FOTOGRAFIA
Desfazendo e Refazendo Com mais de 40 anos de fotografia, Cristiano Mascaro é um dos principais fotógrafos brasileiros e se tornou referência em relação à fotografia de cidades e de arquitetura. Quando se fala de Cristiano Mascaro, imagens de São Paulo vem à mente, mas o fotógrafo não gosta do título que lhe conferem de “o fotógrafo de São Paulo”. Ele se considera um fotógrafo urbano e completa: “Eu gosto de chegar numa cidade e ver as pessoas caminhando en-
tre prédios, diante de um muro. Isso é que me atrai. Arquitetura eu faço por encomenda.” Para ele, São Paulo é a cidade que mais fotografou porque é onde mora, é a sua cidade. Entretanto, Mascaro realizou trabalhos por todo Brasil, principalmente nos seus trabalhos autorais. 1
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A ligação do fotógrafo com arquitetura é muito forte e antiga. Apesar de nunca ter atuado na profissão, Cristiano Mascaro é graduado (1964-68) em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Mas o fotógrafo aponta que seu interesse pela cidade vem da época de menino. Mascaro nasceu em Catanduvas, interior do estado de São Paulo, em 1944, mas cresceu na capital paulista. Por morar em um bairro próximo ao centro, tinha um contato muito próximo com a cidade:
Quando comecei a sair sozinho, ia para a escola a pé ou de bonde. E, do bonde, ficava o tempo todo olhando a cidade desfilar diante de mim. No final de semana, ia para o cinema caminhando, pelo simples prazer de ver os prédios.
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FOTOGRAFIA FOTOGRAFIA O interesse pela fotografia surgiu justamente durante a faculdade de arquitetura, em um momento de acaso e que se tornou um marco na vida do artista. Certo dia, fugindo de uma aula de “Resistência de materiais”, Cristiano foi à biblioteca e pegou um livro do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson.
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“ Passando a se dedicar à fotografia enquanto cursava arquitetura, em 1967, ganhou um concurso universitário de fotografia, no qual um dos membros do júri era Cláudia Andujar, fotógrafa da revista Realidade. Apesar de muito novo, Cláudia indicou Cristiano para trabalhar na equipe em formação da revista Veja, na qual o fotógrafo participou desde o número zero. A experiência no jornalismo foi de4
Nunca tinha visto fotografias assim, eu só conhecia fotografias da publicidade ou do jornalismo, imagens que exploram a condição humana ou são um elogio à natureza. As fotos do Cartier-Bresson eram sobre o cotidiano, a não-notícia,aquilo que você acha que não ia render e ele conseguia tornar aquilo algo comovente. Foi essa foto que eu vi, uma cena comum, de um casal de noivos, ela no balanço e ele a empurrando, que me encantou e marcou muito meu trabalho. A partir daí comecei a fotografar.
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que é algo mais ‘refinado’ e cai no jornalismo, que nós chamamos de ‘pauleira’. Isso para mim foi muito bom.” O período como fotojornalista não foi muito longo, durou apenas de 1968 a 1972, sendo que por um ano Mascaro viveu na França e atuou apenas como correspondente para o Grupo Abril.•
FOTOGRAFIA
cisiva na formação do fotógrafo, que admite ter “pulado” algumas etapas: “Eu acabei queimando algumas etapas, que muitas vezes são necessárias para a formação do fotógrafo, para o seu amadurecimento. Eu já cai numa grande revista, numa grande estrutura. Mas foi um tremendo aprendizado. Eu sai de uma escola de arquitetura,
“A gente tem o desafio eterno de desfazer e refazer a realidade, de deixá-la mais comovente e expressiva.” 5