Revista FundsPeople maio e junho 2024

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ENTREVISTAS

JOHN FOGARTY, ALLIANCEBERNSTEIN

ANDREW PAISLEY, ABRDN

LEGISLAÇÃO

A CARTEIRA EUROPEIA DE IDENTIDADE

DIGITAL: IMPLICAÇÕES

GESTÃO

A DEFINIÇÃO DE CONVICÇÃO: UMA FACA DE DOIS GUMES?

COM ESTILO

O FILME EL SECRETO DE SUS OJOS

LAKE DISTRICT: VIAGEM AO CORAÇÃO INGLÊS

40 MIL MILHÕES DE EUROS

O PATAMAR DE CONSOLIDAÇÃO

DO MERCADO PORTUGUÊS DE FUNDOS ESTRANGEIROS

ULTRAPASSADA A BARREIRA DOS 40 MIL MILHÕES, PARECE QUE O MERCADO ATINGIU UM PLATEAU E OS MÁXIMOS DE 2021 NÃO VOLTARAM

A SER ATINGIDOS. CONTUDO, FICA CLARO QUE OS FUNDOS E ETF INTERNACIONAIS VIERAM PARA FICAR.

NÚMERO 56 MAIO E JUNHO 2024 6€

DWS Concept Ka ldemorgen

Well-mixed - décadas de experiência na nestão de investimentos

Os fundos multi-ativos diversi cam o capital através do investimento em várias classes de ativos como açcões, obrigações ou moedas. Esta exibilidade na alocação de capital entre as classes de ativos dos fundos permite aos seus gestores mitigar o impacto da actual volatidade do mercado. Desta forma, maximizam-se as potenciais oportunidades de mercado ao mesmo tempo que se gere o seu risco.

O DWS Concept Kaldemorgen oferece-lhe um elevado grau de exibilidade através da combinação de classes de ativos e de uma rigorosa gestão de risco. Saiba mais.

Investos compor tam riscos

Descubra mais

A distribuição a investidores privados/retalhistas é proibida. Este documento destina-se a ser uma comunicação de marketing. DWS é a marca sob a qual o DWS Group GmbH & Co KGaA e as relevante Não pode haver garantías que qualquer meta ou objectivo de investimento pode ser alcançado As previsões baseiam-se em hipóteses, estimativas, opiniões e modelos ou análises e antes da data deste documento pode não ser adequado para todos os investidores. Todos os investidores e antes de qualquer negociação ou transacção deverá tomar medidas para garantir que compreenda totalmente a transacção e que tenha efectuado uma análise independente sobre a adequação da transacção Análise independente da adequação da transacção aos seus próprios objectivos e circunstâncias, incluindo os potenciais riscos e benefícios de par ticipar na transacção Pode obter as informações acima referidas acima por via electrónica ou em cópia impressa gratuita do seu consultor
Comunicação de marketing CRC 097819. Agosto 2023

EDI TO RIAL Q

SE

ATÉ AQUELES

QUE JÁ TÊM TUDO APARENTEMENTE CONQUISTADO

QUEREM FAZER

MAIS E MELHOR, NA INDÚSTRIA

FINANCEIRA ISSO NÃO É EXCEÇÃO.

CHEGOU A ERA DA APRENDIZAGEM

AOS PROFISSIONAIS DA GESTÃO DE ATIVOS.

THE LEARNING TOUR

uão frenético pode ser juntar 60.000 pessoas a ouvir e a cantar as mesmas músicas? Parece algo quase transcendental, esta comunhão de valores imaginados, pois onde está escrito que gostar da música x ou y nos passa um atestado de pertença?

Quando comecei a perceber que a Taylor Swift ia para lá das purpurinas, das letras rosa chiclete, do shake it off, shake it off… acho que foi tarde. Não deu para voltar atrás: tinha um pleasure ao qual queria tirar a etiqueta de guilty, e acho que já consegui. O álbum Folklore da cantora norte-americana foi a tecla de desbloqueio deste pequeno problema. Um álbum com histórias imaginadas, com personagens ficcionais, que se interligam entre si, e com uma sonoridade singela, que contrasta com outros trabalhos da cantora e autora. No meio de 60.000 pessoas, em Lisboa, antes de tocar o conjunto de canções dedicadas a este álbum, Taylor Swift fez uma declaração de interesses. “Queria agradecer-vos pelo apoio com este álbum. Enquanto o escrevia, temia que não o aceitassem tão bem como os outros, por ser algo tão diferente. E isso não aconteceu… pelo contrário. Obrigada por me permitirem fazer coisas diferentes!”, disse.

É interessante uma estrela tão mediática ter consciência de que a aprendizagem e a saída da zona de conforto é essencial para crescer e ser-se melhor. A propósito, nesta edição da Revista, dedicamos algumas páginas a perceber como é que a gestão de ativos está a aprender a navegar no mundo do machine learning, da inteligência artificial e dos dados. Mais: conhecemos algumas das caras da gestão de ativos que se têm dedicado a juntar ao seu know how financeiro, aprendizagem nestes temas. Também numa entrevista, o presidente da CFA Society Portugal, sublinha este ponto. Mais do que nunca é essencial valorizar a formação e as qualificações dos profissionais desta área, pois as novas fontes de dados vão exigir competências que outrora não eram necessárias.

E porque olhando para o passado também se aprende sempre bastante, trazemos-lhe uma análise a antecipar o que pode trazer para os mercados o embate Trump vs. Biden (embora sem referências ao tão falado impacto que Taylor Swift ainda pode ter nestas eleições). Por fim, uma menção ao tema de abertura desta edição, em que num trabalho de análise profunda da FundsPeople, se olha para o montante de investimento que existe em fundos estrangeiros em Portugal. Um trabalho de apuro, em que também ao longo dos anos se foi aprendendo, juntando mais insights, e que revela um valor simpático e consolidado, mas com espaço para crescer.

Em mais um daqueles vaticínios pouco credíveis, Ellon Musk disse por estes dias que a IA vai cumprir a maioria das funções desempenhadas por humanos. Mas será que uma máquina conseguirá colocar um estádio inteiro ao rubro? Duvido. É como diz Taylor Swift, em Marjorie: “Never be so kind, you forget to be clever. Never be so clever, you forget to be kind”.

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 3
56 I MAIO E JUNHO
MARGARIDA PINTO Editora Portugal

ÍN DI CE

PANORAMA

16 FÓRUM APFIPP

Expetativas dos setores de gestão de ativos e de fundos de pensões relativamente ao novo ciclo político

TENDÊNCIAS

24 CAPA

40 mil milhões de euros: o patamar de consolidação do mercado português de fundos estrangeiros

30 ESTRATÉGIAS

Granolas vs. Sete Magníficas

34 ADVISORY

O papel da IA na análise ESG: moldando o futuro dos investimentos sustentáveis

38 PLANIFICAÇÃO FINANCEIRA

Oito ideias sobre PPR nas empresas

42 ESTRATÉGIAS II

Biden vs. Trump: impacto das eleições norteamericanas nos investimentos

45 GESTÃO

A definição de convicção

50 FUNDSERVICES

Dados, o petróleo do século XXI: como é que os profissionais se formam para o aproveitar?

54 LEARNING

Desdolarização global: mito e realidade

58 LEGAL

A Carteira Europeia de Identidade Digital: implicações para o setor financeiro

ENTREVISTAS

60 GURU

John Fogarty

64 GESTOR PORTUGUÊS

Pedro Barata

66 GURU

Sander Bus

70 DISTRIBUIDOR

Nuno Vilar Gomes

72 GURU

Andrew Paisley

76 5 MINUTOS

Marcos Ribeiro

PRODUTOS

78 COMPARATIVA

Os argumentos a favor do crédito corporativo

84 ISR

O lado + sustentável dos fundos de ações com Rating FundsPeople 2024

88 ALTERNATIVOS

Hedge funds num contexto de taxas de juro mais elevadas

92 EMERGENTES

Argentina de Milei procura recuperar a atratividade para os investimentos

96 INSTITUCIONAL

60 76 64

Fundações portuguesas: as carteiras de investimento ao serviço da sociedade

100 ETF

O alfa entra em jogo no mundo dos ETF

OUT OF OFFICE

104 ESTILO

El secreto de sus ojos: a história de como determinados eventos de vida moldam a nossa personalidade

106 VIAGEM

Uma viagem ao coração inglês, por montanhas, lagos, bolachas de gengibre e coelhos

72

4 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
66 70
56 I MAIO E JUNHO 2024

CO LABO RA DO RES

CONTRIBUTOS

56 I MAIO E JUNHO 2024

JOÃO PRATAS

Presidente, APFIPP

Expetativas dos setores de gestão de ativos e de fundos de pensões relativamente ao novo ciclo político que se inicia

TIAGO FREIRE DE ANDRADE

Co-fundador, Lynxai

O Papel da IA na análise

ESG: moldando o futuro dos investimentos sustentáveis

LUÍS LOBO JORDÃO

CEO, Stoik

Oito ideias sobre PPR nas empresas

ANDRÉ FILIPE D’ALMEIDA

Especialista em Soluções de Investimento, Santander AM Biden vs. Trump: o impacto das eleições norte-americanas nos investimentos

TOMÁS GARCÍA-PURRIÑOS

Gestor, Santander AM Desdolarização global: mito e realidade

FILIPE DE OLIVEIRA CASQUEIRO E MIGUEL DIAS MESQUITA

Associado e estagiário no Departamento de Tecnologia, Media e Telecomunicações, SRS Legal A Carteira Europeia de Identidade Digital: implicações para o setor financeiro

LEONARDO ESPÍRITO SANTO

Gestor de carteiras, Fidelidade Uma viagem ao coração inglês, por montanhas, lagos, bolachas de gengibre e coelhos

RUBEN TIAGO SILVA

Financial advisor, equipa Wealth Solutions, BPI GA El secreto de sus ojos: A história de como determinados eventos de vida moldam a nossa personalidade

Nota de redação

• Primer Decil Consultores y Editores S.L. informa-o que os seus dados de carácter pessoal, obtidos na sua condição de subscritor da revista FundsPeople fazem parte do ficheiro 397084/2010 inscrito na Agência Espanhola de Proteção de Dados, sendo os mesmos apenas utilizados para os fins de envio desta revista e outras informações sobre produtos e/ ou atividades da entidade e/ou daquelas com as quais sejam celebrados acordos, assim como produtos e/ou atividades

de patrocinadores e/ou colaboradores da revista e/ou da entidade, incluindo-se o envio de comunicações comerciais através de meios de comunicação à distância, efetuando, de igual modo, resumos estatísticos e/ou históricos. O leitor tem reconhecidos os direitos de acesso, retificação, cancelamento e oposição dos seus dados pessoais mediante comunicação individual que deverá enviar para o seguinte endereço de correio eletrónico: protecciondatos@fundspeople.com

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entidades consideradas como contrapartes elegíveis ou investidores profissionais, ao abrigo da legislação aplicável. A informação sobre instituições de investimento coletivo ou outros instrumentos financeiros, constante da FundsPeople é apresentada unicamente com fins informativos e ilustrativos e nunca deve ser interpretada como uma oferta de venda ou uma recomendação de investimento. A informaçao não constitui uma descrição completa das instituições de investimento coletivo ou de outros instrumentos financeiros, mercados, ou desenvolvimentos a que se faz referência.

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 5
DO MÊS
16
38
42
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54
104
106
58

DI RE TÓ RIO

ÍNDICE DE EMPRESAS 56 I MAIO E JUNHO 2024

3

abrdn 12, 72, 84

Acatis 8, 12

Aegon Asset Management 12 Ageas Pensões 16

Algebris Investments 12

AllianceBernstein 12, 20, 60, 84

Allianz Global Investors 12, 20, 92

Amchor IS 88

Amundi 8, 12, 20, 30, 84, 100

APFIPP 16, 24

Aquantum Group 20 Arcano 12 Atlantic 16 AXA IM 12, 100

Banco Carregosa 50 Bankinter 16, 50

BlackRock 12, 20, 30, 42, 78, 84

BNP Paribas AM 12

BPG 50, 96 BPI Gestão de Ativos 16, 30 BPI Vida e Pensões 16

Advisory 12

Geral de Depósitos 96 Caixa Gestão de Ativos 16, 30, 45

12, 84

Group 8, 12

CEO

FERNÁNDEZ gonzalof@fundspeople.com

EDITORIAL

MARGARIDA PINTO, editor Portugal margarida.pinto@fundspeople.com

NATIONAL

CATARINA VINAGRE, reporter catarina.vinagre@fundspeople.com

ANA GARCEZ , reporter ana.garcez@fundspeople.com

INTERNATIONAL

GRETA BISELLO, reporter greta.bisello@fundspeople.com

FILIPPO LUINI, reporter filippo.luini@fundspeople.com

OSCAR RODRÍGUEZ, reporter orodriguez@fundspeople.com

REGINA RIVERA, reporter regina.webb@fundspeople.com

ANALYSIS

MIGUEL RÊGO, global head of Analysis miguel.rego@fundspeople.com

JOÃO MATOS, fund analyst joao.matos@fundspeople.com

OPQ

DIANA PEREIRA, fund analyst diana.pereira@fundspeople.com

SOLUTIONS & INNOVATION

CATARINA VINAGRE, manager Data Content Solutions catarina.vinagre@fundspeople.com

DIANA PEREIRA, manager ESG Solutions

MARIA FOLQUE, head of Sustainability mfolque@fundspeople.com

LAURA REY, co-head of Learning Irey@fundspeople.com

DATA

RAQUEL ALONSO, head of Data raquel.alonso@fundspeople.com

SALES

ÍÑIGO IMBERT, head of Sales iimbert@fundspeople.com

BEATRIZ DÍEZ-BARTUREN, senior sales beatrizdiez@fundspeople.com

JORGE ROMERO, senior sales jorge@fundspeople.com

TALENT & ORGANIZATIONAL DEVELOPMENT

JAVIER BLANCO, head of Talent, Organization & Change. javier.blanco@fundspeople.com

ALICIA FRAGIO, Business & Financial Controller alicia.fragio@fundspeople.com

FINANCE, OPERATIONS & STRATEGY

SANTIAGO FRANCO, head of Finance, Operations & Strategy santiago.franco@fundspeople.com

GONZALO RIAÑO, gonzalo.riano@fundspeople.com

CONSULTANT

ANTONIO SALIDO, CEO, NUVIX CONSULTING SL

DESIGN

ANTONIO CAPA & RODRIGO PÉREZ, KEMBEKE ESTUDIO PHOTOGRAPHY

VITOR DUARTE

MÁXIMO GARCÍA (HEAD OF PHOTOGRAPHY) OJIPLÁTICO

TRANSLATIONS ANA GARCEZ

CRISTINA JAOUEN, FULLY INVESTED TRANSLATION, EDITED BY por © Primer Decil Consultores y Editores S.L.

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6 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
ABC
Comma Capital SCR - S.A. 16
Bankinter GA- Suc. Portugal 16 BBVA AM 12 BBVA Fundos 16 BIZ Capital 16
Blue Marlin Asset Management 16 Bluebay AM 12
BNY Mellon IM 12, 45 Bondstone 16
Candriam
Capital
Carmignac 8, 12, 30 Carregosa 16 Casa de Investimentos 16 CGD Pensões 16 Civilria Gestão de Ativos 16 Columbia Threadneedle Investments 12, 84 Comgest 12, 30, 84 Credit Suisse AM 84, 96 Crédito Agrícola Gest 16, 50, 70 Crédito Agrícola Vida 16 DEF DNCA Investments 12 DPAM 84 DWS 8, 12, 20, 45 Eastspring Investments 12 Edmond De Rothschild AM 12 Eleva 12, 30 Epsilon Capital 12, 92 Fidelidade 16 Fidelity International 12, 30, 84, 100 Finprop Capital 16 Flossbach von Storch 8, 12 Franklin Templeton Investments 8, 12, 20, 84, 100 Fulcrum 8, 13 Fund Box - SGFII 16 Fundiestamo 16 Fundsmith 45 Futuro 16
GAM 12 Gef 16 Gesfimo 16 GFM Gestão de Ativos 16 GNB - SGFP 16 GNB Gestão de Ativos 16, 50, 64, 96 Golden SGF 16, 24 Goldman Sachs AM 12, 30, 42, 88, 96 Guardcap 45, 84 Haitong Asset Management 16 Handelsbanken Asset Management 20 Heed Capital 16 HSBC 100 IM Gestão de Ativos 16 IMGA 30 Imofundos 16 Imopolis 16 Imorendimento 16 Indosuez WM 70 Institutional Investment 16 Insula Capital 16 Interfundos 16 Invesco 12, 20, 78, 84 Invest Gestão de Activos 16 IQ-EQ 16 iShares 20
J.P. Morgan AM 8, 12, 20, 84, 88, 96, 100 Janus Henderson 12, 30, 78, 92 Julius Baer Group 92 Jupiter AM 12, 84, 92 Lazard AM 12, 84 Libertas 16 Lifento 16 Lombard Odier 20 Lumyna Investments 12 LYNX Asset Managers 16 Lyxor 20 MN M&G Investments 12, 92 Man Group 12, 20 MFS IM 8, 12 Montepio Gestão de Activos 16, 30, 50 Morgan Stanley IM 12, 45, 78, 84 Morningstar 12, 45, 78, 84, 100 Muzinich 12 Nativa Capital 16 Natixis IM 12, 20, 100 Neuberger Berman 12 Ninety One Fund Managers 12 Nordea AM 12, 96 Norfin 16 novobanco 96
Brown
Caixa
GHI
JKL
Oddo BHF Asset Management 8, 12 OFI AM 12, 24 Optimize Investment Partners 16 OXY Capital 16 PICF - SGOIC 16 Pictet AM 12, 20, 84, 96 PIMCO 12, 20, 100 Point Capital Partners 16 Polar Capital 84 Predipalma 16 Profile - SGFIM 16 RST RAM Active Investments 12 Real Vida Seguros 16 Refundos 16 Rimon Investments 16 Robeco 12, 66, 96 Ruffer 12 S.G.F.P. Banco de Portugal 16 Santander AM 16, 30, 96 Santander Pensões 16 Schroders 12, 20, 30, 78, 84, 92, 96 Seilern 45 Sierra IG 16 Silar - SICAFI, SA 16 Silvip 16 Sixty Degrees 16 Southcap 16 SPX Portugal 16 Square Asset Management 16 State Street 42 StatusDesafio Capital 16 T. Rowe Price 12, 84 TF Turismo Fundos 16 Tikehau IM 12, 16 Tritemius 88 UWXYZ UBP 12, 84, 92 UBS AM 12, 20, 96 Union Investment 20 Valadim Investimentos 16 Vanguard 20, 100 Victoria - Seguros de Vida, SA 16 Vila Gale Gest 16 Violas Ferreira - SICAFI, SA 16 Vontobel AM 12, 78 Wellington Management 12 Wells Fargo AM 42 William Blair Funds 12 WisdomTree 20 Xtrackers 20, 100
GONZALO

Período de recolha de dados: de 24/04/2024 a 24/05/2024, em fundspeople. com/pt/

PROFISSIONAIS

EMPRESAS

PRODUTOS

PANORAMA O MAIS VISTO EM
PT
José Maria Cazal Ribeiro Julius Baer Francisco Louro Bluecrow Capital Francisco Falcão Castro Hawkclaw Capital Advisors Miguel Lucas Oxy Capital
Casa
Investimentos BPI
Invest
Activos
Francisco Carneiro Lisbon Family Office
de
Gestão de Ativos
Gestão de
Golden
Bluecrow
IM
Edmond
Rothschild AM GNB Gestão de
Caixa Gestão de Ativos SGF CMVM
Capital
Gestão de Ativos
de
Ativos
CA Património Crescente - Fundo de Investimento Imobiliário Aberto
Ações Líderes Globais - Fundo de Investimento Mobiliário Aberto de Ações
Ribeiro PPR/OICVM Bankinter Rendimento PPR/ OICVM PIMCO GIS Income Fund GNB Obrigações Europa - Fundo de Investimento Mobiliário Aberto de Obrigações JPMorgan Funds - Global Focus Fund Acatis Value Event Fonds BlackRock Global FundsWorld Technology Fund Allianz Global Investors Fund - Allianz Cyber Security
Caixa
Alves
Nuno Serafim 3 Comma Capital SCR Gonçalo Mendes de Almeida Haitong Eduardo Monteiro BPI Gestão de Ativos Nicolas Da Rosa DPAM
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 7
Nuno Pereira Sixty Degrees Asset Management

INFLAÇÃO A INFLUENCER QUE NÃO SAI DE CENA #WAITINGCUTS

Enquanto as ações norte-americanas atingem um novo máximo desde o final de 2022, as obrigações soberanas foram as que mais cresceram na classe obrigacionista e as que apresentam maior alocação média a final do trimestre. São ajustes face às expectativas (moderadas) dos cortes de taxas de juro que tardam em chegar.

Capital Group Global Allocation Fund (LUX) Moderate Allocation

Carmignac Patrimoine Moderate Allocation

Franklin Diversified Balanced Fund

Moderate Allocation

JPMorgan Investment Funds - Global Income Fund Moderate Allocation

MFS Meridian Funds - Prudent Capital Fund Moderate Allocation

Acatis Value Event Fonds

DWS Concept Kaldemorgen

Flossbach von Storch - Multiple Opportunities II

Amundi Funds - Global Multi-Asset Conservative

ODDO BHF Exklusiv: Polaris Dynamic

Flexible Allocation

Flexible Allocation

Flexible Allocation

Cautious Allocation

Aggressive Allocation

https://shorturl.at/tGM45

A ferramenta de pesquisa de fundos permite ver os critérios do Rating FundsPeople que cumpre cada um dos fundos assim distinguidos em 2024, em Portugal, Espanha e Itália

A carteira Smart Consensus é composta por fundos das categorias Mistos Moderados e Mistos Flexíveis que em 2023 cumpriam pelo menos um dos três critérios para ser classificado com Rating FundsPeople nos três países analisados (Portugal, Espanha e Itália). O resultado é uma carteira composta por 10 fundos multiativos com o mesmo peso. Fonte: FundsPeople e Morningstar Direct.

FUNDO CATEGORIA
CARTEIRA SMART CONSENSUS FUNDSPEOPLE 2024
PANORAMA SMART CONSENSUS 8 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO

s dados macroeconómicos continuam a ser os principais elementos dinamizadores da atividade nos mercados financeiros. Isso inclui as declarações dos bancos centrais sobre as ações a tomar no que diz respeito às taxas de juro. Se houve quem no ano passado falasse em sete cortes para este ano, tal vislumbra-se muito improvável de acontecer. A inflação acima do esperado, particularmente nos Estados Unidos, levou os investidores a moderar as expectativas. Neste contexto, Julie Dickson, diretora de Investimentos da Capital Group, admite que o fundo da entidade na carteira do Smart Consensus incorpora ações que resultam de “um conjunto de empresas que tendem a ser resistentes em ambientes inflacionistas”. Também sobre este tema, o gestor do Franklin Diversified Balanced Fund, Matthias Hope, refere que “apesar de um ambiente de inflação mais complexo, as tendências macroeconómicas continuam a favorecer uma inclinação estabelecida para os ativos de risco”.

MAIS AMÉRICA DO NORTE

No que respeita à distribuição por classe de ativos dos fundos que compõem o Smart Consensus, não se registam alterações significativas face à análise anterior. A maior é mesmo a queda em 0,2 pontos percentuais da alocação a instrumentos de liquidez. A componente acionista continua a dominar, com 51,45%, seguido das obrigações com 34,08%.

Focando na classe acionista, a tendência mantém-se, e as ações norte-americanas representam, a final de março, quase metade da alocação da carteira, com 48,59%, o valor mais alto desde dezembro de 2022. Matthias

DISTRIBUIÇÃO POR ATIVOS

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA COMPONENTE DE AÇÕES

EUROPA (INCLUI REINO UNIDO) AMÉRICA DO NORTE (EUA E CANADÁ)

EMERGENTES (INCLUI PAÍSES ASIÁTICOS DESENVOLVIDOS) ÁSIA DESENVOLVIDA E AUSTRÁLIA

ALOCAÇÃO DA COMPONENTE DE OBRIGAÇÕES

70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M 2022 2023 2024 A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M 2022 2023 2024 A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M 2022 2023 2024 A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M 2022 2023 2024
OBRIGAÇÕES
LIQUIDEZ E OBRIGAÇÕES A CURTO PRAZO OUTROS (DIVISAS, ALTERNATIVOS E IMOBILIÁRIOS)
AÇÕES
CORPORATIVAS SOBERANAS CASH OUTRAS
51,45 34,08 9,54 4,93 38,25 25,58 48,59 33,08 3,87 29,26 9,29 12,07 MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 9
O

A OPINIÃO DE

“Continuaremos a procurar empresas de elevada qualidade capazes de navegar no clima económico e financeiro, através do crescimento orgânico das receitas, bem como capazes de demonstrar liderança no mercado e com preços atrativos”

MATTHIAS HOPE

Gestor do Franklin Diversified Balanced Fund

“Cerca de 7,5% da carteira do fundo representam outros investimentos, como participações em energia verde, infraestruturas sociais, obrigações catástrofe e uma estratégia de cobertura da carteira contra acontecimentos extremos”

Hope revela que o fundo que gere tem atualmente uma maior exposição a ações, mas através de opções, por exemplo, no Japão, “o que nos dá um perfil de risco-recompensa mais favorável, isto é, o fundo perderá menos se os mercados caírem”, explica. Também aqui Julie Dickson se encontra otimista. A alocação a ações no Capital Group Global Allocation Fund (LUX) situa-se agora nos 66% e com uma “exposição significativa à revolução digital, através de empresas de semicon-

dutores, como a Broadcom e a TSMC, software e serviços, tais como a Microsoft e a Constellation Softwarem, bem como de hardware”. Para além destes, Julie Dickson menciona ainda o setor da saúde, onde vislumbra oportunidades interessantes para o futuro, já que, na sua perspetiva, “é um setor que beneficia de vastos mercados-alvo, com uma menor volatilidade dos lucros, de elevadas barreiras à entrada e de um número acelerado de medicamentos aprovados nos últimos anos”.

OBRIGAÇÕES SOBERANAS

Na componente de rendimento fixo, há registo de um aumento de 2,4 pontos percentuais nas obrigações soberanas, a final de março. De acordo com a diretora de Investimentos da Capital Group, a par com as obrigações de investment grade, o investimento em dívida soberana de alta qualidade permite que os investidores “possam usufruir de rendimentos relativamente atrativos sem assumirem um risco excessivo”. Outra vantagem que aponta é “a menor correlação com as ações, proporcionando assim benefícios de diversificação”. O gestor da Franklin Templeton espera também vir a beneficiar de um desempenho superior relativo da dívida soberana europeia face às taxas de juro dos Estados Unidos, consistente com um crescimento económico fundamentalmente mais forte na América do Norte e com uma inflação mais rápida a diminuir na zona euro”.

Já no que diz respeito à duração, Julie Dickson admite, para já, uma posição neutra no fundo, enquanto o gestor do Franklin Diversified Balanced Fund revela estarem à espera da melhor oportunidade para aumentar a duração da carteira”, já que “a Fed e o BCE vão reduzir as taxas de juro, mesmo que mais tarde do que o previsto”, conclui.

A DESINFLAÇÃO IMEDIATA CONDUZIRÁ A CORTES DAS TAXAS DE JURO DURANTE O VERÃO

As economias dos EUA, da Europa e do Reino Unido estão preparadas para cumprir a sua promessa de alcançar uma desinflação imediata. A mudança de rumo da economia americana, iniciada no ano passado, foi a mais espetacular, enquanto as economias britânica e europeia estagnaram. Não obstante, a inflação diminuiu em todo o mundo desenvolvido e a inflação salarial continua no mesmo caminho.

O baixo número de desemprego eliminou a pressão que recai sobre os bancos centrais, para começarem a fazer cortes urgentes de taxas. Já observamos claros indícios de que a inflação salarial está no mesmo caminho para se ajustar aos objetivos de inflação dos bancos centrais.

Por conseguinte, prevemos que os cortes das taxas de juros serão maiores do que o que os investidores descontam neste momento.

O retrocesso da inflação e a descida das taxas de juro vão favorecer as rentabilidades das obrigações e das ações. Desta forma, as ações também serão beneficiadas pelo impulso económico que derivar desses mesmos cortes de taxas.

No entanto, as valorizações relativas são favoráveis para as obrigações.

STEVEN BELL
RAP T REN PAR T NER
Economista-chefe na região EMEA, Columbia Threadneedle Investments
A OPINIÃO DE
PANORAMA SMART CONSENSUS 10 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO

em

privados da UBS AM

A desintermediação do crédito

No campo dos ativos alternativos, a dívida privada emergiu à medida que passou por uma rápida evolução e agora está a beneficiar do que muitos chamam de “momento de ouro”. Num contexto de subida das taxas de juro, a resiliência da dívida privada continua a ser notável, oferecendo elevados retornos e atraindo o interesse dos investidores. No entanto, estão a surgir algumas dúvidas sobre o desempenho da dívida privada no futuro, bem como sobre onde se encontram agora as melhores oportunidades, especialmente à medida que os mercados de empréstimos sindicados e obrigações de elevado rendimento recuperam atratividade.

Às vezes, o que parece ser uma perda pode transformar-se num ganho oculto. Foi o que aconteceu durante a crise financeira, quando muitos dos bancos mais poderosos do mundo foram forçados a ficar de fora dos mercados de crédito para fazer face às crescentes perdas de crédito e recuperar os seus balanços. Esta situação suscitou preocupações legítimas de que as linhas de financiamento para empresas com dificuldades financeiras se esgotassem e exacerbassem a turbulência económica prevalecente.

Em vez disso, porém, a lacuna deixada pelos bancos foi gradualmente preenchida pelos investidores institucionais, à medida que começaram a fornecer capital diretamente às pequenas e médias empresas que dele necessitavam, muitas vezes em condições consideradas mutuamente favoráveis. A roda do comércio continuava a girar.

Regulamentos mais rigorosos que regem a liquidez dos ativos e os rácios de capital reduziriam provavelmente a rendibilidade dos capitais próprios (ROE) dos bancos em 2% a 3% para os bancos de média capitalização, ou em 4% a 5% em caso de recessão. Obrigá-los a deter ativos mais líquidos, mas de menor rendimento, também os incentivou a procurar fontes de rendimento baseadas em comissões em áreas como a gestão de fortunas e a banca de investimento, em vez de utilizarem os seus balanços como prestamistas.

O CRESCIMENTO DA DÍVIDA PRIVADA À medida que os bancos continuam a lidar com a pressão de capital e o au-

mento da regulamentação, a provisão de dívida privada – muitas vezes para empresas detidas ou patrocinadas por fundos de private equity – tem sido uma das componentes de crescimento mais rápido dos mercados de capitais por mais de uma década. Agora compete ativamente com fontes de financiamento consolidadas, como os empréstimos sindicados e a dívida high yield: as três fontes representam mercados de cerca de 1,5 triliões de dólares, e a dívida privada deve chegar pelo menos a 2 triliões de dólares até 2027, de acordo com a Moody’s Investors Service.

Embora cada uma das classes de ativos mencionadas acima ofereça um valor mais alto dependendo da situação em que se encontra o mercado, há poucas evidências de uma diminuição no interesse pela dívida privada como fonte de financiamento. Acreditamos que os três mercados continuarão a coexistir e a competir pelo capital. Os patrocinadores tornaram-se cada vez mais sofisticados na comparação da atratividade relativa destes mercados e continuarão a trabalhar para otimizar os custos de empréstimos das empresas da sua carteira.

Além disso, os prestatários podem preferir negociar com um único mutuante, como é frequentemente o caso das operações de dívida privada, em especial se entrarem no mercado com uma operação altamente estruturada, se o empréstimo estiver associado a uma fusão ou aquisição, ou se anteciparem uma possível reestruturação futura. Para além de proporcionarem discricionariedade, estas transações privadas bilaterais também reduzem a volatilidade da avaliação a preços de mercado. Os credores também podem favorecer a dívida privada porque tendem a ter mais proteções nesses negócios e, num mercado volátil, essas proteções são mais importantes.

De facto, há sinais de que o mercado da dívida privada vai crescer ainda mais rapidamente. Como impulso adicional, os reguladores preferem os investidores institucionais que os bancos como mutuantes. Do ponto de vista político, os ativos de risco deverão ser detidos por fundos alinhados em termos de duração e por in-

documento foi elaborado pela UBS AM apenas para fins informativos e

vestidores com perspetivas de longo prazo, tais como fundos de pensões, fundos soberanos e companhias de seguros.

SMALL IS BEAUTIFUL: UM NICHO PRIVADO

Há uma oportunidade significativa de crescimento das operações de dívida privada de maior envergadura para grandes fundo e BDC (Business Development Companies), um tipo de fundo de investimento fechado. O volume e a estabilidade das taxas de rendibilidade, bem como a relativa opacidade e a capacidade tanto do mutuante como do mutuário para negociar condições atrativas são fatores fundamentais, além disso, os reguladores ainda não intervieram no mercado e podem estar dispostos a desviar mais empréstimos dos bancos.

Indiscutivelmente, o mercado das grandes operações foi o que teve maior mercantilização, pois teve que competir com os empréstimos sindicados e títulos de high yield como potencial fonte alternativa de capital para o mutuário ou patrocinador.

Uma redução dos empréstimos entre bancos regionais e de média dimensão vai criar uma grande lacuna que os gestores da dívida privada terão de preencher. Não obstante, o rumo que o mercado de dívida privada tomou desde a crise financeira tem sido distinto, favorecendo áreas dominadas por private equity, como tecnologia, software, serviços e saúde – e operações de empréstimo que ultrapassam os 200 milhões de dólares. Os bancos têm se mantido longe do private equity, empresas mais diversas, inclusive dos imóveis comerciais.

A maioria dos fundos de dívida privada passou os últimos 15 anos recriando efetivamente o negócio de financiamento alavancado do Mid-Market que residia nos bancos de investimento no início dos anos 2000 e, portanto, focados em sourcing, conjunto de habilidades e equipamentos, e emprestarão a empresas cada vez maiores propriedades de fundos de private equity

Essa divergência estimula a inovação, o que poderia ser uma das razões pelas quais grandes fundos de private equity poderão considerar investir ou comprar bancos regionais e de média capitalização.

informações aqui contidas baseiam-se ou foram obtidas de fontes fiáveis, no entanto, não é garantido que sejam precisas ou completas. Portanto, a UBS AM não será responsável por qualquer perda que possa surgir como resultado da confiança em qualquer informação incorreta ou incompleta aqui contida

Este
comerciais. As

DESCUBRA OS FUNDOS COM RATING

São produtos que contam com o destaque dos analistas, sobressaem pela sua consistência ou se distinguem pelo volume de investimento de investidores portugueses.

Num mercado como o nosso, com mais de 3.500 fundos registados para comercialização, o grande desafio é filtrar todo este universo para encontrar as peças que encaixam nas carteiras. Para ajudar, a FundsPeople divulga os fundos com Rating FundsPeople 2024. São 579 produtos que se destacam por um ou vários dos seguintes três critérios:

Destacados pelos Analistas. Fundos que acumulam um mínimo de cinco votos no questionário anual realizado em Portugal, Espanha e Itália, dirigido aos analistas e selecionadores de fundos, sobre os produtos que, na sua opinião, sobressaem pelas suas características únicas. Existem 31 fundos que conseguem o Rating por esta via.

Ativos nas mãos de investidores portugueses. São os fundos mais vendidos no mercado. Incluem-se os produtos com mais de 10 milhões de euros distribuídos no mercado português. Aos produtos locais exigem-se 50 milhões de euros em ativos e também captações líquidas a três anos superiores ou iguais a um quarto dos AuM no fecho do ano: 301 fundos alcançam esta classificação.

Consistentes. A equipa de Análise da FundsPeople, desenvolveu um modelo de seleção próprio para destacar os

produtos mais consistentes em cada categoria, a partir da base de dados da Morningstar Direct, com referência ao final do último ano.

São analisados os fundos registados em qualquer país da zona euro, com uma antiguidade mínima de três anos e um mínimo de 10 milhões de euros de AuM à data de referência da análise. De cada fundo é selecionada uma classe, a mais representativa segundo um conjunto de critérios. Esta classe selecionada será comparada com os restantes fundos da sua categoria através de dois scorecards. No primeiro, são considerados critérios de rentabilidade e volatilidade acumu-

lada a três e cinco anos, e no segundo, dados individuais dos últimos cinco anos civis. Em ambos os casos, a rentabilidade e a volatilidade têm um peso de 65% e 35%, respetivamente. Do modelo resultam os fundos que melhor se situam em ambos os scorecards, sendo que apenas aos fundos registados em Portugal é atribuído Rating FundsPeople. Há 324 fundos que cumprem os critérios.

