FANZINE RMR - EDIÇÃO III

Page 1

MRR RRM [roubaram meu Recife]


ah, Recife dizem os bardos que uma cidade é feita de homens, com várias mãos e o assim, o Recife nasceu no cais onde suas artérias evocam: aurora, saudade, concórdia, soledade, união, alegria,

VALMiR JORDÃO


editorial Criado por Ana Zulmira e Gabriela Anjos

A fanzine RMR (roubaram meu recife) vai abordar os aspetos da arquitetura contemporânea com a comparação do tema com o que encontramos de contempoAo olhar pra cidade de uma sobre a arquitetura contemporânea e a cidade no qual estamos


edição edição 03 Nesta terceira edição do fanzine RMR (roubaram meu Recife) são apresentados os limites minimalistas de acordo com os fundamentos estabelecidos por Josep Maria Montaner em seu livro Sistemas Arquitetônicos contemporâneos . Posteriormente a conceituação teórica com exemplos de suas aplicações, será exibida uma entrevista com o arquiteto Peter Zumthor, que assina obras significantes para o modelo minimalista. E por fim, uma proposta um objeto u�litário para um morador de um studio de 20m² no cenário pandêmico


.02

MINIMALISMOS POR MONTANER

ENTREVISTA COM PETER ZUMTHOR

.03 PROPOSTA DE UM OBJETO UTILITÁRIO PARA O HOMEM EM CENÁRIO DE PANDEMIA

sumário

.01


.01


Enquanto a arquitetura moderda não se proocupada com a integração do objeto com o seu entorno, no minimalismo pósmoderno, observam-se combinações com o local em que está inseido, A oba relacionava su�lmente com os elementos do entorno, embora, não pretendesse remeter a nada além dela mesma. Os objetos minamalistas trazem consigo uma simplicidade singular, seja pelas formas geométricas puras, ou pela lógica na repe�ção. Sua essência é atemporal na arquitetura. "[Após o Movimento Moderno] reaparecem arquiteturas que primam pela busca de um sentindo comum tectônico presente no uso rigoroso e asséptico dos materiais, na recriação dos espaços diretos e puros,na utilização de formas volumétricas e geométricas simples, na austera utilização d e r e p e r t ´ p r i o s s i g n i fi c a t i v o s , na economia de materiais e energias, e na integração com o e n t o r n o " Josep Maria Montaner

Francisco Aires Mateus e Manuela Aires Mateus, 2010 MINIMALISMO METODOLÓGICO E ESSENCIALISTA (MÍSTICO) Surge uuma vontade de criar uma nova metodo logia essencialista transcendental à obra arquitetônica. A experiência espacial é vivida à sensibilidade humana. O arquiteto japonês Tadao Ando, em suas obras, trabalha uma série de espaços minimalistas em que o essencial é a comunicação de uma harmonia mís�ca através da luz e sombra

minimalismos

O minimalismo surge na década de 60 e é retratado como uma união de vertentes ar�s�cas, sejam elas a musica, a literatura, a pintura, a arquitetura ou a fotografia. A busca pela simplicidade adquire um sen�do crí�co nas sociedades contemporâneas, pois se apresenta como forma elementar a espacialidade pura, sem detalhes e adereços

Seagram Buiding - NY Mies Van der Rohe

O arquiteto espanhol. Josep Maria Montaner, em seu livro, Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos (2009), apresenta aos leitores uma nova visão da arquitetura contemporânea tomando como ponto de par�da a crise do obejeto arquitetônico isolado. Ele baseia-se no conceito do sistema e classifica o minimalismo em três �pologias MINIMALISMO OBJETUAL E GEOMÉTRICO Objetetos modernos como volumentes unitários, silenciosos e isolados. Predomínio da geometria da repe�ção. Os arquitetos Mies Van Der Rohe e Ludwig Hilberseimer colocam em crise o objeto moderno.

Tadao Ando, Igreja da Luz, Japão , 1999


Existência de edi�cios sempre abertos e leves, que compõem uma segunda natureza.Nele são exploradas formas geométricas simples, com tendência a grandes vãos e escalas, e caracterizam-se pela leveza,graças à tecnologia do concreto e a ç o . o arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha (1928), é um exemplo de arquiteto minimalista que abraça as caracterís�cas do minimalismo urbano e paisagís�co.

MÚSICA : JOHN CALE O músico John Cale, uniu sua formação clássica aos experimentos com rock’n roll, integrando uma das bandas embrionárias mais importantes do século passado: The Velvet Undergroun d . .

ARTE: DONALD JUDD Foi pintor e ar�sta plás�co minimalista, norte-americano. s Apresentam uma das ideias de composição recorrentes nas obras de Judd: a serialidade, a combinatória e a variação de figuras simples. . .

minimalismos

MINIMALISMO URBANO E PAISAGÍSTICO

Paulo Mnedes da Rocha, Museu Brasileiro de Escultura, SP - 1995 MINIMALISMO NO MUNDO

FALA RECIFE!

