Percurso livre língua portuguesa - O sertão do conselheiro antônio

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PERCURSO LIVRE LÍNGUA PORTUGUESA Ensino Fundamental

O SERTÃO DO CONSELHEIRO ANTÔNIO



1º ENCONTRO

O sertão virou mar, 10

2º ENCONTRO

O filho do barro, 18

3º ENCONTRO

Santo Antônio Conselheiro, 24

4º ENCONTRO

Antônio dos Mares, 32

5º ENCONTRO

Utopias, 38



Professor, professora, Você já sabe que o Percurso Livre tem o objetivo de ajudar os estudantes a reencontrarem o prazer da leitura. A língua é o instrumento que o homem tem para entrar em contato com o que o cerca, interagindo, discutindo, mostrando sua opinião. Ao melhorarmos a capacidade de uso do português dos nossos estudantes (lendo, ouvindo, falando ou escrevendo), estamos, certamente, contribuindo para que eles possam exercer plenamente a sua cidadania. Veículo da expressão da cultura de um grupo social, a língua marca a individualidade, o estilo de um povo. E a literatura é uma dentre as várias funções comunicativas e expressivas da linguagem. Trabalhar textos literários, comparando-os ou aproximando-os de outros gêneros de textos (como notícias, publicidade, internet) e fazeres artísticos (música, teatro, cinema, artes plásticas), ajuda a desenvolver o gosto por nossa cultura. Uma leitura eficiente se faz quando o leitor é capaz de compreender tanto os dados explícitos quanto o que está nas entrelinhas de um texto. Ler pode ser um ato solitário, mas quando lemos nunca estamos “sozinhos”. Nosso passado, vivência e leituras são as ferramentas que possuímos para dar significado ao texto. Por isso, é válida a discussão e a troca do entendimento de vários leitores sobre um mesmo texto. Professor(a), você está recebendo, hoje, em suas mãos, um Percurso Livre que desdobra as vozes de brasileiros esquecidos da República. É um Percurso Livre que faz a arqueologia de um dos momentos da História do Brasil, criando o cenário para os estudantes e desdobra esse acontecimento nos dias de hoje. Cada estudante recebe seu próprio exemplar do livro O Sertão do Conselheiro Antônio e, neste caderno do Percurso Livre, você encontra sugestões de atividades para serem trabalhadas em cinco encontros. Aqui oferecemos as ideias e o estímulo, mas só você pode garantir que seja preservado o clima de prazer em cada um desses encontros. Sua atuação será fundamental para que os estudantes sintam-se confortáveis, integrados e motivados para interagir em sala, criando expectativas para as próximas leituras.


Este caderno Percurso Livre de Língua Portuguesa está estruturado da seguinte forma: A seção Primeiras palavras, como o nome já diz, é uma conversa inicial a respeito do tema. Não é uma atividade para ser ministrada aos estudantes, e sim uma instigação para você, professor(a). Sugerimos que este texto seja lido antes da preparação da sua aula. Pense nestas informações como uma ferramenta que vai auxiliá-lo na construção de um cenário. Estabelecido, assim, o foco do encontro, você pode organizar o trabalho passo a passo. O Vamos começar é uma primeira atividade para “esquentar” a turma, que aguça a curiosidade e dá motivação para os estudantes iniciarem a leitura. Em cada encontro, é proposta uma dinâmica diferente; pode ser um jogo de palavras, uma música, uma adivinha, uma atividade em roda. Momento da leitura. Em cada encontro, alguns estudantes são incumbidos de realizar a leitura de um trecho do livro em voz alta, enquanto o restante da turma a acompanha. Para que os estudantes façam uma boa leitura, é fundamental que deem sentido ao texto. É preciso que tenham uma ideia global da história a ser lida, que tirem as principais dúvidas sobre o sentido das palavras e saibam que sensações e emoções desejam despertar nos ouvintes. Após a leitura, é a hora da Mão na massa, quando os estudantes constroem uma compreensão mais ampla do texto por meio de jogos e oficinas. São atividades de experimentação em grupo. As atividades vão propor o diálogo entre as vida e luta de Antônio Conselheiro e o dia a dia de nossos estudantes. Vamos trabalhar com assuntos que estejam no dia a dia por meio de músicas, jogos teatrais e muito mais. Descobrimento são informações de cultura geral para o professor(a) partilhar com os estudantes em diferentes momentos – na preparação para a leitura ou durante as atividades de grupo. Navegando na internet abre outras possibilidades de pesquisa e relações com o tema proposto no encontro. A compreensão do significado de palavras e expressões, bem como do contexto em que se inserem as narrativas, pode ser facilitada pela consulta ao Glossário em cada encontro.


Dicas para dinamizar os encontros Ler com prazer “A leitura é uma viagem”. Não sabemos se os nossos estudantes já têm essa sensação, mas é isso que queremos proporcionar a eles. Vamos propor uma viagem no tempo, ao sertão do início da República e conhecer os brasileiros que lutaram por um ideal. E que tal transformar a sala de aula na atividade do Percurso Livre em um espaço ainda mais agradável para esta viagem? Para tanto, a turma pode providenciar almofadas, plantas, gravuras, fotos – enfim, o que os estudantes decidirem que pode contribuir para criar um espaço onde a viagem vai começar. Ler e entender Utilize o glossário, questione seus estudantes a respeito do significado daquelas palavras antes ou depois da leitura. Converse com a turma sobre como lidar com as palavras desconhecidas, cujo significado ignoramos. Em casos assim, a grande quantidade de palavras novas costuma desanimar algumas pessoas a seguir com a leitura. Outras conseguem até ler o texto, mas ficam com a sensação de que “leram mal” o livro. O processo de leitura pressupõe uma troca de informações, uma interação autor/leitor. Podemos relacionar o trecho que temos dificuldade de entender com o restante da história. Não é preciso, portanto, parar a cada palavra ou construção obscura para pesquisar o seu sentido. A própria leitura do que vem antes ou depois dela vai ajudar na compreensão. Ler e partilhar Esclareça os estudantes a respeito do ritmo do trabalho no Percurso Livre. Diga que em cada encontro será lido em sala um trecho da obra e que, com essa leitura compartilhada e feita em voz alta, todos terão a chance de se expressar.