Apenas 12 fundos conquistam, em simultâneo, os três pilares do Rating FundsPeople 2024. A esses fundos é atribuída menção especial de FundsPeople+.

SÃO 12 OS FUNDOS QUE OBTÊM A DISTINÇÃO MÁXIMA DO RATING FUNDSPEOPLE+ FUNDO CATEGORIA Acatis Value Event Fonds Allocation Algebris UCITS Funds plc - Algebris Financial Credit Fund Fixed Income Comgest Growth Europe Equity DNCA Invest Alpha Bonds Fixed Income DWS Concept Kaldemorgen Allocation Eleva UCITS Fund - Fonds Eleva Absolute Return Europe Equity Eleva UCITS Fund - Fonds Eleva European Selection Equity Fidelity Funds - Global Technology Fund Equity JPMorgan Funds - Global Focus Fund Equity Morgan Stanley Investment Funds - Global Brands Fund Equity PIMCO GIS plc - Income Fund Fixed Income T. Rowe Price Funds SICAV - US Smaller Companies Equity Fund Equity Fonte: FundsPeople, FundsPeople LAB e Morningstar. 12 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PANORAMA BARÓMETRO

OS FUNDOS INTERNACIONAIS BLOCKBUSTER EM PORTUGAL

Para ser considerado um fundo blockbuster, os produtos internacionais devem alcançar os 10 milhões de euros de património distribuído no mercado português. Fonte: gestoras e diferentes entidades distribuidoras.

CT (Lux) European Select

Wellington US Research Equity Fund

Capital Group New Perspective Fund (LUX)

Janus Henderson Global Tech&Inno Fd

GS Eurozone EQ Inc

BGF World Healthscience Fund

T. Rowe Price US Blue Chip Equity Fund

CT (Lux) European Smaller Companies Fund

BGF Sustainable Energy Fund

CT (Lux) American Smaller Companies

Carmignac Pf Long-Short European Eq

AB American Growth

Wellington Emerging Markets Research Eq

GS Emerging Markets Equity Portfolio

MFS Meridian European Research Fund

BGF World Mining Fund

Robeco BP Global Premium Equities

Allianz Global Artificial Intelligence

BGF European Special Situations Fund

BSF European Opportunities Extension Fd

Goldman Sachs Global CORE® Equity Ptf

Janus Henderson Pan European Fund

BGF World Technology Fund

Comgest Growth Europe

Franklin US Opportunities Fund

FTGF RY US Small Cap Opp Fd

MFS Meridian European Value Fund

UBS (Lux) Equity Fund Eurp Opp Sst (EUR)

T. Rowe Price US Equity Fund

BGF European Value Fund

BGF US Flexible Equity Fund

BSF Emerging Markets Equity Strats Fd

Allianz Europe Equity Growth

BGF Continental European Flexible Fund

BGF US Growth Fund

EdRF Big Data

Franklin Technology Fund

FTGF CB Infras Value Fund

Man GLG Japan CoreAlpha Equity

BBVA Global Best Ideas

BGF US Basic Value Fund

GAM Star Continental European Equity

Rowe Price US Smaller Companies Eq Fd

Candriam Sustainable Eq Em Mkts

DWS Invest Croci Japan

DWS Invest CROCI Sectors Plus

Franklin India Fund

Invesco Asian Equity

Lumyna-MW TOPS UCITS Fund

BGF World Financials Fund

CT (Lux) Global Focus

RobecoSAM Smart Energy Equities

BGF World Energy Fund

William Blair US SMID Growth

Allianz China A Shares

Allianz Cyber Security

BNP Paribas Climate Impact

DWS Invest Top Dividend

BNP Paribas Aqua

RAM (Lux) Sys Emg Mkts Equities

RobecoSAM Sustainable Water Equities

abrdn SICAV I - European Sustainable Eq

abrdnI Japanese Sustainable Eq Fd

abrdnII-Eu SmlCo

Amundi Fds Emerging Markets Equity Focus

Amundi Fds Euroland Equity

Amundi Fds Pioneer US Equity Fdmtl Gr

AXA IM Global Equity QI

BNP Paribas Disruptive Technology

Brown Advisory US Equity Growth

DWS Invest Global Infrastructure

Eleva Eleva Abs Ret Eurp

Eleva Eleva European Sel

FF- Global Dividend Fund

FF-Asia Pacific Opportunities Fund

Fidelity America Fund

Fidelity European Dynamic Growth Fund

Fidelity Global Financial Services Fund

Fidelity Global Technology Fund

Fidelity Japan Value Fund

Fidelity Sustainable Consumer Brands

Fidelity Sustainable Health Care

FTGF CB US Large Cap Growth Fund

Janus Henderson Horizon Glbl Pty Eqs Fd

JPM Asia Pacific Equity Fund

JPM Emerging Markets Equity Fund

JPM Euroland Equity Fund

JPM Europe Equity Fund

JPM Global Dividend Fund

JPM Global Focus Fund

JPM Global Healthcare Fund

JPM US Select Equity Fund

JPM US Select Equity Plus Fund

JPM US Technology Fund

JPM US Value Fund

Jupiter European Growth

Jupiter India Select

Lazard Global Listed Infras Eq Fd

Lazard Small Caps Euro SRI

MS INVF Global Brands Fund

MS INVF Global Opportunity Fund

MS INVF Global Property Fund

MS INVF US Advantage Fund

Nordea 1 - Global Climate and Envir Fd

Nordea 1 - Global Stable Equity Fund

Oddo BHF Avenir Europe

Pictet - Clean Energy Transition

Pictet - Global Environmental Opps

Pictet - Global Megatrend Selection

Pictet - Nutrition

Pictet TR - Atlas

Pictet-Premium Brands

Pictet-Robotics

Pictet-Security

Pictet-SmartCity

Pictet-Water

Schroder GAIA Egerton Equity

Schroder ISF EURO Equity

Schroder ISF Global Equity Alpha

Schroder ISF US Large Cap

Templeton Asian Growth Fund

Vontobel mtx Sustainable Emerg Mkts Ldrs

Vontobel US Equity

Wellington Global Quality Growth Fund

lista dos fundos blockbuster do Rating FundsPeople é ordenada pela ordem de grandeza dos ativos sob gestão distribuídos no mercado local à data de 31 de dezembro de 2023. A informação é providenciada pelas entidades gestoras. Na ausência de informação detalhada da entidade gestora, assume-se o mínimo de ativos sob gestão para cumprir o critério blockbuster”.

I FUNDSPEOPLE 13 MAIO E JUNHO
50 100 50 100 50 100 DWS Concept Kaldemorgen BBVA DIF Multi-Asset Moderate EUR Fund UBS (Lux) SF Yield Sust (EUR) GS Alt Beta UBS (Lux) SF Balanced Sust (EUR) Allianz Income and Growth BSF European Absolute Return Fund BGF Global Multi-Asset Income Fund Ninety One GSF Global Multi-Asset Inc Fd BSF Systematic US Eq Abs Ret Fd Janus Henderson Balanced Fund BGF ESG Multi-Asset Fund Invesco Pan European High Income Fund Allianz Dynamic Multi Asset Strat SRI 15 GS Gbl Flex MultAss BGF Global Allocation Fund BBVA DIF Multi-Asset Defensive EUR Fund UBS (Lux) SF Growth Sust (EUR) Carmignac Patrimoine Allianz Dynamic Multi Asset Strat SRI 50 Man AHL Trend Alternative MFS Meridian Global Total Return Fund Allianz Dynamic Multi Asset Strat SRI 75 Lumyna-MW TOPS (Market Neutral) UCITS Fd abrdn SICAV I - Diversified Income Fund Acatis Value Event Fonds Amundi Fds Global Multi-Asset Cnsrv BNY Mellon Global Real Return Fd (EUR) BNY Mellon Global Real Return Fund (USD) Fidelity Global Multi Asset Income Fund Franklin K2 Alternative Strategies Fund FvS - Multi Asset - Defensive FvS Multiple Opportunities II JPM Global Income Conservative Fund JPM Global Income Fund Jupiter Merian Global Equity AbsoluteRet Lazard Rathmore Alternative Fund M&G (Lux) Dynamic Allocation Fund M&G (Lux) Episode Macro Fund M&G (Lux) Income Allocation Fund M&G (Lux) Optimal Income Fd Nordea 1 - Stable Return Fund Ofi Invest Precious Metals Pictet-Multi Asset Global Opportunities PIMCO GIS Dynamic Multi-Asset Fund Ruffer Total Return International Fundos com mais de 10 milhões de euros nas mãos de clientes portugueses.
■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ 02 MULTIATIVOS E ALTERNATIVOS 50 100 50 100 50 100
“A
T.
■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ 01 AÇÕES

OS FUNDOS INTERNACIONAIS BLOCKBUSTER EM PORTUGAL

Para ser considerado um blockbuster, os produtos internacionais devem alcançar os 10 milhões de euros de património distribuído no mercado português. Fonte: gestoras e diferentes entidades distribuidoras.

100

BlueBay Investment Grade Euro Govt Bd Fd

MFS Meridian Emerging Markets Debt Fund

Jupiter Dynamic Bond

Goldman Sachs Green Bond

BlueBay Investment Grade Bond Fund

Janus Henderson Horizon Euro Corp Bd Fd

BNP Paribas Euro Government Bd

Muzinich Enhancedyield Short-Term Fund

Invesco Euro Corporate Bond

FTGF BW Global Income Optimiser Fd Eastspring Inv US Corporate Bond Fund

Candriam Bds Global High Yield

T. Rowe Price US Aggt Bd

BGF China Bond Fund

Muzinich Europeyield Fund

BlueBay Investment Grade Euro Aggt Bd Fd

T. Rowe Price Emerging Local Mkts Bd Fd

Wellington Global Bond Fund

BlackRock Sustainable Fixed Inc Strats

FTGF WA Macro Opportunities Bd Fd

BGF Euro Bond Fund

UBAM Global High Yield Solution

Franklin Strategic Income Fund

BGF Euro Corporate Bond Fund

BGF Global High Yield Bond Fund

BGF Sustainable Global Bond Income Fund

Carmignac Portfolio Flexible Bond

,

de fundos, Carmignac

GAM Star MBS Total Return

Carmignac Portfolio Credit

Epsilon Fund Euro Bond

LSF-Arcano Low Vol Eurp Inc-ESG Sel

Candriam Sustainable Bond Euro Corp

BGF Global Corporate Bond Fund

Muzinich ShortDurationHighYield Fund

abrdn SICAV I - Frontier Markets Bd

abrdnII- Euro Corporate Bond

Algebris Financial Credit Fund

Amundi Fds Emerging Markets Bond

Amundi Fds Global Corporate Bond

Amundi Fds Pioneer Strategic Income

Amundi Fds Pioneer US Bond

AXAIMFIIS Europe Short Duration HY

AXAIMFIIS US Short Duration High Yield

AXAWF Euro Credit Short Duration

AXAWF Euro Credit Total Return

AXAWF Inflation Plus

AXAWF US High Yield Bonds

BNY Mellon Global Credit Fund

BNY Mellon Global Short-Dtd Hi Yld Bd Fd

DNCA Invest Alpha Bonds

Fidelity Euro Corporate Bond Fund

Fidelity Euro Short Term Bond Fund

Fidelity US Dollar Bond Fund

FvS Bond Opportunities

JPM EU Government Bond Fund

JPM Euro Government Short Duration Bd Fd

JPM Global Bond Opportunities Fund

JPM US Aggregate Bond Fund

JPM US Bond Fund

Jupiter Global Emerging Mkts Corp Bd

Loomis Sayles Short Term Em Mkts Bd Fd

M&G European Credit Investment Fund

No atual panorama financeiro dinâmico, é essencial aprofundar as razões e os métodos através dos quais as divisas podem melhorar a alocação de uma carteira global.

A. Podem proporcionar um elevado nível de diversificação, uma vez que refletem as diversas economias subjacentes.

B. Podem beneficiar de tendências estruturais a longo prazo, tais como: a inflação tornar-se cada vez mais cíclica, a revolução verde exercer uma influência crescente na economia mundial, os produtos de base tornarem-se mais voláteis ou mais ricos e os mercados emergentes beneficiarem do nearshoring.

C. Podem ser um importante instrumento de cobertura numa carteira. Através do dólar americano, mas o mesmo se aplica ao iene japonês ou ao franco suíço.

M&G (Lux) Glb Fl Rt HY Fd

MS INVF Euro Corporate Bd - Dur Hgd Fd

MS INVF Euro Corporate Bond Fund

Neuberger Berman Short Dur Em Mkt Dbt Fd

Neuberger Berman Ultra S/T Euro Bd Fd

Nordea 1 - European Covered Bond Fund

Nordea 1 - European Covered Bond Op

Nordea 1 - European High Yield Bond Fund

Nordea 1 - Low Duration Eur Cov Bnd Fund

Pictet-EUR Short Term High Yield

Pictet-Short Term Emerging Corporate Bds

Pictet-USD Government Bonds

PIMCO European Short-Term Opports

PIMCO GIS Emerging Markets Bond ESG Fd

PIMCO GIS Euro Bond Fund

PIMCO GIS Euro Income Bond Fund

PIMCO GIS Global Bond Fund

PIMCO GIS Global High Yield Bond Fund

PIMCO GIS Global Investment Grd Crdt Fd

PIMCO GIS Income Fund

PIMCO GIS Low Average Duration Fund

PIMCO GIS Total Return Bond Fund

PIMCO GIS US High Yield Bond Fund

Schroder GAIA Cat Bond

Schroder ISF EURO Corporate Bond

Schroder ISF EURO Credit Conviction

Schroder ISF EURO Government Bond

Schroder ISF EURO High Yield

Schroder ISF EURO Short Term Bond

Schroder ISF Global Corporate Bond

Schroder ISF Global Credit Income

Tikehau Short Duration Fund

Vontobel Emerging Markets Debt

Vontobel Euro Corporate Bond

Vontobel TwentyFour Strategic Income Fd

D. São um dos ativos mais líquidos que existem, independentemente das condições do mercado.

E. Atualmente, muitas divisas dos mercados emergentes, nomeadamente da América Latina, apresentam um nível elevado de carry, proporcionando um rendimento adicional numa alocação global. As divisas desempenham um papel crucial nos nossos processos de investimento em rendimento fixo macro global e em fundos emergentes, mas é importante reconhecer que estas oportunidades no são acompanhadas de riscos, necessitando de um research meticuloso, ferramentas sofisticadas, estratégias eficazes de gestão do risco e uma compreensão diferenciada da dinâmica do mercado.

EXPLORAR A DINÂMICA E O IMPACTO DAS DIVISAS A OPINIÃO DE RAP T REN PAR T NER ABDELAK
Gestor
14 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PANORAMA BARÓMETRO
ADJRIOU
50
50 100 50 100
Euro
Euro Short Duration Bond Fund
Fund GS
Cred Franklin
Local
Floating Rate
BGF Emerging Markets
Ccy Bd Fd Candriam Bonds
Notes
BGF Euro Short Duration Bond Fund RobecoSAM Euro SDG Credits Aegon European ABS Fund GS US Credit
■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ 02 FIXED INCOME

Investimos com dedicação

Focados na saúde das empresas

AB International Health Care Portfolio

Num ambiente de mercado incerto, o sector da saúde pode oferecer oportunidades interessantes aos investidores graças à sua resiliência. As alterações demográficas e o aumento da procura global tornaram-no menos vulnerável às condições macroeconómicas. Além disso, graças à inovação, às avaliações favoráveis e ao aumento da rentabilidade, o sector tem também um bom potencial de crescimento. Em vez de perseguir as últimas descobertas científicas, a equipa do AB International Health Care Portfolio pretende descobrir empresas com um potencial de retorno atrativo através de uma análise aprofundada da sua solidez. Adoptamos uma abordagem orientada, investindo em empresas que acreditamos estarem destinadas a prosperar, tanto hoje como no futuro.

alliancebernstein.com/go/healthcare-pt

Esta é uma comunicação promocional. Exclusivamente para profissionais de investimento. Não se destina a distribuição ou consulta pelo público em geral. O valor de um investimento pode diminuir ou aumentar e os investidores podem não recuperar o valor total investido. O capital está em risco.

Esta informação é publicada pela AllianceBernstein (Luxembourg) S.à r.l. Société à responsabilité limitée, R.C.S. Luxembourg B 34 305, 2-4, rue Eugène Ruppert, L-2453 Luxemburgo. Autorizado no Luxemburgo e regulamentado pela Commission de Surveillance du Secteur Financier (CSSF). A carteira é um subfundo do AB SICAV I, uma sociedade de investimento aberta (société d’investissement à capital variable) constituída ao abrigo das leis do GrãoDucado do Luxemburgo. A venda de fundos AB pode estar sujeita a restrições ou ter consequências fiscais adversas em determinadas jurisdições. Estas informações destinam-se exclusivamente a pessoas em jurisdições nas quais os fundos e a respectiva classe de acções estão registados ou podem recebê-las legalmente que podem recebê-las legalmente. Antes de investir, os investidores devem analisar o prospeto completo do fundo, juntamente com o respetivo KIID ou KID e as demonstrações financeiras mais recentes demonstrações financeiras mais recentes. As cópias destes documentos, incluindo o relatório anual mais recente e, se publicados posteriormente, as demonstrações financeiras mais recentes, estão disponíveis gratuitamente mediante pedido. Se o relatório anual mais recente for publicado posteriormente, o relatório semestral mais recente da AllianceBernstein (Luxembourg) S.à r.l., pode ser obtido gratuitamente em www.alliancebernstein.com ou www.eifs.lu/alliancebernstein, ou em cópia impressa, contactando o distribuidor local nas jurisdições onde a distribuição dos fundos é autorizada a distribuição dos fundos é autorizada. ICMA2024298

na saúde do futuro

EXPETATIVAS DOS SETORES DE GESTÃO DE ATIVOS E DE FUNDOS DE PENSÕES

RELATIVAMENTE AO NOVO CICLO POLÍTICO QUE SE INICIA

No início de abril, tomou posse o novo governo após as eleições legislativas realizadas em 10 de março. O novo executivo tem propostas que agradam à Associação.

Com um novo governo, espera-se que se possa dar início à implementação de um conjunto de medidas que a APFIPP e as suas associadas há muito vêm sinalizando, dada a sua importância, não apenas para os setores da gestão de ativos e de fundos de pensões, como para o desenvolvimento económico e social do país, importando destacar que algumas destas medidas estariam já a ser preparadas pelo anterior governo e terão sido incluídas na pasta de transição para o atual governo.

Um dos temas fundamentais, para a APFIPP, é o incentivo à poupança, com uma ênfase muito particular na poupança de médio e longo prazo e, dentro desta, a poupança para a reforma.

Portugal tem uma das taxas de poupança das famílias mais baixas da Europa. Os dados do Eurostat revelam que, em 2023, a taxa de poupança das famílias portuguesas se fixou em 6,31%, menos de metade da taxa que se verifica no conjunto dos países da Zona Euro (14,42%) ou mesmo dos que integram a União Europeia (13,52%).

Adicionalmente, a poupança de médio e longo prazo e, especialmente, a que tem por objetivo a criação de um complemento que possa ser usado na reforma é, também, manifestamente insuficiente.

-120 -90 -60 -30 0 30 60 90 120 15000 17500 20000 0 20 40 60 80 100 120 1000 1500 2000 2500 CAPTAÇÕES LÍQUIDAS CAPTAÇÕES LÍQUIDAS PATRIMÓNIO PATRIMÓNIO ABRIL 2023 ABRIL 2023 ABRIL 2024 ABRIL 2024 TOTAL DE FUNDOS MOBILIÁRIOS FUNDOS DE CURTO PRAZO HARMONIZADOS
16 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PANORAMA FÓRUM APFIPP por João Pratas

O Ageing Report, que foi recentemente divulgado pela Comissão Europeia, evidencia que a taxa de substituição da pensão assegurada pela Segurança Social (ou seja, a relação entre o valor da primeira pensão de reforma e o do último salário), que atualmente é de quase 70%, deverá baixar para menos de 40% em 2050, nível que se mantém com pequenas oscilações até 2070.

A confirmar-se esta projeção, uma pessoa que se reforme em 2050 deverá sofrer, em média, uma perda de mais de 60% nos seus rendimentos. A única forma de minimizar esta situação é através da criação de complementos de reforma, seja ao nível das empresas (2º pilar), seja por iniciativa dos próprios (3.º pilar). Contudo, o mesmo relatório aponta que a percentagem da população coberta por pensões de 2.º e 3.º pilar não ultrapassa os 5%. É, por isso, fundamental criar incentivos que levem as empresas e os indivíduos a criar, antecipadamente, estes complementos de reforma.

A APFIPP tem feito diversas sugestões no sentido de se conceder benefícios às contribuições de empresas e particulares para instrumentos que sejam efetivamente para a reforma, tal como é o caso do novo produto europeu PEPP, ou ainda as adesões individuais a fundos de pensões abertos e as

A TRIBUTAÇÃO REGRESSIVA, EM FUNÇÃO DO PRAZO DE INVESTIMENTO, DOS RENDIMENTOS OBTIDOS COM O RESGATE DE OIC,

É UMA DAS MAIS ANTIGAS

REIVINDICAÇÕES DA APFIPP

contribuições para os Certificados de Reforma, com este objetivo de reforçar a complementaridade à pensão assegurada pela Segurança Social.

INCENTIVO À POUPANÇA

Por este motivo, não podemos deixar de salientar como positiva a medida inserida no programa do governo que refere a necessidade de incentivar “a poupança a médio e longo prazo, através de esquemas complementares de reforma, ao nível das empresas e das pessoas”.

Da mesma forma que nos parece de grande relevância a intenção de “criar a Conta-Corrente do Contribuinte-Beneficiário, enquanto instrumento que permitirá aos cidadãos ter informação fidedigna sobre o historial das suas contribuições para esquemas públicos de Segurança Social”, que permita aos cidadãos conhecer os “direitos constituí-

dos relativamente à pensão de reforma”. O conhecimento não só dos direitos já adquiridos em matéria de pensão de reforma como, igualmente, a expetativa fiável do valor que assumirá essa mesma pensão é essencial para que as pessoas possam agir antecipadamente e precaver-se relativamente a uma potencial perda de rendimentos quando deixarem o mercado de trabalho.

Ainda em matéria de incentivos à poupança, neste caso mais vocacionados para a dinamização do mercado de capitais, aguardávamos, com expetativa, as medidas que estavam a ser preparadas pelo anterior governo, e que foram incluídas na pasta de transição para o atual governo. A tributação regressiva, em função do prazo de investimento, dos rendimentos obtidos com o resgate de Organismos de Investimento Coletivo, semelhante ao tratamento que é con-

-60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 2000 2750 3500 -100 -80 -60 -40 -20 0 5000 5500 6000 6500 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 3000 3500 4000
LÍQUIDAS
CAPTAÇÕES
CAPTAÇÕES
LÍQUIDAS
CAPTAÇÕES LÍQUIDAS PATRIMÓNIO PATRIMÓNIO PATRIMÓNIO
ABRIL 2023 ABRIL 2023 ABRIL 2024 ABRIL 2024 ABRIL 2024 FUNDOS DE OBRIGAÇÕES FUNDOS MISTOS FUNDOS DE AÇÕES
ABRIL
2023
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 17

ferido aos seguros do ramo vida, é uma das mais antigas reivindicações da APFIPP, pelo que se espera que esta iniciativa possa ser assumida pelo novo executivo, para fomentar a poupança de médio e longo prazo e a aplicação da mesma nos mercados de capitais, contribuindo, por essa via, para o financiamento das empresas e para o crescimento económico. Outra matéria que preocupa a APFIPP, como, aliás, cremos que preocupa toda a sociedade portuguesa, é o problema da habitação. Os Organismos de Investimento Alternativo Imobiliá-

AS GESTORAS EM ABRIL DE 2024

“Nota: Amostra = 98,7% do total gerido por Fundos de Pensões (Em

Dados em milhões de euros.
ORGANIMOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO MARÇO 2024 QUOTA (%) DEZEMBRO 2023 QUOTA (%) VAR. (%) 2023 Square Asset Management 1.812,63 12,26 1.777,08 12,31 2,00 LYNX Asset Managers 1.237,68 8,37 1.189,68 8,24 4,03 GEF 970,58 6,57 974,18 6,75 -0,37 Interfundos 836,60 5,66 880,51 6,10 -4,99 Sierra IG * 797,93 5,40 674,78 4,67 18,25 Insula Capital 762,96 5,16 754,42 5,22 1,13 Caixa Gestão de Ativos 680,89 4,61 659,05 4,56 3,31 BPI Gestão de Ativos 652,24 4,41 641,12 4,44 1,74 Norfin 618,73 4,19 642,45 4,45 -3,69 GNB Gestão de Ativos ** 565,79 3,83 565,63 3,92 0,03 Silvip 515,86 3,49 511,42 3,54 0,87 Montepio Gestão de Activos 461,91 3,13 453,18 3,14 1,93 Southcap 460,71 3,12 455,43 3,15 1,16 Fidelidade 295,45 2,00 293,59 2,03 0,63 Fundiestamo 294,42 1,99 290,08 2,01 1,50 TIKEHAU Investment Management 283,10 1,92 285,89 1,98 -0,98 Fund Box 249,01 1,68 215,76 1,49 15,41 Civilria Gestão de Ativos 247,85 1,68 244,48 1,69 1,38 Imofundos 233,66 1,58 235,59 1,63 -0,82 SPX Portugal 222,08 1,50 220,56 1,53 0,69 Institutional Investment - Partners GmbH 211,24 1,43 210,72 1,46 0,25 Santander Asset Management 205,87 1,39 205,66 1,42 0,10 Violas Ferreira - SIC 201,14 1,36 198,69 1,38 1,23 TF Turismo Fundos 190,64 1,29 189,65 1,31 0,52 StatusDesafio Capital 167,44 1,13 158,73 1,10 5,49 Imorendimento 144,94 0,98 132,96 0,92 9,01 Carregosa 144,09 0,97 144,33 1,00 -0,17 Atlantic 143,57 0,97 141,46 0,98 1,49 IQ EQ Fund Management (Ireland) Limited 125,53 0,85 124,13 0,86 1,13 Refundos 121,91 0,82 121,97 0,84 -0,05 Crédito Agrícola Gest 108,37 0,73 108,87 0,75 -0,46 Imopolis 105,94 0,72 106,00 0,73 -0,06 Libertas 103,27 0,70 92,80 0,64 11,28 Profile 93,73 0,63 93,92 0,65 -0,20 Vila Gale Gest 78,20 0,53 74,44 0,52 5,04 PICF - SGOIC 77,87 0,53 69,32 0,48 12,34 Gesfimo 59,34 0,40 58,75 0,41 1,00 Bondstone Investment  Management 39,18 0,27 15,72 0,11 149,25 GFM Gestão de Ativos 38,69 0,26 39,76 0,28 -2,69 Valadim Investimentos SIC 35,29 0,24 32,55 0,23 8,41 Rimon Investments 34,64 0,23 24,51 0,17 41,35 Invest Gestão de Activos 32,97 0,22 32,91 0,23 0,19 Predipalma SIC 32,08 0,22 25,01 0,17 28,25 Lifento, SAS 31,10 0,21 27,75 0,19 12,08 Point Capital Partners - SCR 15,84 0,11 15,85 0,11 -0,08 Silar - SIC 15,51 0,10 15,92 0,11 -2,58 Nativa Capital *** 13,23 0,09 13,42 0,09 -1,37 Blue Marlin Asset Management - SCR 8,02 0,05 -Finprop Capital 0,05 0,00 - -TOTAL 14.779,76 14.440,69 2,35 * A Sierra IG incorporou, por
a Sierragest - Gestão de Fundos ** A GNB Gestão de Ativos (ex. GNB Fundos Mobiliários) incorporou, por fusão a GNB Real Estate *** A Floresta Atlântica mudou de denominação para Nativa Capital FUNDOS DE PENSÕES MARÇO 2024 QUOTA (%) 10,90965551 QUOTA (%) VAR. (%) 2023 Ageas Pensões 6.239,46 33,28 6.261,89 33,50 -0,36 BPI Vida e Pensões 3.295,61 17,58 3.256,92 17,42 1,19 GNB - SGFP 2.314,04 12,34 2.320,44 12,41 -0,28 Futuro 1.971,50 10,51 1.915,22 10,25 2,94 S.G.F.P. Banco de Portugal 1.752,38 9,35 1.781,41 9,53 -1,63 Santander Pensões 1.160,42 6,19 1.155,58 6,18 0,42 CGD Pensões 819,72 4,37 829,26 4,44 -1,15 BBVA Fundos 580,99 3,10 566,07 3,03 2,64 Crédito Agrícola Vida 240,24 1,28 237,44 1,27 1,18 Golden - SGF 225,08 1,20 215,26 1,15 4,56 Real Vida Seguros 134,66 0,72 135,25 0,72 -0,43 Victoria - Seguros de Vida 16,86 0,09 16,54 0,09 1,94 Total 18.750,96 18.691,28 0,32
fusão
março
2024) FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO ABRIL 2024 QUOTA (%) DEZEMBRO 2023 QUOTA (%) VAR. (%) 2023 Caixa Gestão de Ativos 6.525,80 34,51 6.459,47 34,67 1,03 IM Gestão de Ativos 4.264,74 22,56 4.140,70 22,22 3,00 Santander Asset Management 3.165,50 16,74 3.139,50 16,85 0,83 BPI Gestão de Ativos 2.827,72 14,96 2.883,45 15,47 -1,93 GNB - Gestão de Ativos 739,32 3,91 732,60 3,93 0,92 Bankinter Gestion de Activos 385,80 2,04 356,58 1,91 8,19 Montepio Gestão de Activos 312,87 1,65 300,64 1,61 4,07 Invest Gestão de Activos 267,04 1,41 250,21 1,34 6,73 Optimize Investment Partners 179,44 0,95 162,86 0,87 10,18 Casa de Investimentos 103,09 0,55 79,34 0,43 29,93 Heed Capital 27,48 0,15 27,94 0,15 -1,65 GFM Gestão de Ativos 22,69 0,12 20,80 0,11 9,07 Sixty Degrees 21,11 0,11 17,12 0,09 23,31 Crédito Agrícola Gest 19,20 0,10 19,35 0,10 -0,77 LYNX Asset Managers 14,68 0,08 14,90 0,08 -1,53 BIZ Capital 10,39 0,05 10,91 0,06 -4,78 Fund Box n.d. n.d. 1,21 0,01 n.d. OXY Capital n.d. n.d. 16,24 0,09 n.d. 3 Comma Capital SCR - S.A. n.d. n.d. - -Total 18.907,61 100,00 18.633,82 100,00 1,47
de
GESTÃO DE PATRIMÓNIOS MARÇO 2024 QUOTA (%) DEZEMBRO 2023 QUOTA (%) VAR. (%) 2023 Caixa Gestão de Ativos 8.196,71 32,68 8.386,60 33,41 -2,26 Santander Asset Management 5.512,95 21,98 5.427,79 21,62 1,57 GNB Gestão de Ativos ** 3.887,58 15,50 3.871,39 15,42 0,42 BPI Gestão de Ativos 3.594,84 14,33 3.580,68 14,27 0,40 Montepio Gestão de Activos 1.551,97 6,19 1.528,58 6,09 1,53 Crédito Agrícola Gest 1.385,47 5,52 1.398,59 5,57 -0,94 Bankinter Gestion de Activos, SGIIC - Suc. Portugal 832,70 3,32 790,34 3,15 5,36 Optimize Investment Partners 87,14 0,35 85,40 0,34 2,04 Heed Capital 22,39 0,09 21,69 0,09 3,23 Haitong Global Asset Management 5,59 0,02 4,69 0,02 19,07 LYNX Asset Managers 4,30 0,02 3,88 0,02 10,92 Total 25.081,64 25.099,61 -0,07 Nota: Amostra = 72,7% do total de activos da Gestão de Patrimónios (Em março de 2024) ** A GNB Gestão de Ativos (ex. GNB Fundos Mobiliários) incorporou, por fusão a GNB - SGP
MATÉRIA
APFIPP É O TEMA DA HABITAÇÃO. É
MAIS RELEVANTE NA
DE INVESTIMENTO
IMÓVEIS 18 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PANORAMA FÓRUM APFIPP
UMA
QUE PREOCUPA A
DESEJÁVEL QUE OS FUNDOS DE PENSÕES DESEMPENHEM UM PAPEL
CAPTAÇÃO
PARA

rios (OIA Imobiliários) e os Fundos de Pensões são grandes investidores no mercado imobiliário nacional, detendo um património imobiliário de quase 20 mil milhões de euros.

Apesar do peso reduzido que o segmento habitacional representa, é possível e desejável que estes instrumentos de aforro desempenhem um papel mais relevante, canalizando uma maior parcela das poupanças captadas para investimentos em imóveis residenciais, desde que lhes sejam dadas condições de estabilidade e de previsibilidade e

que as medidas que já foram ou ainda venham a ser desenvolvidas tenham em conta as suas especificidades, nomeadamente em matéria fiscal, o que não sucedeu no passado.

A APFIPP e as suas associadas estão, como sempre estiveram, disponíveis para contribuir para o desenho das melhores soluções que permitam atingir os objetivos acima identificados, e tem a legítima ambição de que este governo consiga implementar as medidas adequadas que permitam ir ao encontro dessas metas.

FERNANDO FERNÁNDEZ-BRAVO

Responsável de Vendas de Gestão Ativa para a Península Ibérica, Invesco A OPINIÃO DE

DIVERGÊNCIA

POSITIVA PARA AS OBRIGAÇÕES EUROPEIAS

A divergência que o mercado prevê entre a política monetária do BCE e a da Fed poderá ser um bom impulso para as obrigações europeias. Os últimos dados de inflação dos EUA arrefeceram significativamente as expetativas de descidas de taxas por parte da Fed. Apesar dos comentários de precaução de alguns membros do BCE, acreditamos que este poderá baixar as taxas mais cedo do que o mercado acredita, visto que as pressões inflacionistas vão retroceder ainda mais nos próximos meses. As yields das obrigações subiram este ano e, na nossa opinião, apresentam uma oportunidade de compra atrativa. Embora a economia europeia tenha começado a mostrar alguns sinais preliminares de recuperação após um ano de 2023 dececionante, acreditamos que se trata mais de uma recuperação cíclica do que um movimento estrutural. Por isso, terá um impacto limitado na trajetória descendente da inflação e, consequentemente, na descida das taxas de juro. Este cenário vai favorecer as obrigações de maior duração e as obrigações corporativas, especialmente as de elevada qualidade. Os nossos gestores aumentaram recentemente a duração média das suas carteiras, preparando-se precisamente para este cenário.

FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO MARÇO E ABRIL 2024 DESDE INÍCIO DO ANO ÚLTIMOS 12 MESES IM Gestão de Ativos 46,363 63,498 198,439 Montepio Gestão de Activos 26,458 23,855 124,624 Optimize Investment Partners 8,581 12,423 21,440 Santander Asset Management 8,258 -15,736 180,640 Casa de Investimentos 7,218 15,148 30,821 Bankinter Gestion de Activos 6,598 23,386 26,923 Invest Gestão de Activos 4,792 10,631 28,429 Sixty Degrees 2,711 3,114 4,513 GNB - Gestão de Ativos 1,910 -11,363 -68,499 Caixa Gestão de Ativos 0,650 41,754 -218,259 GFM Gestão de Ativos 0,000 0,000 0,000 Crédito Agrícola Gest 0,000 0,000 0,000 Heed Capital -0,066 -0,548 -4,376 BIZ Capital -0,278 -0,579 -2,053 LYNX Asset Managers -1,426 -1,348 -3,352 BPI Gestão de Ativos -39,318 -82,845 -328,227 OXY Capital n.d. n.d. n.d. Fund Box n.d. n.d. n.d. 3 Comma Capital SCR n.d. n.d. n.d. Total 72,451 81,388 -8,936 FUNDOS DE INVESTIMENTO MOBILIÁRIO MARÇO E ABRIL 2024 DESDE INÍCIO DO ANO ÚLTIMOS 12 MESES F. Mercado Monetário Euro 95,748 184,606 473,145 Fundos de Curto Prazo Euro 58,581 27,683 319,161 Fundos de Obrigações Euro 42,936 133,855 356,718 Fundos de Acções Nacionais 6,589 13,794 55,664 Fundos PPR 3,956 15,751 -92,088 F. Acções da América do Norte 1,644 1,732 -7,785 F. Mercado Monetário Internacional 0,721 6,889 9,879 Outros F. Acções Internacionais 0,267 -0,231 -12,624 F. Multi-Activos Agressivos 0,077 -3,873 -7,993 FIA de Retorno Absoluto 0,000 0,000 0,000 FIA de Curto Prazo 0,000 0,000 0,500 FIA de Obrigações -0,122 -0,407 -1,630 Fundos de Acções Ibéricas -0,499 -2,226 -1,106 Fundos de Obrigações Internacional -0,558 -2,615 -6,584 Fundos de Acções Sectoriais -1,214 -1,769 -4,634 FIA Flexíveis -1,424 -1,346 -2,768 F. Obrigações Taxa Indexada Euro -2,565 -10,295 -46,008 F. Multi-Activos Defensivos -5,731 -12,848 -56,678 Outros FIA -7,705 -8,052 -59,837 Fundos de Acções Europeias -8,007 -11,515 -30,338 F. Multi-Activos Equilibrados -12,909 -26,761 -72,101 Fundos de Acções Globais -13,466 -39,352 -212,070 Fundos Flexíveis -32,000 -66,878 -217,676 F. Multi-Activos Moderados -51,867 -114,755 -392,084 Total 72,451 81,388 -8,936 Dados em milhões de euros ENTRADAS E SAÍDAS DOS FUNDOS MOBILIÁRIOS MARÇO E ABRIL 2024 DE 2024 1.500 1.250 1.000 750 500 250 0 -250 -500 -750 -1000 -1.250 -1.500 -1500 -1000 -500 0 500 1000 1500
* - Não inclui informação para períodos anteriores a Dezembro de 2022.
T REN PAR T NER
RAP
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 19

Barómetro na Europa

OBRIGAÇÕES EUROPEIAS E AÇÕES GLOBAIS DE GRANDE CAPITALIZAÇÃO

DÃO MAIS UM IMPULSO AO MERCADO EUROPEU DE FUNDOS

Nos meses de março e abril os fundos de obrigações europeus dominaram as captações, demonstrando, talvez, que a expectativa da descida de taxas de juro se mantém forte. Por outro lado, os fundos de ações globais de alta capitalização também se mantêm fortes, reflexo de um sentimento positivo no mercado.

Recentemente vimos o Banco do Japão subir as taxas de juro pela primeira vez em 17 anos, com uma subida das taxas oficiais de 10 pontos base. Apesar de provocar um sentimento positivo no mercado, deixam espaço para dúvidas face ao projeto do Banco do Japão para o futuro — será este aumento um sinal de mudança, ou ficaremos por aqui?

Ouvimos também a Fed e o BCE repetir que tencionam baixar taxas até ao final do ano, apesar da crescente incerteza do lado dos analistas. Como se esta incer-

teza face às políticas macroeconómicas dos bancos centrais não chegasse, temos também a guerra na Ucrânia, que parece estar a caminhar a passos largos para um terceiro ano, para além do conflito israelo-palestino que continua a acelerar.

CAPTAÇÕES NA EUROPA

Ainda que estes fatores tenham aumentando a volatilidade do mercado, a verdade é que o sentimento parece ser positivo, dado o aumento do património sob gestão em fundos, na Europa.

Em especial, vemos um volume de captações significativo nos fundos

(Em milhões de euros, inclui monetários) MÊS

MÊS

15.000.000 14.000.000 13.000.000 12.000.000 11.000.000 10.000.000 9.000.000 150.000 100.000 50.000 0 -50.000 -100.000 PATRIMÓNIO CAPTAÇÕES LÍQUIDAS PATRIMÓNIO E CAPTAÇÕES DE FUNDOS UCITS NA EUROPA
COM ENTRADAS LÍQUIDAS
COM SAÍDAS LÍQUIDAS
LÍQUIDAS PATRIMÓNIO PATRIMONIO 9000000 10000000 11000000 12000000 13000000 14000000 15000000 CAPTACIONES NETAS Con monetarios Sin monetarios -100000 -50000 0 50000 100000 150000 2022 MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI 2022 MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI 20 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO EM MARÇO E ABRIL PANORAMA O SETOR EM NÚMEROS por João Matos
CAPTAÇÕES

*Os dados de internacional incluem os fundos domiciliados no Luxemburgo e na Irlanda. Os monetários dinâmicos incluem-se em outros.

ELENA DOMECQ Diretora-adjunta de Estratégia e responsável pelo Investimento Sustentável em Espanha e Portugal, J.P. Morgan AM A OPINIÃO

AS SETE MAGNÍFICAS NÃO SÃO AS ÚNICAS OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO NA BOLSA AMERICANA

A crescente concentração do mercado de ações americano tem suscitado interesse. Cerca de 90% da rentabilidade do S&P 500 em 2023 deveu-se a sete títulos. Devemos preocuparnos com esta concentração? É reconfortante o facto de, atualmente, em comparação com os anos 2000, as empresas de megacapitalização estarem a demonstrar os lucros recorde. Apesar de representarem uma grande percentagem da capitalização de mercado do S&P 500, são também as responsáveis por uma boa quota dos lucros, muito mais do que na bolha das dotcom. Atualmente, as empresas de megacapitalização já geram lucros de forma constante, em vez de negociarem na base da esperança no crescimento dos seus lucros futuros. Apesar deste comportamento excecional, achamos necessário selecionar prudentemente as empresas deste grupo e ter como base projeções realistas de lucros. O que esperamos das demais empresas do índice? Recuperarão terreno? Acreditamos que sim, e desde 2023 começámos a observar como outras empresas participam nas subidas do mercado americano. Se a IA se tornar tão inovadora como sugerem, o auge dos lucros e da produtividade manifestar-se-á também noutros setores.

MERCADO OBRIGAÇÕES AÇÕES OUTROS MISTOS MONETÁRIOS TOTAL Internacional 2.166.655 3.318.421 227.802 618.499 1.221.575 7.552.953 Reino Unido 234.422 965.567 20.494 203.987 36.723 1.461.192 França 144.300 241.528 37.875 102.225 444.615 970.543 Alemanha 53.057 296.972 153.618 124.085 6.416 634.148 Suiça 205.539 329.647 33.827 58.175 46.084 673.273 Suécia 72.572 315.885 4.429 75.598 0 468.483 Espanha 150.021 57.131 19.589 76.762 24.289 327.793 Itália 47.672 21.963 3.204 68.762 1.580 143.182 TOTAL 3.346.496 5.967.210 584.438 1.508.039 1.790.223 13.196.406 MERCADO OBRIGAÇÕES AÇÕES OUTROS MISTOS MONETÁRIOS TOTAL Internacional (*) 29.039 -4.079 -3.622 -5.303 -13.869 2.168 Reino Unido -3.661 -3.631 -313 -410 236 -7.778 França 2.939 -1.400 -2.041 -981 32.547 31.062 Alemanha 201 913 -1.513 -1.349 342 -1.406 Suíça 4.184 -1.972 -1.335 -698 618 797 Suécia 1.021 672 -155 -432 0 1.105 Espanha 4.950 81 -146 -1.288 3.424 7.021 Itália 1.340 -177 167 -3.420 110 -1.981 TOTAL 42.045 -5.342 -10.346 -13.610 24.087 36.834 DISTRIBUIÇÃO DAS CAPTAÇÕES LÍQUIDAS NA EUROPA EM MARÇO E ABRIL
DO
NA EUROPA EM ABRIL
DISTRIBUIÇÃO
PATRIMÓNIO
DE RAP T REN PAR T NER
25.939 13.196.406 2023 2024 JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR 2023 2024 JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 21

OS FUNDOS INTERNACIONAIS UCITS QUE MAIS CAPTAM

OBRIGAÇÕES

Fonte: Morningstar e J.P. Morgan AM. Em milhões de euros.

obrigacionistas europeus e de Global Equity Large Cap. Contudo, este sentimento não se reflete em fundos de investimento de Large Caps europeias ou inglesas. Estes, tal como no bimestre anterior, apresentaram um volume de captações negativo.

Do outro lado do mundo, mantemos o crescimento constante dos fundos de investimento de ações na Índia e no Japão, enquanto os fundos de ações Asia ex-Japan mantêm o fluxo negativo do bimestre anterior.

As captações líquidas dos fundos domiciliados na Europa foram, em março, de 10.895 milhões de euros, sendo que somente os fundos monetários e os obrigacionistas apresentaram fluxos positivos, com 9.877 e 16.331, respetivamente.

No primeiro mês do segundo trimestre do ano 2024, o mercado voltou a aquecer com captações líquidas de 25.939 milhões de euros, novamente impulsionado por fundos monetários e obrigacionistas. É também importante notar que houve um abrandamento nos fluxos negativos dos fundos de ações e mistos face ao mês anterior. Feitas as contas, as captações líquidas totais deste bimestre foram de 36.834 milhões de euros, que, juntamente com a valorização do património sob gestão, permitiram ao valor total sob gestão crescer para os 13,2 biliões de euros.

FUNDOS LÍDERES

A nível de fundos, sem discriminação de classe, o fundo obrigacionista PIMCO GIS Income com Rating Funds-

People+ em 2024 mantém o destaque, sendo novamente o fundo com maior captação do bimestre, um valor de 3.093 milhões, totalizando quase 7 mil milhões de euros só em 2024. É de referir que o fundo da PIMCO esteve no Top 3 em todos os meses deste ano, a nível de captações. Logo atrás vem o fundo acionista BlackRock ACS North America ESG Insights Equity Fund, com captações de 2.455 milhões, no bimestre, liderando a sua classe. Em terceiro lugar na generalidade, e segundo dos fundos acionistas, vem o iShares Core S&P 500 ETF, anterior líder de captações, 3.585 milhões no primeiro bimestre do ano, e 2.448 no bimestre passado, totalizando mais de 6 mil milhões em quatro meses.

E MENOS CAPTAM NEGÓCIO INTERNACIONAL
SETORES QUE MAIS
Con monetarios Sin monetarios MAIS CAPTARAM EM MARÇO Europe Fixed Income 11.747 Global Equity Large Cap 8.259 Fixed Income Miscellaneous 3.808 US Fixed Income 2.384 US Equity Large Cap Blend 2.058 EM ABRIL Europe Fixed Income 12.600 Global Equity Large Cap 6.059 Global Fixed Income 6.003 Fixed Income Miscel. 5.476 Japan Equity 3.023
EM AÇÕES FUNDO VOL. EM MARÇO iShares Developed World Index Fund (IE) 995 Handelsbanken Developed Markets Index Cr 977 Vanguard Global Stock Index Fund 968 iShares Core S&P 500 ETF 880 Invesco MSCI USA ESG Universal Scrn ETF 704 UBS (Lux) FS MSCI UK 701 Lyxor Core MSCI Japan (DR) ETF 533 iShares MSCI EM ESG Enhanced ETF 518 Vanguard FTSE All-Wld UCITS ETF 511 iShares North American Eq Idx Fd (UK) 500 EM ABRIL iShares Core S&P 500 ETF 1.568 Schroder SSF Wealth Mgmt Glbl Sust Eq 1.057 iShares Core DAX® ETF (DE) 850 Vanguard S&P 500 ETF 841 BGF US Flexible Equity Fund 725 Vanguard FTSE All-Wld UCITS ETF 706 Lyxor Core MSCI Japan (DR) ETF 627 iShares Core MSCI Japan IMI ETF 573 JPM Global Select Equity Fund 535 iShares Core MSCI World ETF 528 EM
FUNDO VOL. EM MARÇO PIMCO GIS Income Fund 1.999 PIMCO GIS Global Bond Fund 546 UniOpti4 528 DWS Floating Rate Notes 488 AB American Income Portfolio 464 iShares $ Treasury Bond 0-1yr ETF 404 Schroder ISF EURO Corporate Bond 394 iShares € High Yield CorpBd ETF 374 iShares JP Morgan $ EM Bond ETF 283 JPM Income Fund 277 EM ABRIL PIMCO GIS Income Fund 1.094 UniOpti4 585 DWS Floating Rate Notes 390 iShares Core £ Corp Bond ETF 332 JPM US Short Duration Bond Fund 323 JPM Managed Reserves Fund 299 Vanguard Global Bd Idx 293 Vanguard US Trs Infl-Prot Secs Idx Fd 277 Schroder ISF EURO Corporate Bond 268 Ostrum SRI Crédit Ultra Short Plus 255 EM MULTIATIVOS E OUTROS FUNDO VOL. EM MARÇO WisdomTree Physical Silver 769 Allianz Income and Growth 399 Amundi BlmbrgEqualweightCmdexAgrETF 352 Man AHL TargetRisk 339 LO Funds IV All Roads Enhanced 189 Xtrackers IE Physical Gold ETC 161 Franklin Income Fund 143 Aquantum Active Range 122 Amundi Physical Gold ETC 120 Commodities-Invest 99 EM ABRIL Allianz Income and Growth 448 Pictet Road To Megatrends 2028 319 Invesco Bloomberg Commodity ETF 243 WisdomTree Industrial Metals 162 Franklin Income Fund 160 WisdomTree Physical Platinum 142 UBS FS CMCI Composite SF ETF 139 Struct GSQrtx Mdfd Stgy Blmbrg Cmdty TR 120 PIMCO GIS Balanced Income and Growth Fd 105 Allianz Dynamic Commodities 104
MENOS CAPTARAM EM MARÇO Europe Equity Large Cap -4.182 Flexible Allocation -3.126 Cautious Allocation -2.935 Emerging Markets Fixed Inc. -2.839 UK Equity Large Cap -2.368 EM ABRIL Commodities Specified -4.481 Cautious Allocation -2.720 UK Equity Large Cap -2.234 Flexible Allocation -1.990 Global Emer Markets Eq. -1.624 22 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PANORAMA O SETOR EM NÚMEROS

Same Guide, updated daily

“ The Guide to the Markets highlights the charts that we think are most important for investors to track. I’m therefore delighted that the Guide is now being updated on a daily basis, so that you’ll always have the latest market data at your fingertips.”

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40 MIL MILHÕES DE EUROS O PATAMAR DE CONSOLIDAÇÃO DO MERCADO PORTUGUÊS DE

FUNDOS ESTRANGEIROS

Ultrapassada a barreira dos 40 mil milhões, parece que o mercado atingiu um plateau e os máximos de 2021 não voltaram a ser atingidos. Contudo, fica claro que os fundos e ETF internacionais vieram para ficar.

Omercado nacional de fundos mobiliários estrangeiros e Exchange-Traded Funds (ETF) tem vindo progressivamente a consolidar-se. Depois de em 2021 terem sido ultrapassados os 45,9 mil milhões de euros em fundos mobiliários e ETF estrangeiros nas carteiras nacionais, todos os segmentos de gestão de ativos em Portugal se viram afetados pelas quedas correlacionadas das diferentes classes de ativos em 2022 e a estimativa reduziu-se para os 40,19 mil milhões de euros, dos quais a FundsPeople calcula que 13,27 mil milhões de euros ou 33% estariam investidos em ETF.

Volvido um ano, voltamos a atualizar os cálculos que nos permitem chegar ao volume total em fundos mobiliários e ETF estrangeiros distribuído no nosso país. Depois de um ano tão

€ 24 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS CAPA por
Miguel Rêgo

QUANTO VALE O MERCADO DE INVESTIMENTO INSTITUCIONAL EM ETF EM PORTUGAL?

https://shorturl.at/zs1lC

vermelho para os mercados, 2023 foi um ano de recuperação, e isso refletiu-se no tamanho do mercado, como se pode observar no esquema onde está destacada a estimativa de 43,18 mil milhões de euros em fundos e ETF estrangeiros em 2023. O valor ajustado, que diz respeito ao valor bruto - a alocação a unidades de participação de fundos de investimento indicado nas respetivas rubricas -, corrigido pelos valores investidos em fundos domésticos e fundos imobiliários, totaliza 46,51 mil milhões de euros, o que compara com o total de ativos em carteiras de investimento analisadas de 158,2 mil milhões de euros. O valor líquido, por seu lado, considera a duplicação nos ativos reportados em diferentes segmentos do mercado.

Importante sempre realçar que não são considerados dados de mandatos de investimento, bem como os ativos das maiores fundações - que representam também alguns dos maiores asset owners nacionais, na ordem dos 4 mil milhões de euros em 2022 -, visto que uma parte muito significativa do seu património é gerido por entidades estrangeiras.

SEGURADORAS E PENSÕES

Começando pelo setor segurador, o maior segmento institucional em Portugal, vemos que 10,73 mil milhões de euros se encontravam alocados a uni-

O RANKING DAS CARTEIRAS DE INVESTIMENTO DAS FUNDAÇÕES PORTUGUESAS

https://shorturl.at/gx0Mg

O TOTAL DE ATIVOS EM CARTEIRAS DE INVESTIMENTO ANALISADAS ASCENDE

A 158,2 MIL MILHÕES DE EUROS

dades de participação de fundos de investimento - cotados ou não - no fecho de 2023. Destes, estimamos que cerca de 859 milhões estavam alocados a fundos domésticos e imobiliários, pelo que apuramos um valor líquido de 9,87 mil milhões de euros em fundos estrangeiros. Isto representa perto de 20% dos 50,41 mil milhões de euros de ativos das seguradoras nacionais. É uma percentagem reduzida, num segmento investidor que privilegia o investimento direto porque este traz muitas vantagens. Entre elas incluem-se “a correspondência ativo/ passivo, uma boa gestão dos requisitos de capital de solvência do mercado ou um excelente conhecimento das yields actuariais”, como explica Baptiste Buisson, diretor de Gestão de Carteiras de Mandatos e Soluções de Investimento da Ofi Invest, entidade gestora detida por um dos maiores grupos seguradores franceses e uma das parceiras de gestão de ativos da seguradora portuguesa Caravela. Apesar de o acesso limitado ao look through dos veículos de investimento ser um obstáculo no recurso a fundos

de investimento pelo setor segurador, o especialista acredita que há vários segmentos em que o investimento indireto, faz muito sentido. Por exemplo, como explica, “os fundos do mercado monetário oferecem uma grande flexibilidade e uma excelente diversificação para a gestão da tesouraria”. Já no que respeita às “notações mais baixas dos segmentos de obrigações, que representam apenas uma pequena parte das carteiras, o investimento em fundos dá acesso a uma melhor granularidade dos riscos”, enquanto que em ativos de risco, como as ações, “permite aos gestores de carteiras acompanhar o mercado, proporcionando melhores retornos ajustados ao risco num horizonte temporal de médio/ longo prazo”. Finalmente, Baptiste Buisson vê no invólucro fundo uma forma de “abrir as portas a classes de ativos difíceis de investir diretamente, como a dívida privada, as infraestruturas ou o private equity”.

Os fundos de pensões, por seu lado, geriam 18,93 mil milhões de euros a fecho do ano, dos quais 6,86 mil milhões de euros estavam alocados

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 25

VALOR TOTAL DO MERCADO PORTUGUÊS DE FUNDOS E ETF ESTRANGEIROS - 2023

Cerca 22% dos AuM das Seguradoras são geridos pela gestão de patrimónios

Cerca de 19% dos AuM dos Fundos de Pensões são geridos pela gestão de patrimónios

Em milhares de milhões de euros. Inclui fundos de investimento e ETF. Não inclui mandatos de gestão. Fonte: CMVM, ASF, APFIPP, IGFCSS e FundsPeople LAB.

* Valor ajustado para fundos mobiliários domésticos e fundos imobiliários.

a fundos de investimento. Ajustado para os 993 milhões em fundos domésticos e fundos imobiliários, falamos de um montante de 5,87 mil milhões de euros em fundos estrangeiros ou 31% dos ativos totais.

E uma das gestoras de fundos de pensões nacionais que mais confia no veículo fundo para a alocação das suas carteiras é a Golden SGF, com mais de dois terços dos ativos alocados a fundos e ETF, segundo os dados divulgados pela Associação Portuguesa de Fun-

dos, Pensões e Patrimónios (APFIPP). Nuno Basílio, diretor coordenador operacional da Golden Wealth Management, que detém esta gestora de fundos de pensões, explica que a escolha destes veículos para o investimento não tem outro racional que não seja eleger os instrumentos que consideram “fazerem mais sentido num determinado momento”, como “resposta às necessidades dos clientes”. “Na construção das nossas carteiras, o nível de diversificação que pretendemos, tem geral-

mente por base fundos de investimento e recorremos a ETF sempre que pretendemos obter uma exposição mais tática a um tema ou horizonte temporal específico”, expõe.

Focando nos ETF em particular, que a FundsPeople estimava em 2022 representarem 46,1% do total de ativos em investimento indireto no segmento dos fundos de pensões, são um veículo que Nuno Basílio diz ter “caraterísticas específicas” que apreciam e que “permitem construir

ESTIMATIVA MIL MILHÕES DE EUROS EM 2023 40,19 MM€ EM 2022 (+7,5%) 43,18 SEGURADORAS 10,73 9,87 7,66 7,25 +5,7% GESTORAS DE PATRIMÓNIOS FUNDOS DE PENSÕES DISTRIBUIÇÃO DE FUNDOS ESTRANGEIROS FUNDOS MOBILIÁRIOS NACIONAIS FUNDO DE ESTABILIZAÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL 12,29 11,45 11,45 11,93 -4,0% 6,86 5,87 4,75 4,59 +3,6% 6,42 6,42 6,42 6,09 +5,4% 6,10 6,80 6,10 6,80 6,10 6,80 5,99 4,34 +1,8% +56,7% VALOR BRUTO VALOR AJUSTADO* VALOR LÍQUIDO 2023 VALOR LÍQUIDO 2022 VARIAÇÃO 2022-2023 (%) 2,21 8,12 1,12
TENDÊNCIAS CAPA 26 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO

e sobretudo gerir as carteiras de uma forma mais eficiente”. “A sua direcionalidade, a sua estrutura de custos e a sua transacionalidade, permite-nos ser ágeis, diversificando as carteiras ao mesmo tempo que exploramos convicções das nossas equipas de gestão. Com o recurso a ETF, as idiossincrasias atuais dos mercados financeiros são cada vez mais suscetíveis de serem monetizadas”, conclui.

INTERLIGAÇÕES

Entrando no mundo das gestoras de patrimónios, vemos que estas acumulavam no fecho do ano, 34,11 mil milhões de euros em ativos sob gestão,

segundo dados da CMVM. Também com base em dados do regulador, 12,29 mil milhões de euros estavam alocados a unidades de participação de fundos de investimento, dos quais estimamos que, 843 milhões são fundos domésticos e imobiliários. Falamos então de 11,45 mil milhões de euros que estarão alocados a fundos de investimento e ETF estrangeiros. Um ajustamento importante da nossa estimativa resulta da relação que as gestoras de patrimónios têm com os dois primeiros segmentos desta análise, as seguradoras e os fundos de pensões. Dados da APFIPP mostram que 22,4% dos ativos das seguradoras e

Vamos falar em Activos Privados?

tiago forte vaz, cfa

Head of Intermediaries Brazil, Portugal, Uruguay & Argentina

No meu último artigo nesta revista mencionava que hoje em dia para otimizar as carteiras dos investidores particulares era preciso olhar para lá do obvio, era preciso olhar para todas as alternativas disponíveis no mercado, e isso hoje significa, olhar também para os activos privados.

Em primeiro lugar, convém lembrar que este tipo de investimentos não é propriamente recente, mas dadas as suas características (que passam pela iliquidez, complexi-

ComuniCação de marketing

dade e os mínimos de investimento elevado) esteve durante muito tempo fora do alcance dos investidores particulares. Em segundo lugar, que esta forma de investir requere uma infraestrutura muito mais complexa, pois não só o universo de investimento é muito mais alargado (para termos uma ideia, mais de 98% das empresas no mundo são privadas), mas também a informação disponível é muito mais escassa. Na realidade tem sido uma classe de activos muito utilizada por investidores institucionais (fundos de pensões, fundos soberanos, Endowments e Family Offices) e com bastante sucesso, diga-se de passagem.

Umas das tendências que temos notado nos últimos anos, é um esforço da industria de gestão de activos públicos e privados, de

Este material é destinado apenas a investidores profissionais. Não se destina à distribuição a qualquer pessoa ou entidade que seja cidadão ou residente de qualquer localidade, estado, país ou outra jurisdição onde tal distribuição, publicação ou utilização seja contrária à lei ou regulamento. Todos os investimentos envolvem riscos, incluindo o risco de perda do capital inicial investido. As informações e dados apresentados neste documento não devem ser considerados como uma oferta ou solicitação de compra, venda ou subscrição de títulos ou instrumentos financeiros ou serviços.

FECHAMOS 2023

COM UM TOTAL DE 43,18 MIL MILHÕES DE EUROS EM FUNDOS E ETF ESTRANGEIROS E

oferecer soluções que possam estar ao alcance dos investidores particulares. Isso passa por oferecer soluções com uma simplificação dos processos operativos e de investimento mas também com montantes de acesso mais baixos, embora respeitando e mantendo em muitos casos a iliquidez dos activos. Esta classe é um trade-off entre potenciar maior rentabilidade a longo prazo por menos flexibilidade e liquidez no curto. Se existem com certeza alguns investidores que não estão preparados para reduzir a liquidez das suas carteiras, a realidade é que uma grande maioria tem muito a beneficiar com a exposição a esta classe. É caso para dizer: Vamos falar de activos privados?

CRESCIMENTO DE
COM UM
7,5%
“PARA

AS SEGURADORAS, O INVÓLUCRO FUNDO É UMA FORMA DE ABRIR AS PORTAS A CLASSES DE ATIVOS DIFÍCEIS DE INVESTIR DIRETAMENTE, COMO A DÍVIDA PRIVADA, AS INFRAESTRUTURAS OU O PRIVATE EQUITY”

BAPTISTE BUISSON OFI INVEST

19% dos ativos dos fundos de pensões são objeto de gestão por parte das gestoras de patrimónios, pelo que há que remover esta duplicação. Estimamos assim que 2,21 e 1,12 mil milhões de euros das seguradoras e fundos de pensões, respetivamente, sejam parte do bolo da gestão de patrimónios.

Para os restantes segmentos a informação recolhida não carece de qualquer ajustamento. Primeiramente, os fundos domésticos, que investem 6,1 mil milhões de euros em fundos estrangeiros (cerca de 33% dos ativos geridos) e em segundo lugar, a distribuição direta de fundos estrangeiros, que ascende aos 6,42 mil milhões de euros.

Finalmente, a carteira do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social que geria, no final de 2023, 29,8 mil milhões de euros dos quais 6,8 mil milhões de euros são fundos mobiliários estrangeiros ou ETF, segundo informações do próprio Instituto de

“COM O RECURSO A ETF, AS IDIOSSINCRASIAS ATUAIS DOS MERCADOS FINANCEIROS SÃO CADA VEZ MAIS SUSCETÍVEIS DE SEREM MONETIZADAS”

NUNO BASÍLIO GOLDEN SGF

Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social. Os fundos e ETF estrangeiros representam, assim, 23% desta carteira.

Este último foi o bloco institucional de investimento em fundos estrangeiros que mais viu crescer o seu tamanho (+56,7%), enquanto no segmento das seguradoras o crescimento ficou-se pelos 5,7% e a distribuição de fundos nos 5,4%. Segundo a nossa estimativa, o investimento da gestão de patrimónios em fundos estrangeiros foi o único que viu o seu volume decrescer no ano.

Fechamos assim 2023 com um total de 43,18 mil milhões de euros em ativos em fundos e ETF estrangeiros e com um crescimento de 7,5%. Não é um ano de crescimento extraordinário, mas é um de consolidação, onde fica claro que estes veículos e provedores agarraram as suas parcelas das carteiras institucionais nacionais e que vieram para ficar.

Diretor de clientes Institucionais e do Mercado Português, Schroders A OPINIÃO DE

BOAS NOTÍCIAS OU MÁS NOTÍCIAS?

Há algumas semanas, o nosso CIO em Londres comentava que estamos num momento crucial para “evitar ativos que sejam negativamente afetados pelas boas notícias macro”. Este paradoxo era claramente dirigido à economia norte-americana e à sua capacidade de continuar a surpreender-nos pela positiva, apesar do cenário das taxas de juro elevadas se manter por mais tempo.

Esta força que se tem prolongado no tempo pode, no entanto, impactar de forma relevante certos segmentos das obrigações norte-americanas, em particular os títulos com maior duração.

Mas há um ativo cuja força pode ser aproveitada sem estarmos expostos a qualquer surpresa por parte das taxas de juro altas. Falamos, especificamente, das titularizações hipotecárias.

Por um lado, é possível investir em securitização de crédito hipotecário através de fundos como o Schroder International Selection Fund Securitised Credit, beneficiando de yields que têm rondado os 7%, sem risco de taxa de juro e com uma notação de crédito AA.

Por outro lado, estes instrumentos têm proporcionado historicamente uma correlação mais baixa face aos ativos tradicionais de crédito e a forma como os gerimos, movimentandonos entre diferentes oportunidades, acrescenta-lhes flexibilidade. Podem ser, por isso, um diversificador interessante, desde que se mantenha nos EUA um cenário de aterragem suave.

PAR
RAP T REN
T NER
28 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS CAPA
Good things happen when experts come together FOR PROFESSIONAL INVESTORS ONLY. Provided by Natixis Investment Managers International or its branch office Natixis Investment Managers International S.A., Sucursal en España, Serrano n°90, 6th Floor, 28006 Madrid, Spain. Natixis Investment Managers International is a portfolio management company authorized by the Autorité des Marchés Financiers (French Financial Markets Authority - AMF) under no. GP 90-009, and a public limited company (société anonyme) registered in the Paris Trade and Companies Register under no. 329 450 738. Registered office: 43 avenue Pierre Mendès-France, 75013 Paris. Natixis Investment Managers International S.A., Sucursal en España is authorised and supervised by the Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV) in relation to its activities in Spain, and by the Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) in relation to its activities in Portugal. Registered office of Natixis Investment Managers International S.A., Sucursal en España: Serrano n°90, 6th Floor, 28006 Madrid, España. ADINT121-0823 Together, we’re experts in equities, bonds, ESG, thematics and alternatives. Experience The Expert Collective > IM.NATIXIS.COM MARKETING COMMUNICATION

GRANOLAS VS. SETE MAGNÍFICAS

A tendência para a concentração do peso de determinados grupos de ações nos índices está a aumentar, tanto nos EUA como na Europa. Estes grupos têm caraterísticas diferentes: nos EUA apostam na tecnologia, no velho continente apostam numa maior diversificação com uma forte representação do setor da saúde.

Quando o filme acaba, apenas três dos Sete Magníficos sobrevivem - as personagens interpretadas por Yul Brinner, Steve McQueen e Horst Bucholz. Noutro desses paralelismos entre a realidade e a ficção, após o boom do ano passado, na bolsa americana, a conversa passou das Sete Magníficas para as Fab Four (as quatro favoritas). A Nvidia, Meta, Amazon e Alphabet continuam de pé, a Microsoft resiste, mas em 2024, a Apple e, sobretudo, a Tesla, entraram na zona vermelha das quedas da bolsa. A pressão da concorrência chinesa está a dificultar a situação da gigante de veículos elétricos norte-americana.

Esta divergência e os níveis alcançados por algumas valorizações reativaram o interesse por outro grupo de empresas, desta vez europeias. Trata-se das Grannnolass (Granolas, de forma simplificada), acrónimo cunhado pela Goldman Sachs (também criadores dos BRIC). O termo engloba a GSK, Roche, ASML, Nestlé, Novartis, Novo Nordisk, L’Oréal, LVMH, AstraZeneca, SAP e Sanofi. Em resposta, o Citibank propõe a versão europeia das Super Seven em que

se repetem a Novo Nordisk, ASML, LVMH e SAP, mas com a variação da Schneider Electric, Richemont e Ferrari. Por sua parte, a Société Générale aposta nas Sete Maravilhas (Seven Wonders), mudando a Richemont e a Ferrari pela Siemens e a Hermès. Sob estas propostas destacam-se dois temas. Por um lado, a crescente concentração dos mercados de ações e a necessidade de encontrar um grupo que possa beneficiar do impulso da gestão passiva. Por outro, e como questão de fundo, a recorrente pergunta de se o mercado de ações europeias pode superar o americano.

A SOLUÇÃO ESTÁ NA IA

Partindo do facto de que em ambos os lados do Atlântico os acrónimos se agrupam em empresas multinacionais que operam em todo o mundo, o peso das Granolas no índice Stoxx Europe 600 subiu para 25%, bastante comparável ao das Sete Magníficas no S&P 500. No entanto, o grupo europeu tem uma capitalização combinada na bolsa de três biliões de dólares, face ao valor conjunto de 13 biliões de dólares na bolsa americana.

Em termos de valorização, as Granolas estão mais baratas do que as

Sete Magníficas, visto que negociam a 20 vezes os lucros previstos para o próximo ano face às 30 vezes das Sete Magníficas.

Caspar Rock, diretor de Investimentos (CIO) da Schroders, destaca a magnitude dessa lacuna: “Para contextualizar os dados, a capitalização da bolsa do grupo americano é atualmente superior à dos mercados do Reino Unido, França, China e Japão, no seu conjunto. Embora, na sua opinião, a concentração do mercado americano seja preocupante, “acreditamos que falar de uma bolha está fora de questão, dado o crescimento dos seus lucros e das suas perspetivas”.

Para a sua colega Johanna Kyrklund, também diretora de Investimentos (CIO) da Schroders, a grande diferença está nas economias de ambas as regiões: “A despesa fiscal significativa que observámos nos EUA nos últimos dois anos fez com que a dinâmica de crescimento da economia tenha sido mais atrativa do que noutras partes do mundo”. Embora reconheça que as valorizações são mais atrativas fora dos EUA, a diretora acredita que “a Europa nunca vai superar os EUA. A Europa teve, obviamente, um panorama energético mais difícil, que está

30 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
ESTRATÉGIAS por María
TENDÊNCIAS
Folqué

GRANOLAS EM FUNDOS DE AÇÕES EUROPEIAS REGISTADOS PARA VENDA EM PORTUGAL

Para analisar a presença de ações Granola nos fundos de ações europeias disponíveis em Portugal, comparámos as carteiras agregadas dos cinco produtos com maior volume com as dos cinco veículos com maior volume de ativos de gestão nacional.

FUNDOS DE AÇÕES EUROPEIAS COM O MAIOR VOLUME COMERCIALIZADOS EM PORTUGAL

10 PRINCIPAIS POSIÇÕES NA CARTEIRA AGREGADA

Nordisk

3,45 Lvmh Moet Hennessy Louis Vuitton

2,08 Linde

1,89 Inditex

1,87 RELX

1,83 Scheider Electric

1,68 Siemens

1,67 SAP

1,64 Sanofi

Saúde Dinamarca

Consumo Cíclico França

Materais Básicos Irlanda

Consumo Cíclico Espanha

Indústria Reino Unido

Indústria França

Indústria Alemanha

Tecnologia Alemanha

Saúde França

A carteira agregada inclui cinco ações do grupo Granolas: ASML, Novo Nordisk, LVMH, SAP e Sanofi. Essas quatro primeiras integram também as Super Sete, juntamente com a Schneider.

FUNDOS NACIONAIS DE AÇÕES EUROPEIAS COM O MAIOR VOLUME

10 PRINCIPAIS POSIÇÕES NA CARTEIRA AGREGADA

EMPRESA

% ATIVOS

5,14 ASML

3,23 Novo Nordisk

3,13 Lvmh Moet Hennessy Louis Vuitton

2,94 AXA

2,91 SAP

2,63 Siemens

2,32 AstraZeneca

2,24 Airbus

2,20 Schneider Eletric

2,20 Air Liquide

Fonte: Morningstar. Dados a final de abril de 2024.

SETOR PAÍS

Tecnologia Holanda

Saúde Dinamarca

Consumo cíclico França

Serviços Financeiros França

Tecnologia Alemanha

Indústria Alemanha

Saúde Reino Unido

Indústria Holanda

Indústria França

Materiais Básicos França

Também a composição agregada da carteira dos fundos nacionais de ações europeias inclui ações do grupo Granola, como a ASML, Novo Nordisk, LVMH, SAP e AstraZeneca.

