Economia Política das Indústrias Culturais: Comunicação, Audiovisual e Tecnologia

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Ficha técnica Título: Economia Política das Indústrias Culturais: comunicação audiovisual e tecnologia Organizadores: Valério Cruz Brittos e Andres Kalikoske Editora: Media XXI

Reservados todos os direitos de autor. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo electrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização da Editora e do Autor. Formalpress – Publicações e Marketing, Lda Sede: Praça Marquês de Pombal, n.º 70, 4000-390 Porto Filial: Rua Dr. Egas Moniz, nº 11, Loja A 2675-341 Odivelas 1.ª Edição - 2012 ISBN: 978-989-729-026-8 Depósito Legal:

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Economia Política das Indústrias Culturais: comunicação, audiovisual e tecnologia Organizadores

Valério Cruz Brittos Andres Kalikoske

Media XXI

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Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS) (Formação em fevereiro de 2012)

Coordenação Valério Cruz Brittos Pesquisadores Unisinos Aléxon Gabriel João Bruno Lima Rocha Giovanna Alvarenga Luiza Carravetta Paola Madeira Nazário Pesquisadores de outras instituições Augusto Sá Oliveira (UFBA) César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS) Gislene Moreira Gomes (FLACSO – México) Jacqueline Lima Dourado (UFPI) João Miguel (UEM – Moçambique) Luis Albornoz (UC3M – Espanha) Nadia Schneider (Sec. Estadual da Educação do RS) Sergio Augusto Soares Mattos (UFRB)

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Pós-doutorando João Martins Ladeira Doutorandos Andres Kalikoske Carine Prevedello Luciano Correia dos Santos Rosana Vieira de Souza Mestrandos Anderson dos Santos Luciano Gallas Naiá Giúdice Bolsistas de Iniciação Científica Dijair Brilhantes (Jornalismo) Éderson Pinheiro da Silva (Jornalismo) Jéssica Finger (Publicidade e Propaganda) Marta Reckziegel (Jornalismo) Mateus Gross (Relações Públicas) Preparação dos originais Andres Kalikoske Jéssica Finger

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Sumário

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Prefácio

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Introdução

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Comunicação e Cultura

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Capítulo 1 Morrer de êxito: a economia contra a cultura Enrique Bustamante

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Capítulo 2 Estatísticas e políticas culturais no Brasil César Bolaño e Luciane Azevedo

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Capítulo 3 Uma relação sempre polémica: a publicidade e a cultura Patrícia Corredor Lanas

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Capítulo 4 Sobre a reestruturação das indústrias culturais no entorno digital: o estudo de caso do audiovisual e da fonografia João Martins Ladeira e Leonardo De Marchi

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Mídia e democracia

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Capítulo 5 Audiovisual alternativo: televisão, conteúdo e democratização de conteúdos Valério Cruz Brittos, Bruno Lima Rocha, Ana Maria Oliveira Rosa e Maíra Bittencourt

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Capítulo 6 Políticas, modelos dos subsídios do Estado e impactos na mídia: o caso dos jornais e rádios regionais e locais em Portugal Paulo Faustino e Arons de Carvalho

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Capítulo 7 Convergências: políticas públicas de comunicação e educação e os avanços na era da digitalização Nádia Helena Schneider e Paola Madeira Nazário

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Capítulo 8 Que alternativo é esse? O discurso contra-hegemônico em pauta na TV dos Trabalhadores Eduardo Silveira de Menezes e Rafael Cavalcanti Barreto

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Capítulo 9 O primeiro século da radiodifusão na América Latina Gislene Moreira

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Capítulo 10 Regulação da radiodifusão: breve relato histórico da legislação no Brasil Luciano Gallas

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Audiovisual e convergência

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Capítulo 11 Interatividade na televisão: conceituação, desenvolvimento histórico e panorama na teledramaturgia brasileira Andres Kalikoske e Naiá Giúdice

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Capítulo 12 Audiovisual e acessibilidade na Espanha Francisco Utray

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Capítulo 13 Tecnologias digitais: o caso de Lauro de Freitas Sérgio Mattos

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Capítulo 14 Convergência tecnológica e PluriTV: um novo olhar sobre a televisão Alexon Gabriel João

