Revista Textando - 1/2012

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Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UCS

Textando Março de 2012

O abandono das escolas no interior de Bento - pgs. 6 e 7

Maikeli Alves

Planeta desperdício Fernando Gomes/Sistema Fecomércio/Divulgação

Frei Celso e a preservação da história Os apelos da cerveja artesanal

Os desafios da coleta seletiva de resíduos - pg. 5

Prazeres japoneses em Caxias

Ilustração: Emmanuel Rambo dos Santos

Lixo eletrônico: descartar corretamente é o mínimo - pg. 3


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EDITORIAL

Espelho de uma comunidade

“Um jornal é ou deveria ser um espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado espaço de tempo. Um espelho que reflita com nitidez a dimensão aproximada ou real dessa consciência. E que não tema jamais ampliá-la. Pois se não lhe faltarem talento e coragem, refletirá tão somente uma consciência que de todo ainda não amanheceu. Mas que acabará por amanhecer”.

As ideias de Ricardo Noblat, contidas no livro A Arte de Fazer um Jornal Diário elucidam o propósito do jornal TeXtando, bem como a experiência trazida por ele aos alunos: a de colocar em prática os conhecimentos de redação de uma forma diferente. Esta edição traz uma diversidade de pautas da região, que incluem as cidades de Caxias do Sul, de Bento Gonçalves e de Farroupilha.

Entre as reportagens que você poderá conferir estão: a que revela a situação de escolas abandonadas no interior de Bento Gonçalves, a que mostra os reflexos da participação da comunidade nos orçamentos públicos, uma entrevista sobre os 20 anos da Coleta Seletiva em Caxias do Sul, a superlotação dos presídios, os serviços que as Farmácias Populares prestam em Farroupilha, mais uma série de matérias.

O caderno Resenha também está recheado de bons textos. Você poderá conferir como a cultura tem se desenvolvido nos mais variados pontos de Caxias do Sul, os desafios das microcervejarias artesanais, os apaixonados por tecnologia e a questão do lixo eletrônico, a luta por verbas para o Museu do Imigrante, em Bento Gonçalves, entre outras reportagens. Boa leitura! Guilherme Dedecek

EXPEDIENTE

Reitor - Isidoro Zorzi Diretora do Centro de Ciências da Comunicação Marliva Vanti Gonçalves Coordenador do Curso de Jornalismo Álvaro Benevenutto Júnior Professora - Alessandra Rech Alunos André Roberto Fiedler Carolina Leonir Dallegrave Douglas Barreto Oliveira Egui Antonio Baldasso Gabriel Venzon Jeferson Batista Scholz Lucas Guarnieri Maikeli Alves de Anhaia Textando é um produto da disciplina de Redação Jornalística III - 2° semestre de 2011 Universidade de Caxias do Sul. Tiragem: 400 exemplares. Novo projeto gráfico: nesta edição, no ano em que o Curso de Jornalismo da UCS completa 20 anos, Textando apresenta novidades na logotipia e layout.

CRÔNICA

Jornalistas reclamões GABRIEL VENZON

É notória a insatisfação dos jornalistas com a decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre a queda do diploma para essa profissão. Valendo-se de comparações pouco equilibradas, o Poder Judiciário decidiu pelo fim da obrigatoriedade de um ensino superior para o ofício na imprensa brasileira. Desde junho de 2009, essa mudança acirrou a polêmica sobre o verdadeiro valor de um jornalista. Vivemos em tempos de grandes mudanças tecnológicas. Com a invenção de blogs, câmeras fotográficas e de vídeo inclusas em celulares fica mais evidente o “bombardeio” de informações que podemos receber via internet. Podemos confiar? Pessoas desconhecidas enviam fotos e críticas sobre situações que presenciam. Mas isso não

é jornalismo. Não basta saber escrever, é necessário ouvir as fontes antes de publicar algo, esse é o conceito básico de um formador de opinião. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se apresentou contra desde o início da mudança, e no site podemos perceber um grande apoio de organizações como a Ordem dos Advogados do Brasil, senadores e deputados. Uma pasta foi criada especialmente para reunir todos os documentos: artigos, e-mails, notícias ou abaixo-assinados para o fim dessa decisão equívoca. O povo é reclamão e assim deve ser, requisitar seus direitos, denunciar o que é errado. Mas o povo não é jornalista, este sim é o mediador que tentará apresentar com clareza a notícia verossímil.


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Descarte da maneira certa Novidades tecnológicas e falta de pontos de coleta prejudicam o ambiente

Computadores, laptops, celulares, tablets... equipamentos cada vez mais presentes na vida dos consumidores, seja por necessidade ou pelo simples desejo de aderir ao que há de mais moderno no mundo teconológico. Com rápido avanço e novidades lançadas anualmente, a indústria de eletrônicos desperta a fantasia dos apaixonados pelos gadgets mais modernos, mobilizando fãs e lançando novos conceitos a cada novidade. Esse dinamismo na indústria, aliado às mais diversas plataformas de acesso a conteúdo, impulsiona as vendas dos fabricantes e desperta o desejo dos consumidores em se manter sempre conectados. Mas há um efeito colateral: de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030 o Brasil produzirá cerca de 680 mil toneladas de lixo eletrônico por ano. Problema que até agora não recebeu a atenção merecida. O designer de interfaces Carlos Roberto Roise, 23 anos, sempre foi fã de tecnologia. Com 17 anos começou a trabalhar com informática mais seriamente. Aos 19, conseguiu o primeiro emprego na área. Sempre atualizado, possui um laptop, um computador e um iPhone, além dos videogames Xbox e Playstation 3. “Gosto da tecnologia pela variedade de informação, interatividade e acesso rápido”, explica. Embora não troque de celular e videogame com tanta frequência, Carlos procura ter sempre os equipamentos mais avançados em seus computadores. Para atualizar e melhorar o desempenho das máquinas, compra novas peças para substituir as antigas. E é justamente aí que mora o problema da indústria de eletrônicos. Para se manter atualizados, os consumidores acabam desativando seus aparelhos antigos e

Fernando Gomes/Sistema Fecomércio/Divulgação

ANDRÉ ROBERTO FIEDLER

Brasil fabrica por ano 15 milhões de computadores com metais que podem causar doenças e danos ao ambiente

encontram dificuldade na hora de encontrar uma forma de destinálos corretamente. “Sempre que troco uma peça por outra melhor, procuro vender a antiga. Mas se ela estiver estragada, coloco no lixo mesmo”, admite Carlos. Mas já há algumas ações para resolver o problema e uma solução definitiva pode estar a caminho, pelo menos em Caxias do Sul. No dia 13 de agosto o Sistema Fecomércio do Rio Grande do Sul iniciou uma campanha para o recolhimento do lixo eletrônico do Estado. A intenção é recolher 100 toneladas de placas, celulares, computadores e outros equipamentos e encaminhá-los para a reciclagem. Em Caxias, a ação foi lançada com um evento na Praça Dante Alighieri, que em algumas horas recolheu 13.230 quilos de material eletrônico e, até o dia 30 de agosto, a cidade já havia descartado quase 40 toneladas. “Caxias deve atingir sozinha a

