Revista Entrelinha 2019/2

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EDUCAÇÃO

Caps Aquarela ajuda a colorir vidas – P. 14

ESPORTE Há 20 anos atrás, o juventude conquistava o país e os brasileiros P. 11

MEIO AMBIENTE Serra gaúcha é recente destino para a moda sustentável P. 6

SAÚDE

Nutricionista indica cuidados no consumo de alimentos com glúten P. 4

ENTRELINHA

Revista-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul - UCS. 2019/2 1


EDITORIAL

Repórteres Alessandra Bernardi Alex Viola Schneider Ana Carolina Haas Ana Paula Rossi do Amaral Bianca Smiderle Lemos Bruno Mucke Abreu Daniel de Lima de Souza Filipe Antônio Brogliatto Flavia Azolin da Silva Jheniffer Tayna Kwiatkowski José Tadeu Leite Kugert Junior Juliana Camila Frois Laura Piola Lucas Teles Boeira Luciano William Weber Maria Antônia Nery Menegotto Mateus Sugari Pedro Henrique dos Reis Corá Romila Hoffman do Amaral Stéfani Dahmer Tainá Reginato Menegat Valdinéia Tosetto Vitor Zorzi Soccol

O lado bom da vida Uma das definições de saúde. Sem dúvida, de nada vale nossa vida se não tivermos saúde. O significado mais concreto é encontrado no decreto da Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS): “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças". Sendo assim, uma rica saúde está agregada ao aumento da qualidade de vida. A saúde de uma pessoa também pode estar ligada à biologia humana, em relação à normalidade e ao funcionamento do organismo. Vendo por esse lado, ter saúde é viver de forma saudável, com melhores hábitos de alimentação e prática de exercícios físicos, além de uma rotina que apresente disposição física e outros costumes que podem ser benéficos. O valor e o foco relacionados ao bem-estar social surgiu em meados de 1945, logo após o término da Segunda Guerra Mundial. A definição e preocupação relacionadas à saúde se manifestaram por consequência das devastações e danos causados pela guerra, tanto físicos, quanto mentais. Se tornou, também, uma maneira de estabelecer um lado positivo à paz mundial. As descrições de saúde correm pelo mundo todo há muito tempo. Diversos pensadores já manifestaram suas ideias sobre o tema que apresentam distintas opiniões. Em 1977, Christopher Boorse definiu a saúde simplesmente como “a ausência de doenças”, com o intuito de revelar um lado mais claro. Leon Kass afirmou, em 1981,que “o bem-funcionar de um organismo como um todo”, ou até mesmo “uma atividade do organismo com suas excelências específicas”. Alguns anos mais tarde, em 2001, Lennart Nordenfelt definiu a saúde como “um estado físico e mental em que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias.” Tendo em vista todas essas questões, fica claro que a saúde é uma pérola e necessita de cuidados especiais. O corpo humano é uma máquina, e se não for cuidado de forma correta, pode apresentar danos e defeitos, ou seja, todo cuidado é pouco quando se trata da estrutura desse templo que, normalmente, habitamos por longos anos.

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Reitor

Dr. Evaldo Antônio Kuaiva

Diretor Ciências Me. Fabio Eberhardt Teixeira Sociais FOTO EQUIPE

Coordenador de Jornalismo

Me. Marcell Bocchese

Disciplina

Design de Notícias e Planejamento Visual

Professora

Dra. Marlene Branca Sólio

Projeto gráfico:

Juliana Frois

Foto de Capa

Pixabay

Francisco Getúlio Vargas, 1179 Bairro Petrópolis Caxias do Sul - RS Telefone: (54)32182100 www.ucs.br


SUMÁRIO

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SAÚDE

MEIO AMBIENTE

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14 EDUCAÇÃO

ESPORTE

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MEIO AMBIENTE Para onde são levados os resíduos de nosso dia a dia

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EDUCAÇÃO Importância da música no desenvolvimento cognitivo

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CULTURA Construções que contam a história da Serra gaúcha

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CINEMA Precisamos falar sobre a representatividade de minorias

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CULTURA A lenta morte da tradição gaúcha

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CINEMA Sétima arte conquista Serra gaúcha

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ESPORTE Proibir álcool ajuda, mas não elimina violência nos estádios

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DICIONÁRIO Dicionário de adolescentes 3


SAÚDE

Nutricionista indica cuidados no consumo de alimentos com glúten Cláudia Fogaça, explica as características e funções dessa proteína no organismo humano Foto: Juliana Frois

Ilustração da proteína glúten

Por Ana Carolina Haas e Juliana Frois á lemos esse aviso infinitas vezes em diversas embalagens de alimentos, principalmente em massas e derivados. Essa frase pode não ser relevante para algumas pessoas, mais é necessário ter cuidado no consumo dos alimentos que apresentem o aviso na embalagem, especialmente as pessoas que são intolerantes ao glúten. A nutricionista Cláudia Fogaça, formada em 2002 pela UNISINOS, trabalha há 16 anos na área de nutrição e expõe alguns detalhes sobre as características e funções do glúten. O QUE É O GLÚTEN? “O Glúten é a combinação de dois grupos de proteínas: a gliadina e a glutenina, presentes naturalmente em muitos cereais, como o trigo, o centeio e a cevada” explica a nutricionista. “Ele confere elasticidade e resistência à massa da receita de diversos alimentos,” completa. De acordo com a profissional, comprovadamente, o glúten faz mal ao celíaco, mas o excesso de consumo de alimentos que contenham glúten pode ocasionar

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vários outros problemas, e colaborar no surgimento de doenças. O QUE É A DOENÇA CELÍACA? “A doença celíaca é a intolerância do organismo à ingestão de glúten, proteína presente no trigo, na cevada e no centeio. Por isso, quem é celíaco não pode ingerir alimentos com glúten de jeito algum, pois ele desencadeia um processo inflamatório no intestino delgado, que leva à atrofia das células responsáveis por absorver nutrientes” explica Cláudia. A nutricionista afirma que os sintomas da doença, como inchaço ou dores abdominais, podem, muitas vezes, ser confundidos com outros problemas, como a intolerância à lactose e a síndrome do intestino irritável. Segundo o site do G1, dietas sem glúten para a prevenção de doenças arteriais entre pessoas sem sintomas e não celíacas não é recomendável. Existe uma lei que exige que todo alimento embalado indique no rótulo se contém ou não contém glúten em sua composição. Pães, bolos, macarrão e biscoitos são alimentos que no geral possuem a substância.

