfraquecendo até sussurros. Apenas quando estou prestes a ir atrás dele, o resto da multidão sai e me deixa sozinha e em um lugar vulnerável ele vem para trás de mim e sussurra em meu ouvido. — Buu.—eu pulo e me puno por não estar mais atenta, girando para encontrá-lo sorridente como um gato Cheshire. Eu franzo as sobrancelhas. — Eu quase chutei sua canela,— eu garanto que era verdade. Ao menos meus reflexos não estavam uma merda completa neste momento. Não é fácil ficar longe das coisas boas, das bebidas, da cocaína e das drogas. Especialmente em situação como esta. Mas é necessário, vida ou morte crucial. ~ 120 ~
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Turner apenas alcança e tenta tocar meu lábio inferior. Eu empurro sua mão para longe. Eu o tenho visto sendo puxado por uma dúzia ou mais de garotas desde que começamos esta turnê. Eu não vou jogar este jogo. — E pare de sorrir demais. Você não acha que as pessoas o acharão estranho se você for do tristonho e bêbado ao feliz e despreocupado em apenas um dia? Você pode diminuir um pouco?—ele põe uma mão em meu capuz, mexendo os dedos e enrolando em uma mecha de cabelo. — Não se eu escolher uma nova namorada ajudante de palco. É mais do que meu modus operanti de qualquer maneira. Além do mais, eu sempre achei que você poderia ter ciúmes daquela garota. — eu levanto minhas sobrancelhas e dou um passo para trás. — Aquela que você deixou com a calcinha em volta do tornozelo, chorando no auto-falante?— Turner enruga o nariz. — Ela estava chorando?—eu balanço minha cabeça e suspiro. Ele é rico, uma estrela do rock, pedaço de merda, otário idiota do caralho. Ele nunca vai mudar. Eu tenho que manter isso em minha mente quando fizer minhas decisões. Eu olho em volta e decido que eu não gosto como rapidamente este lugar vai se esvaziando. — Olhe, apenas esqueça isso. Eu não quero ser fodida em um autofalante, certo?— eu puxo a pílula do dia seguinte do meu bolso, tiro do alumínio e a engulo. Turner assiste silenciosamente, mas ao menos uma vez, não tem nada espertinho para dizer. — Vamos apenas cair fora daqui e chegar ao ônibus, assim podemos conversar.— eu começo a me mover, passando por ele e ele agarra meu braço. Novamente, eu estou perto de chutar a bunda dele. — O que?—eu estalo. — Dax saiu com Hayden, logo depois do set deles. Dou de ombros. — Então? — Então,— ele diz, soando aborrecido. — Você não me deixou terminar, eles saíram, mas não voltaram para o ônibus. Eles saíram na frente. Eu os acompanhei durante a mudança de cenário.— eu não gosto onde isto está indo, Turner parece culpado pra caralho. O porquê, eu não sei. Talvez porque ele tenha sugerido que trouxéssemos Dax para isso. Eu não o culpo por isso. Eu disse que estava tudo bem. Por outro lado, nós precisávamos de alguém da Amatory Riot que checasse a merda pra gente. Estou começando a me perguntar se deveríamos ter escolhido Blair. — Eu não tenho tempo para perseguir eles, mas eu esperei até que eles estavam na parte de trás do lugar, perto da estrada. Isso não deveria significar nada, mas poderia significar tudo. ~ 121 ~
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Achei que você deveria saber.— Turner tem um olhar estranho em seu rosto, duas partes irritadas, uma parte esperançosa. Ele provavelmente quer que Dax seja um garoto mal, assim ele fica fora de cena. Eu giro para longe e respiro fundo. Eu quero terminar essa merda. Descobrir quantas mãos estão na tijela do mas não quero perder todos os meus amigos e membros da banda fazendo isso. bolo23,
— Obrigada, Turner,— eu digo, embora. Desde que não há maneira de saber para onde eles foram, apenas teremos que esperar, talvez enviar Ronnie ao ônibus do Terre Haute para ver se eles estão de volta. Até lá, eu não faço nenhuma suposição. — Esta merda está cada vez mais estranha.— eu resmungo sob minha respiração, saindo pela porta e atravessando o pavimento molhado pela chuva. Turner se mantém no mesmo passo que eu e não me deixa nem mesmo um pé a frente dele. Polegada a polegada, nós andamos igualmente.
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Dito popular com sentido de quem está envolvido
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Dax e Hayden não se aparecem até o momento que estávamos prestes a ir, assim nós não descobrimos porra nenhuma. Nós não nos preocupamos em ligar para ele. É bastante difícil ter privacidade em nosso ônibus, sem falar com o dobro de pessoas do caralho. — Deve estar um inferno do caralho nos banheiros ali fora.—eu digo a Naomi, que está sentada quase nua em uma das minhas blusas. Ronnie se sentou à mesa entre nós. Eu não sei porque ele se senta mais perto dela do que eu, mas isso é como ela quer. Eu tenho um sentimento ruim de que eu não terei sorte hoje à noite. — Eu não quero ter que falar conversa fiada,—ela me diz, ponderando sobre a informação novamente. Eu quero chutar a bunda dela por entrar naquele carro com Katie, mas me segurei para não gritar. Não pega muito bem. Naomi não é o tipo de garota que gosta de ser mandada. Boa coisa, acho. Tenho estado com algumas das que gostam. O sexo não é tão divertido. Ela parece estar pintando suas unhas e sorri significativamente. — Com você. Eu quero ouvir sobre Ronnie.— Naomi vira para meu amigo e continua pintando suas unhas com esmalte preto. Isso geralmente a ajuda a se misturar melhor aqui, e acredite ou não, geralmente a faz mais andrógena24. Metade dos caras fodidos da turnê tem unhas pretas. Meio que vem com o território. Ronnie sorri e segura o baseado entre dois dedos, se inclina na almofada e coça as tatuagens de cobra em seu pescoço com a outra mão. — Eu vou te falar sobre Ronnie, — digo, dando a ele um olhar que diz dê o fora daqui, assim eu posso ter um tempo a sós com esta garota. Ele olha, registra e ignora. Ele não está interessado nela, graças a Deus, ou teria que chutar sua bunda, mas acho que ele gosta dela. Então ele vai ser um empata foda e ficar por aqui. Legal. Eu suspiro e observo seu baseado com olhos famintos. Posso cheirar isso. Naomi pode também, mas nenhum de nós aceita quando ele oferece. — Ele está um romântico sem esperança como uma vadia. Ama cair no ácido e está como um garoto de dezesseis anos. Somos amigos por cerca de uma década e ele ainda não lembra meu nome do meio. 24
Com características de pessoas de ambos os sexos
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— Primeiro de tudo, — Ronnie diz, dando um tapa no baseado e segurando a fumaça no peito enquanto continua. — Eu tenho quatro filhos. — ele solta a fumaça com um suspiro. — De quatro mães diferentes. Eu preferia ser um romântico sem esperança que um cínico esperançoso e estou perfeitamente certo que o seu nome do meio é um estado. Arkansas? Nebraska? —Vai se foder. — Oh, é uma palavra maldita. —Ele joga o baseado em mim e acerta meu peito. — É Dakota, seu babaca fodido. — Naomi sorri. Mas não para mim. Para Ronnie. Acho que ela ainda está confusa sobre o meu showzinho. Quer dizer, venho pensando, alguém poderia estar naquele carro. Ou esperando do lado de fora dos portões, Ou, merda, por tudo o que nós sabemos, Katie é quase completamente e totalmente responsável por toda essa merda. Naomi disse que ao menos um garoto estava envolvido, mas ele não podia estar trabalhando para Katie. O que nós realmente sabemos sobre essa garota? —Me fale sobre seus filhos, — Naomi diz, observando como eu jogo o baseado no cinzeiro e finjo que não estou tentando inalar o resto da fumaça tanto quanto humanamente possível. Ronnie esfrega seu peito e balança a cabeça, cabelos escuros caindo em seu rosto enquanto ele olha do topo da mesa. Aquela melancolia está de volta novamente, voando brevemente atrás de seus olhos. Eu não sei o que está acontecendo ultimamente, mas eu espero que tenha passado. Esta coisa toda de assassino misterioso está funcionando para ele,dando a ele algum propósito. Acho que ele está tipo vivendo de modo sofrido através de mim, se apaixonando por tudo novamente. Eu espero que isso o cure ou ao menos o ajude. A morte de Marta terá salvado a vida de Ronnie nesse caso. —Me convença porque eu deveria ou não deveria ter um. Ronnie parece culpado pra porra e planta seus cotovelos na mesa, alcançando com dedos hesitantes o baseado abandonado. — Eu não poderia dizer de qualquer forma, realmente, — ele diz a Naomi, com honestidade. Ela não pisca, apenas fica lá e o observa enquanto suas unhas secam. Eu me pergunto se ela está pensando em nosso quase filho, imaginando com quem ele ou ela teria sido parecido. Eu sei como sou fodido. E logo que eu tenha um filho, sei que serei melhor pai que Ronnie. Eu sento e ouço, de qualquer modo, desejando que fosse apenas eu e Naomi, e uma lata de chantilly nesta sala. Eu pedia mostrar a ela algo divertido. — Eu apenas me encontrei com três dos quatro. O mais novo nasceu a poucos meses atrás. A mãe não quer nada comigo, então o que posso fazer? Levar ela ao tribunal? Eu não tenho uma fodida chance.— Ronnie olha para baixo, o topo da mesa e começa a se dissolver para o outro mundo de fantasmas onde ele passou a maior parte da sua vida adulta. — Eu não estou dizendo que não ~ 124 ~
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quero conhecer eles. Eu apenas... não tenho encontrado algo em mim mesmo que vale a pena conhecer. Eu não quero sobrecarregar eles com esta merda. — Ronnie olha para cima bruscamente e me espedaça com o seu olhar. Eu sei que alguma merda profunda está vindo. Então ele parece como se sempre cortasse duro e rápido. Estou pronto para sangrar. —O que eu sei, mas que ninguém te diz é que eu desejaria que tivesse meus filhos com uma mulher que eu amasse. Quer dizer, imagino que isso faria um mundo de diferença. Eu não sou bom para eles como deveria. Eu posso ser um roqueiro, mas sou apenas uma pedra, afundando mais rápido do que eu posso piscar. — Ronnie dá uma batida e tamborila os dedos sobre a mesa. —Queria que eu tivesse estimado Asuka mais enquanto ela estava viva e queria que eu tivesse morrido exatamente ao mesmo tempo que ela. — Naomi me dá um olhar, o qual eu devolvo. Ela não conhece todos os sórdidos detalhes do passado de Ronnie, mas ela saberá. Eu vou falar a ela tudo o que sei sobre tudo. Sem segredos. Sem fodidos segredos. — Mas desde que não há nenhuma opção, tudo o que posso fazer é vaguear e esperar que eu encontre alguém que seja metade tão boa. Eu quero me apaixonar novamente. — Ronnie toma uma respiração profunda e se levanta, me dando um olhar que claramente diz saindo Eu olho fixamente de volta, mas ele não está em um lugar confuso. Poderia chutar sua bunda magra para fora se eu quisesse, mas não vale a pena foder com ele enquanto ele está tão frágil. Eu engulo meu orgulho e saio do seu caminho, assim ele pode fazer uma retirada rápida. — Eu sei que você não perguntou isso, mas eu disse. — Ele se move até a porta, pausa com seus dedos esticados. Imagino que aquela é uma posição na qual ele está metaforicamente por um longo tempo e nem mesmo sabia. — O primeiro passo para recuperar é admitir que tem um problema, — eu digo, voltando para o banco e observando seus ombros se mexerem com a revelação. Talvez não tenha significado para alguém mais, mas há um longo tempo para vir. Eu engulo minha ignorância, minha merda arrogante e minha necessidade de me exibir para Naomi, atraí-la como um animal pronto para torturas calorosas. — Ei, — eu digo e ela me atira um olhar sobre meus ombros. —Eu tenho orgulho de você, cara. Ronnie sorri e pisca para nós com seus olhos prateados, piscando maldosamente. — Obrigado, — ele diz. —Eu devo a vocês dois, mesmo que vocês não saibam disso. Qualquer merda que vocês dois tem feito, é tóxico e contagioso. Continuem disseminando essa doença. — E você sabe tudo sobre isso, — eu sorrio enquanto ele abre uma brecha da porta e desliza para fora, se certificando que eu trancasse quando ele saísse, pressionando minhas costas na madeira fina e dobrável. Naomi está ~ 125 ~
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me olhando com uma carranca. A sala esquentou um grau ou dois. Nós estamos sozinhos. — E o que é isso? — ela pergunta, cutucando uma de suas unhas com um dedo cuidadoso. Satisfeita que está seca, ela agarra um travesseiro e enrola suas pernas ao redor, descansando seu queixo no topo. Se eu achava que ela era quente no palco, não é nada como essa leveza vulnerável que vejo nela agora. Tão fodidamente doce, Knox. Eu poderia comer você com uma colher maldita. — Esta coisa que nós temos. Eu olho para ela. A resposta fácil para mim talvez não seja tão fácil para ela. — Amor. Claro, simples, fácil. Eu cruzo minhas mãos sobre meu peito e olho para ela. Ela não responde. — Você disse que me amava antes, por que nós não podemos começar novamente? Todos não merecem uma segunda chance? — Mais silêncio. Eu olho para o seu rosto, suas sobrancelhas arqueadas, sua pele de porcelana, o jeito que ela passa sua língua sobre seu lábio inferior quando está pensando. Eu tento pensar em algo inteligente para dizer. Algo significante, algo que ligará seus olhos e a trará correndo para os meus braços. Além do mais, eu quebrei e acabei com velhos hábitos pesados. Eu digo, — Você quer continuar de onde nós paramos esta manhã? —ela apenas continua me olhando. O silêncio está se tornando misterioso. Eu me movo para frente e planto minhas mãos sobre a mesa. — Eu poderia te mostrar exatamente o que você está perdendo, talvez mude a sua mente sobre as coisas? — Você acha, talvez, que Katie está falando a verdade? Que tudo o que ela fez foi enviar os vídeos? —eu rolo meus olhos e me levanto ereto. Eu sabia que se eu alcançasse e tocasse Naomi agora, nós explodiríamos em um milhão de pedaços. Meu pau está respondendo ao impulso, se levantando para o desafio, por assim dizer. Eu nem mesmo posso olhar para a mulher sem ter uma reação dentro da porra das calças. Essa merda de amor está difícil. — Nós poderíamos dar uma pausa por um segundo e pensar em outra coisa? —os cílios claros de Naomi tremem rapidamente, como árvores na brisa de alguma merda. Desculpe, eu não sou muito poético. — O que há para pensar, Turner? Relacionamentos não são quebracabeças. Eles não são adivinhações misteriosas. Não há resposta certa, sem pistas para desvendar. Se nos apaixonaremos ou não. É isto. ~ 126 ~
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— Eu ainda estou apaixonado. Quer dizer, se você admitir para si mesma que ainda está apaixonada por mim, — ela me dá um olhar significante, olhos alaranjados piscando tão brilhantes que poderiam cegar. — Eu fodidamente odeio você, — ela diz e sei que é verdade. Gotas honestas de cada sílaba. — Sim, mas amor e ódio é a melhor brincadeira. É passional, desafia a lógica e apenas fode a sua mente em uma base diária. Então, isso é o que eu sou para você. Uma mente fodida. E baby, — eu sussurro, me inclinando escovando seus lábios enquanto falo. Chamas rugem mais alto do que no inferno. —eu vou fazer você vir totalmente. Naomi sorri, mas não me beija de volta. De algum modo, a todo custo, ela resiste ao impulso entre nós e foge. Eu quero malditamente paralisá-la. Alguém, qualquer pessoa, homem ou mulher me olharia como se eu tivesse esmurrado seus dentes fodidos. Eu quero respeito e Naomi não quer me respeitar. Nem mesmo um pouco. Não ainda. Eu imagino que se a tivesse salvado, se tivesse corrido para resgatar ela, isso deveria ter mudado as coisas. Ma eu não fiz. Tentei e falhei. Tempo para encontrar uma nova tática. Dou um passo para trás. — Tenho tentado encontrar Eric, — Naomi diz, pegando um cigarro da carteira sobre a mesa e acendendo. Ela não me olha novamente. — Vou bater uma punheta, — digo para ela, gesticulando para a porta do banheiro. — Alguma chance de você se juntar a mim? — Bata você mesmo caubói, — ela diz, o cigarro balançando em seus lábios enquanto ela abre o notebook e eu logo saio de perto dela. Eu não tenho uma pista fodida do que ela quer, mas aí está. — Legal. Eu deslizo para fora e me aperto no pequeno banheiro. O que Naomi não sabe é que quando estou fechando a porta atrás de mim, vejo ela escorregar sua mão embaixo do cós da cueca emprestada. Oh, sim. Esta merda vai ficar boa.
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Cidade de Oklahoma, Oklahoma.
Nós chegamos lá muito rápido, mesmo com o engarrafamento de ônibus e vans. Naomi passou o resto da viagem rabiscando no caderno, pressionando a caneta na folha com tanta força que fiquei com medo de quebrar e estourar naquele fodido rosto bonito dela. Ela provavelmente não percebe, mas quando se inclina desse modo, cabelos dourados caem sobre seus ombros e alcança o papel. Ela é de uma beleza pela qual um homem entraria numa guerra. Apenas olhar para ela me deixa de pau duro. Logo que nós paramos, me levanto e observo como seus olhos me seguem. — Eu trarei Ronnie para te fazer companhia enquanto eu caço Dax. — Naomi me olha, vestida em minha camisa e nada mais. Se eu não sair desta sala, vou ficar insano. Olho para a página do seu caderno e pego vislumbres de lápides e corações quebrados, facas e pistolas, livros com páginas rasgadas, asas de anjo. Há palavras lá, também, mas são tão pequenas e estreitas que não consigo ler nada delas. — Seja cuidadoso, — ela diz e é isso. Ela volta para sua escrita. Eu destranco a porta e termino batendo peito a peito com Trey. Sem hesitar, eu o empurro no peito e bato nele de volta. Ele me olha com olhos amplos e não se incomoda de manter sua voz baixa quando fala. — Eu sabia. Eu sabia que era verdade. Você está mantendo uma mulher aqui, seu doente, filho da puta. – Que Deus o amaldiçoe. – Eu sei que você estava procurando Naomi, mas porra, cara, você levou uma garota para o concerto? – eu não sei o que dizer sobre isso. Como corrigir isso sem dar nenhuma pista? Milo, Jesse e Josh estão começando a observar. Nosso ônibus toca a música dela. — Ela está disposta? — Oh, vá pra porra, Trey. Foda-se. Que tipo de pergunta é essa? — Meu amigo segura suas mãos e derruba uma sobre seus cabelos, passa seus dedos através deles como um neurótico. —Sempre que você me pergunta assim novamente, eu irei pra cima de você. — Eu vejo Milo vindo da área até nós. Legal. Apenas legal. O que agora? — Turner, — ele começa, ajustando o arranjo no seu terno e lambendo seus lábios nervosamente. — Você trouxe uma mulher para o ônibus? — Me inclino contra a parede com meu braço levantado. Tenho que lidar com essa merda logo ou isso vai foder não apenas a mim, a Naomi também.