Percurso Livre – O Sertão do Conselheiro Antônio, de Luciana Savaget Os acontecimentos e as histórias de outros tempos são transmitidos ao longo das gerações por vestígios. Sabe-se da vida dos avós e bisavós em uma conversa familiar de final de domingo, por meio de fotografias amareladas, certidões manchadas pelo tempo e até pequenas lembranças como lenços, cartas e joias cujo valor é sentimental. A história de uma nação passa por outros processos. Essa história é reescrita todos os dias nas salas de aula em livros didáticos, no calendário oficial com seus feriados comemorativos, nos nomes de ruas e praças, nos monumentos que enfeitam o espaço público. No Brasil, não é diferente; cantamos um hino, reconhecemos uma bandeira e nos identificamos como brasileiros. Antônio Conselheiro também se identificava como brasileiro. Era mais um irmão, filho da pátria Brasil. Diante da miséria do sertão, saiu em busca de uma vida digna e fundou a cidade de Belo Monte em 1893, organizando suas plantações e trazendo esperança a 25 mil sertanejos que sofriam de fome. No entanto, não foi reconhecido pela República, porque estava em desacordo com a proclamação em 1889, e seus conselhos eram ensinamentos mais próximos da ordem do Império e da Igreja Católica. O livro O Sertão do Conselheiro Antônio mostra um capítulo triste da história de uma guerra entre brasileiros. Foram quatro expedições militares, enviadas em 1897, durante o governo do presidente Prudente de Morais. Essas expedições provocaram muita oposição ao presidente, que sofreu um atentado à sua vida na recepção das tropas que cumpriram a missão. O desfecho da Guerra de Canudos pôs em cheque o projeto de nação fraterna proclamado oito anos antes. A cidade de Belo Monte foi varrida do mapa por duas vezes. A primeira foi em 1897, quando as 2.500 casas foram destruídas e toda a cidade foi incendiada. Restaram somente o nome da região de Canudos e uma tentativa de reconstrução, em 1902, de poucos sobreviventes. A segunda vez foi em 1968, quando foi alagada e passou a se chamar Açude do Cocorobó. Ainda hoje, nos tempos de seca em que baixam os níveis de água, podemos ver as ruínas de Belo Monte. A autora Luciana Savaget traz para o universo infantil o imaginário de muitos brasileiros que já ouviram o nome de Antônio Conselheiro. Nascida no Rio de Janeiro e filha de pai nordestino, a jornalista procurou os enunciados dos jornais e os comparou com essas histórias contadas pela família ao final de um domingo.



1º ENCONTRO

O sertão virou mar

Primeiras palavras Em 1893, após quatro anos da proclamação da República, a cidade de Belo Monte foi fundada na Bahia. Esse lugar se pretendia um novo início, a possibilidade de pôr fim à fome. No sertão brasileiro, que se estende por Minas Gerais, Bahia até Rio Grande do Norte e Goiás, os coronéis, donos de terras que tinham seu próprio exército, exerciam seu poder no controle da economia agrária e na exploração de trabalhadores. Belo Monte era a oportunidade que esses trabalhadores tinham de se alimentar sem dívidas ou sujeição. Essa iniciativa foi empreendida por Antônio Conselheiro, que peregrinou no sertão até encontrar a antiga Fazenda de Canudos e lá fundar Belo Monte. Seu ideal era superar a miséria e oferecer uma alternativa aos coronéis. Esse momento da República não apresentava grandes mudanças em relação ao regime monárquico. Os senhores eram os mesmos. A miséria era a mesma. Antônio Conselheiro era, antes de monarquista, um crítico da República, e o discurso oficial da época, encontrado em jornais como O Republicano e O Brado, era de que Conselheiro era um louco que organizava um golpe para o retorno do Imperador. Os resultados foram a destruição de uma cidade, o extermínio de pessoas e uma triste história do nosso país que não se pode repetir. Foram 25 mil pessoas dizimadas, e a cidade de Belo Monte foi varrida do mapa: foi incendiada após a guerra e, em 1968, alagada para mudar de nome e se tornar o Açude do Cocorobó. Ainda hoje podemos ver as ruínas dos sonhos dos “conselheiristas”, como eram chamados os seguidores de Antônio Conselheiro.

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Vamos começar Professor(a), nossa história começa na sala de aula. Separe três mapas geopolíticos: um do Brasil, um da Bahia e um mapa da sua cidade. Sente em roda com os estudantes e estenda o mapa de sua cidade no centro. Identifique onde está a sala de aula. Pergunte a eles onde moram e se têm parentes em outras partes do estado. Depois, traga o mapa do Brasil para o centro da roda e peça a eles para identificarem o estado em que vivem. Pergunte se há algum estudante de outra região do país. Então, apresente o estado da Bahia e as possibilidades de chegar até ele: mar, céu e estradas. Explique a eles que, com o livro O Sertão do Conselheiro Antônio, será realizada uma viagem até a Bahia sem sair da sala de aula.

Momento de leitura Mantenha os estudantes sentados em roda e leia com eles as páginas 3 e 4. Pergunte a eles se já foram a algum dos lugares da página 4 ou se também são nomes desconhecidos para eles. E o nome de Lampião? Algum dos estudantes já ouviu falar dele? O que ouviu dizer? Escute atentamente e pergunte sobre Antônio Conselheiro. Veja também se alguém o conhece e o que ouviu dizer. Leia então a página 7 e construa com eles quem conta a história. O pai é pernambucano e muito fala dessas lendas do sertão. Da família da mãe, é o avô, um ex-militar, que conta o que viu na Guerra de Canudos. Explique que foi em Canudos que esse homem de barba longa e cajado de profeta, Antônio Conselheiro, ficou conhecido. Nas páginas 8 e 9, entra em cena o herói da história. Leia essas páginas, tirando dúvidas sobre cada palavra. Peça para os estudantes lerem o poema sobre o Conselheiro. Avance na narrativa, assegurando-se de que muitas palavras e construções podem ser difíceis – explique-as antes que perguntem. O Glossário ajudará a encontrar diferentes formas de explicá-las. Ao ler a página 10, certifique-se de que os estudantes compreenderam que quem conta a história é uma mulher que está na cidade de Belo Monte alagada, em um barco que navega sobre suas ruínas.

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Mão na massa O objetivo desta atividade é localizar as cidades e regiões que estão no livro. • Vila Nova do Campo Maior de Quixeramobim • Bom Conselho • Monte Santo • Patamoté • Jeremoabo • Pombal • Tucano • Belos Montes • Lagoinha • Aporá • Canudos / Açude de Cocorobó

Atividade 1 - Linguagem do Desenho Professor(a), converse com a turma e mostre que em um mapa estão os lugares vistos de cima! Fixe o mapa da Bahia em um lugar de fácil acesso a todos, sem deixar que um estudante fique mais distante do que outro. Peça que desenhem o estado da Bahia, atentando para a proporção dos lugares e para as fronteiras. Depois, sinalize no seu mapa as regiões que estão no livro e peça para cada um fazer o mesmo no seu próprio mapa.

