Cartel como decisão Glaucia Nagem*
“Vamos. Reúnam-se vários, grudem-se o tempo necessário para fazer alguma coisa, e depois dissolvam-se para fazer outra coisa”(LACAN, 1980).
Como um dispositivo de Escola o cartel coloca de saída o rompimento como base. Cartel, um montinho de gente, sem um líder, cada um trabalhando um tema próprio apesar de ter um nortea-dor. Ideal de uma Escola que apesar de ter sido proposta no início dos anos 60 se mostra atual a cada vez que nos juntamos para trabalhar em cartel. Poderia ficar algo ‘demodé’ mas o que ele traz é sempre uma decisão. Parece que cada vez mais é do desejo decidido que o cartel nos dá notícias. Algo que só se faz possível quando um sujeito é posto a trabalhar em sua divisão, às voltas com o que é da castração. Nisso o final da análise, se uma análise chegar até ai, nos mostra que a castração está para cada um dos que nos rodeiam, impedindo que façamos um todo, um bolo. Pois quando estamos andando em massa desnorteada nos tornamos rebanho, direto para o matadouro. As últimas manifestações nos fazem pensar nisso: a massa norteada e a massa desnorteada. Vimos às claras e depois de tudo, o que se pode avançar é a necessidade de que não se perder a direção. Mas qual direção se trata lá e cá? E como não perder a direção? Talvez voltando aos princípios. *
Membro da IF-‐EPFCL-‐ Fórum SP