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— Você tem algum fodido problema com isso? Está em meu nome, não está? Se eu quiser trazer uma prostituta comigo, qual é o problema? — Levanto meu queixo e dou a ambos o meu melhor olhar arrogante. Olha pra mim, Turner fodido Campbell. Eu sou Deus neste momento, então é melhor você se curvar diante de mim. Este tipo de merda nunca é difícil para eu me livrar. Quer dizer, nunca precisei tentar. É apenas o jeito que eu era. Neste momento, é uma espécie de sentido de merda. — Ela... tem mais de dezoito? – Eu rolo meus olhos e caio contra a parede, mantendo a porta entre minhas pernas, um pé dentro, outro fora. —Oh Cristo, Milo, — eu digo, olhando para o teto. — Realmente? Desde quando eu tenho ido atrás de chave de cadeia? — Logo que as palavras deixaram meus lábios, eu empalideço. Milo observa e olha mais fixo para mim. Depois de um momento, ele leva Trey embora. Meu amigo resmunga e xinga, mas obedece, me jogando um olhar sujo enquanto vai. Eu nunca vou ser capaz de explicar essa merda a ele. Ele não entenderia. Naomi tinha dezesseis anos quando fodemos a primeira vez. Deus. Em que eu estava pensando? Eu sou completa e totalmente estragando essa merda. — Você está bem? — Milo me pergunta, parecendo preocupado. Eu acho que poderia confiar nele, dizer a ele tudo e deixar ele lidar com isso. Isso é o que eu sempre fiz. Mas não isso. Não posso falar ninguém mais saber sobre isso, especialmente não quando Dax poderia nos foder. — Tudo bem, Milo. Ela apenas não quer sensacionalismo. Não se preocupe com isso. Ela não é uma prisioneira aqui, não é, baby? – Olho para Naomi que estava sentada me observando com olhos bem grandes. Eu não tinha uma pista do que ela estava pensando, mas de qualquer modo, está assustando a merda fora de mim. — Estou bem, docinho, — ela gorjeia, imitando a voz das vadias magrelas. Ela faz isso muito bem, também. — Apenas me divertindo com meu doce ursinho, — Eu lhe dou uma olhada, mas ela não está no humor para amenizar. — Nós estamos apaixonados. Tudo vai ficar fofo. — Eu rolo meus olhos de volta para Milo que olha, em admissão, um pouco aterrorizado. — É outra perseguidora? — ele sussurra e eu bufo. Eu geralmente tenho um pouco disso. Você ficaria surpreso com o que essas garotas são capazes de fazer. Eu pensei que só caras faziam esse tipo de merda, não é verdade. — Está bem, — eu digo a Milo, mas eu tenho um bom sentimento de que ele não vai sossegar enquanto não vê-la. Eu tento inventar algo bom, mas ele me interrompe. ~ 129 ~
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— Turner, — ele diz levemente, pondo uma mão em meu braço, eu tenciono, mas não o afasto. Ele sabe que odeio fodidamente ser tocado, mas está disposto a fazer isso. Por quê?—Eu te conheço há muito tempo e apenas o vi balançar uma vez antes, quando te empurrei daquele quarto de hotel. Desde então, esta é a primeira vez que eu realmente vejo você olhar para o mundo com um ponto de vista diferente. Naomi era especial para você, não pule apenas na primeira garota que aparece porque você a perdeu. Você não pode perder a esperança de que ela ainda está lá em algum lugar. — eu apenas fico lá e olho para os olhos azuis de Milo. Não tem uma forma fodida de eu olhar para trás para Naomi. Há tanto erro no que ele disse que eu nem mesmo sei por onde começar. — O quarto de hotel? —eu pergunto, mas já sei. Todos nós sabemos. Mas. Que. Porra. —Eu vim e alcancei você antes... você sabe, as coisas foram ruins. — Milo se inclina para perto de mim. — Por favor, me diga que ela não é de menor, também. — Eu quase vomito na minha boca ali mesmo. — Permaneça com Naomi, com a esperança em Naomi. Ela é a melhor escolha que você já fez. — Você me arrastou de um quarto de hotel? — Eu sussurro. O ônibus fica num silêncio sepulcral agora, tocado de revelações. Não. — A garota tinha dezesseis, Turner, — Milo diz e eu estou espero como o inferno de que ele é realmente tão inocente quanto soa, que ele não sabe nada além do que está dizendo. Caso não, ele é um homem morto. — Você ficou devastado por semanas depois disso. —ele se inclina para trás e me dá um olhar estranho. — Você não lembra? —eu relembro aquela noite, passo todas as minhas memórias recém descobertas e tudo o que eu consigo lembrar são semanas de bebidas, batendo um baseado e fumando. Eu estava de luto pela perda de uma garota que eu nem mesmo lembro? Jesus Cristo. Meu coração bate em meu peito e sinto minha cabeça leve e vaga. — Ela não é de menor, ela está disposta e ela não vai a lugar nenhum. Só a deixei em paz, certo? Estou saindo. Eu empurro passando por Milo e bato a porta atrás de mim. Eles se vão se manter fora ou eu mato todos eles. Eles sabem disso; Eu sei disso. Eu irrompo descendo o rol e saio pela porta, me recusando a manter contato visual com alguém, sem parar até que esteja mergulhando no escuro aquecido do meu caminho para o ônibus de Terre Haute. Sinto uma pulsação em minha cabeça e minhas pálpebras tremem fechadas enquanto me curvo e ponho minhas mãos nos joelhos. E a trama se complica. ~ 130 ~
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Porra. Eu tento juntar um cronograma perdido por mim mesmo:eu vejo Naomi no show sendo agredida, ajudo ela a sair, nos divertimos, nos tatuamos, vamos para o quarto do hotel. Ela me fode no elevador, eu a fodo bastante, ela cai adormecida. Milo aparece e me „resgata‟ de ter minha bunda presa em uma jaula e ser preso por um delito sexual. Eu não lembro dessa merda e lamento com uma sensação maldita, como algum filme de herói num mundo de outono. Eu me fodi e esqueci tudo sobre isso. E agora aqui estou, com o rabo fodido diante dessas revelações. Legal. Apenas fodidamente fantástico. — Ei. Tenho um estalo de atenção e vejo Dax parado a poucos passos de frente a mim, braços nus, tatuagens de fantasmas brilhando sob a luz da lua. Ele está limpo de maquiagem, então pela primeira vez, posso realmente ler o que está tatuado atrás de suas pálpebras. A luz prateada acima faz duas palavras explodirem diretamente em mim quando ele pisca. Nascer errado. Uma palavra no olho direito, uma no esquerdo. — Que caralho aconteceu, cara? — eu pergunto, jogando minha raiva e frustração nele. Ou ele é um inimigo, um mentiroso, otário babaca ou um rival no amor. Então sim, eu fico irritado com ele e não me sinto mal por isso.— Onde diabos você esteve? Fugindo daquele trailer com Hayden para ficar de fora da cena do crime? Tentando imaginar como impedir Naomi de escapar outra vez? Dax apenas fica parado lá observando meu discurso. Depois de um minuto, me irrito e bato duro no peito dele. Ele tropeça para trás e range seus dentes, mas isso é tudo. — Hayden estava me mostrando onde ela esteve sido mantida enquanto estava seqüestrada. Ela disse qual trailer era onde Naomi estava sendo mantida, tentando chegar até a mim com um plano de tirá-la de lá. —Mentira. – eu aponto para ele com um dedo acusador. — Você está fodido nisto, não está? — Dax franze seu nariz com raiva e faz uma carranca. — Primeiro de tudo, mantenha sua voz baixa, seu estúpido fodido. Segundo, eu nunca faria algo que machucasse Naomi. Eu a amo. Mais do que você nunca vai entender. Você diz que faz, mas do que você sabe? Você é um playboy festeiro com uma atitude má e dinheiro demais. Você não a merece, Turner e você já venceu, você sabe. Eu não sou idiota. Acabou pra mim. Eu sabia no segundo que a ouvi falar com você sobre o aborto, mas me mantive longe para pensar. Isto não vai ser um concurso para mim. Eu nem mesmo tenho uma chance. Então cale sua boca e me ouça. — Dax toma uma ~ 131 ~
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respiração profunda e eu derrubo minha mão ao meu lado. Merda. — Hayden foi uma parte disso, mas ela barganhou sua saída. Ela não estava bem com isso, mas não estava pronta para aparecer ainda. Ela não sabe tudo, mas sabe ao menos de uma pessoa que estava envolvida. —ele pressiona seus lábios. — É Katie, a irmã adotiva de Naomi? — eu pergunto, mas Dax apenas dá de ombros. — Ela não vai dizer ainda. Ela ainda se assusta com tudo. — Dax olha sobre seus ombros e chega mais perto. — Há uma foto, — ele começa e eu o interrompo. — Naomi a tem. — Dax pausa, acena e suspira. — Certo, legal. Vou ver se eu consigo falar com Hayden até que ela me diga algo. Se eu conseguir, acho que sua melhor aposta é trazer Naomi à tona. —dou um passo para frente e ele segura suas mãos, as quais estão realmente nuas pela primeira vez e me dá uma olhada. — Me ouça. Se ela estiver escondida, pode ser capturada novamente e ninguém saberia além de nós. Eu sei que ela não quer lidar com o FBI ou qualquer outra coisa, mas, mais cedo ou mais tarde, eles vão encontrar ela, se já não tiverem. Ela deve estar no radar deles agora por todas as coisas fodidas que sabemos. Quer dizer, é o que eu acho, cara. Eles são policiais, nós somos músicos, eles dominam a situação quando a merda chega. Eu sei que o que Dax está dizendo tem sentido, mas não me sinto pronto para compartilhar Naomi ainda. Quero mantê-la toda para mim mesmo. Isso é foda? Por outro lado, estou preocupado. Horrorizado talvez. Agora que já sofri por ela morrer uma vez, não acho que consiga lidar com isso novamente. Se algo realmente acontecesse com ela, eu apenas largaria toda a merda e morreria. Isso é ruim. O amor tem afundado muito profundo em mim e me tomado. Estou total e completamente envenenado, baby. — Hayden vai se quebrar, — Dax diz com um tom contemplativo em sua voz, como se não estivesse certo do que ele quer para ela. — Dê a ela tempo para se arrepender antes de você ir atrás dela, certo? — eu puxo um cigarro e tento não imaginar a conversa que Naomi e eu deveríamos ter quando eu voltar para o ônibus. O hotel. Milo. Porra. Minhas mãos balançaram enquanto eu acendo. — Eu poderia usar um golpe agora, — eu digo a Dax, mas ele não responde. Bonito, pequeno, baterista emo pode jogar esse rosto durante todo o dia, mas eu sei que ele está cheio de merda. Eu vi ele pegar ácido25 de Jason, nosso ajudante de palco, não tem muito tempo. O cara usa uma saia, então ele 25
Droga (LSD)
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não é difícil de esquecer. O que não faz dele exatamente o traficante mais imperceptível do mundo.Idiota. Por um tempo, mantém um silêncio incômodo, enquanto a fumaça cinza flutua no ar entre nós. — Você tá naquela garota? —eu pergunto a ele. — O nome dela é Hayden e não, eu estou apaixonado por Naomi. —eu sopro fumaça em seu rosto, mas ele não reage. — Apenas porque eu não posso ter ela, não significa que parei de gostar dela, que meus sentimentos foram embora. Farei qualquer coisa que eu puder por ela, do mesmo modo que faria se ela estivesse comigo. É um tipo de amor fodido, não é? Dax vira e começa a ir embora e não tenho uma pista do que responder sobre isso. Talvez não haja nada para dizer? Acho que eu deveria apenas voltar e aceitar minha suposta vitória agradecido. A coisa é, não sinto como um vitorioso em tudo. Se Naomi se mantiver fiel a suas raízes, cabeça dura e teimosa como a merda, nada vai vir disso. Eu a ajudarei a resolver seu mistério e ela vai tomar o próximo passo como a deusa que ela é. Mas não vou estar do seu lado para isso. — Foda-se. —eu atiro meu cigarro no chão e esmago a brasa com meu sapato, esperando que toda aquela coisa com Milo não faça o mesmo com a atração crescente entre Naomi e eu. Hora de ser homem e lidar com essa merda de uma vez por todas. Botar para fora. Acabar com isso. Eu adianto os passos e me movo rapidamente para o ônibus antes que alguém possa começar a me fazer perguntas estúpidas. Paro do lado de fora da porta para respirar e faço meu caminho para dentro, encontrando Naomi ainda dormindo na poltrona. Ronnie está sentado através dela, com os olhos caídos e o rosto em um meio sorriso torto. — O que?— eu pergunto, me sentindo frustrado. Quando meu amigo olha para mim, seu sorriso se torna largo. — Você e aquela garota, — ele diz, se levantando com um gemido e pondo a mão em meu ombro. Eu passo por ele irritado e o ouço murmurar. — Vocês dois tem um futuro juntos. E com aquela mensagem enigmática, Ronnie vira e me deixa com nada além dos meus pensamentos como companhia.
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Quando acordo na manhã seguinte, vejo que Turner está desesperado para discutir o que aconteceu ontem. O que ele não sabe é que não me importo. Não me importo que seu empresário veio e o resgatou, que ele estava fodido demais para lembrar de qualquer coisa, chateado consigo mesmo pelo que não fez. Isso não pode mudar as coisas. Ele já me fodeu, já fiquei grávida e minha vida já foi sugada. O que, por que e quem realmente não importa agora. Agora que ele sabe que todo mundo sabe, aquele segredo está morto e sepultado para mim. Quem dirá que no dia 15 de março do próximo ano não ficarei chateada, que não deitarei em um quarto escuro e não escreverei poemas terríveis? Mas por agora, eu tenho que lidar com esta merda. Eu sinto como se eu tivesse, eu posso até colocar os assassinatos atrás de mim, realmente e verdadeiramente começar de novo. Hayden não terá mais nada para segurar sobre minha cabeça e eu posso estar livre. Pelo menos por agora. Eu bato meus dedos na mesa enquanto espero por Turner se trocar. Ele é tão arrogante que ou não se importa que eu o veja nu ou acha que só porque nós fodemos, somos como um casal ou alguma merda assim e apenas se troca lá em minha frente, o pau flácido enquanto ele vibra dentro de suas calças estúpidas. Eu observo enquanto ele ajeita seu pinto dentro do brim e fecha o zíper. Parece plenamente desconfortável de onde estou sentada, mas o que eu sei? — A parte triste sobre estas coisas de merda é que, além da cintura, ela me cobre como uma segunda pele. Você não acha que ao menos deveria comprar um tamanho maior? — Turner funga e me ignora, esticando seus braços sobre sua cabeça e me mostrando as longas e inclinadas linhas do seu corpo. Ele está musculoso, apenas malditamente perfeito, preenchido nos lugares certos com ondas, vales e a perfeição fodida do rock pesado. Eu acho que realmente comecei a salivar e é claro que sei que ao menos uma parte do meu corpo está ficando úmida. Eu cruzo e descruzo minhas pernas. Turner gira e segura sua bunda com ambas as mãos. Eu assisto seus dedos tatuados enrolar em volta de sua bunda e tento não deixar isso me ~ 134 ~
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alcançar. É apenas minha falta de sexo falando. Quer dizer, todo o tempo seqüestrada e os poucos dias atrás onde eu estava lidando com Turner... Estou cerca de apenas uma semana aqui. Não é legal. Eu olho para fora e descanso meu pescoço em minha mão. — Então eu não teria esses contornos, baby, — ele diz e eu o ignoro. Eu não tenho uma pista do que se passa dentro daquela cabeça idiota, mas espero que tenha mais sentido para si mesmo mais do que faz para o resto do mundo. Me inclino para frente e espio as cortinas enquanto ele desliza em uma camisa. Não tem show hoje à noite, então a multidão está bem menos concentrada, mas é tipo como assistir um maremoto se reunir a um furacão. Vai ficar pior e vai desabar na nossa volta e não há nada que eu possa fazer, então é melhor estarmos acostumados a isso. É o que se sente de qualquer modo.— Então, estamos confiando em Dax? — Turner me pergunta pela milésima vez. Eu assinto distraidamente, tentando por os pedaços juntos em minha mente. Eu não tenho bastante pedaços ainda para fazer dessas partes um todo, mas eu terei. Eventualmente, chegarei lá. Algo bom sobre Turner Campbell é que ele é teimoso assim como eu, indisposto a falhar. Entre nós, faremos as coisas certas. Diversão quando o inimigo do meu inimigo se voltar para ser meu amigo, certo? — Eu quero que você encontre Spencer, veja se ela ainda está com a turnê. Se conseguir encontrar ela, pergunte se ela viu quem quer que tenha sido o entregador daquela cabeça plástica estúpida de boneca. Dax disse que ela que deu a ele, então talvez ela consiga nos dar uma pista de onde começar. —Olho para trás para Turner e o vejo me observando. Ele tem um olhar que não consigo decifrar. Não, o que eu não vou decifrar. Eu quero o que ele quer, mas me recuso a lhe dar. Ele não pode apenas limpar a história com uma mão sexy e tatuada. Eu rasgo uma página do meu caderno e rabisco o nome de Spencer em uma escrita rápida e irregular. Turner pega e guarda no bolso sem ao menos olhar as palavras. —Eu não gosto que você saia sozinha. Eu não confio neste Eric fodido. Me levanto e pego o moletom com capuz que está dobrado em cima da mesa. Talvez não seja muito inteligente sair sozinha, mas se eu não procurar por Eric, se eu me esconder aqui a porra do dia todo, não vou descobrir nada. Dax poderia estar certo quanto a eu vir a público, mas ainda há outros jogadores neste jogo lotado. Por outro lado, logo que me revelar, quem quer que seja o responsável saberá que estão sendo caçados. Não quero que eles saibam que eu mudei as regras, que sou aquela que envenenou as agulhas e as cordas. Minha volta vai foder com eles.
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— E não me importo. Sei o que eu preciso fazer e vou fazer. Supere isso. — Eu checo para ter certeza de que a faca ainda está escondida próxima ao instrumento, então deslizo em um suéter, deslizo meu capuz e parto para o estacionamento. Hoje é dia de folga, então a metade da tripulação e a maioria dos músicos foram explorar a cidade, deixando suas bundas completamente fora. Esta nunca foi minha cena. Eu era mais de ficar no ônibus e cuidar de uma cerveja, escrever algo lírico novo, mas neste momento, isto funciona em minha vantagem. Eu faço o que fiz antes e olho o perímetro, notando que há mais policiais aqui do que o normal. Talvez o FBI realmente esteja ficando envolvido? Não vejo pessoas desconfiadas entre os ternos e óculos escuros, mas quem sabe, eles poderiam estar em qualquer lugar. Não tenho dúvida do poder da polícia, mas o que eu sei é isto: primeiro, a burocracia é uma merda e eles não podem sempre fazer o que precisam fazer. Segundo, a parte de baixo do mundo opera sob diferentes princípios que o resto desta caixa de merda miserável. Eu posso encontrar coisas lá fora que eu nunca sonharia. É tudo sobre saber onde olhar. Depois que um casal circula, os guardas começam a me estranhar e eu abandono aquele lugar, me escondendo ao redor dos ônibus até que encontro Turner inclinado contra um ônibus conversando com Spencer Harmon. Ela está olhando para ele maravilhada em seus olhos castanhos. De tempo em tempo, ele pausa para correr seus dedos para baixo na pele lisa do ombro dela, provocando seu corpo cor de café com creme, com pinturas de estrelas e patas. Ele está usando o flerte para ter seu caminho com a ajudante de palco super estrela. Isso meio que me faz querer pegar esta faca e cortar suas bolas fora. Mas é apenas porque você está com ciúmes, minha mente suspira quando eu giro para fora e começo a sair daquela cadeia. Há repórteres demais, mas imagino que se eu pegar um saco de lixo e seguir os outros membros da tripulação para o vaso de lixo lá fora, eles me deixarão sozinha. Enquanto estou andando eu cantarolo a melodia na qual eu estava trabalhando antes, a que eu estava terminando. Ainda não está terminada, mas sinto como se estivesse, como se pudesse embrulhá-la em uma bonita embalagem e beijá-la. Sim, para alcançar Turner Capbell. E isto é fácil demais, baby. Você não pode fazer isso. Você apenas malditamente não pode. Eu tiro um cigarro e estalo entre meus lábios, enquanto pego os sacos cheios de lixo. Mas, venha, vamos ser honestos, o homem pode foder duro. Melhor sexo oral de todos. E aquilo foi apenas um gostinho. Eu aposto que ele tem todos os tipos de sujeiras. Eu tento argumentar comigo mesma, cérebro versus buceta. A buceta geralmente ganha, mas ao menos estou tentando aqui. Sim, porque ele ~ 136 ~
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conseguiu foder a metade das garotas do Leste. Você realmente quer um pedaço de bolo que já passou em volta de toda a padaria? Eu olho meu crachá de identificação e deslizo para fora das grades sem ninguém olhar para mim. Sou apenas um alguém sem importância, anônima sem sonhos de fama. Eu quebro para fora do grupo para o estacionamento, maravilhada com o quanto tive que fazer para mostrar a mim mesma que eu consigo. Que não sou fraca. Que ser seqüestrada me faz uma vítima. Eu estava errada, sim, o que não mostra uma distorção em meu caráter. Certo? Eu odeio que estou sempre me fazendo esta mesma pergunta. E odeio que eu saiba que sair daqui foi uma ideia estúpida. Estou tentando mostrar algo enquanto ponho a mim mesma no caminho do dano. Eu pauso com meus braços atravessados sobre meus peitos e sinto como se recebesse uma facada de alguém quando uma voz soa atrás de mim. — Achei que poderia ser você. Eu giro e lá está ela. Hayden fodida Lee. Legal. Realmente. Eu sou tão óbvia? — Oi? —eu pergunto, tentando manter minha voz baixa, soando tensa. Hayden olha para mim e suspira. Eu odeio admitir, mas acho que ela está aliviada em me ver. Que interessante. — Eu consigo ler Dax como um livro, — ela sussurra, seu quadril balançando e jogando os cabelos. Estamos no canto do estacionamento, protegidas da mídia por uma van e uma grande pickup, mas é apenas uma questão de tempo até que alguém a veja e ela seja descoberta. Noto que ela tem um bracelete com algo tipo Sra. Turner Campell. —Estive correndo atrás dele por tempo suficiente para saber disso. Ele está todo iluminado como uma árvore de Natal, Mi. — Não me chame de Mi, — eu sussurro para ela, estreitando meus olhos para trás do capuz, olho suas calças rosa choque e blusa frente única brilhante com desgosto. — E pare de vestir assim para me irritar. Não gosto disso. Você parece uma prostituta fodida. — Hayden não ri, não sorri, nem mesmo me dá um olhar zangado. — Eu estava indo tirar você de lá. — Sorrio áspero e amargo. Ecoa no pavimento e soa como um bando de pássaros irados. — Antes ou depois de eu ser estuprada? — perguntei em uma piscada que ela não podia ver. Alcancei meu bolso e pus os dedos na faca, apenas no caso. Talvez desejasse que ela tivesse me atacado, assim, poderia acabar com ~ 137 ~
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ela. Ela tem me traumatizado por anos, me tratando como uma escrava. Nunca mais. — Agradeço, mas não, obrigada. — Katie vai sofrer por isso, sabe? —ela me diz com uma pequena fungada. Ela, obviamente, passou a manhã sendo produtiva, cheirando alguma cocaína de alta qualidade. Digo a mim mesma que não invejo isso. Turner e eu, eu sei que nós dois tivemos muitas dessas drogas. Eu troco de pé e olho ao redor, tendo certeza de que estamos ainda sozinhas aqui fora no calor da porra do sol. É março pelo amor de Deus e este lugar parece como se estivesse de cara com o sol. Se você abrir sua boca um pouco e experimentar o ar, pode sentir a tempestade esperando. Estou apenas esperando que não chegue nenhum tornado. Odeio tornados. — Como é isso? — Hayden vira para olhar ao redor, os olhos vacilantes de um lado para o outro. —- Naomi, você e eu, ambas fizemos coisas ruins no passado. —ela funga novamente e foca seus olhos azuis no pavimento em seus pés. Sua voz está muito mais leve agora e um pouco irregular. Há uma sugestão de deusa roqueira lá em algum lugar. Ela realmente tem uma voz bonita. É apenas difícil ouvir algumas vezes com a besteira entupindo meus ouvidos. — Mas nós fizemos porque tivemos que fazer, por algo maior. — não tenho uma pista de onde ela quer chegar com isso, então eu espero. — Você entendeu por que não deixei você ir, certo? — Não, Hayden. Não entendi. Por que não me explica em poucas palavras? —ela olha para cima rapidamente e me encara diretamente, olhos amplos, nadando em decisões. Hayden Lee nunca foi realmente boa em tomálas. E então tudo acontece rápido demais, mãos me segurando por trás, Hayden vindo em minha frente. Um braço enrolado em minha garganta e pressionando contra meu tórax, fechando minha traquéia e bloqueando todo o meu ar. Minhas mãos levantam e perfuro rapidamente o rosto de Hayden, batendo em seu pequeno nariz com a satisfação de um triturador. Ela tropeça para trás, dando um grito e sangue jorra em uma fonte vermelha brilhante, colorindo sua roupa e tornando o tecido de baixo com lantejoulas transparentes molhado. Seus mamilos estão atentos. Meu próximo movimento é alcançar atrás de mim enquanto piso com meu sapato emprestado no pé do meu atacante. O homem grunhe, mas não me deixa ir. Merda. Tento fazer tanto barulho quanto possível, batendo ao redor e com o cotovelo para trás, tentando que ou o cara me deixe ir ou atrair a atenção da mídia e dos fãs e garotos que estão a deriva atrás das grades. Nós estamos sozinhas aqui, perto de um lugar com árvores bem cuidadas, ~ 138 ~
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obviamente não nativas desta área, grandes árvores floridas colocadas para fins estéticos. Elas nos mantêm bem e sombreadas, escondidas na bela escuridão. — Estou feita com essa merda, — Hayden choraminga de onde ela está caída no chão. Noto que ela não tenta levantar e ajudar. Ou ela não se importa com o que acontece aqui atrás ou ela está supremamente confiante nas habilidades do meu atacante. Eu decido que já é o bastante e alcanço a faca, socando do lado do homem atrás de mim. Ele grunhe novamente, mas dessa vez, me deixa ir e tropeça para frente, girando o rosto para mim com gotejamento vermelho forte do final da lâmina. Meu rosto empalidece e eu deixo cair a faca. Oh. Merda. Eu apenas esfaqueei a porra de um policial.
