Revista Sempre Alerta

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Revista-laborat贸rio de M铆dia Impressa UCS


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Revista-laboratório da turma de Mídia Impressa da Universidade de Caxias do Sul - 2011.

Gabriel Pereira da Silva

Reitor: Isidoro Zorzi

Jonathan Zanotto

Vice-Reitor: José Carlos Köeche Diretora do Centro de Ciências da Comunicação: Marliva Vanti Gonçalves Professora: Alessandra Rech Alunos: Aline dos Santos Aline Pereira Rodrigues Ariadne Teles da Roza

Lilian Regina Radke Lívia B. Cipolla Lucas Guarnieri Lucas Gusatto Antoniazzi Luciane Huf Correa Maysa Seibert Perozzo Tiago Luiz Menegaz Foto de capa: Maysa S. Perozzo 250 exemplares

Calebe Silva Rosa

Impressão: Gráfica Calábria

Clarissa Zandoná Valente

Para mais informações sobre o Movimento Escoteiro acesse:

Daiane Girelli

Sempre Alerta

Ivan Sgarabotto

Fernanda Dalalba Fernando Floriano Gabriel da Rosa Rodrigues

www.maisescoteiros.blogspot. com facebook.com/maisescoteiros twitter @26Distrito


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EDITORIAL

O QUE é escotismo?

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que, a princípio, pode parecer uma pergunta fácil de responder, na maioria das vezes é uma das perguntas que os escoteiros mais temem responder. Isso não acontece porque eles não sabem a resposta, mas na verdade porque é difícil definir em palavras uma filosofia de vida. A Revista Sempre Alerta, revista-laboratório da turma de Mídia Impressa da Universidade de Caxias do Sul, escolheu como tema o Movimento Escoteiro. São 20 estudantes de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas, coordenados pela professora e Jornalista Alessandra Rech, que nas próximas páginas contarão a história desse movimento centenário, seus princípios e valores e como são as atividades dos grupos escoteiros na região nos dias atuais. O escotismo, criado por Robert Milena Leal

Stephenson Smith Baden-Powell em 1907, na Inglaterra, é hoje o maior movimento educacional e voluntário para jovens e adultos. São mais de 30 milhões de participantes em todo o planeta, sendo 60 mil no Brasil e 8 mil no Rio Grande do Sul. A Revista Sempre Alerta buscou histórias sobre os grupos da região e suas atividades em pleno século 21. Quando o Escotismo foi criado, o objetivo inicial era tirar os jovens londrinos das ruas e propor atividades junto à natureza. Hoje ainda existe esse pensamento, porém muito mais do que isso o escotismo é voltado para a formação pessoal, o desenvolvimento do caráter, a preparação de cidadãos que trabalhem em prol de sua pátria, de sua crença e, principalmente, do próximo. Conectados às mídias sociais e ao radioamadorismo - como veremos na página 11, sobre Bento

Gonçalves; realizando atividades lúdicas em meio a um clima de fantasia de quem não quer crescer - como o Bivaque de Lobinhos inspirado em Peter Pan (pgs. 4 e 5); reunindo 300 jovens, vindos de todo o Estado, para realizarem um dia de atividade comunitária em Caxias, que será explicada melhor na matéria do Ramo Pioneiro (pgs. 9 e 10), o Escotismo continua forte e não para de crescer em todo o mundo. Por esses e outros motivos que a Revista Sempre Alerta irá tratar do Movimento Escoteiro. Com certeza uma fonte de aprendizado e crescimento pessoal para todos que em algum momento tiverem acesso a essa prática que já mudou a vida de mais de 250 milhões de pessoas no último século. Gabriel Rodrigues, Pioneiro, Grupo Escoteiro Baden Powell, estudante de Jornalismo.


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O Ramo Lobinho Aprendizado, educação e determinação: o futuro depende deles

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rianças de 6 a 10 anos de idade de ambos os sexos que entram no escotismo são chamadas de lobinhos em referência a esse animal muito esperto, e que sabe viver bem em grupo. Mas para ser um deles é preciso fazer a promessa e cumprir a lei.

equipes denominadas matilhas, cada uma com quatro a seis crianças, nas quais são realizadas atividades de pri-

meiros- socorros, economia, trabalhos manuais, vivência no campo e jogos. Texto e foto: Daiane Girelli

Promessa: “Prometo fazer o melhor possível para: Cumprir meus deveres para com Deus e minha Pátria; Obedecer à Lei do Lobinho e fazer todos os dias uma boa ação.” Artigos da lei: I– O Lobinho ouve sempre os Velhos Lobos. II– O Lobinho pensa primeiro nos outros. III– O Lobinho abre os olhos e os ouvidos. IV– O Lobinho é limpo e está sempre alegre. V– O Lobinho diz sempre a verdade.

O programa educativo e as etapas do lobinho visam aos primeiros ensinamentos para a vida no campo, vida em equipe e desenvolvimento da liderança. Na Alcateia, a criança aprende a se preparar para, quando tiver a idade certa, seguir para a Tropa Escoteira. O termo alcateia é inspirado no "Livro da Jangal", de Rudyard Kipling, resumido em "Mogli, o menino-lobo". A organização da Alcateia pode ser só de lobinhos, lobinhas ou mista, e é dividida em

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ENQUETE

@RevSempreAlerta O pessoal da redação da Revista Sempre Alerta quer saber: qual dica você daria para alguém que quer se tornar um bom escoteiro? ronierodrigues @RevSempreAlerta cumpra a promessa e a lei, seja um escoteiro de verdade, com ou sem o uniforme, na sede ou na faculdade... em qualquer lugar PriscilaSay @RevSempreAlerta Seja prático e esteja sempre alerta, você nunca sabe quando o chefe vai apitar.

tos que passei lá. @RevSempreAlerta Um acampamento para valer a pena, o que não pode faltar? ronierodrigues @RevSempreAlerta muito trabalho durante o dia, e uma boa conversa ao pé do fogo no fim da noite, com músicas, histórias e muita risada. enjoyskateboard @RevSempreAlerta amigos

@RevSempreAlerta O que te levou a conhecer o escotismo? O que o faz continuar até os dias de hoje?

@RevSempreAlerta O pessoal citou lama, amigos, uma boa conversa ao pé do fogo e música escoteira. Qual a música escoteira que seu Grupo sempre canta?

ronierodrigues @RevSempreAlerta uma amigo da rua já fazia, foi à atenção e os ensinamentos que tive lá, os amigos que formei e os momen-

ronierodrigues @RevSempreAlerta uhum da amizade, acenda fogo acenda, kumbáia, e claro, a canção da despedida entre várias outras. Fernanda Dalalba e Gabriel Rodrigues


Lobos: uma forma de reeducar o

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mundo

Acima de tudo o aprendizado, a educação

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ealizado em Caxias do Sul no dia 8 de outubro, o encontro regional dos lobos, o Bilo (Bivaque de lobos), é mais uma das atividades que vêm acrescentar magia ao cotidiano dos lobinhos. A narrativa de Mogli, o Menino Lobo na floresta Jângal, serve de inspiração para o universo lúdico dos lobinhos, que neste ano trabalharam com outro tema da fantasia: Peter Pan, no encontro. O resultado foi encantamento para as 330 crianças inscritas, vindas de sete cidades. Caxias do Sul, Canela, Farroupilha, Flores da Cunha, São Marcos, São Sebastião do Caí e Vacaria, somando 15 grupos: G.E. do Mar Barão de Teffé, Moacara, Ismar Bauler, Imigrante, Saint Hilaire, Baden-Powell, Amigo Panda, Bandeirantes irmão Bonifácio, Abaete, Alberto Mattione, Guaracy, Salto Ventoso, Rouxinol Da Serra, Tabajara, Porteira do Rio Grande e Taquato. De acordo com a coordenadora do evento, a akelá Júlia dos Santos, a ideia veio sendo trabalhada desde dezembro de 2010. Nesses encontros, os akelás depositam muito carinho, trocando ideias, procurando fazer o melhor para as crianças, e a cada ano que passa todos aprendem e crescem, acreditando na magia do Bilo, mas também trabalhando coordenação, equilíbrio, atenção e a edu-