315

Concorrência e telejornalismo

335

Capítulo 15 Globo vs. Record: como a disputa pelo Brasileirão acirrou a briga no oligopólio midiático nacional Anderson David G. dos Santos; Bruno Lima Rocha

337

Capítulo 16 O reposicionamento da Rede Globo no patamar digital: um breve resumo dos primeiros anos Luciano Correia dos Santos

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Capítulo 17 JN no ar: estudo do telejornalismo da TV Globo sob a ótica da Economia Política do Jornalismo Jacqueline Lima Dourado e Renan da Silva Marques

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Capítulo 18 Da pauta à colocação da matéria no ar: case Unisinos Luiza Carravetta e Maria Francisca Canovas de Moura

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Capítulo 19 Quem informa sobre a África? As fontes de informação predominantes nas notícias sobre a paz na África João Miguel e Manuel José Matola

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Introdução Em seus processos de produção, distribuição e consumo, as indústrias culturais contemporâneas empregam as lógicas do capitalismo. Da América Latina à Europa, líderes da indústria do entretenimento, como os Marinho, no Brasil, Silvio Berlusconi, na Itália ou Rupert Murdoch, nos Estados Unidos, fomentam um cenário de poucas companhias mundiais difundindo cultura para amplas audiências. Neste sentido, o setor audiovisual – e especialmente o sistema televisual, que ainda figura como a indústria cultural que possui maior alcance e representatividade entre as sociedades –, tem sido contemplado com investimentos abissais. Seu espólio, nas últimas três décadas do século XX, caracteriza-se pela desregulamentação, transnacionalização e oligopolização. Tais fatores impulsionaram seu desenvolvimento, mantendo o pleno funcionamento das engrenagens das indústrias culturais. Paralelamente, o incremento tecnológico e a digitalização possibilitaram que atores não-hegemônicos e organizações subalternas também conquistassem novos recintos, proliferando seus conteúdos comunitários e alternativos. O momento atual é paradigmático, uma vez que a cultura da convergência tem desafiado seu tradicional modelo de negócio. Novas lógicas fomentam um ambiente de crise conceitual, uma vez que o surgimento de novos espaços de difusão de conteúdos amplia a compreensão do que vem a ser televisão. Assim, o sistema se expande, na medida em que seus detentores continuam sendo os mesmos atores hegemônicos já estabelecidos neste mercado. A tradicional novela das

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nove brasileira, por exemplo, até então exclusivamente disponibilizada no antigo eletrodoméstico preto e quadrado, que mantinha o telespectador passivo e reunia famílias diante da mesa de jantar, ora pode ser consumida em computadores, celulares, smartphones, tablets e até mesmo em telas dispostas em espaços de circulação pública, como elevadores, shoppings e eventualmente outdoors digitais. O cenário está pulverizado, e se misturam múltiplas telas, dotadas de mobilidade e portabilidade, e locadas em lugares inusitados e nunca antes vistos. O fenômeno atinge diretamente a economia da televisão. Na publicidade, por um lado, os anunciantes passam a utilizar cada vez mais mídias digitais como canal de distribuição, o que, de certo modo, representa um pequeno avanço na desigualdade gerada pela grande mídia, ao permitir espaços de custo mais acessível para pequenas empresas. Mas isto não representa uma mudança no sistema, que segue tendo a mercantilização como seu mote. Neste interface de negócios do passado e serviços do futuro, a audiência se divide e o faturamento decresce enormemente nas mídias tradicionais. Apesar de sua enorme presença, a internet continua não sendo uma mídia rentável. Assim como os mercados fonográficos, que sobrevivem em meio ao desordenado intercâmbio de arquivos digitais, característico da internet, a televisão já identificou a necessidade de reestruturar seu tradicional modelo de financiamento. O contrário também ocorre, e os desenvolvedores de web correm atrás do tempo e dinheiro perdidos. Canais de acesso a audiovisuais como o Youtube são um exemplo desta nova televisão, que, ao mesmo tempo, representam um sucesso de audiência e um fracasso comercial. Recentemente, o site passou a incorporar publicidade nos audiovisuais disponibilizados. Diferentemente de seu passado inglório, quando não havia anunciantes, hoje oferece espaços dinâmicos diversos, tanto em sua página inicial como no rodapé dos audiovisuais em exibição. Ainda, tem firmado parcerias com gravadoras, clubes de futebol e produtoras de cinema, com a finalidade de transmitir espetáculos musicais, eventos esportivos e longas-metragens em alta definição. Seu sucesso está na cultura participativa, fomentada pelos usuários, e sua usabilidade, que utiliza palavras-chave para buscar (e encontrar) desde audiovisuais segmentados até o mais popular videoclipe norte-americano. O livro que o leitor tem em suas mãos representa o esforço dos

