Revista F | Ano 4 - 2018 | n.6

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Edição VI - Ano IV

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Editorial As cores que dão vida à esta edição 6 da Revista F encapam, com sensibilidade e força, as lutas diárias de quem precisa vencer as barreiras, o machismo, o preconceito, e até mesmo as lutas internas. Infelizmente, o século é o do descolado, mas muitas mentes continuam fechadas e oprimidas em um mundo enclausurado de ignorância. É o que se vê, por exemplo, no ensaio fotográfico de Mateus Cardozo, em que a sexualidade, oprimida, escorre no rosto e nas lágrimas em tons de arco-íris. O que nos faz pensar: por que não posso ser eu mesmo, se o mundo não tem nada a ver com isso? Ou mesmo no ensaio de Gabriel Bertaluzi, que com flores e delicadeza entrelaça o preconceito e a sensibilidade masculina. E ainda a redescoberta da sensualidade na terceira idade, em fotos que provocam o instinto e nos choca com o próprio preconceito que carregamos, às vezes sem perceber. Não, o mundo não precisa ser esse mesmo. Chega de intolerância, chega de mortes por encomenda, chega de sangue escorrendo por quem luta pelo certo. Precisamos rever e reverter as dores em empatia, em sensibilidade, e por que não em mais amor ao próximo e a nós mesmos. Afinal, o amor-próprio, quando esquecido, amargura a alma, que ataca o próximo numa tentativa de fuga na incompreensão de si. Também por isso temos Fridas retratadas, um universo ao avesso, instigando uma nova modalidade de ver o outro, aceitando como ele é: branco, preto, pobre, travesti, feminino, masculina, idosa, sensual. Aqui, falando em imagens ouvimos os sons das coisas como elas são: transparentes e irresistíveis, para nos fazer ser melhores, maiores e completos. Então, aproveite esta edição para entrar em um universo que não é seu, porque é de todos. Aqui, o espaço é para reflexão, não para o óbvio. As imagens colorem, mas também são brutais no que dizem. Se o conhecimento é quem salva, que essas páginas tragam sabedoria e reflexão a quem só acredita no que vê dentro do próprio mundo.

Sionelly Leite Coordenadora - Ponto Zero

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ILUSTRE

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REVISTA F

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Brasil de todos os cantos: Piçarras

Ensaio: Releituras arquitetônicas

Falando em Imagens: Estrada rumo à eternidade

Entre-Vistas: Nova vida

Ensaio: A caminho da moda sustentável

Ponto de Vista: Fridas

Ponto de Vista: Garotos não choram


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Falando em imagens: A todos que tiveram de aprender jogar com regras diferentes

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Falando em imagens: Roda-viva

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Falando em imagens: O mal do sĂŠculo, o meu mal

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Ensaio: Curitiba em ângulos

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Ensaio: Miopia

Ponto de vista: O caminho do povo

SUMĂ RIO

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PONTO PONTODE DEVISTA VISTA

GAROTOS NÃO CHORAM

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Sabe o velho ditado Que garoto que chora é viado? Sabe o velho dizer Que macho cê tem que ser? Como desconstruir E deixar o ser florir? Chore, menino Se esse for o seu destino Chore, garoto Se seu coração estiver roto Chore, boy Mostre que dói Faça de ti Dono de si É permitido sentir Homem pode ser sensível Homem pode ser delicado Mas não quero dizer Que menos homem tenha virado Eu espero que já tenhas deixado Seu paradigma torto de lado E você, jovem amargo Já chorou hoje? Gabriel Bertaluzi

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PONTO DE VISTA

F-R-I-D-A-S Bruna de Godoy Machado

Podemos encontrar em cada mulher uma Frida Kahlo. Elas se impõem na sociedade, quebram padrões estéticos do corpo feminino, e, também, de suas vestimentas. Empoderam-se, enaltecem e fortalecem o seu poder pessoal e a autoconfiança, para que tenham a liberdade de fazer suas escolhas, definir seus objetivos e ter o controle da própria vida.

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ENTRE-VISTAS

A CAMINHO DA MODA SUSTENTÁVEL

Aline Tiburcio

A curitibana Carol Nogara tem um olhar único e traz inovação para o mundo da moda. Sempre focando no consumo consciente, a estilista aproveita retalhos de tecidos, recicla acessórios e produz peças diferenciadas e únicas.