Atividade parte 2 - Linguagem Tridimensional Após compreender o mapa político e identificar os locais, a turma vai construir um mapa tátil somente de Belo Monte. Materiais necessários: • 1 placa de isopor de 50 cm x 50 cm, no máximo • Tesoura ou estilete • Caneta Pilot • Argila • Papel-celofane azul

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Apresente para os estudantes um mapa de relevo de Belo Monte, atual Açude do Cocorobó. Recorte com eles os montes presentes. Atente para que os montes sejam construídos em camadas, respeitando as alturas de cada um. Disponha-os no plano de 50 cm. Finalize com argila para cobrir os montes e construa pequenas casas de cubos de argila ou isopor e as distribua na região. Apresente o que aconteceu com Belo Monte, cobrindo o local com celofane azul e apresentando seu novo nome e sua nova função: Açude Cocorobó. Informações sobre Cocorobó: http://www.dnocs.gov.br/barragens/cocorobo/cocorobo.htm

Momento musical Como teria sido o som da água alagando as ruínas de Belo Monte? Confeccione com os estudantes um pau-de-chuva. Para a construção, serão necessários: • 1 tubo ou rolo de papelão (papel-toalha, por exemplo) • pregos • sementes / miçangas / grãos • papelão • fita-crepe Encaixe os pregos no rolo de papelão, de forma espiral. Quanto mais pregos, melhor, de forma que no exterior se tenha uma estampa de bolinhas e, no interior, o cruzamento de diversos pregos. Depois, recorte círculos de papelão no mesmo diâmetro que o do tubo. Tampe uma das extremidades com o papelão e firme-a com fita-crepe. Insira os grãos no interior. Tampe a outra extremidade. Depois de pronto, teste com os estudantes o pau-de-chuva, simulando as águas na maquete, enquanto o papel-celofane cobre as casas.

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Descobrimento Belo Monte era um povoado e hoje é um açude no mapa. A Guerra de Canudos deixou marcas em todos os envolvidos: jornalistas, militares, sobreviventes e órfãos. A região se tornou açude para que não mais fosse possível retornar ao local e reconstruir a cidade conhecida pela resistência dos miseráveis. O Contestado, como ficou conhecida a guerra que aconteceu no Rio Grande do Sul entre 1912 e 1916, foi mais um episódio de descaso com a população desfavorecida. Para a construção de uma ferrovia, muitos camponeses foram expulsos de suas terras. A remoção foi autorizada pelo governo brasileiro, que doou as terras, alegando se tratar de “terras devolutas”. Um monge de prestígio na região, José Maria, reuniu os sem-terra e junto a eles fundou um povoado que chamou de Quadro Santo, declarando independência da República que não os representava. O Cangaço tem dois séculos de história. Foi um movimento dos marginalizados do sertão, que organizavam roubos aos coronéis e muitas vezes eram contratados por eles para cobrar dívidas. Tinham uma justiça própria e, para fugir à justiça do governo, valiam-se do seu conhecimento da caatinga, a fim de escapar da prisão e do extermínio. O cangaceiro mais conhecido foi Lampião e seu bando, assassinados em 1938, no governo de Getúlio Vargas.

Navegando na internet Professor(a), apresente a Bahia para os estudantes, usando o Google Maps e o Google Street View. Considere que os limites da ferramenta são assunto de questionamento: por que algumas áreas são mais detalhadas? Por que somente nas cidades é possível usar o Google Street View?

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Glossário Abandono – Consequência de não ter ninguém ou nada com que se relacionar. Alento – Apoio, ânimo. Aquietar – Tornar-se quieto, calmo. Cafundós – Lugar distante. Cajado – Vara de apoio que tem a extremidade superior recurvada em forma de gancho. Crendice – Crença de cunho supersticioso; superstição. Desamparo – Falta de apoio ou ajuda. Esquálido – Muito magro. Fartos – Relativo à fartura, podendo ser uma boa fartura, trazendo prosperidade, ou uma má fartura, trazendo cansaço e fadiga. Monotonia – Ausência de vigor, de vida. Penar – Condoer-se, sofrer. Povaréu – Classe mais humilde da sociedade; ralé. Profecia – Anúncio de acontecimento futuro; previsão. Solidão – Tristeza de se sentir só no mundo. Tostões – Em geral, pouca soma de dinheiro. Vagueou – Andou sem rumo. Vereda – Caminho. Vincado – Que possui rugas; enrugado.

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2° ENCONTRO

O filho do barro

Primeiras palavras Professor(a), neste encontro, vamos conversar sobre as formas de amor com as quais podemos nos deparar durante a vida e também as formas de amor que podemos encontrar no texto. Vamos incentivar os estudantes a perceberem que uma mesma palavra pode ter distintos significados e formas, além de trazer diferentes sensações a pessoas diferentes. Partiremos das histórias de amor vividas por Antônio Conselheiro, que amava ao próximo, dedicando-se a ajudar os outros, e que, após um casamento conturbado, superou a dor do desencontro desse amor e encontrou sua alma gêmea, Joana Imaginária. O Conselheiro nos apresenta diferentes formas de amar. Vamos descobri-las?

Vamos começar Professor(a), vamos conversar com os estudantes sobre os tipos de amor? Procure em diferentes dicionários o verbete amor. Note que o tom das definições muda de um dicionário para outro. Escolha algumas e escreva-as em cartões. Alguns exemplos: s.m. Afeição viva por alguém ou por alguma coisa: o amor a Deus, ao próximo, à pátria, à liberdade. / Sentimento apaixonado por pessoa do outro ou de mesmo sexo. / Inclinação ditada pelas leis da natureza: amor materno, filial. / Paixão, gosto vivo por alguma coisa: amor das artes. / Pessoa amada: coragem, meu amor! / Zelo, dedicação: trabalhar com amor. // Amor platônico, amor isento de desejo sexual. // Por amor de, por causa de. // Pelo amor de Deus, expressão que dá ênfase a um pedido: não faça isso, pelo amor de Deus!

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Em roda, coloque esses cartões no chão e discuta com os estudantes as inúmeras definições da palavra amor. Coloque a música “Antes das Seis”, do grupo Legião Urbana, para os estudantes escutarem e, após a música, pergunte se algum deles consegue explicar o que é o amor. Depois dessa primeira conversa, peça para alguns estudantes lerem o que está escrito nos cartões. Esse será o gancho para discutir as possibilidades da palavra e do sentimento amor. Dessa forma, com o conceito bem definido entre eles, podemos realizar a leitura do trecho do livro e entender melhor as diversas formas de amor que Antônio Conselheiro sentia pelo mundo e pelas pessoas a sua volta, além da ideia de amor ao próximo.

Momento de leitura Distribua pelo espaço da sala algumas imagens de chinelos/sapatos e pés descalços, panelas e tampas, e/ou algumas peças de encaixar, no formato de figuras geométricas. Converse com os estudantes, buscando incentivá-los a relacionar essas imagens com o tema do nosso encontro. Agora, façamos uma leitura das páginas 12 e 13. A história do profeta começa a ser contada a partir dos guardados do pai da pesquisadora, que continha uma foto de Antônio Conselheiro. Vamos à infância do Conselheiro e conhecemos as adversidades pelas quais sua família passou e o quanto trouxeram ensinamentos para sua vida adulta de andanças. A vida amorosa de Antônio Conselheiro também teve diferentes rumos... demorou um pouco, mas ele “encontrou a tampa da sua panela”, o seu “encaixe”, o “sapato perfeito para o seu pé descalço”! Casado pela primeira vez com uma mulher que não entendia seus ideais, viveu um casamento sofrido, do qual acabou se desfazendo, e encontrou, na sua segunda esposa, “a metade da sua laranja”.

