Recuemos até ao final do ano de 1894. Na altura o inventor William Dickson propôs-se a criar aquele que seria o primeiro filme com som gravado ao vivo. Concebido para testar o Kinetophone de Thomas Edison, durante 17 segundos podemos ver Dickson a tocar a melodia de uma ópera composta por Robert Planquette em 1877, Les Cloches de Corneville. Ainda os irmãos Lumière não tinham mostrado a uma plateia parisiense a saída dos operários da fábrica Lumière, em Lyon, naquele que é considerado o primeiro filme da história do cinema, La Sortie de l’Usine Lumière à Lyon, e já existia vontade de associar a música às imagens em movimento. Apesar de nos referirmos às primeiras décadas da história do cinema como “cinema mudo”, os filmes produzidos até finais dos anos 20 do século XX pouco têm de silencioso, tendo-se desde sempre associado a música à sétima arte. Não é, por isso, um acaso que a história daquela que é considerada a primeira longa-metragem sonora, O Cantor de Jazz (1927), de Alan Crosland, esteja focada na música, mais precisamente no jazz. O mesmo aconteceu em Portugal três anos depois, tendo Leitão de Barros recuperado a lenda da fadista Severa naquele que foi o primeiro filme sonoro produzido por cá. Daí que esta edição dos Dias da Música proponha diversos percursos sobre os diálogos que a sétima arte e a música foram tecendo desde a sua génese. A história do século XX está mesmo repleta de compositores que dedicaram grande parte da sua obra à música para cinema. É impossível lembrar uma obra como a trilogia O Padrinho ou filmes notáveis de Federico Fellini e Luchino Visconti sem falar das bandas sonoras de Nino Rota. E o que seriam os filmes de Alfred Hitchcock sem as obras de Bernard Herrmann? Outros clássicos como a série A Guerra das Estrelas ou A Lista de Schindler não seriam certamente os mesmos sem a música composta por John Williams. Em Portugal Bernardo Sassetti foi já no início do século XXI uma das “vozes” mais ativas a compor para o cinema português e a sua obra será também recordada no Centro Cultural de Belém. Mas nem só destes (e muitos outros) compositores vive este programa. Aliás, cineastas como Stanley Kubrick ou Woody Allen privilegiaram obras maiores da história da música para darem cor e voz às suas histórias. Daí que logo no concerto de abertura, pela Orquestra Sinfónica Metropolitana, dirigida pelo maestro Pedro Amaral, seja recuperada a obra Assim Falava Zaratustra, de Richard Strauss, imortalizada em 2001: Odisseia no Espaço (1968), de Kubrick. O papel que o jazz tem tido na sétima arte não será esquecido, bem como a época de ouro dos musicais de Hollywood ou até os diálogos entre a canção pop e as imagens no grande ecrã. Por isso, que se acendam as luzes e se ligue a câmara porque, durante três dias no Centro Cultural de Belém, celebrar-se-á a música! Apresentamos agora alguns dos destaques da edição deste ano dos Dias da Música, conduzidos por uma conversa com o jornalista Nuno Galopim, que será responsável pela coordenação do Espaço Aqui Há Conversas, onde a música e o cinema tomam a palavra.
Dias da Música 2015 Luzes, Câmara… Música!
Preçário Concerto de abertura e de encerramento: 10,50€ outros concertos no Grande Auditório: 9€ / Galerias 6€ Concerto oj.com: 4€ Pequeno Auditório, Sala Sophia de Mello Breyner, Sala Almada Negreiros, Sala Fernando Pessoa, Sala Luís de Freitas Branco: 7€ Sala Amália Rodrigues: 6€ Filmes Sala Aurélio Paz dos Reis: 3,20€ / 5€ Bilhete de Recinto: 4€ No festival não se aplicam descontos e não se aceitam reservas de bilhetes. Compre os seus bilhetes nos locais habituais ou em www.ticketline.pt N u m e r a ç ã o d os c o n c e r t os Cada concerto apresenta uma referência: número + letra. As letras representam o dia do concerto: A > Sexta-feira, B > Sábado e C > Domingo. Para facilitar a compra, indique os concertos na bilheteira pela sua numeração. H o r á r i os Na sexta-feira as portas do Grande Auditório abrem 1 hora antes do início do Concerto de Abertura (A1). Sábado e Domingo, as zonas de acesso à salas de concerto, constituem o Recinto Dias da Música. O acesso será reservado aos portadores de bilhetes de concerto ou bilhetes de recinto. No sábado o recinto abre às 13h e no domingo às 12h. Só há lugares marcados no Grande Auditório. Nas restantes salas, os lugares serão ocupados por ordem de chegada.
2001: Odisseia no Espaço e a banda sonora esquecida concertos
A1 e B3
Assim Falava Zaratustra, de Richard Strauss, é outra das peças que é hoje indissociável da obra de Stanley Kubrick, e que integra o programa do concerto de abertura desta edição dos Dias da Música, pela Orquestra Sinfónica Metropolitana, dirigida pelo maestro Pedro Amaral (A1).
Apesar de nos referirmos às primeiras décadas da história do cinema como “cinema mudo”, os filmes produzidos até finais dos anos 20 do século XX pouco têm de silencioso, tendo-se desde sempre associado a música à sétima arte. (...) Daí que esta edição dos Dias da Música proponha diversos percursos sobre os diálogos que a sétima arte e a música foram tecendo desde a sua génese. A história do século XX está mesmo repleta de compositores que dedicaram grande parte da sua obra à música para cinema.
As Canções do Cinema Francês concerto B25 A música para cinema não se resume às produções de Hollywood. É isso que Samuel Lercher Trio, acompanhado pela voz de Vânia Fernandes, vai provar com um concerto centrado nas canções do cinema francês. O Fabuloso Destino de Amélie (2001),o filme de Jean-Pierre Jeunet, foi um dos grandes fenómenos do cinema francês dos últimos 15 anos e isso deve-se muito à música de Yann Tiersen. Não serão esquecidas as canções que também figuraram em clássicos como As Portas da Noite (1946), Jules e Jim (1962) e Os Chapéus de Chuva de Cherburgo (1964), bem como o papel que a grande Edith Piaf teve também na sétima arte.
