EXPEDIENTE Reitor: Isidoro Zorzi Diretora do CECC: Marliva Vanti Gonçalves Professora de Mídia Impressa: Alessandra Rech Coordenação: Gabriel M. Piccoli Jayne Tondello Projeto Gráfico e Diagramação: Amanda Marcon Camila Gonçalves Maria Angélica Crippa Lain Rodrigo Chernhak Texto: Aline Tomazoni Charlene Charão Diogo Alex Elzinga Eloá Marchetto Zuccolot Fernanda Zanol Luís Gustavo Damo Rosane de Conto Suelem Carissimi Lunardi Suélen Cristina Bastian Fotografia: Daniela Faccin Tatiane Edilia Bertoletti Mantovani Thaís Joana Tomiello Yasmin F. M. dos Santos Dez/2011
EDITORIAL
Editada pelos alunos da disciplina de Mídia Impressa, a revista Humor & Tal trata, como seu próprio nome já diz, de todos os tipos de humor, com o objetivo de alegrar e, ao mesmo tempo, levar informação aos seus leitores. Nesta edição, a revista aborda, através de reportagens, entrevistas e artigos, o dia a dia dos profissionais de um circo, a responsabilidade do Jornalismo com o humor, o medo que o palhaço provoca em algumas pessoas, o riso como auxílio no tratamento de doenças, entre outros assuntos que você pode conferir a partir daqui. Boa leitura! Esperamos que chegue ao final com um sorriso no rosto.
Foto: Milena Leal
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D IMPRESSA V E R S Ã O
Há quase 20 anos, criatividade e humor mantêm jornal em Farroupilha
Charlene Charão e Rosane de Conto
A história da Folheca se confunde com a própria história do humorismo na Serra gaúcha. Atualmente, de acordo com Jefferson Paim, idealizador do jornal, é o único “100% humor do Estado do Rio Grande do Sul”. A primeira edição circulou em 10 de abril de 1992. Intitulado naquela época como O Pacú, tinha edições de quatro páginas, copiadas por xerox e foi um sucesso, tanto que os criadores do jornal foram convidados por Jorge Bruxel, diretor do jornal O Farroupilha, para editarem o jornal nesse veículo, oferecendo a estrutura necessária para o jornal ser impresso em gráfica. Em troca, alguns exemplares sairiam encartados no jornal O Farroupilha. Com ajuda dos funcionários do jornal, sai então a primeira edição impressa de um jornal totalmente humorístico na Serra gaúcha, no dia 24 de abril de 1992. Cada exemplar era vendido por 500 cruzeiros e alguns anúncios ajudavam a pagar as despesas. Depois de mais duas edições, o Pacú acabou. Cinco anos depois, Paim continuava a pensar na retomada de trabalho para pôr novamente o jornal em circulação, no entanto, era necessário um investimento em equipamentos e na profissionalização na venda de anúncios. Surge então Jean Carlo Lautert, antigo companheiro na distribuição do Pacú. Ele seria o vendedor, Jefferson Paim o diagramador e as reportagens seriam feitas pelos dois. John Madruga completava a equipe com os seus cartuns, sendo mais tarde substituído pelo cartunista Ale. Equipe reestruturada, ocorre a mudança no nome do jornal. Paim lembra de um momento em que disputava um jogo de tabuleiro chamado “Academia”, na casa de um amigo, quando surge o vocábulo folheca na disputa, e um dos participantes faz o seguinte comentário: “Folheca: nome de um jornal oposicionista do interior do Nordeste”. “A resposta, claro, não colou, considerando que Folhe-
ca significa floco de neve, porém, é um bom nome para um jornal desse tipo”, diz Paim. Mudanças feitas, ocorre o lançamento da primeira edição da Folheca, que inicia sua circulação em 14 de novembro de 1997. No entanto, foram somente mais oito edições e a Folheca deixou de circular. Somente em abril de 2002, já com Fernando Béria na comercialização de anúncios, Jefferson Paim na redação e Ale nos cartuns, a Folheca volta com força total e circula até hoje, divertindo as pessoas todos os meses. Em maio de 2010 a Folheca Bento Gonçalves, em parceria com Paulo Cezar Béria, se junta à família. O formato também ganhou a TV, com paródias de programa de auditório, reality shows e afins. O grupo tem espaço às quartas-feiras, a partir das 19h, no Canal 14 da Net, o que lhe rendeu a cobertura (patrocinada) da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010. Hoje são mais de mil assinantes, espalhados por diversas partes da região e alguns até em outros estados, que contribuem com um valor anual de R$ 20 para receberem o jornal em seus domicílios, sem contar com os mais de 6 mil exemplares que são distribuídos de forma gratuita em todos os estabelecimentos que possuem anúncios veiculados no jornal. Toda parte da redação é feita por Paim, em sua própria residência, onde seleciona as matérias a serem publicadas. Pelo email do jornal, cartas@folheca.com, os leitores encaminham piadas e matérias que gostariam que fizessem parte da edição. A impressão é feita no jornal Pioneiro, em Caxias do Sul. Independente e divertido, o Folheca em geral tem suas brincadeiras bem aceitas pela comunidade. Apenas um processo judicial, em andamento, faz parte de sua trajetória.