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Mão na massa Mosaico do amor Depois de conversar com os estudantes sobre as diversas formas e os distintos significados que o amor pode ter, proponha que a turma transforme essa discussão em um grande mosaico, com imagens e palavras que ilustrem o debate em sala. Professor(a), esta atividade se tornará ainda mais interessante se você puder reservar um espaço em uma parede da sala de aula, para que esse mosaico fique exposto. Oriente os estudantes para que pesquisem em revistas e jornais imagens, frases e palavras que remetam à ideia de amor, retome a atividade do dicionário para enriquecer as possibilidades de amor. Depois, juntando todo esse material, eles devem construir um único painel, que reflita as ideias da turma sobre a riqueza de manifestações desse sentimento. Para isso, os recortes serão colocados em um grande papel Kraft, no qual a turma, em conjunto, terá que decidir como organizar os elementos selecionados.

Momento musical Para representar o amor, de uma forma visual, ou imagética, o símbolo mais utilizado e que primeiro nos vem à mente é o coração, vocês concordam? Qual é o ritmo do seu coração, você já parou para pensar? Neste momento, vamos parar para ouvir nosso coração e perceber que som ele tem, como ele bate (se é rápido, intenso, suave, devagar etc.). A partir dos sons do coração, vamos refletir sobre outros ruídos que podemos produzir com o nosso corpo. Oriente os estudantes a explorarem as possibilidades de sons de batidas que se pode produzir apenas com o próprio corpo (como o bater dos pés no chão, das palmas das mãos, da mão no peito), ou utilizando outros suportes, como o bater da mão na mesa da sala, por exemplo. Vamos explorar? Após um primeiro momento de exploração individual, proponha a criação de uma orquestra de percussão corporal com a turma, misturando e dialogando os sons de cada estudante com o restante do grupo. E já que o tema é Canudos, seria interessante trazer elementos da música nordestina, como o baião, o forró, o manguebeat, o frevo, para inspirar essas batidas. Então, mãos à obra, ou melhor, sons à obra!

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Descobrimento A Guerra de Canudos, que contabilizou a morte de 25 mil conselheiristas, deixou muitos órfãos que foram levados pelos soldados do exército vencedor. Essas crianças eram os “jaguncinhos”, filhos de jagunços, termo usado no sertão para bandido e, como havia intensa propaganda de que os conselheiristas eram matadores de soldados, esse termo indevido se disseminou. Os jaguncinhos, ou melhor, os canudinhos, eram como um troféu da guerra. Existem muitas histórias de trabalho forçado realizado por essas crianças. Mas a história à que nos atemos aqui é a do canudinho levado por Euclides da Cunha, jornalista da Folha de S. Paulo e autor de Os Sertões, seu relato sobre a guerra. Esse órfão foi entregue aos cuidados do educador Gabriel Prestes e registrado com o nome de Ludgero Prestes, com a data de nascimento de 15 de novembro, proclamação da República, em prova de vitória do projeto de nação civilizado das capitais do Brasil. Ao se formar, com 17 anos, seu registro escolar mudou e passou a trazer os nomes de seus pais conselheiristas, João e Maria Luiz, sem sobrenome por desconhecimento. Quando adulto, Ludgero tornou-se diretor de escola, casou-se e teve quatro filhos, um dos quais recebeu o nome de Gabriel, em homenagem ao seu tutor. Em 1908, Ludgero se correspondeu com Euclides da Cunha, assim que se tornou professor primário: “Ludgero Prestes, recebi a sua prezada carta de 3 do corrente; li-a com surpresa indescritível, verdadeiramente encantado; e não poderei traduzir-te a minha comoção ao ver aparecer-me quase homem – e homem na mais digna significação da palavra – o pobre jaguncinho que me apareceu pela primeira vez há onze anos no final de uma batalha. Mas na mesma ocasião associei-te à recordação de um amigo a quem deves muito mais do que a mim. O que fiz foi, na verdade, muito pouco: – O trabalho material de livrar-te das mãos dos bárbaros e conduzir-te a São Paulo. A minha ação verdadeiramente única foi confiar-te a Gabriel Prestes. A ele, sim, deves a tua maior e incalculável gratidão. Quero que me estendas sempre a tua mão de amigo – mas a Gabriel Prestes deves devotar, incondicionalmente, todo o teu coração. Ao lado da tua fotografia veio a tua carta e nesta vi refletir um espírito capaz de grande desenvolvimento. O modesto professor complementar de agora – iniciado, como foi, na vida, por um mestre daquele porte, há de subir mais alto.

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Mas ainda que isto não aconteça, a tua posição atual já é um triunfo. Continua, portanto, na trilha que te aponta um dos mais belos caracteres que conheço e sempre que puderes manda notícias tuas a quem também se preza de ser teu amigo muito afetuoso. Euclides da Cunha”

Navegando na internet Para conhecer mais a história dos canudinhos e como suas vidas seguiram após a tragédia, assista ao documentário Sobreviventes - Os Filhos da Guerra de Canudos (2004), de Paulo Fontenelle. Link para o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=BTSzBNIoW0s

Glossário Agastado – Irado, irritado, encolerizado, zangado. Apostolar – Aquele que exerce o ofício de apóstolo. Enjeitado – Abandonado, recusado, rejeitado, desprezado, largado; diz-se do filho que foi abandonado pelos pais. Ímpios – Aqueles que desprezam e são contrários à religião, que demonstram falta de piedade. Lonjura – Muito longe, distante. Tramoia – Pequena manobra secreta e com propósitos ilícitos; trama, intriga.

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3° ENCONTRO

Santo Antônio Conselheiro

Primeiras palavras Antônio Vicente Mendes Maciel sempre foi dócil e de boa índole, como apontam seus biógrafos. Perdeu a mãe com seis anos de idade, e o pai, embora violento, dá ao filho a melhor formação possível, tendo nosso personagem um volume de conhecimento acima da média dos seus conterrâneos. Após algumas tentativas de trabalhos malsucedidos, Antônio Conselheiro decide pela vida de beato. Sua principal luta foi a reforma de igrejas e cemitérios, sempre contestando a conduta de alguns padres da região. Começa, então, a ser malvisto pela Igreja. Cansado de peregrinar pelos sertões, Conselheiro decide se assentar em um pequeno arraial chamado Canudos. Os desabrigados do sertão e as vítimas da seca eram sempre bem recebidos pelo beato, formando uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho, sem o sofrimento e a exploração comuns nas fazendas. Era um “lugar santo”, segundo os seus seguidores. Antônio Conselheiro começa a causar grande incômodo, tanto no clero quanto nos fazendeiros. Os opositores começam a chamá-lo de louco e de fanático religioso para humilhá-lo ou desacreditar sua imagem. O mesmo se dá com a imprensa e com muitos historiadores da época para justificar o genocídio de Canudos. Muitas pessoas acreditavam na sua insanidade, afinal, Antônio Conselheiro era um sábio orador, subversivo e contestador, sua fé o norteava, suas lutas geravam tanto inimigos quanto fiéis seguidores, que dariam a vida para salvá-lo. Talvez sua loucura fosse, na verdade, uma incompreensão de sua crença e de seu posicionamento no mundo. Ao fim e ao cabo, Antônio Conselheiro foi um líder religioso e político que reuniu gente que acreditou na sua fé.