cação ambiental com a reciclagem e a preservação do meio ambiente. Júlia afirma que, a cada encontro que passa, o grupo tem a percepção de crescimento e de que as ideias viram realidade. Ela destaca a integração e o conhecimento de variados grupos, levando-os a uma troca de conhecimentos, jogos e brincadeiras. Pedro, lobo do Imigrante Há um ano no escotismo, levado pelo pai, Pedro diz que o melhor do Bilo é a possibilidade de aprender coisas novas e legais e também os amigos. A brincadeira que chamou

sua atenção foi a travessia na corda, que exigiu dele muito equilíbrio. Desenvolvimento As mães Catia, Sabrina, e Leonora dizem que o aprendizado, educação, rotina e o desenvolvimento melhoraram a partir do momento em que seus seus filhos entraram no escotismo. “Nesse momento em que nos encontramos frente a tantos problemas no mundo, a melhor maneira de fazer com que nossos filhos sejam pessoas do bem é darmos o exemplo. O Bilo é uma forma de voltar ao passado e fazer com que resgatem as brincadeiras”, afirmam.


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espaços no mundo virtual Escotismo adere a novas mídias para atrair e manter participantes

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s atividades realizadas pelos escoteiros são ligadas à natureza, como passeios, acampamento, acantonamento, trilhas e jornadas. Mas numa geração onde as novas mídias estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, esses jovens que participam de um grupo escoteiro têm toda liberdade de usar os meios tecnológicos e são incentivados a se integrar dessa forma, porém, procurando não interferir no objetivo principal das atividades propostas, que é a atividade prática e ao ar livre. Nesse constante desenvolvimento digital, foi criado o JOTI (Jamboree on the internet), que acontece anualmente online. É uma forma de Jamboree (encontro de escoteiros que acontece anualmente, sempre num país diferente e reúne escoteiros de todo os cantos do mundo). O JOTI é composto de uma série de atividades, onde escoteiros e bandeirantes em todo o mundo, totalizando em média 500 mil participantes, fazem contato entre si, realizam atividades propostas e postam os vídeos na Internet. É um Jamboree virtual, onde experiências escoteiras são trocadas e os ideais são compartilhados, contribuindo assim para a grande fraternidade mundial. Escoteiros Escoteiros é uma etapa que sucede a dos Lobinhos. Dela fazem parte meninos e meninas entre 11 a 15 anos de idade, que são divididos em grupos de cinco a oito jovens, formando as patrulhas. O conjunto de quatro patrulhas forma uma Tropa Escoteira. Cada patrulha leva o nome de um animal ou uma constelação e carrega um bastão com uma bandeirola nas cores da mesma. A patrulha é liderada por um dos seus jovens integrantes, chamado monitor, o qual é eleito pelos membros da patrulha e o seu auxiliar no comando é o submonitor, escolhido por ele e também integrante da patrulha. Os órgãos decisórios da tropa Escoteira são a Corte de Honra, composta dos monitores e submonitores das quatro patrulhas e dos chefes da Tropa, adultos voluntários que assessoram as atividades, e a Assembleia de Tropa, composta de todos os integrantes da tropa.