NOME DO FUNDO ENTIDADE GESTORA CATEGORIA GLOBAL ATIVOS SOB GESTÃO (MILHÕES EUR) Fidelity Funds - European Growth Fund Fidelity International Europe Equity Large Cap 6.632 Comgest Growth Europe Comgest Europe Equity Large Cap 6.245 BlackRock Global Funds - Continental European Flexible Fund BlackRock Europe Equity Large Cap 5.797 Eleva UCITS Fund - Fonds Eleva European Selection Eleva Capital Europe Equity Large Cap 5.536 Amundi Funds - Euroland Equity Amundi Europe Equity Large Cap 4.936
NOME DO FUNDO ENTIDADE GESTORA CATEGORIA GLOBAL ATIVOS SOB GESTÃO (MILHÕES EUR) Santander Ações Europa Santander AM Europe Equity Large Cap 161 IMGA European Equities IMGA Europe Equity Large Cap 58 BPI Europa BPI GA Europe Equity Large Cap 28 Caixa Ações Europa Socialmente Responsável Caixa GA Europe Equity Large Cap 26 Montepio Ações Europa Montepio GA Europe Equity Large Cap 20
ATIVOS EMPRESA SETOR PAÍS 5,40 ASML Tecnologia Holanda 5,10 Novo
%
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 31

“AS GRANDES INFLEXÕES TECNOLÓGICAS TÊM SIDO HISTORICAMENTE UM BOM MOMENTO PARA ESTAR ATIVOS”

RICHARD CLODE

JANUS HENDERSON INVESTORS

“MICROSOFT

E NVIDIA

SÃO OS NOSSOS VALORES

PREFERIDOS PARA PARTICIPAR

NA IA. NA EUROPA FAVORECEMOS A ASML E A SAP”

MARK DENHAM CARMIGNAC

a melhorar. Mas a dinâmica de crescimento continua mais favorável nos EUA do que na Europa”.

Mark Denham, responsável de Ações da Carmignac, sublinha a necessidade de se ser seletivo. Sobre a revolução da IA, assinala que mantêm apenas três das Sete Magníficas (Microsoft, Nvidia e uma pequena participação na Alphabet) em carteira. “A Microsoft e a Nvidia são os nossos títulos preferidos para participar na IA”.

Quanto às Granolas, destaca a sua maior diversificação e aposta pela Novo Nordisk. “O tema da diabetes deverá continuar a funcionar, visto que as previsões de lucros a curto prazo ainda não refletem o potencial da sua força”, detalha.

Em relação à IA, considera que “o seu boom centrou-se nas empresas americanas que desenvolvem os grandes modelos de linguagem (LLM) ou nas que proporcionam os chips necessários para executá-los. Os mercados europeus ficam para trás neste setor, mas favorecemos duas empresas: ASML e SAP”.

A IA impõe-se claramente como temática de investimento central. Assim o vê também Richard Clode, gestor de Carteiras na Janus Henderson Investors. “Atualmente não temos a Apple nem a Tesla entre os nossos dez títulos principais, mas temos posições consideráveis noutras cinco magníficas dadas as suas fortes posições em IA, bem como o potencial de crescimento desmedido dos lucros e as suas valorizações razoáveis como consequência”, indica. Para Richard, “as grandes inflexões tecnológicas são historicamente um bom momento para se estar ativo, visto que os índices de referência permitem apenas olhar para trás no tempo e recompensar êxitos anteriores. Isto funciona quando há vencedores consolidados numa tendência existente, mas não nos pontos de inflexão”. Para dar o nosso contributo para a guerra dos acrónimos, sugerimos olhar para o mercado japonês, que parece estar a voltar a ganhar vida. A razão é puramente cinematográfica: Os Sete Magníficos é uma cópia (muito pior) do original dos Sete Samurais do maestro Kurosawa.

GOMES Senior CRM, UBS AM Iberia

A NOVA CARTEIRA

Entrámos numa nova Era de investimento: inflação, desafios geopolíticos, taxas de juro mais elevadas, volatilidade dos preços das matérias-primas e a escassez de mão de obra. Esta situação tem afetado a carteira tradicional 60:40 centrada exclusivamente nos mercados públicos, ações e obrigações, defraudando em grande medida as expetativas dos investidores. Os mercados privados estão a aparecer como uma alternativa real de diversificação, de retorno e mitigação dos riscos. Estamos a assistir a uma abertura dos mercados privados semelhante à que tivemos com a gestão indexada e os ETF no início dos anos noventa. Estão a aparecer alternativas aos fundos tradicionais que investem nos mercados privado, que se caraterizavam pela sua complexidade e elevados montantes mínimos de investimento. Na nossa opinião, o desenvolvimento mais notável são os veículos semilíquidos que, além de uma operativa mais simples, ao recorrerem ao mercado secundário, conseguem proporcionar liquidez aos investidores em determinados intervalos. É uma liquidez idiossincrática e não sistémica. Em determinadas condições de mercado, estes fundos poderão suspender os resgates em parte ou na sua totalidade. Os investidores têm de estar não só cientes deste aspeto, mas também confortáveis.

32 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS ESTRATÉGIAS
PAR T NER
A OPINIÃO DE RAP T REN
DIOGO
60:40

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O PAPEL DA IA NA ANÁLISE ESG MOLDANDO O FUTURO DOS INVESTIMENTOS SUSTENTÁVEIS

Numa altura em que a análise de dados financeiros já é bastante desafiadora, a criação de divulgações obrigatórias e o maior ênfase na compreensão dos dados ESG acaba por sobrecarregar os analistas financeiros. A IA emerge, desta forma, como um game changer e a sua integração na análise ESG moldará o futuro dos investimentos sustentáveis.

Nos últimos anos, as considerações ambientais, sociais e de governança (ESG) emergiram como fatores críticos no mundo da gestão de ativos. O investimento no mercado ESG tem demonstrado um crescimento exponencial, com os investidores a reconhecerem cada vez mais a importância de práticas de investimento sustentáveis e socialmente responsáveis.

Temos visto governos, reguladores, investidores institucionais, ativistas e

o público em geral, especialmente na Europa, a exercer uma forte pressão sobre os investimentos e gestão de ativos para que desempenhem um papel forte na ação climática, igualdade social e controlo de governance. Isto levou à criação de divulgações obrigatórias e a uma ênfase maior na compreensão dos dados ESG no âmbito dos investimentos e da gestão de ativos.

Estas questões têm criado pressão nas instituições financeiras, onde a análise de dados financeiros na gestão de ativos já é bastante desafiadora. Exige tempo e esforço significativos para compreender e identificar padrões dentro da vasta quantidade de dados disponíveis. Agora, com dados ESG, que envolvem uma ampla gama de análises de dados, abrangendo mais de 1.000 novas métricas que são medidas e comparadas entre empresas, dificultam-se todas as decisões de investimento e atrasam-se processos, muitas vezes já automatizados.

Isso significa uma sobrecarga de análise de dados para analistas finan-

por Tiago Freire de Andrade
34 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS ADVISORY

CASO DINÂMICO

H&M - Novo Caso

A H&M foi processada numa ação judicial de consumidores que alega que a empresa enganou os clientes com falsas alegações sobre sustentabilidade dos seus produtos.

A ação judicial afirmava que a coleção Conscious da H&M, comercializada como sendo ecológica e sustentável, não cumpria os padrões ambientais anunciados, levando a acusações de greenwashing.

Reuters.com

“H&M escrutinada relativamente a greenwashing na sua comunicação”

The Sustainable Fashion Forum

“A H&M está a ser processada judicialmente por ter criado marketing sustentável enganador”

Tópicos de ESG a explorar e gerados por IA:

Ambiente:

Impakter

“O escândalo de greenwashing da H&M: aprenderam a sua lição”

1. Emissões de Carbono: Qual o verdadeiro contributo das emissões da H&M e dos seus fornecedores para as emissões de carbono?

2. Uso de Água: Qual o gasto de água na produção dos produtos H&M?

3. Materiais Sustentáveis: Qual a proporção de materiais reciclados e não reciclados e que certificações têm?

Fonte: Elaboração própria.

ceiros e muitas vezes informações contraditórias entre informações financeiras e não financeiras. O resultado destas questões tem sido o contrário do esperado, pois embora os gestores de ativos estejam dispostos a investir em ESG e ver lucros futuros desses investimentos, muitas vezes preferem restringir-se ao cumprimento das divulgações obrigatórias e a não se comprometerem com o artigo 9º da SFDR da União europeia, por exemplo. Porventura, com melhores ferramentas, poderão ter a confiança de estar em totalmente cumprimento e assim implementar os tão desejados critérios máximos de ESG.

Enquanto isso, a inteligência artificial emergiu como um game changer na análise de dados e geração de texto em diversas indústrias. Este avanço tec-

nológico abriu novas possibilidades, especialmente na análise e relatórios de finanças e ESG.

IA: VÁRIOS ASPETOS

Com a IA, um ativo pode ser analisado em vários aspetos financeiros e não financeiros e comparado com padrões pré-definidos de um fundo específico. Isto tem inúmeras possibilidades, mas existem três que se destacam: análise rápida de um ativo, comparação com pares e criação de relatórios de investimento para enviar aos stakeholders. Para que haja uma análise não financeira abrangente, é importante que se englobe todas as partes interessadas de uma empresa: funcionários, comunidades, investidores, clientes, fornecedores, opinião pública, jornalistas e o conselho de administração. Ao

COM A IA, UM ATIVO PODE SER ANALISADO EM VÁRIOS ASPETOS

FINANCEIROS E NÃO FINANCEIROS E COMPARADO COM PADRÕES PRÉDEFINIDOS DE UM FUNDO ESPECÍFICO

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 35

CASOS SIMILARES NA INDÚSTRIA E O SEU IMPACTO

Rana Plaza - Caso Similar

Rana Plaza Collapse (2013)

Empresa envolvida: Diversas marcas, incluindo Primark, Mango e Benetton

Problema: O colapso da fábrica

Rana Plaza no Bangladesh matou mais de 1.100 trabalhadores e feriu milhares. A tragédia destacou graves deficiências na segurança do local de trabalho, nos direitos laborais e nas práticas de sourcing ético na indústria de moda.

Impacto ESG: Este incidente gerou um escrutínio significativo sobre as práticas laborais e a transparência na cadeia de fornecimento na indústria da moda.

Nike - Caso similar

Nike Sweatshop Scandal (1990s)

Empresa envolvida: Nike

Problema: A Nike enfrentou uma reação global devido a relatos de condições de trabalho precárias, trabalho infantil e salários baixos nas suas fábricas no estrangeiro.

Impacto ESG: Em resposta, a Nike implementou mudanças significativas nas suas práticas laborais e lançou iniciativas para melhorar as condições de trabalho.

reunir dados de várias fontes e alinhá-los com os mandatos ESG de fundos específicos, sejam eles regulatórios ou focados em sustentabilidade, pode-se então construir um perfil ESG robusto para cada ativo.

Com as tecnologias atuais, já podemos coletar dados e realizar análises sobre estes, utilizando tecnologias como PNL (Processamento de Linguagem Natural), Análise de Sentimento, resumos de inteligência artificial e análise de notícias, e conduzir avaliações abrangentes. Além disso, é importante realizar comparações personalizadas dentro de indústrias, simular impactos

Burberry - Caso similar

Burberry´s Product Destruction (2018)

Empresa envolvida: Burberry

Problema: Foi revelado que a Burberry destruiu bens de luxo não vendidos no valor de milhões de dólares para evitar que fossem vendidos com desconto, o que levantou preocupações sobre a desperdício ambiental e as práticas de sustentabilidade.

Impacto ESG: A reação negativa levou a Burberry a anunciar que iria parar com a prática de destruir bens não vendidos, refletindo uma pressão crescente por parte dos consumidores e dos reguladores sobre as empresas para adotarem práticas mais sustentáveis.

de investimento, garantir conformidade com regulamentações predefinidas, adaptando-se rapidamente a novos regulamentos, identificar ativos com desempenhos abaixo do esperado e, por último, fornecer estratégias de otimização para gestão de portefólios.

Num futuro próximo, seremos capazes de compreender padrões de tendências ESG, analisando eventos relacionados com empresas no passado e ensinar a IA a monitorizar fontes ao vivo para identificar red flags em ativos e criar casos de ESG sobre estes, para que o analista financeiro possa ver oportunidades, ameaças e apresentar

36 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS ADVISORY
Fonte: Elaboração própria.

Responsável de Distribuição

e de Retalho para a Península Ibérica, América Latina e Ásia, Nordea AM A OPINIÃO DE

SEREMOS CAPAZES DE COMPREENDER PADRÕES DE TENDÊNCIAS ESG, ANALISANDO EVENTOS RELACIONADOS

COM EMPRESAS NO PASSADO, E ENSINAR A IA A MONITORIZAR FONTES AO VIVO PARA

IDENTIFICAR RED FLAGS EM ATIVOS

esses casos de forma fácil e eficiente a qualquer stakeholder interessado. Isso pode incluir interrupções na cadeia de fornecimento, notícias sobre governança ou eventos sociais e riscos climáticos, aos quais ativos específicos estão mais expostos.

Esta tecnologia permitiria identificar um caso de ESG que aconteceu nas últimas horas, cruzar informação com casos semelhantes no passado com a mesma empresa ou na mesma indústria e, resumidamente, reportar os potenciais riscos financeiros e não financeiros para o ativo em questão.

RELEVÂNCIA DOS CASOS

Como se pode ver no primeiro exemplo, o software consegue criar um novo caso, neste caso sobre a empresa H&M, que tem um caso judicial por alegadamente ter enganado os consumidores quanto à sustentabilidade da sua coleção de produtos Conscious.

Quando este processo judicial - ou a ameaça dele - é publicado nas notícias, o software cria um novo caso e, com a ajuda da inteligência artificial, resume o que se está a passar.

Ao mesmo tempo, identifica todas as notícias relevantes sobre este caso, para que o gestor de ativos possa clicar na notícia e perceber melhor o que se passa.

Tudo isto é relacionado com os mandatos de ESG do fundo específico

em que este ativo está alocado, para que se consiga argumentar o porquê de ser um caso relevante para análise.

À medida que o caso vai sendo criado, a inteligência artificial pode começar à procura de casos relevantes passados na mesma indústria ou empresa, para que se possa criar um bom perfil deste caso e as suas implicações. Tal como temos visto, a inteligência artificial vai aprendendo quais são as fontes de notícias mais relevantes e que descobrem primeiro, para que o software seja cada vez mais relevante para o gestor de ativos, tal como se pode ver neste exemplo.

Sendo que estes casos são passados, o gestor de ativos pode depois explorar tudo o que aconteceu com eles, tanto financeiramente como em termos de ESG. A IA abre possibilidades de explorar e perceber relações entre ativos, para que o analista ou gestor de ativos possa reportar o mais rápido possível a todos os seus stakeholders.

À medida que o cenário da gestão de ativos continua a evoluir, a integração da análise ESG impulsionada por IA moldará os investimentos sustentáveis. Com ferramentas personalizadas de IA, os gestores podem navegar pelas complexidades das considerações ESG com confiança, e assim impulsionar impactos positivos e retornos sustentáveis para os vários stakeholders

FICAR INVESTIDO EM DEPÓSITOS SERÁ CADA VEZ MENOS ATRAENTE

Nos últimos 18 meses, os investidores têm acumulado depósitos, atraídos pela combinação de retornos de juros mais elevados e risco muito baixo. Agora, quase um bilião de euros está depositado em depósitos de retalho europeus que deverão vencer em 2024.

Esta enorme quantidade de dinheiro terá de ser reinvestida – mas com que rendimento? A inflação está a diminuir e a taxa de juros provavelmente seguirá o mesmo caminho. Ficar com dinheiro será cada vez menos atraente.

Agora pode ser o momento de considerar a mudança para investimentos de menor risco e de maior duração, capazes de proporcionar retornos relativamente atrativos enquanto as taxas se encontram em queda. As obrigações cobertas europeias são uma dessas opções. Em comparação com obrigações governamentais e empresariais com duração semelhante, oferecem maior rendimento, menor volatilidade, bem como taxas de incumprimento mais baixas – e são atualmente negociadas a um preço atrativo.

A estratégia Nordea European Covered Bond é uma solução gerida ativamente que tem proporcionado um investimento com sucesso exatamente nesta classe de ativos há mais de 250 anos.

LAURA DONZELLA
RAP T REN PAR T NER
Institucional
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 37

8 IDEIAS SOBRE PPR NAS EMPRESAS

A inclusão de um PPR no planeamento financeiro de um indivíduo pode estender-se às empresas... com muitas vantagens. As fiscais são as mais óbvias, mas não são as únicas.

PPR
38 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS PLANIFICAÇÃO FINANCEIRA por Luís Lobo Jordão

Num mercado de trabalho competitivo, é essencial para as empresas portuguesas adotarem métodos inovadores de remuneração. A inclusão de Planos Poupança-Reforma (PPR) como parte da remuneração não só traz benefícios fiscais, mas também fomenta a literacia financeira entre os colaboradores. Esta abordagem não só demonstra o compromisso da empresa com o bem-estar financeiro dos seus empregados, mas também promove um ambiente de trabalho informado e planeado financeiramente. Exploraremos a seguir oito ideias chave sobre a implementação eficaz de PPR nas estruturas de remuneração empresarial.

1- O capital da empresa não pode ser investido em PPR. O PPR apenas pode ser usado para remunerar os colaboradores e os administradores/gerentes. Ao contrário dos fundos mobiliários tradicionais, os PPR só podem ter como investidores os particulares. Tal não invalida que os PPR possam ser utilizados pelas empresas na remuneração dos seus colaboradores e administradores/gerentes. No último caso, pode existir um limite de 27.500 euros/ ano, a partir do qual poderá existir tributação autónoma, pelo que se deverá ter este facto em conta na definição da política remuneratória (Código do IRC - Artigo 88º nº 13 b).

2- Ao contribuir para a poupança/ investimento dos seus colaboradores, a empresa está a ajudar a que estes efetuem, com maior facilidade, uma poupança para o seu futuro. Para o ser humano, é muito mais fácil manter um comportamento do que alterá-lo (inércia).

O famoso Paga-te a ti próprio primeiro pode ser incentivado pela empresa. Ao atribuir uma parte da remuneração em PPR (por exemplo, aquela que permite a maximização dos benefícios fiscais), o colaborador mais facilmente olhará para esse valor como uma solução de longo prazo, ao invés de receber a totalidade do vencimento em dinheiro e depois ter de ir selecionar e aplicar num PPR. Uma vez recebido, o vencimento tende a ser gasto e depois fica difícil poupar para investir. Assim, remunerando através de um PPR, uma parte do vencimento fica logo investida e terá que existir uma ação para a gastar.

3- Os valores entregues aos colaboradores através de PPR não estão sujeitos a TSU - Segurança Social.

A poupança fiscal é muito significativa, podendo ser repartida entre a empresa (23,75%) e o colaborador (11%), ou, como tendemos a recomendar, pode permitir que a empresa remunere o colaborador de forma superior, se decidir passar toda (ou quase

toda) a poupança para o colaborador (Isenção da TSU prevista no artigo 48º alínea b) do Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social).

4- Os valores entregues aos colaboradores estão sujeitos a IRS, mas também poderão ser utilizados para a dedução à coleta. Ou, não. Esta continua a ser uma opção do colaborador.

Quando investimos a título particular num PPR, podemos optar por beneficiar da dedução à coleta no IRS ou não. Este benefício é de 20% do valor investido, com limites por idade, e que, atualmente, no máximo, podem representar uma poupança de 400 € (para um investimento de 2.000 € ). Se decidirmos usufruir deste benefício, então só deveremos levantar o PPR numa das situações previstas na lei. Normalmente tal implica uma permanência mínima de cinco anos e uma situação concreta (atingir os 60 anos, reforma, pagamento de prestações do crédito habitação HPP, etc.). Se não quisermos ter estas limitações, podemos não usufruir do benefício fiscal à entrada e levantar o PPR quando entendermos, mesmo que fora das condições. As contribuições da empresa para o PPR do colaborador funcionam como as entregas particulares e podem ser utilizadas para beneficiar da dedução à coleta.

PPR
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 39

OPINIÃO DE

AO CONTRÁRIO DOS FUNDOS MOBILIÁRIOS TRADICIONAIS, OS PPR SÓ PODEM TER COMO

INVESTIDORES OS PARTICULARES. NO ENTANTO, PODEM SER UTILIZADOS PELAS EMPRESAS NA REMUNERAÇÃO DOS SEUS COLABORADORES

5- Os valores entregues aos colaboradores estão isentos de retenção da fonte caso a empresa assim decida, pois são rendimentos em espécie. Terão sempre de ser incluídos nas remunerações anuais.

Tal como outros rendimento pagos em espécie, a remuneração via PPR pode não ser sujeita a retenção na fonte, tendo sempre que ser englobada nos rendimentos anuais. Ou seja, está sujeita a IRS.

6- Pelo Código do Trabalho, as remunerações em espécie pagas aos colaboradores estão limitadas a 50% da sua remuneração bruta, pelo que este será o limite superior das entregas via PPR (artigo 259º do Código do Trabalho).

Se o colaborador auferir um rendimento anual de 28.000 (ou seja 2.000€/ mês), o máximo que poderá ser pago via PPR será 14.000€, tendo os outros 14.000€ de ser obrigatoriamente pagos em dinheiro.

7- Os PPR são considerados um rendimento em espécie e é perfeitamente possível definir montantes diferentes por colaborador e remunerar alguns desta forma e outros não. Não se trata de um plano de pensões que, esse sim, exige regras de universalidade. Existe total flexibilidade para a empresa definir as remunerações via PPR. No caso dos planos de pensões, para além da isenção da TSU (taxa social única), existe um diferimento de IRS para a altura da reforma. Este benefício extra,

implica, no entanto, um cumprimento de regras muito estritas, que incluem obrigações de universalidade na sua atribuição (todos os colaboradores têm que estar incluídos no plano) e obrigações de reembolso (os colaboradores só podem aceder aos valores aplicados no plano aquando da sua reforma).

8 - Os ganhos dos PPR são dos menos tributados das aplicações financeiras em Portugal

Decidindo a empresa remunerar o colaborador através de PPR, este sabe que terá uma das tributações mais favoráveis de investimentos financeiros em Portugal, e que esse benefício ocorrerá logo desde o início. Se o PPR for levantado numa das situações previstas na lei, então a taxa de tributação das mais-valias será de apenas 8%, em vez dos 28% tradicionais.

Mesmo no caso de levantamento fora das condições previstas na lei (e desde que não tenha obtido benefício fiscal na entrada), a tributação à saída, será mais favorável que outros tipos de investimento em Portugal, desde os 21,5% até aos 5 anos de investimento, passando pelos 17,2% entre os cinco e os oito anos, e, finalmente, chegando a uma tributação de apenas 8,6% após oito anos de investimento.

Uma nota final para indicar que os PPR em Portugal podem ter várias estratégias de investimento, desde PPR de capital garantido, até PPR com um nível de ações de 100%, pelo que certamente existirá uma estratégia que fará sentido para cada colaborador.

ANA CLAVER GAVIÑA Responsável de Negócio para a Península Ibérica, América Latina e US Offshore e presidente do Comité de Sustentabilidade da CFA Society Spain, Robeco

A INCERTEZA

COMBATE-SE COM AS FERRAMENTAS CERTAS

Apesar da incerteza quanto aos resultados das próximas eleições nos EUA e a consequente atitude do país norte-americano face às ações relacionadas com as alterações climáticas, a verdade é que, a nível global, continua a haver mudanças na direção certa. As temperaturas recorde observadas no ano passado continuam a inquietar governos, empresas e investidores, e os seus riscos não nos deixam esquecer de que estamos enquadrados no contexto de uma COP 28 que, pela primeira vez, incluiu explicitamente num acordo o abandono dos combustíveis fósseis.

Na Robeco entendemos que a transição energética parte das empresas, e as que merecem a nossa atenção enquanto investidores são as que demonstram com ações o seu rumo à net zero. Para medir este esforço são necessárias ferramentas complexas como o Power Sector Decarbonization Pathway (SDP) da Robeco, que se centra na avaliação de futuras trajetórias de descarbonização em relação a pontos de referência baseados na ciência, na análise do CAPEX necessário em energias renováveis para alcançar os objetivos estabelecidos, e na comparação do gasto de capital exigido pelas empresas com o gasto de capital comprometido para determinar a credibilidade dos seus planos de descarbonização.

A
PAR T NER
RAP T REN
40 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS PLANIFICAÇÃO FINANCEIRA

TRUMP

BIDEN vs. O IMPACTO DAS ELEIÇÕES

NORTE-AMERICANAS

NOS INVESTIMENTOS

As eleições norte-americanas desempenham um papel essencial nos mercados financeiros, influenciando decisões de investimento. Com o aproximar de mais um embate entre Joe Biden e Donald Trump, crescem a expetativa e a incerteza geradas pela potencial mudança nas políticas.

Um dos grandes focos dos investidores este ano vão para as eleições dos Estados Unidos que vão opor Donald Trump a Joe Biden. Estas eleições poderão alterar significativamente o panorama económico-financeiro do país e, provavelmente, do resto do mundo, podendo moldar a maneira como os investidores irão atuar nos mercados. Para isso, é fundamental compreender as potenciais implicações de uma vitória de Biden ou de Trump e saber como lidar com a incerteza que acompanha qualquer acontecimento político importante.

A polarização na política americana tem vindo a ter maior influência nos mercados financeiros, com cada vez mais investidores a tomarem de-

cisões com base nas suas opiniões. Reflexo disto é a existência de gestoras de ativos focadas em ideologia política como a Parnassus, que investe com uma lente dos chamados democratas liberais, e do outro lado da barricada o 1789 Capital, que se foca em empresas que foram penalizadas pelo ESG e o Strive Asset Management de Vivek Ramaswamy, com o seu ETF de com-

42 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
TENDÊNCIAS ESTRATÉGIAS

OS RETORNOS DE DIFERENTES CLASSES DE ATIVOS EM PERÍODOS DE ELEIÇÕES

PRESIDENCIAIS

E NOS SEUS INTERVALOS

AÇÕES

bustíveis fósseis com o ticker DRLL. De um lado, as considerações sociais, ambientais e de governação (ou ESG) têm estado no centro das atenções de reguladores e investidores. Desde que Larry Fink, CEO da BlackRock, indicou que as alterações climáticas levariam a uma alteração fundamental no mundo financeiro, praticamente todas as empresas seguiram as suas pisadas. No outro lado, legisladores republicanos norte-americanos têm criticado os grandes bancos e gestores de investimentos por serem demasiado woke ou hostis aos combustíveis fósseis e até baniram grandes instituições financeiras como a BlackRock, o Goldman Sachs, o State Street e o Wells Fargo. Inclusive, a Flórida, o

Kansas e o Idaho, criaram legislação que proíbe ou limita a consideração de ESG. Além do foco ambiental, esta decisão tinha como base outros princípios à volta do ESG: desde matérias de diversidade, equidade e inclusão (DEI) como a diversidade do conselho de administração. Quase uma década depois, a BlackRock abandonou a sigla ESG para falar de investimento de transição, mais focado no ambiente do que nos outros tópicos mais controversos.

BIDEN=A MANUTENÇÃO

O que podemos então esperar das eleições de novembro neste contexto? No cenário de uma vitória de Biden, os investidores podem esperar uma

manutenção das atuais políticas. Uma das mais significantes será na matéria de impostos, nomeadamente no aumento do imposto para as empresas de 21% para 28%. Apesar dos impactos nos resultados das empresas no curto prazo, a continuação do Green Deal e o potencial investimento de dois biliões de dólares em energia limpa e infraestrutura nos próximos quatro anos poderão criar oportunidades no setor das energias renováveis. No setor da saúde, é prevista a expansão do Affordable Care Act, aumentando consequentemente a procura por serviços e produtos médicos, o que poderá potencializar os ganhos nas ações e obrigações de empresas deste setor. Adicionalmente, Biden terá

TREASURIES CRÉDITO LIQUIDEZ FORA
PERÍODO DE ELEIÇÕES PRÓXIMO DO PERÍODO DE ELEIÇÕES RETORNOS ANUALIZADOS %
DO
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 43 12 10 8 6 4 2 0
Fonte: Oxford Economics/Macrobond/Shiller. Média dos retornos nas eleições, desde 1960 para as ações, treasuries e liquidez. 1980 para o crédito. As janelas eleitorais referem-se a retornos, 12 meses em torno de cada eleição.

A POLARIZAÇÃO NA POLÍTICA

AMERICANA TEM VINDO A TER

MAIOR INFLUÊNCIA NOS MERCADOS

FINANCEIROS, COM CADA VEZ MAIS INVESTIDORES A TOMAREM DECISÕES

COM BASE NAS SUAS OPINIÕES

uma política externa previsível no que toca aos principais temas, tais como o apoio à Ucrânia. Apesar das suas mais recentes decisões em termos de imposição de tarifas à China, os restantes parceiros na Ásia e Europa beneficiarão da sua ajuda.

POSSÍVEIS MUDANÇAS

Na possibilidade de Trump sair vitorioso, será previsível a continuação das políticas do seu primeiro mandato que se caracterizou sobretudo pelos cortes de impostos, limitação da regulação e um foco na produção doméstica. De acordo com um relatório da Oxford Economics, Trumponomics: The Economics of a Second Trump Presidency, estes cortes beneficiariam os setores energético e financeiro, nomeadamente a indústria de combustíveis fósseis e as instituições financeiras. Contudo, a maior imprevisibilidade será em termos de relações externas. No estudo, os autores discutem dois cenários: a possibilidade de Trump ser mais moderado nas suas políticas ou avançar com o protecionismo total com o lema America First. Num cenário moderado, países como o México e o Canadá teriam um benefício limitado e os mercados financeiros seriam

relativamente pouco afetados (dado que este cenário não destoa em nada das atuais medidas protecionistas de Biden). Olhando para o cenário de protecionismo total, aqueles países seriam os que mais perderiam (excetuando a China) com a consequente desaceleração da economia global. Em termos de mercados, o impacto inflacionista de tarifas mais elevadas iria possivelmente forçar o aumento das taxas de juro (a menos que o presidente ganhasse o direito de impedir a Reserva Federal de as impor).

Não obstante, é preciso relembrar que tomar uma posição de qualquer lado do espetro político pode ter consequências: os boicotes anti-ESG aumentaram o custo dos juros da dívida no Texas, dado que os bancos com políticas ESG deixaram de financiar a venda das suas obrigações. Por outro lado, os democratas que venderam ações após a vitória de Trump em 2016 não aproveitaram a subida de 21% do S&P500 no ano seguinte. Independentemente dos resultados, os investidores devem manter uma carteira bem diversificada por classes de ativos, setores e regiões, ajudando a distribuir o risco, o que será sempre a melhor solução para mitigar riscos que advenham destas eleições.

OPORTUNIDADES OFERECIDAS PELO RESHORING

Este é o termo dado à prática empresarial em que parte do negócio de uma empresa que se situava fora do seu país volta ao seu país de origem. É o termo oposto ao offshoring. A administração Trump quis promover o regresso da atividade fabril para os EUA através do aumento de taxas. Esta medida não foi eficaz, como podemos ver se analisarmos os dados macro históricos. Pelo contrário, a administração de Biden, com o mesmo objetivo, aprovou leis que concedem ajudas económicas generosas a empresas que construam fábricas nos EUA.

A Lei dos Chips e Ciência, a Lei da Redução da Inflação, etc., supõem uma intervenção direta do Estado para favorecer essa reindustrialização. Várias dezenas de multinacionais, não só americanas, começaram a construção de fábricas para aproveitar essas ajudas. Estas novas fábricas vão utilizar intensivamente a automatização industrial para serem competitivas, pelo que as empresas de robótica têm uma oportunidade clara à sua frente. O nosso fundo AXA WF Robotech tem um perfil que pode aproveitar este novo impulso para a automatização industrial. Um dado que confirma este vento favorável é o índice PMIPurchase Manager’s Index - ter ultrapassado o nível 50 passados anos, o que indica que o setor fabril está a recuperar (fonte: Bloomberg a 31/03/24).

A
DE RAP T REN PAR T NER 44 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS ESTRATÉGIAS
JUAN CARLOS DOMÍNGUEZ Sales director, AXA IM
OPINIÃO

Convicção (Con·vic·ção)

Nomefeminino

1. Certeza de um facto de que apenas temos provas morais.

2. Eleger 30 empresas de entre 50.000 para uma carteira de ações?

3. [Jurídico, jurisprudência] prova evidente.

4. Reconhecimento do próprio crime.

A convicção pode ser uma faca de dois gumes. Se por um lado mostra assertividade, por outro, pode colocar em xeque a nossa imagem se não nos provarmos corretos. Não obstante, existem gestores de ações que usam a sua convicção como fundamento para o seu trabalho, o que tem como ponto central um princípio: o nível ótimo de diversificação.

Parece ser conhecimento básico, parte dos fundamentos da literacia financeira, que a diversificação é essencial para reduzir o risco no mercado e garantir retorno a longo prazo. No entanto, há quem acredite que pode haver um excesso de diversificação em muitos dos fundos de investimento disponíveis no mercado, e que este excesso pode impactar negativamente a relação risco/retorno.

O que nos propusemos a fazer neste artigo foi analisar aqueles fundos de ações globais, com Rating FundsPeople 2024 em Portugal, Espanha ou Itália, que se situam no limite inferior em termos de diversificação, ou seja, os fundos de maior convicção do mercado. No mundo existem mais de 50 mil empresas cotadas e vários milhares deste universo terão capitalizações de mercado elegível para investimento por parte dos grandes fundos de ações. Perante este universo, escolher 20 ou 30 posições para uma carteira deveria estar no di -

cionário como parte da definição da palavra convicção.

Três entidades gestoras, com fundos no universo analisado, explicam-nos precisamente o porquê desta concentração elevada de investimento. As respostas, apesar de expressas de forma diferente, concluem o que Michael J. Faherty, gestor de investimentos da Seilern verbalizou da seguinte forma: “A verdadeira diversificação é sobre gerir diversos riscos, não só aumentar o número de posições”.

Terry Smith, CEO da Fundsmith, citou um estudo com o título Wealth Creation in the U.S. Public Stock Markets 1926 to 2019, que “mostra que grande parte da criação de valor vem de um pequeno grupo de investimentos, e que a maioria das posições destrói valor aos investidores. Quanto mais ações o investidor detém, menos sabe sobre cada uma, individualmente”. Na Seilern Investment Management, acreditam que “saber muito sobre pouco é melhor do que saber pouco sobre muito”, e a estratégia de investimento

do Seilern World Growth Fund foca-se em limitar o número de posições, o que “permite que cada gestor conheça extremamente bem o modelo de negócio, e que tenha convicção no potencial de cada uma das empresas”.

Estes fundos têm o seu investimento fundamentado numa rigorosa análise bottom-up, construídos sem referência a um benchmark, numa abordagem buy and hold. Os gestores estão focados em encontrar em empresas líderes, com um crescimento potencial de excelência, gestão forte e boas práticas operacionais.

Dada a convicção e baixo turnover, os gestores não gostam de revelar o seu ingrediente secreto, pelo que nos focámos nas dez principais posições de cada carteira, e calculámos assim, a partir de uma média simples, uma carteira média do universo escolhido. Tal como conseguimos ver no gráfico, um grande peso recai na Microsoft e na Google, duas gigantes tecnológicas americanas, para a Novo Nordisk, uma gigante far -

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 45 TENDÊNCIAS GESTÃO por João Matos

“QUANTO MAIS AÇÕES O INVESTIDOR DETÉM, MENOS SABE SOBRE CADA UMA, INDIVIDUALMENTE”

TERRY SMITH FUNDSMITH

“CONVICÇÃO É INVESTIR EM NEGÓCIOS LÍDERES, COM CRESCIMENTO POTENCIAL EXCELENTE, FORTE GESTÃO E BOAS PRÁTICAS OPERACIONAIS”

MURDO MACLEAN WALTER SCOTT (BNY MELLON IM)

NO TOP 10 DAS CARTEIRAS E NÚMERO DE CARTEIRAS EM QUE SE REPETEM AS AÇÕES DE MAIOR CONVICÇÃO

“A VERDADEIRA DIVERSIFICAÇÃO É SOBRE GERIR DIVERSOS RISCOS, NÃO SÓ AUMENTAR O NÚMERO DE POSIÇÕES”

MICHAEL J. FAHERTY SEILERN AM

Fonte: Morningstar Direct, carteiras mais recentes disponíveis à data de 2 de maio de 2024. Média simples das posições das ações no Top 10 dos 11 fundos de ações globais de grande capitalização considerados na análise.

macêutica europeia, e as duas maiores empresas de cartões de crédito do mundo, a Mastercard e a Visa. Estas últimas apresentam pesos parecidos, e, juntamente, aparecem no Top 10 de oito das onze carteiras, mas nunca simultaneamente.

TRÊS FORTES POSIÇÕES

Para o gestor do Fundsmith Equity Fund, Terry Smith, o investimento na Microsoft, líder em capitalização mundial, é fácil de justificar. “A Microsoft lidera em cloud computing, software pessoal e empresarial, sistemas operativos e videojogos. Apresenta também bons crescimentos de receita e retorno no capital investido nos últimos 5 anos”, conta.

