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Tanto Mar Diário de bordo da academia do mar
Semana Tanto Mar
O ansiado regresso!
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A mais antiga das Academias Forum Estudante regressou à sua modalidade presencial, entre 31 de agosto e 4 de setembro. Na sua 11ª edição, esta academia promovida pela Forum Estudante com a Câmara Municipal de Peniche e o Politécnico de Leiria levou 20 estudantes do ensino secundário e profissional a conhecer as riquezas do mar, em todas as suas vertentes. Sabe tudo sobre estes cinco dias de aprendizagem e novas amizades.
Por Rúben de Matos
Dia #1
O regresso dos regressos
Ao longo de uma semana, 20 jovens de todo o país vão participar aquela que é a mais antiga Academia de Verão da Forum Estudante. O que os trouxe até aqui? Em muitos dos casos, os amigos. “Tenho uma amiga que este ano fez uma outra Academia com a Forum, e fiquei tão curiosa com aquilo que ela mostrava nas redes sociais, ao longo dos dias, que decidi inscrever-me”, conta Beatriz Silva, uma das estudantes que integra o grupo de participantes. Durante os próximos cinco dias, Beatriz será uma das 20 estudantes do ensino secundário e profissional que participa na Semana Tanto Mar. O foco das atividades realizadas será o mar e as suas potencialidades (económicas, recreativas, científicas ou culturais), bem como o conhecimento das profissões e formações superiores ligadas aos oceanos. Como em qualquer Academia Forum, a participação dos estudantes é gratuita, estando asseguradas as despesas de alojamento e alimentação. Chegadas cumpridas e testes à Covid-19 negativos a garantir que esta será uma semana segura, foi tempo das boas-vindas oficiais, com as palavras do Pró-Presidente do Politécnico de Leiria, José Carlos Gomes, do Capitão do Porto de Peniche, Vasco Toledo Cristo e do vereador da Câmara Municipal de Peniche, Mark Ministro. A tarde deste primeiro dia permitiu aos estudantes conhecer de perto as ruas e ruelas de Peniche. Com um desafio à mistura – cumprir um Peddy-Paper no espaço de uma hora e meia, com partida do Museu da Renda de Bilros e com direito a passagem por alguns dos lugares mais marcantes desta cidade piscatória. Sempre habituais são também os finais de dia com direito a um
uma iniciativa
pôr-do-sol incomparável. O deste primeiro dia pode ser vivido na Papôa, uma pequena península que se encontra na extensa linha de costa que vai desembocar no Cabo Carvoeiro. O tempo foi de fotos, mas também de conhecer melhor a história do naufrágio do navio espanhol San Pedro de Alcântara, que está envolta em muitos mitos e factos algo inusitados.
Dia #2
Mar, mar e mais mar
O primeiro desafio do segundo consistiu em praticar stand up paddle. Depois do primeiro mergulho matinal, o areal até então pacífico encheu-se de um vaivém permanente de pranchas a chegar. Como professor de serviço, os 20 eleitos puderam contar – nada mais, nada menos – com a orientação de Leo Nika, um campeão da modalidade e fundador da Nika Paddle-Surf Camp. O segundo dia ficou ainda marcado pela mensagem e as lições que ficaram da equipa do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN). “Conheço este mar de trás para a frente. Hoje isto parece uma autêntica piscina, mas já vivi histórias que nos fazem perceber que o perigo existe sempre, mesmo quando menos esperamos”. São palavras de Nuno, da equipa do ISN de Peniche. A ele lhe coube a missão de mostrar aos 20 jovens que integram esta Academia o que acontece numa construída, e que presta atenção a pormenores como até a eficiência energética do espaço.