Nessa forma de organização e divisão, os jovens se encontram fazem amizades, aprendem a conviver em equipe e a ter respeito pela natureza, dentro do método da promessa e das leis escoteiras. Voluntariado no Dia da Criança No sábado dia 15 de outubro, foram realizadas atividades especiais pela passagem do Dia da Criança. O Grupo Escoteiros do Mar Barão de

Teffé, com sede na UCS, se divertiu ao realizar várias atividades que entretiveram a todos, inclusive os monitores. E, em Farroupilha, foram feitas atividades, realizadas junto com a prefeitura, como brincadeiras e distribuição de lanche, que possibilitaram às pessoas que prestigiaram o evento conhecer os grupos de escoteiros da cidade, incentivando a entrada de novos membros. Texto: Aline dos Santos. Foto: divulgação

Clarissa Zandoná


Os desafios do século XXI

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Valores e comportamentos mudam, tornando mais rara a adesão de jovens “Prometo pela minha honra fazer o melhor possível para: Cumprir meus deveres para com Deus e a minha Pátria, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião e obedecer à Lei Escoteira.”

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desafio do movimento escoteiro de atrair novos integrantes em uma sociedade que sofreu tantas transformações nos últimos 30 anos – período em que foi aberta a maior parte dos grupos da Serra – tem impactos diretos na realidade do grupo Almirante José de Araújo, de Garibaldi, RS. A chefe Denise Catani conta que o grupo convive com uma dificuldade na formação dos seus ramos, que é a falta de chefias, que são orientadores dos demais escoteiros. O ramo Sênior/Guia de Garibaldi é um exemplo disso: há dois anos, Marcelo Assis era o chefe, porém, em

virtude do seu trabalho, foi morar no México. Desde então, além da falta de um chefe, o grupo se desarticula por ser uma etapa em que os jovens enfrentam muitas mudam as ideias e ideais e ficam cada vez mais distantes do movimento. Atualmente, outro desafio para os grupos escoteiros, é que os valores estão mudando. O ramo normalmente é o que exige um maior esforço físico e um alto grau de conhecimento, o que permite aos jovens evoluírem muito. A chefe destaca que todos que um dia passaram por essa etapa sabem o valor que tem e o quanto essa fase foi boa e importante para seu crescimento na vida.

Vinícius Macagnin, no último dia 30 de setembro, completou 15 anos, tornando-se o mais novo Sênior do grupo. Em virtude da escassez de membros adultos, Vinícius auxilia os demais chefes nas atividades e comando de escoteiros e lobinhos. Assim como ele, pelo menos outros quatro jovens estão à espera da reabertura desse ramo. Trajetória Desde 1975 Garibaldi (RS) possui um grupo escoteiro, o Almirante José de Araújo Filho. Sua sede é no porão da antiga e famosa Mansão Mazzini. O espaço é utilizado há mais de oito anos pelo grupo, um espaço que se-


8 gundo a chefe Denise não seria o ideal para as atividades desenvolvidas, pois falta área para as atividades práticas, que são desenvolvidas em outro ambiente, muitas vezes em um sítio de algum integrante. Após 36 anos de existência, o grupo possui aproximadamente 30 integrantes que participam ativamente

das atividades semanais. Divididos entre lobos, escoteiros e chefes, eles se reúnem todos sábados das 14h às 17h para aprender, praticar e desenvolver a filosofia do movimento. O objetivo maior é o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que prioriza a honra.

Todas as atividades têm por princípio a Promessa e os Mandamentos dos Escoteiros. Por meio da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, os jovens são estimulados a assumir seu próprio crescimento, tornando-se exemplos de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina.

SEDE LENDÁRIA O prédio da família Mazzini, situada na Rua Júlio de Castilhos ao lado da prefeitura, é um verdadeiro monumento arquitetônico que reúne tradição, beleza e história em suas estruturas. Construída no ano de 1921, por Agostinho Mazzini, engenheiro e proprietário, a mansão é composta de um volume simples e imponente, no estilo Renascentista Italiano. No alto da fachada principal, encontra-se o brasão da família Mazzini, tradicional na história de Garibaldi.