Já a Novo Nordisk, que dispensa apresentações, e marca presença em seis dos onze fundos selecionados, poderá ter o futuro do mercado farmacêutico nas suas mãos. Se as estimativas da World Obesity Federation se concretizarem, a obesidade atingirá cerca de mil milhões de pessoas, que formarão um mercado para produtos como o Ozempic, para

PESO MÉDIO
EMPRESA POSIÇÃO MÉDIA NAS CARTEIRAS EM ANÁLISE (%) NÚMERO DE PRESENÇAS NO TOP 10 DOS FUNDOS EM ANÁLISE Microsoft 4,06% 7 Novo Nordisk 3,49% 6 Alphabet 2,10% 5 Mastercard 1,88% 4 Visa 1,88% 4 Meta 1,45% 3 ASML 1,33% 3 LVMH 1,17% 3 Amazon 0,88% 2 Safran 0,88% 2 Accenture 0,82% 2 Cloudflare 0,82% 1 Adyen 0,79% 1 Adobe 0,79% 1 NVIDIA 0,75% 2 Amphenol 0,73% 1 Essilorluxottica 0,72% 2 L’Oreal 0,64% 1 CME Group 0,63% 1 Shopify 0,62% 1
46 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS GESTÃO

FUNDOS DE AÇÕES GLOBAIS DE GRANDE CAPITALIZAÇÃO COM O MENOR NÚMERO DE POSIÇÕES

Morningstar Direct e FundsPeople. Carteiras mais recentes disponíveis à data de 2

ESTES FUNDOS, FREQUENTEMENTE, TÊM O SEU INVESTIMENTO

REFERÊNCIA A UM BENCHMARK

a diabetes tipo-2, ou o Wegovy, para perda de peso. Lindsay Scott, gestora de investimentos na Walter Scott, parte da BNY Mellon IM, reflete que “a Novo Nordisk está muito à frente da generalidade da competição nos novos tratamentos de diabetes e perda de peso” e adiciona que “é um mercado gigante, a crescer muito rapidamente”. E claro, muto consenso em redor do nome não implica uma ausência de risco. “Claro que há riscos. O principal é saber quem pagará. É um tratamento caro, e que grande parte da população precisa.”, completa a gestora.

A fechar os exemplos, Michael J. Faherty, esclarece o racional do forte investimento do Seilern World Growth Fund na Mastercard – “O crescimento da Master-

card continua a ser atrativo. É guiado pela tendência de digitalizar todos os métodos de pagamento. A empresa também beneficia de um forte efeito de rede, que permite expandir a sua posição no mercado face a outras empresas da indústria.”. O gestor ainda elogia as práticas operacionais da empresa: “A Mastercard faz isto tudo praticamente sem recorrer a dívida, através de um negócio leve em capital e margens operacionais impressionantes”.

Falamos de três meros exemplos de ações de convicção em carteiras de convicção. Todo o portefólio terá uma base de sustentação para a convicção da equipa gestora e muito do mesmo fica oculto no cofre, guardado a sete chaves com a receita secreta.

AÇÕES CHINESAS

ENTRAM NA ERA DOS DIVIDENDOS

Em janeiro de 2023, a entidade reguladora chinesa de ações alterou o principal indicador com que avalia o desempenho dos gestores das empresas públicas, passando dos lucros líquidos para o ROE. Para obter um ROE mais elevado, uma empresa com excesso de liquidez pode pagar mais dividendos. Em agosto, a entidade proibiu os acionistas maioritários de venderem ações no mercado secundário se a empresa cotada tiver pago poucos/nenhuns dividendos nos últimos três anos. Em março de 2024, afirmou que ia pressionar as empresas para pagarem dividendos várias vezes por ano. Os resultados têm sido significativos, ajudados pelos cortes que muitas empresas chinesas fizeram nas despesas. Em 2023, o pagamento de dividendos pelos membros do Shanghai Composite Index aumentou 13%. Tanto as empresas públicas como privadas estão a seguir o apelo do governo. Em março, o Ping An Bank propôs pagar 13,9 mil milhões de RMB em dividendos, aumentando o seu rácio de pagamento para 2023 para 30%, em comparação com uma média de 12% nos cinco anos anteriores. A mensagem é clara: as entidades reguladoras chinesas estão a ampliar os seus esforços para pressionar as empresas locais a pagarem dividendos mais elevados ou recomprarem mais ações para torná-las mais atrativas para os investidores.

CONSTRUÍDOS
FUNDAMENTADO NUMA RIGOROSA ANÁLISE BOTTOM-UP,
SEM
A OPINIÃO DE RAP T REN PAR T NER
de maio de 2024.
FundsPeople 2024 em Portugal, Espanha ou Itália com 30 ou menos posições em carteira.
Fonte:
Fundos com Rating
EM CARTEIRA FUNDO NÚMERO DE POSIÇÕES RATING FUNDSPEOPLE 2024 Seilern World Growth Fund 21 GuardCap Global Equity Fund 24 BNY Mellon Global Leaders Fund 24 Caixa Ações Líderes Globais 25 Incometric Fund Nartex Equity Fund 26 Sifter Global Fund 26 Fundsmith Equity Fund 27 J. Stern & Co. World Stars Global Equity Fund 29 C WorldWide Global Equities Ethical 29 DWS Invest - CROCI Sectors Plus 30 MS Global Insight Fund 30
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 47

DADOS = O PETRÓLEO DO SÉCULO XXI COMO

É QUE OS PROFISSIONAIS

SE FORMAM PARA O APROVEITAR?

Em 2017, a The Economist fazia a metáfora que ficou célebre: os dados são o novo petróleo. Aos profissionais de gestão de ativos, estes ajudam a compreender o que aconteceu no passado, para que possam evitar armadilhas ou detetar oportunidades. Já as novas tecnologias ajudam sintetizar a informação e tornar o grande volume de dados mais facilmente digerível e as tendências mais fáceis de discernir.

Atecnologia mudou, e continua a mudar, as nossas vidas. Ferramentas potenciadas pela inteligência artificial têm facilitado várias tarefas do nosso dia a dia, e o mundo dos investimentos não foge à regra. Assim, com o avanço da tecnologia, a compreensão dos dados nunca assumiu um papel tão importante no mundo da gestão de ativos como agora.

A área de investimentos sempre se baseou na análise de dados, mesmo quando a informação era escassa, pouco frequente e impressa em papel. Os dados constituem, desta forma, a base de qualquer estratégia de investimento. Além disso, na Era da informação, apenas uma pequena percentagem dos dados é útil e é necessária experiência para os identificar. “Adquirir competências na área da ciência dos dados pode produzir conhecimentos consideravelmente valiosos”, segundo relata um estudo do CFA Institute, intitulado Why Data Science Is a Key Skill for Investment Profissional.

Não é de estranhar, portanto, que o setor dos investimentos tenha sido um dos primeiros a adotar a ciência dos dados para melhorar a competitividade e também para tomar melhores decisões. No entanto, e de acordo com o referido estudo, são poucos os profissionais de investimento que se consideram proficientes em inteligência artificial e machine learning. Mas este cenário está a mudar e muitos estão a desenvolver, ou a planear desenvolver, competências digitais para lidar com as novas tecnologias.

Tendo isto em conta, perguntamos a alguns profissionais de entidades gestoras de patrimónios e de fundos mobiliários nacionais que formações estão a fazer nesta área e que valor essas formações aportam no seu dia a dia de trabalho.

BENEFÍCIOS

Na Montepio Gestão de Activos, Miguel Mendes e José França, gestores, fizeram formação na área de análise de dados financeiros com base em Python.

“A equipa procura acompanhar a evolução na análise de dados financeiros, através de formação específica ou pela assimilação dos desenvolvimentos ao nível dos serviços de dados e informações utilizados, nomeadamente em base Python”, afirma Rui Nápoles, diretor de Investimentos da entidade. Quanto ao que essas formações trazem ao mundo da gestão de ativos, o profissional destaca não só a qualidade da informação de gestão, como o “rigor, clareza e objetividade” das análises de investimento. Além disso, considera que estas novas ferramentas permitem uma maior eficiência nos processos de decisão e de acompanhamento dos investimentos.

A melhoria dos processos de decisão é também um dos benefícios destacados por João Zorro, responsável de Ações e Rendimento Fixo da GNB GA, que possui formação na área, embora informal, realizada através de cursos online e livros. Além desse benefício, destaca ainda o facto de estas tecnologias desempenharem “um

50 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS FUNDSERVICES

EXEMPLOS DE PROFISSIONAIS DA GESTÃO DE ATIVOS NACIONAL COM

FORMAÇÃO EM VÁRIAS VERTENTES DA TECNOLOGIA OU DIGITAIS

MARTA PEREIRA, MANUEL AGUIAR E JOÃO ZORRO

GNB GA

PÓS-GRADUAÇÃO EM DATA SCIENCE, FORMAÇÃO EM PROGRAMAÇÃO, FORMAÇÃO INFORMAL, RESPETIVAMENTE

MÁRIO CARVALHO FERNANDES E LUAN PIRES BANCO CARREGOSA

MESTRADO DE ANÁLISE DE DADOS E SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO E FORMAÇÕES FOCADAS EM PYTHON, RESPETIVAMENTE

DUARTE FERREIRA CA GEST

PÓS-GRADUAÇÃO EM DATA MANAGEMENT

PEDRO FARIA

BPG

JOSÉ FRANÇA E MIGUEL MENDES

MONTEPIO GA

FORMAÇÃO NA ÁREA DE ANÁLISE DE DADOS FINANCEIROS COM BASE EM PYHTON

EFICIÊNCIA, SISTEMATIZAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO, SÃO DAS

PALAVRAS MAIS USADAS QUANDO SE PEDE ÀS EQUIPAS PARA DESCREVER AS VANTAGENS DAS FORMAÇÕES EM DATA QUE FAZEM

JOSÉ CALHEIROS

BANKINTER GA

FORMAÇÃO EM PYTHON

PÓS-GRADUAÇÃO EM DATA SCIENCE FOR FINANCE

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 51

O SETOR DOS INVESTIMENTOS FOI UM

DOS PRIMEIROS A ADOTAR A CIÊNCIA

DOS DADOS PARA MELHORAR A COMPETITIVIDADE

papel crucial” na gestão de ativos, proporcionando ferramentas e técnicas para analisar dados, fazer previsões, gerir riscos e otimizar carteiras. Na entidade existem ainda outros dois profissionais a fazer formações na área de dados: Marta Pereira, multimanager, e Manuel Aguiar, gestor, estão a frequentar uma pós-graduação em Data Science e a concluir a formação em programação, respetivamente.

MAIS EFICIÊNCIA

Por sua vez, Pedro Faria, do BPG, é mais um dos que possui formação em Python. Paulo Pacheco, responsável de Wealth Management da entidade, considera que este tipo de formações “capacitam os elementos destas áreas para automatizar ou adicionar um novo layer aos processos existentes”. Como vantagens da integração da tecnologia na área dos investimentos destaca a “construção de carteiras mais eficientes, a incorporação de novos parâmetros de gestão e a introdução de automatismos”.

Na sucursal em Portugal da Bankinter Gestión de Activos, é o próprio administrador da entidade, José Calheiros, quem possui já formação na área: fez uma pós-graduação em Data Science for Finance. “É uma formação crítica hoje em dia, porque permite ganhar novas valências sobre como integrar, analisar e extrair informação dos dados, o petróleo do século XXI, em contexto de mercados e ativos financeiros”. Dada a importância cada vez maior que os algorit -

mos e métodos de machine learning têm no processo de decisão, o profissional considera que é fundamental estar habilitado a compreender como funcionam, o que podem trazer de novo e quais as suas limitações.

Na Crédito Agrícola Gest, Duarte Ferreira, gestor de carteiras, possui uma pós-graduação em Data Management. Luís Carvalho, membro do conselho de administração com o pelouro dos Investimentos da entidade, relata que, com o Regulamento SFDR, o volume e o âmbito da informação a tratar aumentou, sendo por isso importante “um conhecimento de processos e métodos que permitam a sistematização da seleção e tratamento dessa informação”.

Por último, no Banco Carregosa, Mário Carvalho Fernandes, CIO, possui um Mestrado de Análise de Dados e Sistemas de Apoio à Decisão, enquanto Luan Pires, analista financeiro, fez formações focadas em Python. “Como responsável pela área de investimentos do Banco Carregosa”, afirma Mário Carvalho Fernandes, “procuro dotar o departamento com os recursos adequados. O acesso à informação e recursos humanos habilitados para trabalhar, digerir, sistematizar e suportar o processo de decisão são essenciais”. Como maiores benefícios destacam a “maior sistematização do processo de tomada de decisão, melhor fluxo de comunicação na cadeia entre analista financeiro e cliente final, aceleração do progresso tecnológico e do valor acrescentado da consultoria financeira”.

Gestor de Investimentos do Gold & Silver e diretor de Investimentos do Gold & Silver, Jupiter AM

TUDO O QUE BRILHA... ENTENDER AS FORÇAS POR DETRÁS DA RECENTE SUBIDA DO OURO

O preço do ouro tem desafiado as expetativas, registando uma subida sustentada que bateu recordes. Embora um dólar mais fraco devido à possível mudança para uma política dovish por parte da Fed tenha sido uma determinante importante, as dinâmicas subjacentes a esta subida explicam-se igualmente por outros fatores, como o regresso de uma procura física considerável. A China tornou-se num dos mais importantes compradores de ouro. A Associação Chinesa de Ouro referiu que o consumo de ouro no país em 2023 atingiu quase as 1090 toneladas. Outro indicador que ilustra a procura geral de ouro na China é a Bolsa Internacional de Ouro de Xangai que viu a procura disparar 95% (em termos homólogos) em janeiro. Se é verdade que continua a haver uma procura recorde por ouro da China, o mesmo não acontece por parte dos compradores ocidentais. Os ETF assinalaram constantes saídas de capitais ao longo dos últimos três anos, à medida que os investidores optaram por se afastar dos metais e apostaram em setores da moda, como a tecnologia e a inteligência artificial. Contudo, nas últimas semanas, os ETF físicos registaram entradas de capitais, o que sugere que o sentimento dos investidores pode estar a virar-se novamente para esta classe de ativos. A verificar-se o regresso de fluxos sustentados de investimento, antecipamos uma subida ainda mais acentuada do preço do ouro.

A
RAP T REN PAR T NER
OPINIÃO DE
52 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO TENDÊNCIAS FUNDSERVICES

O seu capital está em risco.

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Isto é uma promoção financeira. Para Clientes Profissionais e, na Suíça, apenas para Investidores Qualificados. Quaisquer perspetivas e opiniões são as do gestor de investimentos a menos que referido o contrário e não são um conselho de investimento. BNY Mellon é a marca corporativa do The Bank of New York Mellon Corporation e das suas subsidiárias. Emitido em Portugal pelo BNY Mellon Fund Management (Luxemburgo) S.A. (BNY MFML), uma sociedade anónima (société anonyme) constituída e existente segundo as leis do Luxemburgo sob o número de registo B28166 e tendo o seu endereço registado em 2-4 Rue Eugène Ruppert L-2453 Luxemburgo. O BNY MFML é regulado pela Commission de Surveillance du Secteur Financier (CSSF). Doc Id 1710579. Exp: 29/07/24. T12295 02/24 sem considerar uma abordagem mais inovadora. BNY Mellon Investment Management Rendimento Fixo. Fresco e diferente.

DESDOLARIZAÇÃO GLOBAL MITO E REALIDADE

Nos últimos anos, a aproximação do fim da supremacia do dólar tem sido muito debatida. No entanto, hoje em dia, a sua preponderância é indiscutível. Parece viável uma mudança lenta para um sistema misto, com a divisa dos EUA a manter um papel dominante, e o euro e o renminbi a ganharem peso nas suas regiões de influência.

Desde o fim do Acordo de Bretton Woods que o mundo é dólarcêntrico. O domínio global do dólar é tão considerável que Robert Alexander Mundell, vencedor do Prémio Nobel de Economia, reconheceu que este tem um papel mais importante do que o ouro teve anteriormente.

Este domínio outorga vantagens aos EUA. A mais relevante é conseguir financiamento de forma simples e barata (o ex-ministro francês da Economia, Valéry Giscard, catalogou-o como “privilégio exorbitante”).

No entanto, nos últimos anos, temse escrito muito sobre a aproximação do fim deste modelo. Avanços tecnológicos, que tornam mais barato o custo das

transações e aumentam a liquidez dos mercados de divisas, a necessidade de diversificação dos bancos centrais e uma década de esforços orientados para a desdolarização liderada principalmente pelos BRIC explicam, em parte, o anterior.

Além disso, a utilização do dólar como ferramenta de diplomacia por parte dos EUA e dos seus aliados, especialmente desde a invasão da Ucrânia, poderá acelerar esta tendência.

A ANÁLISE

Num trabalho recentemente publicado (Mitos e realidades da desdolarização, García-Purriños e de Chiara, 2024), tenta-se averiguar o que é verdade e o que é mito sobre tudo isto. Para isso, em primeiro lugar, é analisado o estado e a evolução recente do dólar.

54 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
TENDÊNCIAS LEARNING

O domínio do dólar como meio de pagamento global reflete-se principalmente nas operações bancárias internacionais (mais de 60% dos depósitos e créditos internacionais, peso inalterado nos últimos 25 anos) e nas transações internacionais de divisas (representa cerca de 90%).

O dólar também é amplamente utilizado como unidade de conta, ameaçado apenas pelo euro na sua zona de influência (Europa). No resto do mundo, a faturação em dólares situa-se entre 80% e 95%. Além disso, de acordo com um estudo de Ilzeztki, Reinhart y Rogoff (2019), o número de países que utilizam o dólar como referência nas suas transações (ex. EUA) representa mais de 50% do PIB mundial.

UM EXAGERO

Finalmente, relativamente ao seu peso como reserva de valor, representa quase 60% do total das reservas dos bancos centrais. Embora em 1999 representasse 70%, a queda deve-se ao maior peso das divisas consideradas não tradicionais de reserva (CAD, AUD, SEK, KRW, etc.), como demonstram Arslanalp, Eichengreen e Simpson-Bell (2023).

Em suma, como diria Mark Twain, o anúncio sobre a morte do dólar é um exagero. Assim o demonstra a evolução do índice de Uso Internacional de Divisa (ver gráfico).

Em segundo lugar, o estudo de García-Purriños e de Chiara centra-se na compreensão do porquê desta preponderância do dólar americano.

A análise histórica demonstra que, para uma divisa conseguir ter um papel dominante internacional, a sua região emitente deve ter um peso relevante na economia e no comércio internacional, uma profunda liquidez em forma de ativos seguros e uma regulamentação que gere confiança e estabilidade. Tudo isto implica vontade política.

ÍNDICE DE USO INTERNACIONAL DE DIVISA

Nota: o índice é uma média ponderada da participação de cada moeda nas reservas cambiais divulgadas no mundo (peso de 25%); o volume de transações cambiais (25%); a emissão de dívida em moeda estrangeira (25%); créditos bancários internacionais e em moeda estrangeira (12,5%); as reclamações bancárias internacionais e em moeda estrangeira (12,5%). Dado que os dados sobre emissão de dívida em moeda estrangeira só estão disponíveis a partir de 2005, os anos anteriores são preenchidos com o valor de 2005.

Fonte: COFER do FMI, Questionário Trienal do Banco Central do BIS sobre mercado de derivados e OTC, Refinitiv, estatísticas bancárias locais do BIS e cálculos do pessoal da Fed Via Bertaut, C., von Beschwitz, B. e Curcuru, S. (2023). The International Role of the U.S. Dollar, Post-COVID Edition. FEDS Notes. US Federal Reserve.

Desde o início do século passado que os EUA cumprem amplamente estes requisitos. É a principal economia mundial (15% do PIB total), aberta (as exportações mais as importações representam 25% do PIB americano), com elevados índices de qualidade democrática e estabilidade económica. Nenhuma alternativa oferece um volume equivalente de produtos financeiros de baixo risco (o mercado internacional de obrigações em dólares americanos representa 39% do total).

É, portanto, o requisito de confiança, e não a ameaça de outras divisas, que poderá pôr em risco o domínio do dólar. Excessos de política fiscal e monetária, vulnerabilidade institucional e deterioração da governança, etc.

Em qualquer caso, os requisitos de disponibilidade, liquidez e confiança complicam a existência de alterna-

80 70 60 50 40 30 20 10 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
USD EUR GBP JPY CNY
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 55

AS CRIPTODIVISAS, ESPECIALMENTE AS APOIADAS POR BANCOS CENTRAIS, PODERÃO

DO SISTEMA MONETÁRIO GLOBAL

tivas. Por exemplo, entre as principais, o euro dispõe de uma certa disponibilidade, mas a fragmentação do mercado de dívida europeu e a falta de uma política fiscal comum implicam problemas de liquidez e de confiança. No caso do iene, não é garantido que haja disponibilidade, e, embora exista liquidez, grande parte dela está nas mãos das autoridades.

O PAPEL DO RENMINBI

O renminbi merece um estudo à parte. O governo chinês demonstrou vontade de a sua divisa obter peso internacional, demonstrada, por exemplo, nos diferentes acordos para faturar com países do Médio oriente, na sua entrada no cabaz de direitos de saque especiais do FMI (SDR, na sigla inglesa) no desenvolvimento de uma plataforma de pagamentos (CIPS), do e-yuan (yuan digital) ou da iniciativa One Belt-One Road. Face ao anterior, a sua falta de capacidade para oferecer ativos seguros e a falta de liberalização dos fluxos de capitais limitam a liquidez, mas, sobretudo, debilitam a confiança. Embora as autoridades tenham flexibilizado os seus controlos nos últimos anos, é insuficiente.

Existe um caminho, como assinalaram Eichengreen e outros autores (2022): uma relação entre o dólar e o renminbi semelhante à do ouro e do dólar durante o Bretton Woods. Esta opção exigiria à China manter reservas

significativas em dólares para garantir a estabilidade da taxa de câmbio. Isto permitiria um certo controlo da taxa de câmbio e, por sua vez, manter o apetite pelo renminbi, embora para este sistema funcionar fosse necessária uma relação de dependência mútua entre a China e os EUA.

Outras alternativas, como o ouro, carecem de vontade (a sua extensão internacional como meio de pagamento ou unidade de conta parece complicada). Quanto às criptodivisas, as que são apoiadas por bancos centrais poderão desempenhar um papel relevante, mas as descentralizadas têm um longo caminho a percorrer, não para cumprir os requisitos, mas para serem consideradas dinheiro.

Em conclusão, é discutível se o dólar está a perder o seu papel de divisa dominante global. A ocorrer uma mudança, esta parece estar mais relacionada com a deterioração da posição do dólar do que com o avanço de outras alternativas.

Parece viável uma mudança lenta para um sistema misto, com o dólar a manter um papel dominante, e o euro e o renminbi a ganhar relevância nas suas regiões de influência, com as suas respetivas versões digitais. O ouro cumpriria um papel mais relevante nas reservas, bem como outras divisas não tradicionais. Este cenário seria consistente com a história, no sentido em que não seria a geopolítica a definir as datas da mudança, mas sim a própria economia.

UMA DÉCADA MEMORÁVEL PARA O DIVIDENDO?

No atual contexto, é difícil acreditar que os bancos centrais vão implementar cortes agressivos no preço do dinheiro. Dois temas macro estão em jogo, e ambos são inflacionários: um governo potente e a concorrência entre as grandes potências.

O peso destes temas impõe-se a forças desinflacionárias presentes a nível global: tendências demográficas, elevados níveis de endividamento e disrupção tecnológica. Acreditamos que o génio da inflação fugiu da sua lâmpada.

Os dividendos são mais relevantes em contextos de taxas de juro mais elevadas. As rentabilidades por dividendo tendem a ser menos voláteis do que as do capital e, além disso, o crescimento dos dividendos a uma taxa composta é fundamental para a rentabilidade das ações a longo prazo.

A importância do dividendo tornou-se evidente com a explosão de bolhas das bolsas, como em 1930, após o descalabro de 1929 e nos anos 2000. Foi também o caso nos anos 70, a última vez em que a inflação foi um fator significativo para as economias. O afastamento do dinheiro gratuito poderá levar a uma mudança na liderança nos mercados de ações, e é provável que, no futuro, olhemos para a década de 2020 a 2030 como uma em que o dividendo foi um elementochave para a rentabilidade.

56 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
DESEMPENHAR UM PAPEL RELEVANTE NO FUTURO
A OPINIÃO DE RAP T REN PAR T NER
JON BELL Gestor, BNY Mellon IM
TENDÊNCIAS LEARNING

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A CARTEIRA EUROPEIA DE IDENTIDADE DIGITAL IMPLICAÇÕES PARA O SETOR FINANCEIRO

Esta nova iniciativa da União Europeia tem o potencial de transformar o setor financeiro europeu, tornando-o mais integrado, seguro e eficiente para o cliente e para as instituições financeiras.

Com entrada em vigor em 20 de maio de 2024, o Regulamento (UE) 2024/1183 vem alterar o anterior Regulamento eIDAS de 2014 relativo à identificação eletrónica e aos serviços de confiança para as transações eletrónicas no mercado interno, concretizando-se, assim, o projeto de criação de uma carteira europeia de identidade digital.

A iniciativa da União Europeia representa uma clara mudança de para -

digma no que diz respeito à identificação das pessoas no Mercado Único. Isto porque a carteira europeia de identidade digital deverá agregar um conjunto alargado de dados pessoais, incluindo qualificações académicas e atributos pessoais, permitindo aos utentes (pessoa singular ou coletiva) armazenar, gerir e validar de forma segura dados de identificação pessoal e certificados eletrónicos de atributos. Assim, os cidadãos europeus te -

rão um maior controlo dos seus dados de identificação quando circulam no espaço europeu.

Apesar do seu potencial de aplicação transversal, as vantagens deste novo sistema são particularmente interessantes para o setor financeiro.

DIVERSAS VANTAGENS

A avaliação de impacto que acompanhou a proposta da Comissão Europeia dá conta de que os custos operacionais

58 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
LEGAL por Filipe de Oliveira Casqueiro e Miguel
TENDÊNCIAS
Dias Mesquita

Responsável de Negócio para a Península Ibérica, AllianceBernstein

CUSTOS

OPERACIONAIS

COM OS

PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO NO SETOR

FINANCEIRO SÃO REDUZIDOS COM

APLICAÇÃO DESTE NOVO SISTEMA

com os processos de identificação no setor financeiro são consideravelmente reduzidos com a aplicação deste novo sistema, traduzindo-se numa poupança anual que poderá ascender a 1.360 milhões de euros.

A redução dos custos justifica-se pela simplificação e aceleração dos processos de registo e avaliação de novos clientes (onbording e customer due diligence), evitando-se a verificação manual de documentos. Na perspetiva do cliente, este processo torna a sua experiência substancialmente mais fluída e satisfatória, já que reduz a complexidade burocrática na preparação dos processos de identificação perante as instituições financeiras.

A implementação deste sistema concede ainda às instituições financeiras um caminho mais eficaz na manutenção da conformidade com as regulamentações europeias, incluindo o Regulamento Geral sobre Proteção de Dados (vulgo RGPD), as diretrizes de conhecimento do cliente (KYC - Know Your Customer),

a prevenção de branqueamento de capitais (AML - Anti-Money Laundering), entre outras aplicáveis ao setor financeiro. Esta vantagem do sistema ao nível de cumprimento de obrigações legais é potenciada pelo quadro de uniformização oferecido pela carteira, que está alinhado com as normas de privacidade e segurança da União Europeia.

A já referida avaliação de impacto prevê que os encargos causados pela criminalidade digital (nomeadamente, a apropriação indevida de identidade e a fraude online), serão substancialmente reduzidos com a carteira digital, na ordem de entre 850 milhões e os 1.400 milhões de euros.

Ao utilizar um sistema digital unificado para a verificação de identidade, emitido e verificado por prestadores de serviço de confiança, a autenticidade dos utilizadores é assegurada, o que reduz o risco de fraudes, minimiza o risco de perdas financeiras e riscos associados à atividade financeira.

A par das vantagens relacionadas com a diminuição de custos, a carteira digital facilitará as transações e interações transfronteiriças, ao oferecer um meio de identificação reconhecido e confiável em todos os Estados-Membros, potenciando a expansão dos serviços das instituições financeiras além-fronteiras.

Não menos importantes são as vantagens ambientais deste sistema. A não utilização de papel (go-paperless) e a redução da pegada de carbono associada aumentam os índices de sustentabilidade empresarial, contribuindo para a estratégia ESG das organizações.

Em resumo, a Carteira Europeia de Identidade Digital tem o potencial de transformar o setor financeiro europeu, tornando-o mais integrado, seguro e eficiente para o cliente e para as instituições financeiras.

UMA MENTALIDADE ESTRATÉGICA PARA UM AMBIENTE EM MUDANÇA

Acreditamos que a resiliência do mercado assinala um potencial ponto de viragem para os investidores em ações. Após um longo período em que os padrões de rendibilidade foram impulsionados por preocupações com a inflação, o crescimento e as taxas de juro, acreditamos que os lucros das empresas estão de novo no centro das atenções e que o crescente otimismo em relação às perspetivas de lucros impulsionou os mercados no primeiro trimestre do ano. Se esta tendência se mantiver, é de esperar que os mercados acionistas apresentem retornos mais alargados, após o ano passado ter sido extremamente centrado nas Sete Magníficas. As ações continuarão a ser cruciais para os investidores gerarem rendibilidades reais acima dos níveis de inflação não observados nos últimos dez anos. No entanto, os retornos reais positivos também se tornarão mais difíceis de obter. Mesmo que as taxas de juro desçam, as taxas nominais mais elevadas agravarão os problemas enfrentados pelas empresas e pelos investidores. Neste ambiente, acreditamos que as empresas capazes de gerar lucros consistentemente superiores ao seu custo de capital serão recompensadas, enquanto as que não o fizerem serão provavelmente deixadas para trás. A chave será a existência de balanços saudáveis, modelos de negócio sólidos, vantagens competitivas e capacidades de gestão, como as que se verificam atualmente no sector da saúde.

A
RAP T REN PAR T NER
OPINIÃO DE
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 59
A

Hard landing, soft landing, ou no landing at all: não importa o cenário macroeconómico em cima da mesa. Para John Fogarty, cogestor do AB International Healthcare, fundo com Rating FundsPeople 2024, o setor da saúde é um todo-o-terreno que se adapta (muito) bem a qualquer piso de mercado. E a Inteligência Artificial? Que motor de arranque é este para uma área tão promissora como a saúde?

CO-GESTOR DO AB INTERNATIONAL HEALTHCARE, ALLIANCEBERNSTEIN RAP T REN PAR T NER
ENTREVISTAS GURU 60 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
por Margarida Pinto
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 61

A TRÍADE QUE GUIA O FUNDO

John Fogarty explica-nos que a estrela guia do AB International Healthcare se materializa em três caraterísticas das empresas que escolhem: o retorno sobre o capital investido, a taxa de reinvestimento e uma adicional, que são as valuations. “Em vez de usarmos medidas comuns de price to equity, onde existe dificuldade em comparar-se um nome vs. outro, preferimos usar medidas de discounted cash flow”, refere.

Há praticamente um ano, Vinay Thapar, gestor do AB International Healthcare, fundo com Rating FundsPeople 2024, dava-nos conta do sentimento de grande cautela por parte dos investidores, com números referentes à inflação pouco convidativos. Um ano depois, sentamo-nos com John Fogarty, co-gestor da estratégia, que numa visita a Lisboa nos falou sobre o que eventualmente possa ter mudado neste espaço de tempo. Para o co-responsável pela estratégia, o ano passado ficou marcado pela expetativa de um hard landing… que não aconteceu. “Atualmente, por outro lado, o sentimento investidor é o oposto: move-se entre a continuação de um soft landing ou mesmo a não existência de nenhuma aterragem sequer”, começa por dizer. Partilhando o que o seu colega de gestão já enunciava um ano antes, para John Fogarty uma coisa é certa: o setor da saúde posiciona-se bem, independentemente do cenário macroeconómico em causa.

E este enunciado não se trata de um sofisma, pois o gestor exemplifica, para cada um dos cenários em cima da mesa, o que o setor da saúde pode trazer. “No caso de um hard landing, o que a História tem mostrado é que as recessões têm favorecido este setor, porque a procura mantém-se amplamente resiliente, como resultado das necessidades dos pacientes continuarem a existir. Os investidores, por causa dessa resiliência, tendem a aglomerar-se no setor da saúde, quando as incertezas sobre a economia pairam. Uma consequência seria provavelmente a expansão das valuations”, diz sobre o primeiro cenário. Mais sucinta é a explicação sobre um cenário de soft landing ou de uma não aterragem sequer. “Neste caso, o que o setor tem a seu favor são as valuations atrativas, que não exigem, por assim dizer, cortes de taxas de juros para o serem ou até para que se tornem ainda mais atrativas”, infere.

Um dos temas que automaticamente nos ocorre quando se pensa no setor da saúde é o do impacto da inteligência Artificial (IA). Embora em 2023, “o setor da saúde não tenha sido dos que mais participou da reavaliação das ações

por via do impacto da IA”, o especialista não tem dúvidas sobre o que a saúde terá a ganhar com os desenvolvimentos nesta área. “Este segmento está particularmente bem posicionado para beneficiar da Inteligência Artificial, por muitas razões, mas a principal é porque esta indústria se baseia muito em dados”, justifica. O exemplo mais imediato é o do desenvolvimento de medicamentos, mas é também a área onde o investimento nem sempre é recuperado, pois tem de se encontrar, desenvolver e testar moléculas. “No processo de desenvolvimento de um medicamento existe uma taxa de insucesso de 92%”, alerta. Por isso, é na aplicação de IA noutra área - na do diagnóstico - que a equipa tem focado mais a atenção.

COPILOT PARA DIAGNÓSTICOS

Dados os avanços noutras áreas, como a assistência feita por um copilot na programação informática, ou o beta testing de um copilot que a Microsoft está a fazer através do seu Office, John Fogarty está esperançoso sobre o que está para vir na área do diagnóstico. “Parece-me razoável pensar que se vai procurar desenvolver um assistente copilot que ajuda no diagnóstico feito por um profissional de medicina”. Dá como exemplo uma empresa que têm em carteira, com avanços tecnológicos significativos. “Um dos nomes que temos em carteira é a Idexx Labs, empresa líder em diagnósticos em cães e gatos. A capacidade de processamento de dados desta empresa foi bastante aprimorada, na ordem das quatro vezes, pois dispõem de um robô que já assiste o cirurgião com uma grande precisão, com a ajuda tanto da mecânica das cordas (Mechanics of Ropes), ou seja, um braço mecânico, mas também com o uso de software”, diz. Os dados recolhidos nestas cirurgias por parte da empresa, em conjunto com o poder de computação crescente, serão para o gestor um cocktail perfeito para possíveis avanços que ajudem na assistência dessas mesmas cirurgias. No que toca à filosofia de investimento do fundo que gere com Vinay Thapar, pouco ou nada mudou face à última conversa. Continuam focados no ROIC (retorno sobre

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“AQUILO EM QUE NOS FOCAMOS É NA INOVAÇÃO E NOS CANDIDATOS QUE A POSSAM CUMPRIR”

o capital investido) e nas taxas de reinvestimento das empresas que incorporam em carteira. “Continuamos interessados na persistência dos retornos, e a combinação disso com as taxas de reinvestimento dá-nos a confiança de que os lucros de uma empresa continuarão a aumentar”, atesta. O turnover do fundo ronda os 20%, o que confirma que a convicção do investimento nos negócios que selecionam.

OS QUE INOVAM SÃO OS VENCEDORES

Uma das mudanças recentes no fundo identificada pelo gestor, tem que ver com o crescimento da fatia de investimento referente à Dinamarca. Algo fácil de explicar. “Esse movimento está relacionado com dois líderes de mercado, atualmente pioneiros em medicamentos anti-obesidade, os GLP-1. A Novo Nordisk, na Dinamarca, e a Eli Lilly, nos Estados Unidos, seguem o mercado de diabetes há muitos anos, e estes medicamentos são uma extensão des-

se desenvolvimento na diabetes, pois para além de serem muito eficazes nessa doença, também têm provado ser muito eficazes a reduzir as comorbilidades associadas à obesidade”, introduz. Neste sentido, a Novo Nordisk aumentou a sua preponderância na carteira “depois de ter valorizado”, e a equipa gestora diz-se contente por observar a eficácia da gama GLP anti-obesidade. “Aquilo em que nos focamos é na inovação e nos candidatos que a possam cumprir”, expõe o profissional.