Falar de 2001: Odisseia no Espaço (1968), a obra-prima de Stanley Kubrick, é muito mais que falar só de um filme. Este é mesmo um caso paradigmático no que diz respeito a um diálogo profundo entre a sétima arte e algumas das grandes obras da história da música. Quando se lembra, por exemplo, a cena em que uma nave espacial parece “dançar” à volta de uma estação orbital, está-se inevitavelmente a falar de O Danúbio Azul, de Johann Strauss, ainda que esta composição tenha sido estreada em 1867 (B3). Assim Falava Zaratustra, de Richard Strauss, é outra das peças que é hoje indissociável da obra de Stanley Kubrick, e que integra o programa do concerto de abertura desta edição dos Dias da Música, pela Orquestra Sinfónica Metropolitana, dirigida pelo maestro Pedro Amaral (A1). Mas se hoje as imagens de 2001: Odisseia no Espaço estão profundamente ligadas às composições dos já referidos Johann Strauss e Richard Strauss, mas também de Ligeti e Khachaturian, quando há quase 50 anos Stanley Kubrick se encontrava a trabalhar neste marcante filme a história era bem diferente. O jornalista Nuno Galopim recorda que na altura foi mesmo requisitado um compositor para escrever música inédita para a longa-metragem: “Como qualquer filme de grande dimensão, os estúdios MGM queriam uma banda sonora original e então foi chamado o compositor Alex North. Ao fim de ter aproximadamente 40 minutos de música composta e gravada, Alex North envia-a a Kubrick para a ouvir, que então lhe disse que tinha o suficiente e já não precisava de mais. No entanto, desde o início que Kubrick tinha vontade de usar algumas peças musicais no filme e certamente já deveria ter utilizado o modelo que voltou a usar noutros filmes. No final, a banda sonora de Alex North acabou absolutamente ignorada pelo realizador na montagem final do 2001. E diz-se que o compositor só soube dessa opção na noite de estreia”.
Nem um compasso, nem uma nota composta por North se ouve em 2001: Odisseia no Espaço. Durante anos a fio a música que deveria ter acompanhado a história delineada por Stanley Kubrick manteve-se fechada na gaveta, esquecida. Apenas 25 anos depois do filme ter estreado originalmente é que a música de Alex North viu a luz do dia, numa nova gravação pela National Phillarmonic Orchestra, dirigida por Jerry Goldsmith, e editada em CD pela Varèse Sarabande. Já em 2007, a gravação original que Alex North mostrou a Kubrick foi também lançada, mas numa edição limitada a três mil cópias. Nuno Galopim salienta que, caso o realizador tivesse optado pela música de North, 2001: Odisseia no Espaço “teria sido um filme completamente diferente”. Stanley Kubrick não foi, de todo, o único realizador na história do cinema a apropriar-se de obras de grandes compositores para também elas terem um papel particular no carácter sugestivo das imagens, mas tem em Terrence Malick um herdeiro direto nessa forma de pensar a relação da música com o cinema, como o prova A Árvore da Vida (2011) que dá um relevo às obras de Henryk Górecki ou de Hector Berlioz só comparável ao trabalho de Kubrick.
Como os clássicos têm sido apropriados pelo cinema os grandes pares
concertos
B6 B17 B22 B27 B30 C5 C20 C25
O compositor Herrmann será recuperado no CCB nestes Dias da Música pelo Alis Ubbo Ensemble (B17) e pelo pianista Stéphan Oliva (B30 e C25). Em ambos os casos a música que o compositor fez para o incontornável Psico de Hitchcock (1960) voltará ao palco.
As guitarras vão ao encontro dos clássicos concerto b27 No segundo dia da música também se farão ouvir as guitarras. É essa a proposta do Quarteto Parnaso, formação constituída por Augusto Pacheco, Carlos David, Gonçalo Morais e Paulo Andrade que vão interpretar à guitarra composições que John Williams fez para filmes como A Lista de Schindler, A Guerra das Estrelas ou O Caçador, mas também o 2.º andamento da 7.ª Sinfonia de Beethoven ou Rise, canção que Eddie Vedder escreveu para o filme O Lado Selvagem (2007). Nesta atuação o Quarteto Parnaso vai ainda apresentar Intersecções, composição de Ricardo Ribeiro, neste dia em estreia com projeção de vídeo. Cartoons para dois pianos concerto C16 Desde sempre que o cinema de animação encontrou na música uma forma de envolver miúdos e graúdos no seu universo fantástico. O que seria de um clássico da Disney como Fantasia (1940) sem a Dança das Horas da ópera La Gioconda, de Amilcare Ponchielli? E como esquecer a presença da Rapsódia Húngara no.2 de Franz Liszt num filme como Quem Tramou Roger Rabbit (1988)? Estas são algumas das obras que os pianistas Artur Pizarro e Rinaldo Zhok vão interpretar no concerto Cartoons para dois Pianos.
Há seis anos o pianista Bernardo Sassetti revelou em entrevista que era ainda adolescente quando, na Cinemateca Portuguesa, compreendeu a dimensão que a música pode ter no cinema. Corria então o ano de 1982 e decorria na época um ciclo dedicado à obra de Alfred Hitchcock. “Foi nesse ciclo que comecei a aperceber-me da importância da música no cinema”, revelou Sassetti em entrevista. E a verdade é que o génio de Hitchcock foi também iluminado pelas composições de um outro génio que teve ao seu lado durante sete dos seus filmes, Bernard Herrmann. Os Dias da Música não poderiam, por isso, esquecer a obra deste compositor que, antes de ter iniciado a sua colaboração com Hitchcock já tinha trabalhado com outro nome maior do cinema: Orson Welles. Herrmann será recuperado no CCB nestes Dias da Música pelo Alis Ubbo Ensemble (B17) e pelo pianista Stéphan Oliva (B30 e C25). Em ambos os casos a música que o compositor fez para o incontornável Psycho (1960) voltará ao palco. Segundo o jornalista Nuno Galopim, “a ideia de criar ansiedade nalgum cinema de terror e em thrillers é muito herdeira do que Herrmann fez no Psycho e a música de John Williams para O Tubarão (1975) é exemplo claro dessa descendência”. John Williams, que se mantém unido à obra de Steven Spielberg, é outro caso paradigmático que estará presente no CCB. A música que compôs para A Lista de Schindler (1993) será interpretada pela dupla Carlos Damas e Jill Lawson (B22) e pelo Quarteto Parnaso (B27). Mas uma das composições mais emblemáticas de Williams foi para a saga Guerra das Estrelas (1977), de George Lucas, cuja marcha imperial integra o programa do Concerto de Encerramento (C5), pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida pelo maestro João Paulo Santos.