Ingredientes: 2 ovos; 1 e ½ xícara de leite; ½ xícara de óleo; ½ xícara de açúcar mascavo; 3 colheres de chá de fermento em pó; 1 xícara de farinha de arroz; ½ xícara de polvilho doce; ½ xícara de fécula de batata. Modo de Preparo: Para fazer basta colocar todos os ingredientes no liquidificador e assar na máquina de waffle. Quem não tem o aparelho pode usar essa receita para fazer panquecas americanas na frigideira. Foto: Pixabay/Divulgação

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“Não contém glúten”

RECEITA WAFFLES SEM GLÚTEN Por Vanessa Musskopf


MEIO AMBIENTE

para onde VÃO Os RESÍDUOS de nosso dia A DIA Descarte e separação incorretos de resíduos prejudicam a reciclagem de materiais Foto: Marcia Vial/Divulgação Codeca

Por Ana Paula Rossi, Mateus Sugari e Stéfani Dahmer

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e acordo com o site oficial da ONU (Organização das Nações Unidas), o chefe do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Maimunah Sharif se pronunciou por meio de mensagem no Dia Mundial do habitat (01/10), sobre a produção de resíduos no Brasil. Ele apontou que mais de 7 bilhões de seres humanos produzem, anualmente, 2 bilhões de toneladas de resíduos no mundo. De acordo com o programa, 99% dos produtos que compramos são jogados fora dentro de seis meses. Para acomodar a população mundial, suprir o uso de recursos e absorver o resíduo gerado, precisaría­ mos de 70% da área de outro planeta Terra. BRASIL Segundo documento “Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2017” divulgado pela ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), os números referentes à geração de resíduos sólidos urbanos de 2017, no Brasil, revelam um total anual­ de 78,4 milhões de toneladas, o que demonstra aumento de 1% em relação ao ano anterior. Dos resíduos coletados, 59,1% foram dispostos em aterros sanitários; o restante, 40,9% dos resíduos, foi despejado em locais inadequados por 3.352 municípios brasileiros, totalizando mais 29 milhões de toneladas de resíduos­ em lixões ou aterros controlados, que não têm o conjunto de sistemas e medidas necessários para proteção do meio ambiente. DESTINO EM CAXIAS DO SUL Em Caxias do Sul, a Codeca (Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul) é responsável pela limpeza urbana

Atualmente, 44% da coleta de resíduos em Caxias do Sul é realizada de forma manual

e pela destinação de resíduos do município. Nos últimos anos, o volume de resíduos orgânicos e seletivos coletado na cidade não teve alteração significativa. Foram coletadas, 450 toneladas diariamente e, dessas, 360 correspondem a resíduos orgânicos e 90 toneladas a resíduos seletivos. Estima-se que a produção de resíduo em Caxias, por habitante, seja de 1kg por dia. Cerca de 20% do material é destinado a 13 associações de recicladores de lixo conveniadas com o município. Nas associações, os resíduos são separados, e aqueles que não estiverem su-

jos serão comercializados para indústrias de reciclagem, que confeccionam novos produtos a partir dos itens recicláveis. O destino do resíduo orgânico é o aterro sanitário Rincão das Flores, em Vila Seca. Os resíduos são tratados em uma área de 275 hectares. O aterro foi preparado para garantir a proteção ambiental estabelecida pelos órgãos licenciadores, com vida útil estimada até o ano de 2045. A Codeca realiza um trabalho diferenciado com os chamados “lixos ou resíduos especiais”, os quais não devem ser descartados da mesma forma que os demais.

Confira quais são e como descartá-los Móveis, eletrodomésticos, equipamentos de telefonia e informática: devem ser encaminhados ao Ecoponto (localizado junto à Codeca), os materiais em bom estado são destinados a doação e os materiais eletrônicos são encaminhados a entidades parceiras, que gerenciam resíduos eletroeletrônicos para descontaminação; Pilhas, pneus, baterias e lâmpadas são devolvidos ao local de compra, de acordo com a política de logística reversa estabelecida na lei federal n°12.305/2010;

O óleo de cozinha usado deve ser descartado em garrafas pet, com os resíduos seletivos. Após o recebimento, são destinados às associações de catadores que o encaminham a uma usina que produz biodiesel.

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ENTRELINHA 5


MEIO AMBIENTE

um ótimo destino para a moda sustentável é a serra gaúcha

O consumo consciente ganha espaço em uma das regiões mais prósperas da industrial têxtil Foto: Flavia Azolin da Silva

Soluções criativas e sustentáveis no mundo da moda são caminho para ajudar meio ambiente

Por Flavia Azolin da Silva e Vitor Zorzi Soccol

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ealizar uma produção sustentável sempre foi grande desafio na indústria da moda. E com ela gerar consumo, competindo com tantas marcas reconhecidas, tornou-se mais uma barreira a superar. No Brasil, vestir ainda faz parte de um processo cultural e padronizado. Por isso, nessa reconstrução da maneira de consumir, é importante que o comprador tenha acesso às informações do produto, desde a coleta da matéria prima, passando pela produção e finalizando no descarte do material. E é a esse consumo consciente que Ramona Sander, dona do estabelecimento Hey! Brechó atribui a maneira de se vestir nos últimos anos. “Consumir conscientemente é saber a origem e todos os processos pelos quais o produto passa até chegar em nossas mãos, e saber os danos que as tuas escolhas de consumo podem causar no mundo”, enfatiza Ramona.

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A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo. Graças ao modelo de produção denominado fast fashion, muitas peças são produzidas todos os dias, e descartadas em pouco tempo. Segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o Brasil produz, anualmente, por volta de 170 mil toneladas de retalhos têxteis. A questão social também é um problema. Conforme a ONG Repórter Brasil, dados do começo da década apontam que mais de 400 costureiros foram encontrados em condições de trabalho escravo ou semelhantes no Brasil. A moda sustentável surge como alternativa para esses problemas. Segundo Mário Pereira, diretor do instituto Villaget, que originou a marca homônima, pensar no social é essencial para contribuir nessa questão. “A sustentabilidade como um todo, no Brasil, veio com um discurso europeu ou estrangeiro. Aqui, existem um déficit educacional e uma carência de infraestrutura em comuni-

dades. Segundo entendemos, a moda sustentável precisa ter a questão social como um dos principais pilares. A desigualdade social no Brasil é muito grande. Então, ao meu ver, esse ponto é essencial’’, afirma Pereira. No vídeo produzido para a plataforma UCS Play, da Universidade de Caxias do Sul, a coordenadora do curso de Moda da Universidade, Mercedes Manfredini, afirma que, para a moda sustentável

O Instituto Villaget começou há quinze anos, como um centro de capacitação profissional voltado a jovens e adolescentes, na Vila Getúlio Vargas, em Novo Hamburgo. A ideia de vender os calçados produzidos com materiais recicláveis veio com o tempo, e gerou frutos para a comunidade envolvida, com projetos educacionais que incluíam aulas de informática para as crianças, adolescentes e jovens.


MEIO AMBIENTE existir, é preciso preocupar-se com gerar menos resíduos e com valorizar o meio ambiente e as pessoas produtoras das peças. O Rio Grande do Sul é um polo de produção de roupas e ocupa o 5º lugar entre os estados brasileiros com maior número de estabelecimentos que fabricam produtos têxteis, segundo o Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul. Dados de 2017 do mesmo site apontam que Caxias do Sul, Sapucaia do Sul e Novo Hamburgo concentram, aproximadamente, 40% dos empregos no setor. Conforme a plataforma DataViva, Caxias do Sul é o município gaúcho que lidera os três, com mais do que 1. 062­empregos. Caxias do Sul integra o Polo de Moda da Serra gaúcha, uma associação de entidades cooperadas que visam a inovar e desenvolver o crescimento sustentável da moda na Serra gaúcha. Segundo a assessoria de imprensa da Polo de Moda, houve um aumento de 80% na procura pela Central de Criação e Corte da organização setorial. Desde o princípio de suas atividades, em março de 2018, a Central atende 47 empresas — 7 dessas associadas nos meses de novembro e dezembro de 2018 e janeiro de 2019. IMPACTO DA MODA A opção pelo design sustentável na fabricação dos produtos se faz necessária na busca pela conservação do meio ambiente. No processo sustentável, algumas empresas optam por medidas que visam a contribuir com o meio ambiente, mas também lucrar. O uso de tecidos eco-friendly por meio da reutilização de materiais como o algodão e tecidos desfibrados que antes eram descartados em aterros; a adoção de métodos de tingimento alternativos evitando a contaminação do solo e a produção de peças duráveis são alguns critérios adotados pelos empresários. Quando se trata de cruelty free, marcas como Melissa se destacam por não utilizar tecidos testados em animais e nem couro ou pele dos mesmos. Frances Danckwardt, analista de marketing e comunicação, que já trabalhou com a marca Melissa, afirma que “o plástico hoje é visto como vilão, mas ele pode ser também o herói, desde que trabalhado da forma correta. Precisamos pensar em toda a cadeia e em como otimizar todas as etapas de produção (da lavagem do

material, produção, injeção até a reciclagem). É importante, também, que os consumidores entendam a melhor forma de descarte para que a reciclagem não seja mais trabalhosa ou que se gaste mais energia ou água do que o necessário, por exemplo.’’