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O FAZ-DE-CONTA DA ALEGRIA Texto e fotos: Diogo Elzinga e Thaís Tomiello
Nos bastidores do circo, a face tristonha “Respeitável público”. Talvez essa seja uma das frases mais clássicas quando o assunto é circo, mas tamanho respeito nem sempre condiz com a realidade dos palhaços e trapezistas do picadeiro. O Circo Orlando Orfei, de São Paulo, ganhou os direitos do original italiano durante seis meses. Nesse período, instalou-se em Caxias do Sul para satisfação de todos que, há muito tempo, desejavam ver a alegria e a habilidade dos artistas circenses. Só que essa alegria não se estende para trás das cortinas do palco. Quando o assunto é humor, muitos se mostram desanimados, sem muita perspectiva de crescimento e, principalmente, destinados a fazer algo que já vem de família há gerações. Isso não repercute diretamente no picadeiro, mas de alguma forma podemos observar o serviço puxado do trapezista que faz as acrobacias, termina o número, corre, troca de roupa, vende a pipoca, troca de roupa novamente
e se prepara para entrar no Globo da Morte. O modo de vida dos artistas também é complicado. Trailers sem a mínima higiene, cães soltos para todos os lados, roupas sujas estendidas nos varais. Mas isso não parece afetar, de maneira alguma, o espetáculo preparado para o público: muito pelo contrário, quem assiste não imagina o que se passa por trás de cada rostinho maquiado e cada figurino detalhado. Segundo José Carlos Pimentel, responsável pelo Marketing do espetáculo, o grupo trabalha constantemente com o improviso, com a graça e com a interação com o público. Dessa forma, contribui para que as pessoas sintam-se mais integradas ao contexto das apresentações. O Circo, que conta com cerca de 20 anos de estrada e exibe 12 atrações dos mais variados tipos, ficou em Caxias até o dia 7 de novembro, e promete voltar mais vezes.
DICA HUMOR & TAL: VALE A PENA ASSISTIR! MEIA-NOITE EM PARIS
Título original: (Midnight in Paris) Lançamento: 2011 (EUA, Espanha) Direção: Woody Allen Atores: Owen Wilson, Rachel McAdams, Kurt Fuller, Mimi Kennedy. Duração: 100 min Gênero: Comédia Romântica Sinopse: Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos e quis ser como eles. A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em
Hollywood, o que se por um lado fez com que fosse muito bem remunerado, por outro lhe rendeu uma boa dose de frustração. Agora ele está prestes a ir a Paris ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade para fechar um grande negócio e não se preocupa nem um pouco em esconder sua desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido.
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P A L H A Ç O
ENGRAÇADO OU ATERRORIZANTE? Fernanda Zanol
Existe tratamento para a Coulrofobia Apesar de a maioria das pessoas ligarem a figura do palhaço ao humor, à alegria e ao riso, também existem aquelas que não podem ver um nariz vermelho e rostos pintados excessivamente que já saem correndo. Essas pessoas possuem a chamada Coulrofobia, mais conhecida como medo de palhaço. De acordo com a psicanalista e professora da Universidade de Caxias do Sul Rosita Esteves, as fobias são expressões de um temor associadas a um desejo proibido. É um conflito que ocorre dentro da pessoa e, para não haver a angústia, se elege um objeto específico que, na maioria das vezes, vem de uma experiência traumática ou de algo que lhes apavorou em algum momento da vida. Ou seja, todas as fobias têm uma causa interna que leva a um objeto externo, nesse caso o palhaço. Normalmente, ao depararse com algum indivíduo vestido de palhaço, essas pessoas costumam ter ataques de pânico, perda de fôlego, arritmia cardíaca, suores e náuseas.