OS VILÕES Confira os equipamentos que mais se acumulam e poluem o ambiente:

meta do Estado”, avalia Maria Cecília Pozza, vice-presidente do Sistema Fecomércio e coordenadora da campanha na cidade. Conforme ela, um dos objetivos da ação é ajudar municípios que não dispõem de pontos de coleta a destinar corretamente esses equipamentos. Ela lembra que com a implantação da nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, em agosto de 2012, a responsabilidade de um descarte sem danos ambientais será dividida entre consumidores, comerciantes e fabricantes. Para isso, será preciso que os municípios estejam preparados para triagem e desmanufatura dos aparelhos. “Queremos que no final da campanha os municípios tenham pontos permanentes (de coleta)”. O material recolhido é enviado para empresas especializadas em desmanufatura deste tipo de lixo, sem custos para o consumidor. A maior parte dos equipa-

mentos são reciclados em empresas de Cachoeirinha. O que não é possível segue para São Paulo ou Bélgica, onde há tecnologias mais avançadas no processo de reciclagem. Com o sucesso da campanha, que terminou em 21 de setembro, já há negociações para implantar em Caxias do Sul um ponto de recolhimento permanente. “A sociedade tem respondido e empresas têm nos procurado” diz Maria. De acordo com dados da campanha, 200 milhões de celulares e 15 milhões de computadores são fabricados por ano no Brasil. Só no Rio Grande do Sul há 13 milhões de celulares, sendo que 1,5 milhão estão desativados, ou seja, poderiam servir de matéria-prima para outros produtos. “Podemos construir a nova tecnologia a partir do que estamos descartando”, resume Maria. andrefiedler89@gmail.com

POR QUE SÃO PERIGOSOS, SE DESCARTADOS INCORRETAMENTE? Equipamentos eletrônicos possuem metais e outros componentes que causam danos à saúde e ao meio-ambiente. Confira abaixo:

- Celular

- Chumbo: afeta o sistema nervoso e sanguíneo

- Carregador

- Cabo

- Mercúrio: Danos cerebrais e ao fígado

- PVC: se inalado após a queima, causa problemas respiratórios

- Impressora

- Mouse

- Cádmio: envenenamento, danos em rins, ossos e pulmões

- Retardantes de chamas: desordens hormonais, nervosas e reprodutivas

- Monitor

- Gabinete

- Placa-mãe

- Teclado

- Notebook

- Arsênico: Danos ao sistema nervoso, além de causar câncer e doenças de pele.

- Belírio: Câncer no pulmão

Fonte: Sistema Fecomércio


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Pés na areia Aproveitei o feriadão de 15 de novembro para ir à praia. Por conta do trabalho, não é em todo feriado prolongado que posso me dar a esse luxo. A última vez havia sido na Páscoa. Assim como muita gente, topo enfrentar, no mínimo, duas horas de estrada e até congestionamentos para estar mais perto do mar. Sou um adorador do mar. Faço todo o esforço necessário para poder curtir uma praia. Tudo por um motivo: o maior contato com a natureza. Em cada ponta dos 200 km que separam Caxias do Sul da cidade de Torres, onde costumo ir, é como se existissem dois “eus” diferentes. Ao pôr os pés na areia, o estresse, as preocupações com os compromissos, os próprios compromissos da selva de pedra em que vivemos, parecem fazer parte de um mundo utópico. De fato, é como se eu realmente trocasse de mundo. Caminhar descalço na beira da praia é um dos momentos mais incríveis que o planeta pode oferecer a nós, humanos. Ainda assim, insistimos em destruí-lo. Frequentemente, enquanto caminho e sinto as ondas nos meus pés, percebo a natureza em sua essência. Vejo ela de braços

Rodrigo Santiago/Divulgação

ANDRÉ ROBERTO FIEDLER

abertos, me esperando com tudo que pode oferecer. É um momento de parceria único. Sinto como se voltasse aos tempos primitivos, da criação da humanidade. De fato, caminhar na beira da praia nos torna mais primitivos. E quando digo isso, não quero dizer que, ao fazê-lo, perdemos nossa inteligência. Mas ao caminhar na praia não precisamos dela. Caminhar e desviar de obstáculos são situações de que o instinto pode perfeitamente dar conta. Quando digo que o mar nos torna mais primitivos, é porque ele nos permite que apreciemos

com outros olhos as belezas que a natureza pode criar. Olho com respeito e com agradecimento por ela ter feito isso por nós. O mar nos torna primitivos porque permite que possamos andar descalços, como, afinal, o homem foi feito para andar. Sapatos, celulares, carros, aparelhos de som. Sim, eles são necessários hoje. E eles são necessários em uma cidade litorânea. Mas o mar não vai lhe exigir nada, apenas respeito. Nós é que exigimos dele. Queremos que esteja sempre limpo, calmo, com água quente para que possamos aproveitar ao

máximo nosso tempo com ele e, em seguida, continuar nossas vidas. Mas mesmo a mais violenta das ressacas mostra uma sabedoria da natureza que não sabemos valorizar. Em um de meus passeios à beira-mar neste feriadão pensei por alguns momentos em quantos movimentos fazem as ondas durante nossa correria contra o tempo em meio a edifícios e automóveis. Na paciência da natureza em esculpir as falésias que se destacam na paisagem de Torres. No espetáculo que é ver as ondas explodirem contra os morros e em seguida escorrerem de volta ao mar. Paro e penso como seria esse ambiente há milhões de anos. Sem casas, sem ruas, sem pessoas para mexer naquilo que a natureza não mexeria. Penso em como seria poder passar alguns minutos na natureza intocada. Mas aí olho novamente para as ondas arrebentando contra as pedras e vejo que há milhões de anos, não devia ser muito diferente. E é aí que percebo que estar no mar é o mais próximo que podemos chegar da criação da natureza. Por isso ele cura todos os males. andrefiedler89@gmail.com

O ódio ao livro Todos nós, ao menos algum dia, já ouvimos falar que ler é importante, leitura é essencial, que quanto mais lermos melhor será nossa dissertação, que isso ou aquilo. Porém, muitos não acreditam na “mentira” que nos contam. E mais que isso: aonde está escrito que precisamos discriminar quem não leva adiante esse hábito? Você vai ser um péssimo engenheiro se odiar romances? Algum mecânico deixou de consertar a vela de um motor por nunca ter aberto um Machado de Assis? Não, nenhum profissional de áreas aparentemente adversas aos livros deixou de construir carreira por não ter o seu autor preferido, um companheiro de viagens monótonas, um desafogo literário em meio à correria do dia a dia. Contudo, engenheiros, arquitetos ou até mesmo certos publicitários repugnam a leitura. Com o passar dos anos, esquecemos da importância desse exercício, aprendemos (na prática) que ler não deixa ninguém mais esperto ou menos profissio-

nal. E boa parcela da culpa pelo nosso esquecimento é do nosso amigo (olha ele de novo) engenheiro ou mecânico, que cresce lendo pouco e, consequentemente, escrevendo errado, sem zelo, de qualquer maneira. Daí surge nossa falta de vontade de ter um bom texto, ao menos sem erros gramaticais. Afinal, escrever bem é frescura, ninguém o faz, é coisa para quem gosta de ler. Eis talvez o principal ponto da discussão sobre a interação do brasileiro com o livro. De acordo com dados da Agência Brasil, a média de leitura no país é de 1,3 livro por pessoa/ano. Embora o governo planeje mais do que triplicar essa quantidade a médio/longo prazo por meio do Plano Nacional de Cultura, a realidade é que nossos conterrâneos andam muito mais preocupados com o futebol dos finais de tarde e novelas vividas no Leblon do que a lista de títulos a ser adquirida na próxima feira do livro do município.