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Vamos começar Há quem recorra à fé para que seus desejos se tornem realidade. No Brasil, há inúmeras manifestações religiosas ligadas ao pedido de um desejo. Dentro do catolicismo, podemos citar ações como acender uma vela na igreja e rezar um terço pedindo algo, além dos ex-votos: pinturas, estatuetas e variados objetos doados às divindades como forma de agradecimento por um pedido atendido. Aqui vamos propor aos estudantes uma manifestação bem conhecida, as fitinhas do desejo. Materiais necessários: • Fitas de cetim coloridas • Canetinhas para retroprojetor • Uma caixa pequena Peça aos estudantes que escolham uma fita e escrevam nela um desejo, por exemplo: “Passar de ano direto.” Depois de escreverem, as fitas deverão ser depositadas na caixinha. Ao final, depois que todos já tiverem escrito seu desejo, sorteie as fitas com a turma. Peça para que cada um leia a fita que pegou. Converse com eles sobre o que desejamos, e o que queremos para nós também podemos desejar para o próximo, e vice-versa. Como foi a sensação de ver seu desejo com outra pessoa? E o desejo do outro, você também desejaria para si?

Momento de leitura Professor(a), antes de começar a leitura do trecho, observe a gravura da página 19 e pergunte aos estudantes com quem se parece aquele homem? Um religioso? Um padre? Um ermitão? Quais são os elementos que nos dão essa ideia? A cruz e o cajado? As vestes e o chapéu? Depois dessa discussão, explique que é como a ilustradora Andrea Ebert imaginou Antônio Conselheiro, que era um homem muito religioso e que, em um determinado momento da vida, deixou de cortar o cabelo e passou a usar roupas largas.

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Na página 21, conhecemos a paisagem da caatinga do sertão. Nas andanças, Antônio se torna conhecido, e sua fama perpassa por diferentes epítetos: peregrino, beato e até salvador. Questione com os estudantes o motivo dessa fama de Conselheiro. Nas páginas 22 e 23, temos um cenário de como estava o sertão naquela ocasião. Quais são as notícias que temos do sertão hoje? Ainda se parece com aquele vivido por Conselheiro? A partir desse momento, um conflito está instaurado. Quem está do lado de Antônio Conselheiro? Por que essas pessoas estão com ele? E quem está contra? Elucide com os estudantes quem eram as pessoas envolvidas nos conflitos, por que ele aconteceu e quais eram os motivos para tanta revolta popular.

Mão na massa A luta de Antônio Conselheiro foi por uma vida melhor, com condições dignas de vida e trabalho para o povo do interior brasileiro. Essa luta tinha vários símbolos: Deus, Dom Pedro II, o sertão e o rio Vaza-Barris. E na sua escola? Quais seriam os elementos para representá-la? Que tal criar um brasão para a escola ou para a sua turma? Para ajudar, pode-se pensar nos símbolos encontrados em bandeiras de escolas de samba ou em escudos de times de futebol. Após a explicação, pense com a turma em como podem ser representadas as características da escola ou dos estudantes. Com um desenho figurativo, como uma flor ou um animal, ou talvez um desenho abstrato, geométrico? Escolha três características e construa um brasão com a turma. Veja quais são as cores escolhidas e onde os elementos irão entrar na composição. Para fazer a bandeira, você vai precisar de: • Tecido de algodão cru • Tinta de tecido

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Momento musical Os estudantes conhecem muitos hinos: o hino do país, da escola, do time de futebol. Converse com eles sobre os hinos. Quando eles são cantados, para que servem? A partir dessa conversa, os estudantes vão elaborar um hino para a classe. Professor(a), separe a turma em grupos e escolha três características discutidas na atividade Mão na massa que serão as mesmas para todos os grupos. Cada grupo vai escrever seu próprio hino, com duas estrofes e um refrão. Criado o hino, cada grupo o apresentará. A ideia é notar a riqueza dos usos das palavras e como cada grupo se apropriou delas. Ao final, discuta com eles sobre as possibilidades dos usos de uma mesma palavra, e como cada grupo as usou, debatendo características, intenções e como foi criar com esse desafio. Lembre-se de que Conselheiro era um homem hábil com as palavras, e que tanto na política quanto na religião elas fazem a diferença.

Descobrimento Muitas pessoas que já passaram pela região portuária do Rio de Janeiro leram a frase "Gentileza gera Gentileza" nas pilastras do viaduto. Essa grande sabedoria foi escrita pelo profeta Gentileza, um homem que vagava com sua longa barba branca e vestes largas pelas ruas do Rio de Janeiro. Marisa Monte já cantou “Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só sobrou no muro tristeza e tinta fresca” sobre o profeta Gentileza que, como Antônio Conselheiro, foi confundido por muitos como louco, mas, na verdade, era apenas um homem que tinha amor ao próximo. O profeta Gentileza era José Datrino, nascido no dia 11 de abril de 1917, em São Paulo. Durante sua infância, trabalhava no campo cuidando dos animais, onde aprendeu a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como profeta Gentileza, dizia-se “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Em 1961, houve o grande incêndio em Niterói, no Circo “Gran Circus Norte-Americano”, matando cerca de 500 pessoas. Seis dias após o incêndio, José Datrino acordou durante a madrugada, alegando ter ouvido vozes que pediam para ele se dedicar exclusivamente à espiritualidade. Nesse dia, ele pegou seu caminhão e dirigiu até o local do incêndio, plantou um jardim sobre as cinzas do circo e, desde então, ficou em Niterói por quatro anos, dando apoio e conforto para as

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famílias das vítimas. Daquele dia em diante, passou a ser chamado de profeta Gentileza. Depois disso, Gentileza começou sua jornada pelas ruas do Rio de Janeiro, onde costumava pregar em praças e dentro de transportes públicos, sempre levando palavras de amor, respeito ao próximo e pela natureza. Foi na década 1980 que começou a pintar e escrever no viaduto do Caju, na cercania da Rodoviária Novo Rio, sendo quase 60 pilastras com frases e poemas pintados com as cores do Brasil. Gentileza faleceu no dia 28 de maio de 1996, tendo dedicado sua vida ao próximo, seus escritos viraram uma marca forte na cidade, que quase foi apagada. Graças à manifestação popular, hoje, a pintura realizada pelo profeta Gentileza foi restaurada e pode ser considerada patrimônio do Rio de Janeiro. Você já notou essas pinturas? Elas ficaram tão famosas que foram estampadas em camisas, bolsas e até cangas de praia.