“Consumir conscientemente é saber a origem e todos os processos pelos quais o produto passa até chegar em nossas mãos, e saber os danos que as tuas escolhas de consumo podem causar no mundo”

ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL “Os brechós estendem o ciclo de vida de produtos que seriam jogados na natureza”, afirma Ramona Sander. Sua paixão pela moda a encorajou a investir no empreendimento chamado Hey! Brechó. Ela buscou um diferencial no momento em que optou por essa área, justamente por sempre ter ouvido comentários preconceituosos a respeito dos brechós.

“Como consumidora de brechós há muitos anos, eu percebi o aumento de interesse por essa moda alternativa. Quando era mais jovem, sempre ouvia comentários preconceituosos sobre estar vestindo roupas de segunda mão, mesmo que estivessem em estado de conservação perfeito. Mas hoje uma grande parcela dessas pessoas que tinham esse preconceito mudou de opinião e frequenta lojas e feiras de brechós. Como proprietária, percebo nos comentários dos meus clientes que essa tendência e procura por roupas de brechó que está crescendo cada vez mais.’’ afirma Ramona. Segundo pesquisa realizada na plataforma Google Trends, comparando e calculando termos pesquisados pelos usuários, é possível ver que os brechós têm uma procura maior entre os internautas, em comparação com a busca por moda sustentável ou consumo consciente. Cada vez mais preocupadas com a questão ambiental, as empresas oferecem diversas alternativas para o consumo consciente. Os brechós surgem como opção barata, sustentável e propícia para quem busca um novo jeito de se vestir. Hoje, entender o processo de produção é essencial na aquisição de peças. Não pensar no meio ambiente na hora de comprar, já não está mais na moda.

PROCURA PELA MODA SUSTENTÁVEL

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CULTURA

Construções que CONTAM a história da Serra Gaúcha Construções feitas por imigrantes marcam sua tragetória no Rio Grande do Sul Por Alessandra Bernardi, Filipe Brogliatto e Romila Amaral

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população daSerra gaúcha é composta por muitas etnias e cores. Imigrantes dos cinco continentes, há anos deixam suas terras e elegem por morada os municípios do nordeste do Rio Grande do Sul. No decorrer da história, os descendentes buscaram lembrar

a trajetória dos vindouros e enaltecer sua bravura e coragem com grandes monumentos. A seguir, você vai conhecer construções erguidas pelos povos que aqui chegaram e espaços de memória criados por herdeiros de diversas culturas.

Foto: Airton Nery/Divulgação

CAMPANÁRIO DA IGREJA MATRIZ CELEBRA 70 ANOS EM OUTUBRO

Campanário e Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes

Na década de 40, Flores da Cunha era um dos municípios do Rio Grande do Sul com menos de 10 mil habitantes. A jovem cidade, emancipada de Caxias do Sul em 1924, começou a edificar, pedra por pedra, aquele que seria um dos mais altos e imponentes campanários do mundo. Hoje, é difícil circular pelo centro de Flores da Cunha e não se apaixonar pela estrutura que comemora seu septua­gésimo aniversário em 2019. No ano era 1946, e no contexto Pós-Segunda Guerra Mundial, as missas ainda eram celebradas em latim. O presidente era Eurico Gaspar Dutra e o papa, Pio XII. Na época em que a comunidade

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se mobilizou para a construção do campanário, não havia telefone, vivia-se no período de ouro do rádio e a TV ainda não existia no Brasil. No começo do século XX, o cônego Dom Finotti encomendou os cinco sinos que hoje estão no campanário. Eles foram fabricados na França e quando chegaram foram instalados em uma pequena estrutura de madeira ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes. Ao assumir o comando da paróquia de Flores da Cunha, na década de 30, Frei Eugênio Brugalli lançou a ideia da construção de um novo prédio para abrigar os sinos. A pequena comunidade ouviu

o apelo de Frei Eugênio, fez diversas doa­ ções em dinheiro e, depois de serem realizados alguns projetos e orçamentos, as obras iniciaram, no dia 06 de outubro de 1946. Além dos construtores da empresa João De Bastiani e Cia., o campanário foi erguido pelas fortes e calejadas mãos dos colonos florenses. A paróquia organizava uma escala, e, a cada semana, algumas pessoas das comunidades do interior eram chamadas para auxiliar. A inauguração e bênção do campanário foi realizada no dia 30 de outubro de 1949, com uma grande festa. O livro tombo da paróquia descreve que “Flores da Cunha nunca viu tão grande multidão”. Atualmente, o Campanário está fechado para visitas. Em 2019, a Prefeitura de Flores da Cunha e a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes juntaram esforços para realizar o tombamento histórico da construção e arrecadar dinheiro para posterior restauro. Símbolo máximo do trabalho e esforço do povo, o Campanário poderia ser um espaço fomentador do turismo na cidade e servir de museu para guardar parte da memória dos florenses.

SÍMBOLO DA IMIGRAÇÃO O monumento nacional ao imigrante foi idealizado para homenagear os italianos que em 1950 completariam 75 anos da imigração italiana no Brasil. Antônio Caringi foi quem o esculpiu. Sem inspirar-se em modelos reais, ele montou uma simbologia que representa não apenas os colonos, mas também Caxias do Sul. As botas que o imigrante usa por exemplo, não eram as usadas por colonos mas, sim, por metalúrgicos da década de 40 e 50. Por volta de 1952, as verbas ficaram escassas e a construção passou por dificul-


Foto: Guia das Artes

CULTURA

Monumento Nacional ao Imigrante

RUÍNAS DE SÃO MIGUEL ARCANJO

A recuperação das estruturas começou em 1925 e, desde então, o sítio tem passado por várias restaurações. Além disso, comunidades indígenas guaranis das redondezas têm o local como sagrado e como parte de sua memória e identidade coletiva. A igreja se tornou um dos principais cartões postais do Rio Grande do Sul e forte polo turístico. Por seu importante valor histórico, arquitetônico e cultural, o sítio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938. Foi declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1983. “As ruínas são um lugar para se sentir coisas. Um lugar de se arrepiar, afinal, ali passou grande parte da nossa história”, conta o secretário de Turismo, Desenvolvimento e Cultura, Fabiano Moraes.

CASA SUECA

Foto: Click Arte Fotografias

Foto: Vilma Lourdes Bohm

Sítio arqueológico

Casa Sueca localizada em Farroupilha

As Ruínas são um dos sete monumentos que marcam a antiga redução jesuítica, localizada no município de São Miguel das Missões na região Noroeste do estado. Construída entre 1735 e 1750, foi centro da Guerra Guaranítica e de disputas políticas e territoriais entre Portugal e Espanha.