É possível também visualizar a imagem de leões em cada coluna. Conta-se que, em 1921, Mazzini constrói esta mansão para presentear sua filha caçula, Adelina Mazzini. Posteriormente, Adelina casa-se com seu primo Heitor, que foi prefeito de Garibaldi anos depois. Hoje, já falecida, ela deixou cláusulas testamentárias relativas à casa, entre elas a que proíbe a venda durante seis gerações, bem como proíbe o uso da mesma para outros fins que não sejam residên-

cia ou museu. No final do ano de 2001, esta casa foi tombada pelo município e já estão em andamento os trâmites necessários para a restauração da mesma e transformação em um museu. A casa encontra-se exatamente igual a sua época de construção, com seus móveis, quadros, livros e mapas que retratam a história do município. Texto e fotos: Lilian Regina Radke e Lucas Antoniazzi


Trabalhar a serviço do próximo

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Guiados pelo lema “Servir”, jovens pioneiros vivenciam fase decisiva

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que você faria em um feriado, em plena quarta-feira? Com certeza aproveitaria para dormir um pouco mais, descansar da rotina de estudo/trabalho ou faria uma atividade de lazer. Mas para um grupo de escoteiros, o feriado de 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida, foi uma data de trabalho intenso. Nas comemorações da Festa Comunitária da Criança, organizada pela Prefeitura de Caxias do Sul no Parque de Eventos da Festa da Uva, os jovens escoteiros do ramo Pioneiro ajudaram a animar o evento. Proporcionando divertidas brincadeiras, como a pista de corda, às crianças que participaram da festa, alguns jovens reservaram o feriado para estar a serviço da comunidade. Esse é o lema do Pioneiro: servir. Último ramo escoteiro, abrangendo jovens de 18 a 21 anos, é a fase da

decisão de que rumo tomar na vida e, principalmente, dentro do movimento. Uma das jovens que “ocuparam” o feriado servindo à criançada, Ana Paula Lisott, 18, considera o ramo momento chave para o escoteiro. “Essa é a idade que se têm mil coisas para fazer. Quem está neste ramo participando é porque gosta, é porque está no sangue ser escoteiro”. A jovem integra um ramo formado por cerca de 40 pessoas, divididos em pequenos clãs, nos sete grupos de escoteiros de Caxias do Sul. E reflete uma realidade da grande maioria desses jovens, o fato de estar no movimento há vários anos. Ana Paula, por exemplo, participa desde o ramo Escoteiro no Grupo Moacara, com sede nos Pavilhões da Festa da Uva. Viver a fase de Pioneiro é importante na opinião de quem tem que liderar essa turma. Saionara Kersting


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Figueró, mestre (como são chamados os chefes neste ramo) do clã Pioneiro do Grupo Moacara, gosta de trabalhar com esses jovens, porque são aqueles que já sabem o que querem, precisando apenas de orientação para traçar um projeto de vida. “São os jovens que mais têm autonomia no movimento, pois já preparam a própria programação de sábado”. Opinião compartilhada por Carlos Passos, mestre Pioneiro do Grupo Barão de Teffé (localizado na Universidade de Caxias do Sul) e assessor distrital do ramo no 26º Distrito Escoteiro de Caxias e região. “É importante o jovem escoteiro viver a etapa de Pioneiro. Porém, como existe uma carência de chefes, alguns grupos colocam os jovens sêniores que estão ingressando no ramo Pioneiro atuarem como chefes em tropas. Estamos conversando com os grupos para evitar isso. A vivência do jovem pioneiro tem se fortalecido, com a manutenção dos clãs pioneiros”, comemora. E isso tem dado resultado, já que, atualmente, existe pelo menos um clã Pioneiro em cada grupo escoteiro de Caxias do Sul. A vivência deste ramo significa também passar por algumas etapas, durante a formação do jovem Pioneiro a partir da promessa e das conquistas de designações como a investidura, as insígnias Cidadã e Pioneira, e a insígnia de BP (iniciais de Baden Powell), grau máximo que um pioneiro pode alcançar. Segundo Carlos Passos, poucos conseguem conquistar essa última insígnia. Os Pioneiros se organizam em equipes de interesse, e tem como objetivo principal trabalhar o serviço ao próximo, como forma de melhorar a sociedade em que vivem. Ao concluir a etapa de Pioneiro, se passa por mais um