Na verdade, desde os primórdios da história do cinema que os compositores têm também eles sentido o ímpeto de escrever música inédita para o grande ecrã. Se andarmos atrás no tempo perto de um século podemos dar de caras com um filme como Entr’act (1924), obra surrealista do francês René Clair. Na altura o cineasta desafiou o compositor Erik Satie a compor a obra Cinéma para a sua banda sonora, ilustrando também a boémia parisiense do início do século XX. Nos Dias da Música a pianista Joana Gama recuperará esta peça no seu recital (C20). Mas antes de Satie já outros compositores tinham experimentado fazer de raiz música inédita que tinha como objetivo final o seu diálogo com a sétima arte. Recorde-se, por exemplo, a música de Camille Saint Saëns no filme L’Assassinat du Duc de Guise (1908), de Charles le Bargy e André Calmettes, ou a banda sonora de Manilo Mazza para Cabiria (1914), filme de pioneiro italiano Giovanni Pastrone. Anos depois desta obra nascia uma outra parceria entre outros dois mestres italianos, união que ainda nos nossos dias se mantém intacta na memória coletiva: a do cineasta Federico Fellini com o compositor Nino Rota (que será homenageado pelo Quinteto de Richard Galliano – B6). Diversas vezes o realizador italiano afirmou que a música de Rota tinha um peso fulcral na forma como queria conduzir os seus filmes e essa relação intrínseca é percetível em obras como La Strada, (1954), La Dolce Vita (1960), 8 1/2 (1962), Satyricon (1969) ou Amarcord (1973). No CCB, além de Richard Galliano, também o pianista Stéphan Oliva (B30 e C25) e a Camerata Atlântica (B8 e C8) vão recuperar a mestria de Rota. “O Nino Rota trabalhou com vários realizadores, como Visconti ou Francis Ford Coppola, mas a relação dele com Fellini foi tão vincada que quando muitas vezes se fala numa marcha à Fellini, pensando no cinema, o som que estamos a imaginar é o da música de Nino Rota”, lembra Nuno Galopim.
concertos
A1 B4 B10 B15 B21 C4 C17
Se desde o início da história do cinema os compositores se têm dedicado a compor música original para os filmes, paralelamente muitos cineastas têm optado por recorrer a grandes obras clássicas para também elas servirem de extensão à história que é contada no grande ecrã. Um dos casos mais paradigmáticos será lembrado nesta edição dos Dias da Música pelo ensemble Amarcord Wien (B15 e C17), que nos seus concertos vão interpretar Adagietto da Sinfonia no. 5 de Gustav Mahler. A música do compositor austríaco ficou inevitavelmente associada às imagens do filme A Morte em Veneza (1971), de Luchino Visconti. “Numa altura em que a cultura queer não tinha a expressividade que tem hoje, inclusivamente com a visibilidade que tem no espaço da música popular, aquela música acabou por se tornar num hino de identificação”, reflete o jornalista
Nuno Galopim. Ou seja, através do cinema, uma peça composta muito antes acabou por ganhar um significado bem diferente daquele que Mahler tinha concebido na origem. Outro dos realizadores que na sua obra mais vezes recorreu a grandes clássicos foi Stanley Kubrick que, por exemplo, imortalizou a peça Assim Falava Zaratustra, de Richard Strauss, em 2001: Odisseia no Espaço (2001), e que integra o Concerto de Abertura (A1). Noutro dos seus mais célebres filmes, Laranja Mecânica (1971), Kubrick recuperou a Sinfonia n.º 9 de Beethoven e a Abertura de Guilherme Tell de Rossini. Curiosamente, apesar de se ter apropriado destes grandes compositores, o cineasta desafiou Wendy Carlos a reinterpretar essas peças em sintetizadores. Nos Dias da Música a Nona de Beethoven será interpretada pelo pianista Giovanni Belluci (numa transcrição
de Franz Liszt / B21), enquanto que a Abertura do Guilherme Tell, de Gioacchino Rossini, será interpreta pela Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Pedro Neves (B4). Para Nuno Galopim o Requiem de Mozart “entra no imaginário popular em grande através de Amadeus”, o filme realizado por Milos Forman, em 1984, sobre o compositor austríaco. No CCB este Requiem integra o programa o concerto de domingo no Grande Auditório pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Leonardo García-Alarcón (C4). Antes, a Orquestra de Câmara Portuguesa, dirigida pelo maestro Pedro Carneiro (B10), vai centrar-se nas obras de Mozart que foram apropriadas pelo realizador Sydney Pollack no filme África Minha (1985). Os grandes compositores e a sétima arte estarão assim unidos durante três dias no CCB.
Sergei Prokofiev, Dmitri Shostakovich e o regime soviético concertos
B5 B22
Estamos em 1938. O mundo está à beira do eclodir de uma Segunda Guerra Mundial, sendo muitas as tensões vividas na Europa. Depois de uma temporada no México, o cineasta Sergei Eisenstein regressa à então União Soviética. Ainda que a sua relação com o regime de Estaline tenha sido pontuada por alguns confrontos, no seu regresso acabou por realizar um filme que antecedeu a guerra, num momento em que já se atravessava uma escalada de tensões. Em Alexandr Nevsky (1938) o realizador celebra uma história de vitória dos russos sobre os cavaleiros teutónicos, ou seja, da Rússia contra a Alemanha. Sendo este o primeiro filme em que Eisenstein utiliza o som, na altura o compositor Sergei Prokofiev foi convocado a compor a banda sonora original, que foi depois retrabalhada para se tornar numa cantata. “A música assinala ainda mais esse heroísmo que o filme recorda e, por isso, naquele momento houve um entendimento com o regime, que aproveitou aquela música como uma forma de propaganda”, salienta o jornalista Nuno Galopim. Este ano nos Dias da Música a obra de Sergei Prokofiev será interpretada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida pelo maestro João Paulo Santos, e pelo Coro do Teatro Nacional São Carlos (B5).
Nuno Galopim lembra como Prokofiev, mas também o compositor Dmitri Shostakovich, “eram nomes que funcionavam no quadro de um regime que tinha para a música uma função pré-determinada, ou seja, a música e as demais artes, na União Soviética, tinham objetivos a cumprir e formas pelas quais se deviam reger”. Shostakovich será lembrado no CCB pela peça Romance, retirada do filme The Gadfly (1955), de Aleksandr Faintsimmer, no concerto de Carlos Damas e Jill Lawson (B22). O pianista e compositor russo, figura maior da música do século XX, chegou a viver momentos de tensão com o regime soviético, tal como Prokofiev. “Foi várias vezes acusado de querer fazer uma música que não se enquadrava naquilo que fazia sentido ou que era desejado e, por isso, quando as suas outras obras ‘contra-regime’ nem eram apresentadas, tendo algumas delas sido mesmo vetadas, como forma de também ganhar a sua vida acabou por fazer muitas bandas sonoras”, lembra o jornalista que este ano programa nos Dias da Música o Espaço Aqui Há Conversas. No entanto, noutros momentos Shostakovich teve o apoio do regime político de então, como aconteceu com a Sinfonia n.º 7, que compôs em Leninegrado (hoje São Petersburgo) quando a cidade sofre o cerco alemão e, por isso, quando foi
apresentada foi também utilizada como símbolo da resistência da Rússia ao invasor e, por isso, utilizada como peça de propaganda. Caso semelhante é o do compositor Victor Kissine, nascido em 1953, em São Petersburgo, e que viveu na URSS até à Perestroika, tendo encontrado no cinema uma forma de subsistência, uma vez que a sua música não se enquadrava nos ditames do regime. Numa entrevista, dada em 2013 a Nuno Galopim, recordou: “Os compositores podiam viver jogando as regras do jogo, e havia quem o aceitasse. Não os podemos julgar… Depois, e isso era o que acontecia com a maior parte dos casos, havia aqueles que tentavam um equilíbrio entre as suas demandas criativas pessoais e as condições totalitárias que todos eram obrigados a aceitar, mesmo tendo uma vida social que não procurava entrar no jogo”. O compositor, que em 2013 lançou pela ECM o disco Between Two Waves, lembrou ainda: “Se o meu nome era um pouco reconhecido na URSS foi porque fiz alguma música para cinema e sem usar qualquer pseudónimo”. No fundo, a história conjunto da música no cinema acaba também por ter importantes implicações políticas que ainda hoje merecem uma reflexão.