Localizada nas proximidades da Linha 80, interior de Farroupilha, a Casa Sueca foi construída em 1944, pela família Bohm, e ali funcionava uma fábrica de cordas até o ano de 1978. O espaço foi aberto ao público em 2008, com o objetivo de divulgar as manifestações culturais dos imigrantes suecos, por meio do

VIADUTO 13 Foto: João Paulo Denardi

dades financeiras, tendo-se que recorrer ao governo federal em busca de auxílio para concluir a obra. Por meio de uma ementa, o presidente Getúlio Vargas faz uma doação de Cr$ 1.500.000,00 (cruzeiros). Assim, o monumento tornou-se nacional e passou a homenagear todas as etnias, para que a verba se justificasse. O monumento está aberto a visitações há 19 anos. É roteiro de pacotes de agências e com isso recebe muitos turistas. Em 2000 tornou-se símbolo de Caxias do Sul, pelo voto popular. Em 2019, no dia 28 de fevereiro, o monumento completou 65 anos. A data coincidiu junto com as comemorações da Festa Nacional da Uva, o que somou para que recebesse 1223 visitantes.

folclore, da gastronomia, da religiosidade, da arquitetura, de processos produtivos tradicionais e do artesanato, sempre mantendo a cor original: o vermelho. Essa é a cor de quase todas as casas do meio rural na Suécia. Atualmente, o porão abriga o museu do linho. Vilma Lourdes Bohm Tasca é a proprietária e neta de um dos primeiros suecos a se estabelecerem no Brasil. Ela realiza passeios guiados pela Casa, contando um pouco da história da propriedade e dos objetos ali encontrados. “É uma emoção muito grande poder exaltar ainda mais a cultura dos meus antepassados”, diz ela.

Viaduto 13

O Viaduto Ferroviário 13, também conhecido como Viaduto do Exército, localiza-se entre os municípios de Vespasiano Corrêa e Muçum. É o décimo terceiro de uma sequência de viadutos que formam a ferrovia do trigo. O viaduto foi construí­ do pelo batalhão ferroviário do exército brasileiro durante a década de 1970, e seu projeto data do final da Segunda Guerra Mundial. Com 143 metros de altura e 509 metros de extensão, foi inaugurado pelo então presidente General Ernesto Geisel em 19 de agosto de 1978. Trata-se do maior viaduto férreo das Américas e terceiro mais alto do mundo. Por bastante tempo, o local foi procurado para a prática de rapel e paraglider. No momento, segundo o vice-prefeito de Vespasiano Corrêa, Aurio André Coser, é proibida a prática de atividades esportivas no local, mas a visitação turística está aberta e o viaduto continua ativo.

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CULTURA

A lenta morte da tradição gaúcha Com a falta de verbas e recursos, o tradicionalismo pode estar dando seus últimos suspiros Foto: Pixabay

Por Bianca Smiderle Lemos, José Tadeu Kugert e Maria Antônia Nery

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rasil, país muitas vezes lembrado pela diversidade que carrega, tanto racial quanto cultural, está perdendo sua essência. A tradição gaúcha, por muitos lembrada apenas na Semana Farroupilha, perde cada vez mais adeptos. Segundo a 25ª Região Tradicionalista, que representa as cidades de Caxias do Sul e região, cerca de 20.000 pessoas já se filiaram a alguma entidade. O número pode parecer alto, mas epresenta menos de 4% da população caxiense. Giovana Antonioli Faria, vice-patroa 2013/2014 e coordenadora artística 2019/2020 do CTG Ginetes da Tradição, de Ana Rech, diz que, atualmente, existem mais dançarinos do que antigamente. “Em 2001, os integrantes eram quase todos da região de Ana Rech e todos se conheciam. Então, quando um membro da família ingressava, incentivava os demais a seguirem esse caminho.”

“Seguimos um caminho que não condiz com a realidade dos nossos antepassados” Chimarrão, um dos grandes símbolos da cultura gaúcha

Ela defende que a tecnologia foi a principal chave para esse feito. “Antes eram só ‘ana-rechenses’ que participavam do CTG, mas com a fácil locomoção, pessoas de todas as regiões de Caxias começaram a vir pro nosso CTG”. Para Isabela Terra Aguiar, ex-primeira prenda e solista vocal, algo que era para ser visto como cultura “virou uma escola, tudo padronizado e cheio de regras. Se-

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guimos um caminho que não condiz com a realidade dos nossos antepassados. Mesmo sendo considerada a cidade com mais Centros de Tradição Gaúcha, todo ano aproximadamente cinco entidades no município se tornam inativas na base de dados do MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho). O machismo e o preconceito da cultura gaúcha podem ser fatores determinan-

tes para esse quadro. Em inúmeras músicas, percebem-se, falas que colocam a mulher como objeto, ou a subjugam determinando-lhe como função apenas os deveres domésticos. Algumas músicas chegam a abordar o relacionamento homoafetivo como se fosse algo nojento. O comportamento se repete dentro dos CTGs, o que leva, cada vez mais, à desistência de participação.


ESPORTE

HÁ 20 ANOS, O JUVENTUDE JÁ CONQUISTAVA O PAÍS E OS BRASILEIROS Equipe caxiense continua sendo a única do interior gaúcho a conquistar um título nacional

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á 20 anos, o Esporte Clube Juventude pintava o Brasil de verde e branco. Na noite de 27 de junho de 1999, a equipe caxiense fazia história ao derrotar uma forte equipe do Botafogo (RJ), em pleno Maracanã, para mais de 100 mil espectadores, cerca de 2 mil deles juventudistas, e erguia o troféu de campeã da 11ª edição da Copa do Brasil. A trajetória até a glória foi longa e complicada. O alviverde iniciou sua participação contra o modesto Guará, do Distrito Federal, vencendo a partida fora de casa pelo placar de 5x1. Na segunda fase, contra o Fluminense, o Juventude acabou derrotado por 3x1, no Rio de Janeiro, pelo jogo de ida. Mas o que parecia perdido foi recuperado em Caxias do Sul, quando o alviverde venceu a partida por incríveis 6x0, com direito a 4 gols do atacante Flávio. Nas oitavas de final, a equipe supera um fortíssimo Corinthians, vencendo as duas partidas (2x0; 0x1). Nas quartas de final, veio uma das classificações mais complicadas. Após dois empates com o Bahia, ambos pelo placar de 2x2, o Juventude despachou a equipe baiana nos pênaltis (1x4) e seguiu para a semifinal, em que enfrentaria um conhecido rival: o Internacional. Após empatar o jogo de ida por 0x0 no Alfredo Jaconi, o alviverde aplicou incríveis 4x0 na equipe colorada, em pleno Beira-Rio, para cerca de 70 mil torcedores, e conquistou pela primeira vez na história uma vaga para a final de um campeonato nacional, no qual enfrentaria o Botafogo (RJ) em duas partidas que entrariam para a história do clube. A primeira partida realizou-se em 20 de junho, em Caxias do Sul, no estádio Alfredo Jaconi. Em um jogo duríssimo,

o alviverde conseguiu a vitória por 2x1, com gols de Fernando e Márcio Mixirica. Passada uma semana desde o primeiro jogo da final, o Juventude foi até o Rio de Janeiro enfrentar novamente a equipe carioca, em pleno Maracanã lotado, buscando um feito inédito para a história do clube. Após nova partida duríssima, os gaúchos conseguiram segurar um 0x0, com mais de 100 mil torcedores dentro do estádio e se sagraram campeões da 11ª Copa do Brasil. O título é até hoje o mais importante da história centenária da equipe de Caxias do Sul. Foto: Vilnei Pimmel