momento de decisão: seguir ou não no movimento. De acordo com o assessor distrital do ramo, o jovem que chega a Pioneiro não se torna necessariamente um chefe. “Quando conclui a fase, aos 21 anos incompletos, ele tem que sair do clã e pode optar pela chefia. Se não quiser mais seguir no movimento, sendo depois um bom cidadão, já estará cumprindo a missão do escoteiro. A grande maioria segue, mas não é uma obrigação”, explica o mestre Passos. Principais símbolos do ramo pioneiro Forquilha: ela é feita de um galho de árvore e constituise de três partes: ponteira - representa a base de toda a vida pioneira, ou seja, o caráter sem manchas; haste - representa o caminho reto que o (a) Pioneiro (a) deve seguir em sua vida, como homem de caráter, consciente de suas responsabilidades. Os nós da haste são as dificuldades e obstáculos a serem transpostos no longo caminho de sua vida; V da forquilha: representa a vitória coroando uma vida digna, honesta e profícua e também os caminhos que se pode seguir. Mesa Pioneira: a mesa pioneira usada nas reuniões deve ser circular, dividida em setores, cada um representando uma virtude que deve ser exercitada e vivida pelo(a) pioneiro(a). Esta mesa, inspirada na “Távola redonda” do Rei Arthur com o ideal dos Cavaleiros. Eram virtudes da Távola redonda: Verdade, Bondade, Lealdade, Consciência, Altruísmo, Fraternidade, Felicidade, Eficiência, Perfeição e Pureza. Texto: Lucas Guarnieri Fotos: Livia B. Cipolla e Maysa S. Perozzo


Radioescotismo no ciretama

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Além de transformar jovens em líderes, a missão é informar o mundo

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m janeiro de 2005, o tornado Catarina atingiu o sul de Santa Catarina e parte do nordeste do RS. Através de radioamador, desde Porto Alegre, um homem pede ajuda para obter informações sobre a mulher e o filho que estariam sem comunicação por internet ou telefone no local atingido pelo fenômeno. Cerca de uma hora depois, o homem é informado, por radioamadores catarinenses, que sua família está a salvo. Este pequeno relato do radioamador Rogério Toresan simplifica a importância da atividade em casos extremos. Toresan é Chefe Escoteiro, no Grupo Ciretama 65, em Bento Gonçalves, e junto com Cesar Missagia, também chefe, Marcelo Chiaramonte, sênior, e o escoteiro Vinícius de Oliveira, coordena o radioescotismo do grupo, o chamado JOTA – Jamboree on the air (em português, Jamboree no ar). Segundo Toresan, o grupo Ciretama tem uma invejável estrutura de radioescotismo em Bento Gonçalves, não apenas em relação aos equipamentos, mas também em alcance de sinal. Atualmente, o grupo escoteiro da cidade é responsável por dar suporte para outros rádio amadores da região. “Hoje o grupo Ciretama é um repetidor de sinal, isso quer dizer que ajudamos radioamadores a duplicarem o alcance de suas ondas”, explica. Toresan é membro da Rede Nacional de Emergência de Radioamadores (Rener), criada para suprir os meios de comunicações usuais, quando eles não puderem ser acionados, em emergências ou estado de calamidade pública, o que torna o grupo veículo de informação oficial. “Também integrar grupos escoteiros do Brasil e do mundo, essa é a missão do rádio escotismo”, diz Rogério, que faz questão de lembrar que as atividades têm apoio de radioamadores de toda a região .