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pesquisadores do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS), do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCC) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em pesquisar e analisar tais questões. Desde sua fundação, em 2002, o Grupo de Pesquisa CEPOS tem reunido entre seus membros doutores, doutorandos, mestres, mestrandos, graduados, graduandos e agora até estudantes do ensino médio, graças à bolsa de iniciação científica com tal vocação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Assim, configura-se como um espaço plural e qualificado para o debate acadêmico, uma vez que é desenvolvido em articulação com outras importantes instituições do Brasil e do exterior. Conta hoje com membros não apenas do Brasil, mas também da Europa e da África, além de relação com universidades dos mais diversos países. Assim, os artigos deste livro são resultados de investigações acadêmicas, apresentadas no 6º Seminário de Pesquisa CEPOS, durante os dias 1 e 2 de dezembro de 2011, na Unisinos Porto Alegre (Escola de Design) e no campus da Unisinos, em São Leopoldo. A partir da macro-temática Economia Política das Indústrias Culturais: Comunicação, audiovisual e tecnologia, os membros do Grupo de Pesquisa CEPOS dedicaram-se a dissecar a cultura e suas correlações com as indústrias da comunicação. Consideraram o implemento de estratégias e novos modelos de negócio, a fim de conquistar a atenção das audiências, mobilizando recursos elevados. Neste bojo, os pesquisadores também compreendem a arte e suas particularidades, que, de fato, nem sempre se relacionam diretamente com o setor cultural, mas, como não poderia deixar de ser, têm caminhado em direção à essência capitalista. São pesquisas realizadas a partir da Economia Política da Comunicação (EPC), interdisciplina que aborda a realidade comunicacional, analisando o comportamento econômico-político dos meios e demais agentes intervenientes, notadamente o Estado, organismos de articulação social e outros produtores. Nos últimos anos, a EPC tem desfrutado de lugar privilegiado no campo da Comunicação, uma vez que pesquisadores de diferentes matrizes têm identificado seu poder analítico como alternativa para compreender os complexos processos do sistema midiático contemporâneo. Cabe ressaltar que as ações do Grupo de Pesquisa CEPOS con-

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tam com o apoio sistemático da Fundação Ford, cujos princípios e compromissos compartilhados têm garantido a continuidade da luta pela democratização das comunicações, desenvolvimento de políticas públicas, fomento de experiências audiovisuais alternativas e respeito à diversidade. Nesta sintonia, cabe registrar o comprometimento do assessor do programa de direitos humanos e liberdade de expressão no Brasil, Mauro Porto, tal como a ex-representante da entidade no país, Ana Toni. A participação preponderante da Fundação Ford foi fundamental para a viabilização tanto do 6º Seminário de Pesquisa CEPOS, totalmente gratuito e aberto à comunidade acadêmica, quanto a presente obra. Cabe ressaltar, ainda, os apoios a projetos específicos, com recursos recebidos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado Rio Grande do Sul (FAPERGS). No primeiro capítulo, Morrer de êxito: a economia contra a cultura, Enrique Bustamante problematiza os complexos rumos das indústrias culturais contemporâneas. O experiente pesquisador não se detém no resgatar do conceito de Adorno e Horkheimer, mas justifica seu renascimento e atualização, anos depois, dialogando e criticando com seus verdadeiros precursores. Bustamante considera que, a todo o momento, novos conceitos se expandem em escala global, sendo indiscriminadamente incorporados nos âmbitos da política, publicidade e da investigação acadêmica. Em alguns casos, prevalecem as mudanças tecnológicas, carecendo de visões críticas apuradas sobre os processos e fenômenos. Ainda, analisando como o capitalismo absorve as atividades de cultura e da comunicação em sua lógica, o autor clarifica as indústrias criativas, seu funcionamento econômico e a questão da convergência, enquanto estratégia que busca atingir a totalidade da produção digital e projetar novos negócios. Em Estatísticas e políticas culturais no Brasil, César Bolaño e Luciane Azevedo partem da trajetória que levou à construção do sistema brasileiro de informações culturais, tal como estabelecido no Governo Lula, para analisar os dados apresentados no Anuário de Estatísticas Culturais, de 2009. Enfatizam, na primeira parte, a importância desse tipo de informação para a construção das políticas públicas de cultura e, na segunda, o cuidado que se deve ter na análise da importância