A individualidade de cada ação que entra em carteira é algo muito importante para a equipa gestora, mas também a forma como se ligam às outras posições. “Queremos amplificar as ações individuais da carteira e saber agregá-las. Não estamos a apostar em moedas, indústrias ou fatores, como value ou growth. Procuramos, sim, minimizar esses fatores para amplificar as ações individuais e o seu sucesso”, conclui.

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NOS TEMPOS LIVRES

tem como hobbies estar com a família, ler, escrever e viajar.

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Pedro Barata ENTREVISTAS GESTOR por João Matos

GESTOR, GNB GESTÃO DE ATIVOS

“TEMOS

UM POTENCIAL ENORME NO MERCADO NACIONAL, E ALGUNS INVESTIDORES ANDAM DISTRAÍDOS”

O gestor do fundo GNB Portugal

Ações, Pedro Barata, explica como é a sua forma de gerir um fundo que investe no mercado nacional e demonstra a sua convicção no crescimento futuro deste mercado.

Nos últimos três anos, o fundo GNB Portugal Ações, gerido por Pedro Barata, gestor de portefólios sénior na GNB Gestão de Ativos, obteve uma das melhores rentabilidades anualizadas do universo nacional e, como diz, ainda há muito valor para desbloquear pela frente e “alguns investidores andam distraídos”.

Dado o pequeno universo de investimento, Pedro Barata explica que “a distinção entre os vários fundos de ações no mercado português existe nas alocações a cada empresa, e não necessariamente nas empresas em que cada um investe”. A realidade é que temos o índice de referência português, o PSI, que atualmente lista 16 empresas no total, das quais cinco representam cerca de 60% da capitalização de mercado. O fundo atualmente tem em carteira 14 posições deste índice, para além de outras quatro posições off benchmark.

Não obstante, e conforme o referido, Pedro Barata define um método de investimento, que começa por aceitar que “o ponto não é em que empresas investir, não é ter a empresa

A ou B, mas sim ter ambas e saber qual peso dar a cada uma destas posições”. A partir deste ponto, a escolha é feita com base numa “análise fundamental, bottom-up, com grande contacto com as empresas e analistas”.

Especialmente num mercado como o nacional, assegurar a liquidez do fundo é uma tarefa fundamental. Assim, para garantir que há liquidez num eventual evento de resgate, utiliza contratos de futuros sobre o índice numa parcela da carteira, já que, como o gestor diz, “dá uma elevada flexibilidade”. De qualquer das formas, Pedro Barata assegura que, para o investidor comum, que tem valores reduzidos em cada empresa, não falta liquidez no mercado.

Há uma constante procura de alfa o que requer fugir ao índice, e procurar as oportunidades no mercado nacional mais amplo. “Todos os anos identificamos uma série de oportunidades no pequeno universo nacional. Duas certezas: não conseguimos aproveitar todas, e não acertamos sempre. O objetivo é descobri-las antes que se materializem no preço, e cortar nos erros com a maior rapidez possível”, explica.

A PROXIMIDADE COM AS EMPRESAS

O profissional destacou dois exemplos recentes reflexo do seu processo e da proximidade com as empresas. “No ano de 2023 dobrámos a posição que tínhamos na Mota-Engil, após uma análise fundamental da empresa e várias conversas com a nova gestão, que parecia trazer algo diferente, que nunca vimos”. Acabou por resultar num crescimento de mais de 240% ao longo do ano. Mais recentemente, conta o gestor, “o reforço do investimento na GALP foi feito logo no início do ano, quando se começou a falar na possibilidade de a descoberta feita na Namíbia poder ser financeiramente viável. Face a esta informação, resolvemos aumentar a posição na GALP. Ainda bem que o fizemos porque poucos meses depois, o potencial de subida veio a concretizar-se”, resultando num crescimento superior a 20% no mesmo dia.

Para Pedro Barata, é evidente que estas oportunidades que vão aparecendo são também reflexo de um mercado que encerra em si, como um todo, um grande potencial. Nota que “quase todas as empresas que compõem o índice PSI são bem geridas, financeiramente sólidas e líderes de mercado, e, mais cedo ou mais tarde, irão atrair a atenção dos investidores”. Estes potenciais fluxos positivos de dinheiro para o mercado acionista nacional, juntamente com a baixa liquidez, implicam um crescimento potencial acentuado da capitalização. O gestor relembra ainda que, ao contrário de vários outros índices, o PSI continua substancialmente abaixo do seu máximo histórico.

Quanto à abordagem de sustentabilidade o gestor revela que “o tamanho do universo de investimento não permite exigências. São poucas empresas por onde investir, e não podemos nos dar ao luxo de excluir empresas pouco sustentáveis”. No entanto, assegura que “as empresas portuguesas têm feito um bom trabalho na área da sustentabilidade”.

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66 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
por Diana Pereira
ENTREVISTAS GURU

Dedicado ao mercado de high yield há mais de 20 anos na Robeco, Sander Bus reconhece que mais que a formação académica, o “eu estive lá” em diversas crises passadas o torna um profissional experiente na gestão do risco. Com uma equipa de analistas globalmente distribuída, procuram identificar e explorar as anomalias no mercado, frequentemente ignoradas por outros.

GESTOR DE PORTEFÓLIOS DE HIGH YIELD NA EQUIPA DE CRÉDITO, ROBECO RAP T REN PAR T NER
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DIVERSIFICAÇÃO É CHAVE

Como estratégia de gestão de risco, Sander Bus evita a concentração excessiva de investimentos em setores específicos, procurando manter uma carteira bem diversificada. Além disso, evita que nomes individuais tenham um peso tão significativo que possam afetar substancialmente o desempenho geral do fundo. “Não sou um investidor de ações”, salienta.

Eram conhecidas como junk bonds - um termo não muito prestigiante - pelo alto risco que lhes está associado. Hoje, já poucos se referem a esses títulos como sendo lixo.

High yield é, naturalmente, um nome muito mais positivo, “porque realça o que se pode ganhar com elas”. É assim que Sander Bus, CIO e gestor de portefólio de high yield na equipa de Crédito da Robeco, começa a conversa com a FundsPeople, evidenciando que, se por um lado há um grande risco assumido quando se investe nestes instrumentos, há também a possibilidade de altos retornos. “Em média, ao longo de um ciclo, as obrigações high yield podem ter um desempenho de cerca de 2% a 2,5% acima das obrigações do Tesouro”, garante.

Com um longo percurso no mercado de crédito high yield, admite que as muitas vivências, particularmente em períodos do mercado mais voláteis, o tornaram mais cauteloso. “O nosso estilo é conservador. Por isso, gerimos sempre uma carteira de baixo risco e de elevada qualidade”. O gestor do Robeco High Yield Bonds, afirma que a qualidade da equipa que gere o fundo é uma das caraterísticas que distingue este de outros fundos da mesma categoria. Desde o seu lançamento que “a gestão tem implicado muita investigação quantitativa e quantitativa”. Tem por base análise fundamental, “aliada a dados quantitativos internos para construir o investimento e identificar as anomalias”, desvenda. E essa é, segundo diz, a parte primordial da filosofia do fundo, “porque o que queremos fazer é explorar as anomalias que são criadas pelas tendências comportamentais dos mercados”, explica.

Perante as tais anomalias ou ineficiências dos mercados financeiros - bastante evidente no mercado de high yield, caraterizado pela sua elevada iliquidez - o gestor refere que escolher muitas vezes os títulos com as yields mais elevadas não significa, na realidade, maiores retornos. “Portanto, a estratégia não é buscar por si só os títulos com o maior risco, mas sim os de menor, dentro do universo de alto risco, e que alcancem o melhor retorno líquido, após considerar as perdas por incumprimento”. Sander Bus assume que a gestão do fundo “não passa por agarrar os denominados

vencedores do mercado, mas sim por evitar os perdedores” e construir uma carteira bastante diversificada. “Trata-se de capturar o prémio adicional que o mercado de high yield tem a oferecer sem assumir riscos excessivos”.

Uma das anomalias que a equipa costuma explorar são as causadas pelo que chama de “segmentação do mercado”, e exemplifica: “Se tivermos uma empresa americana que emite em euros, essa empresa é muitas vezes ignorada pelos investidores europeus por ser americana. Mas também pode ser ignorada pelos investidores americanos porque está a emitir em euros. E é aí que vemos muitas vezes boas oportunidades, em obrigações emitidas fora do seu mercado doméstico”. Oportunidades similares identifica na fronteira entre investment grade e high yield. “Há investidores de investment grade que são limitados a deter obrigações high yield e vice-versa”. O profissional da Robeco faz menção às obrigações que passam de investment grade para high yield, os chamados anjos caídos, e que podem proporcionar spreads atrativos.

UMA PEÇA EM CINCO ATOS

Mas, na prática, de que forma é que as oportunidades são identificadas? “Temos uma grande equipa de analistas que se divide entre Londres, Roterdão, Singapura e Nova Iorque. E cada uma destas pessoas cobre determinados setores, num máximo de 40 nomes por analista”. Sander Bus conta que a análise de um nome para a carteira assenta em cinco elementos fundamentais, sendo que cada um é classificado de acordo com a seguinte pontuação: forte, fraca ou média.

Começam por analisar a descrição do negócio. Tal inclui “a posição competitiva da empresa, as ameaças a longo prazo e o risco regulatório, por exemplo. Porque, para perceber se a atividade é viável, especialmente neste mercado, e como investidores a longo prazo, temos de conseguir responder a uma pergunta simples: será que esta empresa existirá daqui a cinco ou dez anos?”

O segundo passo é analisar a estratégia de gestão da empresa. Tal passa pela análise ao historial da equipa de gestão e, mais importante ainda, “avaliar se têm uma estra-

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tégia mais favorável aos obrigacionistas ou aos acionistas”, isto porque “uma empresa que paga muitos dividendos pode ser boa para um acionista, mas não para o detentor de obrigações”, defende o CIO da Robeco.

A terceira avaliação é ao perfil ESG dessas empresas. “Analisamos o ESG do ponto de vista do risco”, conta o gestor. “Identificamos, para cada setor, quais são as principais questões de sustentabilidade. Por exemplo, nas empresas de telecomunicações é relevante analisar a privacidade dos dados. Nas químicas, a criação de resíduos ou produtos tóxicos que possam ser eliminados gradualmente.

Numa empresa de embalagens de papel, é importante explorar a possibilidade de reciclagem dos materiais que fabricam, e por aí em diante”. Daí, pode resultar, ou não, uma pontuação negativa no pilar ESG.

O quarto elemento é a estrutura corporativa. “Trata-se de uma HODCO (empresa mãe) ou a uma OPCO (empresa operacional)? Que garantias temos? São questões que se impõem”, diz. Por último, o pilar financeiro de que fazem parte elementos como P&L, balanço e demonstração de fluxos de caixa. Com base na informação de cada um dos elementos referidos, é projetado um fluxo de caixa futuro para determinar se “a empresa poderá

“A ESTRATÉGIA NÃO É BUSCAR POR SI SÓ OS TÍTULOS COM O MAIOR RISCO, MAS SIM OS DE MENOR, DENTRO DO UNIVERSO DE ALTO RISCO, E QUE ALCANCEM O MELHOR RETORNO LÍQUIDO, APÓS CONSIDERAR AS PERDAS POR INCUMPRIMENTO”

reduzir a sua alavancagem, pagar as dívidas ou refinanciá-las no final do período. Esses elementos, assentes na análise fundamental, em confronto depois com a avaliação de mercado, são o que precisamos para decidir se compramos ou vendemos”.

VOLATILIDADE COMO ALIADA

Sobre se antecipa algum ajustamento face aos prováveis cortes nas taxas de juro, o gestor do Robeco High Yield Bonds começa por separar duas componentes do mercado de high yield: as taxas de juro e os spreads. Com respeito à primeira mostra-se bastante claro. “Mantemos a exposição às taxas de juro e a duração em linha com o benchmark que, atualmente, é de 3,5 anos”. Não obstante, do ponto de vista dos spreads, já demonstra uma posição mais ativa porque “é necessário”. “Neste momento, os spreads estão relativamente apertados, pelo que não espero uma maior compressão dos mesmos, sendo que ainda é possível obter o carry”. Ao combinar essas duas perspetivas, fica evidente que a estratégia do gestor da Robeco é desenhada para aproveitar a volatilidade dos mercados, enquanto mantém uma abordagem mais prudente relativamente à duração, e ativa em relação aos spreads.

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ENTREVISTAS DISTRIBUIDOR

O MÚSCULO DO GRUPO CRÉDIT

AGRICOLE

A entidade apenas trabalha com clientes que tenham conta no banco, pela “solidez” e “força” financeira que entendem que o grupo apresenta, mas não só. Desse modo, a flexibilidade que têm em termos de decisão atestam ser maior.

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Nuno Vilar Gomes

DIRETOR-GERAL DO INDOSUEZ WEALTH MANAGEMENT EM PORTUGAL

“DESENVOLVER

O MERCADO PORTUGUÊS

SEM ESTAR EM PORTUGAL É BASTANTE MAIS DIFÍCIL”

Não é nova a incursão da entidade com clientes nacionais, mas os cerca de oito anos a servir clientes portugueses a partir do Luxemburgo permitiu o Indosuez WM abrir horizontes sobre o mercado nacional. Agora, com uma equipa local estabelecida e uma sucursal recém-criada, esperam manter relações duradouras com o cliente português, mas também de outras nacionalidades.

arço de 2024 marcou a entrada oficial da sucursal do Indosuez Wealth Management em território português. Contudo, a relação com o cliente nacional não é de agora. Desde 2017 que a entidade pertencente ao grupo Crédit Agricole segue e presta serviço a clientes portugueses, na sua maioria não residentes, a partir do Luxemburgo. Nuno Vilar Gomes, diretor-geral do Indosuez Wealth Management em Portugal, continua a coordenar essa mesma equipa no Luxemburgo, cargo que acumula com o desenvolvimento da recente operação em Portugal. Uma entrada no país que a seu ver se justifica por vários fatores. “Há, de facto, uma procura por Portugal por parte de clientes deste segmento. A procura dos franceses chamou-nos à atenção, pois o grupo é francês, mas há também clientes de outras nacionalidades a virem para o nosso país. Portugal está praticamente dominado por ban-

cos espanhóis, e acreditamos que há espaço para um banco de outra nacionalidade operar em Portugal”, começou por dizer.

A equipa local foi construída para dar um verdadeiro apoio in-loco ao cliente. Entre private bankers, compliance e assistentes, o escritório de Lisboa é composto por dez elementos, a maioria com background e contactos locais. “O facto de estarmos localmente presentes permite-nos estar mais atentos aos novos negócios. Desenvolver o mercado português sem estar em Portugalé bastante mais difícil”, atesta o responsável.

LICENÇA DE ADVISORY

Em termos de implementação de negócio, para já a entidade apenas dispõe de uma licença de advisory para operar no mercado, executada em conjugação com a licença de receção e transmissão de ordens. No entanto, clientes com vontade de usufruir de um mandato de gestão discricionária, não ficam de fora. “Esse serviço continuará a ser feito a partir do Luxemburgo”, diz Nuno Vilar Gomes, acrescentando que a esse nível apresentam duas alternativas: um mandato à medida, “para valores acima dos cinco milhões de euros”, e os mandatos padrão - perfilados e standardizados.

A aferição do perfil de risco do cliente é o ponto de partida para o serviço que prestam. No caso do advisory, dependendo desse grau de risco que o cliente apresente, a oferta de produtos apresentada é vasta. “O cliente tem à sua disposição fundos de obrigações, fundos de ações, produtos estruturados, fundos de terceiros, seguros, etc.”, conta o diretor-geral, lembrando que o grupo tem um expertise robusto nesta última tipologia de produto. “Os grupos franceses são por natureza fortes em seguros de poupança”, reconhece.

A maior ou menor aversão ao risco do cliente, bem como o seu grau de sofisticação, ditam ainda outras hipóteses de investimento, como é o caso do private equity. “Desde 2001 que temos a oferta de private equity in house, com uma equipa especializada na Suíça, que faz escolha de fundos deste segmento”, refere.

Apesar dos private bankers contratados para a equipa nacional serem tecnicamente capazes, a área de produto fica exclusivamente a cargo da investment advisor que integra a equipa, e que mantém uma estreita relação com os congéneres do grupo. “Os nossos wealth managers, por outro lado, são pessoas de relação. Para nós é importante que transmitam ao cliente a ideia de que este é um banco de relacionamento. É importante que tenham uma panorâmica geral daquilo que é o património do cliente, bem como dos serviços que o banco pode prestar”, sublinha Nuno Vilar Gomes. Como não poderia deixar de ser, o serviço às próximas gerações de clientes entra nesta lógica do banco de relação. “Os nossos wealth managers estão focados em relações duradouras. Queremos pessoas na equipa que consigam manter essas relações durante muito tempo”, finaliza.

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Investir em empresas de pequena capitalização tem sido a sua vida nos últimos 30 anos. Andrew Paisley, gestor do abrdn SICAV II European Smaller Companies, dispõe de uma autêntica caixa de ferramentas na gestão do fundo: the matrix, que analisa quantitativamente mais de 1000 empresas, um score próprio de análise ESG e ainda um instrumento interno de gestão de risco, o Axioma.

GESTOR DO ABRDN SICAV II EUROPEAN SMALLER COMPANIES, ABRDN RAP T REN PAR T NER
ENTREVISTAS GURU por Diana Pereira 72 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
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No universo de investimentos, encontrar o equilíbrio certo entre risco e retorno é uma busca incessante. Para a maioria dos gestores de fundos, essa busca desdobra-se em scores, processos e ferramentas, mais ou menos minuciosos e testados pelo tempo, com o objetivo claro de identificar oportunidades de investimento que proporcionem retornos superiores e consistentes. Andrew Paisley, gestor do abrdn SICAV II European Smaller Companies, fala-nos de uma dessas ferramentas: the matrix. Tal como no icónico filme de ficção científica com o mesmo nome, onde o sistema virtual controla a realidade, também esta ferramenta de análise opera nos bastidores.

Em vigor desde 1997, e “aplicada de forma consistente desde então, a matrix tem funcionado extremamente bem”, assegura o gestor. “Testada ao longo de vários ciclos económicos”, esta ferramenta de análise quantitativa atua num universo que ronda as 1.000 empresas de pequena capitalização do mercado europeu, e tem por base 13 indicadores técnicos direcionados para fatores de qualidade, crescimento e momentum. Portanto, cada empresa é avaliada com base nesses indicadores e agrupada num dos cinco grupos definidos, ou quintis, tendo em conta a pontuação em cada um deles. Naturalmente, uma pontuação total maior indica nomes mais interessantes desse ponto de vista.

O primeiro elemento da matrix, a qualidade, tem por base a crença manifestada pelo gestor da abrdn de que “as empresas de elevada qualidade superam as empresas de baixa qualidade”. O objetivo passa por encontrar essas boas empresas de alta qualidade, excluindo as “deficitárias ou especulativas, como empresas de biotecnologia em fase inicial, por exemplo”, para manter durante longos períodos, evidenciando o segundo fator, o crescimento. O horizonte temporal é, por norma, entre três a cinco anos, mas pode estender-se “se o score do investimento na matrix se mantiver positivo”, daí, segundo o gestor, o turnover do fundo rondar normalmente os 10%.

SMALL CAPS: RECESSÃO E CORTES DE TAXAS DE JURO

Segundo um estudo norte-americano referido pelo gestor, empresas de pequena capitalização tendem a superar as maiores em períodos de recuperação económica. Embora as grandes empresas historicamente superem em cenários de recessão, o estudo destaca o ponto de viragem mais rápido no caso das pequenas empresas depois de uma recessão, bem como após cortes de taxas de juro, resultando num melhor desempenho nos três, cinco e 12 meses seguintes.

Com o terceiro fator, o momentum, o gestor refere-se ao “momentum do preço, mas, mais importante, o momentum operacional”. O que tentam encontrar são “empresas onde os analistas do sell side estejam a interpretar mal o potencial de lucro a longo prazo de uma empresa”, explica, o que se poderá traduzir em oportunidades de investimento. Focando no universo de análise do fundo, falamos de empresas com capitalização nunca inferior a 200 milhões de euros. No benchmark, explica, a média “ronda os 5,5 mil milhões de euros”, e o gestor conta que detêm alguns nomes na carteira há mais de 10 anos com capitalização superior a essa média. Especificando setores e regiões, é seguida uma abordagem bottom up. “Por isso, há muito tempo que estamos sobreponderados na Alemanha, por exemplo. De uma perspetiva top down, provavelmente não estaríamos, mas o processo empurra-nos para estas empresas de alta qualidade”. O profissional da abrdn menciona as chamadas empresas Mittelstand, de origem alemã. “São geralmente empresas familiares, que são especialistas numa ou outra atividade, que começam na Alemanha, expandem-se por toda a Europa e depois a nível mundial. E isso dá a essas empresas um crescimento muito acima da média”.

GESTÃO DO RISCO: AXIOMA

Também a gestão de risco é feita com recurso a um mecanismo interno chamado Axioma. Tal mecanismo “fornece análises detalhadas sobre onde o risco subjacente está concentrado na carteira”. O objetivo é que a maior parte do risco seja proveniente das ações, ou seja, o risco associado a cada empresa individualmente, e não de fatores de mercado. Atualmente, “cerca de 65% do risco é proveniente de ações específicas, enquanto os 35% restantes são distribuídos entre diferentes fatores de risco, como qualidade, crescimento, momentum e valor”. A ideia é que o desempenho da carteira seja impulsionado principalmente pelo desempenho das ações individuais, com os fatores de mercado a servir de suporte adicional.

74 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO ENTREVISTAS GURU

“COMO REGRA GERAL, NÃO TEMOS NENHUM

NOME NA CARTEIRA

COM PESO ACIMA DOS

5%. SE ALGUM NOME

ESTIVER ACIMA DISSO,

FAZEMOS UM TOP SLICE POR RAZÕES

PURAMENTE DE GESTÃO DO RISCO”

Outra política de gestão de risco prende-se com a ponderação de cada nome na carteira. “Como regra geral, não temos nenhum nome na carteira com peso acima dos 5%. Se algum nome estiver acima disso, fazemos um top slice por razões puramente de gestão do risco”.

OPORTUNIDADES ESG

No que diz respeito ao ESG, este fundo, classificado como artigo 8º do regulamento SFDR, assume um nível de intensidade de carbono, “significativamente mais baixo em comparação com o benchmark”. Andrew Paisley acredita que as empresas de pequena capitalização “mesmo estando menos desenvolvidas no seu percurso nessa matéria”, oferecem mais oportunidades aos acionistas de poder acrescentar valor. “Parte do nosso trabalho é a integração de ESG nos processos internos da empresa”, sublinha. “O caso da Interparfam é um bom exemplo. Trabalhamos intensamente com ela durante vários anos e temo-la ajudado a melhorar os seus relatórios, o que lhe permitiu subir na curva de classificação da MSCI”, conta. Andrew Paisley vê

a governança como um foco de atenção necessário, dados que “as empresas geridas pelos seus fundadores requerem um grau extra de controlo. Frequentemente, as estruturas dos conselhos de administração não estão tão bem desenvolvidas como as de uma grande empresa”, diz mesmo.

Outro exemplo que aponta é a Borregaard, que descreve mesmo como um caso de investimento “impulsionado pelas oportunidades em ESG”. Esta empresa norueguesa é líder no fabrico de produtos biológicos e materiais avançados alternativos a químicos à base de petróleo, como a lignina, que é um derivado da madeira. “Também aqui, como muitas outras vezes, onde outros veem riscos, nós vemos oportunidades em termos de ESG”, afirma.

A equipa utiliza um método interno de pontuação semelhante à matrix, mas aplicado apenas para avaliação ESG. “Trata-se de uma pontuação numérica, com várias ponderações aplicadas a diferentes fatores, e muito consistente, metódica e de natureza proprietária. Também utilizamos ferramentas de terceiros, como a classificação MSCI”, conclui.

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Marcos Soares Ribeiro

PRESIDENTE DA CFA SOCIETY PORTUGAL

“AS

NOVAS FONTES DE DADOS AFETARÃO AS COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA A TOMADA DE DECISÕES DE INVESTIMENTO”

Perante a constante evolução e desafios na área de investimentos, Marcos Soares Ribeiro realça a importância da formação contínua e do empenho entre empresas e profissionais.

mundo dos investimentos tem-se mostrado cada vez mais atrativo e dinâmico, acompanhando as transformações rápidas do contexto económico global. Por conseguinte, os profissionais deste campo enfrentam uma série de desafios. Assim, a valorização da formação e qualificações dos profissionais desta área torna-se fundamental. “Esta é uma carreira que exige aprendizagem contínua, curiosidade de adquirir conhecimentos cada vez mais profundos e competências transferíveis à medida que o mercado evolui”. Quem o diz é Marcos Soares Ribeiro, presidente da CFA Society Portugal. Do seu ponto de vista, as competências técnicas são mais importantes no início da carreira, enquanto “as competências transversais ou as de liderança se revelam mais importantes em fases mais avançadas da carreira”. Nas transversais, destaca a capacidade de “influenciar, persuadir e negociar”, e ainda outras igualmente relevantes, como a gestão de tempo, comunicação direta e capacidade de desenvoltura.

Marcos Soares Ribeiro defende também que “as novas fontes de dados afetarão as competências necessárias para a tomada de decisões de investimento”. Como tal, é cru-

cial que um analista tenha “uma grande capacidade para pegar na enorme quantidade de informação que tem ao seu dispor e de várias naturezas, depurá-la, sintetizá-la e ter a capacidade para a comunicar eficazmente”.

Nesse sentido, parece também evidente que os profissionais estão conscientes da necessidade contínua de aprendizagem e adaptação que a área de investimentos exige. Considera que a maioria “está interessada em adquirir competências ao nível da compreensão fundamental da inteligência artificial e de machine learning, bem como conhecimentos sobre questões de sustentabilidade, ou de programação em Python”.

TENDÊNCIAS FUTURAS

Como já mencionado, a carreira na área de investimentos está a passar por uma transformação significativa. Essa transformação, na ótica do CEO da CFA Society Portugal, revê-se em três perguntas simples: o que analisamos, como o fazemos e onde? Com a primeira, Marcos Ribeiro refere-se “às novas classes de ativos e segmentos que requerem expertise”. Dá como bom exemplo a crescente importância dos mercados privados que, “não sendo uma novidade, alcançam uma maior relevância atualmente”. Revela, com conhecimento de causa, que uma tendência que se tem manifestado é o número de profissionais com o título de CFA que envereda especificamente pela gestão de ativos privados. “É por isso e por uma necessidade de maior especialização”, conta, “que o programa CFA se tornou mais flexível, sendo que essa flexibilidade, acrescida do programa no nível III, permite aos candidatos optar por três caminhos de especialização: mercados privados, gestão de carteiras e gestão de património”.

Com a segunda pergunta refere-se à forma como a análise financeira e de investimentos é executada. Não há dúvidas de que os avanços tecnológicos, pese embora as inúmeras vantagens que têm aportado para a área de investimentos, obrigam a um esforço permanente das empresas para acompanhar esse ritmo. “Mais de um terço dos membros do CFA Institute inquiridos no estudo Future of Work do CFA Institute acredita que a função que desempenham atualmente será substancialmente diferente dentro de cinco a 10 anos, e que o maior fator de perturbação serão os novos métodos analíticos, incluindo a inteligência artificial e a machine learning”, relata.

A terceira questão é sobre onde é feita essa análise. O profissional remete para a transformação que o mercado laboral experiencia desde a pandemia do COVID-19. Isto pela adaptação dos profissionais ao trabalho híbrido ou remoto e que “não obstante as inúmeras vantagens, tem naturalmente impacto na profissão”, pela “menor intensidade das relações pessoais no ambiente profissional e dinâmicas naturais em ambiente de escritório, como a passagem de conhecimento e de role model, em especial na forma como se constrói confiança com os clientes”, conclui.

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O
ENTREVISTAS 5 MINUTOS
por Diana Pereira

GERIR A INFORMAÇÃO

Para o responsável pela Associação, na Era da informação é crucial que um analista tenha “uma grande capacidade para pegar na enorme quantidade de informação que tem ao seu dispor e de várias naturezas, depurá-la, sintetizála e ter a capacidade para a comunicar eficazmente”.

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OS ARGUMENTOS A FAVOR DO CRÉDITO CORPORATIVO

São várias as razões que sustentam o crédito corporativo. Estas incluem fluxos significativos que permitem absorver a forte atividade no mercado privado e secundário, a melhoria dos fundamentais, o valor relativo e os atrativos retornos.

BLACKROCK GLOBAL FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND

GESTORA: LANÇAMENTO: DIVISA: PATRIMÓNIO: ISIN:

INVESCO FUNDS INVESCO EURO CORPORATE BOND FUND JANUS HENDERSON HORIZON EURO CORPORATE BOND FUND

RENTABILIDADE 1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:

RENTABILIDADE 1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:

-0,62 3,84 -1,46 -16,11 7,82 -0,80 2,53 -1,85 -14,72 8,83 -0,46 2,94 -0,64 -12,46 7,50
GESTORA:
BLACKROCK INVESCO JANUS HENDERSON 31/7/06 31/3/06 18/12/09 EURO EURO EURO 2.922,26 3.490,15 1.067,10 LU0162658883 LU0243957825 LU0451950314 5,22 5,38 5,06 -3,07 -1,01 -2,21 -0,18 -3,72 -1,17 RENTABILIDADE
1 2 3 1 2 3 1 2 3
GESTORA: LANÇAMENTO: DIVISA: PATRIMÓNIO: ISIN:
LANÇAMENTO: DIVISA: PATRIMÓNIO: ISIN:
1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:
2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 78 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PRODUTOS COMPARATIVA
Fonte: Morningstar Direct. Todos os dados são em euros, à data de 30/04/2024. Valores do património em milhões de euros. Dados de desempenho em %.

Oatual panorama financeiro é marcado por dois possíveis cenários económicos: um no landing ou um soft landing, devido à incerteza quanto às próximas medidas de política monetária dos principais bancos centrais, aos riscos geopolíticos e à volatilidade. Tudo isto significa que os investidores precisam de procurar opções de investimento que ofereçam um equilíbrio entre risco e retorno. Uma opção é a dívida corporativa em euros, que tem demonstrado uma notável resiliência, como evidenciado pelas rentabilidades positivas alcançadas nos últimos 12 meses.

De um modo geral, os gestores das seis estratégias desta comparativa estão otimistas, embora alguns, como Julien Eberhardt e Tom Hemmant, cogestores do fundo Invesco Euro Corporate Bond, tenham reservas quanto a esta perspetiva favorável, pois consideram que houve uma diminuição de oportunidades em novas obrigações com cupões elevados.

Apesar disso, mantêm-se otimistas quanto à futura evolução da dívida de elevada qualidade e enfatizam a importância da gestão seletiva num contexto de mercado em mutação. A sua carteira é bastante diversificada: a maior alocação setorial corresponde ao setor financeiro,

com aproximadamente um terço do fundo em bancos e companhias de seguros.

Na Janus Henderson Investors, Tom Ross, gestor e diretor global de High Yield, e Tim Winstone, gestor de fundos, reconhecem a solidez do mercado, mas alertam para os riscos geopolíticos e para a volatilidade. Estão a começar a ver um aumento das oportunidades à medida que as empresas começam a aceder aos mercados após a flexibilização das condições financeiras. Não obstante, explicam que os ativos de riscos costumam ser mais impulsionados pelos fundamentais do que por fatores top-down, o que sublinha, na sua opinião, a importância

MORGAN STANLEY INVESTMENT FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND

GESTORA: LANÇAMENTO: DIVISA: PATRIMÓNIO: ISIN:

1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:

SCHRODER ISF EURO CORPORATE BOND

GESTORA: LANÇAMENTO: DIVISA: PATRIMÓNIO: ISIN:

RENTABILIDADE 1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:

VONTOBEL FUND EURO CORPORATE BOND

GESTORA: LANÇAMENTO: DIVISA: PATRIMÓNIO: ISIN:

RENTABILIDADE 1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:

5 6 4 5 6 4 5 6 8,96 2,90 -0,80 -14,58 -0,45 3,33 -1,15 -15,71 7,90 0,72 4,59 -1,16 -16,40 9,71 -0,02
MORGAN STANLEY SCHRODERS VONTOBEL 4/9/01 30/6/00 27/9/02
EURO 3.727,47 11.540,20 1.684,09 LU0132601682 LU0113257694
6,56 7,77 5,27 -2,52 -0,46 -2,84 -0,19 -3,43 -0,88
EURO EURO
LU0153585566
RENTABILIDADE
2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 79

CT (LUX) - GLOBAL SMALLER COMPANIES

BLACKROCK GLOBAL FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND

INVESCO FUNDS INVESCO EURO CORPORATE BOND FUND

EVLI GLOBAL

GESTOR TOM MONDELAERS

ORIENTAÇÃO DE VALOR RELATIVO

É um dos gestores com mais experiência da comparativa: começou a sua carreira em 1995. A sua abordagem baseia-se no valor relativo, privilegiando a qualidade e a análise fundamental. O objetivo do processo de investimento é obter um alfa ajustado ao risco elevado e resultados superiores em todos os mercados e ciclos, também em relação aos produtos indexados. Tenta aproveitar preços errados o que pode fazer com que as estratégias reflitam posições direcionais de beta creditício ou duração. O seu processo de seleção de títulos bottom-up é realizado em colaboração com especialistas setoriais de análise, gestão de carteiras e trading. Num período retrospetivo de cinco anos, como ponto de referência de médio prazo ou de ciclo do mercado, a queda máxima do fundo foi de −17,13%, que ocorreu entre julho de 2021 e setembro de 2022, com uma volatilidade extrema no quarto trimestre de 2021 devido ao surgimento da variante Ómicron durante a pandemia da COVID.

GESTORES

JULIEN

EBERHARDT

E THOMAS

HEMMANT

GESTÃO FLEXÍVEL DE CRÉDITO E DURAÇÃO

A abordagem do fundo é agnóstica e flexível. Embora se trate de uma carteira de ativos investment grade, os gestores têm flexibilidade para alocar até 30% a obrigações high yield, dívida pública e liquidez. O seu processo de investimento ativo inclui análises macro de asset allocation baseado em valorizações relativas, incorporando a análise fundamental do crédito com uma equipa de 14 analistas setoriais, além da seleção de títulos e da gestão do risco. Isto permitiu minimizar o drawdown máximo (de −16,13%) em relação ao benchmark (−17,54%) e ao peer group (−17,04%). Perante o estreitamento dos spreads, reduziram ligeiramente a parte defensiva (obrigações IG e dívida subordinada financeira) e aumentaram a liquidez (caixa e obrigações governamentais de menos de um ano) para aproveitar oportunidades futuras. A experiência dos gestores, bem como uma gestão muito flexível (tanto em crédito como em duração), permitiu-lhes posicionar o fundo no primeiro quartil em todos os prazos anuais (um, três, cinco e 10 anos).

JANUS HENDERSON

HORIZON EURO CORPORATE BOND FUND

HEPTAGON FUND ICAVKOPERNIK GLOBAL ALLCAP EQUITY FUND

GESTORES TIM WINSTONE E TOM ROSS

EXPLORAÇÃO DE ÁREAS DE INEFICIÊNCIAS

Os gestores da Janus Henderson Investors centram-se menos nas tendências direcionais e mais em oportunidades ascendentes ajustadas ao risco, com uma abordagem ativa (que considera os diversos riscos) top-down e bottom-up, através de um processo de investimento disciplinado e consistente. A equipa procura explorar áreas de ineficiências, como fallen angels, estrelas emergentes, emitentes mais pequenos, estrutura de preços de novas emissões e estrutura de capital, onde consideram haver boas oportunidades para melhorarem os retornos ajustados ao risco.

A sua equipa de analistas de crédito cobre tanto emitentes investment grade como high yield, de estrutura de capital e de diferentes dimensões, permitindo identificar essas ineficiências de mercado com uma abordagem holística da gestão do risco. Moderaram a sua exposição à dívida subordinada bancária, mantiveram uma duração ligeiramente mais longa na Europa e no Reino Unido e estão mais neutros na América do Norte. Estão centrados no valor relativo e idiossincrático, ajustando o risco.

