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A dedicação de um apicultor | pág

Apiários Polemel

A dedicação de um apicultor

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O mel adoça a amargura do mundo desde a antiguidade. Assim, o elixir do sabor e de importantes propriedades à saúde é mais um presente da natureza que precisamos respeitar. E agradecer aos que cuidam das abelhas rainhas e seus filhos, seu alimento e o ecossitema. Um deles é Roberto de Morais, nascido em Salesópolis (SP), onde trabalha como apicultor, também mantém atividade em Paraibuna (SP). É tecnólogo em Apicultura e Meliponicultura pela UNITAU.

Em Salesópolis, inclui ações de educação e turismo ambiental para a proteção da natureza e das abelhas. Filho de camponeses, começou a trabalhar com criação de abelhas em 1993. Como monitor ambiental já trabalhou no Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Padre Dória, Salesópolis. “Nossas unidades de conservação são livres de contaminantes. Em Salesópolis não há indústrias poluidoras, o que contribui para a pureza de nosso mel”, ele conta.

Roberto trabalha com a abelha apis, exótica. “De origens europeia e africana, foi introduzida em nosso bioma gerando elemento híbrido – a abelha africanizada ou apis melífera. Atualmente, nossa produção é de mel e própolis de abelhas apis malíferas”. Sua propriedade é de agricultura familiar. “Estamos inseridos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)”.

Roberto mantém 130 colmeias em produção de mel em maior escala e própolis. A média anual é de 25 quilos de colmeia. “Creio que nossa produção será inferior neste ano por conta de geada em 2021e excesso de chuva mais recentes. Somos afetados pela mudança climática, dependemos do ecossistema preservado”.

Conforme Roberto, há abelhas nativas em suas propriedades, importantes para o equilíbrio ambiental pela polinização de seu pomar. “Cultivamos cambuci, cambucá, araçá entre outras. As abelhas africanizadas não têm eficiência de polinização, por isto as nativas estão em nosso programa de educação ambiental. Iniciaremos a produção de mel com abelhas nativas porque a demanda é grande pelo mel da abelha jataí, mandaçaia, bugia, mandaguari, entre outras. O mel de abelha jataí é o mais procurado devido a estudos que indicam efeito anti-inflamatório, já de conhecimento de nossos ancestrais. A produção de mel de abelhas nativas demanda manejo diferenciado e arbóreas específicas”.

Em Salesópolis, sua propriedade tem 22 hectares de agricultura familiar. “Não estamos sobrepostos a unidade de conservação. Mas realizamos recuperação ambiental de áreas degradadas por ciclos de café, de gado e extração de madeira. Conseguimos restaurar 4 hectares de área de preservação ambiental permanente (app), com árvores nativas. A medida foi possível graças a convênios municipal, estadual e parceria com ONG e empresa. São mais de 4 mil árvores plantadas. Demos atenção às nossas abelhinhas, plantamos muitas árvores melíferas, favorável à apicultura”.

Ele ainda implementa SAF (Sistema Agroflorestal) Sucessional (cultivo de espécies vegetais para colheita, sem prejuízo aos recursos naturais). “Estou também iniciando outro SAF em 1 hectare de área fora de app, para plantas nativas consorciadas com exóticas como café e abacate, para ampliar receita”.

E vai ampliar sua produção de mel. “Estou na fase final de minha graduação como apicultor, colocando em prática estudos acadêmicos e experiência de 30 anos, queremos melhorar a produtividade, sem grande aumento de unidades de colmeias, mas favorecer a produtividade de 25 quilos para até 60 quilos de mel ano, por meio de seleção genética de abelha rainha para que sejam mais resistentes e produtivas”.

Ele é vice-presidente da Camat (Cooperativa Mista do Alto Tiete), instituída a cerca de 30 anos, com cerca de 220 cooperados. Camat começou com extração de madeira de eucalipto. Há três anos diversifica os produtos, incluído horta orgânica e apicultura. “Também presido uma associação de monitores ambientais. Considero-me agroecológico. Há pouco assinei meu Plano de Transição Agroecológica (PTA). Estamos em processo de certificação orgânica de frutas pelo IBD

Certificações, por meio de nossa cooperativa. Quanto ao mel e própolis a certificação é mais complexa, a abelha, por exemplo, tem raio de ação em torno de 700 hectares, teria que ter uma fazenda desta proporção para a certificação. Uma abelhinha pode sair do meu sítio adequado, e visitar outra área que usa adubo químico. Mas espero conseguir a certificação orgânica de nosso mel”.

Na educação ambiental, ele frisa a importância da polinização das abelhas para o equilíbrio ambiental e os projetos de recuperação ambiental da terra e das águas. Por participar de projeto de preservação das águas, recebe o PSA (Pagamento por Serviço Ambiental), previsto em lei federal.

Roberto Morais explica sobre inspeção do mel. “Estamos atuando para ter este controle muito em breve, com a participação da Prefeitura e do Sebrae. Também estamos integrados ao APL (Arranjo Produtivo Local). No Alto Tiete criamos APL do Mel. Participam produtores rurais, prefeitura, CAT (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), Sebrae com vista a fomentar e consolidar a apicultura na região. Queremos trabalhar toda a cadeia e ter o mel de origem geográfica”.

Ele trabalha em sua Casa de mel – uma sala onde processa o alimento que vem do apiário no campo, em favos. “Passa pelo desoperculação, centrifugação, filtro e decantador por 72 h, envase em vidros de caráter artesanal para venda. “Sigo as boas práticas para a garantia de sanidade de meu produto e as áreas de meu trabalho são rastreadas pelo Gedave (sistema informatizado de gestão e defesa animal e vegetal da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), do Estado de São Paulo.

Texto: Nívia Alencar Fotos: Cedidas por Roberto Moraes Educação ambiental, prática da Polemel, destaca relevância das abelhas à natureza

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