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Fama Nena em entrevista

Devemos sempre arriscar fazer aquilo de que gostamos

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Ao Fundo da Rua é o álbum de estreia da cantora e compositora de 25 anos, que lançou há dois anos o seu primeiro single de sucesso Portas do Sol. A melhor parte deste êxito, explica à FORUM, foi a “sensação de saber que a música chegou a tantos sítios de Portugal”. O primeiro disco de Nena ficou disponível ao público no dia 18 de novembro e, em entrevista, a cantora revela que este trabalho reúne temas que “cantam” histórias de amor e a cidade de Lisboa, explicando este projeto marca o fim de um capítulo e o início de um novo caminho no percurso de Nena.

Ao Fundo da Rua é o teu álbum de es-

treia. Há alguma música mais especial para ti no álbum?

Esta última música que lancei [Segui] é muito especial para mim. Porque fala sobre deixarmos para trás alguma coisa que já não interessa, ou alguém que já não nos interessa assim tanto, e seguirmos em frente com a nossa vida. Para mim, tem muito significado porque foi a última música que escrevi para o disco e foi a música que deu nome ao disco. Isto no sentido de olhar para este álbum e dizer: “Vou passar para outro capítulo”. Este é um capítulo da minha vida, mas agora vamos passar para um próximo.

E esse capítulo já está definido?

Não, de todo. Sei que quero experimentar coisas novas, mas não sei mesmo quais.

Até aqui, o amor é um tema transversal a todas as tuas músicas, queres optar por outros temas?

Sim. Não é só no que tenho para dizer, no que quero escrever. Quero tentar ir ainda mais longe do que o tema do amor, especificamente relações, mas também quero ir mais longe na sonoridade. Quero tentar fazer coisas diferentes. A Passo a Passo já tem uma sonorida-

de muito diferente…

Sim. Tenho reparado, durante os concertos, que adoro cantar essa música, porque sinto uma energia do público totalmente diferente. Cada vez mais, gosto de sentir essa energia e, por isso, tem-me dado a perceção de que quero fazer mais música nesse sentido. Obviamente, não tirando a identidade de quem eu sou enquanto artista.

E porque é que o amor é um tema transversal para ti e gostas de falar sobre isso nas tuas músicas?

Não sei, gosto muito. Tem sido o tema sobre o qual eu tenho escrito a minha vida inteira. Primeiro, é um tema com o qual toda a gente se relaciona de alguma forma. Podes pegar de tantas formas, podes contar de tantos pontos de vista diferentes, isso é super interessante. Pode ser não só o amor entre pessoas que estão numa relação amorosa, mas também entre familiares, há tanta coisa.

Lisboa também é tema. Tens uma relação especial com a cidade?

Sim, sabia já desde há algum tempo que gostava que este álbum fosse à volta da cidade de Lisboa. Queria muito que este álbum refletisse a cidade, as ruas, as pessoas, as histórias, as memórias que foram vividas num certo recanto. E espero ter conseguido passar isso.

O tema Portas do Sol teve o video-

clipe gravado, de certa forma, ao acaso…

Sim. A realizadora do videoclipe é uma das minhas melhores amigas e combinámos um dia alugar um Tuk Tuk. Ela convidou um amigo para filmar, metemo-nos dentro do Tuk Tuk com mais amigos meus e fomos fazendo o percurso dos sítios de que eu falo na música. Foi muito giro, ficam boas memórias de ter feito isso com amigos.

Essa música conquistou tripla platina. É importante para ti esse reconhecimento?

Sim, claro que é um reconhecimento que me deixa feliz, mas não há nada como a sensação de saber que a música chegou a tantos sítios de Portugal. Ir ao norte, sul e centro do país e perceber que as pessoas conhecem a música e lhes tocou de alguma forma é mesmo o mais importante.

“Acho que o nosso país está cada vez mais aberto à arte e àquilo que as pessoas têm para mostrar. Devemos sempre arriscar”

Começaste a escrever muito nova, com 12 anos, esta sempre foi uma vontade?

Sim. Eu comecei a escrever em inglês, porque na altura ouvia muito música country e ficava a ideia de contar uma história através da música. Apenas mais tarde, em 2019, quando conheci o João Só – que é o produtor deste álbum em conjunto com o Ricardo Ferreira – é que optei por escrever em português. Desde aí, não consigo mais não escrever em português. Comecei a escrever, as músicas começaram a surgir e não consegui parar mais.