Divulgação

EGUI BALDASSO

A solução está nas escolas, no incentivo dos professores a alunos capazes de optarem por uma boa leitura durante o final de semana, ao invés de queimar tardes inteiras em frente a um simples e inútil jogo de computador. Tudo passa pelas salas de aula, sem dúvida. Mas a importância do apoio familiar nessa empreitada também precisa ser ressaltada.

Já está mais do que provado que crianças, ao crescerem vendo os pais lerem, criarão hábito idêntico, e o passarão aos seus filhos. E assim se cria o ciclo, faz-se valer as iniciativas do governo que, embora tímidas, ao menos representam que o futuro do Brasil pode, definitivamente, estar nas próximas páginas. e.baldasso@gmail.com


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O desafio da coleta seletiva Em 20 anos, Caxias se tornou modelo no país e se desenvolve cada dia mais no campo da reciclagem Cristofer Giacomet

CAROLINA DALLEGRAVE 15 de agosto de 1991. Naquele dia, Caxias do sul daria um dos passos mais importantes para a preservação do meio ambiente e qualidade de vida dos caxienses. Era implantada a coleta seletiva. Vinte anos depois, o município se tornou referência e tem se desenvolvido cada vez mais nessa área. Para analisar o panorama da coleta seletiva na cidade, o TeXtando conversou com o Diretor-Presidente da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), Adiló Didomenico, que explica como a cidade tem evoluído neste campo. TeXtando: De que forma a coleta tem contribuído para a qualidade de vida dos caxienses? Adiló Didomenico: A coleta seletiva contribui de várias formas para a vida dos caxienses. Uma delas é que reciclando reduzimos gastos com ampliação do aterro sanitário. Outro aspecto que pode ser evidenciado é o social, pois o material reciclável é fonte de renda para muitas famílias. E também podemos lembrar que reciclar é reutilizar, uma forma inteligente de preservar o meio ambiente. TeXtando: Que ações Caxias tem desenvolvido na área da coleta seletiva que tornam o município modelo no país? Didomenico: Várias ações, entre

TeXtando: Você vê alguma diferença na cultura de reciclagem de resíduos de Caxias do Sul em comparação com outras cidades? Didomenico: Há diferenças, sim. Em Caxias do Sul, o serviço de coleta seletiva é realizado pelo poder público de uma forma efetiva, ou seja, o poder público recolhe todos os resíduos e os entrega gratuita-

mecanizado de coleta seletiva ser um modelo, muitas pessoas ainda continuam a não separar o lixo. Existe alguma razão para este tipo de atitude? Didomenico: Um fator que pode levar as pessoas a não separar corretamente o lixo orgânico do seletivo é a falta de hábito. A separação, na maioria das vezes, é cultural. Outro

Kaiser, 1º de Maio, Fátima Baixo, Conquista, Villa Lobos, Cânyon, Monte Carmelo e Planalto são alguns dos bairros que o caminhão do Troca Solidária visita. São quatro bairros a cada semana, sempre aos sábados. O Troca se consolidou de forma singular. Não se vê mais, como em períodos anteriores, materiais seletivos em frente às casas, jogados nas vias urbanas. Nos dois anos, completados em junho, o programa recolheu mais de 553 toneladas de resíduos e distribuiu mais de 153 toneladas de alimentos, beneficiando mais de 17 mil famílias. O programa Catador Legal também cumpre o papel de preservação do meio ambiente, pois cerca de 75 catadores conveniados com a Codeca, juntamente com outros 60 encaminhados para o cadastro, recolhem cerca de 30 toneladas/ dia de resíduos recicláveis. TeXtando: Quais as dificuldades encontradas na conscientização das pessoas sobre a importância da separação do lixo? Didomenico: Entre as dificuldades podemos apontar o grande número de imigrantes que chegam à cidade. O trabalho de educação ambiental realizado pela Codeca não consegue abranger toda a população. Uma grande maioria não possui a cultura da separação correta dos resíduos. Outros, não estão habituados a separar. Educar a todos é um processo demorado. Luiz Chaves

elas palestras, projetos e programas educativos que ensinam e incentivam a comunidade a reciclar e a cuidar do meio ambiente. Nas escolas, são desenvolvidos os projetos Consciência Ambiental, A Arte de Brincar Reciclando Valores e o Caminhos do Lixo. Nas empresas, realizamos, gratuitamente, palestras educativas. Nos bairros, temos o Programa Troca Solidária. Nas ruas, tem o Catador Legal e, na mídia, o programa Codeca dá a Dica. Além desses programas, participamos de eventos coordenados por outras secretarias, bem como empresas do setor privado para distribuição de folhetos. Todos voltados a repassar informações sobre a importância da separação e destinação correta dos materiais seletivos.

mente às recicladoras. Em muitas cidades, a coleta do seletivo é feita apenas por catadores que fazem seleção do material diretamente na lixeira e recolhem o que interessa, deixando no local muitos resíduos, que em grande parte são levados para os aterros sanitários. TeXtando: Quantas toneladas de lixo são produzidas na cidade diariamente e qual é a porcentagem desses resíduos que é reciclada? Didomenico: A comunidade caxiense produz atualmente 450 toneladas de lixo. Destas, 90 toneladas são de resíduos recicláveis, o que corresponde a 20% do total. TeXtando: Apesar de o sistema

fator que pode ser citado também é o processo de migração. Todos os dias, a cidade recebe novos moradores, provenientes dos mais diferentes lugares onde, muitas vezes, não existe programas de separação de resíduo seletivo. TeXtando: Como os Programas Troca Solidária e Catador Legal têm ajudado na preservação? Didomenico: O Troca e o Catador Legal contribuem significativamente na preservação ambiental. O Troca é desenvolvido pela Codeca em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Fundação de Assistência Social (FAS). Uma ação inédita no Estado que permite a troca de quatro quilos de resíduo seletivo por um quilo de alimento.

