FANZINE 02 - RMR

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RM MR R R [roubaram meu Recife]


ah, Recife dizem os bardos que uma cidade é feita de homens, com várias mãos e o assim, o Recife nasceu no cais onde suas artérias evocam: aurora, saudade, concórdia, soledade, união, alegria,

VALMiR JORDÃO


editorial Criado por Ana Zulmira e Gabriela Anjos

A fanzine RMR (roubaram meu recife) vai abordar os aspetos da arquitetura contemporânea com a comparação do tema com o que encontramos de contempoAo olhar pra cidade de uma sobre a arquitetura contemporânea e a cidade no qual estamos


edição edição 02 Na segunda edição da fanzine RMR, será apresentado um pouco dos museus do século XXI, de acordo com os fundamentos estabelecidos por Montaner. Esse volume também exibe o Maxxi Museum, projetado por Zaha Hadid, e situado na cidade de Roma. O museu, que foge um pouco do comum extraordinário da arquiteta, nos leva a diferentes interpretações acerca do mesmo. Há também, nesta fanzine, uma proposta de intervenção na forma de museu, situado na esquina da Rua da Moeda, que poderia ficar no local das atuais máquinas condesadoras de ar do Shopping Paço Alfândega.


INTRODUÇÃO- MUSEUS POR MANTANER

.03 CLASSIFICAÇÕES POR MONTANER

.02 MAXX MUSEUM ZAHA HADID

.04 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO - MUSEU TEMPORÁRIO

sumário

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introdução ROUBARAM MEU MUSEU

Por volta do século XVII, desde sua formação quanto ins�tuição, os museus sofreram com diversas crises e por incontáveis mo�vos. A mais recente ocorreu no início do século XX com os movimentos da vanguarda que disseminava a destruição de museus e bibliotecas como se pode confirmar no “Manifesto Futurista de 1909” do autor Marine�. Além disso, ocorreu também a destruição causada pela Segunda Guerra Mundial. Com isso, tendo em vista a museufobia das vanguardas e as perdas da Segunda Guerra, não houve muitos projetos desse �po. Então, devido a esses fatos também fica clara a ligação da Fanzine por abordar o tema de perda do Recife no que tange a arquitetura com essa fase de perda do museu. Passado a crise, por volta da década de 1940 a condição de museu começa a melhorar. Os arquitetos como Le Corbusier, Mies Van Der Rohe e Marcel Duchamp trouxeram novos ideais modernos para o museu. Esses ideais a�ngem o mundo e vem sendo divulgados até os dias atuais. Dessa maneira, o arquiteto espanhol Montaner publica o livro “Museus para o século XXI”, em 2013. No qual o autor classifica as �pologias encontradas nos museus no período de ascensão, sendo essas classificações divididas em duas posições contrapostas, a primeira como museu de forma orgânica, monumental, irrepe�vel e a segunda como um museu container ou caixa polifuncional, repe�vel e neutra. A par�r dessas classificações Montaner subdivide, e, são elas:

MUSEU COMO A EVOLUÇÃO DA CAIXA

é o museu que evolui de uma caixa simples, fechada, e opaca para uma mega estrutura, plurifuncional e permeável. É classificado como um container versá�l, de planta livre e forte suporte tecnológ i c o .

Museu como objeto minimalista Essa �pologia se u�liza de clareza material e busca a ideia arque�pica, a forma essencial do museu: tesouro primi�vo, lugar sagrado, escavação arqueológica, pór�co público, espaço intermodal da luz. U�lizam a forma da Minimal Art.

O museu como organismo extraordinário é aquele objeto que se destaca na paisagem e é normalmente localizado em contexto urbano consolidado. Essa �pologia é analisada de forma inédita e cinemá�ca buscando impressionar aqueles indivíduos que o observam. Em sua parte interna o fluxo é cons�tuído de forma con�nua.

Museu – Museu: Essa categoria aparece com a denominada crí�ca �pológica e se firma a par�r da interpretação de edi�cios que o precederam, com projetos que surgem da redefinição dos elementos essenciais da t r a d i ç ã o .


O antimuseu Se define como uma negação a qualquer solução convencional e representa�va de �pologia dos museus. Trata-se daquele que quer deixar de ser, em oposição ao museu como um espaço luxuoso e bem acabado.

O museu voltado para si mesmo: Essa �pologia se classifica como um museu introspec�vo que se abre de forma gen�l e delicada para o exterior, buscando focos de luz natural e vista para o entorno. .

Formas da desmaterialização Essa �pologia tenta se camuflar, diluir e procura estar consonante em relação a preexistência do local. Pode ser tanto uma caixa transparente quanto até formas mais urbanas.

Museu Colagem Umas das maiores caracterís�cas dessa �pologia é o edi�cio ser comunica�vo e diver�do. O museu colagem é formando por diversos fragmentos estruturais, subdividindo a diversidade das exigências em diferentes corpos. .