Por Daniel de Lima de Souza, Lucas Teles Boeira e Pedro Henrique dos Reis Corá

tida de volta da decisão, não conseguia dormir. Era o dia de pegar o ônibus da excursão e ir para a capital carioca. Vilnei detalha que, ao chegarem no Rio de Janeiro, logo tiveram ideia de desfraldar o grande bandeirão. “Me entregaram o bandeirão ainda em Caxias. Quando chegamos lá, a primeira coisa que fizemos foi abrir ele na linda praia do Leme”, diz. Pimmel conta uma curiosidade pessoal que marcou essa final. Durante a semana da decisão, ele procurou uma senhora que trabalhava com preces espirituais para ter uma previsão do jogo. “Toda ajuda é pouca nessas horas, mas no momento em que essa mulher falou que o Juventude iria ser campeão em pleno Maracanã, sabia que não precisava de mais nada, só ir apoiar o time”, comenta. Com o time campeão, o torcedor se orgulha de ter sido um dos mais de dois mil juventudistas a ver o título no próprio Maracanã.

Torcedores com o bandeirão na praia do Leme (RJ), em 1999

TORECEDORES RELEMBRAM HISTÓRIAS Gregório Granada, 31 anos, tinha apenas 12 quando foi para o Rio de Janeiro em 1999. Ele conta que frequenta o Jaconi desde 1994. Apesar da pouca idade na época, o torcedor diz que foi para o jogo de ônibus em uma excursão com outros milhares de juventudistas. “Fomos eu e meu pai. Sem dúvida, foi a maior glória do clube. A sensação foi perfeita, lembro dos jogadores vindo até a nossa torcida comemorar, ainda dentro do campo. Foi o meu maior prazer como torcedor”, afirma. Vilnei Pimmel, 59 anos, é um dos torcedores-símbolo do Juventude. Frequenta o estádio desde 1965, mas as melhores experiências dele, como torcedor, foram fora do Jaconi. Ele conta que na madrugada do dia 26 de junho, véspera da par-

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ESPORTE

ProiBIR álcool ajuda, mas não elimina violência nos estádios Lei sobre o tema voltou a ser debatida no parlamento estadual 10 anos após sua criação

Foto: Laura Piola

Por Alex Schneider, Bruno Mucke e Laura Piola

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A validade da Lei ainda é questionada mesmo após tanto tempo em vigor

Brasil é conhecido por carregar o título de “País do Futebol”. Porém, bola na rede, dribles, sorrisos e conquistas convivem com a insegurança e o medo, causados, muitas vezes, pela violência nos estádios. Essa realidade afasta as pessoas das arquibancadas. O psicólogo Fabio Sager destaca o papel agregador do esporte. “Do ponto de vista da psicologia social, o futebol é como qualquer tipo de relação grupal. Nos estádios, o número de pessoas em um mesmo local é muito maior. Portanto, o que acontece dentro desses locais, geralmente, fica muito mais evidente”, explica. A LEI Com objetivo de reduzir os índices de violência relacionados ao consumo de bebida alcoólica nos estádios, a Lei Estadual nº 12.916, de autoria do então de-

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putado estadual Miki Breier, entrou em vigor no dia 1º de abril de 2008. O texto proíbe a venda do produto em eventos esportivos no Rio Grande do Sul. Breier percebe que os níveis de violência nos estádios apresentaram redução significativa após a entrada da legislação. “Entendo que mais crianças e mulheres, por exemplo, comparecem aos estádios. Tenho convicção de que foi um acerto”, afirma. CONTRAPARTIDA Após completar uma década de existência, a lei voltou a ser debatida no parlamento. Em 2018, o então deputado estadual Gilmar Sossella propôs um Projeto de Lei (PL) na tentativa de derrubar o texto que proíbe a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios. De acordo com o PL, a venda estaria liberada do início da partida até o final do in-

tervalo e após o término do jogo. Apesar dos 25 votos favoráveis e 13 contrários na Assembleia Legislativa (AL), o projeto foi vetado no dia 12 de março de 2019 pelo governador do estado, Eduardo Leite. LEI NÃO RESOLVE Sager afirma que o futebol é um fenômeno que contribui para exacerbar o comportamento das pessoas. O psicólogo observa que a lei não inibe efetivamente os efeitos do álcool, pois o torcedor que compra e consome fora, entra no estádio com o comportamento já influenciado pelo produto. “As pessoas­ bebem e se sentem mais à vontade ao ponto de tomarem certas atitudes que não tomariam sobriamente. Sob a influência do álcool, uma pessoa sozinha se manifesta de uma forma, mas em grupo se apresenta de outra forma, assumindo uma personalidade coletiva. Até mesmo sem o efeito alcoólico, o indivíduo age de forma diferente ao interagir com outras pessoas. O álcool não determina, apenas aumenta, o fenômeno que está por acontecer no estádio”, alega o especialista. LIBERAR É RETROCESSO O responsável pela Promotoria do Torcedor do Ministério Público Estadual­ (MP/RS), promotor Márcio Bressani, avalia que a venda de bebidas alcoólicas nos dias de jogos é inconstitucional, pois esse comércio afronta o Estatuto do Torcedor da Constituição Federal, que coíbe essa prática. Segundo ele, a pretensão utilizada pelo parlamento é juridicamente inviável. “É um retrocesso potencial voltar com a bebida [nos estádios]. Digo mais, nós devemos estar pensando na extensão dessa legislação, contemplando o entorno dos estádios, a fim de que as pessoas que ingressam nos estádios tenham maior tranquilidade e segurança”, aponta Bressani.


EDUCAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Foto: Jheniffer Kwiatkowski

Músico e poeta fala sobre o universo ritmado de suas ideias e relata suas experiências

Comunidade Caxiense ganha luz a partir da sua realidade retratada com a música

Por Jheniffer Kwiatkowski

A

arte que mistura ritmos, gêneros, vozes e instrumentos tem o poder de salvar vidas e trazer benefícios à saúde, ao corpo e à mente. A música, está presente por toda a parte, mesmo quando não a ouvimos. Ela se manifesta de infinitas formas, mas o que muitos não percebem são as vantagens que essa junção de sons e falas, notas e acordes, provoca no ser humano. De acordo com dados do programa Bem-Estar, da Rede Globo, a música proporciona ótimo desenvolvimento ao corpo e à mente. Isso, porque atinge o centro de prazer do cérebro, o que leva alguns terapeutas a usá-la como tratamento para diversos problemas. Quem fala sobre esse tema com propriedade é o Relações Públicas Jankiel Francisco Claudio, que desenvolve um trabalho comunitário com jovens e adolescentes em Caxias do Sul, dedicando parte de seu tempo, também, a atividades no Presídio Municipal. Mais conhecido como Chiquinho Divilas, ele fala sobre o desafio de levar música a jovens de sua comunidade.