TeXtando: O que está programado para que se desenvolva ainda mais a área da coleta seletiva em Caxias do Sul? Didomenico: A Codeca e outras secretarias estão sempre trabalhando para ampliar programas e projetos que proporcionam qualidade de vida à população. Especificamente para a coleta seletiva, está sendo realizado um estudo para ampliação do número de bairros do programa Troca Solidária. As campanhas educativas estão sendo intensificadas, sejam elas realizadas em escolas, empresas ou por meio da mídia eletrônica e impressa.

cldalle1@ucs.br


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Escolas-fantasma O fechamento de 56 instituições de ensino reflete no abandono do patrimônio público no interior Fotos: Maikeli Alves

Sobraram só as paredes da Escola Imaculada Conceição, na Linha Alcântara

MAIKELI ALVES Os reflexos do êxodo rural no interior de Bento Gonçalves estão expressos numa cena que chama atenção de quem passa pelas comunidades dos quatro distritos do município: o abandono das escolas municipais. Ao todo são 56 instituições que estão sem utilização, tanto pela comunidade local, quanto pela prefeitura. A conservação destes prédios é precária e o que resta para quem vive nessas comunidades são as lembranças do tempo em que as aulas eram ministradas ali. Uma árvore no meio do que antes era uma sala de aula, vidros quebrados, sujeira, teias de aranha, falta de manutenção e abandono. Essas são algumas palavras que descrevem a situação das escolas que estão sem utilização no interior da cidade. Falta demanda Conforme Adriane Lazzarotto, da divisão de administração interna da Secretaria Municipal de Educação (Smed) algumas das escolas já estão desativadas há tantos anos que os prédios não existem mais e os terrenos, em sua maioria, pertenciam a moradores ou a prefeitura. Adriane afirma que o principal

motivo foi porque a clientela foi se extinguindo. “O reduzido número de alunos fez com que fosse implantado o serviço de transporte escolar, onde os poucos residentes nos locais vão sendo transportados para escolas mais centrais. Portanto, não há demanda das comunidades a fim de que a prefeitura invista nestas escolas”, explica. A funcionária da Smed também afirma que não há projetos comunitários para uso das escolas desativadas e, por isso, um investimento nestes locais não teria retorno. No entanto, os poucos alunos que restaram foram amparados com transporte escolar pago pela prefeitura. Cerca de 2 mil estudantes do interior do município utilizam o serviço. Ao todo são 35 veículos que conduzem as crianças até os colégios centrais e nos locais onde há linhas regulares de transporte coletivo a prefeitura envia vales transporte escolares. Adriane explica que conforme legislação, as escolas de zona rural são primeiramente desativadas, podendo ser reabertas durante os próximos cinco anos. “Não ocorrendo a reabertura, passados cinco anos, elas devem ser definitivamente extintas. Não temos incidência, em nenhum local do interior, que a demanda de alunos tivesse

retomado uma crescente e não há perspectiva, neste momento, de fechamento de alguma outra escola”, assegura a funcionária. Como começou A primeira escola a entrar para o rol do abandono foi a Escola Municipal Riachuelo, localizada na Linha Pradela, em 1973. O último prédio desativado, mediante aval da comunidade local que optou pelo fechamento e transferência dos alunos para a escola central do distrito, foi o da Escola Municipal de Ensino Fundamental Euclides Cunha, de Faria Lemos, no início de

2009. Esta escola abrigava no último ano cerca de oito alunos, comprovando a diminuição no número de estudantes. Cada distrito abriga, pelo menos, duas escolas abandonadas. Em algumas comunidades, as escolas ainda são utilizadas para as aulas de catequese, como na antiga Doróther Müller. Porém, o fato de a atividade acontecer no espaço não impede que as grades e os brinquedos estejam enferrujados. Entre Pinto Bandeira e São Pedro, a escola Presidente Roosevelt também era local de aulas religiosas, em uma das salas, que se mantém conservada.

No Vale Aurora, uma árvore invadiu o espaço da Escola Segundo Lazzari


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À esquerda, a Escola José Mário Mônaco, na Linha Alcântara, onde só restou o quadro. À direita, na Linha Paulina, a Escola Estadual Ipiranga, que agora é ocupada por ovelhas

Saudade do ensino e tristeza pelo abandono

Alexandre Ferrari, empresário

“Todas superavam suas limitações com criatividade e boas ideias para garantir que os alunos fossem alfabetizados”

material humano era excelente. Todas superavam suas limitações com criatividade e boas ideias para garantir que os alunos fossem alfabetizados”, destaca. O empresário diz ainda que não se arrepende de ter estudado lá e que colocaria seus filhos em sua antiga escola. “Escolas do interior são menos influenciadas pelas drogas e coisas que não fazem bem a vida das crianças. Nós brincávamos de coisas simples e fazíamos verdadeiros amigos, sendo que conservo praticamente todos até os dias de hoje”, afirma. Na antiga escola de Ferrari, os alunos lidavam com a falta de alguns brinquedos inventando novas brincadeiras. “Para nos divertir nos intervalos nós organizávamos um show de calouros, onde todos competiam e cantavam alguma canção. Para nos avaliar montávamos um júri, que em muitas vezes era formado por alguma professora. Foram momentos que marcaram”, lembra o empresário com carinho.

Escola Maurício Cardoso, da Linha 6 da Leopoldina, foi desativada, mas as instalações são ocupadas pelo Ceacri

Marcilei Rossi

Jussara Konrad

Para o empresário Alexandre Ferrari, olhar para a Escola Estadual Maurício Cardoso, localizada no Vale dos Vinhedos, onde estudou por cinco anos, dá uma sensação de saudade e tristeza. “A primeira vista tenho saudade, mas depois, observando o abandono, fico triste, pois as paredes dessa escola estão marcadas por histórias e carregam em seu interior a sabedoria de muitos”, ressalta. Ferrari explica que na escola onde estudou as instalações eram bem simples, até mesmo precárias. “Tinham duas salas de aula onde estudavam quatro turmas, ou seja, duas turmas para cada sala. Além de uma cozinha e dois banheiros. Erámos em torno de 15 alunos para cada turma e um professor para as duas”, conta. Para ele o ensino era tão bom quanto o de uma escola particular na cidade. “Contávamos com o esforço das professoras, que se superavam para dar conta do recado. As condições de infraestrutura não eram boas, mas o

Acabou o incentivo

Inês Fagherazzi, preside o STR

Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza, Inês Fagherazzi, falta incentivo para as escolas do interior. “Não há incentivo para essas escolas e para o jovem permanecer no campo. Há, inclusive, um preconceito com o ensino do interior, onde estimula-se que o das escolas centrais é melhor”, conta. Inês afirma que o número de filhos dos agricultores tem diminuído bastante nos últimos tempos. “Muito disso, é falta de incentivo à agricultura familiar e ao preço baixo da uva, no caso da nossa região. Esses fatores fazem com que o jovem não queira permanecer no interior, já que na cidade ele tem a mesma renda com menos trabalho”, destaca. Ela acredita ainda que a tendência é que não sejam fechadas mais escolas no interior. “Nenhuma mãe quer ver seu filho longe de casa, é uma situação complicada, mas eu acredito que não vai se agravar. Fala-se tanto de turismo rural, mas o próprio governo desestimula os agricultores e os jovens a ficarem no interior. Sem eles não há o turismo”, observa Inês, que sugere um envolvimento maior dos políticos do município também nessas questões. maikeli.alves@hotmail.com