Tudo isso pode parecer estranho e incomum para muitos, mas não é raro de acontecer, principalmente entre crianças. Recentemente, em uma pesquisa feita pela Universidade de Sheffield, no Reino Unido, com 250 crianças de 4 a 16 anos, todas alegaram terem medo de palhaços e não gostarem de decorações baseadas neles. Rosita Esteves destaca ainda que existe tratamento para o medo de palhaço. O mais adequado é uma psicoterapia, oportunizando ao sujeito a compreensão do seu sintoma, entendendo o porquê dessa fobia e as razões ocultas dela. Na medida em que ele vai se descobrindo, vai perdendo o medo. Ela ressalta também que existe diferença entre medo normal e o medo patológico. Medo normal é o também chamado medo protetor, que faz com que as pessoas tenham atitudes que evitem perigos, como o medo de altura; já o medo patológico, ou medo racional, não tem razão de existir.
Símbolo máximo do humor A figura do palhaço tem a função de alegria, de um ser trapalhão, uma espécie de criança grande, mas por algum motivo particular, algumas pessoas o veem como alvo de fobia e passam a ter pavor de cruzar com algum deles por aí. Inclusive, muitos filmes já abordaram o palhaço como uma figura aterrorizante, como o famoso longa It, do diretor Tommy Lee Wallace, que em 1986 conseguiu assustar toda uma geração de crianças com o palhaço Pennywise. Além deste, também há um palhaço assustador no filme Poltergeist, que não falava mas aparecia inesperadamente em todos os lugares, e o conhecido palhacinho de Jogos Mortais, um
boneco criado pelo vilão da trama, Jigsaw, para assustar suas vítimas. Engraçados para alguns, aterrorizantes para outros, o fato é que os palhaços sempre foram e continuarão sendo o símbolo máximo do humor. Enquanto algumas pessoas fogem deles, a maioria continua rindo e se divertindo com as suas palhaçadas. E esse é um dos intuitos do humor: provocar algum tipo de emoção nas pessoas. Infelizmente, quando o assunto é palhaço, nem sempre podemos dizer que o resultado é bom. Mas eles continuam firmes e fortes, com seus narizes vermelhos e dando cambalhotas por aí.
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ALEGRIA CONTAGIANTE Júlio Soares, Divulgação
Os Médicos do Sorriso surgiram em Caxias no ano de 2004 e desde então tornam a rotina hospitalar mais alegre, inspirando confiança para as cerca de 90 mil pessoas que já receberam visita do grupo. Mediante patrocínios, os 11 atores, com formação em teatro, passam pelos hospitais levando alegria, gargalhadas e esperança para os enfermos. Em 2012, a previsão é de que estejam atuando no Hospital Geral. O trabalho é inspirado nas ideias do médico norte-americano Hunter “Patch” Adams, que com sua trupe de palhaços viaja para áreas críticas do mundo, de pobreza, de
Suelem Lunardi guerra, espalhando alegria. Além de médico, humorista e intelectual, Patch é também um ativista em busca da paz mundial, que leva uma mensagem de amor ao próximo que, se praticada por todos, certamente irá mudar o mundo para melhor. No Brasil, o trabalho começou com o grupo Doutores da Alegria (www.doutoresdaalegria.org. br), sem fins lucrativos, que já realizou mais de 800 mil visitas a crianças hospitalizadas no Sudeste. Mais informações: www.saladeensaio.art.br
DICA HUMOR & TAL: VALE A PENA ASSISTIR! MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS Título original: (Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios) Lançamento: 1988 (Espanha) Direção: Pedro Almodóvar Atores: Carmen Maura, Antonio Banderas, Julieta Serrano, Rossy de Palma. Duração: 89 min Gênero: Comédia Sinopse: Em Madri, Pepa Marcos (Carmen Maura), uma atriz que está grávida mas ninguém sabe, é abandonada por Ivan (Fernando Guillén), seu amante, e se desespera
tentando encontrá-lo, pois deseja que ele lhe explique por que a deixou. Enquanto tenta falar com ele, recebe a visita de Candela (María Barranco), uma amiga que se apaixonou por um desconhecido e descobriu que ele é um terrorista xiita. Mais tarde chega ao apartamento Carlos (Antonio Banderas), o filho de Ivan, acompanhado de Marisa (Rossy de Palma), sua noiva, pois os dois estão procurando um imóvel para alugar. Marisa bebe um gaspacho cheio de soníferos, que Pepa tinha preparado para Ivan, mas a confusão realmente acontece quando Ivan vai para Estocolmo com Paulina Morales (Kiti Manver) e Lucia (Julieta Serrano), a mulher de Ivan, planeja matá-lo.
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Luiz Antônio Guerreiro, Divulgação
O prazer de um profissional do riso
Jair Kobe, o Guri de Uruguaiana, defende que o humor está ligado à arte de viver bem Aline Tomazoni
O humor surgiu nos primórdios gregos. Os humanos são os únicos que riem, é a maneira mais saudável de demonstrar felicidade. Atualmente muitas pessoas utilizam-se do humor como profissão, além de fazer as pessoas sorrirem, ficarem felizes, também proporciona o bem-estar ao profissional, de acordo com Jair Kobe, mais conhecido como O Guri de Uruguaiana. Segundo ele, o humor está ligado à arte de viver bem, com qualidade de vida. A pessoa bem humorada tem menos estresse, consegue ser mais criativa nas tomadas de decisões, contribui com as relações humanas e deixa o ambiente saudável, mais tranquilo. O humor sempre é o gênero preferido do público. Uma peça de drama, com mais reflexão, exige um público mais seleto e diferenciado, não atinge o espectador em geral. O mesmo humor não atinge todas as categorias, mas a vontade de descontrair é a mesma: “Todo mundo gosta de se divertir, não que seja alienante, bem pelo contrário, humor pode ser politizado, ser informativo”, afirma. Segundo Kobe, todas as peças de humor têm a finalidade de divertir e entreter, mas cada um procura o seu artista, o seu programa, sua peça de teatro... Para Kobe, a maneira de manter o sucesso é por meio do trabalho. A utilização das mídias, redes sociais,
da internet, são estratégias importantes, mas o principal diferencial é a renovação permanente. Para manter o público ligado é necessário estar a par da atualidade, já que hoje é tudo muito rápido, muito online. “As pessoas buscam coisas do dia a dia, as pessoas querem informação. É isso que o público está querendo. O sucesso do personagem ocorre também porque eu trabalho demais para isso”, define.
DICA PARA DAR RISADA:
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D E S P E R T A R
Divulgação
DE UM SORRISO
A dramatização por meio do palhaço é uma forma de despertar a felicidade das crianças e o inconsciente dos adultos. As crianças aprendem brincando e os adultos voltam a ser crianças, esquecendo da correria do dia a dia e se entregando à diversão. Um exemplo de profissional que desperta sorrisos e cativa pessoas é a palhaça Bolacha (foto, à esquerda), uma professora de matemática de séries iniciais que em seu tempo livre leva a vida na brincadeira, encarna o personagem e promove a alegria, despertando muitos sorrisos na criançada: “Viro outra pessoa quando estou fazendo uma criança sorrir”, afirma. Humor & Tal: Qual o significado de sorriso para você? Rosiane e Silva Velho: Para mim é ALEGRIA, pois particularmente nunca consigo sorrir se não estou bem. Isso acontece principalmente com a criança, que consegue chorar e logo começar a sorrir, mas em hipótese alguma vai sorrir se estiver triste. Humor & Tal: Qual a sensação em despertar um sorriso em uma criança? Rosiane: Acredito que posso comparar com a sensação de pular de para-quedas, a adrenalina fica a mil, é como um vício, sempre quero mais sorrisos. Volto a dizer: a
Aline Tomazoni criança é só emoção, por isso é bem difícil fazer ela sorrir de verdade. Se estiverem sorrindo, é porque gostaram. Humor & Tal: De que maneira o sorriso contribui para o desenvolvimento humano? Rosiane: Já estudei autores em neurociência que concluíram que a sensação de bem-estar faz multiplicar as sinapses, ou seja, há aumento no número de conexões neuronais. O sorriso é uma consequência de bem-estar, logo, muito importante no desenvolvimento da pessoa. Humor & Tal: Quando o sorriso está estampado no rosto de uma criança, qual seu sentimento? Rosiane: FELICIDADE e tranquilidade, pois sei que essa criança está feliz, está se desenvolvendo normalmente. Amo crianças e adoraria que todas sorrissem o tempo todo. Humor & Tal: Quando você não está em um bom dia para encarnar o personagem, qual a tática para atuar? Rosiane: Quando coloco a roupa, principalmente quando pinto o rosto, me transformo em outra pessoa, sem angústias ou tristezas. A minha vida se transforma na vida da BOLACHA.
