Imagem, Património e Sustentabilidade dos Destinos Turísticos

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Ficha técnica Título: Imagem, Património e Sustentabilidade dos Destinos Turísticos Coordenação: Cátia Malheiros, Inês Brasão e Francisco Dias Editora: Media XXI

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Estudos Sobre Turismo (Comunicações apresentadas ao Congresso Internacional de Tu

Imagem, Património e Sustentabilidade dos Destinos Turísticos Coordenação de Cátia Malheiros, Inês Brasão e Francisco Dias Gitur - Instituto Politécnico de Leiria

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Índice Nota de abertura Cátia Malheiros, Inês Brasão e Francisco Dias

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Turismo e Dança Folclórica em Portugal: Que Futuro? Cláudia Henriques, Maria João Custódio

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A relação entre folclore e turismo é de uma complexidade assinalável, pelo que estudá-la constitui um desafio. Na impossibilidade de considerarmos todos os contornos da relação em questão, foi preocupação fundamental reflectir teoricamente sobre o que é o folclore, e como se circunscreve nos processos de mercantilização e/ou turistificação da cultura. Foi também nosso objectivo reflectir sobre a dança folclórica/tradicional, enquanto componente específica do folclore, e respectivo aproveitamento turístico, contextualizando o fenómeno no âmbito da autenticidade/inautenticidade das experiências turístico-culturais.

Museus, Turismo e Território Alexandra Gonçalves

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As atracções culturais estão a tornar-se componentes principais dos destinos turísticos. No entanto, a relação entre o turismo e os locais patrimoniais e, neste caso, com os museus, possui alguns pontos de conflito.O planeamento e a gestão contemporânea têm a responsabilidade de incluir 7

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o turista como um visitante importante da atracção cultural para que os benefícios potenciais possam ser maximizados e o visitante possa ser satisfeito. As funções tradicionais do património cultural estão a ser reinventadas e, hoje, os visitantes esperam experimentar o património. Os museus e outras atracções culturais devem tornar-se atracções turísticas e poderão assim evitar a possibilidade de ocorrerem impactos negativos resultantes da interacção com o turismo. Os riscos e as formas de ultrapassar os impactos potenciais são também referidos.

A necessidade do trabalho em rede no desenvolvimento turístico das regiões: o modelo das Aldeias de Xisto. Ivânia Monteiro, Eugénia Deville

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Na actividade turística, a multiplicidade de actores que interagem a diversas escalas torna difícil a tarefa de coordenação e de partenariado, em particular para as áreas rurais em desenvolvimento. O trabalho em rede assume, neste contexto, um papel primordial. Neste artigo, analisamos as implicações do trabalho em rede no turismo e a importância que esta dinâmica pode ter no destino, esclarecendo e desmistificando a importância do conceito recorrendo ao Programa e Rede das Aldeias do Xisto (PAX e RAX). Procura-se enquadrar o fenómeno turístico e as vantagens do trabalho em rede, tendo em conta os benefícios e constrangimentos que esta actividade pode trazer para as populações locais.

Os desafios regionais de inovação em regiões periféricas - dos sistemas regionais à aplicação ao Turismo George Ramos, Domingos Santos

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Este artigo procura analisar a relação entre a dinâmica empresarial na indústria turística, as teorias de inovação a nível regional e os desafios que se colocam neste quadro geral. Uma atenção particular será prestada às características empresariais e institucionais em áreas periféricas cuja mais valia é a dotação de vantagens comparativas no turismo. A promoção de sistemas regionais de inovação aplicados ao turismo numa base territorial e no que diz respeito a áreas periféricas parece ser uma estratégia fundamental e coerente para enfrentar os grandes desafios de desenvolvimento 8

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actuais, uma vez que a competitividade e sustentabilidade a longo prazo tem menos que ver com a relação custo-eficiência e mais que ver com a capacidade empresarial e institucional para inovar, isto é, para melhorar as condições base de conhecimento.