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do setor cultural, na medida em que as estatísticas incluem uma série de indústrias (e as mais importantes estatisticamente) apenas indiretamente vinculadas ao campo da cultura. Ainda, Bolaño e Azevedo retomam o tema da concentração e das disparidades regionais em matéria de distribuição de recursos oficiais no campo da cultura. Os impactos da publicidade integrada nas redes digitais são analisados por Patrícia Corredor Lanas, em Uma relação sempre polémica: a publicidade e a cultura. A autora espanhola analisa como a publicidade, especialmente nas últimas décadas, se serviu das novas tecnologias para ampliar seu conceito e modificar sua relação com os consumidores. Ainda, recorre a exemplos para demonstrar como algumas inovações no plano criativo têm substituído os grandes orçamentos. Entre o empírico explorado por Lanas encontram-se modelos que têm favorecido anúncios personalizados e interativos, dotados de tecnologia, inovação e criatividade participativa. Em Sobre a reestruturação das indústrias culturais no entorno digital: o estudo de caso do audiovisual e da fonografia, João Martins Ladeira e Leonardo De Marchi analisam os supostos novos modelos de negócios, em ascensão graças à presença massiva da internet e das emergentes plataformas de comunicação. Contudo, os autores compreendem que a noção de novidade se apresenta inválida, uma vez que os novos negócios dependerem de grandes corporações e dos velhos direitos autorais para seu funcionamento e rendimento plenos. Focalizando o empírico, Ladeira e Marchi discutem as estratégias das empresas iTunes-Apple TV, iMusica, Spotify, Netflix, entre outras. Em Audiovisual alternativo: televisão, conteúdo e democratização de conteúdos, Valério Cruz Brittos, Bruno Lima Rocha, Ana Maria Oliveira Rosa e Maíra Bittencourt analisam o primeiro ano do projeto audiovisual “Convergência digital: ações com horizonte nas tecnologias e conteúdos de informação e comunicação”, que segue sendo realizado pelos integrantes do Grupo de Pesquisa CEPOS. Os autores investigam a relação estabelecida entre a comunidade de um bairro metropolitano e diversas mídias, especialmente as audiovisuais digitais. Como proposta, discutem o audiovisual alternativo e apresentam seus processos para essa população, fazendo-os emergir de audiência para produtores de conteúdo. Os impactos decorrentes da concessão de apoios públicos às mídias,

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particularmente à imprensa regional e às rádios locais são analisados em Políticas, modelos dos subsídios do Estado e impactos na mídia: o caso dos jornais e rádios regionais e locais em Portugal, por Paulo Faustino e Arons de Carvalho. A conjetura portuguesa é avaliada no contexto internacional, tendo em conta as tendências dos modelos europeus. Para além de uma revisão de literatura sobre as problemáticas das políticas públicas para o sector da mídia, este estudo consagra um conjunto complementar de informação, incluindo uma intensa recolha de dados empíricos sobre os impactos dos incentivos na performance das empresas, qualidade do produto, competitividade do mercado e pluralismo de vozes no contexto da informação de âmbito regional e local, baseando-se num estudo de caso sobre o modelo Português. Em Convergências: políticas públicas de comunicação e educação e os avanços na era da digitalização, Nádia Helena Schneider e Paola Madeira Nazário relatam sua pesquisa empírica projetada teórica e metodologicamente a partir da EPC e sua interface com a Educação. O trabalho analisa questões como os hábitos e a apropriação das mídias pela audiência infantil e as possibilidades de favorecimento, fortalecimento e qualificação educacional e cidadã através das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no sistema formal de ensino no município de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul. Ao narrar a experiência audiovisual da TV dos Trabalhadores (TVT), em Que alternativo é esse? O discurso contra-hegemônico em pauta na TV dos Trabalhadores, Eduardo Silveira de Menezes e Rafael Cavalcanti Barreto investigam o espaço disponibilizado ao conteúdo contra-hegemônico nos canais de comunicação classistas. Para problematizar o caso, analisam as especificidades do que denominam padrão tecno-estético alternativo. Menezes e Barreto realizam apontamentos em relação ao jornalismo colaborativo presente na emissora, partindo da hipótese de que tal prática pode colaborar para inserir as demandas de segmentos marginalizados pela mídia hegemônica na agenda política nacional. Em O primeiro século da radiodifusão na América Latina, Gislene Moreira resgata os processos pioneiros de estruturação das leis da radiodifusão na América Latina. A idéia é revisar a memória dos principais eventos e de seus protagonistas, abordando a acomodação normativa dos meios eletrônicos, as relações de poder entre Estado e