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OPINIÃO
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Melhor é aprender rindo Suelen Cristina Bastian
Jornalismo humorístico
Uma nova perspectiva de informação Eloá Marchetto Zuccolot Nos últimos tempos o humor vem se tornando cada vez mais presente no jornalismo brasileiro. O jornalismo esportivo, por exemplo, encontra cada vez mais espaço nos meios de comunicação, principalmente na TV. O novo jeito de falar de esporte vem arrematando uma nova fatia de público que antes trocava de canal quando o assunto era futebol. Bem-humorado e mais dinâmico, esse estilo conquista, cada vez mais, a audiência do público feminino e infantil. Pode não parecer, mas fazer humor é difícil, ainda mais quando o assunto é política. Para que esse novo modelo de falar sobre política cumpra o principal objetivo do jornalismo, que é informar e fazer a sociedade refletir, é preciso que haja uma preocupação dos profissionais sobre essa nova abordagem do jornalismo, “jornalismo humorístico”. Para que essa combinação consolide-se é preciso uma harmonia entre informação com credibilidade e medida coerente de humor. De acordo com Marcelo Tas, apresentador do programa Custe o Que Custar (CQC - foto acima) da emissora BAND, em uma entrevista concedida ao site Nós da Comunicação em janeiro de 2011, “O humor é uma ferramenta muito eficiente
para o jornalismo e para a educação”. Esse formato de abordagem humorística contribui também para que os jovens se incluam em assuntos políticos, uma vez que a maioria demonstra ser apática para as questões sociais. Diante dessa tendência jornalística, percebe-se a contribuição dessa modalidade de conteúdo de informação para a educação. No ensino, o humor exerce um papel fundamental, porque além de descontrair o ambiente, ele é um grande facilitador de aprendizagem. Segundo a professora argentina Mónica Guitart, da Universidade Nacional de Cuyo, o humor pode ser aplicado como espécie de “pílulas motivadoras”. Ela justifica dizendo que, dessa forma, é mais fácil lembrar de conceitos, pois esses “chegam por meio de emoções positivas, e não só por meio de conhecimentos frios”. Entretanto, a comunicação tem forte papel na sociedade. Trabalhar assuntos pesados que norteiem a população de uma forma agradável e que despertem o interesse de crianças, jovens e até mesmo adultos é importante e de total valia. O jornalismo pode e deve aproveitar todos os vieses que encontrar para disseminar a informação e provocar a reflexão na sociedade.
Lembro-me vagamente de quando cursava magistério. Para entender a criança, a professora brinca de ser uma delas. A criança é um ser divino, com uma energia inesgotável, e para disputar sua atenção, só usando o bom-humor mesmo. Para atrair a criançada não é fácil, para isso tive que aprender a ensinar de uma forma dinâmica e os resultados foram excelentes. Durante os quatro anos de curso já fiz papel de Índia, Branca de Neve, Italiana, Vênus, entre outras. E cada aula era um desafio, pois algumas vezes esse método se tornava um “tiro no pé” e a “chave da bagunça”. Dar uma aula descontraída não é passar um conteúdo sem planejamento e de forma desorganizada, pelo contrário, é transmitir um conteúdo bem planejado, porque a aula em que se utiliza o senso de humor tem que ter uma ligação interdisciplinar com o foco do conteúdo, e o real e imaginário da criança. Na educação, o humor faz toda diferença, pois o aluno presta atenção com mais facilidade do que naquelas aulas todas regradas de formalidade. Bom-humor para ensinar é o que realmente faz uma aula produtiva no aprendizado do educando, pois nosso cérebro tende a lembrar-se do que é engraçado. Quer ver como isso é verdade? Quantas vezes você riu sozinho na rua porque se lembrou de algo que lhe fez rir? Muitas vezes, né? Isso porque o humor tem o domínio da nossa atenção tanto positivamente como negativamente. E os professores que sabem planejar aulas cheias de brincadeiras que causam sorrisos nas crianças e ao mesmo tempo são organizadas, certamente darão uma excelente aula e atingirão seu objetivo de plantar o conhecimento no coração da criança. Aprender rindo ajuda muito a entender os conteúdos mais complicados, como matemática, e as ferramentas são diversas, como: teatro, música, piada relacionada à disciplina, charges... Portanto, a diversão, com equilíbrio, é a minha dica para transformar a educação.