Dia #3
O mar chega ao prato… e ao coração
missão de socorro. De mota de água pronta, cada um dos participantes pode experienciar o que é estar praticamente em alto-mar, e ter de ser socorrido. A mensagem parece ter ficado. Fivaca a faltar o último ingrediente: o Surf. Desta vez, as pranchas não saíram da escola. Esta modalidade que é tão cara à cidade, ou não fosse, ano após ano, palco de sucessivas etapas de vários campeonatos à escala mundial, marcou presença através de uma visita ao Centro de Alto Rendimento do Surf. Uma construção amiga do ambiente, perfeitamente integrada nas dunas, o ambiente sob o qual está A manhã do terceiro dia começou com uma visita ao Clube Naval de Peniche. São já várias décadas a apostar na formação jovem, e a disponibilizar aos mais novos, que aqui dão os primeiros passos em modalidades como a Vela. Mas a atuação do Clube procura ir mais além, não ficando indiferente ao papel que também procura desempenhar na realidade local. Demonstra-o, por exemplo, o facto de todo o peixe que é pescado em atividades como a pesca subaquática ser distribuído por instituições de solidariedade social do concelho. Seguiu-se uma visita ao Porto de Peniche, onde os participantes encontraram provas bem claras do dinamismo que o mar consegue trazer à economia da região. Ao visitarem os espaços onde, dia após dia, muitos trabalhadores empenham o seu trabalho, estes jovens, oriundos de todo o país, conseguiram perceber que por estes lados o sucesso que se respira não é um mero acaso do destino. Dos negócios mais inovadores, como é o caso da SEAentia, uma
apoios
start-up que aposta na produção em aquacultura de corvina, a uma unidade de tratamento de pescado sob a alçada de empresas como a Omnifish, que os participantes tiveram oportunidade de visitar. Seguiu-se uma visita à Doca Pesca, que integra 24 lotas e 35 pontos de venda à escala nacional, com muitos milhares de toneladas de pescado comercializadas. Barcos a chegar, barcos a partir, com pescadores cujas rugas não escondem as décadas passadas à mercê do Sol de inverno e verão. Muito burburinho, numa plateia repleta que procura comprar o peixe mais fresco ao melhor preço. Depois disso, tempo para participar num workshop em que os nós foram a figura central. A fechar o dia, o empreendedorismo e a inovação voltaram a ter palco numa sessão em que, mais uma vez, o mar esteve sempre presente. E tubarões. E com uma dose inesperada de histórias que soltaram risadas permanentes numa sessão já pela noite dentro. João Correia, docente na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, parece ter sido a escolha mais do que certeira para terminar o dia da melhor forma, com a moral lá bem em cima.
Dia #4
CETEMARES
A manhã do quarto dia trouxe consigo uma visita ao CETEMARES, o centro de investigação do Politécnico de Leiria, focado nos recursos marinhos entendidos como essenciais numa economia que se quer cada vez mais sustentável. Aqui, realizou-se quase um dia inteiro repleto de experiências e, para muitos, a primeira vez à séria num laboratório. Numa das salas, sob o comando atento do investigador Celso Alves, procura-se descobrir se as microalgas em análise podem ter algum potencial terapêutico no tratamento de algumas doenças. Num outro espaço, as algas continuam a estar presentes, mas com um objetivo diferente: tentar, após várias tentativas, conseguir ver um pigmento rosa. A Gastronomia continuou em destaque, ainda antes de jantar, na cozinha da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, aquele que é o quartel-general da Semana Tanto Mar. Pelo tamanho e pelos ingredientes que se se
conseguem encontrar nas bancadas, que só podem servir para uma coisa: fazer em conjunto uma mousse de chocolate, para terminar o jantar em beleza. A noite ainda guardava mais uma oportunidade de falar novamente de mar. E com as fotografias inacreditáveis de Nuno Vasco Rodrigues, biólogo e fotógrafo subaquático português com mais de 20 anos de profunda ligação às Berlengas, a criarem uma bolha de inspiração. Uma espécie de estágio para o momento alto do dia de amanhã.