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A voz do povo nas decisões Ao longo dos anos, participação popular na construção dos orçamentos tem aumentado LUCAS GUARNIERI O Brasil vive atualmente o maior período de democracia desde a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Nestas mais de duas décadas recentes, a população brasileira pode escolher e também destituir do poder, de forma livre, governantes das três esferas: municipal, estadual e federal. Porém, ainda falta muito para que a democracia alcance a plenitude, segundo alguns especialistas na área. Mesmo com a participação democrática por meio do voto, ainda carece de maior aprofundamento a participação da sociedade nas decisões governamentais. Independentemente da ideologia política que esteja no poder, algumas ferramentas têm sido criadas para propiciar a participação popular, principalmente nas decisões que envolvem os orçamentos dos governos para os anos seguintes. E os nomes são variados: Orçamento Participativo/Comunitário, Consulta Popular, Participação Cidadã, etc. Em âmbito municipal, as formas de participação institucional conhecidas começaram a ser implementadas durante o governo Pepe Vargas, do Partido dos Trabalhadores (1997-2004), com o Orçamento Participativo (OP). Mantendo o espírito, mas

alterando o nome e a forma de ele, o critério para que uma obra execução do projeto, o atual pre- consiga a verba necessária para feito José Ivo Sartori, do PMDB execução é o número de pesso(desde 2005 no governo), criou as presentes nas reuniões. Para o Orçamento Comunitário (OC). saber o valor de cada indivíduo, Diferente do OP, onde as se divide o total de participandecisões aconteciam em assem- tes pela previsão de investimenbleias regionais entre os bairros tos da Prefeitura no Orçamenda cidade, com a presença da fi- to Comunitário, que para 2012 gura do delegado (pessoa da co- ficou em R$ 15 milhões. “Se a munidade que representa o bair- comunidade conquistou o varo nas decisões da plenária), no lor da obra aprovada, ela será OC as decisões acontecem em encaminhada”, explica Marcon. cada um dos bairros, aumentanEm 2011, foram realizado, portanto, o número de reu- das 248 pré-reuniões, nos bairniões e de projetos executados. ros que compõem as 16 Regiões Mesmo assim, Administrativas obras de maior Não importa o partido da cidade. Nesrepresentativino poder, formas de ses encontros dade, como um se estabeleceu Centro Comu- participação têm sido três pré-pronitário ou uma criadas: OC, Consulta postas, e destas Unidade Básica Popular, entre outras. uma foi escode Saúde, que lhida nas reunieram aprovaões definitivas, das com maior facilidade no Or- que ocorreram entre os dias 29 çamento Participativo, são mais de setembro e 30 de novemdifíceis de serem executadas por bro. A expectativa do Govermeio do Orçamento Comunitário, no Municipal era de que mais pelo seu alto custo financeiro. de 50 mil caxienses participasConforme o coordenador de sem dessas reuniões. Até o feRelações Comunitárias da Prefei- chamento desta edição, a listura de Caxias, Gelso Marcon, as tagem de obras aprovadas no reuniões do OC tem um cunho OC para serem executadas em altamente técnico. “Nessas reu- 2012 ainda não estava concluída. niões, a comunidade é que disMarcon lembra que mesmo cute e indica uma prioridade, que uma prioridade seja aprovauma necessidade para o seu lo- da, mas o valor da obra não for alcal de moradia”. De acordo com cançado, a comunidade pode tro-

Estado trabalha com sistema de participação Já no Governo do Estado, o que vigora atualmente é um sistema de participação popular amplo, com dezenas de ferramentas que trabalham desde a simples sugestão do cidadão gaúcho até a decisão de como o Executivo estadual vai investir parte do dinheiro arrecadado. Isto inclui, entre outras, a Consulta Popular e Cidadã (onde são escolhidas prioridades para investimento no orçamento do ano seguinte), Plano Plurianual (PPA) Participativo 2012-2015, Gabinete Digital (www.gabinetedigital.rs.gov. br) e os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes). Para a coordenadora da região Funcional 3 de Participação Popular do Governo do Estado (que inclui as regiões da Serra, Campos de Cima da Serra e Hortênsias), Silvana Piroli, é de fundamental importância a participação popular nas ações governamentais. “Mais do que uma concessão do popular público é um direito do cidadão e é um dever do Estado de proporcionar espaço para participação. No planejar junto com o povo,

os recursos públicos têm uma melhor utilização, naquelas demandas que a comunidade avalia como importantes e que melhoram a qualidade de vida da população. Isso também torna o Estado mais eficiente”, destaca. De acordo com Silvana, a principal novidade no projeto de participação popular do atual governo foi a inclusão da população na construção do PPA 2012-2015 do Estado. Houve um alinhamento das estratégias que foram debatidas para o PPA Participativo com o Orçamento 2012, e que começou a tomar forma com audiências públicas regionais. Após a realização dessas audiências, deu-se seguimento aos Fóruns Regionais nas 28 Regiões dos Coredes. Estes Fóruns serviram para determinar quais seriam os projetos regionais para serem incluídos nas cédulas de votação do dia 10 de agosto, na Consulta Popular e Cidadã. A votação de prioridades do Orçamento 2012, segundo o Governo do Estado, contou com a participação de mais de 1 milhão de votantes (1.134.141), que es-

car o investimento por outro, que custe menos. Pela organização comunitária caxiense, ele considera que a cidade tem um modelo de orçamento participativo único no país, com votações anuais e execução de centenas de obras. O coordenador de Relações Comunitárias da Prefeitura também comemora o crescimento da participação da população nos últimos anos. “Desde 2009, quando assumi essa função no Orçamento Comunitário, percebo um crescimento constante na participação de ano para ano, começando lá em 2005, e isso se deu devido à forma como se encaminha o processo atualmente”. Segundo dados repassados pela Prefeitura, no primeiro ano do Governo Sartori cerca de 12,5 mil pessoas participaram das reuniões do OC, enquanto que em 2010 a participação foi de mais de 39,4 mil. Nesse período - entre 2005 e 2010 - 1.206 obras foram aprovadas, e a maior parte delas (em torno de mil propostas) foi executada. Para 2011, foram elencadas 217 obras, sendo que faltavam menos de 10 para serem executadas antes do fim do ano, por problemas nas licitações. Conforme a Administração Municipal, foram investidos cerca de R$ 18 milhões no Orçamento Comunitário neste ano.

Consulta Popular ao longo dos anos 2011

2010

Total empenhado: R$ 19.257.546,84, sendo R$ 673.274,06 para a Serra. Disso, R$ 124.400,00 foram para obras executadas em Caxias do Sul.

Total Empenhado: R$ 88.619.507,16, sendo R$ 5.802.597,79 para a região serrana, e disso R$ 1.597.100,00 aplicados na cidade.

Uma das obras executadas – Construção/Ampliação de Unidade Hospitalar, Hospital Geral (aprovado na consulta de 2010): R$ 499.700,00

Uma das obras executadas – Ampliação/ adequação da área física do HG (aprovado na consulta de 2009): R$ 999.400,00

colheram até quatro demandas dentre as propostas regionais. Desse total, aproximadamente 64 mil caxienses participaram. Para a Serra, serão encaminhados no próximo ano, por meio da Consulta Popular, R$ 9,2 milhões (confira na página 9 a lista com as 10 propostas aprovadas para a região serrana).