80 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PRODUTOS COMPARATIVA

MORGAN STANLEY

JANUS HENDERSON HORIZON GLOBAL SMALLER COMP. FUND

INVESTMENT FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND

GESTORES

VISÃO CONSTRUTIVA

Com uma exposição pura ao mercado europeu investment grade e apoiado por um histórico sólido, o fundo oferece três vantagens competitivas: uma dimensão adequada para a tomada de decisões ágeis, uma plataforma global e um processo comprovado desde 2001. O trio de gestores é caraterizado pela sua gestão ativa e por uma abordagem rigorosa na análise bottomup, complementada por perspetivas top-down e pela integração de considerações ESG. Apesar dos desafios do mercado, o veículo demonstrou resiliência com um drawdown máximo de −0,62% em fevereiro de 2024, inferior ao do índice de referência. A atividade centrou-se em aproveitar as novas emissões para aumentar a qualidade da carteira e tirar partido dos prémios de novas emissões, rodando as posições que tinham alcançado o valor razoável estimado pela equipa.

SCHRODER ISF EURO CORPORATE BOND

NEUBERGER BERMAN GLOBAL EQUITY MEGATRENDS FUND

GESTOR PATRICK VOGEL

MODELO TEMÁTICO

BOTTOM-UP

Estratégia dinâmica e flexível que investe de forma ativa em crédito europeu. A sua elevada convicção e capacidade para identificar temáticas emergentes diferenciam-na de outros concorrentes. Conta com uma plataforma unificada de especialistas locais em crédito que aplicam uma abordagem bottom-up, que combina as tendências do meio ambiente e sociais com outras seculares. O fundo tem uma pontuação de sustentabilidade superior à do índice de referência. O seu modelo temático extrai entre cinco a dez teses de investimento, que são incorporadas na análise creditícia prospetiva. A principal fonte de risco é a do crédito, que justifica uma boa parte do alfa gerado nos quase 12 anos desde que Patrick Vogel assumiu a gestão. Recentemente, a atividade centrou-se na implementação de liquidez no mercado primário de novas emissões em países nórdicos e na Europa do Leste, no setor de telecomunicações, da saúde e de recursos básicos, com um viés para a descarbonização e reduzindo exposição a alguns bancos europeus periféricos.

PRINCIPAL GLOBAL INVESTORS FUNDS - ORIGIN GLOBAL

VONTOBEL FUND EURO CORPORATE BOND

GESTOR MONDHER BETTAIEBLORIOT

FOCO NA PARTE INFERIOR DE IG

O fundo é especializado em obrigações corporativas investment grade em euros, concentrando-se no segmento de A+ a BBB-, onde encontra o maior valor. O seu processo de investimento combina a análise fundamental e a seleção de emitentes, a otimização ativa do valor relativo, tanto regional como setorial, as diferentes estruturas de capital, os movimentos de spreads e das curvas e as emissões cruzadas em várias divisas. O seu modelo combinado de gestor e analista agiliza a tomada de decisões, aproveitando os pontos fortes de ambos. Tem demonstrado consistentemente a geração de alfa através de uma seleção ativa de crédito, classificando-se no quartil superior em 38 de 40 períodos móveis a cinco anos. Desde 2023 que adotaram uma estratégia barbell, priorizando o crédito bancário sénior, setores menos cíclicos e estruturas subordinadas de maior beta. Em 2024 mantêm-na, explorando transferências de posições com cupões baixos para novas emissões, principalmente da mesma empresa, aproveitando um mercado primário sólido.

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 81

EVOLUÇÃO DOS ATIVOS SOB GESTÃO

da seleção de títulos de elevada qualidade e de uma gestão prudente do risco para obter retornos ajustados ao risco.

Para Mondher Bettaieb-Loriot, responsável de Obrigações Corporativas na Vontobel, os mercados primário e secundário continuam sólidos, com prémios por novas emissões, o que atrai fluxos contínuos e investidores em busca de rentabilidade e permite uma adequada absorção da oferta.

O gestor prevê um futuro promissor para as futuras emissões de crédito corporativo e sugere estratégias como a mudança de posições para novas emissões com cupões mais elevados, tirando partido da favorável conjuntura económica. Na sua opinião, a

rentabilidade por cupão constitui uma fonte de rendimento fiável.

FOCO NA QUALIDADE

Num cenário de aterragem suave, Patrick Vogel, gestor na Schroders, também menciona a atividade do mercado primário e comenta que a sua gestão recente se tem centrado, em grande medida, na aplicação da liquidez, uma vez que o volume de novas emissões oferece várias oportunidades de investimento para diversificar a carteira. O profissional espera que este favorável contexto técnico se mantenha a curto prazo, com uma forte procura por novas emissões e entradas em fundos de crédito com investment grade. Embora ainda exista

dispersão no mercado, os spreads de crédito continuaram a estreitar-se.

Tom Mandalears, diretor de Obrigações na BlackRock, considera que a inflação na zona euro estará próxima do objetivo do BCE até ao final do ano, e prevê que as taxas de juro sejam reduzidas em junho, posicionando-se estrategicamente em duração europeia. No entanto, acredita que os spreads de crédito caíram demasiado rápido dada a renovada volatilidade das taxas de juro, pelo que prefere ativos de elevada qualidade, uma vez que, na sua opinião, os de menor qualidade não estão a compensar suficientemente os investidores pelos potenciais riscos. Daí a sua abordagem de valor relativo, que lhe permite con-

Fonte: Morningstar Direct. Dados em euro a 30 de abril de 2024. Dados de património en milhões de euros.

Fonte: Morningstar Direct. Dados em euros a 30 de abril de 2024. O alfa e o beta foram calculados com base no índice Morningstar atribuído à categoria. O rácio de Sharpe é calculado com base nas métricas de retorno e desvio padrão da Morningstar e a Euribor a 12 meses do primeiro dia do mês seguinte à data dos restantes dados é considerada a rentabildiade do ativo sem risco.

82 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PRODUTOS COMPARATIVA
BLACKROCK GLOBAL FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND INVESCO FUNDS INVESCO EURO CORPORATE BOND FUND JANUS HENDERSON HORIZON EURO CORPORATE BOND FUND MORGAN STANLEY INV. FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND SCHRODER INTERN. SELECTION FUND EURO CORPORATE BOND VONTOBEL FUND EURO CORPORATE BOND RENT. ANUAL. A 3 ANOS -3,07 -2,21 -3,72 -2,52 -2,84 -3,43 VOLATILIDADE A 3 ANOS 7,01 6,51 6,28 6,78 7,59 6,85 QUEDA MÁXIMA 3 ANOS -17,99 -15,23 -17,86 -17,68 -19,98 -19,06 RÁCIO DE SHARPE 3 ANOS -0,97 -0,91 -1,19 -0,92 -0,86 -1,04 ALFA 3 ANOS 0,37 0,83 -1,00 0,73 0,93 0,08 BETA 3 ANOS 1,04 1,01 0,97 1,02 1,07 1,05 2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 INVESCO FUNDS INVESCO EURO CORPORATE BOND FUND JANUS HENDERSON HORIZON EURO CORPORATE BOND FUND BLACKROCK GLOBAL FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND 1 2 3 6 7 8 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0
7 8
6 7 8 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 2.177,03 1.859,90 3.302,99 3.495,78 2.990,08 2.789,00 2.859,28 2.068,16 2.072,14 1.914,69 1.511,02 1.067,10 2.922,26 2.459,82 3.490,15
1 2 3
1 2 3

1.684,09

tornar os mercados voláteis e limitar exposições direcionais.

Por sua vez, o trio de gestores da Morgan Stanley, Leon Grenyer, responsável de Multisetor Europeu, Dipen Patel, diretor-executivo, e Richard Ford, co-diretor de Obrigações de Broad Markets, baseiam a sua perspetiva construtiva para o crédito em políticas fiscais favoráveis e

no momentum positivo na classe de ativos. No entanto, consideram que o mercado de crédito está justamente valorizado (fairly priced), com muitas oportunidades de valor relativo. Os gestores estão menos confiantes quanto ao estreitamento dos spreads e sublinham que as incertezas a médio prazo reforçam a importância de uma gestão prudente da carteira.

CARVALHO

Responsável do Mercado Português e Clientes Institucionais, Amundi

A informação sobre Organismos de Investimento Coletivo ou outros instrumentos financeiros incluída na FundsPeople é apresentada apenas com fim informativo e ilustrativo e não deve ser interpretada como uma oferta de venda ou recomendação de investimento. A informação não representa uma descrição completa dos OIC ou outros instrumentos financeiros e mercados a que faz referência.

No momento de investir em ações globais, a equipa do Amundi Funds Global Equity procura combinar uma abordagem top-down e bottom-up para obter uma visão integral mais completa que os permita aproveitar as oportunidades potenciais a nível de empresa, setor e/ou país e melhor compreender os riscos. Através da análise fundamental, procuram identificar as empresas de qualidade com vantagens competitivas sustentáveis, uma elevada rentabilidade sobre os fundos

próprios, um baixo endividamento e valorizações atrativas. Esta análise inclui ainda critérios ESG, que completam a visão fundamental e os riscos associados. Além disso, a análise procura construir uma carteira diversificada de melhores ideias com um active share elevado, monitorizado com uma estrita disciplina de venda e controlo do risco. Uma estratégia gerida por uma equipa experiente que demonstrou capacidades de gestão ao longo de múltiplos ciclos de mercado.

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 83 2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 2020 2021 2022 2023 2024 SCHRODER ISF EURO CORPORATE BOND VONTOBEL FUND EURO CORPORATE BOND MORGAN STANLEY INVESTMENT FUNDS EURO CORPORATE BOND FUND 4 5 6 4 5 6 4 5 6 11.151,41 10.573,54 8.111,89 2.692,07 2.572,24 1.733,98 1.624,01 10.105,79 3.565,42 3.104,75 2.448,66 3.400,70 3.727,47 11.540,20
COMBINAR UMA VISÃO GLOBAL COM A SELEÇÃO FUNDAMENTAL NAS AÇÕES GLOBAIS A OPINIÃO DE RAP T REN PAR T NER
CRISTINA

O LADO + SUSTENTÁVEL DOS FUNDOS DE AÇÕES COM RATING FUNDSPEOPLE 2024

Três são os pilares que compõem o Rating FundsPeople e três as métricas escolhidas para avaliar o seu lado mais sustentável: ESG risk score, carbon risk score e controvérsias. Quais serão os fundos deste universo que se destacam em matéria de sustentabilidade?

ORating FundsPeople distingue fundos de investimento pela sua consistência entre retorno e risco, a sua relevância, em termos de montante de ativos nas mãos dos investidores e tem ainda em consideração a opinião dos mais diversos analistas do mercado de gestão de ativos. Pese embora algum desses critérios poderem ter subjacentes motivações ambientais, sociais ou

de governança, tal não se manifesta explicitamente. Desta feita, avaliamos os fundos de ações, com Rating FundsPeople 2024, em Portugal, com base em três métricas de sustentabilidade distintas, escolhidas pela sua pertinência e disponibilidade de dados na Morningstar.

A primeira métrica selecionada foi o ESG Risk Score. Este indicador, decomposto nos três pilares que compõem o ESG, representa a exposição ao

risco ambiental, social e de governança não gerido, tendo em conta a gestão de tais riscos por parte da empresa. Com um total de ESG Risk Score de 15,71 surge o CT (Lux) - European Select da Columbia Threadneedle Investments. Este fundo de ações europeias de grande capitalização, destaca-se no Rating FundsPeople pelo pilar de blockbuster. Francis Ellison, gestor da carteira de Clientes de Ações Europeias na gestora, conta que a avalia-

PRODUTOS ISR 84 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO

ESG RISK SCORE

Fonte: Morningstar. Dados a final de fevereiro de 2024. Para uma análise rigorosa e transparente, há que ter em conta também o unallocated risk, ou seja, a exposição não gerida ao risco ESG das empresas, às quais foi atribuída uma classificação de risco ESG, mas cujo risco não é atribuído a nenhum dos pilares mencionados. Assim, o total ESG Risk Score resulta da soma destas quatro variáveis. Por forma a apresentar uma comparação justa, apenas são considerados fundos cujo peso do risco não alocado no total ESG risk score seja igual ou inferior a 5%.

CARBON RISK SCORE

Fonte: Morningstar. Dados a final de fevereiro de 2024.

ção ESG segue “uma abordagem best in class das empresas em relação aos seus pares”, utilizando várias ferramentas que incluem as próprias classificações internas de ESG, análise de controvérsias, classificações MSCI ESG e métricas de carbono. Dentro destas ferramentas faz também parte, por exemplo, “um modelo de boa governação, que identifica as empresas com práticas que podem indicar uma má governação relacionada com a estrutura do conselho de administração, as relações com os trabalhadores, a remuneração ou a gestão fiscal”. Francis Ellison deixa, no entanto, a nota de que “se uma empresa tiver uma pontuação baixa e o gestor pretender ainda assim investir, deve documentar que todos os riscos foram totalmente considerados e realçar a razão pela qual se sente confortável em fazer o investimento”. Este é um fundo classificado como artigo 8º do SFDR e do seu Top 3 fazem parte a Novo Nordisk, a Louis

FUNDO ENTIDADE GESTORA CATEGORIA GLOBAL PORTFOLIO ENVIRONMENTAL RISK SCORE PORTFOLIO SOCIAL RISK SCORE PORTFOLIO GOVERNANCE RISK SCORE PORTFOLIO UNALLOCATED RISK SCORE TOTAL ESG RISK SCORE UNALLOCATED RISK SCORE/TOTAL ESG RISK SCORE CT (Lux) European Select Columbia Threadneedle Europe Equity Large Cap 2,95 6,90 5,86 0,00 15,71 0% Jupiter European Growth Jupiter AM Europe Equity Large Cap 3,11 7,23 5,37 0,03 15,74 0% abrdn SICAV I European Sustainable Equity Fund abrdn Europe Equity Large Cap 2,77 7,16 6,10 0,00 16,03 0% Pictet SmartCity Pictet AM Global Equity Large Cap 4,58 6,09 5,38 0,36 16,41 2% Fidelity Funds European Dynamic Growth Fund Fidelity International Europe Equity Large Cap 2,89 7,81 5,42 0,32 16,44 2% Pictet - Global Environmental Opportunities Pictet AM Global Equity Large Cap 5,28 6,05 4,89 0,51 16,73 3% Comgest Growth Europe Comgest Europe Equity Large Cap 3,38 7,49 5,65 0,28 16,80 2% UBAM 30 Global Leaders Equity UBP AM Global Equity Large Cap 3,11 7,46 6,28 0,00 16,85 0% BlackRock Global Funds Continental European Flexible Fund BlackRock Europe Equity Large Cap 3,64 7,26 5,84 0,14 16,88 1% BlackRock Global FundsEuropean Special Situations Fund BlackRock Europe Equity Large Cap 3,54 7,37 6,00 0,00 16,91 0%
AVALIAÇÃO DO GRAU EM QUE AS SUAS ATIVIDADES E PRODUTOS ESTÃO ALINHADOS COM A TRANSIÇÃO PARA UMA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO
O RISCO DE CARBONO DE UMA EMPRESA É A
FUNDO ENTIDADE GESTORA CATEGORIA GLOBAL PORTFOLIO CARBON RISK SCORE Polar Capital Funds Biotechnology Fund Polar Capital Healthcare Sector Equity 1,44 GuardCap Global Equity Fund GuardCap Global Equity Large Cap 1,69 Franklin Technology Fund Franklin Templeton Technology Sector Equity 1,88 BlackRock Global Funds World Technology Fund BlackRock Technology Sector Equity 2,08 Fidelity Funds - Sustainable Healthcare Fund Fidelity International Healthcare Sector Equity 2,22 Candriam Equities L Biotechnology Candriam Healthcare Sector Equity 2,24 Morgan Stanley Investment FundsGlobal Brands Fund Morgan Stanley IM Global Equity Large Cap 2,25 JPMorgan Funds Global Healthcare Fund JPMorgan AM Healthcare Sector Equity 2,37 JPMorgan Funds US Technology Fund JPMorgan AM Technology Sector Equity 2,39 AB SICAV I International Health Care Portfolio AllianceBernstein Healthcare Sector Equity 2,48
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 85

“DESENVOLVEMOS UM MODELO INTERNO NET ZERO QUE REÚNE DADOS DE VÁRIAS FONTES EXTERNAS E AVALIA O ALINHAMENTO DAS EMPRESAS COM UMA TRAJETÓRIA DE ZERO EMISSÕES DE GASES DE ESTUFA”

FRANCIS ELLISON

COLUMBIA THREADNEEDLE INVESTMENTS

“AS CARATERÍSTICAS DO PORTEFÓLIO SÃO OBSERVADAS E MONITORIZADAS

CENTRALMENTE PELAS EQUIPAS DE INVESTIMENTO, DE RISCO E SUSTENTABILIDADE, COM A MONITORIZAÇÃO DO ESG A FAZER PARTE INTEGRANTE DO PROCESSO DE SUPERVISÃO”

ALEXANDER MACDONALD POLAR CAPITAL

CONTROVÉRSIAS

“SEGUIMOS DE PERTO TODAS AS EMPRESAS DAS NOSSAS CARTEIRAS E, POR CONSEGUINTE, TEMOS CONHECIMENTO DAS QUESTÕES ESG MUITAS VEZES ANTES DAS AGÊNCIAS DE RATING ESG TOMAREM MEDIDAS”

NICOLAS DA ROSA DPAM

Fonte: Morningstar. Dados a final de fevereiro de 2024. Para uma análise rigorosa e transparente, há que ter em conta também o unallocated risk, ou seja, a exposição não gerida ao risco ESG das empresas, às quais foi atribuída uma classificação de risco ESG, mas cujo risco não é atribuído a nenhum dos pilares mencionados. Assim, o total ESG Risk Score resulta da soma destas quatro variáveis. Por forma a apresentar uma comparação justa, apenas são considerados fundos cujo peso do risco não alocado no total ESG risk score seja igual ou inferior a 5%.

FUNDO ENTIDADE GESTORA CATEGORIA GLOBAL % DE AUM COM CONTROVÉRSIAS SEVERAS % DE AUM COM CONTROVÉRSIAS ALTAS % DE AUM COM CONTROVÉRSIAS SIGNIFICATIVAS % DE AUM COM CONTROVÉRSIAS MODERADAS % DE AUM COM CONTROVÉRSIAS BAIXAS % DE AUM SEM CONTROVÉRSIAS SCORE TOTAL DE CONTROVÉRSIAS DPAM B - Real Estate Europe Dividend Sustainable Degroof Petercam Real Estate Sector Equity 0,00 0,00 0,00 6,61 6,58 86,80 19,81 CS Invm Fds 2 - Credit Suisse (Lux) Small Cap Switzerland Equity Fund Credit Suisse Europe Equity Mid/ Small Cap 0,00 0,00 0,00 7,52 23,40 69,08 38,43 Lazard Small Caps Euro SRI Lazard Europe Equity Mid/ Small Cap 0,00 0,00 0,25 10,75 17,25 71,75 39,50 Invesco Funds - Invesco Global Income Real Estate Securities Fund Invesco Real Estate Sector Equity 0,00 0,00 0,00 4,59 34,08 61,33 43,26 Amundi Funds - Equity Japan Target Amundi Japan Equity 0,00 0,00 0,00 17,49 12,71 69,80 47,69 abrdn SICAV IIEuropean Smaller Companies Fund abrdn Europe Equity Mid/ Small Cap 0,00 0,01 0,23 6,18 35,04 58,53 48,15 CT (Lux) European Smaller Cap Fund Columbia Threadneedle Europe Equity Mid/ Small Cap 0,00 0,00 1,95 9,10 25,19 63,75 49,25 Morgan Stanley Investment FundsGlobal Property Fund Morgan Stanley Real Estate Sector Equity 0,00 0,00 0,00 3,64 43,28 53,08 50,55 Schroder International Selection Fund Frontier Markets Equity Schroders Global Emerging Markets Equity 0,00 0,00 0,86 20,72 6,89 71,53 50,92 T. Rowe Price Funds SICAV - China Evolution Equity Fund T. Rowe Price Greater China Equity 0,00 0,00 0,00 12,83 26,14 61,03 51,80
PRODUTOS ISR 86 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO

AS CONTROVÉRSIAS DIVIDEM-SE, POR

ORDEM CRESCENTE DE GRAVIDADE, EM NENHUMAS, BAIXAS, MODERADAS, SIGNIFICATIVAS, ALTAS E SEVERAS

Vuitton e a ASML. A segunda métrica analisada foi o carbon risk score. Na metodologia da Sustainalytics, o risco de carbono de uma empresa é a avaliação do grau em que as suas atividades e produtos estão alinhados com a transição para uma economia de baixo carbono. O portfolio carbon risk score mede, portanto, o risco de carbono ponderado pelos ativos das participações em ações ou obrigações num fundo. Neste caso, é um fundo do setor da saúde - categoria, aliás, mais representada na tabela - que lidera o Top 10, com um score de 1.44.

CONTROVÉRSIAS

O Polar Capital Biotechnology Fund da Polar Capital, também artigo 8º do SFDR e com a designação de consistente no Rating FundsPeople, investe em inovação médica de ponta. Mercado esse, que a gestão do fundo acredita estar a ser subestimado. Para Alexander Macdonald, responsável de Sustentabilidade da entidade, “a incorporação de abordagens ESG e de gestão no processo de investimento é algo que deve ser conduzido pelas equipas de investimento, assegurando que a análise ESG, o engagement e as decisões de voto estão intimamente ligados ao processo de tomada de decisão, ao mesmo tempo que são apoiados por recursos internos bem desenvolvidos”. Compõem o Top 3

do fundo a Regeneron Pharmaceuticals, a Amgen e a argenx.

Por fim, analisamos a exposição a controvérsias. Neste contexto, as controvérsias surgem quando decisões e práticas no âmbito das empresas investidas por parte dos gestores de fundos provocam debates e críticas. Dividem-se, por ordem crescente de gravidade, em nenhumas, baixas, moderadas, significativas, altas e severas.

Com um score total de controvérsias de 19,81 e a liderar a tabela está o DPAM B - Real Estate Europe Dividend Sustainable da DPAM. Um fundo consistente no Rating FundsPeople em Portugal e artigo 8º do SFDR. Nicolas Da Rosa, gestor da DPAM, admite a utilização dos dados da Sustainalytics como principal fonte de análise das controvérsias e admite que a gestão do fundo “exclui automaticamente empresas com controvérsias severas, e as altas e significativas com perspetiva negativa são analisadas no Responsible Investment Steering Group (RISG) da DPAM, um grupo formado por quinze profissionais de diversos departamentos”. Por outro lado, a eficiência energética, edifícios certificados como verdes e o acesso a habitação acessível são alguns dos critérios ESG priorizados pela equipa. Integram o Top 3 os seguintes grupo imobiliários: Vonovia, Unibail-Rodamaco-Westfield e o LEG Immobilien.

OPINIÃO DE

Global Investors

COMO TORNAR O CHOCOLATE MAIS DOCE E SUSTENTÁVEL

Os preços globais do cacau atingiram níveis sem precedentes nas últimas semanas, refletindo os sérios desafios enfrentados pela indústria. Desde o início de 2023, os preços globais do cacau aumentaram mais de 150%. A volatilidade sustentada dos preços reflete um modelo industrial estruturalmente deficiente e nunca foi tão urgente enfrentar os seus desafios e repensar a sustentabilidade da cadeia de valor do cacau.

A crescente procura de cacau está a impulsionar a desflorestação e o uso excessivo de pesticidas. Ao mesmo tempo, associado ao facto de os agricultores não receberem uma parte justa das receitas, as condições de trabalho são difíceis, o recurso ao trabalho infantil é generalizado e o papel crítico das mulheres é amplamente subvalorizado. A redução da pegada ecológica do setor vai ser fundamental para satisfazer a crescente procura de chocolate. Isto envolve esforços para inverter a desflorestação e melhorar as práticas agrícolas, nomeadamente através da agrossilvicultura, que apoia a utilização multifuncional da terra. No entanto, isto só será possível através de medidas transformadoras que visem a melhoria dos rendimentos dos agricultores e facilitem o seu acesso a recursos e a financiamento. Os investidores podem aqui desempenhar um papel crucial, ao acelerarem os investimentos que podem impulsionar mudanças radicais nesta indústria.

RAP T REN PAR T NER
ROMUALDO TRANCHO Diretor de Desenvolvimento de Negócio para Portugal, Allianz
A
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 87

HEDGE FUNDS NUM CONTEXTO DE TAXAS DE JURO MAIS ELEVADAS

Na sua missão de oferecer alfa, os gestores destes veículos dispõem de um amplo leque de ferramentas de investimento. Um contexto de normalização monetária pode gerar um aumento das oportunidades que possibilitam diversificar uma carteira.

Uma das áreas de investimento em que a procura por alfa é o seu leitmotiv é a das estratégias alternativas, entendidas, neste artigo, na sua essência mais pura: hedge funds ilíquidos. Uma indústria que, segundo o Hedge Fund Research, no final de 2023, superava os quatro biliões de dólares, o que implica 22% de toda a indústria de gestão alternativa. O objetivo destes veículos é, em termos gerais, oferecer retornos positivos em qualquer contexto de mercado, utilizando um amplo leque de ferramentas em que investir. Esta

liberdade, por sua vez, constitui uma fonte significativa de descorrelação com os ativos tradicionais.

A pergunta-chave é se um contexto macro de maior inflação, taxas de juro e volatilidade pode favorecer o comportamento dos hedge funds. Carlos Fernández, Chief Operations Officer (COO) da Tritemius, assinala que carecemos de um histórico relevante de retornos dos hedge funds neste contexto que permita dar uma resposta. “Provavelmente, o cenário que poderemos considerar o mais parecido é o da subida das taxas de juro em 1994, que provo-

cou um crash no mercado de obrigações. No entanto, nessa época, a indústria dos hedge funds ainda era muito incipiente e, salvo algumas exceções, uma boa parte dos agentes estavam englobados em estratégias global macro”, explica.

DUPLO IMPACTO

É possível encontrar uma aproximação a esse comportamento e à relação entre taxas de juro e retorno destas estratégias num estudo¹ elaborado pela J.P. Morgan AM através dos dados dos seus veículos desde 1995. Os números sugerem que, em média, o excesso de

88 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
ALTERNATIVOS por Montserrat Formoso
PRODUTOS

DISPERSÃO ENTRE ESTRATÉGIAS E GESTORES

Fonte: J.P. Morgan AM. Dados de retornos a dez anos baseados na informação disponível a 29 de fevereiro de 2024.

CRESCIMENTO ESPERADO DA PROCURA POR HEDGE FUNDS NOS CANAIS DE BANCA PRIVADA

Percentagem de alocadores que preveem aumentar/diminuir a alocação a hedge funds (líquida em itálico).

80% 60% 40% 20% 0% -20% -40% 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% -2% ASSESSORES HEDGE FUNDS TOTAL EVENT DRIVEN MACRO TOTAL RENDIM. FIXO INCOME VALOR RELATIVO VALOR RELATIVO TOTAL EQUITY HEDGE EQUITY MARKET NEUTRAL VALOR RELATIVO MULTIESTRATÉGIA EMERGENTES ENDOWMENTS/ FUNDAÇÕES FAMILY OFFICES PENSÕES/ SEGURADORAS BANCA PRIVADA +14% +26% +5% +14% -2% +17% +48% 0% +36% +67%
Sachs
2023 Outlook. Dados a junho
2023. 2022 2023 2022 2023 2022 2023 2022 2023 2022 2023 AUMENTO D IMINUIÇÃO -24% 29% -3% 32% -27% 65% -17% 23% -25% 36% 30% -13% 67% 27% -13% 22% -22%
Fonte: Goldman
Capital
de
6,3% 13,8% -0,4% 11,8% 2,9% 13,1% 0,3% 10,8% 2,6% 16,2% -0,6% 10,5% -0,4% 11,2% 1,1% 10,4% -0,6% 13,8% -0,6% 6,6% MEDIANA 5,1% 6,5% 6,0% 6,5% 4,3% 7,3% 6,3% MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 89

TAXAS

“O CENÁRIO QUE PODEMOS CONSIDERAR COMO MAIS PARECIDO AO ATUAL É A SUBIDA DE TAXAS EM 1994. NO ENTANTO, NESSA ÉPOCA, A INDÚSTRIA DOS HEDGE FUNDS AINDA ERA MUITO INCIPIENTE”

CARLOS FERNÁNDEZ TRITEMIUS

“OS HEDGE FUNDS COSTUMAM TER BARREIRAS DE ENTRADA MAIS ELEVADAS DEVIDO AOS SEUS REQUISITOS MÍNIMOS DE INVESTIMENTO E À SUA ESTRUTURA DE INVESTIMENTO A MAIS LONGO PRAZO. ESTÃO FEITOS PARA INVESTIDORES INSTITUCIONAIS OU PARA QUEM TEM UM ELEVADO PATRIMÓNIO LÍQUIDO”

TASIO DEL CASTAÑO E ALEJANDRO SARRATE AMCHOR IS

rentabilidade dos hedge funds (rentabilidade total menos beta de ações) subiu paralelamente às taxas de juro durante 28 anos, desde o início da sua série histórica. Segundo o relatório da gestora americana, há duas razões que justificam esta relação.

A primeira é que o aumento de taxas tem um impacto direto no retorno. Muitos gestores têm um excesso de liquidez como garantia para sustentar as suas posições. Este dinheiro é tradicionalmente investido em liquidez a curto prazo: à medida que aumenta o retorno destas posições, a rentabilidade dos hedge funds também aumenta.

Além disso, os gestores podem investir em determinados títulos com

caraterísticas de taxa variável que beneficiarão da subida das taxas. Embora a magnitude deste impacto direto difira entre os fundos e as estratégias que seguem, o estudo assinala que, em média, os retornos do setor dos hedge funds beneficiam de aproximadamente 60% do aumento das taxas a curto prazo.

A segunda forma em que taxas a curto prazo mais elevadas repercutem no retorno dos hedge funds é através da criação de oportunidades.

Em termos gerais, taxas de juro mais elevadas provocam um aumento da volatilidade, e este aumento gera maiores oportunidades de alfa devido à ampliação da dispersão dos preços dos ativos e às ineficiências do mercado. Isto faz com

OPORTUNIDADES DE ALFA 90 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PRODUTOS ALTERNATIVOS
DE JURO MAIS ELEVADAS PROVOCAM UM AUMENTO DA VOLATILIDADE, E ESTE AUMENTO GERA MAIORES

que os especialistas em seleção de títulos beneficiem tanto das posições longas como das posições curtas. Além disso, o medo e as operações forçadas podem ser mais proeminentes nos mercados de elevada volatilidade. Isto permite aos gestores de fundos de estratégias de arbitragem estatística a curto prazo negociarem e beneficiarem potencialmente de mais oportunidades de reversão à média, explicam da J.P. Morgan AM. O universo de hedge funds abrange um diverso leque de subcategorias, cujo comportamento difere segundo o contexto de mercado. Um aumento das oportunidades de investimento nas distintas estratégias pode beneficiar a construção das carteiras dos próprios fundos, o que “ajuda a mitigar o risco em contextos voláteis através da diversificação numa ampla gama de ativos”, assinalam Tasio del Castaño e Alejandro Sarrate, presidente e CEO da Amchor IS. No entanto, “o desempenho dos hedge funds no contexto atual basear-se-á na capacidade do gestor de poder navegar pela volatilidade do mercado, gerir a possível falta de liquidez e aproveitar as oportunidades que o mercado oferece”, aponta.

DIVERSIFICAÇÃO

Falemos do benefício da diversificação, por exemplo, nos fundos multiestratégia ou nos fundos de fundos multiestratégia. No primeiro caso, Carlos Fernández explica que se trata de “veículos com um único gestor, mas que combinam estratégias diferentes, normalmente à volta de arbitragens estatísticas e estratégias quantitativas. Funcionam como as mesas de prop trading dos bancos an-

tes das limitações regulamentares após a crise de 2008”.

Os segundos são “carteiras de fundos mais diversificadas em termos de estratégias, incluindo categorias clássicas, como long short ou global macro”, acrescenta. Neste caso, a proposta de valor dos gestores é, por um lado, escolher os melhores fundos, especialmente tendo em conta a dispersão nos resultados de uma mesma estratégia (ver gráfico superior na pág. 89). Por outro, dar ao cliente a capacidade de acedê-los, tendo em conta que muitos se encontram fechados a investidores externos. “Os hedge funds costumam ter barreiras de entrada mais elevadas devido aos seus requisitos mínimos de investimento e à sua estrutura de investimento a mais longo prazo. É por isso que são feitos para investidores institucionais ou para quem tem um elevado património líquido”, assinalam os fundadores da Amchor IS.

Segundo o índice de confiança Hedge Funds da AIMA (Alternative Investment Management Association), os gestores estão otimistas em relação a 2024.

Do ponto de vista da procura, as estimativas de crescimento das alocações das carteiras são favoráveis para os diversos segmentos de clientes, à exceção dos fundos de pensões. O inquérito da Goldman Sachs AM (ver gráfico inferior na pág. 89) reflete o mesmo, evidenciando um aumento significativo do apetite pelos canais de banca privada.

(1) https://am.jpmorgan.com/ch/en/assetmanagement/institutional/insights/portfolioinsights/alternatives/hedge-funds-and-interestrates-returns-historically-rise-in-tandem/

COMEÇAR A INVESTIR EM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Mesmo os mais analógicos não terão dificuldade em admitir que nenhuma tendência impulsionou tanto as bolsas nos últimos anos quanto o tema da Inteligência Artificial. Não podemos negar que está presente no nosso dia a dia e que está a mudar as nossas vidas. E não estou a falar de fotos manipuladas de políticos ou textos que se assemelhem aos de Cervantes. Mas sim que, há já algum tempo, que os telemóveis reconhecem o nosso rosto, a TV recomenda-nos uma série ou o carro trava sozinho se o da frente fez o mesmo. Mas a questão é que mal conseguimos ver o seu potencial e, por conseguinte, a enorme oportunidade que representa para as empresas: desde as que reúnem e processam a informação que alimenta a IA, às que fabricam o hardware necessário (por exemplo, a Nvidia) e a todas as que podem obter uma vantagem competitiva ao implementá-la no seu modelo de negócio. É normal que um investidor que queira entrar neste mundo, ainda pouco explorado, se sinta perdido. Mesmo os mais experientes podem cometer erros numa indústria em crescimento. É por isso que na DWS, investindo na nossa estratégia DWS Artificial Intelligence, podem entrar neste segmento de forma diversificada e com a ajuda de verdadeiros especialistas.

ISABEL DE LINIERS
A OPINIÃO DE RAP T REN PAR T NER
Senior Sales para a Península Ibérica, DWS
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 91

ARGENTINA DE MILEI PROCURA RECUPERAR A ATRATIVIDADE PARA OS INVESTIMENTOS

O mercado argentino destaca-se em 2024. A economia encontra-se apoiada pelos bons dados macroeconómicos, após medidas iniciais tomadas pelo governo executivo mais pragmáticas e ortodoxas do que o esperado. Também a expetativa global de cortes de taxas e os fatores conjunturais como a meteorologia, favorecem as exportações do país.

92 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
PRODUTOS EMERGENTES

EVOLUÇÃO DO RISCO-PAÍS DA ARGENTINA

Quase cinco meses depois da tomada de posse de Javier Milei como presidente da Argentina, o país destaca-se na região pelos bons dados macroeconómicos publicados depois das medidas iniciais tomadas pelo governo executivo, pelas expetativas a nível global de cortes de taxas de juro e por fatores conjunturais como a meteorologia (fenómeno La Niña), que está a favorecer uma maior produção agrícola e de energia, e o aumento do preço das commodities que o país exporta. O índice Merval regista rentabilidades próximas de 30% no ano, o preço das obrigações subiu quase 50% e o risco-país está em mínimos dos últimos 30 meses.

No mercado de obrigações, Mariano Fiorito, country head da Schroders na Argentina, está otimista com o período de 2030-2035 para as obrigações, visto que a relação risco/retorno é atrativa se se chegar a materializar uma normalização da curva soberana, necessária para refinanciar os vencimentos de dívida em 2025. Não obstante, recomenda uma gestão ativa nas 2/1/20

No mercado de divisas, Alonso Pérez-Kakabadse, gestor sénior e de Estratégia na UBP, observa uma estabilização, com um novo regime cambial que deprecia a taxa de câmbio oficial em 2% mensalmente, reduzindo o gap relativamente ao mercado paralelo para 15%-20%, comparada com os 50% no início do ano.