Dia #5
Estreias e despedidas, com lágrimas ao barulho
Para o último dia, estava reservada uma visita ao arquipélago das Berlengas. O dia chega e nem o cansaço de cinco intensos dias parece ter esmorecido a energia e o espírito do grupo. Ao longo da viagem de 45 minutos até à ilha da Berlenga Grande, a ansiedade cresce, antecipando o dia de aventuras que se avizinha neste arquipélago que é desde 2011 Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO. Os estudantes puderam explorar a ilha através dos seus trilhos, com rumo marcado no Forte de São João Baptista, construído sob a ordem de D. João IV no século XVII. Mas também o puderam fazer dentro de água. E dentro quer mesmo dizer dentro, a uma grande profundidade. No batismo de mergulho, concretizou-se uma das atividades que mais tinha vindo a ser falada e ansiada. Com vista para os rochedos que se aclaram pela água cristalina, que flutua entre o azul e o verde, vestemse os fatos de mergulho, e ouve-se a primeira dica fundamental do dia. “Sabem qual é a regra número um do mergulho? Comunicação permanente e estar em sintonia com o vosso instrutor”, avisa um dos mergulhadores. A comunicação a cumprir dentro de água exige o conhecimento de um código rigoroso, que permite ao instrutor saber sempre que algo não está a correr da forma como deveria. Quem já conseguiu mergulhar, mostra-se encantado por ter conseguido ver e tocar algumas das espécies que tornam a vida marinha tão rica. Até quem, a segundos de entrar na água, começa a ver o pânico apoderar-se de si, decidi mergulhar e, meia hora depois, volta com um sorriso de orelha a orelha por ter conseguido superar o medo e viver uma das aventuras maiores da semana, como aconteceu com Fernanda Moreira, uma das participantes. “Foi a experiência mais brutal da minha vida”, conta a estudante. De regresso a Peniche, depois do jantar, decorreu a entrega das aguardadas “Cagarras de Ouro”, os prémios que homenageiam alguns dos momentos altos da Academia. Na sessão de encerramento da academia, o Presidente do Politécnico de Leiria, Rui Pedrosa, e o vereador da Câmara Municipal de Peniche, Mark Ministro, deixaram algumas palavras que antecipam a despedida, que chegará na manhã de sábado com um derradeiro passeio pela costa, num percurso geológico em que história, património e costumes se cruzam. Do lado do Politécnico de Leiria, ficam as palavras de Rui Pedrosa: “A vida são momentos. E vocês viveram aqui muitos de felicidade”. Pelas saudades que já se sentem no ar, pelos abraços apertados que se veem, e pelas relações fortes que aqui nasceram. Nada mudará isso. Agora o caminho é rumo ao norte e ao sul, mas certamente com mais uma cidade visitada na algibeira e com novos amigos para a vida.
Academia Art&Cultura
5 dias de ligações criativas
De 26 a 30 de julho, 24 estudantes do ensino secundário e profissional participaram na academia promovida pela Forum Estudante e pelo Politécnico de Leiria, com o objetivo de descobrir as riquezas de cinco municípios: Óbidos, Caldas da Rainha, Alcobaça, Batalha e Leiria. Sabe como foram estes cinco dias recheados de arte. Texto: José Maria Archer
Dia #1
A chegada ao Oeste
São vinte e quatro jovens do Ensino Secundário e Profissional, vindos de todos os pontos do país, que chegaram à Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (ESAD.CR), prontos para começar a aventura da Academia Art&Cultura – Ligações Criativas. O seu objetivo era conhecer o património e a cultura de cinco municípios da zona Oeste: Óbidos, Caldas da Rainha, Alcobaça, Batalha e Leiria. Na ESAD.CR, depois de todos testarem negativo à Covid-19, teve lugar uma
breve sessão de abertura desta Academia, onde foi sublinhada a importância de “aproveitarem bem esta semana”, sendo “ávidos de conhecimento”, uma vez que terão a oportunidade de conhecer um território UNESCO, com “uma história e um edificado sem igual no território nacional”. O programa desta Academia começou em Óbidos, onde Nuno Santos, da subdivisão de Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Óbidos, pode explicar a história e as particularidades da Vila das Rainhas, assim chamada por ter feito parte do dote de muitas das Rainhas de Portugal. Seguiu-se um entusiasmante peddy paper pelas ruas da vila, dentro das muralhas, que permitiu que os jovens participantes pudessem passar pelos principais pontos de interesse de Óbidos, como o Castelo, a Igreja de Santa Maria ou o Miradouro do Jogo da Bola. Passando da cidade para o campo, o grupo dirigiu-se ao Parque de Merendas do Arelho, para começar um passeio pelo Trilho dos Patos Reais, um dos inúmeros percursos pedestres que o concelho de Óbidos tem para oferecer aos seus visitantes. Serpenteando mesmo junto à Lagoa de Óbidos, pelo Braço da Barrosa (um dos troços mais selvagens da lagoa), Paulo Capinha (responsável da Rede Municipal de Percursos Pedestres) conduziu o grupo até a um ponto onde se pode observar uma ampla colónia de flamingos (Phoenicopterus roseus).