Quando o jazz e a sétima arte se encontram concertos
A música e o cinema português concertos
B9 e B28
Nesta edição dos Dias da Música o cinema português e a música para ele composta não será esquecida. (...) O jornalista Nuno Galopim salienta: “Durante algum tempo o cinema português juntou-se ao teatro como uma fonte importante de criação de canções, que continuavam a ter mais vida na rádio do que nos discos”. Canções lendárias no grande ecrã concerto C11 É natural que quando se fala de música no cinema se refira constantemente às grandes obras orquestrais que têm dado novas cores as histórias no grande ecrã. Mas a história da sétima arte está repleta de canções que ganharam novas vidas na sala de cinema. O Grupo Vocal Olisipo vai precisamente recuperar algumas dessas canções, como o clássico Hallelujah, de Leonard Cohen, já utilizado em filmes tão diversos como Shrek, Os Edukadores, O Senhor da Guerra ou o Banquete do Amor. Honey Pie, canção que a dupla John Lennon/Paul McCartney compôs para o emblemático White Album, dos Beatles, fez parte da banda sonora do filme América Louca (1978) e integra o programa do grupo vocal, bem como outros clássicos como Lullaby, de Billy Joel, Over the Rainbow, de Harold Arlen, When She Loved Me, de Randy Newman, ou All I Ask For You, de Andrew Lloyd Webber.
Nesta edição dos Dias da Música o cinema português e a música para ele composta não será esquecida. Atente-se ao programa proposto pelo pianista Francisco Sassetti, pela flautista Vera Morais e pelo contrabaixista Mário Franco, dedicado especificamente às canções que entre os anos 1930 e 40 ilustravam os filmes da altura (B28). O épico Camões (1946), de José Leitão de Barros, é uma das obras que será lembrada por estes três músicos pelo tema Endechas do Choupal, de Ruy Coelho, que foi um dinamizador da ópera portuguesa no século XX. Apesar de para muitos ser um dado desconhecido, Camões foi o primeiro filme português a ser exibido no Festival de Cinema de Cannes, logo na sua primeira edição. Na altura o filme passou sem legendas, sendo que na sala, ao lado dos espectadores e dos críticos, encontrava-se um tradutor que ia explicando a trama à plateia à medida que decorria a ação na tela. No concerto serão assim lembrados fados e canções que se celebrizaram nos primeiros filmes sonoros portugueses e que também eles contribuíram para que se refira a esse período como “os anos de ouro do cinema português”. Afonso Correa Leite, Wenceslau Pinto ou Raul Ferrão foram alguns dos compositores teatrais que encontraram no cinema um importante veículo de promoção das suas canções, e cuja obra será recuperada neste concerto. O jornalista Nuno
Galopim salienta: “Durante algum tempo o cinema português juntou-se ao teatro como uma fonte importante de criação de canções, que continuavam a ter mais vida na rádio do que nos discos”. A canção popular de cariz folclórico teve uma importante expressão em vários destes filmes, sendo que a própria composição orquestral de então procurou traduzir essa noção de portugalidade. “É muito característica a sonoridade e a forma de compor música para o cinema português daquela altura”, refere o mesmo. Não é por isso de admirar que neste concerto proposto por Francisco Sassetti, Vera Morais e Mário Franco sejam recuperadas peças de compositores eruditos como Luís de Freitas Branco ou Frederico de Freitas, compostas para os filmes Gado Bravo (1934) e A Severa (1930), respetivamente. Saltando para tempos mais recentes, não podia ser esquecido o caso paradigmático do pianista Bernardo Sassetti, que foi um dos mais ativos compositores para o cinema português. A música que compôs há dez anos para Alice (2005), de Marco Martins, será recuperada pelo pianista Mário Laginha (B9). Para Nuno Galopim, Sassetti “tinha o conhecimento claro do que as narrativas e as imagens exigiam ao compositor para que a música nascesse a pensar no filme e não apenas como uma mera associação, daí que a música que compôs para cinema seja ainda tão marcante e importante”.
b7 B23 b26 C7 C19 C21
Se atentarmos ao facto do primeiro filme sonoro da história do cinema, O Cantor de Jazz (1927), de Alan Crosland, se centrar num homem (Jakie Rabinowitz, interpretado por Al Jolson) que tem como ambição maior tornar-se um cantor de jazz, então torna-se desde logo percetível como a história do cinema está também intimamente ligada a esta música. E, por isso, serão vários os concertos nesta edição dos Dias da Música que refletem esse diálogo entre o jazz e a sétima arte. Indissociáveis dessa relação foram os espetáculos da Broadway. A grande maioria dos standards que formam o Grande Cancioneiro Norte-Americano teve uma primeira vida nos musicais e, muitos deles, depois de adaptados ao grande ecrã, ganharam uma exposição e uma dimensão que suplantaram a sua origem. Antes ainda de Elvis Presley entrar nos estúdios da Sun Records, em 1954, nascendo nesse momento a cultura rock’n’roll, eram as canções de jazz, os standards sobre os quais muitos jazzmen improvisavam e criavam novos temas, que dominavam o gosto popular. O jornalista Nuno Galopim lembra: “Antes da explosão da cultura rock’n’roll, algumas das canções mais populares nascem no teatro e, sobretudo, no cinema. Aliás, existem muitos exemplos de adaptações de musicais de teatro ao cinema que
acabam mais conhecidos pelas versões em filme do que as originais em teatro. O West Side Story é um exemplo. As pessoas conhecem melhor a adaptação ao cinema de Robert Wise, mesmo tendo consciência que antes houve uma versão em palco. O Música no Coração é um caso semelhante”. Maria Viana, voz marcante do jazz nacional, vai nos Dias da Música revisitar standards de George Gershwin ou Cole Porter que foram marcantes para o diálogo entre a Broadway e Hollywood (C7). O já referido George Gershwin foi um dos mais ativos compositores de standards, sendo que em 1951 trabalhou com o realizador Vincent Minnelli compondo a música do filme musical Um Americano em Paris, que moveu o grupo Couple Coffee a criar para os Dias da Música um concerto focado somente nesta obra (C21). I Got Rhythm foi uma das canções de Gershwin que ganharam uma maior dimensão através deste filme e será também interpretada no concerto da soprano Lara Martins e do pianista João Paulo Santos (B23), que vão ainda recuperar clássicos que ficaram celebrizados em filmes como Chapéu Alto (1935), O Feiticeiro de Oz (1939), My Fair Lady (1964) ou Música no Coração (1965).