—Oh meu... Deus, — eu sussurro enquanto o homem vira e começa a correr. Ele não deixa sua ferida atrasar ele, apenas toma o caminho para as árvores deixando um rastro vermelho atrás dele em pequenos pontos. Meus joelhos estão fracos, mas me mantenho em meus pés, tentando não ficar doente. Um segundo depois, ouço a voz de Turner atrás de mim. — Não penso assim, princesa, — ele diz, respirando pesado. Eu viro para encontrar ele segurando Hayden por trás, braços enrolados em volta dela como se abraçasse uma amante. — Ela tentou bater em você na nuca. —Você fodidamente não entende, — ela resmunga, mas não tenta brigar com ele, apenas fica lá com o cabelo gotejando em volta do seu rosto. — Eu não quero fazer isso, mas tenho que fazer. Se eu não fizer, estou tão fodida quanto o resto de vocês está. —olho sobre meu ombro para o policial, mas não o vejo. Ele era jovem, provavelmente por volta dos vinte, com cabelo loiro claro e olhos pálidos, pele corada com um bronzeado envelhecido. Provavelmente o reconheceria se o visse novamente. — O que você está fazendo consigo mesma, vadia louca? —pergunto a ela, observando a faca com terror. Não posso ir para a prisão. Não posso. E se ele me rastreou não é difícil ligar os pontos. Esfaqueei meus pais adotivos, ~ 139 ~
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esfaqueei uma fã fanática, esfaqueei um policial. Foda-se. Foda-se. E... — FODA-SE! — Xingo tão alto que alguns da multidão dão uma olhada nesta direção. Eu me abaixo. — Esta merda é grande e velha e nem é mesmo nossa culpa, mas estamos sofrendo por isso. É isso, Naomi. Isso é tudo o que sei. Se você quiser saber mais, pergunte a sua irmã adotiva e seu incesto de merda. Eu apenas observo o topo da sua cabeça enquanto ela mancando se segura nos braços de Turner e deixa seu queixo cair no seu peito. Ele, por outro lado, me olha sobre o ombro dela, olhos escuros faiscando eu te avisei, com toneladas e toneladas de machismo. Seus cabelos negros azulados brilhando como penas de corvo. — O que você acabou de dizer? —eu pergunto. A faca está no suéter e minha mente se surpreende tardiamente por eu estar carregando essa merda por todo lado. Os guardas podem estar aqui, mas não me pararam para ver o que estou carregando. — Que porra você quer dizer com isso? —eu rosno, me aproximando e agarrando seu cabelo do mesmo jeito que ela agarrou o meu outro dia. Admito que isso faz muito bem. — Eric e Katie, — Hayden diz e meu sangue gela. — Ela está fodidamente grávida com o bebê dele. Ela mesma me disse. — meu estômago embrulha dolorosamente. Não. — Incesto louco fodendo com malucos. Eu não quero ser uma parte disso, mas se eu parar, vão estragar meu disfarce e me derrubar com você. Eu não quero isso, Naomi. Quero cantar para sempre. — Apenas cale a boca! —eu sussurro forçadamente. Olho para Turner, mas ele está apenas enrugando o rosto com horror. Grande ajuda ele é. Olho para trás na direção que o guarda correu e não tenho uma pista do que fazer sobre isso. Minha mente está em sobrecarga, agora, prestes a rachar ao meio e derramar minha loucura para o ar sinistramente esta tarde. Hayden não tem ideia do que ela apenas sugeriu. Se Katie está realmente grávida do bebê de Eric, não há escolha. A maçã não cai longe da árvore. Eu vomito em minha boca e engulo de volta. — Nós deveríamos conversar isso em outro lugar. — Turner diz, olhando sobre seu ombro. Há um grupo grande de pessoas se direcionando até nós. — Eu esfaqueei um policial, — eu digo. Turner libera Hayden com um empurrão e chuta sua bunda. Ela cai duro e beija o chão. Eu noto que ela não tenta levantar.
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— Não, você não fez, — ele me diz, olhando para o meu rosto, me estudando, desesperado para ver o que estou escondendo atrás das sombras. — É uma merda. Você nem mesmo estava aqui. — Onde eu estava então? Turner olha para baixo para Hayden. — Você estava desaparecida, lembra? —ele chuta a bunda de Hayden com seus pés e estou feliz de ver que isso a faz se agitar levemente. — Por que há um policial envolvido? —eu pergunto a ela enquanto se arrasta em seus joelhos. Eu realmente, realmente espero que não tenha nenhum tipo de corrupção do caralho dentro da polícia acontecendo aqui. Melhor que seja apenas um arranhão superficial. — Ele é um amigo de Eric. Seu irmão tem dinheiro, sabe? Bastante. Dinheiro leva a pessoa a fazer coisas loucas. É tudo que eu sei, realmente. Eu estou do outro lado que cometeu um terrível erro e estou pagando por ele todos os dias. — Você é mais cheia de merda do que um banheiro portátil, — Turner resmunga, chutando o cigarro para o lado que caiu dos meus lábios sem que eu percebesse, — Você vai nos dizer o que está acontecendo aqui. Tudo. Do chão ao teto fodido e você vai sorrir enquanto estiver fazendo isso. — Ou o que? — Hayden pergunta, fungando e levantando sobre seus pés com um sorriso engessado no seu rosto sangrando. — Você me fará sofrer outra foda horrível? A primeira vez foi ruim o bastante, obrigada. — Turner ri áspero. As pessoas estão definitivamente o notando agora. Não é bom. — Querida, — ele diz, cruelmente entrelaçando cada palavra. — Eu nem mesmo lembro da sua bunda. Você é muito magra e você tem uma atitude de merda.Obrigado, mas não obrigado. Você pode banir esta pequena fantasia. — Assisto os rostos curiosos que começam a se mover para baixo do morro. O grupo que se aproxima de nós tem seus telefones celulares a postos. — Você vai nos contar ou teremos que colocar aquela foto sua na rede. Hayden não parou de choramingar. Ela apenas tinha um olhar desagradável, passa por nós empurrando, tira as correntes e vai para trás da grade. A multidão realmente dá uma boa olhada nela agora, coberta de sangue, peitos saltando enquanto começa a correr. Eles seguiram e nós corremos.
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— Me sinto estranhamente violada, — digo me arqueando e empurrando para fora do capuz do meu suéter. A faca cai perto e vai direto para a pia. Começo a buscar no cabide por roupas limpas, mas ou uma fada mística da limpeza visitou este lugar ou algum empregado do Indecency limpou essa merda. — Esta coisa de assassino e seqüestro está fazendo maravilhas por nossas carreiras. —eu pego um prato de sopa e cubro a colher com ela, esfregando o metal com dedos trêmulos. Hayden cai em uma poltrona e deixa Dax limpá-la com papel toalha, mais uma vez se recusando a levantar um dedo do caralho por si mesma. Ele é bom demais. Não tenho ideia nenhuma porque ele faz isso. Ronnie se inclina contra a porta depois de trancá-la e balança sua cabeça. — Quero ouvir tudo sobre essa merda, — ele diz com um suspiro pesado. —E eu tenho algumas fofocas para passar pra vocês — ele aponta para Hayden. — Primeira coisa, quem convidou essa garota? — Ela é nossa refém, — Turner diz, pegando toalhas e as atirando sobre a mesa. Ele observa enquanto empurro o suéter e atiro na pia, enchendo-a de água com sabão, batendo nessa droga como se me devesse dinheiro. — Então ela vai explicar porque tentou atacar Naomi com a ajuda de um policial. — Ah, cara, — Ronnie grunhe com a mão no rosto. — Os policiais estão envolvidos? Isso não vai ficar bem para nós. Eu olho sobre meu ombro e assisto como Dax levanta e dá as costas para Hayden como se nunca a tivesse visto antes. Ela carregou uma tocha para ele por anos, então imagino que deve doer. Eu mexo nas bolhas de sabão com minhas mãos e lavo meus braços sob a torneira fria, indo embora e deixando o tecido de molho. — Eu não tenho escolha. — ela repete pela milésima vez do caralho. — Nós sempre temos uma escolha fodida. — Turner murmura, indo para o refrigerador para pegar uma cerveja. Quando me oferece uma, eu não protesto. — Mas elas não são sempre boas, — Hayden sussurra, olhando para Dax com um suspiro resignado. Ela retira sua saia sobre sua cabeça e joga furiosamente, sujando a mesa de sangue. Levanta e umedece uma das toalhas, esfregando seus seios, sem se importar com quem está olhando. De ~ 142 ~
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fato, acho que ela gosta de atenção. — Às vezes, você tem merda guardada em sua cabeça e suas escolhas são tão limitadas que escolhe as erradas, certo? —Não vem com essas besteiras. Você acabou de sair do cativeiro só tem setenta e duas horas. Faça a conta. — Turner dá um gole em sua cerveja e dou um passo mais próximo dele. É inconsciente, mas é isso. Ele pode não ser o melhor cavalheiro de armadura brilhante, mas está tentando. Isso é o que conta. Não preciso de ninguém para me salvar de qualquer modo.Naomi, minha mente fica alerta. Não o deixe enlaçar você. Homens como esse são más notícias. Dou um passo consciente para fora. — Vocês querem jogar esse jogo? —ela pergunta, mas ninguém responde, então ela começa a deixar seu discurso, esfregando seu mamilo sangrento com movimentos agressivos. — Depois daquela coisa do pássaro sangrando, tive algumas mensagens estranhas dessa garota que diz que sabe mais do que apenas a sujeira de Naomi. Ela me disse para eu ir me encontrar com ela, então eu fiz quando estávamos em Denver. — Hayden pára de atacar seu seio e corre a língua por dentro da bochecha. — Chego lá e eles me batem pra caralho. Então acordo no quarto amarrada e drogada. Alguns dias passam e Eric aparece. Ele tira minha venda e me fala que sente muito, mas que precisa me ajudar. — Hayden funga novamente. Eu quero sacudir a merda fora dela, assistir os pedaços dessa história caírem por terra e quebrarem, aparecerem e se revelarem. Entretanto, apenas fico aqui e fecho meus punhos apertados. Atrás de mim, Turner se move e termina pressionado contra minhas costas. Eu finjo que minha buceta não umedece tão rápido quanto um estalo de língua pelos lábios. Não é exatamente a hora mais apropriada para uma foda. — Ele me disse que faria um acordo comigo. — Hayden engole. —ele apenas quer duas coisas, ele diz. Katie e Naomi. — Hayden toma uma respiração pesada e suas costelas saltam fora de sua pele. Ela realmente está anoréxica, eu acho. Apesar de meus constantes insultos, nunca realmente acreditei que isso era verdade. Nesse momento embora, ela parece toda pele e osso. Eric. Eu sabia de alguma forma que ele estava por trás de toda essa merda. Eu sabia disso, sabia disso, sabia disso, mas não queria acreditar. O que aconteceu com o garoto que eu compartilhei garrafas sob as estrelas? Ele se tornou como seus pais? Como? Por que? Quando? Minha cabeça fodida dói. — Mas ele disse que havia outra pessoa envolvida e que se eu quisesse sair de lá viva, eu jogaria e eles me deixariam ir. Ele disse que eu era um de seus alvos, mas que poderia deixar isso para trás se eu ajudasse ele. Então eu fiz. E eu estou fazendo. Eu. Não. Sei. Porra. Não me pergunte quem são as outras partes envolvidas ou o que eles querem. Desculpa pelo que fiz. Eu realmente queria salvar Naomi, certo? Eu estava ~ 143 ~
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imaginando um jeito de ajudá-la sem botar minha bunda na reta. Neste momento, Eric está puto e estou com medo dele. —ela segura a bancada e enrola seus dedos em volta da borda. – Eu disse isso. Eu estou horrorizada neste momento e todos vocês deveriam estar também.— Finalmente. Alguma porra de honestidade dela. — Por que? — Ronnie pergunta, dando passos e pausando com seus olhos em Hayden. Dax fica em silêncio e Turner murmura baixo em sua garganta, como ele pudesse sentir o furacão se preparando no céu e até pior, aqui no chão. — Porque, —Hayden sussurra, mantendo seus olhos na água rosa da pia. — Eric me disse os outros alvos, — ela pausa e olha em volta da sala. — São todos vocês.