Silvana Piroli comemora o aumento do número de cidadãos que compareceram aos locais de votação ou pela internet. “Em 2011 tivemos um média de participação maior do que nos últimos anos. Para o primeiro ano de um novo governo, os índices são muito positivos. Foi uma aceitação muito grande”, avalia.


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Eduardo Seidl/Palácio Piratini

Propostas aprovadas na Consulta Popular 2011 SAÚDE R$ 1.850.000 Melhoria e ampliação da infraestrutura regional de saúde EDUCAÇÃO R$ 1.761.304 Recuperação, ampliação e qualificação da infraestrutura física e modernização tecnológica de escolas. DESENVOLVIMENTO RURAL R$ 1.110.000 Fortalecimento das cadeias produtivas locais e regionais de base familiar. SEGURANÇA R$ 927.000 Compra de viaturas e equipamentos para as polícias da região. HABITAÇÃO E SANEAMENTO R$ 927.000 Produção de casas e lotes urbanizados e apoio à infraestrutura em cooperativas habitacionais. INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA R$ 920.000 Concluir o trevo de acesso nos municípios de Caxias do Sul (Acesso Norte), construir trevo no bairro São Cristóvão em Nova Prata, trevo de acesso à União da Serra, em Serafina Corrêa, na VRS 129 e trevo de acesso a Veranópolis. CIÊNCIA, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO R$ 741.601 Ensino, pesquisa e extensão através da UERGS e apoio a incubadoras tecnológicas. TURISMO R$ 460.000 Elaboração e divulgação de um Plano Estratégico para o Turismo da Região do Corede Serra e de um calendário modelo com os eventos municipais e regionais de 2012. MICRO E PEQUENA EMPRESA R$ 278.101 Apoio a eventos municipais e microrregionais e edificações envolvendo micro e pequenas empresas artesanais e agroindústrias na Região. POLÍTICA PARA AS MULHERES R$ 270.000 Enfrentamento da violência contra as mulheres.

Escolha de prioridades do Orçamento 2012 do RS, contou com a participação de mais de 1 milhão de votantes

População Popular ainda tem o que melhorar Mesmo com as inúmeras ferramentas e o aumento gradativo na participação do povo nas decisões do Governo, ainda falta muito para que a democracia alcance a plenitude. Para o atual chefe de gabinete do ViceGovernador Beto Grill e que por muitos anos esteve à frente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) da Serra como secretário-executivo, José Adamoli, mesmo com a participação democrática por meio do voto, ainda carece de maior aprofundamento a participação da sociedade nas decisões governamentais. “O processo de participação social está muito aquém daquilo que precisamos. Se nós pegarmos a organização social brasileira, infelizmente ao longo da história faltou uma coisa fundamental que é a autonomia. Ou seja, os movimentos sociais precisam se articular e se organizar numa visão de empoderamento e controle do Estado. É preciso que a sociedade tenha noção clara da importância do Estado, do quanto ela paga para mantêlo e de quanto esse Estado devolve para sociedade em termos de serviços e obras públicas”, alertou Adamoli, durante participação no programa Dito e Feito Debate da Rádio São Francisco SAT AM, no dia 10 de outubro de 2011, que tratava sobre a importância da participação

popular nas decisões de governo. Para o presidente da União das Associações de Bairros (UAB) de Caxias do Sul, Valdir Walter, essas formas de participação são de extrema importância. “Todas as obras deliberadas pelas associações de moradores, como calçamento e esgotos, e mesmo as obras de maior porte, só são possíveis pelo espaço que temos na construção orçamentária do município e também em âmbito estadual, mesmo que seja de uma pequena parcela da arrecadação”. Também na avaliação do comunitarista existe a necessidade de uma participação ainda maior no planejamento da cidade. Além de garantir o espaço para discussão das políticas de Governo, o que mais preocupa a população é o efetivo cumprimento daquilo que foi votado como sendo prioridade. José Adamoli avalia que é fundamental haver por parte dos governantes um comprometimento com este processo e que além de levar para a sociedade a oportunidade de discutir o conjunto das políticas públicas, oportunize uma determinada faixa de recursos para deliberação da sociedade e cumpra. “As experiências que nós temos ao longo desse tempo, entretanto, são de que entre os compromissos criados e os efetivamente concretizados há uma distância muito grande”, lamenta.

Outras formas de participar A criação dos Conselhos, em todos os níveis da Federação, e a realização de Conferências Nacionais sobre os mais diferentes temas também têm sido formas de diálogo que o governo vem mantendo com a sociedade civil ao longo dos últimos anos. Em Caxias, existem 20 Conselhos Municipais constituídos, que cuidam de temas como assistência social, habitação, saúde, educação, turismo, transporte, entre outros. De 1941 a 2010 foram realizadas 115 Conferências Nacionais, sendo que 74 ocorreram entre 2003 e 2010, abrangendo 40 áreas setoriais em níveis local, municipal, regional, estadual e nacional. Essas conferências mobilizaram cerca de 5 milhões de pessoas no debate de propostas para as políticas públicas. Para o ano 2012 estão previstas oito conferências nacionais, com uma estimativa de participação de mais de quatro milhões de pessoas, incluindo as etapas municipais, livres, regionais, estaduais e nacional. Entre os assuntos que serão abordados nas edições do ano que vem estão: Direitos da Criança e do Adolescente; Pesca e Aquicultura; Defesa Civil; Turismo; Transparência e Controle Social; Trabalho e Emprego, entre outros. lguarni1@ucs.br


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CRÔNICA

Remédio, por favor

Atenção com funções vitais?

Farmácia Popular de Farroupilha alivia orçamento com itens gratuitos

LUCAS GUARNIERI

EGUI BALDASSO Egui Baldasso

Em 2004, o governo Federal institui em todo o país o programa Farmácia Popular, por meio da Lei nº 10.858, de 13 de abril daquele ano, disponibilizando medicamentos a preços acessíveis ou gratuitos para parte da população que não pode arcar com despesas de tratamentos de doenças. Contudo, desde agosto de 2002 a comunidade farroupilhense conta com o serviço oferecido através da Associação Pró-Saúde, braço da Secretaria Municipal de Sáude, criada para desburocratizar o sistema no município. Atualmente, a entidade atende usuários da rede pública, encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), vindos de postos e do próprio Hospital São Carlos, único na cidade. Para receber o benefício, todos os cadastrados precisam obrigatoriamente residir em Farroupilha e apresentar a receita assinada pelo médico. Os que buscam consultórios particulares também têm direito à gratuidade. Nesses casos é necessário comprovar renda inferior a três salários mínimos para obter a medicação. Conforme o gerente geral da unidade, João Reinaldo Arrosi, pegando como mês base agosto de 2011, foram entregues 19.797 medicamentos, em um total de 9.691 pessoas atendidas, atingindo média superior a 420 receitas recebidas por dia. “Vários usuários pegam mais do que um remédio por receita, por isso a diferença no número de produtos distribuídos. A maioria