Qual é para ti a parte mais bonita de todo o processo criativo, até chegares à versão final de uma música?

Acho que a parte de que gosto mais é quando estou sozinha no meu quarto a escrever a música e estou a pôr aquilo em papel como se mais ninguém fosse ouvir, só pela necessidade de dizer alguma coisa. Claro que a parte de estúdio, onde vemos a música crescer, e cantar para o público também é emocionante. Mas, para mim, a parte mais especial é esta experiência comigo mesma.

Tens músicas que nunca chegaram a ir para estúdio?

Muitas mesmo. Neste momento, devo ter nas minhas gravações umas cem músicas.

E gostavas de dar algumas músicas tuas a outros artistas?

Gostava, definitivamente. Tenho músicas, nas minhas gravações, que ao ouvir penso que ficariam muito bem na voz de certa pessoa. Eu gostava muito de compor para outros artistas e espero ter essa oportunidade.

E existem projetos para feats? É outra coisa que gostava de fazer. Este álbum fui só eu, a minha voz, era o meu álbum de estreia e queria mostrar quem eu era. Mas para projetos futuros, gostava muito de colaborar com outros artistas.

Estudaste Ciências da Comunicação. Chegaste a trabalhar na área?

Sim. Estou a tirar o mestrado em Marketing, vou entregar agora a minha tese, e estou a trabalhar em part-time numa empresa na área de comunicação e marketing. Comecei mais à séria na música durante a pandemia e não sabia como é que as coisas se iam encaminhar. Por isso, tive de jogar pelo seguro, acabar o mestrado e continuar no trabalho em que estava. Mas gostava muito de fazer da música a minha vida. Acho que tudo o que fez parte do meu caminho – estes cursos, os sítios onde trabalhei – são tudo ferramentas a aplicar na área da música.

“É inevitável uma pessoa duvidar das suas aptidões e pensar se é capaz de fazer isso ou não, mas eu sonhei sempre.”

A música sempre foi um sonho para ti. Que outros sonhos tens guardados que gostavas de concretizar?

Eu acho que é mesmo só a música (risos). Acho que era aquele passo que eu tinha de dar e estou a dar neste momento.

Quais os teus planos para o próximo ano?

O próximo ano vai ser de concertos. Vai ser esse o foco número um: ir a cada cantinho de Portugal mostrar a minha música, mostrar o álbum e crescer enquanto performer.

Sempre acreditaste em ti?

Há momentos e momentos. É inevitável uma pessoa duvidar das suas aptidões e pensar se é capaz de fazer isso ou não, mas eu sonhei sempre. Se achava que ia chegar ou não, fui vendo, agora sonhar, sonhava sempre.

Tens alguma mensagem que queiras deixar a um jovem que goste de música e queira fazer disso vida?

Uma das coisas que tenho aprendido é que dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Se alguém quiser trabalhar e, ao mesmo tempo, fazer música, com organização consegue fazer um bocadinho de tudo. Definitivamente, a mensagem é fazer aquilo de que se gosta e não ter medo de arriscar. Acho que o nosso país está cada vez mais aberto à arte e àquilo que as pessoas têm para mostrar. Devemos sempre arriscar.

Como dois portugueses se tornaram campeões do mundo das profissões

João Teixeira e Samuel Santos conquistaram medalhas de ouro nas profissões de Desenho Industrial CAD e Cozinha, no Campeonato do Mundo das Profissões (WorldSkills 2022), que se realizou de setembro a novembro. Os dois vencedores partilham com a FORUM a sua experiência, destacando as principais mais-valias da sua participação.

Poucos minutos depois de terminar a prova de Desenho Industrial CAD do WorldSkills 2022, no Parque de Exposições de Bordéus, em França, João Teixeira recebia uma proposta de estágio na Alemanha. A oferta chegou através de um representante de uma empresa chinesa, conta à FORUM o diplomado do CENFIM de Ermesinde, ainda antes de serem divulgados os resultados que confirmariam a sua conquista da medalha de ouro. Desde então, revela o hoje estudante de Engenharia Mecânica, já recebeu várias ofertas de trabalho: “Neste momento, o meu nome

está na indústria e [esta vitória] acaba por ser uma rampa de lançamento gigante”.