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mercado e os atores historicamente excluídos da propriedade da radiodifusão. A partir da EPC, a pesquisadora realiza uma análise histórico-comparativa que busca contribuir para uma avaliação mais aprofundada dos desafios e possibilidades no âmbito das disputas por novas leis de comunicação. Em Regulação da radiodifusão: breve relato histórico da legislação no Brasil, o pesquisador Luciano Gallas recupera a legislação regulatória das comunicações no país, tendo como foco principal as normas dirigidas à radiodifusão – transmissão de sinal sonoro e audiovisual por ondas terrestres, com livre recepção. Sua pesquisa consiste no levantamento dos primeiros documentos regulatórios das tecnologias de comunicação até a legislação atual, construindo assim uma linha reflexiva que compreenda e questione os movimentos presentes em cada norma legal. Neste sentido, o autor debate sobre o uso e as possibilidades das comunicações em momentos como o de crise internacional do sistema de produção capitalista. Os processos interativos da indústria da televisão, seu desenvolvimento e desencadeamentos a partir da digitalização são analisados em Interatividade na televisão: conceituação, desenvolvimento histórico e panorama na teledramaturgia brasileira. Para tanto, Andres Kalikoske e Naiá Giúdice recuperam a gênese do conceito de interatividade e identificam dois diferentes momentos da tecnologia na TV: o primeiro diz respeito à tecnologia analógica, que historicamente contou com dispositivos eletrônicos alheios ao televisor para desempenhar interações com sua audiência; o segundo compreende o televisor como um mediador de aplicativos interativos, disponibilizados através do sinal digital. Paralelamente aos dois processos, o estudo apresenta um diagnóstico sobre a interatividade presente na teledramaturgia brasileira, considerando não somente os conteúdos disponibilizados na TV, mas também os específicos para as mídias digitais. Os princípios e usos da acessibilidade universal e do direito de acesso à informação por pessoas com deficiência conduzem o artigo Audiovisual e acessibilidade na Espanha, de Francisco Utray. O pesquisador espanhol propõe a problemática da acessibilidade audiovisual para referir-se à condição que os meios de comunicação audiovisual, sistemas de recepção e conteúdos devem cumprir para serem compreensíveis e utilizáveis por todas as audiências, independentemente de suas

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capacidades sensoriais e físicas. Utray analisa os diferentes cenários da comunicação audiovisual que requerem soluções para a acessibilidade e apresenta iniciativas que foram aplicadas com sucesso na Espanha. O desenvolvimento e a democratização das tecnologias digitais é o centro da discussão de Sérgio Mattos, no artigo Tecnologias digitais: o caso de Lauro de Freitas. O experiente pesquisador realiza um estudo de caso sobre este pequeno município baiano, que se sobressai entre os demais justamente pela situação de avanço tecnológico no qual se encontra. Ademais, Mattos também discute, a partir das evidências apresentadas, se Lauro de Freitas tem sofrido isolamento comunicacional televisivo, ou se sua população possui melhores oportunidades de acesso a informações referentes às suas realidades. As transformações no campo do audiovisual, a partir do conceito de PluriTV, são exploradas por Alexon Gabriel João, no artigo Convergência tecnológica e PluriTV: um novo olhar sobre a televisão. O autor considera que as possibilidades advindas com a digitalização da televisão e sua convergência têm favorecido a entrada de novos agentes e investidores em sua indústria, representando um rearranjo na cadeia produtiva do setor. Nesse sentido, João analisa o cruzamento das mídias digitais e suas inovações, a partir de aspectos técnicos, políticos, socioculturais e mercadológicos. São discutidas, especificamente, as interfaces entre disputa por audiências, consolidação de um novo mercado publicitário e reordenação do tradicional modelo de negócio. A concorrência no mercado brasileiro de televisão é abordada em Globo x Record: como a disputa pelo Brasileirão acirrou a briga no oligopólio midiático nacional. Anderson David G. dos Santos e Bruno Lima Rocha apresentam a relação – cada vez mais conflituosa – entre as duas emissoras, através de um histórico de disputas em torno dos direitos de transmissão de eventos esportivos, cujo momento chave é a disputa pelo Campeonato Brasileiro de Futebol, em suas edições de 2012 a 2014. Os autores buscam comprovar a existência de divergências nos processos de licitação pelos principais torneios esportivos do mundo, evidenciando a influência e poder de certas emissoras em relação a outras. No artigo O reposicionamento da Rede Globo no patamar digital: um breve resumo dos primeiros anos, Luciano Correia dos Santos investiga as estratégias da Rede Globo frente ao processo de digitali-