Por sua vez, a cantora de jazz Cláudia Franco (B26) propõe um concerto focado no universo de Judy Garland, caso paradigmático da relação da Broadway com o cinema. Um dos realizadores que ao longo da sua obra mais vezes recorreu ao jazz para ilustrar a história que contava em imagens foi Woody Allen, chamando várias vezes à atenção da cultura de jazz nova-iorquina através da música que escolhia para os seus filmes. Em A Rosa Púrpura do Cairo (1985) recuperou o standard Cheek to Cheek, de Irving Berlin. Antes, em Manhattan (1979), decidiu voltar a standards de Gershwin como Embraceable You ou Oh, Lady be Good. E estas são algumas das canções que o projeto Syrinx: XXII vai apresentar no concerto Woody Allen: O Eclético (C19). A edição deste ano dos Dias da Música vai ainda contar com a presença da Big Band Júnior, dirigida pelo maestro Claus Nymark e com Mário Laginha (B7) como convidado, que a partir de uma homenagem aos comediantes Laurel & Hardy, com o tema Bucha e Estica, partem para composições de Duke Ellington, Ray Henderon ou Vince Guaraldi, que deram também novos sons a uma importante fase da história do cinema norte-americano.
As bandas sonoras alternativas No final do ano passado o canal britânico BBC Three transmitiu o filme Drive – Risco Duplo (2011), de Nicolas Winding Refn, mas com toda uma nova banda sonora. A música composta originalmente por Cliff Martinez ou as canções de artistas como Chromatics, Desire ou College foram substituídas por uma mão cheia de novos temas que integraram um projeto com curadoria do radialista Zane Lowe, que desafiou nomes como The 1975, Laura Mvula, Jon Hopkins, Foals ou CHVRCHES a comporem novas canções tendo em mente o filme estilizado do cineasta dinamarquês, protagonizado por Ryan Gosling. Este caso inóspito está longe de ser uma excepção no que diz respeito à história da música em diálogo com o cinema. Basta recordar O Homem da Câmara de Filmar (1929), de Dziga Vertov, marco incontornável na história do cinema mudo, que tem sido um dos filmes que mais vezes tem sido recuperado com toda uma nova banda sonora. Aliás, a propósito da Capital Europeia da Cultura de 2001, no Porto, o grupo britânico The Cinematic Orchestra foi convidado a criar uma nova banda sonora para O Homem da Câmara de Filmar, que foi interpretada à medida que o filme ia sendo exibido na cerimónia de abertura. Em 2003 essas novas composições foram editadas em CD pela Ninja Tune.
Também a propósito da Capital Europeia da Cultura 2001 a banda portuguesa Clã foi desafiada a criar uma nova banda sonora para outro clássico do cinema mudo, Nosferatu (1922), de F. W. Murnau. Sensivelmente na mesma altura, o compositor Michael Nyman (representado nesta edição dos Dias da Música no programa que será apresentado pela pianista Joana Gama – C20, com as suas composições para o filme O Piano, de Jane Campion) estreou no Royal Festival Hall, em Londres, a música inédita que escreveu para as imagens de Dziga Vertov. O filme chegou inclusivamente a ser reeditado em DVD com a nova música de Nyman. Também o coletivo In the Nursery (que têm trabalhado regularmente na área do cinema) se propôs ao mesmo desafio levado a cabo pela Cinema Orchestra e por Michael Nyman, tendo criado uma banda sonora inédita para o filme soviético no final da década de 1990, que antes de ter sido editada em CD foi estreada ao vivo no Bradford International Film Festival. Outro filme emblemático da história do cinema mudo, Metropolis (1927), de Fritz Lang, também tem sido apropriado por novos artistas. 57 anos depois da sua estreia, Giorgio Moroder, um dos “pais” do disco, criou uma banda sonora elecrónica
e pop para o filme e que, como recorda o jornalista Nuno Galopim, “chocou na altura algumas opiniões”. O produtor de techno Jeff Mills fez o mesmo há 15 anos. Já em 2011 estreou-se no Festival de Cannes (e em Portugal no Festa do Cinema Francês) uma nova versão da Viagem à Lua, realizado por Georges Méliès em 1902, restaurada e a cores. Para a ocasião a dupla francesa Air criou uma nova banda sonora que, como escreveu na altura o crítico de cinema João Lopes, “joga muito bem com o gosto experimental de Méliès, gerando, à distância de 109 anos, uma insólita cumplicidade artística”. Philip Glass, que tem sido um dos mais ativos compositores para cinema (e que no CCB será também recuperado por Joana Gama), compôs nos anos 1990 música inédita para Drácula (1931), de Tod Browning, interpretada na altura pelo Kronos Quartet. Nuno Galopim lembra que Glass “estreitou ainda mais esse tipo de relação da música com imagens pré -existentes numa das três óperas que fez inspiradas nas imagens de Jean Cocteau, La Belle et la Bête, uma ópera pensada para ser tocada em sincronia com as imagens”. Casos que provam como a profunda relação da música com o cinema vai além dos objetivos inicialmente traçados pelos próprios cineastas.
CONCERTOS
24 abril Sexta-feira mini-dias da música CONCERTOS DE ESCOLAS, PARA ESCOLAS
E1 GA 12H45 OJ.com
Peter Benoit Poema Sinfónico para Flauta e Orquestra, op. 43a / Rimsky-Korsakov Scheherazade, op. 35 Ernst Schelle direção / Beatriz da Silva Baião flauta
Concerto de Abertura A1 GA 21H30
DSCH-Schostakovich Ensemble Filipe Pinto-Ribeiro piano e direção artística Pascal Moraguès clarinete / Jack Liebeck violino Isabel Charisius viola / Justus Grimm violoncelo
B13
SLFB 16H
Franz Schubert Trio com piano no. 2 – 2º Andamento / Quarteto a Morte e a Donzela
Ensemble Darcos
B14
SLFB 18H
Giovanni Pierluigi da Palestrina Agnus Dei / William Byrd Domine Secundum Actum Meum; Cibavit eos / Gregorio Allegri Miserere / W. A. Mozart Ave verum* / A. Bruckner Ave Maria; Os Justi; Virga Jesse / Gabriel Fauré Cantique de Jean Racine*
Huelgas Ensemble
R. Strauss Assim falou Zaratustra, op. 30 S. Rachmaninov Concerto para Piano n.º 2, op. 18 R. Strauss Suíte da ópera O Cavaleiro da Rosa, op. 59
Paul van Nevel direção musical
Pedro Amaral direção musical / Anna Fedorova piano
Carlos Gardel Cuando tu no estas / A. Piazzolla Milonga del Angel; Muerte del Angel / Erik Satie Gymnopedie 1; Gymnopedie 2 / Franz Lehar Der Graf von Luxemburg / Gustav Mahler Adagietto da Sinfonia no. 5
Orquestra Sinfónica Metropolitana
25 abril Sábado B1
GA 14h
W. A. Mozart Uma Pequena Música Nocturna; Concerto para 2 Pianos
Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro direção musical Artur Pizarro piano / Rinaldo Zhok piano
B2
GA 16h
Aaron Copland Billy the Kid, ballet-suite Darius Milhaud O Boi no Telhado Dmitri Schostakovitch Gallop da Suite op. 31A, Hypothetically Murdered
Orquestra Académica Metropolitana Jean-Marc Burfin direção musical
B3
GA 18h O Concerto Johann Strauss II O Danúbio Azul Piotr Ilich Tchaikovsky Concerto para Violino
Jovem Orquestra Portuguesa
Pedro Carneiro direção musical / Tamila Kharambura violino
B4
GA 20h
Gioacchino Rossini Abertura do Guilherme Tell Ludwig van Beethoven Concerto para Piano n.º 3
Orquestra Gulbenkian
Pedro Neves direção musical / Artur Pizarro piano
B5
GA 22h Alexandre Nevsky Sergei Prokofiev Alexandre Nevsky
Coro do Teatro Nacional de São Carlos Orquestra Sinfónica Portuguesa João Paulo Santos direção musical Larissa Savchenko contralto
B6
GA 00h15 Tributo a Nino Rota Quinteto de Richard Galliano Richard Galliano acordeão / Nicolas Folmer trompete / Gabriele Mirabassi clarinete / Sylvain Le Provost contrabaixo / Mattia Barbieri percussões
B7
PA 14H Bucha e Estica Big Band Júnior convida Mário Laginha Duke Ellington, Ray Henderson, Claus Nymark, João Godinho, Vince Guaraldi e Mário Laginha
obras de
B8
PA 16H Grandes Clássicos do Cinema Temas de Zequinha
de Abreu, Richard Rodgers, Luiz Bonfá, Ary Barroso, Maurice Jarre, Ennio Morricone, Jacques Offenbach, entre outros
Camerata Atlântica
Ana Beatriz Manzanilla direção musical Jed Barahal violoncelo / Christina Margotto piano Abel Cardoso percussão / Arranjos de Frederico Zimmermann Aranha / Mário Laginha piano Big Band Júnior / Claus Nymark direção musical
B9
PA 18H
Ennio Morricone, Ry Cooder, Ryuichi Sakamoto, Bob Telson, Carlos Paredes e Bernardo Sassetti Mário Laginha piano
B10
PA 20H Mozart em África Minha W. A. Mozart Divertimento, K. 136; Concerto para Clarinete
Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro direção musical Pascal Moraguès clarinete
B11 PA 22H
Bach no Cinema - Bach goes to the movies J. S. Bach Concerto para 2 Violinos, BWV 1043*; Cantata BWV. 147; Sarabanda da Suite para Violoncelo Solo n.º 5, BWV 1011**; Cantata BWV. 147 Voces Caelestes . Sérgio Fontão maestro Ludovice Ensemble . Fernando Miguel Jalôto direção musical / Joana Seara soprano / Nélia Gonçalves meio-soprano / Marco Alves dos Santos tenor / Hugo Oliveira barítono / *Diana Vinagre violoncelo solo / ** Varoujan Donevan & Luca Giardini violinos solo
B12
SLFB 14H
W. A. Mozart Gran Partita, Serenata n.º 10 KV 361 (Versão para Quinteto de C. Schwenke)
* Participação do Ensemble Darcos
B15
SLFB 20H Bon Voyage
B26 SsMB 22H Melodias dos Anos de Ouro da MGM Hugh Martin The boy next door; Trolley song / Harry Warren/Mark Gordon If you feel like singing sing / Larry Shay/ Mark Fisher/Joe Goodwin When You’re Smiling / Harold Arlen/E. Harburg Over the rainbow / Jerome Kern/Johnny Mercer I’m old fashioned / George/Ira Gershwin Embraceable you / James F. Hanley Zing! Went the strings of my heart Claudia Franco voz / Rui Caetano piano Bruno Santos guitarra / João Custódio contrabaixo / Pedro Felgar bateria
B27
SFP 14H As Guitarras apropriam-se do Cinema L. Beethoven 7.ª Sinfonia: 2.º andamento Mikis Theodorakis Sirtaki / Ricardo Ribeiro Intersecções* / John Williams Lista de Schindler / Ennio Morricone Cinema Paradiso / John Williams Marcha imperial, Cantina band, Main Theme, Yoda’s Theme, Cavatina / Eddie Vedder Rise
Quarteto Parnaso
*”Estreia da revisão com projeção de vídeo”
B28
Concerto de’ Cavalieri Marcello Di Lisa direção musical Vivica Genaux meio-soprano
C4
GA 19h
Wolfgang Amadeus Mozart Requiem Anna Samuil soprano / Cátia Moreso meio-soprano / Bruno Ribeiro tenor / João de Oliveira baixo Voces Caelestes / Sérgio Fontão direção musical
Orquestra Metropolitana de Lisboa Leonardo Garcia-Alarcón direção musical
Concerto de Encerramento c5 GA 21H30 Erich W. Korngold O Gavião dos Mares (arr. J. Brubacker) / Richard Addinsell Concerto de Varsóvia / Georges Bizet/Franz Waxman Fantasia Carmen para Violino e Orquestra / Leonard Bernstein Três Episódios de Dança de On the Town / Stephen Soundheim Sweeney Todd: Excertos (versão portuguesa / João Lourenço e Vera Sampayo de Lemos) / John Williams Marcha Imperial e Tema da Guerra das Estrelas
Orquestra Sinfónica Portuguesa
SFP 16H O Cinema Português
João Paulo Santos direção musical Giovanni Bellucci piano / Ilian Gârnet violino obras de Frederico de Freitas, Luís de Freitas Branco, Ana Ester Neves soprano / Mário Redondo barítono Sebastien Gurtler violino / Tommaso Huber violoncelo / Michael Williams contrabaixo / Gerhard Muthspiel acordeão Afonso Correia Leite, Wenceslau Pinto, C6 PA 13H Cruz e Sousa, Raul Portela, Raul Ferrão, Vivaldi 4 Estações B16 SLFB 22H Júlio Almada, Antonio Melo e Ruy Coelho Concerto de’ Cavalieri A Sombra e a Luz nas Canções Vera Morais flauta / Mário Franco contrabaixo Marcello Di Lisa direção musical / Paolo Perrone violino com Ricardo Ribeiro Francisco Sassetti piano Ricardo Ribeiro voz C7 PA 15H B29 SFP 18H João Paulo Esteves da Silva piano Smile (You must believe in Spring)
Amarcord Wien
B17
SAN 14H
Tommaso Albinoni Adagio para cordas Bernard Herrmann Suite Psycho / Josef Haydn Quarteto de Cordas op. 76 n.º 3, Imperador: Excertos Gustav Mahler Adagietto da Sinfonia n.º 5
Alis Ubbo Ensemble
B18
SAN 16H Beethoven no Cinema: Immortal Beloved Ludwig van Beethoven Sonata para piano n.º 8, Patética; Sonata para piano n.º 23 Appassionata; Bagatela em Lá menor Für Elise Marta Menezes piano
B19
SAN 18H Debussy e Chopin no Cinema Claude Debussy Rêverie; Suite Bergamasque: Clair de Lune; La Cathédral Engloutie Frédéric Chopin Sonata n.º 2; Nocturno em Mi bemol maior, op. 9 n.º2 Jill Lawson piano
B20
SAN 20H Os anos dourados de Hollywood Erich Wolfgang Korngold Sonata para Violino e Piano em Sol Maior, op.6 / John Williams Fantasia sobre o tema Um Violino no Telhado Bruno Monteiro violino / João Paulo Santos piano
B21
SAN 22H A Nona de Beethoven Beethoven/Liszt Sinfonia n.º 9 Giovanni Bellucci piano
B22
SsMB 14H O Violino no Grande Ecrã
John Williams Suite Schindler List / C. Debussy A Rapariga com Cabelos de Linho / D. Shostakovich Romance de Gadfly / Ennio Morricone Tema Cinema Paradiso / Jules Massenet Meditação de Thaís / Fritz Kreisler Liebeslied / Nigel Hess Suite de Ladies in Lavender Carlos Damas violino / Jill Lawson piano
B23
SsMB 16H Da Broadway a Hollywood
Um Quinteto para o Cinema
Wolfgang Amadeus Mozart Quinteto K. Stadler
Quarteto Vintage
Iva Barbosa clarinete / João Moreira clarinete / José Gomes clarinete / Ricardo Alves clarinete / Enrique Perez Piquer clarinete
B30
SFP 20H A música no «Film Noir» obras de John
Lewis, Henry Mancini, David Raksin, John Williams, Bernard Herrmann, Michel Legrand, Antoine Duhamel, entre outros Stephan Oliva piano
B31
SFP 22H A Música de Bach e os Filmes de Pasolini J. S. Bach Partita n.º 6; Prelúdio Dó Maior, Mi menor e Si menor; Variações Goldberg – 13.ª Variação; Partita n.º1; Concerto Italiano; Fantasia Cromática Pedro Burmester piano Projeto estreado no âmbito do CINECOA, imagens cedidas pela Cineteca de Bolonha (IT) , seleção e montagem de João Trabulo.
B32*
SAR 14H Conservatório Regional de Évora Eborae-Música / Conservatório de Música de S.José da Guarda / Academia de Música José Atalaya / EPABI-Escola Profissional de Artes da Covilhã / Escola de Música Canto Firme de Tomar Obras de Robert Schumann, Stanley Myers, Carlos Paredes, Klaus Badelt, Hans Zimmer, John Williams e Gordon Lewin
B33*
SAR 16H Conservatório Regional de Setúbal Escola Profissional da Serra da Estrela Obras de Isaac Albéniz, Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, Stanley Myers, Nino Rota e Scott Joplin
B34*
SAR 18H Escola de Música do Centro de Cultura Pedro Álvares Cabral Academia de Música José Atalaya
Música de George Gershwin, Cole Porter, Michel Legrand, Vinicius de Moraes e Henry Mancini Maria Viana voz / George Esteves piano Sandro Norton guitarra e direção musical Paul Dwyer contrabaixo
C8
PA 17H Grandes Clássicos do Cinema Temas de Zequinha
de Abreu, Richard Rodgers, Luiz Bonfá, A. Barroso, M. Jarre, E. Morricone, J.Offenbach, G. Auric, C. Gardel/A. Lepera, Nino Rota, Dave Brubeck, Ernest Gold e Henry Mancini **
SsMB 18H
Vencedor do Concurso internacional de Canto Lírico da Fundação Rotária Portuguesa Handel Lascia Ch’io Pianga, de Rinaldo / Mozart Marten aller Arten, do Rapto do Serralho / Donizetti Il Dolce Suono, da Lucia de Lammermoor / Puccini Donde Lieta Usci, de La Bohème; Un Bel di Vedremo, de Madama Butterfly / Verdi Caro Nome, de Rigoletto / Bernstein Oh, What a Movie, de Trouble in Tahiti / Verdi È Strano... Sempre Libera, da Traviatta / Bizet Habanera, da Carmen Alexandra Bernardo soprano / Bernardo Marques piano
B25
SsMB 20H As Canções do Cinema Francês Yann Tiersen Comptine d’un autre été l’après-midi; La valse D’Amélie; L’autre valse d’Amélie / Medley 8 Femmes Mon amour, mon amie; Message personnel; Papa t’es plus dans le coup / Michel Legrand Je t’atendrai toute ma vie / Boris Bassiak Le Tourbillon de la Vie / Édith Piaf La Vie en Rose / Joseph Cosma Les Feuilles Mortes
Samuel Lercher Trio Vânia Fernandes voz
Pedro Carneiro direção musical
C19
SsMB 15H Woody Allen: O Eclético
I. Berlin Cheek to Cheek / E.Satie Gymnopédie N.º 1 / F.Mendelssohn Excertos de Um Sonho de uma Noite de Verão / S.Prokofiev Amor das Três Laranjas: Marcha / J.S.Bach Largo do Concerto em Fá menor, BWV 1056 / G.Gershwin Embraceable You / W.Hudson Moonglow; Oh, Lady be Good Syrinx: XXII Katharine Rawdon flautas / António Carrilho flautas de bisel e Eagle Recorder / Raj Bhimani piano
C20
SsMB 17H Paisagens sonoras Erik Satie Cinéma / John Cage In a landscape / António Pinho Vargas O movimento parado das árvores; Casa de granito no Minho / Michael Nyman Big my Secret; The heart asks pleasure first / Philip Glass Mad Rush Joana Gama piano
C21
SsMB 19H Um Americano em Paris Temas de George
Gershwin
Com participação especial de Paulo Gaio Lima violoncelo
SLFB 13H Tous les matins du monde M. Marais La Reveuse; Le Badinage, L’Arabesque; Tombeau de M. de Sainte-Colombe / Anónimos europeus do séc. XVI/Jehan Chardavoine Une jeune fillette / Jean de Sainte-Colombe Les Pleurs, Concert Le Retour/ F. Couperin Troisième Leçon de Ténèbres du Mercredi
Ludovice Ensemble
Orlanda Velez Isidro & Mónica Monteiro sopranos Sofia Diniz & Laura Frey violas de gamba Josep Maria Martí tiorba / Fernando Miguel Jalôto cravo, órgão e direção musical
C11
SLFB 15H Legends of the Silver Screen Armando Possante W. A. Mozart Abertura da Flauta Mágica / L. Cohen Hallelujah / J. Lennon e P. McCartney Honey Pie / Sarah McLachlan Angel / Billy Joel Lullaby / Andrew Lloyd Webber All I ask of you / R. Rodgres e L. Hart Blue Moon / Randy Newman When she loved me / Harold Arlen Over the Rainbow Concerto comentado por
SLFB 19H
SFP 14H
Ensemble Darcos
C23
SFP 15H Música ao vivo de Carlos Bica e João Paulo Esteves da Silva para The Navigator, de Buster Keaton e Donald Crisp João Paulo Esteves da Silva piano Carlos Bica contrabaixo
C24
SFP 17H Para lá do Cinema I George Gershwin Suite Porgy and Bess para Trio com Piano / André Previn Trio com Piano n.º 2 / Leonard Bernstein Trio com Piano
Trio Bel’Art
C25
SFP 19H A música no «Film Noir» obras de John
Lewis, Henry Mancini, David Raksin, John Williams, Bernard Herrmann, Michel Legrand, Antoine Duhamel, entre outros Stephan Oliva piano
C26* SAR 14H
Academia de Música de Lagos / Conservatório de Portimão Joly Braga Santos / Academia de Música de Óbidos / Conservatório Regional Silva Marques Obras para piano de Isaak Dunayevsky, Frédèric Chopin, Michael Nyman, Claude-Michel Schonberg, John Williams
C27* SAR 15H Conservatório Regional de Palmela / Fórum Cultural de Gulpilhares
Obras de Jacob ter Velduhuis Cole Porter, Harold Arlen, B. Andersson/ B. Ulvaeus, Leonard Cohen, John Kander, Calvin Carter/ James Hudson e Carole King
*
Franz Schubert Quinteto A Truta
Projetar o Futuro com Arte Uma iniciativa da ANQEP - Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional
Filipe Pinto-Ribeiro piano e direção artística Jack Liebeck violino / Isabel Charisius viola Justus Grimm violoncelo / Tiago Pinto-Ribeiro
E AINDA
DSCH – Schostakovich Ensemble
contrabaixo
Pedro Neves direção musical / Pavel Gomziakov violoncelo
C15
G. F. Handel Cara sposa / Johann Adolf Hasse Son qual nave ch’agitata / G. F. Handel Abertura de Rinaldo; Concerto Grosso, Op. 3/3 / G. B. Pergolesi Salve Regina / Riccardo Broscchi Qual guerriero in campo armato
Leos Janacek No Nevoeiro; Por um Caminho Repleto – I Caderno Aida Sigharian Asl piano
C10
Leonard Bernstein Danças Sinfónicas do West Side Story / George Gershwin Um Americano em Paris Artur Pizarro piano / Rinaldo Zhok piano
GA 17h Farinelli Il Castrato
SsMB 14H A Insustentavel Leveza do Ser
Samuel Barber Adágio para Cordas / Arvo Pärt Spiegel im Spiegel / Luigi Boccherini Quinteto op. 11, n.º 5
Wagner Prelúdio do I Acto de Lohengrin Edward Elgar Concerto para Violoncelo
C3
C18
C22
C14 SAN 14H Cinema para dois pianos
Orquestra Gulbenkian
acordeão
PA 19H Programa a anunciar
C2
GA 15h Hillary and Jacky e o Grande Ditador Richard
Sebastien Gurtler violino / Tommaso Huber violoncelo / Michael Williams contrabaixo / Gerhard Muthspiel
C9
C13
Jovem Orquestra Portuguesa
Amarcord Wien
Luanda Cozetti voz / Norton Daiello baixo Alexandre Frazão bateria / Eduardo Jordão piano
26 abril
Samuel Barber Adágio para Cordas Igor Stravinsky A Sagração da Primavera
Carlos Gardel Cuando tu no estas / A. Piazzolla Milonga del Angel; Muerte del Angel Erik Satie Gymnopedie 1; Gymnopedie 2 / Franz Lehar Der Graf von Luxemburg / Gustav Mahler Adagietto da Sinfonia n.º 5
Ana Beatriz Manzanilla direção Jed Barahal violoncelo / Christina Margotto piano Abel Cardoso percussão
Ana Paula Russo soprano / Rui dos Santos tenor Nuno Vieira de Almeida piano
C1 GA 13h
SAN 19H Bon Voyage
Couple Coffee
Shigeru Umebayashi, Yann Tiersen, Ennio Morricone
Domingo
C17
Camerata Atlântica
Obras de Yann Tiersen e Michael Giacchino, Grupo Vocal Olisipo Irving Berlin Cheek to Cheek / Harold Arlen Somewhere W.A. Mozart, Andrew Lloyd Webber e Scott Joplin over the Rainbow / Herman Hupeld As time goes B35* SAR 20H C12 SLFB 17H / George Gershwin I got Rhythm; Summertime / Conservatório Regional de Palmela A Opereta no Cinema Richard Rodgers If I love you; Hello young lovers; / Escola de Música do Centro de Cultura Franz Lehár Die lustige Witwe / Emmerich Kálmán The Sound of Music Medley / Henry Mancini: Moon Pedro Álvares Cabral / Conservatório Die Zirkusprinzessin / Franz Lehár Der Graf von River / Frederick Loewe I could have danced all night / Regional da Covilhã / Conservatório Luxemburg / Emmerich Kálmán Gräfin Mariza Leonard Bernstein West Side Story Medley de Música de S. José da Guarda Franz Lehár Giuditta / Rudolf Sieczynski Wien, Lara Martins soprano / João Paulo Santos piano Obras de Astor Piazzolla, Carlos Gardel, du Stadt meiner Träume
B24
Paul Dukas O Aprendiz de Feiticeiro / R. Strauss Valsas do Cavaleiro da Rosa (transcrição de Otto Singer) / Amilcare Ponchielli Dança das Horas da ópera La Gioconda (transcrição de Rinaldo Zhok) / Franz Liszt Rapsódia Húngara n.º 2 (transcrição de Richard Kleinmichel) Artur Pizarro piano / Rinaldo Zhok piano
SAN 15H Concerto Improviso Variações sobre O Padrinho, Casablanca, La Strada, Amélie António Victorino D’Almeida piano Luiz Avellar piano / Paulo Jorge Ferreira acordeão
C16
SAN 17H Cartoons para dois pianos Camille Saint-Saëns Dança Macabra, op. 40 /
para os mais novos / Espaço Cinema CORETO / palco MÚSICA LIVRE Aqui há Conversas / edição especial Mercado do CCB / babysitting: CÓCEGAS NOS PÉS toda a programação
www.ccb.pt LINHA DIAS DA MÚSICA
213 612 627
(DAS 11H ÀS 20H)
legenda das salas: ga grande auditório pa pequeno auditório SLFB sala luís de freitas branco SAN sala almada negreiros SsMB sala sophia de mello breyner sfp sala fernando pessoa SAR sala amália rodrigues
os concertos c3 e c6 têm o apoio