Navegando na internet Antônio Conselheiro foi um grande líder, e seus seguidores ficaram conhecidos como conselheiristas. É da união das pessoas em torno de um ideal que também surgem povos e culturas. Em 1968, foi empreendido em Palo Alto, nos Estados Unidos da América, um experimento social conhecido como A Terceira Onda, em que o professor unia os estudantes em torno de um ideal. Esse experimento traz os prós e contras de uma coletivização. Assista ao vídeo com a turma e discutam as reviravoltas do filme. A Onda (1981) https://www.youtube.com/watch?v=36Rsp2aQnK4

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Glossário Apocalípticos – Relativos ao apocalipse, de difícil compreensão, obscuros, monstruosos. Árida – Que não tem umidade, que é seca. Assolada – Arruinada, destruída, estragada. Avassaladora – Que passa por cima de forma brutal, sem escrúpulos. Confinada – O mesmo que isolada, limitada. Detentores – Que detêm a posse de algo. Escassa – Rara, extinta, de que há pouco. Iminente – Que está para acontecer dentro de pouco tempo. Legalista – Aquele que observa rigorosamente o texto da lei, sem fazer nenhuma interpretação jurídica, mas tão somente gramatical, sem atender à intenção e ao espírito do legislador. Messiânico – Diz-se de quem se considera ou se apresenta como líder providencial, iluminado pela graça divina para reformar a ordem vigente das coisas. Patrono – Representante, procurador. Rastilho – Coberto de pólvora, ou embebido em qualquer substância combustível, para comunicar fogo a alguma coisa, geralmente uma carga explosiva; sulco cheio de pólvora para o mesmo fim. Redenção – Ação ou efeito de redimir, ato de se redimir, salvação. Subversivo – Vem de subverter = verter por baixo, fazer ruir uma estrutura, destruir conceitos, quebrar paradigmas. Tórrido – Muito quente, ardente.

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4º ENCONTRO

Antônio dos Mares

Primeiras palavras Na época de Antônio Conselheiro, as riquezas no interior do Brasil eram desiguais frente às riquezas do litoral. A costa brasileira ainda era o lugar da estabilidade colonial, o entreposto mais próximo de Portugal para garantir as terras brasileiras e desenvolver algumas riquezas para a Europa. Já o interior era o lugar dos mistérios, em que missões jesuítas converteriam o “gentio”, e os bandeirantes o escravizariam. Algumas poucas atividades econômicas foram empreendidas, como a agropecuária e as chamadas “drogas do sertão” que interiorizaram a colonização. A Guerra de Canudos provocou o conflito entre esses dois tipos de Brasil. De um lado, os conselheiristas reclamavam autonomia para resolverem seus problemas. De outro, os litorâneos reivindicavam seu poder de pátria sobre todo o território brasileiro. A versão que prevaleceu foi esta última, com um relato surpreendente de um jornalista da Folha de S. Paulo que foi cobrir a guerra, o Euclides da Cunha. Sua obra, Os Sertões, descreve esse “outro” Brasil do ponto de vista da costa, descrevendo a paisagem sertaneja a partir das paisagens de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O sertanejo de Belo Monte seria o cruzamento da “índole aventureira do colono com a impulsividade do indígena”. Em uma sucessão de hipóteses sobre a origem do caráter dos conselheiristas, Euclides da Cunha mescla fatos históricos à sua visão de mundo. Hoje, o Brasil tem políticas de desenvolvimento do interior que em muito se distinguem do posicionamento daqueles tempos, a começar por Brasília, capital do país e Distrito Federal, que foi construída para desestabilizar o eixo da costa e promover o Brasil como um todo.

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Vamos começar Professor(a), a turma seria capaz de reconhecer a paisagem do sertão brasileiro? O nome do bioma é caatinga e não pode ser encontrado em nenhum outro país ou continente. É uma região semiárida, ou seja, quase desértica, em que as plantas e árvores são de grossa casca e poucas folhas ou folhas modificadas, como o espinho. Elas são assim para não perder a pouca água à que têm acesso, já que as secas são frequentes. Apresente aos estudantes esse outro tipo de folhagem em forma de espinhos, que no sertão encontramos em cactos como o mandacarú e o xique-xique. Você sabia que a roupa de couro do sertanejo é também uma proteção ao sol forte e aos espinhos da vegetação? E que o chapéu de couro também é um recipiente para beber água? Se possível, leve um exemplar menor de um cacto para a sala de aula, para que a turma possa observar a floração, a relação da planta com a água e experimentar a resistência dos espinhos. Essa experimentação pode ser feita com lenços de algodão e recortes de couro.

Momento de leitura Leia com os estudantes a página 24. Uma confusão acontece porque uma encomenda de madeira não foi entregue. No sertão, a madeira é um artigo raro: as árvores são poucas e levam tempo para crescer, por conta da seca. Ainda hoje, a vegetação da caatinga está ameaçada, porque muitas árvores são queimadas irregularmente. Confira se os estudantes compreenderam que o juiz Arlindo Leone espalhou um boato para apavorar a população de Juazeiro, disseminando pânico e medo, a fim de provocar uma intervenção do exército na cidade de Belo Monte, que tanto incomodava o governo por ser autogerida, ou seja, não era uma cidade subordinada aos poderes da pátria. As páginas 26 e 27 são o desfecho da Guerra de Canudos. Leia calmamente com os estudantes, pontuando que, para o governo brasileiro, Antônio Conselheiro era uma ameaça. Tanto é verdade, que as primeiras expedições eram do governador da Bahia e, após a resistência dos conselheiristas, vieram mais duas expedições do governo federal. Foram 10 mil soldados para dizimar 25 mil canudenses. No último parágrafo, a contadora da história volta a aparecer. Toda essa história se passou enquanto ela estava navegando nas águas que inundaram Belo Monte, atual Açude do Cocorobó. Pergunte aos estudantes se lembram desse momento no livro, na página 10. Leia essa página novamente com eles, se for preciso.

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Mão na massa Os estudantes vão pôr a mão na massa, ou melhor, a mão na argila, e farão pequenos sertanejos de barro. Materiais necessários: • Argila • Tintas acrílicas • Algodão • Sementes e miçangas • Barbante e corda Disponibilize argila para a turma. Peça para que cada um molde um personagem do livro. Relembre com eles alguns personagens e suas características marcantes, como Antônio Conselheiro com sua barba longa e o cajado de profeta, ou João, em seu barco e remo no Açude do Cocorobó, ou mesmo Joana Imaginária, que esculpia santos de madeira. Apresente à turma as diferentes cerâmicas do sertão, como os sertanejos de barro do mestre Vitalino e as bonecas da Zezinha. Ofereça os outros materiais para os estudantes ornamentarem as pequenas estatuetas.

Momento musical Como será a música da caatinga? Nesse momento musical, os estudantes vão produzir som de onde não imaginam. Já vimos, no primeiro encontro, como se faz o barulho das águas com um pau-de-chuva. Agora serão produzidos outros sons da paisagem sonora do sertão. Materiais necessários: • Latas de alumínio • Areia ou terra • Fita-crepe Um caxixi pode ser produzido ao inserir areia na lata de alumínio. Atente para a proporção, porque a quantidade altera o som final. Tampe o bocal da lata com fita-crepe. Com esse caxixi, temos o som do vento da caatinga, que levanta a poeira, anunciando a chuva. Por sua vez, a chuva pode ser ouvida com o pau-de-chuva produzido no primeiro encontro.