Cinquenta anos de atividades O nome Ciretama é oriundo da língua tupi-guarani e significa “Recanto Florido da Mãe de Deus”, símbolo estampado na bandeira do grupo. O Ciretama foi fundado na década de 1960 por Clóvis Nunes, capitão Cândido Leite, Cláudio Pasquetti, padre Ênio Tarrasconi, e Sérgio M. Filippon. As cores são o bordô e branco. Por meio de trabalhos voluntários e doações, foram construídas quatro cabanas de atividades e o galpão de apoio. O grupo conta com 75 jovens, 15 chefes e

templa fazer as atividades protegendo a natureza, sendo fiel e honrando seus companheiros”, diz Lyon. Para Lazzari, a participação de crianças e jovens no Ciretama passa constantemente por altos e baixos. Ele destaca que é preciso gostar e se dedicar ao escotismo, e que filhos vêm por causa dos pais e vice-versa. “Quando um sai, perdemos os dois”, lamenta. “Não basta apenas fazer um chamamento para os jovens participarem, é preciso também termos uma estrutura maior de chefes, como mandam as regras do escotismo” complementa Lyon. Apesar da sazonalidade, o Ciretama procura atrair público com a promoção de atividades que combinem escotismo e tecnologia. “Não rivalizamos com a tecnologia, é o que acontece na questão de acesso à internet, por exemplo”. O chefe lobo se refere ao JOTI, Jamboree na internet, que concilia atividades escoteiras com o acesso à rede mundial de computadores.

cinco membros na diretoria. A sede do Ciretama está localizada nas dependências do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (UCS/ Carvi). Para o Chefe Lobo Lyon Carlos Kunz Jr., o espaço cedido pela instituição é muito valioso. “Somos privilegiados por estarmos sediados nas dependências da UCS, espaço arborizado, com trilhas que possibilitam diversas atividades”, afirma Lyon. O grupo possui um comodato com a universidade que vence em 2012. Além de ceder a área, a UCS colabora com a manutenção do local. Segundo o presidente do Ciretama, Silvio Lazzari de Oliveira, a diretoria está empenhada em renovar o contrato. Balu, como é chamado Lyon, o Chefe Lobinho, explica que o intuito do trabalho do movimento escoteiro é transformar jovens em líderes. Muitas das atividades são voltadas para esta missão. “A formação de líderes con-

Sobrevivência O grupo escoteiro Ciretama sobrevive fundamentalmente com o pagamento de mensalidades pelos participantes. Mas, segundo Silvio Lazzari, seria interessante ter um apoio maior do empresariado, subsidiando atividades. Apesar das dificuldades de pessoal (faltam chefes) e financeiras, o grupo escoteiro procura participar de todos os eventos possíveis de escotismo. Neste ano, por exemplo, o Ciretama foi representado no Jamboree Internacional, na Suécia, por quatro jovens bento-gonçalvenses. Interessados em saber mais sobre o grupo Ciretama, podem visitar a sede, na Alameda João Dal Sasso, na entrada do Campus UCS/Carvi. As reuniões para atividades acontecem aos sábados, das 13h30min às 16h30min. Acesse www.ciretama.org. br ou ligue para (54) 3451.7949. Foto e texto: Jonathan Zanotto


35 anos sempre alerta O escoteiro Paulo Branco é um dos mais antigos do movimento na Serra Texto: Ivan Sgarabotto Fotos: Waldir Bertollo

Aprender e fazer”. Com este lema, o grupo escoteiro Moacara, de Caxias do Sul, fundado por Ismar Bauler, completa 45 anos no dia 15 de junho de 2012. O escotista Paulo Roberto Teixeira Branco, 60, conhecido como chefe Branco, que participa deste grupo há quase 35 anos, é uma referência para os jovens. O chefe Branco dedica uma vida de muito trabalho e sonhos ao maior movimento de jovens do mundo. Branco atualmente é o chefe da Tropa Escoteira Masculina Ismar Bauler. Sempre pensando no coletivo, ele exerceu funções e atividades de relevância no movimento. “A gente passou pela alcateia, pioneiro, guias e sênior. A atividade que mais me marcou foi ser chefe do grupo escoteiro Moacara.” A atividade dedicada aos jovens por mais de 30 anos é reconhecida pelo carinho e respeito dos colegas do grupo Moacara ao cumprimentarem Paulo Branco durante a entrevista. “Eu gosto do que faço e isso faz parte do meu sangue, trabalhar com o movimento dos escoteiros”, comenta Branco. Segundo ele, a história de vida dele com os escoteiros vem de longa data. “Eu não tive a oportunidade de ser escoteiro quando era jovem. E aos 26 anos