Como dito anteriormente, o minismalismo é um es�lo que percorreu todo o mundo e adentrou várias áreas, dentre elas a música, a moda, a literatura, a dança e as expressões ar�s�cas em geral. Tal fato repercurte até os dias atuais, uma vez que deixou um legado marcante que pode ser iden�ficado como marca de grandes nomes dos mais variados nomes da arte como um todo, como pode ser evidenciado nos exemplos a seguir.

MINIMALISMO POR GERALDO AZEVEDO E A RELAÇÃO COM SUAS MÚSICAS. Eu como bom recifense, de início recusei total essa ideia de trabalhar com o mínimo. Porém, ao observar algumas das minhas músicas, vocês podem perceber, nela, a busca por uma musicalidade mais limpa e menos barroca. O jogo de aumentar notas e diminuí-las para trazer o movimento por meio de cararterís�cas simples.

MODA: COCO CHANEL

MINIMALISMO POR LENINE E UMA COMPARAÇÃO COM SUAS COMPOSIÇÕES.

Foi Coco Chanel, um perfeito exemplo do menos é mais, que certa vez deu a dica: antes de sair de casa, você deveria se olhar no espelho e �rar um acessório..

Eu como poeta pernambucano, sempre tento trazer a cultura desse estado que é notoriamente muito rico pela diversidade para minhas canções. Entretanto, em um certo momento eu busquei u�lizar notas mais "retas" e limpas, como por exemplo na minha música (paciência). Ao escrevê-la busquei o mais limpo no que tange o jogo musical para que a prórpia letra salte da musicalidade ao ser ouvida. MINIMALISMO POR CLARICE FALCÃO Eu como figura pública tenho fama de ser uma ar�sta irônica, mas acredito que a ironia nas minhas músicas e crônicas as deixam mais forte e evidentes, sem precisar de muitos adornos. Acho que me inspiro um bocado nesses nomes que fizeram escola no minimalismo.


.02


ENTREVista com minimalista mas nem tanto?

PETER ZUMTHOR

Olá, Peter! Primeiramente seja muito bem-vindo ao Recife, e para começar nossa entrevista eu gostaria de perguntar das suas primeiras impressões sobre a arquitetura recifense pois, como você já sabe o nome da nossa revista deriva de uma crí�ca a mesma. Olá, Ana e Gabriela! Posso começar falando que estou gostando bastante do clima aqui de Recife, e na minha opinião a arquitetura daqui deveria se apropriar dele como ponto de par�da - risos -. Sobre a arquitetura local, eu me impressionei bastante com o aeroporto no momento em que eu cheguei, achei uma obra que assume uma forma mais orgânica em algumas áreas como o estacionamento, tem uma preocupação com o entorno e a escala humana sendo bastante horizontal, também com caracterís�cas do produ�vismo pois o resultado final da obra me parece bastante com um produto mais industrial. E quanto a arquitetura pelo menos no bairro que eu estou hospedado percebo ser pouco variável, e às vezes até monótona com várias obras que para mim parecem ser pós-moderna..

Museu de arte Kunsthaus, em Bregenz

O que você está achando da arquitetura do Recife An�go que é esse local no qual estamos fazendo essa entrevista, tendo em vista nosso tema “Minimalista mas nem tanto” você consideraria alguma dessas obras, como o edi�cio do Museu Cais do Sertão, dentro do es�lo minimalista? Bem, essa área do Recife é bem agradável e difere bastante das outras áreas por quais já passei, o es�lo arquitetônico daqui lembra bastante uns lugares da europa, mas classificaria como um es�lo eclé�co tendo em vista também os anos de suas construções. E quanto ao edi�cio do Museu Cais do Sertão eu o considero minimalista tendo em vista sua forma pura, seus traços retos,e a presença expressiva da economia de materiais. Levando em consideração o seu entendimento sobre os �pos de minimalismo apontado por Montaner em seu livro, qual �pologia minimalista, na sua opinião, mais inferimos em suas obras? Por mais que eu não acredite que se possa definir obras dentro de conceitos específicos e apenas isso. Acredito no que tange o minimalismo onírico/essencialista um projeto por mim elaborado que teria essa �pologia é o Museu de arte Kunsthaus, em Bregenz, na Áustria, já que essa obra expressa bastante as caracterís�cas dos materiais diversos. Nela, a luz é um elemento muito importante considerando fenomenologia e sensorialidade. Outro exemplo possível, é Capela de de Campo Bruder Klaus que contém caracterís�cas parecidas.

Capela de de Campo Bruder Klaus Ao elaborar seus projetos, como arquiteto, quais es�los você costuma adotar? Eu possuo uma visão de que a linguagem da arquitetura não depende de es�los específicos e, de que não se deve querer encaixá-la especificamente em algum dos �pos existentes. Todo e qualquer edi�cio é construído para um uso próprio, num local específico e numa sociedade peculiar. Nesse caso, é o início de onde eu começo a projetar minhas obras. .