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Descobrimento Quem vê a paisagem semiárida da caatinga não imagina suas possibilidades de produção. Desde o Império, pensa-se o desenvolvimento econômico da região a partir da irrigação de rios, como o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco que está em curso. Essa alternativa beneficiaria a produção de diferentes produtos que são favorecidos pelo solo semiárido. Um deles é o algodão que, devido ao solo local, já é colorido, em tons terrosos. Outro produto é a cana-de-açúcar, atual combustível sustentável produzido a partir da queima do álcool da cana. Hoje, assistimos também a diferentes projetos para o desenvolvimento da região. As reservas ambientais contam com projetos de manejo, que são formas de extrativismo sustentável e planejado que leva em conta o ciclo de crescimento e reprodução da planta. Outro projeto é o incentivo à cerâmica, que tem atraído muitos investimentos, tanto na produção da matéria-prima quanto na arte final.

Navegando na internet No site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível encontrar mapas do bioma da caatinga, assim como gráficos regionais de desenvolvimento populacional e econômico. Nos gráficos sociais, compare com os estudantes a pirâmide etária de estados do sertão, como o Rio Grande do Norte, com a pirâmide etária do estado em que está a sala de aula. www.ibge.gov.br/

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Glossário Acaso – Imprevisão dos acontecimentos. Ardilosa – Astuciosa, que tem manha para enganar. Ato contínuo – Em seguida. Bárbaros invasores – Forma pejorativa para se referir a quem tem outra cultura. Beato – Devoto religioso. Cactos – Plantas com revestimento duro, podendo ter espinhos, que melhor sobrevivem em lugares de pouca água. Dizimação – Extermínio. Doido varrido – Uma pessoa que pensa e vive fora das normas. Expedições – Viagens distantes. Guarnições – Tropas de soldados. Incontestável – Diz se de um consenso indiscutível. Lamparina – Pavio coberto de cera. Legalistas – Pessoas que veem a lei como o único caminho a seguir. Lenha na fogueira – Expressão para descrever as proporções exageradas a que se quer chegar. Magistrado – Cidadão com autoridade judiciária no governo. Serenar – Acalmar. Trincheiras – Canais cavados no chão para proteger os soldados em uma batalha. Utopia – Um lugar sonhado; ideal, sonho.

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5° ENCONTRO

Utopias

Primeiras palavras O que é utopia? O termo vem do grego, u (não, sem) + topos (lugar): o não lugar, o sem lugar. Eduardo Galeano já a definiu como sendo o horizonte, aquela linha no final da paisagem que, quando se alcança, ela continua no final. É como se a utopia habitasse no imaginário e, mesmo que concretizada, já se transformasse em um outro lugar para se chegar. As utopias podem ser religiosas, com reinos do céu e submundos e dimensões dos mortos, alcançadas com a vinda de Messias e profetas ou com o fim da vida. Podem ser sociais, com a distribuição igualitária de riquezas, sem privilégios de classe ou gênero, alcançável com leis regidas pelo princípio da equidade. No mundo contemporâneo, conhecemos a ecologia utópica, de um ecossistema em equilíbrio, sem que nenhuma espécie (de fauna ou flora) tenha alteração na sua comunidade. A utopia é a espera de um mundo melhor, sem opressões, regido pelo equilíbrio. Qual a sua utopia?

Vamos começar Quando lemos um livro, imediatamente nos transportamos para outros mundos que nos afetam, nos fazendo rir, chorar e refletir; quando fechamos o livro, a realidade nos envolve novamente. Que tal levar os estudantes por um passeio pelo absurdo? Vamos escolher objetos e descrevê-los: qual sua forma, sua utilização, com quais materiais foi produzido? Depois disso, vamos elaborar novas atribuições, modificando o tradicionalmente esperado. Vamos propor um outro ponto de vista, de forma que o objeto pareça irreconhecível. Um exemplo: como seria um dia na vida de um

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mural? Todo início de bimestre, ele sente umas pontadas, que poderiam ser dores de preocupação – o que está sendo descrito são os calendários das provas que são afixados com tachinhas a cada dois meses. Vamos dividir a turma em grupos, e cada grupo deverá escolher algum objeto que esteja na sala: caderno, quadro-negro, mesa, cadeira, mochila etc. Primeiro, vamos listar tudo o que cerca esse objeto e sua utilização principal. Logo depois, vamos pensar em outro uso do objeto ou em uma personificação para ele: o que um caderno sente quando abrimos suas páginas para escrever? Será que um caderno poderia se transformar em uma ave no céu, batendo suas folhas? Cada grupo vai ler o que imaginou como segunda possibilidade para aquele objeto, e os demais estudantes deverão, a partir da leitura, desenhar o que poderia ser o objeto. Vamos comparar os desenhos e depois apresentar quais eram os objetos reais que serviram de inspiração para essas novas possibilidades, fora da nossa realidade.

Momento de leitura Professor(a), leia com a turma a página 29. Questione sobre as ideias de ilusão e imaginário. O movimento de Antônio Conselheiro foi concretizado? Os conselheristas conseguiram se livrar da extrema pobreza? Partindo dessas ideias, a autora traça um paralelo entre Jesus Cristo e Antônio Conselheiro. Pergunte aos estudantes quais são as aproximações possíveis entre os dois personagens históricos. Na página 31, fechamento do livro, Antônio Conselheiro se despede com o apoio de pesquisadores e professores. Pergunte aos estudantes onde mais podemos encontrar a história de Antônio Conselheiro, e se eles já o estudaram nos livros de história.

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Mão na massa Na seção Vamos começar deste encontro, foi trabalhado o universo do Realismo Fantástico, que, em poucas palavras, pode ser definido como a preocupação estilística e o interesse em mostrar o irreal ou o estranho como algo cotidiano e comum. Partindo dessa ideia, vamos trabalhar com imagens prontas e construção de imagens reais e fantasiar sobre a interpretação delas. Primeiramente, professor(a), separe algumas imagens de lugares reais, mas que retratem uma realidade difícil, como as favelas, os grandes centros urbanos, a seca do sertão, as casas de palafitas ribeirinhas da região Norte do Brasil, os lixões etc. Separe, também, imagens que indiquem beleza, que remetam à ideia de felicidade, amor, símbolos de paz: podem ser nuvens, mãos dadas, desenhos infantis, fotos de bebês etc. Vamos colocar as imagens separadas em duas mesas. Cada estudante vai olhar, primeiro, a mesa com imagens de realidade difícil e deverá escolher uma delas. Vamos fazer alguns questionamentos como: • O que vemos nela? • O que ela passa para quem a observa? • E o que não vemos nela, mas sentimos? • Quais devem ser os sentimentos ou as sensações das pessoas que fazem parte dessa realidade? Quais as outras realidades que ela sugere sem mostrar claramente? Em seguida, pediremos que visitem a outra mesa, propondo uma imagem que dialogue com aquele primeiro ambiente, modificando-o de forma positiva. Cada estudante vai escrever um parágrafo, preferencialmente uma poesia, que relacione as imagens escolhidas. Para concluir a atividade, vamos propor a montagem de uma espiral de versos, unindo os ideais de nossos estudantes, propondo soluções poéticas para as dificuldades constatadas pelo grupo. Em um papel grande, podem ser várias folhas de jornal coladas ou papel quarenta quilos, vamos eleger uma das imagens para ser o ponto de partida dessa espiral e, a partir dele, vamos escrever todos os versos produzidos (vá escrevendo e girando a folha, formando o espiral). Depois que todos os versos forem escritos, deixe a última palavra sem fechar um círculo e mostre aos estudantes que as soluções (poéticas ou não) nunca se esgotam, podem sempre ser reinventadas, repensadas, e é isso que valoriza a capacidade de sermos humanos e o que pode nos diferenciar dos demais seres vivos.