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A noite cai e a temperatura se torna realmente estranha, bem rápido. Tempestade de granizo do céu como uma chuva de pequenos soldados bate no metal do ônibus, pingando por todos os lados. Cobre o chão de gelo e nos prende no ônibus com nossos pensamentos. Naomi e eu sentamos juntos sozinhos no fundo, calmamente jogando um jogo de cartas e bebendo algumas cervejas. Nós conversamos por horas, ela e eu, Ronnie e Dax. Indecency e Amatory Riot. Nós somos os alvos. Não apenas Naomi, mas todos nós. Eu penso sobre o boné de basebol e me pergunto quem o enviou. Eric? Ou alguém mais? — Ao menos nós sabemos de onde a guitarra veio, — Naomi diz enquanto bate uma cartada sobre a mesa. — De Eric. Meu irmão adotivo, meu próprio perseguidor particular. Me pergunto se ele enviou a cabeça da boneca, também. Não respondo, mas observo o jeito que os lábios de Naomi se movem quando ela fala, como formam sílabas com movimentos circulares que me lembram de muitas coisas sujas. Depois de alguns momentos de silêncio, ela suspira e sai da mesa. — Deus, estou exausta, — ela menciona, correndo seus dedos sobre sua garganta, fazendo meu pau ficar atento, sem mesmo perceber que ela está fazendo isso. Merda, essa garota é tóxica. Quero me envenenar e morrer entre suas belas coxas. — Nem mesmo consigo começar a desvendar essa merda. Há coisa demais. Policiais pagos por Eric com dinheiro de Deus sabe onde, pessoas chantageadas, ele fodendo sua irmã mais nova. Porra. — Naomi derruba seus braços sobre a mesa e deita sua cabeça neles. — Vamos falar de outra coisa por algum tempo, qualquer outra coisa. — Poderíamos parar de falar e ir para algo mais profundo, —digo a ela, sabendo que soei como um babaca, mas incapaz de voltar atrás. Não vou mentir, a informação que tivemos de Hayden, de Ronnie, daquela garota,
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Spencer. É muito. É necessário refletir, mas é difícil focar nisso quando estou cansado pra caralho e com tesão em dobro. Naomi me ignora. —Apague a luz e me conte uma história fodida. — Eu não gosto que me dêem ordens, Knox, — digo a ela, mas estou apenas meio sério. Compartilhamos um baseado mais cedo, então estou calmo. Bastante. Giro no banco e uso meu sapato para bater no interruptor, deixando a pequena sala escura e silenciosa. Me inclino para trás e deixo minha cabeça cair contra as almofadas com um suspiro. Por algum tempo, o único som é a batida violenta de gelo caindo do triste céu. — Você nasceu um babaca? — Naomi me pergunta. Soa como uma pergunta legítima, então penso nisso por um segundo. Apesar de não estar bêbado como eu ficava antes, apenas respondo. —Não, eu me tornei, — digo, chutando meus sapatos para fora, retirando as meias. Sento apenas o bastante para puxar minha blusa sobre minha cabeça e jogá-la no chão. O ar na cabine pica minha pele com necessidade, me deixa aceso com eletricidade e traz arrepios pela minha pele. Quando estou no mesmo lugar que Naomi, apenas paro de pensar claramente. Merda. O que estou dizendo? Nem mesmo consigo estar no mesmo ambiente enquanto ela está nua. Estou inexoravelmente amarrado nas cordas da guitarra desta garota. — Minha mãe deixou claro que não há nada pior no mundo do que mãos desocupadas. Meu padrasto gostava de concordar, apenas para que a casa não caísse. Então talvez eu seja um babaca, mas tenho esperado toda a minha vida por respeito e não vou deixar ninguém tirar isso de mim. —eu pauso e tento ouvir a respiração de Naomi, ver se ela ainda está acordada. Não ouço porra nenhuma além do ruído de granizo. — E eu não gosto de ser julgado. Por ninguém. Eu não faria aquela merda novamente. — Sinto muito, — Naomi diz, o que golpeia minha mente fodida. Desculpe? Pelo que? Troco de lado e tento pegar um vislumbre dela sob a mesa. Está muito escuro para ver minha mão diante do meu rosto. — Lembra o que eu disse sobre fundações desmoronando? Tenho uma, também. É difícil construir uma vida sólida quando é única que você tem está fodendo você. — Eu acho que você está fazendo tudo perfeitamente certo por si mesma. — Digo, desejando que pudesse ver seus olhos distantes, descobrir se ainda está segurando as lágrimas brilhantes. Um dia, será bom vê-los na maioria do tempo abertos, nadando como o oceano sob o sol. Brilhando, livres, prontos para tudo. — Você toca guitarra como uma deusa e é a foda ~ 146 ~
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mais quente que já tive. — Naomi ri para mim, mostrando apenas um pouco de amargura. Na maior parte é apenas diversão. — Duvido disso. Não tivemos exatamente momentos mais oportunos para exibir nossas habilidades. Por favor, me diga que não é verdade porque eu consigo fazer melhor. —ela pausa e posso quase ver ela lambendo seus lábios, os umedecendo para mim, espalhando-os sobre um pau... Sacudo minha cabeça e ponho as palmas de minhas mãos contra minha testa. Eu quero que Naomi seja mais do que sexo para mim. Eu apenas não tenho outra referência de como lidar com sentimentos. — Não é sobre o ato real com você, baby, — digo a ela, rezando para que ninguém do outro lado da sala esteja ouvindo. Se vou abrir minha caixa toráxica e deixar Naomi ver meu coração sangrento, tenho que ter certeza de que estamos sozinhos. Turner Campell não é vulnerável ou suave ou cuidadoso. Não com ninguém mais. Nunca para foder alguém. Isto tudo é novo para mim. Vou ter que aprender como fazer. — E por que então? — Naomi pergunta. Sua voz soou um pouco áspera para mim, como que ela estivesse tentando ser difícil. Eu lhe disse que quando eu primeiramente a olhei, ela estava vulnerável. Mas do mesmo jeito que eu. Sem fraqueza, mas pronta para mostrar a alguém seu lado escondido. Eu entendo isso. — Você tem estado em minha mente constantemente desde que jogou minha jaqueta em meu peito, mesmo quando eu pensava que você era apenas outra conquista. — eu engulo em seco e espero que isso não apenas a empurre mais. — Mesmo quando eu pensava que não gostava de você, eu estava afim de você. E eu gosto de você porque você não gosta de mim. Isso mostra que você tem um bom julgamento de caráter. — tento sorrir, mas não sei como é possível através daquela porra de sala escura. Eu pego um cigarro do bolso de meu jeans e acendo, usando a bancada cereja como um ponto de referência para olhar. — Eu amo você, Naomi e eu direi isso um milhão de vezes se você precisar que eu faça. Todos os dias até o dia que eu morrer. Mesmo que você não acredite em mim, mesmo que você não aceite, eu direi isso para sempre. Eu tenho vinte e oito anos de idade. Eu sei o que quero nesse ponto da minha vida. — eu mudo de lado e passo o cigarro sob a mesa para ela. Surpreendentemente, ela o pega. Eu agarro seu pulso na hora que entra uma brecha de luz de fora da janela e eu juro como a merda que posso sentir isso. Vai do chão, dos pneus até minha coluna e atravessa dos meus braços e vai direto para o coração de Naomi. Ela se arrepia violentamente, mas não puxa seus braços. — E o que eu quero é você. — Foda-se, — ela sussurra, mas sua voz não está tão poderosa quanto estava antes. Esteou chegando lá, subindo pela rachadura que deixei antes. ~ 147 ~
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— Qualquer hora que você quiser. Estou ao alcance para essa porra. — Seu empresário, Milo, veio falar com você, — Naomi começa e eu congelo, ainda fodido como uma estátua grega, absolutamente acinzentado e tudo o mais. — Aquilo não deixa você sem culpa. Isso não livra você da responsabilidade. — Eu sei, — começo a dizer, mas ela não deixa. Ela deixa eu me manter segurando seu pulso, embora. — Mas não ajuda, — ela começa. Você estava fodido demais para lembrar mais tarde, mas você não escolheu sair. Isso não é tudo, mas é um começo. — ela pausa e minha garganta começa a ficar apertada. Eu quero beijá-la tão forte que a machuque. — Agora solte meu pulso fodido. Eu quero saber o que Spencer disse a você novamente. Alguém da Ice and Glass entregou a cabeça de boneca no seu ônibus por acidente? — Naomi, — eu começo, mantendo minha mão apertada, meus dedos tensos. — Deixe-me saber, Turner. — Não. Eu giro até o chão e caio em meus joelhos, empurrando-a para baixo comigo e trocando o cigarro para a outra mão. Eu a puxo para o chão e agarro ela contra mim, enrolando meus dedos em seus cabelos loiros e beijo sua boca com tanta força que a machuca. Primeiro ela resiste, apenas até minha língua tocar seus dentes. É como um sino, chamando para guerra. Naomi fecha seus braços e sacode em volta e perde meu aperto, mas agarra meus pulsos. Ela pega os dois e bate eles contra o assento do banco atrás da minha cabeça. Meu corpo fica quente com adrenalina e faz tudo em mim, menos lutar contra ela. — Eu não gosto de ser controlado, — digo a ela, mas ela me cala com uma mordida zangada em meu lábio inferior. O trovão ronca e chacoalha a janela acima de nós. A tempestade está tomando energia, se alimentando de nós dois, acendendo a nuvem tóxica de luxúria e amplificando a que estamos carregando conosco. E neste momento, eu realmente espero que haja uma explosão. — Turner, se você quiser ter uma chance comigo e quero dizer uma chance, não uma garantia, você vai calar sua boca fodida e vai fazer o que eu disser. — eu começo a protestar e então paro. Raios acendem lá fora e pego um vislumbre do rosto bonito de Naomi, escondido nas sombras, úmido com ~ 148 ~
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lágrimas. Minhas paredes se quebram rápido e relaxo com ela, me inclino para trás e deixo a suavidade de seu corpo escovar contra a dureza do meu. Eu não sei porque ela está chorando. Tudo que eu sei é que eu quero que ela pare. Não porque isso me incomoda ou porque estou sobrecarregado, nada disso. Eu quero que ela pare porque não consigo vê-la triste. — É melhor você não foder as coisas comigo novamente ou terminará mal para você, sabe disso, não é? — ela diz e me pergunto onde ela quer chegar. Ela vai nos dar uma chance? Isso é sobre o que? — Quando eu disse que eu cortaria fora seu objeto do prazer, eu não estava brincando. — Eu acredito, — digo a ela. Realmente acredito. Mas não estou com medo. Não estou com medo de nada além do que perder essa garota. Encontrei o que queria em minha vida e vou ter isso, o resto do mundo que se dane. Eu vou encontrar Eric e bater na sua cara, arrastar o resto da informação do seu corpo ensangüentado e acabar com isto. Eu serei o cavalheiro de armadura brilhante dela. Não importa que porra aconteça. Eu tenho um monte de bagagem para compensar. Aqui está a esperança de que isso será o bastante. — Eu não quero ser uma fantasia passageira ou uma namorada de uma semana. Não sou um brinquedo para ser brincado por Turner e sei que você gosta da festa pesada. Você entende que o que me fez antes machuca? Você sabe o quão duro doeu depois daquilo? O quanto eu desejei que as coisas pudessem ser diferentes? — Eu sei, — digo enquanto ela senta em meu colo e esfrega sua quentura contra meu jeans. Posso praticamente sentir sua buceta embrulhando meu pau. Eu tenho suor descendo no meu rosto, a pele queimando com seu toque. Isto é uma tortura fodida, cara. Quero agarrar ela e tocar nela, beijar seu rosto e lembrar para mim mesmo que ela está certa, que ela está viva. Eu quero sentir ela e a sua respiração, absorver seu perfume e fazê-la minha. Ou me dar a ela. Talvez essa seja a parte que estava faltando? Talvez seja onde estou errando aqui? Não posso obrigar Knox a fazer algo, mas tenho completo controle sobre mim mesmo. — E você sabe que eu tenho sangue em minhas mãos? — Eu já assisti o vídeo, — digo enquanto ela larga meus pulsos e põe os dedos sob a bainha de sua camisa folgada, tentadoramente. — E?
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— E eu não mantenho isso contra você. Você fez o que achou que tinha que fazer. Tomou algumas decisões graves e eu respeito o inferno fora de você por isso. A porra sai; a boca de Naomi beija através de mim, destruindo palavras, provando a verdade em minha boca, a convicção. Aposto que haverá um monte de pessoas lá fora que pensarão que sou cheio de merda, que um playboy não pode mudar, mas isto é apenas porque ainda estão buscando algo pelo qual viver. Eu encontrei meu propósito e vou agarrar a vida pelas bolas e manter firme. Eu enxergava a escuridão, então encontrei a luz. Eu comi um caminhão inteiro de merda, então quando a primeira vez que experimentei algo bom, eu sabia que estava no caminho certo. Realmente imagino que se eu tivesse sido cercado de amor por toda a minha vida, bondade, diversão, teria sido mais difícil. Como eu saberia a diferença? Mas tive contrastes que era muito mais fácil de distinguir que sombras sutis. — Camisinha? — Naomi pergunta e eu puxo uma do meu bolso, olhando a marca Indecency nela entre dois dedos. Quero estar dentro de sua nudez, sentir sua umidade, seus cumes escorregadios, preenchê-la com minha semente. Quero fazer bebês com esta garota, ser um pai para uma criança e amá-lo, mesmo que ainda não exista. Mas ela não está pronta para isso e não vou pressionar ela nesse ponto. Ela senta de costas em meus joelhos e abre minha calça lentamente, me provocando com a onda de calor que gira em torno da sala, escapa de seus lábios e nevoa as janelas. Seus pés estão para frente, perto de minhas mãos. Me aproximo e escovo meus dedos através da superfície sardenta de sua tatuagem. É difícil distinguir qual das rugas na superfície é a ferida da facada que ela deu em si mesma e qual vem das cordas e algemas, mas fico sentido do mesmo jeito. Por tudo isso. Cada ferida anterior. Escovo a ponta dos dedos nas palavras coloridas, lembrando como ríamos um do outro no estúdio de tatuagem, compartilhando histórias, sorrindo um para o outro. Além de toda a noite, esta é a parte que eu lembro menos. Chegarei a isso, eventualmente, sei que chegarei. Por agora, apenas passo as mãos em toda sua pele com um sussurro suave e sugo uma corrente de ar entre meus dentes quando suas mãos me livram de minhas calças. — Lutando para entender porque esta dor parece diferente daquela que senti antes, — Naomi canta, baixo e livre, olhos traçando minhas linhas do pecado, minha barriga, viajando para baixo até meu pau. Ela se inclina para frente e pressiona seus lábios contra meu mamilo, beijando o ponto endurecido e trilhando sua boca para baixo. Esta canção que ela está cantando, sei que é sobre mim. Sinto como se não fosse certo, se não ~ 150 ~
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pudesse alimentar isso de volta para ela, nutri-la com suas próprias palavras. — Andando sobre o som de sua voz, jogando com minha mente, sempre correndo em minha cabeça. — eu canto baixo demais aqui, sem multidão, sem microfone. Parece... Parece fodidamente bom. Está mais baixa, mas isso significa muito mais. Não faz sentido? Estou certo pra caralho que faz para mim. Naomi lambe minha barriga, correndo sua língua para baixo no espaço entre meu abdômen, onde os músculos se aprofundam antes de dar espaço a outros. Ela lambe o suor e a eletricidade de meu corpo derruba minha cabeça para trás com um beijo solitário de seus lábios quentes. Olho para o teto com os olhos entrecerrados. Quando um som bate na porta, nós o ignoramos. — Um aviso de tornado foi emitido, idiota, — Trey diz, soando cansado. — Estava conversando com Milo e o resto da tripulação e os outros empresários estão tentando decidir o que deveríamos fazer. — ele pausa e ouve, mas Naomi e eu não fazemos barulhos que ele possa escutar, protegidos pelo barulho da chuva do outro lado que acabou de começar, substituindo o granizo. — E eu sei que você não dá a mínima e continua a fazer o que quiser, a mãe natureza que se dane. — Trey pausa novamente e então pressiona seu rosto contra a porta, sacudindo a madeira. — Cara, desculpe. Desculpe sobre a merda que falei antes. Sei que você não é enganado facilmente ou você está fodido. Se você diz que ama Naomi, eu acredito. Não a jogue fora por quem quer que seja que está aí. Não vale a pensa, certo? Droga. Estou soando como uma bicha. — Trey para de falar e um pequeno ruído escapa de minha garganta, aquecendo minha barriga e meu peito enquanto Naomi pausa sua respiração contra a perfeição que é o meu pau. Sim, está certo, sou um pouco cheio de si, mas é confidencial. É uma coisa boa, certo? — Apenas esqueça. Não importa. Apenas não me culpe quando você morrer no meio da foda por causa de um tornado. — Seu amigo é irritante pra porra, — Naomi diz, mas ela não soa irritada, mais... reflexiva. Eu nunca tive um boquete pensativo antes. Isto deve ser divertido. — Você já fez amor antes, Turner? — Nunca. — Nem eu. Naomi enrola seus dedos ao meu redor e me saboreia com lábios quentes. Eu solto um grunhido e agarro as almofadas de couro vermelhas, sentindo aquela cobra de eletricidade atravessar minha virinha e subir direto ~ 151 ~
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para o meu cérebro. Isto é melhor que qualquer droga. Naomi Knox apenas... fode duro. Vou para o sofá e trago minhas mãos para baixo, seguro-as sob seu queixo e puxo seu rosto para mim. Quando nos beijamos, saboreio meu próprio suor em sua língua e me conduzo à maldita loucura. — Você está descendo para um oral? — ela pergunta enquanto eu trago meus braços para baixo e enrolo um em sua cintura nua, sentindo a beleza de sua pele perfeita, a curva gentil de sua coluna. Minha outra mão encontra a barra de sua cueca emprestada e puxa seus cabelos para baixo, mergulho profundamente e procuro aquele local derretido entre suas coxas. — Vamos adiar isso, — eu sussurro enquanto mergulho dentro, observando seu rosto em outro flash de luz, enquanto ela aperta em volta da minha mão, me molhando com seus sucos e trazendo um rosnado a minha garganta. Eu não posso ajudar. Eu me sinto como um animal fodido em torno dela. Naomi extrai de mim algo primitivo, baby. — Você me dá nojo, Turner, — diz ela enquanto monta a minha mão, moendo-se contra meus dedos, me deixando lá agradável e profundo. — Mas você me excita também. Eu não entendo. — eu tento não sorrir. Não posso achar que sorrir seria apropriado aqui. Um deslize, de qualquer jeito. — Eu pensei que estávamos dispostos a fazer amor, aqui? — Eu não disse isso, idiota, — ela grunhe contra minha testa. De alguma forma, mesmo no escuro, ela me direciona a buscar todas as tatuagens de estrelas que são parcialmente enterradas e lambe a pele em cursos longos, lentos, quente como o fogo. Mais trovão chacoalha as janelas, mas não é um dos maiores. Eu poderia morrer aqui com Naomi, deixar um cadáver bonito, me embrulhar dentro dela. Cara, eu morreria feliz. — Não era suposto você estar me dizendo que sou seu amor e outras merdas? — Naomi para de mexer os quadris e olha direto para o meu rosto. Ela está séria como um ataque de coração, antes da próxima fala. — Não espere isso de mim, Turner. Se continuar com essa expectativa, poderá ficar desapontado. — sinto seu corpo gelando, seu espírito recuando. Não quero que ela mergulhe dentro de si mesma. Quero que ela emane liberdade, me molhe com o anjo diabólico de fogo que ela tenta manter escondido. Mas eu vejo isso. Vejo claro como uma manhã fodida. Com um lento movimento perverso, eu empurro minha mão para fora da buceta pulsante de Naomi e deslizo meus dedos molhados em meu pau, me certificando de que ela veja, que ela observe meus dentes quando mordo meu lábio, que ela saiba que vou cobrir ela com meu corpo, com camisinha ou não. ~ 152 ~
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— Coloque, — eu sussurro e ela atira a embalagem em meu rosto. — Coloque você, — ela rosna. — eu não gosto que me digam o que fazer. — empurra e puxa, para trás e adiante. Nenhum de nós sabe como estar vulnerável sendo um idiota logo depois. Eu não a deixo me incomodar, apenas agarro o quadrado e rasgo com meus dentes. A camisinha rola sobre mim, boa e apertada, lutando com a dureza esticada de meu pau. — Ah, não fique irritada, gata. Estou apenas começando. — Eu não gosto de apelidos de gatinhas em geral. Me chame pelo meu nome real. — Tudo bem, Knox, apenas relaxe e eu vou te mostrar o que eu posso fazer. — sem esperar por uma resposta eu a empurro para trás e subo sobre ela, deslizando minha língua embaixo de sua garganta, pausando em seus peitos cheios e belisco, lambendo e batendo em seus mamilos endurecidos com o toque da minha língua. O metal aquecido provoca a carne rosa em pontos doloridos, realmente fazendo renascer a minha deusa do rock. Ela grunhe um belo e feio grunhido, um barulho que é pura música para os meus ouvidos, emaranhando seus dedos em meu cabelo e puxando duro o bastante para machucar. Eu corro meus dedos para os lados dela e empurro suas coxas, deslizando para baixo de sua barriga com beijos pesados e beliscões. Quando eu bato em sua buceta quente, mergulho direto nela. Uma mão envolve meu pau e a outra cobre sua bunda firme enquanto eu pego de onde paramos antes, adorando-a com o meu corpo, me dando a ela de uma forma que eu nunca fiz antes. Eu traço meu eixo e me aqueço para o seu corpo, me certificando de que não irei decepcionar, que eu possa levá-la até o fim do universo e trazer de volta. Não vou mentir. Nunca me preocupei com o prazer de uma mulher antes. Seja o que for que eu tenha feito, foi tudo para minha própria diversão. Se eu dedava uma garota, era para minha diversão. Não era para fazer ela se sentir bem. E eu não fazia isso porque era um garoto mau ou porque odiava mulheres. Eu fodidamente amava as mulheres. Eu fiz o que fiz porque eu não me preocupava. Eu estava vivendo, me esforçando, respeitando, mas eu não compartilhava. Não estou dizendo que estou subitamente curado, que começarei a dizer por favor e obrigado e essas merdas. Eu ainda vou marcar em cima dela, mijar nela e tornar ela minha. Vou ficar zangado com as pessoas que me foderem e vou bater nelas. Mas vou tentar. Vou tentar porque quero que Naomi veja uma pessoa melhor. Isso é tudo. Planejado e simples.
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Agora aqui estou eu, provavelmente a primeira vez de todas que eu me preocupo com como ela se sente, o que se passa em sua mente, o que ela pensa sobre mim. — Eu amo sua bunda gostosa, Naomi, — eu sussurro, abrindo suas pernas, sem medo de molhar meu rosto. Ela não responde, mas seus gemidos ecoam ao mesmo tempo que outro trovão, um rosnado do céu que jura pra porra que nós não somos as coisas mais importantes da terra. Nada importa para mim agora. Tudo o que eu sei é que Naomi é a coisa mais importante e isso é tudo. Fim de discussão. A mãe natureza pode sugar meu pau. Eu sussurro palavras para Naomi enquanto a experimento, as palavras são de sua canção. Quando eu disse que lhe daria minha vida, não estava brincando. Estas são fatias de sua alma, flutuando no espaço, envenenando as multidões com esperança e sonhos, trechos de músicas de amor perdido a muito tempo. Porra. Porra. Porra. Eu realmente faço amor com essa mulher. — Quando eu ando, tropeço. Quando eu corro, caio. — Turner, — ela diz, mas não tenho certeza se ela gosta disso ou quer que eu pare. Sua voz chega perdida em outro gemido quando belisco seu clitóris, escovo o toque dos meus lábios sobre ele e provoco sua atenção selvagem. Paro de me acariciar e deslizo meus dedos dentro dela, sentindo o quão pronta ela está para mim, seus pulsos ficando mais quentes e mais urgentes e rápidos. É mais do que posso agüentar, então deslizo sobre ela, pressionando meu abdômen nela, esfregando nossos corpos juntos e mexendo minha dureza contra sua buceta. — Eu odeio sua coragem fodida, — ela me diz, logo antes de eu encontrar sua entrada e deslizar nela, um centímetro por vez, devagar e cruel. Naomi se contorce debaixo de mim enquanto eu cerro os dentes e os meus músculos tencionam, me segurando, forçando meu corpo a esperar. Quero explodir dentro dela, liberar uma onda de calor maníaca, mas não vou deixar. Estou na porra do controle. Pressiono minha mão em seu pescoço, beijo sua garganta exposta com ternura, sem dentes, sem língua, apenas lábios e amor. — Porque é o mesmo erro que enganará a nós todos. Eu estou apaixonado. — Foda-se, —- ela diz enquanto bato em sua pélvis duro com a minha, escovando sua nuca, preenchendo-a. E aí, eu sei por dentro e por fora que eu estou exatamente onde eu estou destinado a estar. ~ 154 ~
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— Foda-se você de volta, — eu digo e então começo a dar impulso, plantando minhas mãos entre os lados de seu rosto, olhando para baixo em seu corpo e olhando para cima metaforicamente. Enrolo meus dedos apertados, minhas juntas tencionam quando me seguro em cima e movo meus quadris, engajando meu estômago de modo que vai me machucar dolorosamente como a porra, por dias depois disso. Eu me derreto dentro de Naomi, ouvindo o som molhado de nossos corpos deslizando juntos em um jogo contra o barulho da chuva e do vento. — Morte ou podridão, — ela sussurra. — Morrer fodendo ou apodrecer no inferno. — Deixo ela me amaldiçoar e eu apenas sorrio. Eu sorrio e então eu solto a minha boca na dela e beijo-a novamente. Me esforço para mover o meu pau dentro do aperto do seu corpo, o suor escorrendo pelo meu corpo e pingando através dela. Ela me mantém refém e aperta meu pau, apertando os músculos, me possuindo. Eu nunca fui possuído por uma outra mulher assim. Eu nunca quero ser. — Foda-se! — Ela grita contra os meus lábios, arranhando minhas costas, me fazendo sangrar, cavando a tatuagem com seu nome em toda a minha pele. Eu continuo sorrindo e a fodo duro. Prazer nos alcança e quebra, Naomi solta um grito e tenho orgulho de ser parte disso. Meus ataques mentais e a intensidade do meu corpo chegam duros contra o meu cérebro, arrastando um rosnado meu, um gemido, então um grito. Os espasmos do corpo de Naomi me envolvem e eu venho duro, batendo sua carne com uma ferocidade selvagem, esquecendo onde estou e o que estou fazendo. Eu derramo a minha semente dentro do preservativo, orgasmo enterrado dentro dela e então eu entro em colapso. Nós ficamos ali em silêncio por algum tempo, ofegantes e respirando ao mesmo tempo um com o outro. Seu peito se levanta, o meu cai. Nós vamos e voltamos por alguns minutos antes que ela lentamente, suavemente, timidamente, envolve seus braços em volta de mim e me abraça apertado.