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Revista F: Quando tudo começou? Carol Nogara: Tudo começou com a minha mãe quando eu tinha 9 anos de idade, ela já tinha sua primeira loja de costura. E eu fui convivendo no trabalho dela e aos poucos fui aprendendo o básico da costura, desde pequena sempre apreciei os pequenos pedaços de pano. E aos 18 anos comecei a trbalhar e ajudar a administrar as lojas da minha mãe. RF: Como é o processo de produção com os clientes? CN: A maioria das pessoas são cocredoras das suas peças, eu estou aqui como uma mediadora, com um olhar diferente, com uma opinião, levando as pessoas á indagação do que elas querem ser, o que elas querem vestir e até o que elas querem representar. RF: Qual foi o momento em que você quis se aperfeiçoar? CN: Aos 18 anos fui morar na Itália, comecei a estudar na Polimoda (Instituto Internacional de Design de Moda e Marketing). A cultura

Italiana me inspirou totalmente, o olhar para o design, para a moda, para a arte é diferente, são únicos. Fiquei 3 anos estudando, porém, não cheguei a me formar. Quando voltei para Curitiba comecei a fazer curso de moda no Centro Europeu, no mesmo curso a noite, eu era assistente da professora em desenho. Nessa época eu precisava conhecer pessoas e me inserir no mundo da moda. RF: Na nova coleção outono – inverno, várias peças da marca são recicladas. Como é o processo de criação? CN: A nossa marca é a minha visão criativa, tem várias ramificações dentro dessa coleção. Com o tempo fui guardando os retalhos, com uns fui criando com algum só idealizando o que eu poderia fazer, e esses pedaços de pano foram se multiplicando, comecei a separar por cor, tipo, tamanho. Eu sempre deixo o tecido na forma que ele está me falar o que ele quer ser, é como se fosse um quebra cabeça, eu pego os pedaços e penso como eu posso encaixa-los de uma forma que se torne algo.

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Algumas peças da coleção outono-inverno da Carol Nogara.

Carol Nogara na sua sala mostrando uma de suas produções.

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Suas confecções feitas à mão, assinada por Carol.

Ateliê Carol Nogara e um pouco de suas produções.

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ENTRE-VISTAS

NOVA VIDA Gabriel Guimarães

Após a devastação causada pelo terremoto de 2010 no Haiti, muitos vieram para o Brasil em uma tentativa de recomeço. Segundo os dados da CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), em 2017 o Brasil teve o maior número de requerimento de refúgio, 7% dessas solicitações eram de Haitianos. Curitiba é a quarta cidade do País a receber mais imigrantes desta nacionalidade, de acordo com a Associação para a Solidariedade dos Haitianos no Brasil (ASHBRA), estima-se que 2,5 mil haitianos tenham se estabelecido em terras curitibanas recentemente.

Elda Gercilus, de 27 anos, veio para o Brasil em janeiro de 2015, junto com seu marido, Jean Joissant Choune, alugaram uma casa e começaram a estruturar sua vida, em fevereiro de 2016, tiveram um filho chamado Max Carliens. Com a crise que afetou o Brasil em 2016, Jean foi dispensado da empresa onde trabalhava, juntamente com outros amigos haitianos foram para os Estados Unidos(EUA) com a promessa de conseguir um novo emprego. Todo mês Jean manda uma quantia em dinheiro para Elda e seu filho aqui no Brasil.

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Em conversa com Elda Gercilus, a mesma conta seus maiores desafios de viver aqui no Brasil: Revista F: Qual foi a maior dificuldade para se adaptar aqui no Brasil? Elda. Não tive muita dificuldade, dois meses depois que cheguei no Brasil, já consegui emprego em uma empresa de limpeza, o maior problema é chegar no serviço até as 6:00hrs, preciso pegar o ônibus às 5:15hr. RF: Após o nascimento do Max Carliens, foi complicado continuar no emprego? E. Consegui 5 meses de licença, o que está sendo difícil é achar vaga na creche para matricular o Max, ou alguém que cuide dele às 5horas da manhã.

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RF: Qual a maior diferença que você sentiu entre o Haiti e o Brasil? E. Senti diferença no acolhimento e ajuda entre as pessoas. Por exemplo no Haiti tem bastante famílias que ajudam as outras. Se fosse lá no Haiti, eu teria conseguido alguém para cuidar do Max para que eu pudesse ir trabalhar sem medo. Mas também encontrei aqui no Brasil, muitos brasileiros que me ajudaram. Eu gosto muito dos brasileiros. RF: Tem vontade de voltar para o Haiti? E. Tenho, sinto muitas saudades da minha mãe, sempre que falo com ela pelo telefone, eu e ela choramos. Deixei no Haiti 5 irmãos e meus pais.