Dia #2
Uma cidade das Artes
O segundo dia da Academia Art&Cultura foi dedicado ao município das Caldas da Rainha, que os participantes puderam constatar ser uma verdadeira “cidade das artes”. Conduzidos pelo Pró-Presidente do Politécnico de Leiria para a área da Cultura, Samuel Rama, o dia começou com a visita ao Centro das Artes, em particular ao Atelier-Museu de António Duarte. A vereadora da Cultura da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Maria da Conceição Pereira, representou o município e pode explicar também qual o contexto daquele que é o maior e principal centro da Escultura em Portugal – o Centro das Artes. Seguidamente, já no antigo palacete do Visconde de Sacavém, onde atualmente se encontra instalado o Museu de Cerâmica, o guia Henrique Delgado apresentou a importante coleção de cerâmica, proveniente de diversos locais, mas com uma óbvia preponderância pela arte e pela indústria caldense, nomeadamente com a forte presença da obra de Raphael Bordallo Pinheiro. O Museu José Malhoa foi também destino de visita desta Academia, podendo apreciar aquele que é o primeiro edifício concebido de raiz em Portugal para albergar uma coleção de pintura. Este famoso pintor, pioneiro do Naturalismo no nosso país, nasceu nas Caldas da Rainha em 1855 e, em 1933, ano da sua morte, foi criado este museu. Antes do almoço, tempo ainda para um agradável passeio de barco no Lago dos Cisnes do Parque D. Carlos I, sem que nenhum barco “metesse água”. A parte da tarde foi passada na
Escola Superior de Arte e Design
das Caldas da Rainha (ESAD.CR), que tem acolhido o grupo nesta passagem pelas Caldas da Rainha. À vez, metade do grupo experimentou algumas técnicas de gravura e de serigrafia, ensinados pela técnica Vera Gonçalves, dando largas à sua criatividade e imaginação. A outra metade do grupo pode visitar as instalações da ESAD.CR. Foi possível visitarem os laboratórios de fotografia, os estúdios e som e imagem, algumas das oficinas, o que permitiu aos 24 jovens ficar a conhecer o trabalho desenvolvido pelos professores e alunos desta escola superior do Politécnico de Leiria.
Dia #3
Em terras de Alcobaça
Alcobaça foi o destino do terceiro dia da Academia Art&Cultura, procurando demonstrar que a cidade é muito mais do que apenas o Mosteiro que a caracteriza. Para acordar bem, por
exemplo, o dia arrancou com uma
caminhada pela Mata do Vimeiro,
aquela que era a grande reserva florestal dos monges de Alcobaça. A manhã prosseguiu com um empolgante Photo Challenge pelas ruas de Alcobaça, onde os 24 participantes puderam abrir as asas da sua criatividade, fotografando vários pontos de interesse da cidade, como as ruínas do Castelo de Alcobaça ou o Jardim do Amor. A criatividade foi particularmente pontuada, ou não fosse esta uma Academia de “Ligações Criativas”. A visita ao Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça não podia faltar, claro está, uma vez que é o principal e mais emblemático monumento da cidade, reconhecido pela UNESCO como Património da Humanidade desde 1989. Cipriano Simão ajudou a traçar toda a história do Mosteiro, desde a doação de D. Afonso de Henriques a S. Bernardo de Claraval e aos monges da Ordem de Cister até aos vários momentos de restauro no século XX, passando inclusivamente pela extinção das ordens religiosas em 1834. De seguida, o grupo dirigiu-se ao Mosteiro de Coz, convento feminino dependente do de Alcobaça, inicialmente fundado por um conjunto de viúvas piedosas que lavavam os hábitos dos monges na Ribeira de Coz. A atual igreja, edificada no século XVII, atesta várias particularidades da arquitetura cisterciense. Defronte do Mosteiro de Coz, na antiga “Adega das Monjas”, o projeto Coz’Art apresentou o seu trabalho de produção da cestaria tradicional de Coz e deu a vários dos participantes a oportunidade de verem e experimentarem o tear dos cestos em operação. Este projeto, nas palavras do responsável Eurico Leonardo, serve também para “ajudar na
sustentabilidade do Centro de
bem-estar social de Coz”.