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Eu não tenho manhãs esquisitas depois do sexo. Isso implicaria ter algum tipo de emoção ou sentimento pertencente ao sexo da noite anterior. Se foi constrangimento ou vergonha ou... qualquer outra coisa. Eu não tenho relações sexuais com emoção. Ou eu não tinha. Não até Turner. Agora eu estou sentada aqui com a camisa dele caída sobre os meus ombros, pernas para cima contra o meu peito e eu não tenho ideia do que dizer ou fazer. Parece que dormi me sentindo muito bem ontem à noite e acordei com um enorme ataque de pânico no meu peito. Eu me sinto... desligada. Eu não sei o que é, mas quando eu olho para ele, fico... estranha. Meu coração está vibrando e eu me sinto como uma maldita fã, olhando para o meu ídolo com os olhos de super estrela. Mas eu não vou jogar esse jogo de novo. Estamos iguais, ambas as estrelas do rock agora. Ele pode chupar meu clitóris. Ah, mas isso é certo. Ele fez isso na noite passada e foi in-cri-velmen-te do caralho. E agora? — Show esta noite, — Turner diz, nu e orgulhoso no banheiro, lavando o rosto com as mãos e mostrando sua bunda perfeita. Ele quer que eu olhe para ele, mas eu me recuso a dar a ele a satisfação. — Espero que não chegue um tornado, — eu digo de forma aleatória. Não houve um aviso oficial, mas quando eu olhei para o céu esta manhã, vi que era apenas uma parede de nuvens cinzentas sólidas e vento gelado. Mesmo os nossos fãs estão cautelosos. A multidão de hoje é a metade do tamanho da que foi ontem, mas duas vezes mais louca. Eu posso ouvir seus gritos daqui. Acho que só os loucos vão aparecer no meio de uma enorme tempestade. Turner não responde imediatamente e me pergunto se ele está sofrendo de qualquer um dos mesmos sentimentos que eu estou. A confusão, o medo, a ansiedade. Eu não tenho a menor ideia do que estou fazendo nem com ele nem com Hayden, Eric, seja quem for. — Eu vou me revelar hoje à noite, — eu digo. Turner limpa do rosto com uma toalha e se vira para olhar para mim com um sorriso selvagem no rosto.
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— Sim, inferno, — ele diz, inclinando a cabeça para o lado e se aproxima com passos suaves. Seus dedos encontram meu queixo e levantam o meu rosto para ele. A meu próprio contragosto, eu realmente deixei. Eu olho em seus olhos castanhos e o vejo lamber os lábios. — Faça que isso seja épico, Knox. Mate essa maldita multidão e chegue rugindo de volta com uma vingança. Nós vamos destruir esses otários de qualquer maneira. Eu não tenho medo. — Mas você deveria ter, — eu digo a ele quando eu puxo o meu rosto e ele recua. — Obviamente há um par de parafusos soltos aqui. Não deixe sua guarda baixar, certo? — eu levanto em meus pés e ele dá mais um passo para trás. Ainda assim, estamos pertos o suficiente para nos tocar. Nossos dedos se escovam e a temperatura na sala aquece. Ele está agindo de forma estranha agora, também. Não é só comigo. Ótimo. Eu passo por ele e alcanço a porta. — O que você está fazendo? — ele pergunta quando eu abro a porta e me encontro cara a cara com o seu amigo. Treyjan, eu acho que é ele. Seu cabelo castanho está cravado e bonito e ele está usando um colarinho da camisa desfiado e gravata borboleta, deixando seu peito e estômago nus. Ele olha para mim como se eu fosse um fantasma. — Você conta a alguém sobre mim antes desta noite e eu vou te foder . O chuveiro está livre? — Eu ... uh. Porra. — eu empurro passando pelo cara e abro a segunda porta do banheiro, batendo o punho sobre o vidro fosco. Meu constrangimento está me empurrando para a frente, me fazendo ousada. Ou talvez seja a sensação ímpar de minha fundação desmoronada sendo reparada, cimentada com concreto fresco, perfurada através de vigas de sustentação de aço. Como, por que, eu não sei. Por causa de um pouco de sexo quente? — Porra, Turner, e ... — a porta se abre e outro dos amigos de Turner espreita até mim, parando sua réplica com raiva e ali de pé nu e todo molhado. Eu não sei o nome deste, mas eu não me importo. Digo a ele o mesmo que disse o outro cara. — Naomi Knox. Prazer em te conhecer. Você pode guardar um segredo, porra? — eu deslizo o dedo em meus lábios. — Não diga a ninguém que me viu. — eu começo a me afastar, olhando por cima do meu ombro brevemente para dar a ele uma outra olhada. — Mas se apresse com o chuveiro, ok? Ronnie pisca para mim quando eu marcho até a cozinha e aquele garoto loiro, o que eu usei para ferrar com Turner, se levanta. Eu passo pela ~ 157 ~
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a porta e tranco, feliz que o motorista não estava a bordo. Ela e Kash tem uma coisa acontecendo e eu não quero que ele saiba que eu estou aqui ainda. — Quando se compromete com alguma coisa, você percorre todo o caminho, não é? — Ronnie pergunta. Eu sorrio para ele e viro o rosto para Milo, seu empresário. Ele é um homem baixo, de cabelos louros e um rosto cheio de rugas de preocupação, mas eu podia ver como alguém pode achar ele bonito. É a bondade em seus olhos, eu acho. Esse é um cara com quem não se brinca, isso é fácil de entender. Não como Turner Campbell com um humor que sobe e desce como um peixe fora d' água. — Você pode chamar a polícia para mim? — pergunto a ele. — Eu estou pronta para falar.
Eu não me sinto corajosa para falar com a polícia , apenas... insegura. Pelo menos eu estou de banho tomado e vestida com outro conjunto de roupas de Turner. Meus seios estão começando a doer como o inferno, desesperados por uma porra de um sutiã. Ao contrário de Hayden, estou arrumando um pouco mais do que picadas de mosquito ao redor. Eu seguro meu braço em meus seios para mantê-los empurrados para cima, enquanto um par de detetives de Denver me fazem um monte de perguntas, enquanto outro homem observa em silêncio. Acho que ele pode ser da parte do FBI, mas eu não pergunto. Ele está vestindo um terno, não um uniforme e seus olhos observam tudo com cuidado e uma precisão assustadora. A partir do olhar em seu rosto, posso adivinhar que ele gostaria de rasgar este ônibus ao meio. Aposto que há pelo menos uma meia dúzia de contravenções e alguns crimes flutuando por aqui. Quando Turner estava trocando meias esta manhã, o vi esconder coca em uma gaveta estranha. Mas ele não comenta ou diz algo. Turner está perto de mim, brincando com o meu pescoço nu com os dedos quentes. Eu meio que quero dar um soco na cara dele, mas então eu provavelmente serei presa por agressão, o que não seria muito bom. Eu acho que ele fez isso de propósito, porém, me deu uma camiseta que dizia Sra. Turner Campbell na frente. — Então você não viu ninguém? — Jim pergunta, parecendo perplexo. Eu lhe dei exatamente a mesma história que Hayden deu a polícia, sobre acordar no chão do lado de fora do local. Eu disse a eles tudo o que eu conseguia lembrar sobre ser atingida na cabeça, acordando no escuro, as ~ 158 ~
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picadas de agulha, a corda. Eu disse a eles o máximo que pude sobre o trailer, também. E Eric. Não é que eu sei que ele estava envolvido, mas que ele me procurou, me fez perguntas sobre Katie e a tesoura. Eu lhes disse que não sabia nada sobre ele e pedi para ele ir embora, que ele tinha ficado furioso e saiu. Parece que eles estão comprando a maior parte, se não tudo. Afinal de contas, as pessoas acreditam no que elas querem e elas já pensam em Eric como culpado. É apenas uma questão de tempo até prender ele. E isso é bom para mim em muitos aspectos. Claro, se ele sabe o meu segredo, o que parece que ele faz, ele poderia falar. Mas fiz a correria para isso. Eu vou tentar este plano, tropeçar na teia e chamar a aranha e se não funcionar, então que seja. Eu preciso estar pura e livre. É isso aí. Essa porra simples. — Sinto muito, senhor, — eu respondo sem convicção. Eu fumo um cigarro e sopro as mechas brancas no rosto dos detetives. O cara, Darnell, franze o nariz para mim, mas eu nem sequer lhe dou a satisfação de um sorriso. Eu apenas sento lá e olho com os olhos em branco, olhos cansados, olhos que dizem que eu sou apenas um espectador inocente pego em tudo isso. -— Então, deixe-me apenas reconfirmar a sua declaração anterior, — senhor Valentine diz, olhando para algumas anotações que ele fez em um bloco de papel. Super descolado esse cara, não usa seu iPhone para escrever merda. Estes são o tipo de polícia que fazem outras coisas, que não acredita que a velha moda do trabalho de detetive deva ser jogado no esquecimento pela tecnologia, que os dois devem trabalhar em harmonia uns com os outros. Estou me certificando de que ele não pegue meu olhar diretamente. — Você esperou para falar conosco até agora porque você estava com medo. De quê? Hayden Lee falou conosco imediatamente e ela está indo muito bem. — Eu dou de ombros e aproximo a minha mão para enredar os dedos com Turner. É uma atuação, mas ele não sabe disso. Ele dá um passo mais perto de mim e pega o cigarro dos meus dedos. — Eu só não sabia em quem confiar, policial. Eu acho que é este clima. Isso está me fazendo paranóica. — como se na sugestão, alguma bola de golfe do tamanho de um granizo bate ao lado do ônibus. Jim salta, mas nem Darnell ou aquele cara do FBI fazem um som. Eles ficam congelados como manequins. — Poderia ter um tornado em nossas mãos, — disse Darnell, fechando o caderno com uma finalidade de má vontade que me diz que ele sabe que eu disse tudo que sabia. — Sim, senhor, — digo a ele, levo meu joelho até meu peito, soltando meus óculos escuros do meu cabelo na minha cara. Faço uma pausa e as ~ 159 ~
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puxo para fora, examinando a marca. Ainda não pensei sobre isso antes, mas... meus óculos sumiram, foram jogadas contra a parede do banheiro e se quebraram. Estas devem ser outro presente do meu perseguidor. Eu observo por um momento e em seguida, coloco eles de lado. Fico bem de óculos de sol, mas eu não preciso deles para me esconder atrás. Não mais. — Eu cresci em Tulsa, então eu mesma vi alguns. Eles sempre começam exatamente assim: fúria selvagem, então irritante silêncio e depois devastação. — eu ergo minha mão e Turner coloca a fumaça entre os dedos. — E depois de devastação, há espaço para o renascimento, o espaço para deixar de lado o velho e começar de novo. — Darnell sorri para mim. Se não me engano, acho que ele pode realmente gostar de mim. — Construir algo novo. — O grande homem se levanta e estende a mão para apertar a minha. Eu a levo e aperto duro. — Fique segura, Naomi. E se você precisar de nós, vamos estar por perto. Se o tempo permitir, vamos estar no show hoje à noite, também. Só para ter certeza que tudo corra bem. — Obrigada, — eu digo, mas eu não subo meus olhos para encontrálo. Eu vejo como os dois detetives apertam a mão de Milo. Ele é como a América quando se trata da Indecency, limpando, fechando brechas, sorrindo quando ninguém mais tem vontade. América. Eu quero ligar para ela. Ela pode estar no hospital, mas eu duvido que ela vai estar ociosa por muito tempo. Assim que ela esteja pronta, ela estará twitando e postando atualizações com um intravenoso em seu braço e uma enfermeira verificando os sinais vitais. O ônibus permanece em silêncio enquanto os três homens saem. Assim que eles se foram e a porta está trancada atrás deles, Milo começa a falar. — Precisamos selecionar alguns tripulantes juntos e planejar isso, se certificar que seja tão organizado quanto possível. Vou conseguir alguma segurança extra no palco, alguém pra ficar com você para sua segurança. — Não, foda-se isso, — Turner diz, dando a volta e se sentando na minha frente. — Vamos fazer isso do nosso jeito, louco, fodido, quebrar esse palco de merda. Vamos derrubá-lo e fazer a multidão nossa. — eu olho para ele e corro minha mão na frente da minha camiseta. Turner me vê jogar com ele e sorri. — E se certifique que Jason sabe que eu não quero nada disso de Sra. merda sendo vendidos nos sets mais. Esqueceu que nós mesmos carregamos essa porcaria. — Sim, até porque eles não nos ajudam a montar os sets há anos. Logo depois que vendemos o nosso álbum 100, sua arrogância explodiu nas paradas, — Treyjan diz ao seu amigo, encostado no balcão e cruzando os ~ 160 ~
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braços sobre o peito. Ronnie passa à frente e desliza um boné de beisebol na cabeça. Pelos olhares nos rostos de seus amigos, eu percebo que isso é única coisa que foi entregue para o ônibus, o boné de Travis. Temos certeza que está recebendo um monte de presentes de Eric ou quem mais é que ele está trabalhando. Alguém que eu imagino que meu irmão adotivo não dá a mínima é o antigo baixista do Indecency. Ou qualquer um dos demais desses idiotas. Se ele está na base nisso, é como um peão em um jogo maior. Eu esfrego o espaço entre as sobrancelhas em pequenos círculos. — Por que nós não deixamos Naomi decidir o que ela quer fazer? — Ronnie diz e eu sorrio. Eu realmente gosto daquele cara. Eu olho para Turner, o vejo esfregar algumas das tatuagens de patas impressas no pescoço. Ele está olhando para mim com uma intensidade que é quase assustadora. Tudo daquela paixão que eu observei nele antes, agora está totalmente focada em mim. Eu não sei como me sinto sobre isso. Nós não dissemos a ninguém sobre o que Hayden disse. Por que deixar eles saberem que eles são alvos em uma trama que nem mesmo entendo? Eu penso muito sobre o que descobrimos ontem à noite. O sexo com Turner está obstruindo minha mente com nuvens doces e sorrindo como gatinhos e está me assustando a merda fora, mas eu me obrigo a passar por isso e tentar analisar as coisas com cuidado. Spencer disse que o pacote com a cabeça da boneca foi trazido a ela pelo baterista do Ice and Glass na nossa apresentação de abertura. Ele tinha sido entregue juntamente com um grupo de outros pacotes, o nome no topo abreviado simplesmente como NK. E Ronnie tinha absorvido as fofocas no acampamento: todo mundo tinha medo de Hayden. Ela estava agindo estranha ultimamente, o suficiente para que ficasse óbvio para os ajudantes de palco e membros da tripulação. E ela tinha se reunido com um cara loiro que ninguém reconheceu. Toque, toque, toque. Essa cadela é cheia de merda. Não há surpresa nisso. Eu tento descobrir se eu quero confrontar ela ou bater os dentes para fora para mais alguns punhados de informação. Mas talvez eu não precise? Talvez eu esteja começando a colocar as coisas em conjunto. Olho para Turner e meu peito se mexe de forma estranha. Eu não vou admitir que eu esteja sentindo agora, o que eu senti o tempo todo. Vai ter algo grande para forçar meu cérebro a aceitar o que o meu coração já sabe. Espero que o inferno não seja algo trágico. — Eu quero falar com a América, — eu digo a eles, olhando de Turner para Ronnie. — Você pode trazer Dax aqui? — percebo a contração do lábio ~ 161 ~
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do idiota com a menção de meu colega de banda. Ele tem medo de Dax, mesmo que ele não saiba disso. Talvez ele esteja com medo de cada indivíduo? Afinal, não há ninguém como ele no mundo, ninguém que tenha tanta bagagem comigo. Ele deve estar com medo. Há muita coisa que eu tenho que superar para fazer este trabalho. Se eu estou mesmo disposta a tentar. — Sim, Naomi, — diz Turner, se levantando. — Eu vou buscar ele.