A competição inter-comunitária como factor de sus­tentabilidade e de diferenciação da oferta turística – o caso do parque nacional da Peneda Gerês Sérgio Araújo

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A competição inter-comunitária levada a efeito pelas comunidades locais através das suas tradições, tal como observamos em Montalegre, no Parque Nacional da Peneda – Gerês, pode emergir como um factor determinante para a implementação de ofertas turísticas sustentáveis, envolvendo as comunidades e contribuindo decisivamente para o seu desenvolvimento económico. A assumpção do Poder da Identidade (Castells, 1999) pode ser observado nestas comunidades, sendo posteriormente materializado pelas ferramentas inerentes aos processos da Globalização. Neste contexto, o envolvimento local surge como um factor-chave para a afirmação da identidade natural e cultural autóctone. O isolamento de algumas comunidades, geralmente considerado como um factor negativo (por mais paradoxal que possa parecer) favorece, em determinadas condições, a participação em torno dos seus valores naturais e culturais, incentivando e promovendo o surgimento de rivalidades e consequentes competições inter-comunitárias.

Aplicação de um modelo conceptual para o estudo de um produto turístico estratégico. O caso do turismo residencial. Cláudia Almeida, Ana Ferreira, Carlos Costa

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Analisar um novo produto turístico é um dos grandes desafios de empresários e académicos que, por via de recolha de dados, tentam conhecer de perto a realidade associada ao produto em causa.As grandes alterações associadas ao mercado turístico têm incutido um grau de complexidade nesta tarefa, pelo que importa avaliar de forma correcta e integrada um produto, analisar as suas características sob diferentes pontos de vista e, acima de tudo, aferir as tendências actuais e futuras que lhe estão inerentes. 9

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Este artigo apresenta a Matriz EGIC. Este modelo é flexível e facilmente adaptado a diferentes produtos turísticos como, por exemplo, o turismo residencial, um dos produtos turísticos estratégicos apontados pelo Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT) em 2007, e que apresenta áreas de grande desconhecimento, nomeadamente na questão da análise da procura e da oferta associada.

Ecoturismo em Cantanhez, Guiné-Bissau - Um Longo Caminho Rumo à Sustentabilidade. Fernanda Oliveira, Filipe Silva

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Nas últimas décadas, a comunidade científica e diversas organizações internacionais têm fornecido um leque de orientações visando o desenvolvimento de um turismo mais sustentável. A utilização responsável dos recursos naturais e culturais ou a participação das comunidades locais - com o envolvimento dos diferentes actores no processo de desenvolvimento - são aspectos indissociáveis do conceito de sustentabilidade. Contudo, quando se parte para a sua operacionalização, constata-se que este é um processo muito lento, com múltiplos aspectos que têm de ser considerados, principalmente se se tratar de regiões subdesenvolvidas. O âmbito deste artigo recai precisamente numa dessas regiões – o Parque Nacional de Cantanhez, na Guiné-Bissau. Aqui, se por um lado os recursos naturais e culturais são verdadeiras “jóias”, que potenciam as vertentes mais ambientais do turismo, por outro, os problemas estruturais (e conjunturais) poderão constituir um verdadeiro desafio a qualquer tipo de iniciativa.

Readability analysis of the information related to H1N1 virus aimed to tourists Áurea Rodrigues, Miguel Valério, Patrícia Silva

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The perceived risks by a tourist are a decisive factor in the rejection of a destination even during the period of planning a trip, and even with a positive image the risks can “speak louder”. These risks could be divided in three groups: terrorism, health and socio-cultural. The Internet is one of the biggest ways of information, and is assuming an important and relevant role in the dissemination of information. This study pretends to analyze the 10

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adequability of the information available in the web sites of international organizations about H1N1 to tourists that use the English language to seek information, by the application of readability formulas. These formulas are a methodology that allows evaluating the necessary school years to fully understanding of the text.

Tendências recentes do clima e o seu impacte na região de turismo do Oeste. João Vasconcelos, Verónica Oliveira, Roberto Gamboa

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O clima desempenha um papel importante no turismo em diversos aspectos: pode agir como um factor de localização para novas áreas turísticas; pode influenciar a sua sazonalidade, pode também condicionar o funcionamento das infra-estruturas e ainda afectar o conforto e o bem-estar dos turistas. Apesar da sua importância, o impacte das alterações climáticas no turismo só muito recentemente tem vindo a ser analisado, recorrendo a cenários simulados a longo prazo e índices de conforto climático. É possível, no entanto, analisar as tendências recentes do clima e tentar estimar o seu impacte no turismo a um prazo mais reduzido.