Dia #4
Da Vitória na Batalha
A Batalha de Aljubarrota pode ter acontecido há vários séculos, mas a vila que lhe herdou o nome permanece e tem mais vida do que nunca. No quarto dia desta Academia que tem percorrido a zona Oeste, o grupo deslocou-se à Batalha, para ficar a conhecer melhor o que este município tem para oferecer. Assim, a visita começa obrigatoriamente pelo Museu da Comunidade Concelhia da Batalha,
onde os 24 estudantes foram recebidos pelo Presidente da Câmara Municipal da Batalha, Paulo Baptista Santos, e pelo seu vereador da Cultura, André Loureiro. O Presidente deu as boas-vindas aos participantes e desejou “que aproveitem e que gostem da Batalha”. Incontornável visita é, como será óbvio, o Mosteiro de Nossa Senhora da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha. Construído para cumprir a promessa de D. João I, após a vitória contra os castelhanos na Batalha de Aljubarrota, este mosteiro dominicano, considerado Património da Humanidade pela UNESCO, foi construído ao longo de dois séculos e é exemplo da arquitetura do estilo manuelino. Para o explicar, ninguém melhor do que os próprios arquitetos do mosteiro, como David Huguet, Martim Vasques e João de Castilho, que decidiram marcar presença e conduzir o grupo numa visita aos diversos espaços do Mosteiro. Estas personagens históricas, interpretadas pelos atores do grupo “O Nariz” – Teatro de Grupo, ajudaram a explicar os vários elementos distintivos do espaço, sempre com um toque de humor, e contaram, na primeira pessoa, as diversas fases de construção do Mosteiro. De seguida, rumou-se à aldeia da Pia do Urso, onde Nélia Rodrigues, do Turismo da Batalha, explicou um pouco da história da aldeia, que remonta à época romana, uma vez que se crê que a estrada que ligava Olissipo a Bracara Augusta passava ali perto. Parte integrante do complexo na aldeia da Pia do Urso, que inclui alojamentos, lojas, cafés e até um premiado lagar de azeite, é o EcoParque Sensorial da Pia do Urso, o primeiro parque deste género no país. Depois de passear por cima da terra, foi vez de descer ao subsolo e a visita às Grutas da Moeda proporcionou precisamente isso a estes estudantes. Como explicou o guia Rúben Pereira, esta região integra o maior maciço calcário da Península Ibérica: “para
terem uma ideia, é do tamanho de cerca de 80 000 campos de
futebol!”.
Dia #5
Mãos na Arte em Leiria
Para fechar esta Academia com chave de ouro, os nossos artistas em potência puderam pôr “mãos à obra” neste dia passado em Leiria. Foram duas oficinas diferentes que permitiram explorar a criatividade e a imaginação de todos. O grupo dividiuse para todos poderem experimentar cada um dos workshops, tendo trocado à hora de almoço. Uma das paragens foi no SERRA – Espaço Cultural, que alberga uma comunidade de criativos e onde se realizam eventos e residências artísticas. Nestes antigos armazéns da empresa Movicortes, a pouca distância de Leiria, trabalham diariamente cerca de 30 artistas. Para além de ter sido criada uma associação, surgiram também algumas empresas, como a Omnichord, que faz produção e edição musical e agenciamento de músicos, bem como projetos educativos e comunitários ligados à área da Música. Depois, o desafio lançado foi o de “fazer uma canção”. Através da captação de som de alguns objetos do dia-a-dia, mobílias circundantes ou partes do corpo, cada grupo foi construindo a sua própria música. Para Sara, participante de 16 anos, esta foi “uma oportunidade de abrir horizontes”. Para além do seu entusiasmo, refere que a oficina foi proveitosa para todos, uma vez que “foi uma forma de experimentar novas formas de fazer música”. Noutro local e com outra arte, bem no coração de Leiria, o m|i|mo,
museu da imagem em movimento
foi o palco de outra oficina, com um resultado diferente. A oficina “Anima-te! Oficina de Cinema de Animação”, desenvolvida por Paulo Simões, permitiu que os participantes, em pequenas equipas, desenhassem e desenvolvessem a sua própria animação, com cerca de 1 segundo de duração. “Nunca tinha feito nada deste
género, mas estou a gostar muito de fazer coisas que nunca fiz,
como, por exemplo, animação”, contou-nos Pedro, de 17 anos. A Arte e a Cultura estiveram em destaque ao longo desta Academia, que assim chega ao fim. Seguir-se-ão as férias para estes estudantes, mas a criatividade vai acompanhá-los sempre.
A nova época letiva está aí, meus caros, e eu estou com as baterias recarregadas, depois de umas maravilhosas férias com o meu primo – o mestre Tudotreta. Olhei as estrelas e encontrei sinais claros que dizem que certas e determinadas situações poderão, eventualmente, em determinadas condições, talvez, acontecer. Confuso? Eu explico.