Uma de suas principais caracterĂ­sďż˝cas se refere Ă sensibilidade quanto ao uso dos materiais. No Museu de arte Kunsthaus, em Bregenz, na Ă ustria, qual a sua intenção ao uďż˝lizar vidros na fachada? Bem, tendo em vista que o museu de arte ďŹ ca Ă beira do lago de Constança, e por ser feito de vidro e aço, do lado de fora, durante a noite, o ediďż˝cio se acende no local que estĂĄ inserido. Essa escolha tambĂŠm permite a interação e permeabilidade tanto do interior para o exterior quanto na situação inversa. Tornando a obra parte do contexto ao mesmo tempo que possui suas parďż˝cularidades. Sendo tambĂŠm, uma caracterĂ­sďż˝ca que dĂĄ ao ediďż˝cio um equilĂ­brio preciso quanto a sua condição e locação. . .

No seu projeto para as Termas de Vals, nos Alpes Suiços, como se deu a relação entre ediďż˝cio e entorno ? O ediďż˝cio possui a forma de um grande objeto de pedra coberta por grama.A ideia foi fazer com que os materiais uďż˝lizadosďŹ zessem com que a ediďŹ cação se camuasse na paisagem, vindos, inclusive, da montanha existente e, devido a sua implantação, com o ediďż˝cio embuďż˝do na pedra, ele sĂł pode ser visualizado a parďż˝r de uma vista do terreno, estabelecendo uma relação especial com a paisagem m o n t a n h o s a . .

Diante do historicismo e desconstruďż˝vismo queprevaleciam na mĂ­dia durante o perĂ­odo de sua construção, como vocĂŞ explica o uso da madeira na Capela SĂŁo Benedito? Como jusďż˝ďŹ car o padrĂŁo misterioso que contĂŠm suas obras, como por exemplo, na Capela de de Campo Bruder Klaus? NĂŁo presumo que meus projetos passem um ar de mistĂŠrio, entretanto, pode ser que isso ocorra devido ao fato de quando olho para objetos ou ediďż˝cios que parecem estar em equilĂ­brio em si mesmos, a minha percepção se torna calma e entorpecida. Dito isso, a meu ver, os ediďż˝cios possuem um belo silĂŞncio que costumo vincular com traços como compostura, durabilidade, presença e integridade, tambĂŠm com a calidez e a sensualidade. É excitante estar fazendo um ediďż˝cio e imaginĂĄ-lo em total equilĂ­brio e paz . .

Quando eu começo, minha primeira ideia para um ediďż˝cio ĂŠ com o material. Eu acredito que a arquitetura ĂŠ sobre isso. NĂŁo ĂŠ sobre o papel, nĂŁo ĂŠ sobre as formas. É sobre espaço e material. A madeira, material de construção uďż˝lizado habitualmente pela população local, foi usada de forma a mostrar esta tradição local e a habilidade das pessoas no trabalho com este material. Isto representa outra imagem da Igreja, daquela que nĂŁo ĂŠ apenas uma lição ensinada por peritos, mas duma que ĂŠ feita tambĂŠm dos contributos das comunidades locais.. Para vocĂŞ, qual ĂŠ a relação entre o minimalismo e a fenomenologia? Olha, para mim, de forma geral, arquitetura ĂŠ senssibilidade, e esse conceito parďż˝pa de ambas as deďŹ niçþes dos esďż˝los em questĂŁo. E,tambĂŠm, a percepção do ambiente ĂŠ algo fundamental e acredito que ĂŠ exatamente por isso que busco em meus projetos trazer traços de luz e sombra, materiais e texturas como forma de ressaltar as formas puras , fazendo com que crie-se uma espĂŠcie de composição com o ediďż˝cio e tambĂŠm uma relação com a paisagem em que encontra-se inserido.


.03


box pan Nesse capítulo da Fanzine RMR viemos propor uma ideia de objeto u�litário minimalista que deve ser usado pelo homem no cenário pandêmico que se encontra o ano de 2 0 2 0 . Tendo como base as caracterís�cas do minimalismo foi desenvolvido o que chamamos de "BOX-PAN" no qual o objeto responde as indagações dos indivíduos durante esse período, tais como a necessidade de um espaço verde dentro das residências para está em maior contato com a natureza e também a necessidade de um maior contato com o sol e o ambiente externo. Com isso foi possível criar a "BOX-PAN" seguindo traços retos e preservando e exaltando a funcionalidade do objeto. No esquema a seguir, a cor roxa representa a grama ou a vegetação cmomo textura em si, uma vez que a experiencia sensorial do indivíduo é bastante importante nos momentos de isolamento. O azul em tom claro, representa o vidro, que traz permeabilidade e aproxima o usuário da luz natural e do ambiente externo na medida do p o s s í v e l . Propomos uma estrutura retrá�l que pode ser fixada na parte de dentro do apartamento. A caixa foi inspirada nos "zen garden" presentes na cultura japonesa que é um objeto minimalista por sí só e pode trazer um teor terapeu�co para os que fazem uso da mesma. PERSPECTIVA ISOMÉTRICA - SITUAÇÃO PRÉ PANDÊMICA


box pan

PERSPECTIVA ISOMÉTRICA - SITUAÇÃO PANDÊMICA


box pan

PERSPECTIVA DO INDIVÍDUO UTILIZANDO A BOX PAN


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.