A importância da contribuição das infra-estruturas turísticas para o aumento da procura nos destinos de natureza e fixação das populações locais. Mário Carvalho

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Os destinos turísticos têm vindo a sofrer uma crescente e competitiva concorrência decorrente não só da oferta de múltiplos e variados produtos, alguns muito semelhantes entre si, como também do facto de os turistas possuírem informações constantemente actualizadas (on-line). As oportunidades criadas pelas companhias de Low-Cost vieram, por outro lado, alterar o paradigma dos destinos. O estabelecimento de novas rotas e preços competitivos veio trazer para os mercados novos destinos, obrigando a uma reorganização da indústria. Pretendemos identificar as variáveis que concorrem e influenciam os turistas na escolha dos destinos. Entendeu-se ser de extrema importância compreender e identificar o que a Região Turismo da Serra da Estrela (RTSE) poderia oferecer numa plataforma de autenticidade e expe11

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riências vividas de forma a posicionar a RTSE num patamar de elevada diferenciação face à concorrência.

Anexos

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Nota de Apresentação Este livro reúne um conjunto de artigos que reflectem diferentes olhares sobre o turismo. O nosso maior desígnio foi o de pretender contribuir para o princípio da circulação entre investigação e formação, uma vez que o campo académico português só muito recentemente incrementou dinâmicas de publicação que sirvam os interesses de especialistas e formandos nesta área. Os artigos tiveram como embrião a realização do Congresso Internacional promovido pelo Instituto Politécnico de Leiria (Citurismo) – entre os anos de 2007 e 2009. A selecção dos artigos foi limitada por um conjunto de factores. Entre estes, o maior condicionante foi o facto de uma parte das comunicações apresentadas ter sido apenas disponibilizada na forma de um resumo pelos seus autores (deixando de lado contributos como os de Richard Butler ou Jorge Umbelino). A estrutura do livro foi inicialmente pensada com base nas linhas de investigação criadas pelo GITUR (Grupo de Investigação em Turismo do Instituto Politécnico de Leiria). No entanto, verificou-se que tal não seria possível pelo facto de não criar o equilíbrio necessário à organização do volume. Assim, o índice segue uma ordem cronológica de apresentação nos vários congressos, e não uma ordem temática. Mas queremos realçar, antes de uma breve apresentação crítica de cada um dos estudos, que uma das mais-valias desta obra consiste exactamente no facto de a quase totalidade dos estudos se reportar a abordagens específicas do Turismo na sociedade portuguesa. 13

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Abrindo o livro, o estudo de Cláudia Henriques e Maria João Custódio coloca o problema do triângulo entre turismo, cultura e economia. Em Portugal, este problema é de enorme premência. Até há bem pouco tempo, os diferentes aspectos imateriais da cultura não eram vistos como bens consumíveis, integrados em lógicas de consumo de massas. O folclore, de que o artigo trata, perdeu grande visibilidade e impacto cultural no período pós-25 de Abril, pela associação com o regime ideológico que o promoveu. A este propósito, seria interessante estabelecer uma comparação entre o produto “dança folclórica” e o produto “fado”. Apesar de terem sofrido de um mesmo estigma no período pós-revolucionário, e de a apetência pelos agentes culturais ter passado por uma espécie de luto colectivo [o fado estava incluído na trilogia que se tornou célebre para sincretizar os aspectos simbólicos do regime de Salazar], o fado tem vindo a ser integrado nos conteúdos promocionais do país. O estudo de Cláudia Henrique e Maria João Custódio faz luz sobre uma certa contradição que paira em torno desta faceta da cultura popular; por um lado, é reconhecido o valor simbólico do folclore e a necessidade de usar este veículo para permitir a reconstituição das “raízes” enquanto, ao mesmo tempo, a população estudantil que foi submetida a um questionário sobre a sua relação com as danças se demarcou largamente das danças tradicionais portuguesas e do seu significado social e cultural. O artigo de Alexandra Gonçalves pode ser inserido numa problemática semelhante, uma vez que aflora aquele que é, mais uma vez, uma enorme tensão entre 2 pólos: por um lado, a necessidade de gestão do património e, por outro lado, o imperativo de preservação de todos os espólios ao abrigo de quaisquer projectos de comercialização invasiva que transformem o museu num “supermercado do objecto patrimonial”. Ouvindo os agentes que dirigem museus em Portugal, nomeadamente aqueles situados no barlavento algarvio parece, apesar de tudo, consensual, que é possível captar novos públicos e transformar os espaços museológicos em realidades mais vivas e dinâmicas. Este artigo é bem suportado por um conjunto de metodologias de controlo da informação produzida como o recurso a estatísticas oficiais de visitantes, estudos de públicos, a aplicação de um questionário técnico e o método da observação participante, ajudando assim a responder à desafiante questão que se relaciona com o poder de atracção turística que o museu, de per si, pode desempenhar. 14

