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A importância da participação feminina na fotografia de moda

O portfólio de Larissa Felsen coleciona trabalhos para diversas grifes nacionais e internacionais. Nos últimos anos, ela também passou a estudar sobre espaço das mulheres na fotografia de moda.

Por Juliana Bernardino

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“A partir do momento que você fotografa, você impõem seu repertório com a sua visão”.

A fotógrafa Larissa Felsen (34) é um dos grandes nomes da fotografia de moda, beleza e publicidade no Brasil da atualidade. Com 12 anos de carreira, ela conta com campanhas e publicações para grandes marcas e revistas como Arezzo, Calvin Klein, Kryolan, Claudia, Marie Claire e L”Officiel Hommes. Atualmente, Larissa não só fotografa, mas também se empenha em discutir o espaço das mulheres no mercado de trabalho artístico. Natural de Atibaia (SP), sua relação com a fotografia começou no ano de 2004, junto com as primeiras câmeras digitais. Teve, então, a ideia de transformar o que era um hobby em sua profissão, pois seu desejo era contar histórias através da narrativa visual da fotografia de moda. Em 2010, após concluir sua graduação em Jornalismo, se mudou para a Grande São Paulo para trabalhar. Recém pós-graduada em História da Arte, seu trabalho de conclusão de curso abordou a presença feminina na fotografia dos séculos XX e XXI. Em sua pesquisa, uma profissional que se destacou foi a fotógrafa norte-americana Jill Greenberg, que já fotografou personalidades internacionalmente conhecidas e carrega em seu portfólio diversas capas de revistas. Jill deu uma palestra na conferência TED intitulada “The Female Lens” (em tradução literal: “A Lente Feminina”), que questiona o fato de fotógrafos homens terem mais espaço no mercado. Segundo dados de 2021 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), embora as mulheres sejam maioria nas faculdades, isso não garante contratação por parte das empresas, que ainda dão preferência ao gênero masculino.

Para Larissa, parece problemático que em um universo essencialmente feminino como o da moda, seja um homem que, a partir da sua visão de mundo dentro da fotografia, produza as fotos que irão moldar o consumo feminino. “A partir do momento que você fotografa, você impõe seu repertório com a sua visão. O olhar nada mais é do que o seu consumo de referências, tudo que você ouve e vê, seu repertório enquanto ser humano. É impossível fotografar imparcialmente. Quando fotografo, coloco meu coração, minha mente e toda a minha criatividade e isso faz parte do que eu sou, do que eu consumo e acredito”, declara.

Enquanto mulher, ela se coloca como usuária do produto. E como fotógrafa, procura desconstruir a direção fotográfica masculina, de forma que o produto na foto fique mais consumível para o público feminino. Larissa explica que a ideia não é vetar homens da fotografia de moda, mas ter mais mulheres atuando no mercado. Para ela, o trabalho das fotógrafas no século 21 é o olhar de desconstrução e há um longo caminho para a democratização da fotografia para as mulheres.

Considerando que vivemos em um tempo bastante imagético, a qualidade artística acaba por diminuir com a velocidade da circulação de imagens e vídeos. Com a ferramenta carrossel do Instagram, tornou-se possível trazer uma grande variedade de fotos nas campanhas digitais. Assim, a marca “ao invés de escolher uma grande foto que vai representar a coleção, escolhe um número maior de fotos para mostrar o produto de todas as formas possíveis”. Neste sentido, Larissa acredita que as redes sociais têm sido prejudiciais para a fotografia do ponto de vista artístico. Para ela, cabe ao fotógrafo, que também é um artista, trazer de volta a qualidade artística independente da grande demanda do mercado.

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