“Quando comecei a cantar, escrever, voltei a estudar, com a ideia de que se eu voltasse para a escola, meu RAP poderia ficar mais da ora”, relembra ele. Mano Brown dos Racionais MC’S, era o que ele queria cantar. “Me puxei muito. Claro que não consegui cantar como ele, porém, nunca mais parei de rimar”. Ele garante: “O Rap me levou para a academia”. “A música RAP deveria ser uma matéria escolar, autorizada pelo MEC. O HIP HOP como ferramenta de transformação social e empoderamento. O RAP salvou a minha vida. E pode salvar as vidas de muitos e muitas” Formado em RP, com um MBA em Gestão de Pessoas. Mestre e Doutorando em Diversidade Cultural e Inclusão Social, garante que a música lhe gera um sentimento de igualdade, sensibilidade e diversidade. “Até hoje, o RAP acende em mim um pertencimento de território. Mesmo sabendo que a música gerou

todo este empoderamento, se faz necessário entender que só conseguimos contemplar nossos iguais, estando com eles. No dia a dia, no bate-papo com as crianças, no rolê nas escolas e conversando com os pais e mães das comunidades”. A trajetória do rapper iniciou em 1997, no bairro Beltrão de Queiróz, em Caxias do Sul. “Nessa época, conheci as primeiras músicas desse gênero e os primeiros grupos que surgiam”. Diante daquela paixão, começou a reproduzir muito do que ouvia, e criava suas próprias versões naquele ritmo cantarolado. “Meu íntimo gritava por algo que me representasse”, comenta. “Fazíamos Rap: uma música que retratasse a realidade das comunidades pobres de Caxias do Sul, apontasse alternativas para a juventude e ressignificasse nossa identidade”. Diante disso tudo, não é difícil imaginar que Chiquinho, seria um personagem ativo em seu dia a dia nos anos que se seguiram. Atualmente, proporciona oficinas que ensinam a garotada a compor seus primeiros versos e a incentiva cada vez mais. “O ponto de partida, com as crianças, é o diálogo”, ressalta ele. “O Rap e o Funk flertam nas comunidades. Vejo necessidade de trabalhar com a interpretação das letras, no cotidiano dessas crianças e adolescentes. A literatura, por meio das letras do Rap, facilita a criação e a inspiração. E, assim, conseguem passar seus sentimentos, ansiedades, dúvidas e questionamentos nas suas letras”, complementa ele. Chiquinho, coloca a música em primeiro lugar em sua vida e a transfere a outras pessoas. Seu intuito é buscar a mudança, a evolução, o aprendizado e o empoderamento por meio dos versos. “A música Rap deveria ser uma matéria escolar, autorizada pelo MEC. O Hip Hop como ferramenta de transformação social e empoderamento. O Rap salvou a minha vida. E pode salvar a vida de muitos e muitas”, conclui ele.

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EDUCAÇÃO

CAPS AQUARELA AJUDA A COLORIR VIDAS Local que atende cerca de 324 usuários é referência no atendimento psicológico infantojuvenil na cidade de Caxias do Sul Por Alex Schneider, Bruno Mucke e Laura Piola Foto: Laura Piola

tas comemorativas; encontros com pais e palestras. O local conta com 50 profissionais multidisciplinares, sendo eles: 12 cuidadores, nove estagiários, oito professoras, três oficineiros, três psicólogos e três técnicos em enfermagem, dois médicos psiquiatras, dois cozinheiros, dois higienizadores, um assistente social, um agente administrativo, uma nutricionista e uma coordenadora.

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Encontros e oficinas ajudam no desenvolvimento psicológico dos usuários

Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Infantojuvenil Intersetorial Mosaico Aquarela é um espaço terapêutico para crianças e adolescentes de até 18 anos com grave sofrimento psíquico. “Aqui, o atendimento é feito com dois objetivos: a prevenção dos sintomas e a reinserção social”, enfatiza Heloísa Slomp Facchin, coordenadora do espaço. Em Caxias do Sul, o projeto social foi criado em dezembro de 2005. Desde março deste ano, o Caps Aquarela envolve as políticas de saúde, educação e assistência social. No mesmo mês, o atendimento trocou de endereço, deslocando-se para a Rua dos Ipês, nº 715, Bairro Cinquentenário II. A nova configuração representa avanço na implantação da política municipal de atenção à criança e ao adolescente. Além do Aquarela, existem outros dois Caps em Caxias do Sul: Cidadania, focado no atendimento a adultos com transtorno mental grave e persistente, e III AD, com ênfase em álcool e drogas. Esse ultimo serviço é prestado em duas unidades: Reviver 24 horas e Centro de

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Atenção à Vida Novo Amanhã, ambos com a intenção de prestar assistência a adolescentes, adultos e idosos dependentes químicos.

“O meu filho foi falar com seis anos de idade. Com as oficinas, ele passou a se socializar e falar mais. Para mim, foi uma vitória”

QUEM PASSA POR LÁ Foi por meio da escola em que seu filho estudava que Taisa Gisele de Lima conheceu o Caps. “O meu filho foi falar com seis anos de idade. Com as oficinas, ele passou a se socializar e falar mais. Para mim, foi uma vitória”, relata. Além disso, observa que quem trabalha no Caps realmente ama o que faz. Dayana Scheid Boeira é mãe de um menino com graves problemas psíquicos ligados à agressividade. Conta que, na verdade, quem recebeu ajuda foi ela. “Eu não conseguia conversar. Quando eu ia falar o que sentia, chorava”, lembra. Com a ajuda dos médicos, Dayana e outras mães formaram um grupo chamado Girassóis. Por meio de reuniões semanais, uma encontra na outra o apoio que precisa para superar as dificuldades dos filhos.

Foto: Laura Piola

No Caps Aquarela, são desenvolvidas atividades como atendimento individual e em grupo; oficinas terapêuticas executadas por profissionais de nível superior ou médio; visitas e atendimentos domiciliares; atendimento à família; atividades comunitárias com foco na integração da criança e do adolescente na família na escola ou em quaisquer outras formas de inserção social; desenvolvimento de ações intersetoriais principalmente com as áreas de assistência social, educação e justiça; assembleias; celebrações em fes-

Taisa de Lima, Dayana Scheid Boeira e Carmem da Costa, familiares de crianças atendidas pelo Caps


CINEMA

PRECISAMOS FALAR SOBRE a REPRESENTATIVIDADE DE MINORIAS Após o sucesso de “Capitã Marvel” e “Pantera Negra”, mais de 2,3 bilhões de dólares de bilheteria, a sociedade precisa entender o conceito de representatividade

Montagem: Bianca Smiderle Lemos

Por Bianca Smiderle Lemos, José Tadeu Kugert e Maria Antônia Nery

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inoria. O termo, segundo Mendes Chaves, pode ser definido como “um grupo de pessoas que de algum modo e em algum setor das relações sociais se encontra em situação de dependência ou desvantagem em relação a outro grupo, ‘maioritário’, ambos integrantes de uma sociedade mais ampla.” Mas, nem sempre, para ser minoria, tem-se que estar em menor número. Vejamos, por exemplo, o número de mulheres no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 51,6% da população eram pessoas do sexo feminino, em 2017 e, mesmo assim, elas continuavam em condição de dependência, por fatores históricos e socioculturais. Em termos mundiais, as mulheres representam 49,6%, segundo dados do Google e, em cerca de 104 países, são impedidas de realizar certas atividades profissionais apenas