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O estudo do caso das aldeias do Xisto, dirigido por Ivânia Monteiro e Eugénia Deville, pretende demonstrar que as próprias características da actividade turística obrigam a uma forte interligação entre os agentes que nela actuam (directa ou indirectamente), em redes de cooperação. Esta estratégia de desenvolvimento do potencial turístico ganha ainda maior relevância quando se trata de regiões de pequena dimensão com características rurais e que enfrentam algumas ameaças ao seu desenvolvimento. O artigo demonstra a importância e o sucesso da definição de estratégias adaptadas à realidade de cada destino/local no domínio do turismo, pelo facto de este sistema ser dinâmico e complexo. Este caso estabelece-se como um projecto inovador e bem sucedido no domínio do turismo sustentável, o qual deu origem à criação de uma marca consistente. O artigo de George Ramos e Domingos Santos ensaia um modelo a partir do qual se poderão articular dinâmicas regionais no sector turístico a partir das teorias da inovação. Os autores partem de um conjunto de ideias ligadas à gestão da inovação e de produção que podem ser encarados como meios preferidos para a recriação de oportunidades, nomeadamente no sector turístico. Assim, mais do que olhar para os chamados custos da globalização, salienta-se o papel de dinâmicas empresariais estimuladas a nível regional e local que se podem tornar realmente competitivas. Salienta-se, neste sentido, as estratégias bottom-up, e o papel das relações tácticas, informais e de cooperação entre agentes de menor dimensão com capacidade de potenciar aquilo que é específico de um determinado território. Ora, precisamente, no turismo, agarrar esta oportunidade torna-se crucial. Tal como referem os autores, temos assistido a uma modificação do comportamento do consumidor assente em conjunturas que reforçam estratégias a vários níveis: contenção da propensão à realização de despesas turísticas, maior sensibilidade para um consumismo “verde” e adesão a oportunidades que se revêem em projectos de regulamentação ambiental. Esta mudança no comportamento do consumidor é ajustada àquilo que o Plano estratégico Nacional de Turismo (PENT) define, estimulando um turismo short-break ou de negócios e eventos que ponha em jogo a exploração de mais valias locais, tanto de um ponto de vista cultural, como social e económico. O contributo do artigo de Sérgio Araújo reforça esta estratégia mas, desta feita, suportada num estudo de caso localizado nas terras do Barroso. 15

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O autor consegue demonstrar uma interessantíssima estratégia de sobrevivência da economia local que soube recolher em aspectos ancestrais da sua cultura uma atractividade hoje reconhecida a nível nacional com enfoque em dois aspectos essenciais. Por um lado, através do papel que as “chegas de bois” desempenham numa salutar rivalidade entre comunidades. Por outro, pela promoção da Feira do Fumeiro que, progressivamente, se tornou um evento inscrito no calendário das principais feiras gastronómicas portuguesas, apesar da sua localização periférica e raiana. Tal como o autor refere, o isolamento destas gentes levou a que o barrosão estimulasse formas de interacção cultural, mostrando-se através de uma oferta turística sedutora: o campo da gastronomia. Nessa feira são dados a conhecer aspectos intersticiais das formas salutares de rivalidade, como é o caso da exposição de “presuntos gigantes”. Numa espiral de desenvolvimento que progressivamente tem vindo a ser desenvolvida, estes primeiros fenómenos turísticos vieram a desembocar noutros outputs: imaginação de um eco-museu, criação de emprego e aumento dos níveis de confiança das comunidades envolvidas. Fica assim demonstrado como a “globalização” resulta, afinal, paradoxalmente, na valorização crescente das especificidades. A problemática da gestão do conhecimento aplicada ao turismo residencial, no artigo de Cláudia Almeida, Ana Ferreira e Carlos Costa, revela ser uma questão pertinente considerando que o Turismo Residencial é, por um lado, um produto definido como estratégico no PENT (2007) mas, por outro lado, e apesar da sua dimensão, representa uma área na qual ainda existe pouca investigação. A gestão do conhecimento representa, por sua vez, um tema bastante actual que é apontado neste artigo como um factor de sucesso para as empresas turísticas tornando-as mais competitivas e flexíveis, principalmente no caso das pequenas e médias empresas. Este artigo evidencia a necessidade e o interesse de se fomentarem relações entre o tecido empresarial e o meio académico e para tal, apresenta um modelo conceptual de gestão do conhecimento (que passa pela inventariação, captação, codificação e transferência do conhecimento) para analisar o segmento de mercado do turismo residencial no Algarve. A importância do conhecimento, a sua passagem para o tecido local e empresarial, e as parcerias são temas também no trabalho de Fernanda Oliveira e Filipe Silva que participaram num projecto de desenvolvimento assente no Ecoturismo na Guiné-Bissau. Estes dois docentes do IPL partici16