Farmácia atende usuários da rede pública e privada na Rui Barbosa, 139

mantém tratamento contínuo de doenças. Já são conhecidos de nossa equipe”, revela Arrosi. Entre as enfermidades líderes em procura estão o diabetes e problemas com pressão alterada. Ao todo, a Farmácia Popular dispõe de 131 itens em seu estoque regular. O serviço também oferece encaminhamento em casos que necessitam da intervenção do Estado. Em situações omissas ao funcionamento habitual, os pacientes são orientados a buscar via processos administrativos ou judiciais o auxílio do governo. Segundo o gerente do Pró-Saúde, há uma lista previamente disponível

para solicitação de remédios junto ao Estado, com intermediação do município. Se mesmo assim não forem disponibilizados, o usuário pode pleitear na Justiça o tratamento. Hoje, vários casos dessa natureza são controlados pela Farmácia. Desta maneira, o Estado repassa os recursos, que em algumas situações individuais podem chegar a até R$ 15 mil mensais, e o município fica responsável pela aquisição e entrega. A Farmácia Popular de Farroupilha fica na Rua Rui Barbosa, 139. Informações podem ser obtidadas pelo fone (54) 3268.4376.

Apenas medicamentos sem custo so, desde que esteja dentro do prazo de validade. Esses produtos entram no estoque informal da estrutura, e são entregues à comunidade também somente com a devida receita médica.

Divulgação

Embora a legislação brasileira preveja o repasse de mecidamentos a custos baixos, em Farroupilha o sistema funciona apenas de forma gratuita, de acordo com normatização municipal nº 2.689, de 21 de maio de 2002. Outros serviços também estão vinculados à estrutura, como a distribuição de preservativos e fornecimento de produtos para transplantados, que não são encontrados no comércio convencional. Para evitar desperdícios, o Pró-Saúde ainda adequou serviço de recebimento de medicamentos que não são mais utilizados. Qualquer pessoa pode doar remédios em desu-

e.baldasso@gmail.com

No corpo humano, os órgãos vitais, como coração, pulmões e o cérebro, por exemplo, estão de alguma forma protegidos por caixas ósseas, que aumentam a segurança no caso de fortes impactos e no próprio dia a dia da pessoa. Imagine se não existisse o crânio. A cada batidinha naquela porta superior do armário, que faz com que um galo “cante” por diversos dias em nossa cabeça, perderíamos alguma função corporal, como a memória ou a coordenação motora, dependendo de como fosse o impacto e a intensidade. As sequelas seriam irreparáveis. No Estado, algumas funções também são vitais para que a estrutura pública funcione plenamente. Para que tudo dê certo, os servidores públicos devem estar no pelotão de frente das ações governamentais. Portanto, todos, de certa forma devem ser valorizados, como órgãos importantes para o corpo estatal. Mas, como no corpo humano, duas ou três carreiras se destacam por sua relevância e porque, sem elas, o Estado não funciona. Me refiro às dos professores e policiais, que sustentam todo o trabalho estatal nas áreas de educação e segurança. Porém, diferentemente do que acontece no nosso corpo, não se vê a proteção do Estado para que essas funções sejam valorizadas e trabalhem na sua plenitude. Salários baixos, falta de condições de trabalho básicas, como ferramentas (materiais de aula, no caso de professores, ou de equipamentos de segurança, para os policiais militares e civis) e de estrutura física são a rotina nas repartições públicas. Quando a discussão é transposta para o argumento salarial dos profissionais, quem mais sofre é a população, vítima indireta de paralisações dos servidores, ou espectadora de protestos acalorados nos mais diversos rincões do Rio Grande do Sul. Por que é (foi e deve continuar sendo) tão difícil aos governantes pagar o piso nacional dos professores ou reajustar os vencimentos dos profissionais que arriscam suas vidas pela segurança da população? Se sem nosso cérebro ou coração não vivemos, sem professores e policiais motivados e valorizados o Estado Gaúcho também padece. lguarni1@ucs.br


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O espelho do Brasil FOTOS: RBSTV CAXIAS DO SUL

Lotação de presídios, onde ninguém fica preso. Caxias é o reflexo das condições carcerárias nacionais

Sem ressocialização, com falta de agentes e as precárias condições de alojamentos, presidiários passam a maior parte do seu tempo dentro da cela

GABRIEL VENZON A superlotação dos presídios se tornou um assunto quase que banal. Todas as penitenciárias brasileiras têm mais detentos que o permitido. Em Caxias do Sul não é diferente. Uma realidade tão próxima da Universidade de Caxias do Sul, basta atravessar a rodovia BR 116. Segundo o delegado penitenciário da Serra Gaúcha, Hélio de Souza Fraga, a Penitenciária de Caxias do Sul, a PICS, está com quase três vezes mais apenados do que o planejado, cerca de 800 detentos para 270 vagas. A solução desse problema não está nas mãos de Fraga. Mas coube a ele montar o planejamento necessário para alojar as dezenas de detentos que frequentemente entram nas celas.

“Esquematizamos a divisão de presos em alas. A escolha é determinada pelo bairro do indivíduo ou cidade. Uma forma de tentar manter a ordem e segurança no local”, explica o delegado. Além dele, a juíza da Vara de Execuções Criminais de Caxias, Sonali da Cruz, tem um trabalho constante dentro da PICS. Ela se torna os ouvidos para as clemências e solicitações dos detentos. Muitas vezes mal interpretada pela sociedade, por manter criminosos nas ruas, ela defende os direitos humanos dos detentos. “As penitenciárias de hoje não ressocializam os apenados. Elas muitas vezes pioram a pessoa. Deixar na rua um delinquente de furto pode ser melhor para a sociedade do que manter ele na presença de um homicida”, comenta a juíza. Atualmente a penitenciária

é vigiada pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) na parte interna dos pavilhões e pela Brigada Militar nos muros externos. Fraga explica que já houve algumas tentativas de fuga do regime fechado, porém nenhuma teve êxito. Dois pequenos motins foram feitos no presídio, o último no dia 31 de dezembro de 2010, durante os festejos de Ano-Novo. Em razão das precárias condições de alguns locais e da superlotação, a juíza já interditou a PICS. Nesse caso, muitos detentos são encaminhados para o Presídio Regional de Caxias do Sul, na localidade conhecida como Apanhador, porém este também sem condições de receber presos de outras penitenciárias. Com capacidade para 432 detentos, apenas 280 ocupam integralmente as celas, porém duas alas estão em obras e não

há espaço para totalizar a capacidade. “Os presos não têm atividades, não têm incentivos para trabalhos e estudos. Simplesmente não fazem nada além de comer e dormir mal”, explica Sonali. Pela falta de presídios, o fraco rigor da lei e o constante ‘quebra-cabeça’ de autoridades para tentar manter o criminoso longe de crimes, muitas pessoas deixam de pagar sua pena e circulam entre a sociedade reincidindo seus delitos. O subcomandante do 36º Batalhão da Policia Militar, capitão Alessandro Bernardes, realizou uma pesquisa e constatou que de 100 presos, 80 são pessoas que estariam cumprindo pena, ou já cumpriram. Uma prova do sistema carcerário fraco que estamos vivendo. gvenzon@ucs.br

