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“De Maria nunquam satis”
“De Maria nunquam satis”
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Omês de Maio é consagrado a Nossa Senhora, é o “mês de Maria”, como se diz habitualmente. É admirável esta pedagogia espiritual da Igreja que consagra os anos, os meses, as estações e mesmo os dias da semana à memória dos mistérios fundamentais da nossa fé cristã.
Os anos são consagrados, logo no primeiro dia do ano, a Nossa Senhora, Mãe de Deus e Rainha da Paz. Março é consagrado a S. José; em Abril celebra-se geralmente a Páscoa (mas que pode, em alguns anos, ocorrer em Março); Maio é o mês de Nossa Senhora; Junho é o mês dedicado ao Coração de Jesus (e por isso é o mês do Coração); em Agosto a Igreja celebra a “dormição de Nossa Senhora”; em Setembro, a “natividade de Nossa Senhora”; Outubro é o mês do Rosário; Novembro, dos fiéis defuntos; e Dezembro é o mês do Menino, porque nele se celebra o Nascimento de Jesus, o Natal. Mesmo aqueles meses que não mencionei, e praticamente só fica
Janeiro, Fevereiro e Julho, estão também marcados por celebrações importantes: em Fevereiro começa a Quaresma, e logo no início, no dia 2, temos a “Senhora das Candeias” (a Candelária), que é também o nome de muitas das nossas povoações. E Julho tem celebrações importantes, como a festa do Preciosíssimo Sangue e a celebração de Nossa Senhora do Carmo, para não falarmos da importantíssima aparição de Nossa Senhora em Fátima, a 13 de Julho de 1917, na qual revelou aos Pastorinhos o que ficou conhecido como o “Segredo de Fátima”.
Neste mundo cada vez mais afastado das referências religiosas em geral e das cristãs em particular (pelo menos no que se refere à chamada vida pública), estas celebrações, que, sobretudo nas regiões mais rurais da província, são acompanhadas por manifestações públicas, como sejam as procissões, são irrupção do transcendente no mundo secularizado e, portanto, um sinal de que afinal o nosso mundo não está assim tão fechado em si mesmo, mas com importantes janelas abertas para o infinito divino que o atrai para o seu fim.
Mas o sinal mais forte, mesmo sacramental, no sentido de conter em si o mistério que celebra, é a Igreja em si mesma como comunidade que peregrina na história, entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus. E bem precisamos das consolações de Deus, neste tempo complexo no qual a Igreja sofre por toda a parte a perseguição de muitos dos Seus filhos, apenas por terem a coragem de testemunhar, pela palavra, mas sobretudo pelo testemunho, a fé que os anima. Mas também no velho continente, os Cristãos em geral e os Católicos em particular, que tiverem a coragem de assumir publicamente a sua fé, não tanto por palavras, mas pelo estilo próprio do ser cristão, são também perseguidos, caluniados, para os quais se torna verdadeira aquela palavra de Jesus que recomenda aos Seus discípulos que não resistam ao mau (cf. Mt 5,39), que amem os seus inimigos, que rezem pelos que os perseguem (Mt 5,38-47). Não há dúvida que vivemos uma nova era dos mártires, em que os Cristãos são lançados às feras.
O Papa Bento XVI deixava esta recomendação que me parece muito importante termos sempre na memória: Permanecei firmes na fé, pois é a fé que não nos deixa acomodar a esta “geração má e perversa” (cf. Act. 2,40). Nesta hora histórica que estamos a viver, precisamente por ser a nossa, tem sentido renovarmos neste mês de Maio a nossa consagração a Nossa Senhora, pois só ela nos pode valer, como numa das suas aparições disse em Fátima aos Pastorinhos. Nunca será demais falarmos e recordarmos e louvarmos Nossa Senhora, nas suas mais diversas invocações, porque foi Ela que nos manifestou o Seu Filho Jesus, no-lo-deu à luz e será ela, que no final da nossa peregrinação na terra, no-lo há-de mostrar, como rezamos todos os dias naquela belíssima oração que é a “Salve Rainha”: e depois deste desterro nos mostrai Jesus.
Seja ela a nossa protecção e guia que nos conduza ao Seu Filho, que é para nós o caminho, a verdade e a vida..
Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS