6 minute read

Consumo de fármacos

Next Article
Furto e vandalismo

Furto e vandalismo

graus variados”, elucida Uso excessivo

A automedicação anda de mãos dadas com o uso indiscriminado de medicamentos, já que sem indicação médica qualificada, a pessoa não sabe qual o remédio correto ou a quantidade certa que se deve tomar; mas o uso excessivo pode ocorrer também mesmo com prescrição, nas ocasiões onde as orientações não são respeitadas pelos usuários “As consequências podem ser de difícil reversão, no qual pode acometer diversos sistemas e órgãos, especialmente fígado, rins e coração, onde o indivíduo pode precisar de suporte hospitalar. Aquele que possui acompanhamento médico e não faz o uso adequado, posterga o início do tratamento daquilo que lhe perturba o equilíbrio e ainda pode causar efeitos adversos no organismo“, salienta

Advertisement

Epidemia do sono

Os medicamentos fazem parte da vida do ser humano há eras, mesmo na pré-história, quando recorriam a combinações de ervas para sanar as feridas Na atualidade, o conhecimento se desenvolveu a ponto de ser possível o fácil acesso a remédios, cada vez mais eficazes, para aliviar dores e curar doenças O outro lado da moeda, é que, devido à facilidade de acesso, houve um aumento na venda dos fármacos Como o país é o maior domínio de depressão e ansiedade as medicações antidepressivas e estabilizadoras de humor, como solução para as aflições do dia a dia, têm sido ingeridas com mais recorrência pelos brasileiros Entretanto, o uso incorreto, pode fazer com que os fármacos deixem de ser aliados e se tornem um problema. Em paralelo, há ainda as substâncias para insônia, que virou fenômeno cultural entre os jovens nas redes sociais, o que aumenta os riscos de dependência.

Dados

O Brasil é o país da América Latina que apresenta o maior predomínio de depressão e ansiedade, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em novembro de 2022. A comercialização de medicamentos antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021 no país. De acordo com o órgão, um fator considerável para o aumento da venda dessas medicações se deve também à pandemia da Covid-19, que impactou diretamente na saúde mental da população mundial O período de isolamento foi responsável pelo crescimento de 17%, de 2019 a 2020, no consumo dos fármacos, e de 12% nos anos 2020 a 2021

Aumento maior em centros urbanos

O impacto desse cenário social deixado pela pandemia gerou uma popularização dos remédios psiquiátricos, como alternativa “rápida” para aliviar as dificuldades do dia a dia, de modo que, segundo o psiquiatra Dr. Bernardo Goulart, é usado de forma mais generalizada do que no passado “Vemos as questões de uso demasiado ou indiscriminado dessas substâncias, mas também devemos considerar o maior acesso à assistência médica, aos medicamentos que se estão cada vez mais baratos, além da opção de tecnologias e tratamentos disponibilizados pela ciência No entanto, também assistimos a esse fenômeno como efeito das condições da vida na sociedade hoje; a evidência disso é esse uso generalizado, relativamente maior nos grandes centros urbanos”, explica

Automedicação

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a automedicação é definida como a “prática dos indivíduos em tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados e disponíveis sem a prescrição médica e que são seguros quando usados de acordo com as instruções” Contudo, é necessário atentar-se ao uso inadequado das substâncias, visto que o ato pode causar danos. “No caso das que agem no sistema nervoso central, os efeitos podem ser bastante variados, com riscos até de óbito, além de poder produzir a dependência química Outros danos podem vir através de quadros crônicos e perpetuar prejuízos em diversos campos da vida, de formas e

Dentre os sintomas presentes no abuso de medicamentos, a insônia é um distúrbio comum nos brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS) A dificuldade para dormir pode acarretar em problemas para a saúde mental, visto que para ter uma boa qualidade de vida, é necessário que o corpo tenha um bom descanso Diante esse problema, o usuário acaba por inserir mais um medicamento em sua rotina: “o de dormir” Fármacos para insônia tiveram suas vendas disparadas no país. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que a busca pelas medicações Zolpidem e Eszopiclona dispararam, já que prometem “sono rápido” Nas redes sociais, jovens relatam os efeitos alucinógenos causados pela substância, mas não como forma de alerta, mas sim cômica, o que gera outro problema: a instigação no uso.