Dax parece cansado quando ele sobe as escadas, caminhando e realizando manobras ao meu lado. Ronnie cozinhou alguns tacos, o que me dá uma boa mudança de toda a porcaria instantânea que Turner está me alimentando. Eu ofereço um prato para o meu amigo. Nós nos conhecemos há muito, muito tempo. E eu confio nele. Mesmo que ele seja uma espécie de perseguidor às vezes. Eu tenho trabalhado ao longo das pistas em minha mente desde que eu entrei no chuveiro esta manhã e eu não posso imaginar por que ou como Dax estaria envolvido. Quero dizer, nada é certo, mas eu estou disposta a aproveitar esta oportunidade. Se ele fodeu comigo, se foi a sua virilha que pressionou o meu rosto ou a sua mão segurando a agulha, eu vou descobrir isso e eu vou cortar seu maldito pinto fora. Por enquanto, eu só aproximo a minha mão e peço o meu celular. Ele pisca os olhos para mim. Eles estão cobertos com um óculos escuros e ele tem o cabelo todo espetado nas costas. Ele parece estar bem hoje. Mesmo com as mãos trêmulas e a testa suada, é um bom sinal. Eu não acho que ele está sendo atingido pelas drogas hoje. Eu estou meio que surpresa que eu não estou tendo uma recaída, Turner também. Talvez seja a magia do amor, ou algo assim? Mas eu fumo um baseado. Só um pouco. Eu dou uma tragada e o entrego a Turner que está em pé ao lado da mesa gritante. — A América está um pouco fora de si, mas ela pode falar. E reclamar. Tenho a sensação de que ela vai estar de volta antes de nós sabermos, caindo sobre nós, duas vezes mais pesada. — Dax procura por um número em seus contatos e passa o telefone para mim, lambendo seu lábio inferior e ~ 162 ~
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deixando escovar seus dedos contra os meus. Ele não desistiu, não completamente. Acho que ele está esperando que Turner caísse de bunda no chão e falhasse. Eu não sei o que esperar agora. Eu só quero encontrar Eric e descobrir o que é isso tudo. Se eu aparecer hoje à noite, ele vai vir para mim. Eu sei que ele vai. — Será que ela viu alguma coisa? — pergunto a Dax, mas ele já está balançando a cabeça, ajustando as luvas roxas em suas mãos e olhando ao redor do ônibus para os outros membros da Indecency. Ele não pergunta por que eu estou sentada aqui na frente de todos eles. Eu acho que Turner provavelmente está cheio de si. Ele sorri para mim e se ele sente que algo aconteceu entre eu e o auto-proclamado Rei do Rock, então ele não deixa transparecer. — Ela não se lembra de nada ainda. Ela contou aos policiais que se lembra de sair do local e encontrar alguma assistente de palco fumando maconha, mas é isso. — Como está Hayden? — eu sussurro, me inclinando, na esperança de que ele vai me dizer alguma coisa, qualquer coisa. Dax é muito bom, muito fodidamente confiante. Peço a Deus que ele não deixe que essa porra chegue até ele. Quando eu destruir Hayden, ele vai estar lá para assistir. — Não está tão bem, — ele responde, franzindo os lábios. Eu sei que ele se sente culpado por ter dormido com ela, mas ele não deveria. Ele não me deve nada. — Aquela vadia está mentindo através de seus dentes, — diz ele, colocando a bota em cima da cadeira e reamarrando seus cadarços. — Ela provavelmente tem alguma merda oculta acontecendo com aquele Eric fodido. Aposto que ele queria, tipo, manter Naomi e sua irmã como escravas sexuais ou alguma porcaria. E eu acho que Hayden. — Turner bate a bota no chão e inala maconha em seu peito. — Hayden quer para ela própria o jardim particular de pau. — O quê? — Dax pergunta, olhando para Trey, Ronnie e Milo com sobrancelhas comprimidas. — Eu acho que talvez a gente pudesse ser de melhor uso em outro lugar? — Trey sugere, cutucando o amigo de cabelos escuros no bíceps. — Tipo, algum lugar que não seja aqui? Rook tem algumas coisas boas em seu ônibus. Vamos fumar alguma. — Ele começa a se mover em direção à porta e pausa, olhando para Turner com um lábio espalmado. Ele se preocupa com o seu amigo, isso é óbvio. Eles são malditos machistas durões, mas eles não mostram muito, mas está lá. Eu decido que gosto de seu dinamismo. — Basta ter cuidado, certo? O que estiver acontecendo, eu não quero saber. ~ 163 ~
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Basta lembrar que há um assassino à solta e um aviso de tornado para todo efeito, certo? — Sim, mãe, — diz Turner, olhando para o amigo com um sorriso perverso. — Agora dê o fora. Trey sai e leva o garoto loiro e outro cara com ele, enquanto Milo paira perto da pia parecendo alarmado. — Está tudo bem, Terrabotti, diz Turner, olhando para o empresário e soprando um pouco de fumaça. — Eu vou cuidar dessa merda e nós vamos fazer um disco de platina. — ele faz uma pausa e Milo abre a boca, faz uma pausa e a fecha. — Tudo bem. Só não agüento mais fotografias de seus órgãos genitais. — Turner ri, alto e estridente e chuta seu empresário para fora na chuva com um leve empurrão. Ele tranca a porta e volta a subir os degraus. Dax e eu damos a ele uma olhada, mas ele não admite e não perguntamos. Eu, por exemplo, não quero saber. Imagino que alguém tão cheio de si como Turner Campbell tem um monte de tiros na virilha. — Ok, Knox. Qual é o plano? — eu quero descobrir essa porcaria antes que alguém se machuque. Se eu perder um dos meus amigos por causa dessa coisa fodida, vou matá-lo eu mesmo. Eu prefiro não passar 20 anos na prisão, então por que não vamos ver o que podemos fazer? — Eu vou ligar para a América, — digo a eles, tocando na tela e tentando decidir exatamente o que é que eu quero dizer. Eu confio nela, mas eu não quero colocá-la em perigo também. Eu fico olhando para a tela, para o quadro de estrelas que Dax postou como plano de fundo e eu penso em Eric e o breve período de tempo em que nós namoramos. Ele era isolado talvez, mas eu nunca pensei que ele fosse cruel. Eu olho para cima novamente e espero que eu esteja fazendo as decisões corretas aqui. Aparentemente, minhas habilidades de julgamento não estão exatamente funcionando. Eu deveria ter visto que vinham coisas ruins quando me encontrei com ele antes, mas não o fiz. Eu ainda não consigo entender por que ele não me levou antes. Ele teve muitas oportunidades. — e então eu vou descobrir o que fazer com a minha roupa. Esta merda não vai voar no palco. Eu meio que preferiria que meus seios não roubassem o show. — Turner sorri e abre a boca, pronto para deixar escapar alguma merda que vai me forçar a chutar a bunda dele, então eu continuo. — Você acha que Hayden ainda consegue fazer isso? — Dax pergunta enquanto eu aperto o botão para discar. Nem Turner ou eu respondemos a sua declaração e ele se inclina para trás com um suspiro. ~ 164 ~
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— Dax, agradeço as estrelas do caralho. Eu preciso sair deste buraco caipira de merda antes de eu estourar os miolos do meu crânio. — é bom saber que ela está mantendo algumas das gírias com as quais alimentamos ela ao longo do caminho. — Não é Dax, — eu digo e o telefone fica completamente silencioso. — Naomi, — diz ela depois de um momento. — Que bom. Você está viva. — Estas poucas palavras podem muito bem ser um grito, choro de alívio. Eu vou mudar de empresário. — Agora me escute. Não fale. Não responda. Não faça perguntas. — eu espero enquanto América está com uma porcaria de respiração ofegante. Parece úmida, o que assusta a merda fora de mim. Se ela morrer, a nossa banda está acabada. Fodida. Fodida em seis maneiras no domingo. Precisamos dela. — Na noite do show aqui em Denver, quando fomos atacadas, havia seis pessoas que vieram para o ônibus. Nenhum dos seguranças impediu, ninguém notou. Seis pessoas com máscaras. — Eu fico em silêncio, assim como ela tinha pedido. — Eles estavam lá para você e para mim especificamente. Essa menina maconheira foi um acidente. Eles mencionaram que me matariam e mencionaram que manteriam você. — ela toma outra respiração ofegante e eu ouço uma voz ao fundo. — Você não consegue ver que eu estou em uma chamada de negócio agora, seu desmiolado? Saia. — América pausa e rosna baixinho. — Não há privacidade aqui. Isso é ridículo. Você pensaria que eu era a pessoa que cometeu o crime. — ela suspira. — Eu preciso dos detalhes, mas eu não os quero por telefone. Me dê alguns dias e eu vou encontrar seus garotos para você em Wichita. Você está cantando hoje à noite? Não diga nada sobre isso. Eu acho que você deveria. Basta ter cuidado e prestar atenção na sua bunda. Isto ainda não acabou e eu não imagino que esteja chegando ao fim por algum tempo. Se a polícia conseguir descobrir alguma coisa, eu vou ficar chocada. Agora, pendure-se e vá fazer a sua coisa. Eu não quero que esta pequena confusão arruíne nossas carreiras. — só a América seria corajosa o suficiente para chamar um ataque violento/homicídio/seqüestro de confusão. Aproveito a articulação de volta de Turner e puxo a calma em meus pulmões. — E Naomi, -— diz ela, antes de desligar. — Se você falar com qualquer um dos policiais lá, diga a eles que eu quero a minha aliança de casamento fora do armário de provas. Eles não vão me ouvir mais. E, em seguida, ela desliga. Eu coloco o telefone virado para baixo em cima da mesa e tento respirar. — Então? — Turner pergunta, mãos nos quadris, parecendo sexy pra caralho em um par de jeans rasgado com um T preto liso que puxa apertado sobre seus músculos. — O que ela disse? ~ 165 ~
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— Ela disse... — Eu explico para ele, olhando em volta para Dax e Ronnie. — Isso: havia seis pessoas no ônibus naquela noite. — Seis ? — Turner pergunta. — Como diabos eles passaram pela segurança? — penso no policial que eu esfaqueei. Um incidente como esse deveria ter todo o lugar movimentado por causa desse acontecimento. Eles levam uma agressão a um oficial muito seriamente e ainda não aconteceu nada. Sem palavras. Meu sangue gela e minha pele se arrepia. — Eu estava montando uma teoria, mas é uma espécie de merda. — eu suspiro e passo minhas mãos pelo meu rosto. — Sua ideia estranha de culto ao sexo não soa tão ridícula depois de tudo. Com toda essa porcaria caindo, quem sabe? — eu bato minhas mãos para baixo no topo da mesa. — Você sabe o quê. Que se foda isso. Eu só quero cantar. Talvez quando quem está envolvido me ver, suas verdadeiras cores vão começar a se mostrar? — eu olho diretamente para o rosto de Turner e apenas seguro o meu olhar lá. Ele retorna o favor e não vacila. Espero que quando isso esteja acabado, ele vai realmente ficar por perto como ele diz que vai. Eu poderia usar um aliado no momento. — Vamos foder com eles, — diz Turner com um leve sorriso e eu rezo para a porra dos deuses do rock que aquela frase permaneça metafórica.
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Chegamos com Naomi toda arrumada e ela vai de quente a deliciosa pra caralho. Meu pau acaba brincando de cachorro quente com minhas calças como um pão maldito. Não é muito confortável. Eu chego e me ajusto, enquanto ela me dá um olhar sombrio com desprezo. — Você acha que ele os enviou? — ela pergunta e eu acho que ela está falando sobre seu irmão adotivo. Dax está no meu banheiro, passando pó compacto e lápis labiais de uma bolsa plástica. Eu não sou um grande fã do cara, pois ele é um emo cadela, mas eu tenho que admitir, ele tem um tipo que chega junto conosco. Ele conseguiu um sutiã, calcinha e maquiagem de Blair sem ela mesmo saber. E agora Naomi está de pé diante de mim, peitos cheios, maduros e alegres, levantados e inchados em uma linha épica em sua camisa cortada de Turner Campbell. Ela cortou e repicou a camiseta até que ela estava irreconhecível, deixando uma faixa rosa sobre o sutiã e pedaços de tecido rasgado pendurado em torno de sua barriga macia. O anel de caveira de prata em seu umbigo pisca para mim quando eu alcanço a sua tatuagem Real Ugly com as asas de anjo e finjo que eu estou olhando para a tatuagem de coração quebrado, para que eu possa verificar seus seios. — Quem sabe? Será que isso importa? — ela estreita os olhos esfumaçados para mim e eu tenho que saber se Dax é realmente uma bicha ou não. Quero dizer, porra, o cara sabe como fazer maquiagem. — Você vai usar a nova Wolfgang hoje à noite, não é? Poderia muito bem aceitar os óculos também. — Mesmo que um perseguidor estuprador incestuoso possa ter sido enviado para mim? — ela pergunta enquanto Dax apaga a luz e se junta a nós na área da cozinha. Ronnie está lá fora em torno do local à procura de mais fofocas, por isso são apenas nós três aqui com um céu cinza e chuva em fúria fora da janela. Espero que ainda haja uma multidão esta noite. Tornado vindo ou não, eu posso ver raiva e sangue fervendo nos olhos de Naomi. Ela vai levar a raiva lá para o palco e vai foder todo mundo. Vale a pena o risco. — O fodido gastou seu dinheiro em alguma merda agradável. Por quê? Para nos assustar? — eu me aproximo para pegar os óculos de sua mão e ela ~ 167 ~
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aperta os dedos em torno deles. Eu quero roubar o pulso dela e arrastar ela contra mim, beijar seus lábios umedecidos, mas eu duvido que ela fosse me deixar ir além. Por mais que eu queira ser um importante deus do rock para sua deusa, eu não acho que ela esteja pronta. Mas eu vou esperar. Ela virá, eventualmente. Eu sorrio. Pareço um maldito garoto. Eu espero com meus dedos descansando nos dela até que ela rouba os óculos de mim e coloca no rosto. — Danem-se. Nós vamos pegar eles de qualquer forma, poderia muito bem ter alguma merda livre disso. Naomi suspira e joga seu cabelo loiro por cima do ombro e pego o novo moletom que eu dei para ela. É uma da Indecency, vermelha brilhante com o nosso logotipo na frente em branco. Ela puxa pela cabeça e se certifica de que o capuz está no lugar. Eu não pergunto a ela seus planos para o palco. Eu não preciso saber. Eu vou fazer o que der vontade na porra da hora, tudo o que me aparecer no momento. Eu não imagino que esta noite vá terminar sem me juntar a ela no palco, embora. O ar está carregado como merda hoje à noite, cheio de energia selvagem da tempestade. Vamos agitar esta multidão, não importa quão grande ou pequeno que é. — O que você quer fazer sobre Hayden? — Dax pergunta, colocando a bolsa de maquiagem debaixo do braço. Ele parece nervoso. Ele deve estar. Alguma coisa vai acontecer hoje à noite. Eu não sei o que é ou se eu estou indo para obter todas as respostas, mas a merda está indo abaixo e eu vou estar pronto. Ninguém, eu quero dizer, ninguém, estará tocando em minha mulher esta noite. — Deixe que eu lido com ela, — diz Naomi, bufando. — Ela vai nos dar o centro das atenções esta noite. Voluntariamente. E depois de amanhã, quando todo mundo souber que eu estou de volta, vamos descobrir essa merda. — ela sacode os pulsos e respira fundo. — Meus dedos estão coçando para o meu bebê. Se eu não bater algumas cordas esta noite, eu vou ficar louca. — Naomi avança e empurra a porta e nesse mesmo momento, a chuva só... pára. Eu a ouço murmurar algo sobre tornados sob a respiração, mas eu cresci na Califórnia. Eu não sei nada sobre tornados. Eu salto para baixo, ando atrás dela e Dax segue, se mantendo perto, mas me sentindo tão longe. Eu sei que ele pode sentir isso, essa coisa entre Naomi e eu. Merda ,cara, qualquer um poderia sentir. A água debaixo dos nossos pés evapora acabando com o calor. Ela tenta não olhar para mim com muita força ou por muito tempo, mas eu sei que a noite passada
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significou alguma coisa para ela. Eu estou mudando sua mente lentamente, doce pra caralho ao mesmo tempo. — Você sabe, — diz ela com a voz baixa. Ela sabe que Dax pode ouvir, mas seja o que for que ela quer dizer, ela quer dizer isso agora. — Se eu não tivesse sido seqüestrada... se eu não estivesse sendo perseguida, traída e ferrada com a cada passo, eu estaria pensando muito mais sobre essa... coisa com você. — eu paro de andar e tiro um cigarro. Dax olha pra mim e apesar de sua proclamação anterior de que ele não tinha a menor chance contra mim, ele não está exatamente parecendo que está pronto para desistir. Gostaria de saber como tudo isso vai funcionar. — Passei anos com... — Naomi pega em sua camisa e torce o punho do tecido. — Com você como meu mais triste segredo. Agora que veio à tona, que você sabe sobre o bebê e, — Naomi faz uma pausa e suspira, batendo as mãos contra as pernas de sua calça jeans emprestadas. — E tudo o mais. Estou tendo dificuldade para descobrir onde colocar a mim mesma, como reagir. Tenho mais um segredo, mais um. — Naomi morde o lábio inferior, olha para o chão e depois para mim. — Só mais um e então eu estou livre e eu não sei o que vou fazer. — Alcançar um disco de diamante com o próximo álbum de Amatory, imagino. Chegar exatamente perto de nós, — eu digo e ela sorri. Eu acho que esse pode ser o primeiro sorriso verdadeiro que já puxei de seus lábios teimosos. Meu corpo fica apertado e acho que é difícil engolir. Que porra é essa? Você 16 anos de idade, Turner? Vou começar a gaguejar e corar agora, também? — Eu só queria que você soubesse que estou surpresa com você. — eu espero ela analisar. Eu admito, eu sou um pouco lento. Eu não entendo onde ela quer chegar com isso. — Ficar por aqui, não correr e não me esquecer desde o segundo que eu tinha ido embora. Você pode não ter realmente desbloqueado aquelas algemas, mas você tentou. Você cantou minhas canções e de alguma forma, eu ouvi. Eu não tinha percebido isso até agora, mas isso foi uma das coisas que me mantiveram sã. — Naomi bufa e por uma fração de segundo, eu posso ver sua respiração delineada no ar ainda. Está mortalmente tranqüilo aqui sem multidões, nenhum músico, nenhum tripulante. Existem alguns policiais e guardas de segurança, mas eles também são poucos e distantes entre si neste dia sombrio. — Eu acho que o que estou tentando dizer é, obrigada. E... — ela dá um grande suspiro, um aceno de cabeça. — Eu respeito a sua paixão e seu compromisso, Turner Campbell. E então ela se vira e vai embora. Dax se move atrás dela e passa a ficar ao lado dela. Eu os ouço falar, mas não registro as palavras. Ouço uma ~ 169 ~
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coisa, apenas uma coisa que faz dar voltas e voltas dentro da minha cabeça dura. Respeito. Naomi Isabelle Knox me respeita. Minha alma grita uma balada de alegria e meu coração explode dentro do meu peito.
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Abro as portas e entro nos bastidores, me deleitando com o calor selvagem e o frenesi de tudo. Eu senti falta disso pra caralho, o suficiente para que eu percebesse de repente que eu nunca iria sobreviver fazendo outra coisa. Eu fui feita para isso. Mente, corpo e alma. Dax desce e aperta minha mão e eu não me importo com quem está olhando ou pensando ou me identificando. Eles podem adivinhar, mas eles não vão ter a certeza, não até que eu me revele. Deixe eles olhar e sussurrar. Minha vez de um pouco de mistério. O local aqui é um grande prédio de tijolos com um auditório enorme e um teto arredondado subindo acima de nossas cabeças em vigas de aço e tinta azul brilhante. É estilo industrial, antigo e provavelmente, um lugar terrível para se estar durante uma tempestade. Tudo ao redor do lugar, telefones e tablets crepitam com atualizações meteorológicas e repórteres em pesados casacos de inverno, enfrentando o pior do tempo para uma boa história. Idiotas do caralho. Primeiro sinal das sirenes e estou fora daqui. Vou dar o pé daqui e me certificar de levar todo mundo importante comigo. A polícia está em todos os lugares aqui, mas se é por causa da tempestade, ou o assassinato ou mesmo por mim, não tenho ideia. Eu ignoro todos e foco na cadela que está se movendo em toda o lugar em minha direção com saltos de ouro e um top branco. Sem sutiã. Que diabos está errado com esta escrota? — Os mesmos seios pequenos, — digo a Hayden quando ela se aproxima e tenta sorrir para Dax. Ele não consegue sequer olhar para ela. Eu me pergunto o que aconteceu entre eles na noite anterior, se foi alguma coisa. Talvez ele esteja apenas desgostoso com ela depois do que Ronnie nos disse? A cadela jogou a tempestade de sua história e não se incomodou em ficar para explicar suas ações e agora ficamos com isso. O grande e gordo elefante de merda. — Obrigada pela dica, — ela sussurra e a palavra cai direto da extremidade de sua língua como uma bofetada. Sua maquiagem está demais, forte demais, muito atrevida. Ela está tentando muito duro e sua ~ 171 ~
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pele está pálida. Algo não está certo com ela. Isso é muito óbvio, porra. Eu fico olhando para o seu pequeno nariz arrebitado e suas narinas enormes e eu tento manter a calma quando eu digo isso. — Você é uma mentirosa do caralho, — eu digo e ela abre a boca para protestar. — Não. Cala a boca, porra e me escute. Eu não tenho nenhuma ideia do que está realmente acontecendo. Eu vou ser honesta sobre isso, porque eu estou cansada de guardar segredos, mas eu sei que você está soprando fumaça na minha cara. Seja o que for que você está fazendo para Eric, para quem for, não vai funcionar. Sua melhor aposta é a de me dizer a verdade agora. Apenas admitir tudo isso e descobrir o quão longe vai a minha misericórdia. Ela só fica lá e olha para mim com olhos grandes e azuis e lábios caídos. Ela não está sorrindo mais. — Hayden, por favor, — diz Dax. Ele quer salvá-la, mas ele não pode. Ninguém pode. Só ela pode salvar a si mesma. Eu dou a ela uma chance, uma última chance de me dar algo diferente de uma história idiota. Ela não faz. — Eu não sei o que você está falando. — ela tenta atingir o braço de Dax, mas ele dá um tapa nela. — Não. Me. Toque, — ele sussurra, sua voz baixa e dura. — Se você não quer nos dizer porque ainda vai se encontrar com Eric, então nem mesmo se incomode. — O rosto de Hayden cai ainda mais. Não achei que isso fosse possível. Ela se parece com a porra de um Shar- Pei26. — Eu tenho que fazer isso, — ela sussurra, olhando para o chão. As barras de metal em cima tremem e vibram com o som quando Ice and Glass abrem seu show. A multidão aplaude, mas o som está um pouco abafado pelo medo. Este tempo está apenas uma merda. — Eu sinto muito. — Só isso? — Dax pergunta, balançando a cabeça e lambendo seu lábio inferior com raiva. — Isso é tudo que você tem a dizer? Por que você não pode simplesmente nos dizer? Por que continuar mentindo? Nós podemos te proteger, Hayden. — eu penso sobre a imagem que ela me deu, a forma como ela agiu naquela noite e me pergunto se tudo foi uma atuação. Isso significa alguma coisa para ela, com certeza, mas o quê? Tantas perguntas, tão poucas respostas. — Porque eu não preciso de qualquer porra me protegendo. Eu só... eu estou um pouco confusa agora. — Hayden toca seus dedos nos lados de seu 26
Raça canina originada da China
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rosto, pressionando suas longas unhas contra as têmporas. — E eu estou começando a me perguntar por que exatamente é que você está aqui. Você não está se escondendo ou algo assim? — eu começo a sorrir, lento e pecaminoso. Perversa. — Será importa se você está alimentando informações para Eric? Ele já sabe que estou aqui, certo? — Hayden sorri, mas não é um sorriso bonito. Na verdade, ela parece meio louca. Eu não posso mesmo acreditar que costumávamos ser amigas. Eu acho que eu deveria ter pensado que algo estava errado com a cadela quando ela me viu matar meus pais adotivos. Ela queria estar lá. Quando eu compartilhei meus sentimentos com ela, ela me incentivou. Por que isso nunca me incomodou antes? Porque eu estava muito envolvida com a culpa e medo? Porque eu queria um álibi? Eu não tenho nenhuma porra de pista. — Não é apenas com Eric que você tem que se preocupar, querida. Ele é uma espécie de... extra. Como um bônus, ou algo assim, sabe? Ele é inconseqüente, realmente. E ele sabe. Ele sabe tudo. — ela ri e eu percebo que eu tenho que ter Dax fora daqui antes que ela derrame tudo. Eu não quero que Dax me olhe diferente. Ele pode não entender, nem todos iriam. É por isso que eu me reservo o direito de dizer o que eu quero quando eu quero. Essa é a minha liberdade. — Podemos ter um minuto, por favor? — pergunto e ele começa a protestar. Distraidamente, eu percebo que Turner não está no edifício ainda. Isso me assusta. Muito. — Você pode, por favor, ver o que Turner está fazendo lá fora? — Dax me olha de baixo com seus olhos cinzentos . — Por favor. — ele espera mais um momento e em seguida, suspira. — Tudo bem. Ok. — Ele olha ao redor da sala, se preparando para sair. Está escuro e apertado atrás daqui, mas não é possível para qualquer um se mover contra mim. Estou tão segura quanto eu posso estar neste momento. Percebo que Blair está olhando para nós três com uma expressão estranha. Ela vai descobrir isso muito rápido, eu acho. Espero até que Dax se afaste e eu sinto uma onda de ar frio atrás de mim. — Você disse a ele, não é? — eu pergunto e ela faz beicinho para fora de seus lábios. — Quando? — Hayden dá de ombros. — Ele praticamente descobriu por si mesmo. Katie é fodida demais para fazer qualquer coisa que tenha calculado, então quem mais? Eu só confirmei o que ele já sabia. Mas ele a ajudou a sair, já se perguntou por quê? — eu não respondo. — Ele sempre te amou, Naomi. — eu balanço minha cabeça. Eu não vou ficar aqui e ouvir essa conversa de louco. ~ 173 ~
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— Eu estou indo para o palco esta noite e você não estará se aproximando dele. Se você se comportar, se redimir comigo, talvez eu mude de ideia. Até então, observe a porra da sua bunda. Vou descobrir o que você está fazendo e se for ruim o suficiente, vou cortar a porra do seu clitóris. — Hayden ri. Ri realmente. É assustador pra caralho. — Sério? E se não? Você acha que pode fazer qualquer merda? Você foi seqüestrada, Naomi e usou aquela psicopata careca para te tirar de lá. Pense nisso, o que você vai fazer quando ele finalmente a encontrar? Hum? Uma vez que Eric tenha Katie de volta, ele nunca vai deixar ela ir. Ela escapou uma vez. Isso não vai acontecer novamente. Ele a quer tanto quanto quer você. — é a minha vez de rir, de abanar a cabeça e olhar para o chão. É de cimento áspero salpicado com respingos brilhantes de tinta. Artesanal, confuso, estranho. Eu gosto. — Eu não posso nem acreditar nessa merda. É disso que se trata? — Hayden apenas continua sorrindo aquele sorriso estranho. — Hum, vamos pensar sobre isso. Ela roubou a tesoura de Eric e os enviou para a polícia. Ela matou os malditos pássaros e escreveu com sangue em nosso trailer. Ela pulou a cerca e chegou a Turner, estragou os planos que tínhamos para ele. Ela roubou suas chaves, quase nos pegou quando ela enviou a Turner para bisbilhotar. Ela te libertou. Precisa dizer mais? Sem ela, você está ferrada, Naomi. — A cabeça da boneca? — eu pergunto. — O boné de beisebol? — acho que se ela vai me dizer alguma merda, eu poderia muito bem saber tudo isso. Hayden dá de ombros. — Eu não sei, Naomi. Eu realmente não sei. Eu sei o que eles querem com você, com Katie. — ela morde o lábio. — Turner, Dax. — e então ela encaixa o seu olhar nos meus e corta através de mim. — Pense em porque você estava sendo minha cadela? Não por acaso. Nunca. Eu nunca vou deixar você ir completamente. Nunca. E você não pode. Ter. Eles. Ambos. — Ela se aproxima de mim e eu encosto na faca que tenho em meu bolso de trás. — Onde está a foto? — Está em uma nuvem pronta para se enviada ao meio-dia de amanhã, se você não me contar tudo. — eu sorrio, mesmo que por dentro eu esteja uma bagunça, deslizando peças do quebra-cabeça em uma mesa enorme. Estou começando a ver uma parte da imagem, mas eu não tenho a caixa. Isso está levando mais tempo do que eu quero. — Você é uma mentirosa. — Não tão grande quanto alguém como você. ~ 174 ~
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— Eu vou cantar hoje à noite. — Você não vai. Hayden olha para mim de baixo e, em seguida, suspira e olha para longe para o chão. Eu não posso dizer se ela é realmente louca ou se é um jogo, se ela está nisso porque ela quer estar ou porque ela se sente como se não tivesse outra escolha. Eu não me importo. — Tudo bem, — ela sussurra. — Envie. — ela se afasta um passo e arruma seu cabelo atrás da orelha. — Diga ao mundo que eu sou um monstro e eles virão mais ainda por isso. Eu vou sobreviver. — Hayden sorri. — Mas vou cantar essa noite. — Se você ficar no palco, eu vou te matar. Eu continuo muito calma quando digo isso. Ela precisa saber que eu estou falando sério. — Se as minhas letras saírem de seus lábios, você vai morrer e não vai ser agradável. Não force a barra, Hayden. A morte daquela garota, Marta, está em você. Eu não sei mais do que você é capaz, mas se você não conseguir ver o quão séria eu estou agora, eu vou saber, sem sombra de dúvida, que você não é estável. — Hayden me ignora. Ela não acha que eu sou uma ameaça, não se importa de me dizer todas as merdas nos bastidores. Não me importa ela agora. Ela sabe que eu estou sendo colocada contra a parede. Eu não posso pedir ajuda à polícia por causa do que eu fiz. O meu segredo está enrolado no meu pescoço. Estou prestes a deslizar, mas se eu não tomar cuidado, a corda pode apertar em volta do meu pescoço. Mas eu estou falando sério sobre o que eu disse. É melhor que ela não me teste esta noite. Uma rajada de ar frio atinge as minhas costas e os braços de Turner deslizam em volta da minha cintura, trazendo um pequeno suspiro a meus lábios. Ele aperta o rosto na curva do meu pescoço e as lágrimas picam meus olhos. Eu não esperava, mas é apenas algo que brota dentro de mim, fazendo meu coração parar, meus pulmões se contraírem. Minhas mãos sobem para as dele e as escova. Dax chega até nós e intercepta Blair em seu caminho. Eu não sei por que ele faz isso, mas ele a mantém a sua volta. Eu acho que ele não quer sabotar Turner. Não é assim que ele quer ganhar a minha atenção. Bom para ele. Eu gosto de Dax um pouco mais. — Por que você tem que ir e dizer isso para mim logo antes de um show?
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— Hein? — eu pergunto, tentando o meu melhor para manter as lágrimas presas atrás dos meus óculos. Se acertarem meu rosto e eles caírem, eu estou perdida. Eu mantenho meus olhos nas costas de Hayden, mas ela está apenas fazendo seu habitual show de vadia. Ela não passa despercebida e fala com uma pessoa coberta em sombras, ela não tenta encontrar Eric. Já existe um plano de jogo e não importa o que eu faça. — Digamos que você me amava. — Mas eu não. — Perto o suficiente, — ele sussurra, me libera e me gira, esmagando seus lábios nos meus, cobrindo meu rosto com seus dedos tingidos. — Você vai transformar meu tigre em um gatinho. — Hayden admitiu... um monte de merda, Turner. Acho que estamos em apuros. — eu toco seu peito. — Eu acho que isso, nós, conosco, o que seja, está em apuros. — ele agarra minhas mãos, me puxa para ele. Os ajudantes e tripulantes, músicos e gestores, até mesmo alguns policiais estão nos observando com descrença. Aqui está ele, esse idiota, este playboy, esse cara que rompe corações em seu rastro, esmagando-os como uma tempestade, nem mesmo ciente de que ele está fazendo isso. E ele está beijando uma garota misteriosa em um moletom com os lábios mais doces que o mundo já viu, porra. Meu coração começa a bombear freneticamente. — Nós temos isso. Fodam-se os filhos da puta de merda. — ele começa a me puxar para a porta do banheiro, mas eu planto meus pés firmemente no concreto colorido. — Nós não podemos fazer isso agora, Turner. Há uma coisa séria acontecendo aqui. — ele sorri para mim e puxa a minha pulseira Sra. Turner Campbell com um estalo. Por que diabos eu ainda estou usando esta coisa? — Eu não sei o que a porra da sua mente suja está pensando. Achei que você tinha algo para me dizer que necessitasse de privacidade. — Hum hum. — Vamos. — ele puxa meu braço de novo e eu o sigo, me sentindo como se o mundo estivesse caindo em torno de mim, fazendo ondas. Algumas delas são boas, outras ruins. Eu não sei. Tenho todos os tipos de confusão agora. — Eu quero uma colisão, — digo a ele. — Sinto falta de coca. — ele ri, mas não responde. Em vez disso, me direciona para o banheiro minúsculo, me bate contra a parede e me beija tão forte que eu não consigo respirar. Turner me senta na pia e pressiona sua ereção contra o meu jeans. — ~ 176 ~
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Turner, sério? — eu pergunto, mas eu não pareço tão perversa quanto quero. Em vez disso, eu pareço um pouco... feliz. Alegre. Repugnante pra caralho. — Hayden tem um plano em prática. Eric sabe que estou aqui. — O que há de novo? — ele pergunta entre beijos na minha garganta. — Com essa sua ideia de falar, você estraga tudo. — ele faz uma pausa e coloca as mãos em cada lado do meu quadril. — Naomi, — ele começa, empurrando-se para trás e chega no meu cinto. Apesar dos meus protestos, eu não tento impedir ele. Eu também me recuso a olhar para as seringas usadas no chão ou as paredes cobertas de papel higiênico molhado. Eu não gosto de foder na porra dos banheiros desagradáveis sujos, mas aqui estamos nós de novo. Quando é o mais impróprio e estranho momento de todos. — Você não pode dizer algo assim para mim e não esperar para ser fodida. — eu levanto minha sobrancelha enquanto ele puxa as calças para baixo e as deixa penduradas em uma das pernas, colocando minha bunda em suas mãos. — O que diabos você está falando? — pergunto, quando ele se atrapalha para ter as calças desfeitas e colocar um preservativo no seu pau. Mas se Turner Campbell é um especialista em qualquer coisa além de cantar, é o sexo. Ele consegue. — Respeito, Naomi. Você não pode dizer que você me respeita e não completamente apenas... foder com a minha cabeça. Eu poderia ter um pouco de um ego inflado exatamente agora. — Agora? — Você vai calar a boca e me deixar foder? Francamente, eu não me importo com nada disso ou outra merda. Eu vou lidar com isso quando chegar a hora. — Eu odeio o seu traseiro pra caralho, — digo, quando ele me empurra contra ele, enche o meu corpo com o dele e espalha meus quadris. Eu não vou adoçar o que acontece em seguida. Nós só fodemos. Nós batemos com força e rápido, batendo pele quente e suada contra a outra e grunhindo como um bando de animais em cavernas antigas. É feio. Verdadeiramente feio. E nojento. Mas, em seguida, é lindo também. É uma fatia da natureza selvagem acontecendo aqui neste banheiro, nos aproximando, parando os nossos corações e os iniciando novamente em uníssono. É rápido, é confuso e, em seguida, está feito. Ele vem, eu venho.
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E então nós apenas sentamos lá enquanto guitarras e tambores vibram as paredes que nos rodeia. Eu me recosto contra o peito dele e apenas tento respirar. — Eu não sei o que estou fazendo aqui, — eu sussurro e ele me dá uma resposta. O homem que eu odeio, que fodeu a minha vida, que não deve ter nada de bom ou construtivo para dizer, dá um sólido passo sensato para se sustentar. Que porra é essa? — Você está aprendendo a amar. Puro. Simples. Verdadeiro. E da boca de Turner Campbell. O mundo está cheio de surpresas. Apenas nem todos eles são bons.
O palco está montado. Os jogadores estão todos profundamente enraizados no jogo. Eu, eu estou de pé na beira do palco com os olhos fechados e sangue quente bombeando em minhas veias. Eu sinto Turner Campbell de pé atrás de mim e me sinto melhor por causa disso. Eu não quero amá-lo, mas acho que eu faço. Ou eu poderia. Um dia, quando eu parar de odiá-lo tanto, talvez. A multidão está calma, quase mortal em silêncio, enquanto eles esperam em antecipação nervosa. O problema é que eles ainda estão pensando na tempestade. Eu vou matar esse medo. Quando eu chegar ao palco, eles só vão estar pensando em mim. Dax se senta atrás de sua bateria e me dá um aceno suave com seu queixo. Sem esperar mais um segundo, eu dou um passo adiante, para o palco aberto na frente de um par de milhares de pessoas. Eu gostaria que houvesse mais, mas eu vou fazer isso. A palavra vai se espalhar e em breve, todos saberão.
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Sussurros e rumores se espalham como fogo, pegando as pessoas em um brilho flamejante e suspeito na luz estúpida. Eu as ignoro e me concentro apenas em Hayden, que está saindo do lado oposto, andando em linha reta em direção a mim. Ela não parece irritada ou nervosa. Ela sorri para mim quando nos aproximamos e pausa, se inclinando para a frente e coloca os lábios em meu ouvido. — Eu nunca vou dizer que sinto muito, mas eu vou te dizer isso. Se você acha que eu sou uma boa intérprete, me deixe estar no palco com você. Você pode pegar emprestar os holofotes... por agora. Eu não vou ajudar hoje à noite, mas não vai doer tanto. Se você sobreviver, podemos falar sobre isso. Ela se inclina para trás e olhamos uma para a outra por um longo, longo momento. O tempo se estende curto e frágil. Eu fico olhando para ela e depois eu mudo meus olhos de volta para a multidão, uma dica sutil. Só leva cerca de dez segundos para ver os dois. Eric e Katie. Ele fica no lado esquerdo da sala e ela, à direita. Eu não sei se um sabe que o outro está lá, mas ambos me vêem. Isso é uma certeza fodida. Todo mundo me vê agora. Não há recuo em mim, mergulho profundo e me esconder por dentro em plena visão de todos. Esta noite, eu vou ter que sair e mostrar-lhes tudo o que eu tenho. Turner se move ao meu lado e rouba o microfone de Wren. Ele não protesta, mas ele parece confuso. Ele não é o único. A multidão começa a ficar inquieta. Eu tomo uma respiração funda e a seguro em meus pulmões antes de colocar minhas mãos em meus óculos. Eu toco o revólver e espero. Segundos vão passando e o vento uiva lá fora tão alto que se pode ouvi-lo através do tijolo. Está rugindo como um trem de carga do caralho. Eu sei que depois nós vamos ter um tornado. Eu não ouço as sirenes ainda, mas eu vou. Logo. Agora, vou usar a força da minha vontade de fazer a Mãe Natureza esperar. Ela não vai me comer aqui. Hoje não. Eu puxo os óculos e há alguns suspiros perto da frente da sala. Eu os atiro ao chão, perto dos meus pés e alcanço as costas da camisa, cavando meus dedos sob o tecido e pauso. A voz de Turner desliza para o microfone como sexo líquido. — Boa noite, cidade de Oklahoma, em Oklahoma. — ele ri e envolve ambas as mãos em torno de seu microfone. — Nós estamos tendo um pequeno temporal, esta noite, não é? Mas isso só faz de vocês sortudos. Vocês vão ter um show que muitos não vão ter pessoalmente, mas que todo mundo vai estar falando sobre isso amanhã. Vocês são como os pioneiros, porra, forjando seus caminhos em direção a um novo território e acredite em mim quando eu digo que vocês nunca viram nada parecido com isso.
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Eu levanto a camisa para cima e a puxo sobre a minha cabeça. Cascatas de cabelo loiro caem para baixo em torno de meus ombros enquanto eu enfrento a multidão, olhos ardentes, os lábios já puxando para cima em um pequeno sorriso. Por um segundo, um milésimo, pequeno segundo, o mais puro dos silêncios chega e ninguém se move, ninguém fala. Eu deixo cair a camisa e pego minha guitarra. Explosão. O rugido do vento não é nada comparado com o barulho de multidão enquanto bato meus dedos sobre as cordas e adoro um deus que é mais velho e mais forte e mais sábio do que eu, usando a minha música como uma oração, a minha voz como uma vela para levar o meu recado para a boca do céu e as profundezas do inferno. Dax toca em seguida, batendo a sua música através do palco até meus ossos, quebrando minhas tíbias, quebrando meu fêmur e parecendo muito bem. Eles pensaram que eu estava morta e agora aqui estou eu, pronta para rasgar a merda fora deles. — Estejam PRONTOS porra, — Turner grita, voz embargada quando ele se curva, liberando a última gota de ar em seus pulmões para o microfone. Ele volta à vida como uma maldita margarida, girando em círculo e batendo a bota no chão. As pessoas aqui dão suas almas para nós, pulando e socando, batendo e chorando quando eles saltam com a batida e gravam nos telefones, câmeras, tablets. Nos tornando imortalizados e em um instante, se espalha em toda a web para todos verem. Idiotas cantando no olho de uma tempestade, se unindo como uma frente contra um inimigo oculto. Eu não poderia estar mais feliz. — Não tenha medo de mim. Não consigo ver. — Não consigo ver, PORRA! — Turner grita para mim completamente no modo endiabrado. Não há anjos aqui. Estamos todos cheios de pecado e isso é bonito. — Não consigo ver e eu estou cego por seu amor, — Hayden canta enquanto eu trago a minha voz sobre a dela, relegando-a para o fundo, tomando os holofotes. Eu fodo a minha guitarra como um amante perdido há muito tempo, perdoando-o inteiramente por ter vindo das mãos da corrupção. Eu não me importo quem a comprou ou mandou, só que ela está aqui, pressionada apertada contra mim, cantando a minha alma no ar com sons frenéticos e gorjeios de prazer diabólico . ~ 180 ~
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— Naquele dia, você se afastou de mim, fui duro e eu não conseguia ver. Eu não podia ver, e querida, você está me matando como um idiota fodido. — Lágrimas separadas com suas MENTIRAS e saboreio as BATIDAS DO MEU CORAÇÃO com seus choros, — Turner rosna, chegando perto de mim, envolvendo o cabo de seu microfone em torno de meus quadris, logo abaixo da minha guitarra, me puxando contra seu corpo quando nós começamos a suar e mexer e sangrar. — Eu não consigo ver porque as visões que me mostrou me trouxe dor em vez de prazer, me deixou paralisado e me deixou curvado para sempre. — Nós cantamos juntos e meus olhos se fecham por vontade própria, me perdendo no meio da multidão, esfaqueando-os em todo o crânio com o baixo de Kash, o teclado de Blair, a guitarra de Wren. Então meu solo começa. Turner cai de joelhos e eu passo por cima do cabo, passando para a frente do palco e dedilhando meu bebê como a minha vida, como se o mundo dependesse disso. Eu mexo minha pélvis em meu instrumento, fingindo que é o corpo de Turner, por isso sei que está se sentindo como eu me sentia, como eu quero sentir para o resto da porra da minha vida. Eu não quero amar. Eu não. Mas eu faço. — Eu desejo que eu não amasse você. As coisas seriam mais fáceis dessa maneira. — Minha voz sozinha se move na mesma hora que o céu, com a minha guitarra, nos fundem em uma única entidade que respira, então vive depois morre. É simples, mas tem que contar. Eu tenho que fazer o meio valer o fim. Esse é o jeito que tem que ser. Eu jogo como nunca joguei antes e eu quase não percebo quando o resto da minha banda se junta, por isso, estou perdida na música. — Mais fácil de respirar, — Hayden canta, me dando aquela mistura especial dos anos oitenta e do pop, unhas negras, beleza desalmada, que faz com que seja difícil para mim odiá-la. — Mais fácil de sangrar, — Turner grita e eu perco a minha merda. Eu bato no chão de joelhos e minha cabeça se move no tempo com a música. Eu esqueço de cantar, porque ele está lá e sua voz é a única que eu quero ouvir. — Mais fácil precisar da verdade. — Eu o sinto atrás de mim e inclino a cabeça para trás em seu pau latejante, pressionando o meu cabelo contra a saliência do brim. Eu olho para ele e ele olha para mim. — Eu não consigo ver porque as visões que me mostrou me trouxe dor em vez de prazer, de modo a ter-me e fazer-me seu para sempre.
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Ele se inclina para baixo rapidamente e beija meus lรกbios, me marca e me queima, cauteriza velhas feridas e me deixa com uma cicatriz que eu espero que nunca cicatrize.