Filmes que apresentam um ou mais protagonistas pertencentes a uma minoria

por serem mulheres, de acordo com um relatório de 2018 do Banco Mundial. QUEM SÃO O conceito abriga, também, integrantes da categoria LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), que segundo estudos do Instituto Williams chegam a 10% da população dos EUA e do Brasil, dado publicado pelo site Brasil de Fato. Definir esse dado com exatidão é difícil, considerando-se que em 70 países a homossexualidade é crime, segundo a revista Superinteressante, e que muitos indivíduos não assumem sua identidade sexual. Com relação aos negros, o percentual sobre o total da população chega a 54,9%, segundo o IBGE, contando-se os que se consideram pardos. ONDE ESTÃO Ao longo da história, esses grupos foram considerados periféricos e margina-

lizados. Demoraram a conquistar seus direitos e quando o fizeram foi por meio de muita luta. Exemplo disso é o movimento sufragista que teve início em meados do século XIX e buscava o direito da mulher ao voto. A Nova Zelândia foi o primeiro país a reconhecer o voto feminino, em 1883. Para a Psicóloga Tatiana Rocha Netto, de Caxias do Sul, especialista em psicologia cognitivo-comportamental, a representatividade sempre teve grande importância social mas, “nesse momento, as pessoas a estão trazendo mais à tona e conseguindo ter um despertar de consciência” sobre o assunto. REALIDADE NO CINEMA Em janeiro de 2018, a Agência Nacional de Cinema – Ancine – realizou um estudo sobre diversidade de gênero e raça no mercado audiovisual. Foram analisados 142 longas-metragens brasileiros

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Foto: Maria Antônia Nery

CINEMA lançados em salas de exibições no ano de 2016. Entre os profissionais incluídos na pesquisa, 38% pertenciam à comunidade feminina, e 62% à masculina. A Ancine integrou ao estudo uma pesquisa feita pelo IBGE, sobre o público desses mesmos filmes: 51,5% dele é feminino e 48,5% é masculino. Na direção dos longas avaliados, 97,2% são brancos, 19,7% são mulheres, e 2,1% negros, entre os quais não há mulheres. Já entre os roteiristas, 16,2% são mulheres no grupo dos 93% brancos, e nenhuma mulher entre os 2,1% negros. No protagonismo homossexual no cinema, pode-se destacar o Rio Festival de Gênero e Sexualidade (anteriormente denominado Rio Festival Gay de Cinema), que teve sua oitava edição em 2018, na cidade do Rio de Janeiro. O festival reúne obras do mundo todo, com conteúdo voltado para a temática LGBTQ+. Os destaques do ano passado foram os documentários “Chega de Fiu-Fiu” (Brasil), “Mocha” (Argentina), “Genderbende” (Holanda), “Les Invisibles” (França), e os longas “Copa 181” (Brasil), “Alaska is a Drag” (EUA) e “Eastern Boys” (França). A edição também contou com seis curtas do especial “#acriançalgbtexiste”.

“termos igualdade de direitos não significava, afinal, sermos iguais”

A diretora Liloye Boubli, que já representou o País em festivais internacionais, conta sua experiência na área audiovisual, como mulher nesse meio, em entrevista aos repórteres via Facebook. “Vivíamos uma grande injustiça, pois ter igualdade de direitos não significava, afinal, sermos iguais.” Na época de maior desenvolvimento de sua profissão, teve três filhas, e se ausentar para dar atenção a elas era malvisto, como se não fosse uma boa profissional. Liloye conciliava vida pessoal e carreira, pois ter disponi-

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Mariana Ávila, estudante de Jornalismo, fala sobre aceitação

bilidade no trabalho era requisito básico. “E eu estava sempre colocando o trabalho em primeiro lugar e nunca demonstrando qualquer dificuldade em relação ao fato de ser mãe, para não perder espaço”, comenta a diretora. “A representação feminina na atividade audiovisual, certamente, amplia a compreensão de universos distintos na dinâmica da história ...” reconsidera a cineasta.

O QUE O PROFESSOR FALA A doutora Ivana Almeida da Silva, professora da disciplina História do Cinema, na UCS, comenta como os filmes vão mostrando características de sua época e sociedade. “Ele (o cinema) vai caminhando conforme essa sociedade também vai se desenvolvendo; que valores essa sociedade mostra, em que valores essa

sociedade está acreditando.” Já com o fato de existirem muitos estereótipos, como a bissexual promíscua, ou a loira burra, ela explica: “o cinema trabalha com o estereótipo por isso. São construções, são padrões. Não é positivo isso, mas como o cinema está inserido num contexto social, de certa forma acaba absorvendo isso para poder se comunicar melhor com o público”. Com relação à representatividade, “essas pessoas precisam se identificar nas histórias, se encontrar nessas histórias. E o cinema precisa, também, ensinar a sociedade. Ele precisa educar, precisa modificar, colocar sementes na sociedade, assim como outras formas de expressão. A inserção, então, é um modo de pensar essas minorias, como elas vão ser representadas e se elas vão ser aceitas pela sociedade.”

Transexualidade e bissexualidade não são temas correntemente tratados no cinema. “Eu acho que é uma sociedade aprendendo sobre isso, sobre como viver essas novas formas de sexualidade. É o cinema também aprendendo a fazer isso. O cinema aprende como contar essa história, mas a gente também não está sabendo viver isso. O cinema ainda vai chegar a um amadurecimento, como foi em seu início: como a gente ia mostrar o beijo, como a gente ia mostrar uma cena íntima.”


Foto: Maria Antônia Nery

CINEMA Com abordagem da questão LGBT+, poucas obras audiovisuais foram indicadas ao prêmio. As mais conhecidas delas são “A Garota Dinamarquesa”, que não foi indicada para a categoria de melhor filme, e “Me Chame Pelo Seu Nome”, indicada. “O cinema tem que aprender com técnicas, diretores e roteiristas como ele vai contar essa história”, comenta a professora Ivana, e às vezes uma obra audiovisual não é indicada a um prêmio por não ser bem-feita. Ela lembra, também, a questão econômica, pois, um filme que não seja aceito não gera lucro.

A bandeira LGBTQ+ é o símbolo da luta dessa minoria

Nicholas Arthuso, um jovem trans, define como pobre a gama de filmes que tenham a temática de transexualidade. “Falta bastante representatividade porque mesmo que o filme fale sobre a comunidade LGBTQ+, não tem essa representatividade toda com o B, o T e o resto. É sempre L e G, e não tem como você se sentir incluído nas coisas. ”

“Acredito que se a mídia mostrar mais pessoas comuns isso possa se tornar mais aceitável, mais natural”

Mas temos grandes representantes do tema, como “Priscila, a Rainha do Deserto”, “Rocky Horror Picture Show”, “A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson” e até casos mais recentes como “Meu Nome é Ray” e o documentário, “Crescendo como Coy”. Já obras que retratam o bissexualismo, são mais difíceis de encontrar, pois o tema parece ainda mais desprezado do que qualquer outro do cenário LGBT+.

Dentre alguns filmes, como “Três Formas de Amar”, “Imagine Eu e Você”, “Amores Imaginários” e um representante brasileiro, “Paraísos Artificiais”, nenhum foi indicado a prêmio. A estudante de design, Bianca Nizzola, acredita que o estereótipo reforçado pelo cinema sobre a bissexualidade faz as pessoas levarem menos a sério quem se identifica dessa forma. “Eu, na verdade, não sei dizer se já me vi representada por algum personagem por ele/ela ser bissexual. Eu gostaria de ver a bissexua­ lidade sendo representada como ela real­mente é, porque assim as pessoas não iriam criar todas essas ideias erradas sobre o assunto.” Mariana Ávila, estudante de jornalismo, aponta questões relacionadas ao corpo da mulher. “Bom, acho que se tivesse mais pessoas como eu, me sentiria mais à vontade. Acredito que se a mídia mostrar mais pessoas comuns, as diferenças possam se tornar mais aceitáveis, mais naturais.” PREMIAÇÕES Em 30 anos, oito filmes com per­sona­ gens principais que representam algum tipo­­de minoria venceram o Oscar, como melhor filme.