A medalha de ouro de João Teixeira não foi a única conquistada pela comitiva portuguesa que participou no WorldSkills 2022. Samuel Santos obteve a vitória na profissão de Cozinha, depois da realização de uma prova de 16 horas em Lucerna, na Suíça. O jovem de 23 anos explica que esta vitória surgiu no seguimento de um ciclo de três anos ligados aos campeonatos das profissões – a nível nacional, europeu e mundial. “Ao longo deste

<<Esta vitória é sobretudo uma concretização pessoal e profissional que pode ajudar a abrir portas para o meu futuro>> Samuel Santos, Campeão Mundial de CozinhA

Samuel Santos

O que é o Campeonato do Mundo das Profissões?

O conceito de Campeonatos das Profissões nasce em 1950, ano em que se disputaram, em Madrid, os primeiros Campeonatos Internacionais das Profissões entre Portugal e Espanha. Essa primeira edição contou com 24 concorrentes, distribuídos por 12 profissões. Ainda na mesma década, surge a organização de uma entidade específica que hoje se designa por WorldSkills International. Já nos anos 60, o número de países envolvidos na competição aumenta, com a expansão aos restantes continentes, sendo que atualmente conta com 85 membros. “Inspiramos jovens participantes a alcançar novas alturas, ajudando a que transformem a sua paixão numa profissão”, explica a WorldSkills.

João Teixeira

ciclo, desenvolvi competências como resiliência, capacidade de adapta-

ção ou consistência”, conta, antes de acrescentar: “Esta vitória é sobretudo uma concretização pessoal e profissional que pode ajudar a abrir portas para o meu futuro”.

Uma competição, 15 países

O 46.º Campeonato do Mundo das Profissões (ver caixa) realizou-se de setembro a novembro. A edição de 2022 acabou por ter uma característica inédita, ao incluir a realização de provas em 26 cidades de 15 países diferentes – de Ontário a Quioto, passando por várias cidades europeias. Esta escolha surgiu depois do cancelamento da realização da competição em Xangai, na sequência da “prevenção contínua da

pandemia e as medidas de restrição”

aplicadas pela China, explica o WorldSkills, no seu site.

<<[O WorldSkills] acaba por ser uma forma de melhorarmos enquanto profissionais e termos acesso a melhores oportunidades>> João Teixeira, Campeão Mundial de Desenho Industrial CAD

Na edição de 2022, ao longo de 12 semanas, foram realizadas provas em 62 categorias que correspondem a profissões tão variadas como Paste-

laria, Computação Cloud, Pintura e

Decoração ou Energias Renováveis. Cerca de 1100 concorrentes de 60 países competiram entre si, sendo que a comitiva portuguesa foi composta por 11 participantes. No final, para além das duas medalhas de ouro alcançadas, fo-

ram ainda conquistadas cinco meda-

lhas de excelência (ver destaque). Para João e Samuel, participar nesta competição foi “uma experiência única”. A possibilidade de fazer novos contactos e amizades é destacada por ambos, sendo ainda realçada a forma como esta é uma oportunidade de aperfeiçoamento enquanto profissionais. “A partilha de conhecimentos e ideias é muito importante”, destaca Samuel Santos: “Consegui conhecer 31

Samuel Santos João Teixeira

culturas gastronómicas diferentes e isso é uma mais-valia”.

Também João Teixeira acredita que, para além das amizades e contactos de todo o mundo, uma das riquezas da participação no WorldSkills está no contacto com outras abordagens a um mesmo desafio profissional. “Neste

patamar a diferença está sempre nos detalhes e, em qualquer profissão, existem técnicas e formas de trabalho que podem influenciar, o que acaba por ser uma forma de aprendizagem

importante”, afirma.

Do “Relógio Suíço” à indústria automóvel

Na sua prova, Samuel Santos apresentou um menu que incluía uma entrada inspirada num ninho de codorniz, antes de confecionar uma receita de Chicken Kiev como prato principal. Para sobremesa, ficou reservado um “Relógio Suíço”. “Tentámos levar um pouco de

Portugal, adaptando aos elementos obrigatórios que eram pedidos e in-

cluir uma narrativa local”, explica. A prova teve a duração de 16 horas, divididas em vários dias, com a observação de 31 jurados. No final, Samuel diz ter sentido “que tinha dado o melhor” – “Fiquei orgulhoso do resultado”. A medalha de ouro, explica, “acabou por ser a cereja no topo do bolo”, uma vez que “ficaria sempre satisfeito com a prestação”. “Sabia que tinha dado o meu melhor”, reforça. A exigência da prova na área de Desenho Industrial CAD é também destacada por João Teixeira. Produzir peças para indústria automóvel ou instrumentos da área da saúde são alguns dos exemplos dos trabalhos pedidos aos participantes. “São trabalhos

que, na indústria, demorariam duas a três semanas a completar e que nós

fazemos em seis horas”, sublinha o estudante, destacando a importância da “gestão do tempo e da tomada

das melhores decisões”.