O Apanhador está localizado próximo à Rodovia Rota do Sol, afastado das cidades. Já a PICS, na BR 116 está junto de residências, hospitais e escolas


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“Fiscalização funciona para alguns” Presidente do Instituto Orbis não vê empenho significativo na preservação ambiental Em tempos em que se discute (e se percebe) os efeitos do homem sobre a natureza, o trabalho realizado por órgãos de preservação ambiental ganha cada vez mais visibilidade. Dedicado a educar as pessoas, promover encontros e realizar pesquisas, entre outras atividades, o Instituo Orbis de Proteção e Conservação da Natureza é referência na região. Criado em 2005, o Instituto foi idealizado por estudantes de Biologia que perceberam a falta de preocupação ambiental na cidade. E as ações de preservação ainda estão longe do ideal. Ao TeXtando, o presidente do órgão, Gabriel Lazzarotto Simioni, afirma que já buscou parcerias com entidades públicas, mas não foi atendido. Diz ainda que a prefeitura poderia fazer mais pela preservação e que o próprio poder público desrespeita as leis ambientais. Confira a entrevista. TeXtando: Como foi criado o instituto e qual sua área de atuação? Gabriel Lazzarotto Simioni: O Instituto Orbis de Proteção e Conservação da Natureza foi criado por mim e por um grupo de colegas do curso de Biologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Nos últimos semestres da faculdade, percebemos que havia um grande vazio na área da Biologia da Conservação em Caxias do Sul. Também nos perguntávamos o que vamos fazer depois de formados. Por isso, criamos o Instituto Orbis de Proteção e Conservação da Natureza, que não tem fins lucrativos. Os objetivos da entidade são promover pesquisas em todos os níveis e campos para promover a proteção e a conservação da natureza, defender o patrimônio natural e cultural do país, formar grupos de estudo, pesquisa e consultoria nas matérias relativas aos objetivos sociais, promover a educação ambiental, entre outros. TeXtando: Como o instituto trabalha na preservação do ambiente em Caxias do Sul? Simioni: Chamo a atenção para os projetos de Educação Ambiental e as palestras de Educação Ambiental, como o Projeto TEGA e as palestras que desenvolvemos nos diferentes cursos de graduação da UCS, outras instituições de ensino e professores. TeXtando: De que forma cidadãos comprometidos com as causas ambientais podem

colaborar com o instituto? Simioni: Como mencionado, o Instituto Orbis não tem fins lucrativos. Isso significa que todos os recursos adquiridos são direcionados a um projeto que busca os objetivos da instituição. Pessoas e empresas podem contribuir por meio de doação de recursos financeiros ou adquirindo alguns materiais, como camiseta. Para informações, as pessoas podem entrar em contato com a instituição pelo telefone (54) 9129.6691 ou pelo e-mail orbis@institutoorbis.org.br. TeXtando: Ultimamente é possível observar muitos cortes de árvores em Caxias. Alguns, inclusive, causaram polêmica, como na barragem das Marrecas e o corte de um eucalipto que matou uma moradora no Desvio Rizzo. Caxias do Sul tem políticas corretas para preservação ambiental? Simioni: Temos que analisar muito bem cada situação. No caso da barragem das Marrecas, somos contra pela falta de transparência dos órgãos públicos. Também sabemos que há a possibilidade de arrumarem a rede de água, acabando com vazamentos e, consequentemente, não perdendo cerca de 60% da água tratada do município. Se é possível arrumar os desperdícios, por que construir uma nova barragem? Quanto ao corte do eucalipto que matou a moradora no Desvio Rizzo, ficou claro que foi a falta de preparação e negligência dos trabalhadores. Sou favorável ao corte de espécies vegetais exóticas. Essas espécies são plantas invasoras, trazidas de outras regiões. Sabemos que o Brasil tem uma das melhores políticas ambientais do mundo. O problema sempre é a fiscalização. No caso de Caxias é complicada a situação, uma vez que há muitos interesses (principalmente econômicos) envolvidos nos dois lados, seja por parte daquele que licencia, seja por parte de quem pede um licenciamento. É claro que a fiscalização aqui funciona para alguns. Para outros, não. TeXtando: Como você vê a questão do reflorestamento? Ocorre em locais adequados, que realmente reparam o dano causado ao ambiente com a retirada de árvores do local original? Simioni: Para não ser tão pessimista, já vi situações em que realmente o infrator teve de fazer a compensação ambiental no local onde cometeu o delito.

André Roberto Fiedler

ANDRÉ ROBERTO FIEDLER

Para Simioni, poder público pode fazer mais pela preservação do ambiente

Por outro lado, nem sempre isso ocorre, principalmente quando o interessado pela licença ambiental é o mesmo que licencia. Como exemplo, cito o corte de árvores nativas que a prefeitura fez nos pavilhões da Festa da Uva para construir a cancha de laço. Alguém sabe onde foram plantadas as árvores de compensação? Não adianta dizer que foram distribuídas não sei quantas mil mudas para a população. Isso, perante a lei, não pode, já que não sabemos se realmente foram plantadas. Por fim, a questão do reflorestamento, a meu ver, aqui em Caxias do Sul, funciona para os menos favorecidos. Para os “amigos do rei”, passa em branco. TeXtando: Como o poder público trata da preservação ambiental? Há muita burocracia ou as autorizações passam sem muita análise pelos órgãos competentes? Simioni: O poder público poderia e deveria fazer muito mais. Acredito muito na educação ambiental como estratégia para buscar a preservação. Conheço vários programas da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) de educação ambiental. São trabalhos que têm seu valor, mas pouco. Ofereci para a Semma um trabalho para fazermos em parceria, mas foi negado. Não somos amigos. Não nos deixam participar do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema). Quanto às autoriza-

ções, também poderíamos dizer que funcionam para os menos favorecidos. Não sei exatamente se a burocracia para conseguir as autorizações é maior ou menor do que em outros municípios. Sei que tendo um processo que esclarece todos os itens pedidos no Termo de Referência, não teria o porquê de demorarem. Quanto à falta de análise do órgão competente, não sei informar, pois não trabalho com eles. Mas imagino que possa acontecer. TeXtando: Em sua opinião, a população é engajada na luta pela preservação ambiental? Simioni: Ainda são poucos, infelizmente. Tudo o que consumimos vem da natureza. As pessoas estão muito egoístas. Só querem saber de ter lucro, passando por cima de qualquer coisa. Esqueceram que vivem em comunidade e que “todos estamos no mesmo barco”. O planeta é um só e se alguém fizer coisas erradas “lá”, os efeitos serão sentidos aqui também. TeXtando: Quais são os principais desafios na área ambiental para os próximos anos? Simioni: São muitos. Temos que nos preocupar logo. Como principais, vejo as questões relacionadas ao lixo. Há também os problemas com a água, com extinção da biodiversidade, tanto vegetal como animal e efeitos causados pelo aquecimento global. andrefiedler89@gmail.com


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