UMA GESTÃO ATIVA NAS POSIÇÕES VINCULADAS COM

A ARGENTINA

DEVIDO

5.000 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0
Fonte: Infobae.org. Dados em pontos base.
2/3/20 2/5/20 2/7/20 2/9/20 2/11/20 2/1/21 2/3/21 2/5/21 2/7/21 2/9/21 2/11/21 2/1/22 2/3/22 2/5/22 2/7/22 2/9/22 2/11/22 2/1/23 2/3/23 2/5/23 2/7/23 2/9/23 2/11/23 2/1/24 2/3/24
RECOMENDA
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 93
AOS RISCOS DO CENÁRIO ATUAL

O ACESSO DO PAÍS AOS MERCADOS DE CAPITAIS PODERÁ

“COM O NOVO REGIME CAMBIAL OBSERVA-SE UMA ESTABILIZAÇÃO NO MERCADO DE DIVISAS, REDUZINDO O GAP RELATIVAMENTE AO MERCADO PARALELO”

ALONSO PÉREZKAKABADSE

UBP

posições vinculadas com a Argentina devido aos riscos do cenário atual.

No setor do petróleo e do gás observam-se oportunidades, porque “agora, as empresas podem exportar petróleo e têm mais liberdade para fixar preços localmente, o que deverá melhorar os fundamentais da maioria das empresas”, sublinha Alejandro di Bernardo, gestor de Investimentos de Dívida Emergente da Jupiter AM.

Luca Sibani, responsável de Estratégias Total Return da Epsilon SGR, aponta que “a Argentina deverá voltar a ser um país atrativo para os investimentos, capaz de atrair fundos do exterior”. Na sua opinião, o acesso do país aos mercados de capitais poderá chegar antes do esperado, possivelmente no primeiro trimestre de 2025.

MEDIDAS INICIAIS

“HOUVE UMA MELHORIA IMPORTANTE NAS CONTAS FISCAIS, COM EXPETATIVAS QUE APONTAM PARA UM DÉFICE FISCAL DE 2% DO PIB PARA 2024”

CARLOS CARRANZA ALLIANZ GI

novo governo de um país com problemas enraizados, consequência de uma má gestão económica e defaults recentes, o que levou o novo presidente a declarar uma terapia de choque “que era necessária, descartando o gradualismo de Mauricio Macri”, reconhece Michael Talbot, especialista em Macroeconomia e Dívida de Mercados Emergentes na M&G Investments. Até agora já realizou algumas reformas, “com uma abordagem que se afasta do apoio popular a curto prazo, priorizando a aplicação de reformas liberais”, explica Alonso Pérez-Kakabadse.

TRIMESTRE DE 2025

Entre o otimismo e a esperança, os investidores estão atentos às decisões do

Entre as decisões adotadas pela equipa de Milei encontram-se a desregulação da economia através da eliminação ou modificação de mais de 300 normas, a anulação das medidas de controlo de preços e a redução de subvenções, a racionalização do gasto público com a consolidação de ministérios, secretarias e embaixadas, e a

CHEGAR ANTES DO ESPERADO, POSSIVELMENTE NO PRIMEIRO
94 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PRODUTOS EMERGENTES

A OPINIÃO DE

Responsável para a Península Ibérica, abrdn

A DESACELERAÇÃO DA TAXA DE INFLAÇÃO DEVERÁ CONTINUAR

GRAÇAS

ÀS MEDIDAS DE AUSTERIDADE E À DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA

implementação de medidas de emergência para enfrentar o défice fiscal e estabilizar a economia.

Tudo isto resultou, segundo assinala Carlos Carranza, diretor e gestor de Mercados Emergentes na Allianz Global Investors, numa melhoria das contas fiscais, com expetativas que apontam para um défice fiscal de 2% do PIB para 2024, comparados com os 5% de 2023. Também se registou uma diminuição de 75% no défice da balança comercial em relação a dezembro de 2023.

Para Mariano Fiorito, “o programa governamental salienta a preservação dos contratos, recorrendo a métodos ortodoxos e coordenados para estabilizar o balanço do Banco Central da República Argentina (BCRA)”. Na sua opinião, a inflação está a descer a um ritmo mais acelerado do que o previsto, e as finanças públicas registaram um excedente nos primeiros meses de 2024.

PRAGMATISMO

A equipa de Obrigações e Ações da Julius Baer considera que a desaceleração da taxa de inflação deverá continuar graças às medidas de austeridade e à desvalorização da moeda, que levou o banco central a reduzir a taxa de juro oficial de 100% para 80%.

“Tudo isso sem as políticas hiperbólicas e proclamações extremistas,

que não deram em nada. Pelo contrário, o que observámos nos últimos 100 dias foi mais pragmático, ortodoxo e fiscalmente consciente do que se esperava”, opina Michael Talbot.

O país também beneficia de fatores conjunturais como o fenómeno meteorológico La Niña, que está a impulsionar a produção agrícola e de energia e o aumento do preço das commodities que o país exporta. Isto está a traduzir-se num maior fluxo de entrada de dólares e num aumento das reservas do BCRA de 10.000 milhões de dólares desde que Milei assumiu o poder, o que melhorou a estabilidade do peso.

Não obstante, Thomas Haugaard, gestor de carteiras da equipa de Dívida de Mercados Emergentes da Janus Henderson Investors, relembra que a janela de reformas para captar lucros antes das eleições intercalares e gerais do mandato é curta, pelo que os mercados e a população esperam que Milei continue a impulsionar as suas reformas liberais sem parar.

Apesar da implementação dos duros ajustes económicos, Alejandro di Bernardo destaca que, segundo os últimos inquéritos, o índice de aprovação do governo executivo de Milei mantém-se acima de 50%. Será fundamental confirmar se esse apoio se mantém ao mesmo tempo que procura atingir uma recuperação económica antes das próximas eleições.

SMALL CAPS

EUROPEIAS:

CRESCIMENTO

ESTRUTURAL NUM

MUNDO DE BAIXO

CRESCIMENTO

Historicamente, as empresas de pequena e média capitalização têm um desempenho superior ao das empresas de maior dimensão quando os bancos centrais começam a reduzir as taxas. Esperamos que as ações de crescimento e qualidade tenham um bom desempenho num período de abrandamento. Os investidores devem começar a distinguir entre as empresas com balanços sólidos e os títulos mais fracos que precisam de se refinanciar a taxas mais elevadas ou de recorrer aos acionistas para obter mais capital. As small caps de qualidade com uma boa dinâmica operacional, vantagens competitivas defensáveis e acesso a capital deverão ter um bom desempenho. Neste grupo estão as empresas que podem crescer independentemente do ambiente externo, através de fatores estruturais e iniciativas de gestão. Por último, as valorizações encontram-se historicamente atrativas, em especial para as ações de crescimento e qualidade. A chave, no entanto, é encontrar as ações com potencial para produzir resultados nos seus respetivos setores. Será que chegou a altura das small caps de crescimento e elevada qualidade? Estamos otimistas. Confrontados com um abrandamento económico, muitos investidores vão procurar empresas que possam proporcionar rentabilidades sustentáveis. Também podem ser tentados por valorizações historicamente baixas. Como sempre, defendemos uma abordagem fundamental bottom-up na seleção de ações.

RAP T REN PAR T NER
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 95

FUNDAÇÕES PORTUGUESAS AS CARTEIRAS DE INVESTIMENTO AO SERVIÇO DA SOCIEDADE

Desempenham um papel significativo no panorama social e cultural do país, promovendo a inovação e o progresso em diversas áreas. De perfil mais arriscado ou mais prudente, as fundações portuguesas investem em vários instrumentos que garantam que os objetivos de longo prazo a que se propõem são cumpridos.

Em 2021, Portugal tinha mais de 800 fundações registadas e, de acordo com um artigo da Forbes de 2019, geriam mais de 9 mil milhões de euros em ativos, com 6 mil milhões em capitais próprios. Muitas delas investem em instrumentos financeiros, mais ou menos arriscados para, entre outras razões, financiarem as várias causas que escolhem atender. O ranking exibido neste artigo resulta da análise a vários relatórios e contas de 2022 de fundações nacionais, estando o mesmo disponível de forma mais detalhada na página do Insights Portugal.

A Fundação Calouste Gulbenkian apresenta-se como a de maior di-

96 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PRODUTOS INSTITUCIONAL por Diana Pereira

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

3,3 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Ações: 634 milhões

Obrigações: 717 milhões

Fundos de Investimento: 1,8 mil milhões

Gestores de carteiras escutinados à luz de critérios ESG

FUNDAÇÃO ORIENTE

90 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Apenas 17% das aplicações são geridas em Portugal e pelo Banco Português de Gestão, Santander e Caixa Geral de Depósitos

FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD

369 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Fundos de Investimento: 56 milhões

Gestão de ativos a cargo de Goldam Sachs, Pictet & CIE, Santander, Credit Suisse, J.P. Morgan

Gestão geralmente passiva com alocação top down

FUNDAÇÃO BISSAYA BARRETO

42,4 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Obrigações: 22,2 milhões

Gestão discricionária/ fundos ações/CoCo’s: 20,2 milhões

FUNDAÇÃO LUSOAMERICANA PARA O DESENVOLVIMENTO

130,5 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Ações: 74 milhões

Obrigações: 43 milhões

Outros: 6,5 milhões

7 milhões em ouro

Extrema diversificação dos ativos financeiros como um dos principais objetivos

FUNDAÇÃO CASA DE BRAGANÇA

31,8 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

A gestão discricionária da fundação alcançou 31,8 milhões de euros, em 2022

FUNDAÇÃO JORGE ÁLVARES

16 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Ações: 2,3 milhões

Obrigações: 10,6 milhões

Outros: 3,1 milhões

Perfil de investimentos conservador e moderado, com reforço significativo de posições defensivas e em ativos da classe de obrigações de baixo risco

FUNDAÇÃO AMÉLIA DE MELLO

20,4 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

18,9 milhões alocados em ações na José de Mello - Saúde SGPS, ES Financial Group SA e BCP

1,5 milhões em em dívida corporativa da José de Mello

FUNDAÇÃO AGA KHAN PORTUGAL

13,7 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

11,4 milhões em fundos de investimento que a Fundação detém sob gestão da Fundação Universidade Aga Khan

FUNDAÇÃO BATALHA DE ALJUBARROTA

12,1 milhões

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Ações e fundos de investimento geridos pelo novobanco, GNB

Gestão de Patrimónios e UBS.

Robeco BP US Large Cap Equities, da Robeco e  Nordea European Corporate Bond, da Nordea AM parte da carteira gerida pelo novobanco

MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 97

PARA ESTE RANKING

FORAM APENAS

SELECIONADAS

AS FUNDAÇÕES

QUE DISCRIMINAM

OS MONTANTES

QUE COMPÕEM AS SUAS

CARTEIRAS DE INVESTIMENTO OU

OS INSTRUMENTOS

FINANCEIROS ESPECÍFICOS EM

QUE INVESTEM, NOS RELATÓRIOS

E CONTAS A FINAL DE 2022

“A ABORDAGEM [À GESTÃO DE ATIVOS DE FUNDAÇÕES]
PASSA, TIPICAMENTE, POR UMA GESTÃO

PERSONALIZADA ATRAVÉS DE MANDATO DE GESTÃO DISCRICIONÁRIA À MEDIDA”

ANA LUÍSA BRITO GNB

DE ATIVOS

mensão. A final de 2022, o seu ativo atingiu o valor de 3,4 mil milhões de euros. Cerca de 3,3 mil milhões de euros representam ativos financeiros. Dentro dessa carteira de investimentos, 634 milhões de euros estavam alocados diretamente a ações ou outros títulos de rendimento variável, 717 milhões de euros em obrigações e 1,8 mil milhões de euros alocados a fundos de investimento. Desses, 977 milhões de euros estavam afetos a fundos de ações, 62 milhões a fundos de obrigações e 792 milhões a outros fundos.

Com uma política de investimento responsável definida, a organização procede a um escrutínio recorrente por parte dos gestores da carteira, à luz de critérios ambientais, sociais e de governança. De acordo com o relatório e contas de 2022, “a fundação contribui para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sendo que 90% dos seus custos e investimento

“O PERFIL DE RISCO COMUM DAS FUNDAÇÕES TENDE A SER MODERADO A MODERADAMENTE AGRESSIVO, COM UMA TÓNICA NA PRESERVAÇÃO DO CAPITAL A LONGO PRAZO E NUM CRESCIMENTO PRUDENTE”

MÁRIO PIRES SCHRODERS

estão centrados nos seguintes cinco, identificados por ordem de crescente: o 11, cidades e comunidades sustentáveis, o 9, indústria, inovação e infraestruturas, o 4, educação de qualidade, o 16, paz, justiça e instituições eficazes e o 10, reduzir as desigualdades”. Em segundo lugar do ranking, surge a Fundação Champalimaud. De acordo com o relatório e contas de 2022, a fundação tinha investidos cerca de 385,3 milhões de euros em instrumentos de capital como ações, obrigações e alternativos. Goldman Sachs, Pictet & CIE, BPI Suisse, Santander, Credit Suisse e J.P.Morgan são algumas das entidades identificadas no relatório e contas de 2022 da entidade como prestadoras de serviços de gestão de ativos.

No que respeita a fundos de investimento, cerca de 43,4 milhões de euros estavam mandatados a produtos na UBS e 12,7 milhões no BPI

98 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO PRODUTOS INSTITUCIONAL

AS 10 ENTIDADES EXPOSTAS SOMAM

CERCA DE 4 MIL MILHÕES DE EUROS EM INVESTIMENTOS FINANCEIROS

Suisse, o que perfaz 56,1 milhões de euros no total. Ainda, 176 milhões de euros estão investidos em instrumentos alternativos, como private equity. De acordo com o documento institucional, a política de investimento da fundação mantém-se “geralmente passiva, com uma alocação top down determinada por tipos de ativos, uma perspetiva de longo prazo e diversificação de investimentos”.

Em terceiro lugar, surge a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, com uma carteira de investimentos de 130 milhões de euros, a final de 2022, repartidos entre ações, 73 milhões, obrigações, 43 milhões e 9 milhões em outros investimentos. 7 milhões de euros estão ainda alocados a ouro. A diversificação é um dos pontos-chave da política de investimento da organização, “através de uma exposição superior a 2.000 títulos diferentes, os custos gerais de manutenção e de transação estruturalmente baixos, e a elevada liquidez dos instrumentos”.

PERFIL DE RISCO

A GNB Gestão de Ativos é uma das entidades nacionais que presta serviços de gestão de ativos a fundações nacionais. Segundo explica Ana Luísa Brito, responsável pela área de Gestão Discricionária e Fundos de Pensões da entidade, quando o cliente é uma fundação, “a abordagem passa, tipicamente, por uma gestão

personalizada através de mandato de gestão discricionária à medida”. Já a Schroders, vai mais longe na explicação e diz que “adotam uma abordagem orientada para uma gestão prudente e sustentável dos ativos, de modo a atingir os objetivos a longo prazo da fundação”, explica Mário Pires, diretor do mercado Institucional português da entidade. Tal passa, por exemplo, por “incorporar critérios de investimento socialmente responsável que reflictam os valores e a missão da fundação” ou garantir que as estratégias de investimento estão alinhadas continuamente com os objetivos a que a fundação se propõe.

Mário Pires conta ainda que “o perfil de risco comum das fundações tende a ser moderado a moderadamente agressivo, com uma tónica na preservação do capital a longo prazo e num crescimento prudente”. Como tal, tendem a procurar investimentos financeiros que “proporcionem rendimentos estáveis para apoiar as suas atividades e programas e um crescimento de capital a longo prazo para manter e aumentar o valor da fundação, bem como que forneçam liquidez adequada para cobrir obrigações operacionais e contingências”. Já na ótica de Ana Luísa Brito “não existe um perfil comum a todas as fundações, dependendo dos objetivos da carteira, embora o perfil se situe, maioritariamente, entre baixo e médio risco”.

OPORTUNIDADE

ATRAENTE PARA ADICIONAR EXPOSIÇÃO A TAXAS GLOBAIS DE ALTA QUALIDADE

As expetativas de novos aumentos das taxas de juro nos EUA, na zona euro e no Reino Unido foram totalmente excluídas devido ao reforço do otimismo de que atingimos um pico cíclico nas taxas de juro e de que os bancos centrais dos países desenvolvidos vão flexibilizar a política em 2024.

A nossa maior convicção está na exposição às taxas dos EUA e do Reino Unido. Historicamente, a Fed tem sido a primeira a atuar nos bancos centrais dos mercados desenvolvidos. Vemos valor no Reino Unido em relação à Europa, dada a maior sensibilidade do Reino Unido às taxas de juro e as suas yields mais atrativas. A exposição às obrigações do governo japonês continua a ser menos atrativa, dada a normalização esperada da política do Banco do Japão.

Também favorecemos posições mais inclinadas na curva, uma vez que uma recessão continua a ser uma possibilidade, dada a extensão dos aumentos das taxas de juro e o facto de ainda podermos assistir ao impacto total desses aumentos. Dada a força do consenso por detrás de um cenário de aterragem suave e a extensão dos cortes já descontados pelo mercado, a nossa estratégia consiste em combinar uma exposição à duração moderadamente aumentada com posições na inclinação da curva. Este posicionamento deverá ajudar a mitigar o risco de investir exclusivamente em torno do desfecho binário entre uma aterragem dura ou suave.

RAP T REN PAR T NER
A OPINIÃO DE
MAIO E JUNHO I FUNDSPEOPLE 99

A L F A

O ALFA ENTRA EM JOGO NO MUNDO DOS ETF

Selecionar um ETF para compor uma carteira já foi mais simples. Como podem os investidores ignorar as novas estratégias ativas que beneficiam de todas as qualidades de um ETF passivo, mas com um cheirinho a alfa?

PRODUTOS ETF 100 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO

Ouso da expressão gestão passiva como referência ao mundo dos ETF é uma generalização que nunca se aproximou muito da realidade. Em primeiro lugar, porque os fundos de investimento tradicionais geridos passivamente ou indexados são anteriores ao nascimento do primeiro ETF e, em segundo lugar, pelo crescimento da jovem indústria dos ETF ativos. É jovem porque não existe há muito, mas é pujante: embora pequena, cresce de forma interessante.

De facto, o conjunto dos ETF ativos europeus acumulava, no final de março de 2024, uns meros 33,8 mil milhões de euros em ativos, segundo dados da Morningstar, cerca de 2% do total de ativos em ETF Europeus. Não obstante, este número compara com os 16,63 mil milhões do mesmo mês de 2022. Nos Estados Unidos, o volume é já bastante superior, tanto em termos absolutos como em relação ao universo desta tipologia de produto. Os ETF ativos acumulam cerca de 600 mil milhões de dólares, o que significa 8,5% do mercado de ETF norte-americano.

Já no que diz respeito aos provedores de ETF ativos mais fortes na Europa, fica evidente nos dados agregados pela Morningstar, a concentração do mercado. A entidade gestora líder, a J.P. Morgan AM, acumula uma quota de mercado superior a 44% na Europa. O Top 3, que inclui também a PIMCO e a Fidelity International, acumula uns robustos 69,9% do mercado. Mas, não obstante a liderança, perante uma tendência que parece ter vindo para ficar, já são vários os provedores clássicos do mercado que mostram intenção de seguir esta maré e lançar os seus próprios produtos cotados ativos na Europa. Mas… em que consiste mesmo um ETF ativo? Que nível de risco se está a

PROVEDORES DE ETF ATIVOS NA EUROPA: A LISTA DAS EMPRESAS, DA MAIS PARA A MENOS DOMINANTE, NO ESPAÇO DOS ETF ATIVOS

assumir face ao benchmark? Que capacidade têm estes provedores de providenciar alfa a um baixo custo e com a conveniência da cotação em bolsa? Começamos pela maior entidade do ranking.

A J.P. Morgan AM foca a sua oferta de ETF ativos, principalmente, no investimento em ações e conta a história destes produtos. A entidade baseia as suas estratégias na “mesma metodologia de Research Enhanced Index (REI) que aplica aos seus fundos de investimento desde os anos 80 nos Estados Unidos”, como nos conta Manuel Arroyo, responsável de vendas da gestora em Portugal. “São concebidos para se assemelharem ao índice de referência e é possível ver como os ETF e os benchmarks se movem em tandem. No entanto, ao longo do tempo, também é possível ver como o retorno excedente, pequeno, mas incremental, se compõe”, conta Manuel Arroyo. O target de geração de alfa é de 0,75% anual nas estratégias de ações globais ou europeias e de 0,6% na que acompanha o S&P 500.

PROVEDOR AUM (€ MIL MILHÕES) NÚMERO DE ETF ATIVOS QUOTA DE MERCADO (%) J.P. Morgan AM 13,60 25 44,20 PIMCO 4,50 6 14,60 FIdelity International 3,40 11 11,10 Amundi 3,00 4 9,90 Natixis 1,20 4 3,90 HSBC AM 1,10 1 3,40 AXA IM 1,00 5 3,40 VANGUARD 0,90 4 2,80 Franklin Templeton 0,70 6 2,20 XTRACKERS 0,60 2 2,00
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Fonte: Morningstar Direct, 31 de março, 2024.

“OS NOSSOS ETF ATIVOS SÃO CONCEBIDOS PARA SE ASSEMELHAREM AO ÍNDICE DE REFERÊNCIA E É POSSÍVEL VER COMO ETF E BENCHMARK SE MOVEM EM TANDEM. NO ENTANTO, AO LONGO DO TEMPO, TAMBÉM É POSSÍVEL VER COMO O RETORNO EXCEDENTE, PEQUENO, MAS INCREMENTAL, SE COMPÕE”

MANUEL ARROYO

J.P. MORGAN AM

Conforme explica, a equipa assegura que a maior parte do orçamento de tracking error é dominado pelos insights específicos das ações da equipa de research. “As nossas carteiras REI são orientadas por centenas de visões ativas de ações, o que, na nossa opinião, lhe confere uma grande consistência e repetibilidade ao longo do tempo. O foco no controlo de risco e na construção de carteiras mantém o tracking error controlado e, como resultado, produz rácios de informação elevados”, explica.

A primeira gama de ETF Research Enhanced Index, lançada em 2018, utiliza índices de referência padrão, mas inclui agora também dois ETF de ações desta gama classificados como artigo 9.º do SFDR, que utilizam índices de referência MSCI personalizados e seguem uma abordagem best in class, segundo nos conta Manuel Arroyo.

ATIVO NAS OBRIGAÇÕES

Ao contrário da J.P. Morgan AM, a PIMCO, como grande casa gestora

“EMBORA A GESTÃO

DOS NOSSOS ETF SEJA INFLUENCIADA POR VÁRIOS FATORES, INCLUINDO AS CONDIÇÕES DE MERCADO, ESTÁ FUNDAMENTALMENTE ALINHADA COM A NOSSA ABORDAGEM À GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO ATIVOS”

JUANMA JIMÉNEZ PIMCO

“A NOSSA OFERTA ENQUADRA-SE ENTRE OS EXTREMOS DA GESTÃO ATIVA E DA GESTÃO

PURAMENTE PASSIVA, O QUE PERMITE PROPORCIONAR ALGUNS DOS BENEFÍCIOS ASSOCIADOS AOS FUNDOS ATIVOS, EM PARALELO COM AS VANTAGENS DE CUSTO E TRANSPARÊNCIA DAS SOLUÇÕES PASSIVAS”

DOMINGO BARROSO FIDELITY INTERNATIONAL

ativa de obrigações, tem uma oferta completamente orientada para esta classe de ativos. “A PIMCO é essencialmente uma gestora ativa de obrigações, tirando partido das maiores ineficiências existentes nas obrigações em comparação com as ações. Embora a gestão dos nossos ETF seja influenciada por vários fatores, incluindo as condições de mercado, está fundamentalmente alinhada com a nossa abordagem à gestão de fundos de investimento ativos”, diz o responsável da PIMCO Ibéria, Juanma Jiménez. O processo de investimento, conta, é consistente em todas as plataformas da gestora, “combinando conhecimentos macroeconómicos com uma análise detalhada bottom-up”, mas beneficiando de um grande foco na eficiência da negociação e gestão das carteiras dos ETF, como explica.

Com estratégias baseadas em benchmarks padrão, a entidade oferece “uma vasta gama de estratégias de rendimento fixo num invólucro de

ETF ativo adaptada para satisfazer as necessidades específicas dos clientes, desde liquidez de curto prazo a obrigações corporativas de baixa duração”. Os objetivos de tracking error e active share variam entre as diferentes estratégias, sendo que passam por “proporcionar uma combinação de alfa e retornos ajustados ao risco, em comparação com o índice de referência e outras opções no mercado”, acrescenta Juanma Jiménez.

MELHOR DE DOIS MUNDOS

Já a Fidelity, na voz de Domingo Barroso, diretor de Vendas de ETF e Indexados na entidade gestora, define a sua oferta de ETF ativos como enquadrada “entre os extremos da gestão ativa e da gestão puramente passiva”. Segundo nos conta, a oferta apoia-se no trabalho da equipa de research global da Fidelity, bem como na ferramenta tecnológica proprietária de otimização de carteiras com o nome de Fidelity Optimus e gerida pela equipa de investimento sistemático da Fidelity.

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A

NOVOS DESAFIOS SE IMPÕEM A QUEM SELECIONA ETF PARA CONSTRUIR CARTEIRAS. JÁ NÃO BASTA ESCOLHER

UM BENCHMARK E O PRODUTO QUE MELHOR O SEGUE

A oferta inclui soluções de rendimento fixo de ações. Por um lado, as gamas de ações Fidelity Quality Income e Thematic ETF são trackers passivos customizados que procuram replicar o desempenho de índices próprios da entidade gestora. Os próprios índices são “criados com base na visão ativa e prospetiva” das equipas de research especializadas espalhadas pelo mundo, indica Domingo Barroso. Estes ETF “utilizam processos de seleção de ações e de construção de carteiras baseados em regras para proporcionar exposição a empresas com características específicas”, expõe. Por outro lado, Domingo Barroso explica que as gamas de ETF ativos Fidelity Sustainable Research Enhanced Equity e Sustainable Fixed Income são construídas de forma sistemática. “Isto significa assumir um índice de referência, como o MSCI World Index, ou o Solactive Paris Aligned Global Corporate Index, que define o universo de investimento e aplica processos sistemáticos de seleção de

investimento ativos e de construção de carteiras que tiram partido dos sinais provenientes do research proprietário da Fidelity, para constituir carteiras e geri-las numa base contínua”. Finalmente, no que concerne os objetivos de geração de alfa, apenas a gama Fidelity Sustainable Research Equity Enhanced tem um objetivo concreto de 1% anualmente acima do benchmark, durante um período de cinco anos. Para as outras gamas de ETF, o objetivo é proporcionar retornos positivos em relação ao índice de referência.

Essencialmente, falamos já de uma oferta relativamente diversificada no campo dos ETF ativos europeus, e que dá aos investidores a possibilidade de manter uma proximidade com o benchmark, a baixo custo e com um cheirinho a alfa. Novos desafios se impõem a quem seleciona estes veículos para construir carteiras. Já não basta escolher um benchmark e o produto que melhor o segue. O alfa entra em jogo no mundo dos ETF.

Responsável de Negócio em Portugal, BlackRock A OPINIÃO DE RAP

DIVERGÊNCIA DEMOGRÁFICA

APRESENTA

ANDRÉ THEMUDO

OPORTUNIDADES

ATRATIVAS PARA OS INVESTIDORES

A divergência demográfica das economias desenvolvidas encaminha a sociedade para uma nova realidade em que a esperança de vida está a aumentar e a natalidade a diminuir. Isto coloca desafios existenciais a estas sociedades, que têm de procurar fórmulas para lidar com a maior longevidade e com uma força laboral minguante. O envelhecimento da população limita o crescimento e a capacidade de produção do mundo desenvolvido: obriga os estados a destinar um maior esforço fiscal para a reforma do que para desenvolver as infraestruturas e os programas de que a sociedade precisa. Isto atua como um fator inflacionário, o que provoca a estruturação de cenários de taxas elevadas e agrava o problema do endividamento.

Estas limitações representam uma oportunidade atrativa para o investimento, chamada a desempenhar um papel fundamental na resposta público/privado para este desafio. Neste sentido, existe uma série de campos e setores com um grande potencial e carentes de capital, como o da saúde, o tecnológico e o de infraestruturas. A capacidade de selecionar títulos e identificar fontes de alfa é fundamental para aproveitar as vantagens que esta transformação proporciona, que devem ser abordadas juntamente com os parâmetros de referência da indústria.

REN PAR T NER
T
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EL SECRETO DE SUS OJOS

A HISTÓRIA DE COMO DETERMINADOS

EVENTOS DE VIDA MOLDAM

A

NOSSA

PERSONALIDADE

Lançado em 2010 e vencedor do Óscar de Melhor Filme Internacional, este filme argentino, que conta uma história de luta por justiça, tem a capacidade de levar o espetador a percecionar os efeitos devastadores que advêm de colocar um foco excessivo em eventos passados

Um crime violento dá o mote a uma história de busca por justiça, várias décadas após o sistema judicial ter falhado na condenação de um criminoso. O twist final levanta novamente inquietações sobre perdão, justiça e vingança, deixando uma sensação de desassossego e desconforto na memória do espetador.

Apesar de ser um filme que, do ponto de vista técnico, é apelidado de praticamente perfeito, que conta uma história marcante, narrada a um ritmo que prende a atenção do espetador desde o primeiro minuto, acredito que o efeito que uma determinada película provoca em alguém é sobejamente influenciado pelo contexto em que o mesmo o visiona, e para mim, El secreto de sus ojos, surgiu num momento de especial introspeção e (re)definição de planos de vida.

É, assim, em muito devido às inquietudes e memórias que me desperta, uma das minhas principais recomen-

dações sempre que me questionam sobre filmes que marcaram a minha vida.

A história tem como premissa o desejo que um agente judicial (recentemente reformado) de escrever um livro sobre um caso de assassinato ocorrido décadas antes. Na altura, este mesmo agente prometeu ao viúvo da vítima que os responsáveis pelo crime seriam apanhados e condenados a prisão perpétua, não tendo, mais de 20 anos após o ocorrido, sido capaz de superar a ausência de uma verdadeira condenação do criminoso.

Através da interpolação de cenas atuais com flashbacks que nos permitem ficar a conhecer como tudo se passou, este filme conta uma história de luta por justiça (e de certa forma, vingança) não através de violência externa, mas sim por via dos conflitos internos das personagens. Ocorre também num momento de especial fragilidade para uma grande parte da população, quando procura reorganizar o dia a dia após o fim da

vida ativa (pelo menos no que respeita ao mercado de trabalho), não faltan do uma história de amor reprimido e um contexto sociopolítico altamente conturbado, entre o final da ditadura militar argentina e o regresso do peronismo.

ABUSOS DE PODER

Neste contexto, fica notória a sobreposição de interesses pessoais de altos cargos políticos e militares relativamente à justiça e direitos dos cidadãos, sendo notórios os abusos de poder e corrupção, temas que conseguimos facilmente transpor também para o mundo atual.

Contudo, apesar da coexistência de um conjunto de temas/fatores que por si bastariam para narrar um (bom) filme, este marcou-me especialmente pela capacidade de levar o espetador a percecionar os efeitos devastadores que advêm de colocar um foco excessivo em eventos passados, que muitas vezes nos impedem de vi -

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OUT OF OFFICE CINEMA
por Ruben Tiago Silva

ver o presente e, por essa razão, estão também a hipotecar a construção de um futuro (melhor).

Através deste filme, é possível ainda observar os efeitos na personalidade decorrentes de determinados eventos de vida, com a transformação de um jovem gentil e apaixonado, em alguém tão obscuro como o próprio assassino do seu grande amor, muito por via da vontade de atuar moralmente bem, mas num mundo totalmente imoral e imperfeito.

Em suma, penso que este filme tem o grande mérito de permitir consciencializar o espetador para que este saiba que, embora todos tenhamos eventos negativos marcantes do passado (com os quais devemos aprender), o mais importante é conseguir superá-los e não deixar que isso defina aquilo que será o nosso futuro.

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LAKE DISTRICT

POR MONTANHAS, LAGOS, BOLACHAS DE GENGIBRE E COELHOS

Localizado no noroeste da Inglaterra, o Lake District é uma região caracterizada pela sua beleza natural icónica, mas também pelos seus pubs e gastronomia tradicional. Helen Beatrix Potter, escritora que criou Pedrito Coelho, foi uma das principais responsáveis pela conservação do território.

É UMA VIAGEM AO CORAÇÃO INGLÊS

bem provável que o leitor já se tenha deparado com fotografias na capa de um qualquer relatório de research macro de paisagens naturais icónicas que combinam vastas montanhas verdejantes e grandes lagos. E é muito provável que essas fotografias mostrem o maior e mais popular Parque Natural de Inglaterra, o Lake District.

Localizado no noroeste inglês na região de Cumbria, 120km a norte de Manchester e 460km de Londres, o Lake District, património mundial da UNESCO desde 2017, é um daqueles lugares que nos inspiram e fazem crer que não existe planeta mais perfeito do que o nosso. Longos percursos entre montanhas onde abundam ovelhas nativas, lagos tranquilos e aldeias pitorescas com o melhor que a Inglaterra rural tem para oferecer, fazem deste Parque Natural o mais visitado do país.

A minha viagem ao Parque, feita a dois, foi dividida em duas semanas. Na primeira, permanecemos em Far Sawrey

perto de Windermere, o maior lago do Parque e do país. Far Sawrey fica a cerca de dois quilómetros de Near Sawrey, uma pequena aldeia pacata que, durante o dia, é inundada por turistas para visitar a quinta onde viveu Beatrix Potter (18661943), a escritora infantil e ilustradora que criou Pedrito Coelho. Esta foi a primeira personagem ficcional a ser patenteada no mundo. Helen Beatrix Potter, londrina de nascimento, passava férias na região e os lagos inspiraram o seu primeiro livro, um conto sobre um travesso coelhinho que acabaria por se tornar num sucesso instantâneo no início do século passado. Esse êxito permitir-lhe-ia adquirir Hill Top, uma quinta em Near Sawrey que serviria de inspiração aos contos subsequentes que marcaram gerações de crianças até aos nossos dias. A quinta e os seus jardins são visitáveis e não fosse a horda de turistas, poder-se-ia dizer que Potter ainda ali habitava.

A escritora é reconhecida como uma das principais responsáveis pela conservação do território que nove anos após o seu desaparecimento originou o Par-

que Nacional do Lake District, por ter doado as suas várias propriedades nos lagos ao National Trust inglês. Na verdade, grande parte desta área protegida tem referências a Beatrix Potter, desde o museu que é dedicado às suas personagens, em Bowness-on-Windermere, à Galeria com parte das suas ilustrações em Hawkshead.

EXPLORAR A PÉ

Após alguma hesitação, decidimos antes da viagem não alugar carro para esta primeira semana. Toda a área seria explorada a pé, até porque a rede de autocarros, para além de pouco frequente, encerrava pelas 16h30. Em retrospetiva, foi a melhor decisão que tomámos, pois permitiu grandes caminhadas de imersão na natureza e de pura evasão. O ritmo dos percursos a pé possibilitou-nos conhecer melhor a região. Por estes caminhos verdejantes, pululam vários coelhos e é fácil imaginar que um deles usa um bonito casaco azul.

Na segunda semana, a velocidade aumentou com o aluguer de um carro.

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OUT OF OFFICE VIAGEM
por Leonardo Espírito Santo

DISTRICT

Mas nem sempre foi assim. A pressão turística que os perto de 20 milhões anuais de visitantes traz leva a penosos congestionamentos em algumas estradas estreitas que serpenteiam os vales e grande dificuldade em encontrar um lugar de estacionamento. Mas o carro tem a vantagem de ser mais cómodo em dias de chuva, o que é garantido mesmo no verão, tendo em conta que a região dos lagos é onde se regista a maior pluviosidade em todo o país. E foi então de carro que explorámos a zona norte do Parque, onde entre outros locais, caminhámos à

volta de Scafell Pike, o ponto mais alto de Inglaterra (978 metros), para desfrutar de algumas das paisagens mais deslumbrantes da viagem.

Mas o Lake District não oferece apenas maravilhas naturais. Os tradicionais pubs mimoseiam uma merecida recompensa depois de um dia extenuante a caminhar. A gastronomia apresenta pratos tradicionais desde a Salsicha de Cumberland até aos biscoitos de gengibre e a região alberga o maior número de restaurantes (13) com estrelas Michelin no país, logo a seguir a Londres. O problema, para um latino como eu, é que no countryside inglês, esses restaurantes abrem às 5 da tarde para jantar e depois das oito horas passa a ser inquietante procurar uma cozinha que ainda nos sirva.

Já se passou algum tempo desde que deixámos o Lake District, mas a vontade de lá voltar continua presente. Apesar de ser uma das regiões mais alteradas do país, as paisagens do Lake District são soberbas e inspiradoras. E a quantidade de trilhos e caminhos para as explorar não cabe numa única visita.

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