entrei no grupo Moacara para realizar esse sonho de muito tempo. “Era tudo aquilo que eu imaginava de bom para mim, para a minha família e para os jovens que já passaram por nós.” Branco relata que tudo que ele aprendeu na vida é por causa do movimento Moacara. “Aprendi a disciplina, o respeito, a amar e a fazer todas as coisas que eu faço. Nestes anos todos, o movimento fez eu crescer como cidadão e como irmão dos demais irmãos do grupo escoteiro.” A família sempre esteve ao lado do Paulo Branco nos escoteiros. “A minha esposa participa comigo até hoje (Neudes, 69, é a atual secretária do Moacara)”. Dos quatro filhos, três (Ricardo, 37, Guilherme, 28, e Simone, 33) passaram pelo grupo. “Foram lobinhos, escoteiros, seniores (Ricardo e Guilherme) e guia (Simone). Eles cresceram aqui dentro”, informa Branco. O chefe Branco, que completou 34 anos no grupo Moacara em março de 2011, admitiu que pensou em sair dos escoteiros. “Já pensei, mas nunca pude deixar. Porque cada vez que a gente pensa em deixar, parece que as coisas prendem a gente, porque o movimento é tão grande, é tão emocionante. É você estar acampado no

mato, olhando os animais, a natureza, é você estar cuidando de tudo daquilo que Deus projetou para nós”, explica. Os escoteiros realizam inúmeras ações em todo o Estado e até no exterior. Branco destaca as viagens do grupo para Curitiba. “São muitas histórias que teríamos de ter dias para contar, mas sempre são coisas boas que nos marcaram.” Branco acredita que as atividades ao ar livre são importantes no escotismo por causa do aprendizado ambiental. “A gente aprende a fazer comida na madeira, aprende a respeitar a natureza, aprende a cuidar dos bichos’’. A estrutura da sede do Grupo Moacara, localizada no Parque da Festa da Uva, é grande, com muita natureza e espaço físico para a realização de atividades. Segundo o chefe Branco, atualmente o grupo Moacara conta com cerca de 400 jovens. “Fora o número de chefes. No movimento escoteiro a gente não trabalha esperando o ganho (financeiro), e sim dar aquilo que a gente tem de melhor em nossa mente e em nosso coração”, conta. De acordo com Branco, apesar da grande quantidade de jovens no movimento, eles gostariam que o número fosse maior. “Principalmente em Caxias. Há muitos jovens ‘perdidos’ em nossa cidade, outros que não têm conhecimento sobre o movimento escoteiro e os que gostariam de estar aqui”. O chefe Branco admite que existe uma dificuldade financeira muito grande, e eles sempre esperam a ajuda da população. “Ajudar todos os grupos de Caxias e não apenas o Moacara, porque todos os grupos têm a sua dificuldade.” O escotista Paulo Branco acredita que tudo que ele ganhou nestes 34 anos no Moacara foi merecido pelo trabalho desenvolvido em grupo. “Fico agradecido com o Moacara por ter me dado as condições de trabalho.” Conforme Branco, ele está realizado no movimento. “Aqui eu sempre encontrei as boas amizades’’. O grupo de escoteiros “é um movimento que sempre vem do bem”, afirma. Ele conta que espera cada vez mais dos jovens. “A gente sabe que o futuro deles é diferenciado dos outros jovens que não conhecem o movimento”, destaca.


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