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Momento musical A história de Antônio Conselheiro, o homem que queria mudar a realidade do sertão e da política do país, ficou registrada, não apenas nos livros de História do Brasil, mas no imaginário popular. É muito comum vermos personagens populares ganharem a imortalidade em letras de músicas. Muitos artistas compuseram canções em homenagem a Conselheiro, pela sua história, pela revolução que causou e pelo marco que hoje ele representa, que foi capaz, inclusive, de mudar o mapa da Bahia. O nosso Momento musical será dividido em dois momentos: o primeiro, de fruição. Vamos escutar algumas dessas canções e conversar um pouco sobre como esses artistas retratam nosso personagem. Vamos tentar compreender e discutir qual a visão desses compositores sobre Antônio Conselheiro, que pode ser compreendida por meio das suas músicas. Professor(a), caso queira aprofundar a discussão, pode comparar as letras das músicas com a visão que as pessoas tinham sobre Conselheiro à época de Canudos e com a maneira como os jornais o retratavam. Sugestões de músicas para este momento: Antônio Conselheiro, da banda SeuZé • Link do vídeo (1): https://www.youtube.com/watch?v=qZvl3UGcMU0 • Link da letra (2): http://www.vagalume.com.br/seu-ze/antonio-conselheiro.html Antônio Conselheiro, de Fagner • Letra e vídeo (3): http://letras.mus.br/fagner/253786/ Antônio Conselheiro (a Guerra de Canudos), de Edu Lobo • Letra e vídeo (4): http://www.vagalume.com.br/edu-lobo/antonio-conselheiro-a-guerra-de-canudos.html

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(3) Nosso segundo momento será de composição. Cada estudante deve escolher uma palavra que escutou em alguma das canções que tenha lhe chamado atenção e pensar numa forma de falar essa palavra musicalmente (ritmo, tom, andamento etc.). Cada palavra escolhida se torna, assim, uma célula rítmica, e cada estudante terá uma célula rítmica diferente para trabalhar.

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A nossa função agora é compor musicalmente com essas células, agrupando palavras diferentes, repetindo, ralentando (fazendo mais devagar) ou acelerando etc. Para isso, em roda, primeiramente, cada um mostrará a célula que criou. Depois o(a) professor(a) elegerá um maestro, que ficará no centro da roda, escolhendo quem falará/cantará a sua palavra em qual momento. Se a turma for muito grande, o(a) professor(a) poderá dividi-la em duas rodas, cada uma com seu maestro. Os maestros também poderão ser trocados, após algum tempo, para que mais de um estudante tenha a oportunidade de experimentar. A ideia é experimentar, portanto, não se acanhem e divirtam-se!

Descobrimento O mundo conheceu utopias que se realizaram. Mandela, Gandhi e Leymah já foram taxados de loucos, como Antônio Conselheiro. Hoje, Mandela é símbolo de luta por justiça, Gandhi é sinônimo de paz, e Leymah, de direitos femininos. Os três foram reconhecidos com o Prêmio Nobel por suas lutas e sua resistência. Você conhece um pouco da história deles? Mahatma (“Grande Alma”) Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869, em Porbandar, Índia, onde passou a infância e a adolescência. Cursou Direito em Londres e trabalhou um tempo na África do Sul, onde teve contato direto com a discriminação social e atuou em defesa da minoria hindu. De volta à Índia, iniciou uma campanha pela paz entre hindus e muçulmanos, que viviam em conflito, e foi o líder do movimento de independência do país, atuando contra o domínio britânico. Por suas posições e sua influência, foi preso diversas vezes pelos ingleses. Sua trajetória é marcada por ter sempre respeitado o princípio do Satyagraha, forma não violenta de protestar e revolucionar. Mandela nasceu em 1918, em Umtata, um bantustão delimitado pelo governo da África do Sul, isto é, um enclave autogovernado pelos nativos. À época, o país era regido pelo Apartheid, uma política de separação e segregação dos negros pelos brancos, que tinham privilégios por conta da cor de sua pele. Mandela, na universidade, começou sua atividade política em um movimento estudantil não violento e manteve esse posicionamento pacífico até que as leis segregacionistas acirraram. Por sua luta “contra a dominação branca e contra a dominação negra”, Mandela foi acusado de tentativa de golpe de Estado violento e condenado à prisão perpétua em 1964. Ele só seria libertado em 1990. Depois de solto, Mandela foi presidente da República e reconhecido defensor da igualdade.

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Outra militante pacifista importante é Leymah Roberta Gbowee, nascida em 1 de fevereiro de 1972, na zona central da Libéria. Ela criou um movimento social de mulheres e contribuiu para acabar com a guerra civil que assolou seu país entre 1989 e 2003. Em 2011, ganhou o Prêmio Nobel da Paz, dividindo-o com Ellen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria, e Tawakkol Karman, jornalista do Yemen, que também participaram de lutas não violentas para garantir às mulheres o direito ao trabalho, à paz e à segurança. É conhecida no cenário internacional como Guerreira da Paz e, além do Nobel, coleciona inúmeras honrarias ligadas a movimentos pacifistas.

Navegando na internet Assista com os estudantes ao filme-documentário Utopia e Barbárie, do diretor Silvio Tendler, que perpassa pelos acontecimentos mais marcantes da segunda década do século XX. Converse com eles sobre as diferentes utopias e como elas foram sufocadas, traçando um paralelo com a história de Antônio Conselheiro.

Glossário Degolado – Que teve a garganta cortada. Destronado – Retirado do trono. Entoando benditos – Cantando em tons altos palavras de conforto e louvor. Estigmatizado – Marcado, rotulado, taxado. Ilusão – Esperança que não aconteceu, engano. Infligindo penitências – Impondo um castigo. Murmurar – Sussurrar, falar baixo. Peregrino – Viajante de longas terras. Tremulam – Que tremem no ar.

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FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO Percurso Livre Língua Portuguesa Ensino Fundamental O Sertão do Conselheiro Antônio – Luciana Savaget

Supervisão Geral Vilma Guimarães Coordenação Pedagógica Célia Farias Maria de Fátima Gabriel Tereza Farias Equipe de Conteúdo Sandra Portugal (Coord.) José Henrique de Oliveira Equipe de Materiais Helena Jacobina (Coord.) Anne Rocha Jacqueline Barbosa Paula Reis

Redação Adriana Xerez Gabriela da Fonseca Edição Graviola Promoções e Eventos Revisão de Texto Marcela Lima Ilustração Lula Palomanes Projeto Gráfico Refinaria Design



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