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Por Maria Antônia Nery

VENCEDORES DE MELHOR FILME DO OSCAR, NOS ÚLTIMOS 30 ANOS


CINEMA

Sétima arte conquista Serra gaúcha Festivais de cinema tornam-se referência e inspiram estudantes por toda a região

Foto: Tainá Menegat

Por Luciano Weber, Tainá Menegat e Valdinéia Tosetto

Astrito, prêmio do festival

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A

Serra gaúcha oferece muitos atrativos, desde a produção de bons vinhos até maravilhosas paisagens. No entanto, outra forma de entretenimento conquista cada vez mais adeptos na região: o cinema. E nada melhor do que disseminar esse amor à sétima arte começando pelos adolescentes. Um festival que tem grande destaque em nossa região é o Festival de Cinema Estudantil Astro, da cidade de Flores da Cunha. O Astro é o festival estudantil mais antigo do Brasil, chegando este ano a sua 21ª edição. Realizado pela Escola de Ensino Médio São Rafael, o Astro é completamente produzido por alunos, os quais escrevem os roteiros, produzem, gravam e atuam em seus curtas. Após finalizados, os filmes são exibidos a toda a comunidade e também a um grupo de jurados convidados que decidem quais são os melhores do festival. O resultado é divulgado na festa de premiação, em que cada ganhador recebe o Astrito, troféu do festival. De acordo com o professor Rodrigo Schiavenin, responsável pelo projeto, todos os anos é possível notar a evolução dos alunos com roteiros que abordam temáticas sociais presentes no cotidiano atual. “O sucesso do projeto se deve à transformação daquilo que é comum em algo extraordinário, quando reproduzido na tela grande. Ver que o Astro chega a sua 21ª edição sem nenhuma interrupção na realização é o que basta”, garante o criador do festival, Juliano Carpeggiani. E para ajudar os alunos a fazerem um bom trabalho, a Universidade de Caxias do Sul, por meio do professor Álvaro Fraga Moreira Benevenuto Junior, auxilia o festival há uma década. A UCS oferece entre quatro e seis oficinas de roteiro e gravação por ano para os alunos prepararem-se. “Isso faz com que os alunos se organizem melhor na hora de ir a campo para gravar e, ao mesmo tempo, eles aprendem noções de como funcionam o trabalho em equipe e o trabalho organizado”, afirma Álvaro.


Foto: Tsheislin Ramos

Técnica de maquiagem

FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO Pensar em premiação de Cinema Brasileiro é pensar no Festival de Cinema de Gramado. As duas coisas andam juntas, mesmo que não em nível de Oscar, Cannes, Urso de Ouro ou Globo de Ouro. A maior premiação ibero-americana de cinema é realizada desde 1973. Com a chegada do festival, a cidade de Gramado, na Serra gaúcha, fica lotada com o público que quer acompanhar de perto tudo o que acontece nas salas do Palácio dos Festivais e ver os grandes vencedores do Kikito, troféu dado aos premiados. Em 2018, na 46ª edição, “Ferrugem” de Aly Muritiba, foi o melhor longa-metragem brasileiro. “Los Herederas”, de Marcelo Martinessi, ficou com o prêmio de melhor longa-metragem estrangeiro e “Guaxuma”, de Nara Normande, levou o prêmio de melhor curta-metragem brasileiro. Para a 47ª edição, que ocorre de 16 e 24 de agosto, o Festival conta com premiação em doze categorias de longa-metragem brasileiros, seis de longa-metragem estrangeiros, dez de curta-metragem brasileiros, e a mais nova premiação: “Melhor longa-metragem gaúcho”. A premiação total será de R$ 285 mil. LINHA DO TEMPO DO FESTIVAL DE

CINEMA DE GRAMADO Fonte: Site oficial do festival

FESTIVAL UCS CINE TRASH Em 2016, surgiu na Universidade de Caxias do Sul o Festival Cine Trash para estudantes do Ensino Médio das escolas da região, com o intuito de oferecer experiência no ambiente universitário. Com o grande sucesso da atividade, em 2018 nascia o I Festival UCS Cine Trash para que os alunos de comunicação também pudessem participar. O festival estendeu-se por três dias. Os participantes alojaram-se em salas de aulas disponibilizadas pela Universidade. Do início ao final do festival, a tarefa dos participantes era realizar um curta, do gênero trash, em 28 horas. A universidade oferecia, no período, oficinas relâmpago de roteiro, produção, maquiagem, fotografia, cenografia e montagem. No último dia, ocorriam a exibição e a premiação dos melhores filmes. O convite para a participação no evento contemplava todas as escolas do Ensino Médio da região de Caxias do Sul. A UCS oferece, regularmente, um curso de Tecnologia em Produção Audiovisual - Cinema, em que os acadêmicos dispõem de infraestrutura para o aprendizado prático. No curso, são abordados temas voltados à estética, ao fazer cinematográfico e à significação fílmica.

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DICIONÁRIO

DICIONÁRIO ADOLESCENTE 10

S

10/10: Bonita ou bonito.

E A

É OS GURI: Pode conta conosco.

AFU: Bastante.

SEXTOU: Curtir a sexta-feira. SHIPPO ELES DOIS: Apoiar um casal. STALKEAR: Observar tudo o que determinada pessoa posta ou compartilha nas redes sociais. SUAVE NA NAVE: Estar tranquilo.

L B

BAH QUE “LADAIA”: Bah que “viagem”. BAIA: Casa. BANDA: Volta. BRINKS: Brincadeira. BUGADO - Lento.

C

CHAVOSA: Estiloso(a), charmoso(a). COLA LÁ: Vai lá. CREMOSA: Pessoa sexy. CRUSH: Pessoa que você gosta. CUPINXA (CPX): Amigo.

D

DAR PT: Beber muito e passar mal. DATE: Encontro. DEU RUIM: Alguma coisa deu errado.

LACREI - Mandei bem. LARICA - Quando se está faminto.

M

MANO: Irmão, parceiro. MINA: Garota, guria. MITOU: Fez algo impressionante. MÓ LEGAL: Muito legal. MUITO ARRIADO: Muito engraçado.

P

PARÇA: Amigo.

T

TÁ NA DISNEY: Quando a pessoa está viajando, pensando em outra coisa. TÁ PISTOLA: Bravo, furioso. TÁ TIRANDO ONDA: Chamando a atenção. TÁ ZOANDO: Brincando, não está falando sério. TBT: Throwback Thursday, quinta-feita do retorno, de recordar lembranças. TENHO QUE COMPRAR UNS PANO: Preciso comprar algumas roupas. TÔ UM NOJO: Estou linda, arrasando. TODO ERRADO: Pessoa estranha. TROLLAR: Aprontar algo com uma pessoa, enganar. TUMBLR: Bonito, legal, estilo.

R

RACHANDO DE RIR: Rindo muito. RANÇO: Nojo, raiva. ROLÊ: Compromisso, sair.

V

VAI LÁ GRITAR: Vai lá entregar.

Foto: Pixabay

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