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Assim que eu me afasto da boca quente de Naomi, sinto o coração batendo contra meu peito e meus hormônios fluindo como correntezas, ouvimos a sirene. Soa como a velha escola, um grito estridente de perigo que abala o edifício com a sua intensidade, soando fora na borda do parque de estacionamento. Isto não é uma piada, ele diz com o seu medo de chorar. Isso é vida ou a morte. Tenham suas bundas em movimento. A música morre no final da canção e fica quieta. Instrumentos caem e as pessoas começam a entrar em pânico. A polícia se mexe em torno e imediatamente começa a guiar as pessoas para fora dos portões. Fico feliz em ver sua falta de hesitação. Me dá esperança para a raça humana. Não muita, mas é isso. Ainda há excitação no ar, ainda aquele suor, choro, respiração, monstro do rock mordendo nossos calcanhares e desenhando sorrisos diabólicos, mas o medo está vindo rapidamente, se elevando sobre nós e banhando o lugar com sombra. A multidão, apesar de relativamente pequena para um show deste tamanho, é espessa e quando as pessoas ficam em pânico, fazem coisas estranhas. Eu assisto tripulantes lutando e rostos nervosos olhando para mim de várias posições abaixo. Foi egoísta trazê-los aqui com a ameaça de perigo iminente, mas tinha que ser feito. Esta foi uma merda de necessidade para nós, para Naomi e ninguém foi forçado a estar aqui. Eles escolheram. Ei, pelo menos, se acontecer alguma coisa, todos nós temos o calor quente do pulsar da música em nossas veias. Eu poderia morrer feliz agora. Embora eu prefira que não, porra. Há toda uma série de posições de A a Z que Naomi e eu não tentamos ainda. Tenho a intenção de dominar cada uma. Ah, e se casar com sua bunda. Eu quero ser enterrado junto a esta garota em um monte sob a porra de um árvore. E eu não tenho vergonha de admitir isso. Eu tiro um cigarro. Acho que não percebi o quão grave essa merda é ainda. Eu te disse, eu sou de Cali-fodida-fórnia. — Por que eles estão fazendo eles saírem? — pergunto a Naomi enquanto ela desliza a Wolfgang para fora lamentando e a ajudo a se ~ 183 ~
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levantar. Seus olhos imediatamente sobem para o teto e ela lambe os lábios nervosamente. Eu olho em volta e posso dar um palpite muito fácil sobre quem é alguém do local e quem não é. Algumas pessoas estão andando, outros estão correndo como se sua vida depende disso. Huh. — Este não é o tipo de lugar que você quer estar se a merda for para baixo. Um telhado dessa largura é uma má notícia e este bem artístico do pecado não tem abrigo projetado. — ela sorri com os lábios apertados e pressiona minha mão apertada. — Nós estaremos melhor na vala ao lado do estacionamento. Vamos. Naomi se vira para sua banda. Hayden já se foi, mas o resto deles estão lá, olhando para ela com descrença atordoada. Acho que esta é uma decisão muito grande para tomar. — Vocês todos podem beijar minha bunda e elogiar minhas habilidades de ressurreição depois. Temos que dar o fora daqui. — Naomi não espera por eles responderem. Ela é uma líder natural, nascida e criada. Ela só se move e espera que eles a sigam. E a coisa é que eles fazem. — Estou tão feliz que você está de volta, — disse Blair, se movendo pelo palco com Dax. — Realmente. Eu... eu senti sua falta, vadia. — Naomi sorri para ela, mas ela não pára de andar. Em vez disso, ela continua recolhendo as pessoas até que tenhamos uma maldita comitiva: Ronnie, Trey, Jesse, Josh, Milo, seu baixista e seu segundo guitarrista. Ela os puxa para ela como uma força magnética, acalmando alguns do pânico, guiandoos através dos bastidores já vazios e passando por um policial gritando. Tudo acontece tão rápido que minha cabeça começa a girar. Por que é que os problemas sempre parecem ir tão rápido? Para subsistir em um lugar que está fora dessa merda de mundo, como toda uma outra dimensão ou algo assim. — Eu sabia disso, — disse ela, mas está quase sorrindo. Sua confiança me dá esperança. Mas então, eu não sei porcaria nenhuma sobre tornados. — Mas pelo menos eu tenho a minha música. Isso é tudo que eu realmente queria. — Dou um passo para a frente e pressiono minhas costas contra a porta, abrindo-a para os meus amigos, seus amigos, mas principalmente para ela. Naomi passa ao meu lado enquanto as pessoas vão se infiltrando, drenando, passando por nós lentamente, passos vagarosos, como se eles não estivessem tão nervosos quanto deveriam estar. — Cheguem à vala, — ela grita quando percebe que alguns idiotas se dirigem para os ônibus. Fãs estão ficando no portão de trás e assediando as pessoas. Alguns nos vêem e vêm nossa direção. As pessoas são apenas malditamente sem vergonhas, se ~ 184 ~
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aproveitando de uma crise para conhecer algumas pessoas que nunca vão lembrar os nomes deles? — Idiotas do caralho, — eu rosno quando o caos apenas se rompe em torno de nós, bagunçando a sociedade humana e a ordem praticada em menos tempo do que levo para piscar. Uma nuvem de redemoinhos de detritos soltando merda bizarra sobre nossas cabeças: caixas, tampas de lata de lixo, um esquilo morto. Isso mesmo. Uma porra de animal morto não cai a um metro de distância de onde eu estou de pé. Que porra é essa? — Deus, foda-se essa merda estranha do Meio Oeste. Me dê terremotos em qualquer dia maldito. — Naomi me ignora quando a última das pessoas sai deste lado do edifício. Um policial verifica em torno e por dentro e me dá um tudo limpo, antes de me dizer para dar o fora daqui. Ele não espera o tempo suficiente para ver se eu faço. Dax levanta e espera, provando sua devoção, enquanto o resto do grupo é levado para longe por Milo, tomando conta do rebanho, mesmo que ele seja a menor ovelha maldita dele. As pessoas estão gritando da área do estacionamento, mas ainda há fãs em volta correndo em nossa direção, ansiosos para entrar em um fodido ―prazer em conhecê-lo‖. Isto é, até se virar e ver sobre o que é a comoção. Nossos amigos alcançam a borda do prédio mais ou menos ao mesmo tempo e param de repente. O ar se vai completamente. E eu não me refiro apenas a brisa que morre. Não, quero dizer que parece que a vida foi sugada para fora do ar, se afastou e deixou nu e morto. Um grito rugindo soa à distância além das sirenes chorando. Eu me viro e solto a porta de volta no lugar. Um estalido, mas o barulho é perdido no silêncio assustador, sugado como a água em um canudo. — Oh. Merda. No horizonte, como um filme ou um pesadelo do caralho, a maior nuvem maldita de redemoinho de poeira que eu já vi. Ela parece com raiva, viva, chicoteando pela paisagem e rasgando uma cicatriz que vai levar um longo tempo para curar. Não discrimina, não julga. Ela faz o que veio fazer aqui, destruir com um giro alegre e uma onda de desamparo. É como um poderoso Titã, ascendente do Monte Olimpo para matar os deuses. É uma parte da terra que pode fazer o que quiser. A gritaria começa de novo, a correria. O resto dos fãs abandonam sua corrida frenética para nós mais ou menos ao mesmo tempo em que eu ouço um som de estalido. ~ 185 ~
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Cara, eu não sei o que diabos vem em cima de mim, mas quando eu ouço aquele som, eu sou todo karatê e essas merdas. Meus instintos primitivos assumem e mesmo que eu saiba que não sei nada de combate, que sou apenas um idiota com um bom gancho de direita, eu reajo. Afinal, eu sou um idiota apaixonado. Me viro, girando afiado e deixo o meu punho voar sem pensar muito. Ele racha Eric ―o estuprador‖ Rhineback direto em sua mandíbula pálida e derrama uma corrida de sangue de sua boca como um adereço de Halloween. Mas ele não larga a arma. Em vez disso, ele abaixa, aponta e dispara.
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— Turner! — o nome dele escapa por pouco dos meus lábios antes que ele se proteja, o sangue espalhando em sua coxa e imergindo em seus estúpidos jeans de menina. Eu não sei se eu já estive com tanto medo quanto eu estou nesse momento, meu coração batendo em câmera lenta dentro do meu peito apertado. Sua outra mão vem para cima e agarra o pulso de Eric duramente, bíceps apertam, usando essa força bastante praticada para largar a arma das mãos do meu irmão adotivo e jogá-lo deslizando pelo chão. Atrás de mim, o monstro grita e pára, se aproximando de nós e os ônibus começam a tremer nas correntes de vento e as árvores choramingam. Cadeiras de gramado voam e os detritos que foram despejados em nós se levantam atrás como que por magia. O tiro vai matar Turner, mas o furacão vai matar a todos nós. Eu avanço quando o homem que eu odiava mais do que qualquer outra pessoa no mundo, a única pessoa que eu pensei que nunca poderia se redimir, cai em uma poça de seu próprio sangue com um grunhido. Mas ele nunca grita. Nem uma vez. Ele não vai dar a Eric a satisfação, teimoso mesmo em sua dor. — Não agora, Eric! — eu grito, observando seu rosto, observando seus olhos como eles se movem para o céu e se enchem de medo. O que quer que ele diz, o que ele pensa, ele não está realmente preparado para isso. — Vá à vala e nós vamos lidar com isso mais tarde! Vamos! — eu não faço nenhuma falsa suposição sobre o valor do seu caráter e assisto na satisfação sombria como a arma é levantada e levada enquanto minha roupa chicoteia em volta do meu corpo, minha pele ardendo. O mais horrível grito maldito vem a nós no vendaval, a morte atirada de um carro pequeno com a sua porta aberta sai com uma facilidade assustadora. Ele não tem tempo para lamentar o seu membro perdido, porque se vai junto, girando para longe como um brinquedo. Estamos tão perdidos.
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Eu me agacho sobre Turner que não pode se levantar, que não pode correr e alcanço a maçaneta da porta para o local. Está trancada. Bloqueada. Fodidamente bloqueada. — Vá, — ele rosna para mim, me empurrando de volta, me empurrando com as mãos ensangüentadas. — Agora. Tire o seu traseiro daqui, Naomi. Eu prefiro ter uma árvore enfiada na minha bunda do que te ver ferida. — eu acho que estou chorando, mas quem sabe, porque as lágrimas são arrancadas pelo vento. Eric continua a imperar sobre nós. — Venha comigo, — diz ele e em sua voz ouço a mágica de um menino que uma vez assistiu as estrelas comigo. Eu não sei se isso está em sua genética ou o que, mas ele mudou. Ele se transformou do menino esperançoso para um jovem perturbado. Ele não pode ser resgatado pelo que ele fez. Não há sinto muito por Katie. Espero que o tornado o mate. — Eu vou te manter segura, Naomi. Isso é tudo o que eu queria, te manter segura. Ajudei a limpar a cena do crime, não foi? — eu o ignoro. Ele é irrelevante agora. Temos segundos, se muito. — Eu não sei o que Hayden ou Katie disse a você, mas eu posso jurar, é um monte de besteira. Elas tem jogado comigo quase tanto quanto Turner tem jogado com você. Ele sabe tudo, Naomi. Ele é uma parte disso. Eu pego o rosto de Turner entre minhas mãos e olho nos seus belos, belos olhos. Se eu vou morrer aqui, eu vou fazer isso direito. — Porra, eu te amo, — eu digo a ele e ele pára de lutar contra mim. O céu cinzento cai numa torrente de chuva violenta sobre as nossas cabeças, reboco meu cabelo do meu rosto, me afogando. Eu o tapo e pressiono meu rosto perto do dele. — Eu não o perdoei completamente pelas coisas que você fez, mas eu te amo do mesmo jeito. Eu te amo. Eu te amo. — e então eu o beijo, sinto o toque da sua língua, corro meus dedos por seu rosto. Assim, estou empurrando em suas costas, cobrindo meu corpo com o seu, esperando para morrer.
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Eu não posso descrever meus próximos momentos porque a porra da língua inglesa não tem palavras para eles. Tudo o que posso dizer é que eu viajei para o inferno e voltei e não é bonito. É feio como a merda. — Naomi! — eu grito depois que uma onda nos atropela, nos cavalga, nos fode e então simplesmente... pára. O edifício está faltando telhado, os ônibus não estão onde estavam quando os deixamos e há corpos por toda parte. Alguns estão cobertos de detritos, outros estão deitados nus pela calçada no chão repentinamente ensolarado como se estivessem apenas fora para um bronzeado. Eu devo ter desmaiado, porque eu não me lembro de nada além do beijo, daquele beijo do caralho, do compartilhamento único de ar que vai definir quem eu sou para o resto da minha vida miserável. — Naomi, — eu me esforço com os cotovelos e cerro os dentes contra a dor na minha coxa. É irrelevante agora. Eu não me importo. Eu não me importo com nada, além da minha única mulher. Minha única mulher. — Naomi? — Meu grito se torna uma pergunta quando rolo sobre ela. Ela se move devagar, puxada apenas pelos meus braços em seus ombros. Eu não vejo o peito em movimento. Eu não vejo isso. Eu não vejo, porra. Ela está morta. Ela está morta. — Naomi? — é isso, é isso, um soluço. Um gemido. — NAOMI! PORRA! Eu pego seu rosto, levanto a cabeça, toco em seu rosto. Sangue dribla para o lado de seu rosto e torna rosa o cabelo loiro, fere os lábios. Eu puxo seu peito para o meu ouvido e tento escutar. Não, não, não, não. Mas depois, lá está ele, um pulso fraco, um sussurro leve. Ela suga a respiração e geme. Eu choro como uma putinha. Eu não vou mentir. Eu berro como um bebê e volto para mais, a apertando contra mim, amaldiçoando seu nome sob a minha respiração. — Quer parar de gritar, — ela sussurra. — Quero dizer, apenas cale a boca. Minha cabeça dói. Eu não posso pensar direito. ~ 189 ~
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— Sua estúpida, puta fodida, o que diabos estava pensando? — Eu estava protegendo você, seu idiota. — Naomi tenta se sentar e geme, deixando cair seu corpo de volta contra o meu. Eu a abraço forte e envolvo meus braços em torno dela, enquanto faço o levantamento dos danos. É como uma porra de um apocalipse aqui. À distância, eu ouço sirenes, ambulâncias, provavelmente. O aviso de tornado parou, mas eu duvido que tinha outra alternativa. Aposto que aquele filho da puta foi dilacerado e rasgado, cuspido e comido vivo. Quem quer que seja que está por vir, espero que cheguem logo, porque eu não acho que nenhum de nós é capaz de se mover. Eu pressiono um beijo no cabelo de Naomi. — Você está vivo, — diz ela. — Você parece quase decepcionada, — eu sussurro, tentando manter a porra toda, dane-se a retórica. Eu não quero saber quantos desses corpos nunca vai se levantar de novo. Naomi não responde e esperamos enquanto as folhas deslizam em torno de nós. Gemidos são provenientes de vários lugares em todo o lote e vozes vem do outro lado da cerca de arame. Eu não viro e olho para eles. Eu mal posso me mover, caralho. E então eu me lembro. Merda. Dax. Eu me viro e tento olhar, tentando não deixar Naomi descobrir o que eu estou fazendo. Eu localizo sua bunda emo de imediato, deitado imóvel onde eu o vi pela última vez em pé. Deus-maldição-porra. Giro de volta ao redor e aperto a cabeça de Naomi contra meu peito. Ela não precisa disso agora. Eu continuo a minha atenção em mover minha mão pelo seu cabelo, agradável, suave e lento. Percebo a cabeça loira de Eric saindo de debaixo de um conjunto de caixas de papelão, enterrado lá como um vagabundo em um beco. Ele, infelizmente, não está tão imóvel quanto Dax. Eu posso ver seus dedos se contorcendo enquanto ele geme e rasteja para a frente, se esticando sobre os cotovelos. Atrás de mim, gritos ressoam e botas martelam o pavimento. Meu pescoço está me matando, mas eu fico nessa posição e vejo como alguns dos policiais e ajudantes de palco verificam os corpos. Naomi começa a cair no sono, mas eu dou uma sacudida suave e pressiono outro beijo em sua cabeça. Acho que ela tem uma concussão. Não há nenhuma maneira de eu deixar ela ficar fora agora. Não depois da confissão. Foi tão épica como a da porra tempestade e dez vezes mais inesperado.
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
— Eu também te amo, Naomi Knox, — eu digo a ela. — E vai ficar tudo bem. — eu olho para trás. Hayden está se inclinado sobre Dax com lágrimas em seu magro rosto. Ela verifica o pulso e eu espero com a respiração suspensa. Um, dois, três. Ela esfrega o nariz e se senta, puxando sua cabeça em seu colo. Leva apenas um momento para que alguns de seus colegas de banda a alcance. A partir de suas reações, posso dizer que Dax está bem. Eles estão preocupados, mas não arrasados. Bom sinal. Eu respiro um suspiro de alívio. Ele pode ser a porra de um rival, mas eu não quero vê-lo morto. Eu não quero nada em volta que possa machucar Naomi. — Ele está bem? — ela pergunta e eu paro. — Sim, — eu digo, quando olho para trás e levanto a mão para chamar a atenção de Ronnie. Ele chega até nós em uma corrida. — Dax está bem. — Eu sorrio. — Cadela sorrateira. Eu estava me segurando para proteger você daquela merda. — Os olhos castanho-alaranjados de Naomi piscam abertos. — Turner, nunca tente me proteger de sentir algo real. Não tente me proteger de tudo. — ela faz uma pausa e um pequeno sorriso belisca seu lábio sangrando. — A menos que seja tão estúpido e egoísta para pensar que você pode tomar um homem com uma arma sem ser baleado. Mais ou menos como aquilo. Eu sorrio e, em seguida, faço uma pausa. Meus lábios se transformam em uma carranca. — Que porra é essa? — Naomi torce apenas o suficiente para ver, estremecendo quando vê sua irmã adotiva, Katie, que está com seu vestido sujo e bolsa plástica. Ela está à beira do estacionamento, ao lado de um ônibus tombado. Ela não parece incomodada com a devastação. Ela nem mesmo vê. Sua bolsa cai no chão com um estrondo que soa alto demais para um plástico sobre o cimento, como se qualquer outra coisa estivesse caindo, também, como se sua a sanidade estivesse beijando o chão exatamente como ele. E então ela começa a correr, os pés descalços sussurrando através do lote enquanto ela se agita, se movendo de um jeito que eu nunca tinha visto um ser humano se mover - com graça e maldita violência entrelaçadas ao redor da nudez de sua alma. — Katie? — Naomi pergunta, mas sua irmã não olha para nós. Ela tem asas negras de anjo nas costas, guiando-a para a frente, trazendo pequenas lágrimas do céu na forma de chuva. Cai em nossos rostos enquanto assistimos. Ela derrapa até parar ao lado de Eric e se abaixa para pegar uma placa de madeira das suas costas. No início, eu acho que ela está malditamente ajudando o imbecil, que essa trama toda é ainda mais doente
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Get Bent (Hard Rock Roots #2) by C.M. Stunich
e torcida do que era antes, que ela tem uma incurável síndrome de Estocolmo. Eric não a vê, nem sequer olha para cima. Katie sussurra algo que ninguém pode ouvir, que é destinado exclusivamente para os ouvidos de Deus. Ou o Diabo. Sim, provavelmente para ele. E então ela derruba a placa. Naomi e eu nos encolhemos enquanto ela atinge Eric na cabeça e cai no peito de volta para a calçada. Ele choraminga e tenta se levantar, mas ela não terminou. Ela bate nele de novo. Ele cai pela segunda vez com um grito estrangulado. Há tanta coisa acontecendo que ninguém nos vê em primeiro lugar. E Katie continua. Ela tem um objetivo em mente e ninguém vai tirá-la disso. A placa cai. Eric grunhe. Mais uma vez. O crânio racha. — Você! Que porra você está fazendo? — A voz rouca atrás de nós não para Katie. Ela começa a bater com essa placa para baixo com um vigor renovado, salpicando seu rosto com sangue, absorvendo seu vestido com o spray. — Largue a porra da sua arma e coloque as mãos no ar! — Katie balança novamente e um tiro de aviso é disparado na quietude cinza acima de nossas cabeças. Ela deixa cair a madeira ao seu lado e olha para o buraco sangrento do crânio de Eric. Quando ela levanta as mãos acima da cabeça e cai de joelhos, lágrimas de alegria estão rolando pelo rosto. Eu prendo Naomi perto de mim e tento não pensar o que pensei que nós dois estamos sentindo. Lá se vai o problema. Isso resolve as coisas. É isso, não é? O resto dos pequenos detalhes. As perguntas não respondidas podem ser trabalhadas depois. A ameaça acabou, apagada com a violência e pequenas mãos de porcelana tão acostumadas ao abuso que podem deixar a inocência mais distante. Os policiais algemam Katie Rhineback e mantém as armas apontadas para sua forma minúscula. Um homem em uma camisa de Ice and Glass verifica o pulso. Ele balança a cabeça e franze os lábios. No meio do caos e da destruição, alguém gira o anel prateado do casamento de América em torno de seu dedo.
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