“Quando nasce um objetivo e existe dedicação, mais tarde ou mais cedo, o esforço será recompensado”, destaca Samuel Santos, para quem, acima de tudo, é importante “sair com a sensação de dever cumprido”. A mesma ideia é destacada por João Teixeira, antes de concluir fazendo uma retrospetiva positiva desta participação:

“Acaba por ser uma forma de melhorarmos enquanto profissionais e termos acesso a melhores oportunidades”.

Vencedores portugueses no WorldSkills 2022

�� Medalha de ouro na profissão de Cozinha – Samuel Santos, IEFP de Santarém

��

Medalha de ouro na profissão de Desenho Industrial CAD – João Teixeira, CENFIM de Ermesinde ��Medalha de Excelência na profissão de Mecatrónica Industrial – Rodrigo Costa e Mateus Silveira, do CENFIM de Torres Vedras ��

Medalha de Excelência na profissão de Soldadura – Pedro Ribeiro, da ATEC Palmela

Cria o teu website e ganha prémios com o Sitestar.PT

O desafio Sitestar.PT está de volta. Faz uma equipa com os teus colegas e apresenta uma proposta de site até 16 de dezembro. Os estudantes vencedores vão ganhar gadgets e equipamentos tecnológicos.

Em 2022/2023, comemoram-se os 10 anos do Sitestar.PT. Esta será uma edição especial e com novidades. Mais uma vez, os estudantes são desafiados a ser “um explorador e criador de conteúdos”. Esta iniciativa da DECOJovem conta com a parceria do .PT e tem como objetivo promover o desenvolvimento de competências digitais, incentivando os jovens a criar sites nas suas áreas de interesse para “uma cidadania mais ativa e mais inclusiva”. Todas as equipas que apresentem o seu projeto podem ganhar um domínio .pt, para construir o seu site, tendo a validade de 1 ano. Por essa razão, o Sitestar.PT assume-se como uma excelente oportunidade para os estudantes divulgarem as suas “ideias, iniciativas e projetos”, bem como sua escola.

Quem pode participar?

Para além de aberto a equipas de estudantes (ver caixa) dos estabelecimentos de ensino públicos e privados de Portugal e a organizações ou entidades que desenvolvem projetos em contexto de educação informal, (desde que aderentes à rede DECOJovem), em 2022, podem também participar no Sitestar.PT escolas portuguesas em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Macau e Timor-Leste. As equipas devem inscrever-se e apresentar a sua proposta de site até dia 16 de dezembro de 2022. A partir daí, as propostas validadas irão receber gratuitamente o voucher “3 em 1”, que inclui ferramentas para construção do site. No final, cada elemento das três melhores equipas vai receber um prémio que consistirá num gadget ou equipamento tecnológico. Lê atentamente o regulamento em sitestar.pt e não deixes de participar. Inscreve a tua equipa na Área do Professor DECOJovem!

Quem pode participar?

Podem concorrer ao Sitestar.PT equipas de alunos e jovens pertencentes dos seguintes escalões:

Escalão 1

Alunos com idades entre os 13 e os 15 anos a frequentar o 8º ou o 9º ano letivos.

Escalão 2

Alunos com idades entre os 15 e os 18 anos a frequentar o ensino secundário regular, profissional e de aprendizagem.

Quais os temas?

Os estudantes do escalão 1 podem desenvolver e criar sites sobre diferentes temáticas do consumo, tais como: a) Alimentação saudável para todos; b) Gerir bem o dinheiro; c) Para um consumo sustentável; d) Os meus direitos. No escalão 2, os alunos poderão desenvolver sites sobre atividades e projetos em que se encontram diretamente envolvidos e que importa divulgar, que se enquadrem dentro das seguintes categorias: a) Escola Mais Digital; b) Faz a Diferença; c) Jovens com Talento e d) Escola + Sustentável.

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