Balança
(23 de setembro – 22 de outubro)
No spa astral de Alfa-Centauri, as bebidas são gratuitas, o que rapidamente se tornou um problema, durante as minhas férias de verão. Apercebi-me a certa altura que as minhas previsões para os nativos de Balança estavam a sair ligeiramente enroladas. Deixem-me consultar as minhas notas: “Balança. Amor. Ok. Dinheiro. Ok. Saúde. Ok”. Bem, pelo menos, parecem ser boas notícias.
Escorpião
(23 de outubro – 21 de novembro)
Os nativos de escorpião, dizem-me as cartas de Tarot, vão apostas num clássico de regresso às aulas. Comprar cadernos, caderninhos, canetas, lapiseiras, sublinhadores, bloquinhos da post-it, marcadores, entre 345 outros artigos escolares. Passadas duas semanas, vão limitar-se a andar com um caderno e uma caneta sem tampa.
Sagitário
(22 de novembro – 21 de dezembro)
No mundo dos Sagitários, há dificuldades causadas pelo regresso aos velhos horários, nomeadamente no que toca a conseguir fazer com que o despertador não toque 45 vezes entre as 07h15 e as 07h23.
Capricórnio
(22 de dezembro – 19 de janeiro)
O Prémio Nobel da Literatura Albert Camus disse, certa vez, que o outono é outra primavera – uma frase que podia ser acompanhada por um yaaaaaaa meeen, a vida é bué da cenas longo e arrastado no final. Contudo, retira dela uma lição: já sabemos que o verão acabou. Mas as estações do ano são assim tão importantes?
Aquário
(20 de janeiro – 18 de fevereiro)
Saudades das férias, não é? Fecha os olhos. Imagina uma praia. A areia branca está lisa como se nunca ninguém a tivesse pisado, o mar é de um azul nunca antes vist… Espera aí. Se estás de olhos fechados, não consegues ler. Vou ter de criar um podcast.
Peixes
(19 de fevereiro – 20 de março)
É importante que mantenhas em mente uma das coisas que pode facilitar a tua vida, neste regresso ao Outono: não vale a pena ires para a esplanada, ignorando a chuva, comer gelados como se não houvesse amanhã, enquanto choras, enrolado em posição fetal.
Carneiro
com ansiedade a chegada do inverno, tudo para que possam, nessa altura, ansiar com intensidade o verão, uma vez que, depois de lá chegados, poderão esperar ardentemente pelo o inverno, para que o verão seja novamente o seu desejo mais intenso. Tudo normal, portanto.
Virgem (23 de agosto – 22 de setembro)
Notícias importantes para os nativos de Virgem: há amor para ti no caminho. Espetacular, não é? Esperem um pouco… Okay, desculpem, li mal as minhas notas. Afinal, vão encontrar o arroz basmati malandrinho. Estava sem óculos, desculpem :/
Touro
(21 de abril a 20 de maio)
Há qualquer coisa de entusiasmante no primeiro abrir de um livro. Talvez seja essa a razão pela qual os nativos de Touro vão guardar essa sensação para uma ocasião especial e abrir o manual pela primeira vez em fevereiro de 2022. HorosCópos© não recomenda esta prática.
Gémeos
(21 de maio – 20 de junho)
Olá, nativos e nativas de Gémeos. Tudo bem? Conseguem ouvir-me? SE EU ESCREVER ASSIM, OUVEM MELHOR? Chegaram-me relatos do plano astral em como tinham ficado com dificuldades auditivas, devido a uma mistura de água do mar e audições compulsivas do novo álbum do Kanye West. Bem, o melhor é mesmo desejar-vos as melhoras.
Caranguejo
(21 de junho – 22 de julho)
Os regressos podem ser cansativos, quando acontecem obrigatoriamente todos anos. Os nativos de Caranguejo estão fartos de promessas de alterações mágicas, mudanças repentinas, só porque se alteram dois algarismos à frente de “Ano Letivo”. Por isso, grande parte vai utilizar as mesmas canetas do ano passado e reaproveitar cadernos que ficam a meio. O planeta agradece.
Leão
(23 de julho – 22 de agosto)
Durante as minhas férias, passei por uma casa astral especializada em spa intergaláctico. Foi aí que percebi que a constelação de Orion traz excelentes novidades para os nativos de Leão: não vão sujar a roupa, no primeiro dia de aulas. Grande vitória.