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zação. Para tanto, o pesquisador analisa como os novos sistemas de armazenamento e transporte, as janelas da televisão digital terrestre (TDT) e da TV paga, as novas mídias e a crescente segmentação do consumo concorrem para compreender o processo de comercialização dos produtos audiovisuais, atravessados por novas lógicas econômicas. A grade de programação da Rede Globo é analisada a partir do dia 2 de dezembro de 2007, data da instalação oficial da TDT no Brasil, até os meses finais de 2011. Em JN no ar: estudo do telejornalismo da TV Globo sob a ótica da Economia Política do Jornalismo, Jacqueline Lima Dourado e Renan da Silva Marques investigam os processos de produção, distribuição e consumo do Jornal Nacional, partindo de uma compreensão específica que denominam de Economia Política do Jornalismo. Os autores procuram compreender as estratégias do principal noticioso do país perante a nova configuração capitalista das indústrias culturais. Nesta direção, revisam especialmente os trabalhos de César Bolaño, Sérgio Mattos e Valério Brittos, teóricos da Comunicação, como subsídios para analisar o projeto JN no ar, uma espécie de “blitz” jornalística, implementada durante a cobertura das eleições brasileiras no ano de 2010. O fazer televisivo e a experiência das autoras em sala de aula é o foco do artigo Da pauta à colocação da matéria no ar: case Unisinos, de Luiza Carravetta e Maria Francisca Canovas de Moura. A partir de experimentos realizados com graduandos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, as autoras ampliam a discussão sobre a linguagem audiovisual, desde suas técnicas até as diferentes construções narrativas. Para tanto, Carravetta e Moura realizam uma detalhada descrição do laboratório audiovisual, considerando o todo necessário para o fazer televisivo: seu aparato tecnológico, estrutura organizacional e proposta metodológica. Fechando o livro, no artigo Quem informa sobre a África? As fontes de informação predominantes nas notícias sobre a paz na África, João Miguel e Manuel José Matola analisam a atual tendência do fluxo de informação entre o norte-sul africano, especialmente durante os últimos 30 anos. Levando em consideração as recomendações do Relatório MacBride, referentes à Nova Ordem Mundial de Informação e Comunicação (NOMIC) – cujo objetivo era o estabelecimento de

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equilíbrio entre o Ocidente e os países em via de desenvolvimento –, os autores discutem a hipótese de que, apesar das tentativas de mudança, a tendência jornalística no país ainda é estacionária, valendo-se de um elevado número de fontes ocidentais para noticiar sobre a questão da paz na África.

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1 Professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), coordenador do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade – CEPOS (apoiado pela Ford Foundation), doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, pela Faculdade de Comunicação (FACOM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), vice-presidente da Unión Latina de Economía Política de la Información, la Comunicación y la Cultura (ULEPICC-Federación) e diretor administrativo da Confederação Ibero-Americana das Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação (Confibercom). Contato: <val.bri@terra.com.br>. 2 Doutorando em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), onde é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo e mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos. É membro do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS) e coordenador do Núcleo de Análise da Teledramaturgia (NAT). Contato: <kalikoske@hotmail.com>.

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