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param neste projecto na vertente da formação (ecoturismo e gestão hoteleira). A primeira etapa consistiu essencialmente em identificar as necessidades de formação e definir áreas prioritárias de desenvolvimento. Com um forte potencial de desenvolvimento nesta Região, o Ecoturismo pode trazer a esta região o equilíbrio necessário entre o desenvolvimento turístico, que implica a criação de produtos turísticos atraentes e que satisfaçam os turistas através de uma experiência, e a protecção e preservação do ambiente e do bem-estar das populações locais que representa a condição para o desenvolvimento deste projecto. As barreiras ainda existentes são também evidenciadas. Neste estudo sobre o desenvolvimento turístico em Cantanhez, questões relacionadas com a autenticidade também se colocam. Mas sobretudo, um aspecto nem sempre prioritário nos estudos sobre turismo. Isto é, os impactos nas comunidades residentes – sobretudo em países em vias de desenvolvimento – da acção dos agentes turísticos, e a possibilidade de desmantelarem não apenas os aspectos da cultura material como também do capital humano. No caso do artigo que analisa o tratamento informativo dado à epidemia de gripe H1N1, consideramo-lo de grande interesse, apesar do seu pendor exploratório, para pensar até que ponto a difusão da informação não poderá ter, também, impactos negativos sobre os destinos. Essa difusão da informação acerca do risco percebido que envolve o contacto com determinados destinos é não apenas estimulada por crescentes fenómenos de globalização das tecnologias da comunicação como, também, através da passagem de informação por vias tradicionais como o “boca a boca” e o papel dos sites da internet na promoção dos destinos. Neste estudo, é usado um modelo de leiturabilidade que tem por objectivo calcular os anos de escolaridade necessários para a compreensão plena dum documento escrito. É a partir desse modelo que se perspectiva a dificuldade da informação sobre riscos publicitada e a capacidade de um potencial turista a descodificar. Por sua vez, o trabalho de João Vasconcelos, Verónica Oliveira e Roberto Gamboa está ligado aos temas do turismo e do ambiente, abordando a questão das alterações climáticas evidenciando, uma vez mais, a reciprocidade desta relação, e o delicado equilíbrio entre turismo e ambiente, numa perspectiva menos usual talvez, uma vez que analisa e mede o impacto dessas alterações na actividade turística. Este estudo foi desenvolvido na Região de Turismo do Oeste (RTO), região com forte aposta no turismo. 17

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Utilizam para isso, um índice de conforto aplicado ao turismo que combina vários factores desde da temperatura à duração do dia, passando pela precipitação, entre outros. O artigo aponta conclusões positivas para a RTO que viu o seu índice médio de conforto passar para o estado de “excelente” para “ideal” no período em análise (1980 a 2006). No entanto, os autores ressalvam os efeitos negativos das alterações climáticas apontando para o aumento dos fenómenos meteorológicos extremos que podem ter resultados devastadores, como se tem vindo a verificar noutros destinos. Encerrando o livro, o trabalho de Mário Carvalho propõe, no âmbito do marketing, um estudo que pretende perceber a influência das infra-estruturas turísticas no aumento da procura nos destinos de natureza e mais particularmente nos desportos de aventura de montanha. São ainda analisados os factores que mais pesam na escolha do destino turístico. Desenvolver o perfil dos consumidores analisando as suas escolhas e o processo de decisão de compra é fundamental para ajudar as empresas a adaptar as suas estratégias às necessidades e preferências dos seus clientes e potenciais clientes, o mesmo se verifica para os destinos turísticos e agentes que nele actuam. Melhor conhecer o mercado onde se actua permite responder às necessidades e preferências dos vários agentes de forma mais acertada e garantir assim o sucesso da actividade. Cátia Malheiros Inês Brasão

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