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FALANDO EM IMAGENS

ESTRADA RUMO À ETERNIDADE Carla Taíssa

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Escadas são obras de materiais como alvenaria, madeira, ferro, dispostos em uma série de degraus, por onde se sobe ou desce para chegar a outros andares de uma construção. Ou, ainda, um meio do qual alguém se utiliza para conseguir, alcançar algo. Essas são as definições mais clássicas, segundo o dicionário Caldas Aulete. Porém, o conceito de escada pode esconder muito mais em suas entrelinhas. Visualmente, escadas podem ser consideradas obras de arte pela sua decoração, materiais nobres, um marco na edificação. Em uma fotografia transmitem uma ideia de superação, de passar para um novo horizonte construído por cada degrau. Pode, por outro lado, representar dificuldade, dor, resistência que separa dois mundos distantes. Isolamento. Ou o tempo que passa implacável e sem limites deixando para trás uma estrada longeva e intensa. Seja qual for sua definição, uma escada pode trazer e levar muito mais do que pessoas. Por ela transitam almas rumo à eternidade de alguns instantes.

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ENSAIO

ARQUITETÔNICAS RELEITURAS

Como moda e arquitetura podem ser representadas na força, beleza e singularidade da mulher

“Arquitetura é música congelada”, já dizia Schopenhauer. Sua poética, beleza, forma, cores, cheiros, texturas, luzes, podem provocar emoções e sensações únicas. Os ritmos de uma sequência de colunas, o peso visual de uma construção de concreto, brutalista, como notas graves de uma partitura ou as edificações esbeltas e de nuances claras como os tons agudos. Os diferentes estilos que como as diferentes notas compõem uma partitura visual ao serem misturados pelas ruas das cidades. Arquitetura pode ser traduzida em uma das mais belas peças de compositores clássicos, uma verdadeira música para nossos olhares. Assim como, arquitetura pode representar toda uma cultura, suas tradições, características, medos, anseios, vitórias, a voz de uma sociedade, sua história imortalizada por cada detalhe no material construtivo. “A arquitetura é a vontade de uma época traduzida em espaço”, completa Mies van der Rohe, um dos mais importantes arquitetos modernistas. Uma arte singular e tão representativa na sociedade pode ser apreciada de muitas formas. Este ensaio procura, através de releituras, representar alguns estilos arquitetônicos marcantes da história da humanidade. Para isso, junta a força e a expressividade femininas com a versatilidade e criatividade da moda. Carla Taíssa

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Arquitetura Romana: muito influenciada pela arquitetura gre-

ga, esse estilo é marcado pelo luxo e pela grandiosidade, refletindo o poder de Roma. Construções sólidas, mas explorando simetria e a harmonia resultante de formas regulares fazem parte do seu repertório arquitetônico. Uma de suas inovações foi o arco utilizado, sobretudo, nas construções destinadas a comemorar as grandes vitórias militares. E para representar o luxo, grandiosidade e poder romanos, foi escolhido a sensualidade do vermelho, a riqueza do ouro e a expressividade e força do olhar feminino.

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Arquitetura Enxaimel: Anti-

ga técnica construtiva que utiliza estrutura de madeiras encaixadas com vãos preenchidos com tijolos ou taipa. Apesar de muito associada à Alemanha, esta técnica pode ser encontrada em construções por toda a Europa. São típicas de períodos históricos mais antigos, como Idade Média, embora não tenham seu local e data de invenção determinados. Representando esse estilo tradicional o ensaio traz o arco em flores remetendo aos acessórios das jovens camponesas que habitavam os países de origem do estilo. Já o desenho das linhas escuras formadas nas fachadas das casas é representado pelos acessórios do vestuário.

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Arquitetura Mourisca: Arcos ogivais, rendilhados e minaretes (as torres

das mesquitas) marcam a arquitetura chamada mudéjar ou mourisca, desenvolvida pelos árabes na Península Ibérica. As construções possuem adornos ricos e complexos trabalhando com arabescos geométricos com enorme variação de cores. Além disso, são voltadas para um pátio interno e o interior é protegido pelas aberturas usando muxarabis (estrutura formada por ripas de madeira onde ficam espaços vazios que permitem visualizar o exterior e garantir ventilação). Dessa forma os moradores podem ver o exterior sem serem vistos. Como a ideia do ver sem ser visto é fundamental nessa arquitetura, assim como sua rica ornamentação, foi escolhida a moda típica Árabe para representar o estilo. Que opção melhor do que os elegantes lenços, neste caso ornado, que deixam a mostra exatamente a beleza e sensualidade do olhar feminino?

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Barroco:

estilo predominante no século XVII, durante o período do absolutismo, até a primeira metade do século XVIII. Suas principais características são a extravagância, formas irregulares que passam sensação de movimento, valorização das formas curvas em oposição à estática e frieza dos prédios. Ainda, o uso de abóbadas, arcos e contrafortes (reforço de muro ou muralha), exploração de feitos cenográficos teatrais, valorização de pintura e da escultura nas edificações, manipulação da luz. Estilo predominantemente dramático e ligado à religiosidade. Utiliza cores intensas e vibrantes.

Rococó:

surgiu na França, depois se espalhando por outros países. Buscava a suavidade em contradição ao Barroco, com valorização da decoração e ornamentação. Era menos dramático que o Barroco. Em suas formas percebem-se delicadeza, leveza de traços. Utilizava paletas de cores também mais suaves e natureza como tema (flores, pássaros, cascatas, rochas, plantas) inclusive em tecidos de móveis ou ornamentações em paredes e mobiliário. A decoração era minuciosa e rica em detalhes. Ambientes ainda contam com espelhos e pinturas. Representando esses estilos imponentes e reflexo do poderio e riqueza da nobreza europeia, foi escolhido o contraste entre a dramaticidade e força do vermelho da vestimenta, com a delicadeza e romantismo das flores e da cor rosa clara do leque.

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Arquitetura Neoclássica:

se desenvolveu no fim do século XVIII na Europa Ocidental como uma retomada da cultura clássica em reação ao estilo Barroco. É uma arquitetura com sobriedade, elegância e utilizando as formas clássicas greco-romanas como colunatas, frontões (forma triangular que decora o topo da fachada principal de um edifício), abóbodas, cúpulas, o que deixava as construções grandiosas e imponentes. O glamour e elegância dos trajes de gala refletem as características neoclássicas, aqui representadas pelo vestido longo de corte retilíneo, cor única e adornos discretos.

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Arquitetura Modernista:

reflexo das tecnologias que começam a surgir pós Revolução Industrial, materiais inovadores como aço e concreto armado dão aos arquitetos possibilidades inéditas de criação. Foi um estilo desenvolvido principalmente pela influência da escola Bauhaus (Alemanha). Suas principais características são utilização de formas simples, geométricas, e desprovida de ornamentação, valorizando-se o emprego dos materiais em sua essência como o concreto aparente, em detrimento do reboco e da pintura.

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Arquitetura Minimalista: Es-

tilo marcado por uso de pouco itens de decoração, artigos geométricos, móveis com design simples e anguloso, cores neutras, valorização da modernidade e da tecnologia. Porém, o minimalismo vai muito além. Com influências da cultura japonesa e escandinava o estilo prega um novo comportamento das pessoas em relação à vida. Exploram-se os sentidos através da luz, dos sons ou do silêncio, das texturas, e um desapego da materialidade. Não há forma melhor de representar o minimalismo do que a oposição à moda dos estilos anteriores. A energia de paz, serenidade e beleza da forma feminina já falam por si só.

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Arquitetura Nórdica:

Segue algumas características do minimalismo e da praticidade aos ambientes. A luz natural e as vistas das paisagens são muito valorizadas. Como os edifícios devem ser adaptados às temperaturas extremas de frio, muitas vezes utilizando materiais pesados ou muita tecnologia, o interior visa ao conforto e à tranquilidade aos usuários. Utiliza formas puras, porém explora curvas e os telhados pontiagudos para não acumular neve. A moda inverno expressa o ambiente nórdico com perfeição, o mix entre elegância aliada ao conforto e versatilidade. Já as cores neutras e tons pastéis remetem aos princípios do minimalismo.

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Arquitetura High-Tech:

desenvolveu-se a partir dos anos 1970. Dá muito destaque à tecnologia e aos sistemas construtivos ao expor partes elétricas, hidráulicas, climatização, circulação, entre outros componentes da edificação que antes eram embutidos. Assim como, uso de cores vivas, acabamentos metálicos, painéis industrializados e vidro no seu envoltório. A valorização da tecnologia também se refletiu na moda. Cores e acessórios chamativos e em destaque, valorização do metalizado marcaram as décadas em que surgiu esse estilo.

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Green Architecture:

surgiu nos anos 1970 e ficou conhecida nacionalmente como arquitetura sustentável. Busca explorar todos os meios possíveis para evitar o choque ambiental causado por uma edificação. Novas formas, aproveitamento do espaço, utilizar fontes renováveis de energia, reciclagem de construções anteriormente existentes, evitar desperdício de matéria-prima são algumas das formas de buscar uma melhor integração entre arquitetura e natureza. O verde é o essencial para representar a sustentabilidade, principalmente por seu simbolismo ao mostrar que novas tecnologias podem ser exploradas para mudar uma indústria que tanto agride ao meio ambiente como a têxtil. Além disso, elementos naturais como acessórios mostram a ligação do homem com a natureza.

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BRASIL DE TODOS OS CANTOS

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PIÇARRAS

Gabriel Bukalowski

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Era tudo o que os olhos queriam ver. A majestosa Namorada do Atlântico, por assim dizer, carinhosamente leva o nome dado há muitos anos por ser tão glamourosa quanto parece ser. Balneário de Piçarras, a cidade de muitos amigos, está localizada no litoral norte de Santa Catarina. Injusto é descrever em apenas um parágrafo a venustidade de uma orla de sete quilômetros que corta da Ponta dos Jackes à encruzilhada da cidade vizinha, Penha. O melhor de tudo isso é que a fotografia mostra e conta tudo de um jeitinho bem bonito.

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PARQUE DA JUVENTUDE:

PONTO DE ENCONTRO DOS SKATISTAS DO ABC PAULISTA Brigitte Nunes 63


Parque da Juventude Città Di Marostica está localizado na região central da cidade de São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. Conhecido por ser voltado ao público de esportes radicais, é o maior complexo da América Latina com 21 mil m² e sedia grandes competições de Skate, como o Campeonato Nacional Feminino, que aconteceu em janeiro desse ano. Rodolfo Barbosa, de 35 anos, é um comerciante apaixonado pelo Skate, tanto que há 11 anos ele tem um estabelecimento dentro do parque que é muito frequentado por skatistas. Além de ser uma lanchonete é uma pequena loja de artigos de Skate que virou o point da galera do parque. O comerciante conta que nos tempos de auge, dentro do parque haviam grandes eventos e shows gratuitos como do Natiruts, banda admirada pelo público Skatista. “Os frequentadores acabam criando um laço forte com o parque, tanto que alguns amigos que se casaram, logo depois da cerimônia, vieram tirar suas fotos para o álbum aqui, no meio da pista de Skate”contou Rodolfo.

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ANTIGA ESTAÇÃO VIRA CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES DE MOGI MIRIM Por: Marcelo Henrique de Oliveira Campos

Estação Educação vai atender todos os professores da rede pública de ensino.

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A antiga estação ferroviária de Mogi Mirim, vira centro de referência em treinamentos para professores e educadores da rede pública de ensino. O prédio, está sendo ocupado pelo Centro de Aperfeiçoamento do Magistério “Antônio de Souza Franco”. Nele os profissionais da rede de ensino da cidade de Mogi Mirim assim como de outras cidades, tem espaço para aprimorar seus conhecimentos através de cursos, palestras, reuniões e encontros em geral, além de ter acesso a materiais de alta tecnologia e livros especialmente dedicados aos educadores. “É um espaço que vai enriquecer o conhecimento do professorado e ainda um ambiente agradável para o convívio destes profissionais”, aponta Flávia Rossi, secretária de Educação da Prefeitura Municipal de Mogi Mirim. O imóvel onde foi inteiramente restaurado, obedecendo a projeto do arquiteto Eduardo Lima, contratado pela prefeitura. As obras tiveram início em agosto de 2006 e exigiram investimento municipal de R$ 843 mil, incluídos os custos de equipamentos e mobiliário. A Estação Educação dispõe de dois auditórios com toda infra-estrutura de luz e som, telão e suprimentos para exibições com capacidade para 250 lugares, biblioteca, estação de informática com 20 computadores, saguão de exposições e dependências administrativas. O Departamento de Educação do Município conta com quadro de mais de 600 profissionais, nos diversos níveis de ensino, entre eles infantil e básico, profissionalizante, inclusivo e de jovens e adultos. Em todos os cômodos, a decoração é moderna, com luminárias de diferentes formatos e diversas portas de vidros com pinturas e fotografias que lembram antigas estações ferroviárias, além de quadros de óleo sobre tela de artistas mogimirianos. 67


A maior sala da Estação Educação é o auditório, com 168 metros quadrados e fica na extremidade do prédio. Dotado de palco móvel com telão, espaço para camarim e capacidade para 200 pessoas sentadas, o auditório será utilizado para cursos e outros eventos. Separada do auditório apenas por uma parede de tijolos do Século 19, está uma sala de aula com espaço para mais 50 pessoas sentadas. Tanto o auditório quanto o ambiente contíguo são equipados de aparelhos de ar condicionado e forro acústico. Do lado de fora foi composto um espaço de convivência com bancos de madeira e vasos. Na parte central do prédio estão a copa, com balcão, geladeira e microondas, sanitários masculino e feminino, ambos adaptados para portadores de necessidades especiais, despensa e a área administrativa, com recepção, sala de escritório e almoxarifado. Na extremidade próxima à seringueira estão a entrada e recepção principais. Anexo fica o laboratório de informática, onde antigamente funcionava o guichê da estação, sanitários e área administrativa. O local poderá ser utilizado para pesquisas na Internet, preparação de aulas e elaboração de trabalhos. No sótão, acima da entrada principal, irá funcionar a biblioteca do Centro de Aperfeiçoamento do Magistério. Conterá centenas de obras literárias relacionadas ao ensino infantil e fundamental. A plataforma e o telhado que a cobre, com mais de 100 metros de extensão, também foram recuperados. Embora muita coisa antiga tenha sido recuperada, Carvalho ressalta que as partes hidráulica, elétrica e sanitária do prédio são totalmente novas.

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ARTISTA PLÁSTICO RETRATA COM PINTURAS O COTIDIANO DO SERTÃO NORDESTINO POR: FRANCISCO MACIEL BEZERRA DA SILVA

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Com as mãos cheias de tintas, o jovem Rogério Paz morador da comunidade Mosquito, no município de Cedro (25.063 habitantes), região Centro-sul do Ceará. Aos cincos anos, já relatava aos colegas na escola o sonho de ser artista plástico e aproveitava o caderno para os primeiros desenhos. Rogério estudou em escola pública e não fez curso na área da pintura, mas sempre estudou as belas artes e viajou na história, inspirado no movimento impressionista. Sentado no alpendre de sua casa, onde mantém um ateliê, fala com emoção do trabalho. “Com pedaços de papelões e tábuas, eu expressava minhas primeiras ideias”. A arte e a inovação fazem parte da vida do jovem. Uma fonte de água com cerâmica, caramanchão e uma onça feita de cimento chamam atenção de quem visita o ateliê. Suas telas são pintadas com cenários de pontos turísticos cearenses como o Rio Salgado e a Pedra da Galinha Choca, além de praças, igrejas, casarões, animais, praias e jangadas. Em 2015 um dos seus quadros foi entregue a Vice-governadora do Ceará, Izolda Cela. “Fiquei emocionado em saber que minha obra está no gabinete do Governador”, relembra. Com orgulho de sua terra natal e das artes, Rogério traduz sentimentos por meio de um trecho dos versos do poeta Cearense, Patativa do Assaré. “Eu sou brasileiro filho do Nordeste, Sou cabra da peste, sou do Ceará”. Mesmo com seu desempenho nos trabalhos, agora o artista plástico se diz otimista com o Centro de Educação Profissional Ivens Dias Branco (SENAC/CE), com sede no município e que dispõe de cursos de pinturas e bordados. “Irei aproveitar as oportunidades que essa instituição disponibiliza para a população”, ressalta.

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MERCADO MUNICIPAL “O SHOPPING” DA CIDADE DO INTERIOR MINEIRO POR: SAMARA DURÃES FERREIRA

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Mercado municipal centraliza parte da renda em Salinas MG. 75


Com pouco mais de quarenta e um mil habitantes, Salinas é uma cidade norte mineira que apesar de não oferecer muitas opções de entretenimento simpatiza por suas peculiaridades. O Mercado Municipal que segundo dados da Prefeitura foi inaugurado em 1972 para abrigar agricultores com suas mercadorias, esbanja uma cultura regional em artesanato e também iguarias. Senhor Alcides Almeida Cardoso, 63 anos, comerciante, trabalha no mercado desde 1990. Sendo um dos trabalhadores mais tradicionais, ele acredita que o mercado municipal gera uma das principais fontes de renda da cidade e que mesmo antes da reforma feita recentemente, o movimento sempre se manteve constante. Seja para compra ou apenas para visitação o mercado municipal é com certeza um ponto de tradição salinense.

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PRAÇA EM ITUVERAVA RETRATA PARTE DA HISTÓRIA DA CIDADE Por Luiz Otávio

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A cidade de Ituverava, no interior do estado de São Paulo, é conhecida entre seus visitantes pelos seus inúmeros cartões postais. Dentre as imagens que representam a cidade, se destaca a Praça 10 de Março, que em sua composição arquitetônica homenageia fatos históricos no país e no município. Segundo a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Ituverava, a Praça 10 de Março recebeu esse nome em referência à fundação do município, em 1818. O secretário da Cultura e Turismo de Ituverava, Wlamir Tony Lucas Ribeiro, de 58 anos, além de atualmente ser responsável por manter o local, acompanhou a última reforma feita na Praça 10 de Março, em 1998, e destacou três homenagens feitas na obra: dois brasões com as imagens do cantor Ivan Lins e o compositor Vítor Martins, nascido na cidade e que escreveu a música “Minha Ituverava”, que veio a ser o hino do município; e o busto em honra ao medalhista olímpico Gustavo Borges, que representou um clube local. Segundo Wlamir, “a Praça 10 de Março é um lugar magnífico com diversos pontos culturais, históricos e sociais. Vindo à Ituverava, convido todos para conhecer a Praça 10 de Março e se encantar por todas suas belezas”, declara.

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Apontada como uma das mais belas do país, a Praça atrai visitantes

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PONTO DE VISTA

O CAMINHO DO POVO

Patrícia Lourenço da Silva

Eu sou do povo! Ele diz meu povo não tem raça, não tem cor, é o povo brasileiro! 25 anos por esse caminho, uma caravana e suas lutas. Amor e ódio do início ao fim, Lágrimas de esperanças, ovos de indignação. Um líder carismático um povo desesperado! Ajuda! Precisamos de ajuda! Muita miséria! Intolerância! Mais inclusão, por favor. Leve em sua caravana quando for, todo sonho, todo anseio do povo da nossa noção. 82


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PONTO DE VISTA

LEITURA IMPR DOS TR

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RESSA NÃO SAI RILHOS

Igor Ceccatto Renan Alex Paczkowsky

Na Rua XV tem um bondinho, um bondinho na Rua XV, os livros eu conheço e a sua história nunca acaba. Nosso século permite o virtual, realidades líquidas nos permeiam, mas o livro não saíra de cena. Quem não gosta de um mundo a ser sentido? Nesse bondinho reside uma história e ao passarem pela rua as pessoas se permitem a desvendar o único, o desconhecido. Quem diria, um universo dependente de tecnologia não deixa o impresso se esvair. Hoje não há tempo a perder, ficar fora do ritmo pulsante é tenebroso.

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ENSAIO

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MIOPIA Maria Eduarda Biscottto

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Miopia: distúrbio de refração em que os raios luminosos formam o foco antes da retina; anomalia da refração ocular que se traduz por dificuldade de enxergar de perto; defeito óptico resultante de uma curvatura desigual. Miopia, hipermetropia, astigmatismo, na maioria das vezes elas não andam só, constantemente presentes em nosso dia a dia. 0.25, 2.75, 7.50, não importa o grau, é sempre visível o que nos acompanha. Seja ela numa armação colorida, monocromática, redonda, quadrada, retangular, sempre acompanhada de suas lentes, que, por sua vez podem ser discretamente finas ou de espessura notavelmente larga. Cada imagem, se enquadrando em sua forma e moldura. Há quem vê com charme, há quem veja como um fator limitante, passando despercebida por hora. Mais do que enxergar, ver é pura arte, poesia, é viver. Então, que possamos olhar a arte do ver e ressignificar a cada momento as artes que a vida nos dá.

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ENSAIO

CURITIBA EM Clarissa Casagrande

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 N G U L O S 105


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“Ângulo: substantivo masculino; espaço entre dois planos ou duas linhas que se encontram ou se cortam, local onde se encontram duas paredes ou duas superfícies, saliência ou reentrância de uma superfície, maneira de pensar, de compreender, de abordar ou de observar.” Na arquitetura, os ângulos são parte da sua natureza criadora. Mas, como analisamos ou refletimos sobre esses ângulos nas formações cinza da cidade? Como os mesmos influenciam nossa rotina, nossos momentos de lazer e de liberdade? Mesmo que nossos olhos busquem, muitos ângulos ainda passam despercebidos no nosso dia a dia. Ângulos, tanto para a arquitetura quanto para a fotografia, não podem ser totalmente explicados em uma descrição no dicionário, mas servem para exercitar a criatividade e a criação. Consumidos pelo cotidiano, não conseguimos parar para observar os mínimos detalhes ou até mesmo mudanças realizadas em nosso cenário. Uma mudança de ângulo, no entanto, quebra os olhos da rotina.

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FALANDO EM IMAGENS

O MAL DO SÉCULO, O MEU MAL Carla Taíssa

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A angústia penetrando como uma navalha no coração, o desespero completo de quem enxerga o mundo em nuances preto e branco. Você já imaginou como é sentir uma tristeza tão grande que o leva a desistência total da vida? O ensaio propõe um novo olhar sobre a Depressão. Mergulhar nas facetas da dor, angústia, tristeza, pressão social, o medo do estigma e das imposições de padrões e comportamento. Um grito de socorro de quem está perdendo a esperança. Não é uma frivolidade, mas um coração corroído por mágoas. As mágoas do mal do século. O meu mal.

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FALANDO EM IMAGENS

RODA VIVA Carla Taíssa

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Roda gigante, roda viva, Gira lenta e mansa Como o ritmo de minha alma Repleta da imensa calma De quem muito tem a sonhar. Roda gigante, roda viva, Intensa e marcante como uma despedida Emociona e enche de lágrimas O rio dos olhos encharcados das dádivas Vindas do coração de quem nunca desistiu de lutar. Roda gigante, roda viva, Em seu vai e vem rodopia, seja noite ou seja dia, Trazendo o amor, provocando o ardor, Da brasa da valentia do nobre guerreiro. Roda gigante, roda viva, No seu movimento provoca encanto Ou o doce espanto Para no alto o vento e a imensidão Fazerem disparar o coração Que vívido no peito bate um eterno agradecer. Roda gigante, roda viva, Gira, sobe, desce. Contínua, inconstante, Bela, romântica e intrigante Dinâmica e mutante como as voltas da minha vida.

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FALANDO EM IMAGENS

A TODOS QUE TIVERAM DE APRENDER A JOGAR COM REGRAS DIFERENTES Matheus Cardozo

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Eu era um mistério para mim mesmo, não entendia por que eu era tão diferente de todo mundo. Era como se eu não me encaixasse em lugar algum. A sociedade em que vivemos está sempre nos impondo regras sem antes levar em consideração as nossas próprias regras. Quem foi que disse que hetero é a norma? Quem intitulou isso? Eu não sigo os padrões. Eu não estou dentro dos estereótipos. Eu nasci para quebra-los. Eu não tenho medo de deixar minhas cores aparecerem. Suas regras não se aplicam ao meu amor.

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EXPEDIENTE A Revista F é uma revista laboratorial do curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter - Campus Tiradentes. Coordenador do curso de Jornalismo: Dr. Guilherme Carvalho Professora responsável: Ma. Sionelly Leite Projeto gráfico: Núcleo de Imagem Ponto Zero Diagramação: Mediação – Agência Experimental de Jornalismo (Aliana Machado, Gabriel Mafra, Larissa Oliveira e Thays Polhman) Voluntária: Maria Eduarda Biscotto Revisão: Professora Ma. Sionelly Leite Alunos colaboradores: Aline Tiburcio, Brigitte Nunes, Bruna de Godoy, Carla Taíssa, Clarissa Casagrande, Eduarda Romagnolli, Francisco Maciel Bezerra da Silva,Gabriel Bertaluzi, Gabriel Bukalowski, Gabriel Guimarães, Igor Cecatto, Israel Thomaz, Luiz Otávio, Marcelo Henrique de Oliveira Campos, Maria Eduarda Biscotto, Matheus Cardozo, Patrícia Lourenço e Samara Duraão Ferreira. Esta é uma publicação do Centro Universitário Uninter ano 4 | número 6 | Setembro de 2018 Os textos assinados são de responsabilidade dos autores. Proibida a reprodução parcial ou total dos textos, fotos, ilustrações por qualquer meio, sem autorização prévia. Todos os direitos reservados. Sugestões e críticas devem ser encaminhadas para nucleopontozero@gmail.com Endereço: Rua Saldanha Marinho,131, Centro -80410-150 -Curitiba – Paraná Blog: https://revistaf11.wixsite.com/blogrevistaf Telefone: 41 2102-3361 Chanceler: Prof. Wilson Picler Reitor: Prof. Dr. Benhur Gaio

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