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RMR FICHA TÉCNICA • Arquitetos: Zaha Hadid Architects • Área: 27000 m² • Ano: 2009 • Fotografias: Iwan Baan • Fabricantes: Goppion, PBA, Sto, Zumtobel • Engenheiros Estruturais: Anthony Hunts Associates OK Design Group • Cliente: Ministero Beni e A�vità Culturali – Fondazione MAXXI • Projeto De Iluminação: Equa�on Ligh�ng • Início Da Obra: 1999 • Cidade: Roma • País: Itália

Como foi abordado pela própria arquiteta o museu “não é um recipiente de objetos, mas sim um campus de arte” no qual os espaços projetados são flexíveis, dinâmicos e intera�vos tendo em vista os fluxos existentes. O projeto é feito para ser adaptado, podendo tanto ter exposições de longas ou curta duração, por não ter espaços já pré-determinados. Um aspecto principal do projeto é a captação de luz natural que se dá tanto nas esquadrias quanto na cobertura de vidro no qual gera uma grande abertura e promove uma vista da cidade, entretanto bloqueado por um núcleo maciço.


Com espaços conďż˝nuos, o local foi projetado para se adequar a qualquer ďż˝po de exposição, seja ďŹ xa ou temporĂĄria,sem divisĂľes do espaço ou interrupçþes. Os principais elementos do projeto sĂŁo evidentes: paredes curvas de concreto, escadas pretas suspensas, cobertura aberta captando luz natural.Com tais caracterĂ­sďż˝cas, Zaha Hadid pretendia "uma nova ďż˝pologia espacial uida de mĂşlďż˝plos pontos de perspecďż˝va e geometria fragmentada, concebida para incorporar a uidez caĂłďż˝ca da vida moderna". Sua fachada principal marcada por superďż˝cies limpas e cegas, declara sua viabilidade a necessidade de coexistĂŞncia. O museu estĂĄ inserido numa situação de bloco urbano, ďż˝rando disto suas diretrizes, e abrindo suas “asas de pontaâ€? como pontos de vista panorâmicos. A luz natural recebeu um cuidado especial, pelas ďŹ nas vigas de concreto no teto, juntamente com a cobertura de vidro e sistemas de ďŹ ltragem. As vigas, as escadas e o sistema linear de iluminação guiam os visitantes pelo passeio , criando uma experiĂŞncia unica para visitante.

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ZAHA HADiD ORGANISMO EXTRAORDINÁRIO OU EVOLUÇÃO DA CAIXA? Analisando as obras da arquiteta Zaha Hadid nota-se uma tendência de suas obras ao que Montaner classifica como ORGANISMO EXTRAORDINÁRIO levando em consideração a sua forma de projetar pois, a arquiteta normalmente faz projetos os quais se destacam da paisagem com formas inéditas e cinemá�cas sempre impressionando os usuários e transeuntes que observam sua obra. Impacta o local se deixando chamar a atenção necessária. Entretanto, no que se diz respeito a sua obra “MAXX MUSEUM”, ao estudá-lo de forma mais profunda é notável que essa obra da arquiteta não segue a mesmas �pologias de obras anteriores, o Maxx Museum pode ser inteiramente classificado como ‘Evolução da caixa” tendo em vista suas caracterís�cas tais como evoluir de uma forma simples, ser permeável e gen�l com o entorno, ter a planta livre, ser bastante tecnológico, e plurifunc i o n a l .


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Temos por museu container aquele que “evolui” de uma caixa simples, fechada e opaca para uma megaestrutura plurifuncional e permeável. Trata-se de um container versá�l,de planta livre e bastante tecnológico, como por exemplo, o museu dos Direitos Humanos, localizado no Chile (Imagem 01). Comparando com o Maxxi Museu, é possivel notar alguns desses aspectos, como por exemplo as plantas livres e a alta presença de tecnologia. Além disso, o elemento arquitetônico também traz a tona uma megaestrutura plurifuncionale que evolui da junção de 3 grandes “caixas” (paralelepípedos) que se adequam ao terreno e ao entorno.

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O Maxx Museum pode ser classificado como um “museu voltado para sí mesmo” segundo as categorizações de Montaner. Observando que o mesmo apresenta alguns aspectos compara�vos como a precocupação com o entorno, esse museu se abre de forma delicada para o exterior (Imagem 02), buscando focos de luz natural como pode-se observar nos �pos de esquadrias e nas abesturas zenitais, e as vistas voltada para o entorno como é possível obsevar nas sacadas.

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O objeto que procura a desmaterialização, é aquele que tenta se camuflar, se diluir, que procura estar em consonante em relação a préexistência. Pode variar de uma caixa transparente até as formas mais urbanas que se camuflam por trás de outros edi�cios, como é evidente no museu Biesbosch, localizado numa ilha na Holanda. Imagem 01) Agora, analisando o Maxxi Museu, poemos notar que, a intervenção se apoia num elemento pré- existente, que faz parte da iden�dade local, e além disso, busca trazer nas suas outras fachadas, elementos que remetam ao entorno, como a materialidade, formas puras e re�líneas, e entre outras. (Imagens 02 e 03)

Imagem 02

Imagem 01

Imagem 03


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Tendo em vista que o Maxx Museu possui algumas das caracterís�cas abordada por Montaner, quanto a escolha para a interveção na esquina da Rua da Moeda no Recife An�go, foi escolhido o padrão “Evolução da Caixa” explicado anteriormente. Essa proposta de intervenção Visa trazer para o local, um espaço diferenciado, mas que não destoa em sua totalidade do entorno. lém disso, traz elementos �picamente nordes�nos como o cobogó e o azuleijo de Delfim, afim de porporcionar ao usuário uma sensação de iden�dade com a intervenção.


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