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Conversa com o ‘Radicci’ Iotti é natural de Caxias do Sul-RS, nascido no dia 27 de fevereiro de 1964. Aos 14 anos, descobre o seu talento, o amor e o dom pelo desenho. Radicci foi criado em 1983, e tem algumas características bem marcantes, tipicamente italianas. Conquistou o público com seu temperamento e com sua roupagem forte, e sua paixão pelo ócio e pelo vinho. Para o cartunista, o desenho é uma questão de espontaneidade: “Todos são desenhistas, mas a maioria, depois de uma certa ida-
de, fica séria, adulta, e para de desenhar. Apenas 1%, os mais loucos, continuam.” Iotti Atualmente Iotti faz tiras e charges diárias para os jornais Pioneiro e Zero Hora. Também publica em Diário Catarinense, O Diário de Criciúma, O Diário do Sul (SC), O Diário do Sudoeste (PR). Há ainda os projetos de livros, produtos com a marca do Radicci, assim como a manutenção do site do personagem, do site em italiano e do seu site de pesca, outra paixão do desenhista.
”As pessoas tinham vergonha de sua origem italiana. O colono era ridicularizado.” Humor & Tal: Para o senhor, o que é humor? Iotti: O humor é uma forma fina de expressão do desacordo de maneira humorada e/ou reflexiva. Um olhar com outro viés, uma forma diferente de abordar um tema de outro ponto de vista. Humor & Tal: Como surgiu o personagem Radicci? Iotti: Surgiu nas páginas do Pioneiro em 1983, como uma espécie de síntese do nosso colono italiano. Humor & Tal: Gostaria de saber como era visto o humor quando o senhor começou a trabalhar com um personagem tipicamente regional, que é o Radicci. Iotti: As pessoas tinham vergonha de sua origem italiana. O colono era mal visto, ridicularizado. O Radicci teve o mérito de exorcizar esse sentimento. Humor & Tal: Na sua opinião, qual é a necessidade do humor para as pessoas nos dias de hoje? Iotti: O humor é vital. As pessoas que não têm humor, que se levam muito a sério, que não brincam, são cinzentas. Humor é vida. Um sorriso pode salvar um dia. Quem tem humor vive mais e melhor. Humor & Tal: O humorista/cartunista (profissional) é valorizado? Por quê? Iotti: Sim, pois representa a ponta mais aguda do jornalismo opinativo. O que pode ser mais cáustico e corrosivo, sem preocupações - por vezes - em ser politicamente correto. Humor & Tal: Gostaria de saber de onde o senhor tirou inspiração para criar o personagem “Irmão Benildo”?
Carlos Henrique Iotti fala sobre o personagem preferido dos leitores Divulgação
Luís Gustavo Damo
Iotti: Duas fontes. A primeira foi o programa de rádio dos Discoucuecas, na década de 80, onde havia um personagem semelhante. A outra é baseada no irmão Benildo, meu professor de Matemática do Carmo (La Salle Carmo) que oscilava de forma bipolar enter a fúria e a calma. Claro que não da forma que faço na rádio, pois é um enorme exagero. Era um grande professor e amava o que fazia. Humor & Tal: Com relação ao “Irmão Benildo”, como o senhor enxerga as pessoas bipolares? O transtorno é comum nos tempos de hoje? Iotti: Vejo como pessoas que precisam de tratamento. Humor & Tal: O senhor sofre ou já sofreu algum preconceito por ser humorista/cartunista? Iotti: Nunca sofri preconceito. Humor & Tal: Na sua opinião, o que precisa mudar/ alterar/inovar no humor brasileiro? Iotti: O humor televisivo precisa de novas ideias, de novos redatores. O restante me agrada, principalmente o humor gráfico. Nas rádios, deveria ocorrer um retorno ao passado, quando existiam mais humoristas, personagens de rádio e mais senso crítico. Humor & Tal: O senhor é a favor ou contra a participação de animais nos circos? Por que? Iotti: Totalmente contra. Lugar de animal selvagem, como tigres, elefantes, ursos, é em seu habitat. Humor & Tal: Genoveva é o nome da sua esposa? Iotti: Não, Genoveva é o nome da esposa do Radicci, um personagem! (rss).
”O humor televisivo precisa de novas ideias, de novos redatores.” 11
E SP EC I A L I Z AÇ ÃO , M B A , M E S T R A D O E D O U TO R A D O
CURSOS NAS ÁREAS DE: Artes, arquitetura e design Agrárias e biológicas Comunicação Engenharias e tecnologias Exatas Gestão Hospitalidade Humanas Informática Jurídicas Saúde
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