Drogas Z

No Brasil, as vendas do Zolpidem - medicamento hipnótico indicado para insônia, cresceu cerca de 73% entre os anos de 2019 e 2021, de acordo com dados da Anvisa O remédio é conhecido como Drogas Z, em razão das substâncias: Zolpidem, Zopiclona (ou Eszopiclona) e Zaleplona e, segundo o psiquiatra, são sedativos que podem gerar efeitos colaterais “É possível alterações no equilíbrio, na atenção e alterações também de cunho senso perceptivas, sendo, por isso, bastante arriscado que haja quedas graves, comportamentos inapropriados ou de risco Quando bem indicada em situações especificas de insônia, não é capaz de causar dependência de ordem química, mas, talvez sim, psíquica. Todavia, o uso inadequado dele, pode trazer riscos graves à saúde”, informa

Efeitos da falta de tratamento

Tão grave quanto o uso abusivo, ou indiscriminado, dos medicamentos, é o não acesso a eles quando indicados “O risco mais evidente é a cronificação dos quadros. Sem tratamento necessário, o aparelho psíquico e neurológico da pessoa pode vir a acumular sequelas, muitas vezes irreparáveis, com prejuízos cognitivos, emocionais, sociais, econômicos, físicos, etc O impacto disso, em muitas situações, é imensurável, e devemos considerar que o adoecimento psíquico tem profunda relação com o cérebro e demais órgãos do corpo. O desequilíbrio que causa a doença, especialmente nas ocasiões de crises graves, se não tratadas, levam à morte de neurônios e reforço das vias em desequilíbrio no cérebro”, finaliza o psiquiatra

Aumento evidencia urgência na construção de políticas públicas eficientes, que impactem a raiz do problema e não sejam apenas provisórias

Para onde deslocaram as pessoas escravizadas, libertas após a abolição, sem moradia e política de reparação? Foram despejadas nas ruas das cidades, sem condições de sobrevivência e impossibilitadas de acessarem políticas públicas estruturantes, como moradia, educação, trabalho e renda, como destacou o intelectual Abdias Nascimento A origem da população em situação de rua no Brasil tem uma relação direta com séculos de escravização de vidas negras e com o racismo estrutural Na média nacional, a cada 10 pessoas em situação de rua, sete são negras, e essa porcentagem fica ainda maior em Minas Gerais, onde 80% desse grupo é negro.

Após a pandemia e aumento da miséria, essa população tem crescido no país e, consequentemente, em Nova Lima Mas o número poderia ser exponencialmente maior se não fossem as ocupações que absorvem parte dessas pessoas Diante do cenário, é urgente pensar e construir políticas públicas eficientes, intersetoriais, que dê centralidade, autonomia e protagonismo a essa população para não atingir as condições desse povo apenas de forma provisória Mas o que você, que tem onde morar, tem a ver com isso? A falta de medidas que perturbe a raiz do problema também impacta a sua vida

Quebra ou interrupção de vínculos

Segundo o decreto 7 053, que institui a Política Nacional para População em Situação de Rua, esse grupo é heterogêneo e marcado, principalmente, por três conjuntos de violências praticadas contra suas vidas, que perpassam pelo racismo estrutural. “Primeiro, o processo de fragilização e de aumento de desigualdades sociais e pobreza nos territórios; segundo, a fragilização e rompimento ou interrupção dos vínculos familiares e comunitários A principal causa que leva as pessoas às ruas são os conflitos intrafamiliares, mas geralmente associam esse grupo com o uso prejudicial de álcool e outras drogas, ou à saúde mental - que também são elementos, mas não são a causa Inclusive, uma maneira de criminalizá-los é associá-los ao uso prejudicial de álcool e drogas, e tratam o fenômeno enquanto uma questão de Segurança Pública, ao invés de uma questão de Saúde”, aponta o professor Dr. André Luiz Dias, coordenador geral do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua/POLOS-UFMG

Moradia

Terceiro e último ponto fundamental, citado pelo coordenador, é a precarização das moradias no país, tendo em vista a falta de política habitacional efetiva. “Esse ponto é fundamental porque na falta de moradia, algumas pessoas vão para as ruas ou ocupações” Questionada à Prefeitura de Nova Lima quais são os serviços ofertados pelo município voltados a esse grupo em relação à moradia, ela disse que “usuários que se encontram em processo de saída das ruas são encaminhados para cadastramento em programa habitacional do município”, sem mais detalhes O crescimento do número de pessoas em situação de rua na cidade é perceptível a olho nu - como, por exemplo, na região central, na Praça do Mineiro, Bernardino de Lima ou Bicame - e o Governo Municipal confirma que houve um “aumento progressivo desse público” Por aqui, foram identificadas 84 pessoas em situação de rua, conforme os dados de novembro de 2022, disponibilizados à prefeitura pela Agência Adventista alterações Entretanto, apesar das mudanças, a instância continua de caráter consultivo e sem a participação popular, já que sua composição é de um representante (mais suplente) de nove secretarias municipais “Anielle Franco e Sônia Guajajara, ao assumirem, em janeiro de 2023, no Governo Lula, os ministérios de Igualdade Racial e dos Povos Indígenas, respectivamente, reproduziam uma fala: ‘nada por nós, sem nós’, esse é o ponto fundamental para início de conversa sobre políticas públicas Também é essencial que as equipes locais, descentralizadas, produzam busca ativa, mutirões, e que possam ir ao encontro dessas pessoas, ao invés de simplesmente ficarem em seus espaços de prestação de serviços”, afirma.

This article is from: