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Brincar com as pa avras...
Por Francisco Jos
Pediatra e Artista Louletano
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5 MINUTOS OU 1 HORA DE CONVERSA COM O SR. PRESIDENTE
Era uma vez o Chico Zé que, em vez de se ter dedicado à música, andou a vender "penicos", como ele dizia
NASCIP´RAMÚSICAÉVERDADE
SURGIU-MESEMPREUMDESVIO
RESTA-MEAGORAASAUDADE
EOSELOGIOSDEQUEMMEOUVIU
Esta quadra, extraída de um dos seus inúmeros poemas, ilustra a sua vida.
Esteve mais de 30 anos sem mexer num instrumento, um dia, depois de muitas vezes desafiado pelos amigos, comprou um saxofone e voltou a tocar e a compor.
Chegado o dia 7 de Dezembro de 1980, Francisco José Andrade de Sousa, Chico Zé para os amigos, foi assistir em Loulé ao comício da campanha eleitoral do Sr. General Ramalho Eanes que se recandidatava ao cargo de Presidente da República.
Foi para casa, inspirou-se na personalidade do General Eanes e, com o seu saxofone criou umas frases musicais que foram posteriormente orquestradas pelo seu grande amigo Mendes do Carmo, mais conhecido pelo Zezé
Rainha, Sargento Mor da GNR que na altura era maestro e um elemento importante da banda da GNR. O Zezé, era também louletano e companheiro na orquestra
BlackRoseque foi célebre por estas paragens nos anos 40 e 50 ao abrilhantarem os bailes no Algarve e sul de Espanha. A gravação foi feita no regimento de infantaria de Queluz pois o quartel do Carmo era muito barulhento
A marcha foi ouvida pelos amigos no cantinho do café
Delfime entre os presentes habituais na tertúlia matinal estava o mais louletano de todos os penichenses, o Major Santos Costa, que fez o contacto com outro louletano que em férias costumava frequentar a tertúlia, o Tenente
Coronel Geraldo Estevens, que era na altura o chefe da casa militar do Sr. Presidente da República Eanes. Alguns dias depois, o Chico Zé viria a ser recebido no palácio de Belém pelo Tenente Coronel Estevens ao qual entregou a cassete gravada e a partitura da marcha militar RamalhoEanespara ofertar ao Presidente Eanes. Semanas depois viria a ser contactado telefonicamente para se deslocar ao palácio de Belém pois o Sr. Presidente fazia questão de o conhecer.
Telefonou então ao Chico Zé filho confessando a sua angústia dizendo: «O telefonema deve ser partida da malta do café, o que é que eu posso conversar com o Presidente da República?» Então pediu-me: «Oh Chico tu é que podias fazer um busto do Presidente Eanes e assim já terei um assunto de conversa.» Assim foi, fiz um busto em barro e o provinciano do pai Chico Zé lá foi para Lisboa com a partitura debaixo do braço e a caixa de papelão que guardava o grande tesouro, o busto do Presidente.
Chegado ao palácio de Belém, foi recebido pelo conterrâneo Tenente Coronel Estevens que lhe disse que o encontro era informal, talvez uns 5 minutos de conversa, pois o Presidente iria receber a seguir um grupo de chineses.
O meu pai descreveu-me o encontro deste modo: «Entrei numa sala enorme. Pouco depois, no lado contrário abre-se uma porta e de lá veio direito a mim o Sr. Presidente Eanes, de mão esticada, sorridente e simpático. Como estáSr.FranciscoJoséAndradedeSousa,sentemo-nos econte-meláoquetemsidoasuavida. Como é que ele sabia o meu nome, questionava-se o meu pai enquanto desenrolava o seu percurso na vida. Foi a pergunta certa para o meu pai que não deu pelo voar dos ponteiros do relógio e, quando deu por isso pediu desculpas pelo tempo paleado tendo como resposta: «Sr. Francisco, conversas destas fazem falta nesta sala de vez em quando e é com muito gosto que aqui estou a falar consigo.» Entretanto, os ponteiros do relógio tinham corrido cerca de 1 hora. Antes de terminar o encontro o meu pai pediu