Book - História da Moda

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a histรณria da moda de 3300 a.C. a 1600 d.C.

gabriela cunha



sumário sumérios .......................................................................................... 3 assírios ........................................................................................ 11 egípcios ......................................................................................... 19 cretenses ...................................................................................... 27 gregos ............................................................................................. 35 etruscos ......................................................................................... 43 romanos .......................................................................................... 51 período bizantino ................................................................... 59 período românico ..................................................................... 67 período gótico ........................................................................... 75 renascimento .............................................................................. 83 bibliografia ............................................................................... 91


Lira com cabeça de touro Ouro, prata, lápis lazúli e madrepérola Ur 2550-2400 a.C.


sumĂŠrios 3300 a.C. a 200 a.C.


CIVILIZAÇÃO Um dos povos mais antigos do mundo, os sumérios se estabeleceram ao sul da Mesopotâmia, onde hoje se encontra o território Iraquiano. Com o tempo foram constituindo cidades, denominadas de Cidade Estado, no qual cada uma era governada por um patési, que além de sumo sacerdote, era o chefe político e militar. Por ser uma região com poucas chuvas, desde muito cedo os sumérios tiveram que aprender a armazenar as águas do Tigre e do Eufrates, com isso conseguiram cultivar uma grande quantidade de alimentos. Foram os inventores da escrita, usavam tábuas feitas de argila e com o auxilio de uma ferramenta com a extremidade triangular, deixam sinais em forma de cunha, por isso a escrita foi denominada cuneiforme. Os sinais eram a representação de sílabas e sons. Eram um povo extremamente visionário, foram a primeira civilização a mencionar o dilúvio, que mais tarde será eternizado pela igreja católica. Considerados o povo percussor da astronomia, acreditavam na existência de outros planetas e na vida fora da Terra.

Escrita Cuneiforme Estandarte de guerra de Ur escrita • religião • visionarismo • simplicidade • peito nu 5


Eram um povo politeísta, cada cidade estado possuía sua própria teologia. Acreditavam que as forças divinas interferiam nos rumos da humanidade. Aspectos naturais como tempestades, secas e chuvas eram atribuídas às vontades dos deuses, por isso existia um deus para cada função. De todos os rituais praticados pelos sumérios, podemos destacar o “Festival da Primavera” que acontecia durante o equinócio da primavera como forma de celebração e renovação espiritual.

Estatua de Gudeia Governador de Lagash

Ritual Sumério Na arquitetura ficaram conhecidos pela construção dos zigurates, essas estruturas serviram como inspiração para Torre de Babel citada na Bíblia. As colunas, e artefatos de decoração eram ornamentados com lápis-lazúli, conchas e madrepérola, além de ouro e prata. Eram exímios trabalhadores das pedras e da madeira e foram os pioneiros no uso de veículos com rodas.

Zigurate de Ur

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INDUMENTÁRIA A palavra que define a indumentária suméria é a simplicidade. Os trajes eram divididos em duas categorias, de ritual e básicos. Usavam uma faixa de tecido cobrindo a cintura, feita geralmente de lã franjada ou de pele de animais e também faziam uso do linho. Os homens usavam o peito nu, já as mulheres o traje era um pouco mais longo cobrindo todo o colo, outra faixa de tecido cobria apenas um dos ombros.

A higiene desse povo era rigorosa, por isso os cabelos eram raspados. Os soldados da época usavam os mesmos trajes, porém com as armas e um chapéu pontiagudo feito de couro.

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ANALOGIAS

Diadema de Puabi UR - 2500 a.C.

Burberry Prorsum Winter | 2016 RTW

Maison Margiela Mask

Christian Dior Winter | 2007 RTW

Handred veste rio Winter | 2018 8


Touro alado da entrada monumental do PalĂĄcio de SargĂŁo II, em Corsabade


assĂ­rios 1200 a.C. a 612 a.C.


CIVILIZAÇÃO Os assírios, assim como grande parte dos povos do antigo Oriente Médio, era um povo de guerreiros rudes e camponeses, possuíam a justiça baseada no código estabelecido no século XVIII a.C., pelo rei Hamurabi da Babilônia. Sua origem está associadas aos povos semitas que viviam na região do Cáucaso e que migraram para o planalto de Assur, na Alta Mesopotâmia. Os assírios se estabeleceram na região, que hoje compreende o norte do Iraque, por volta do ano 2.400 a.C., período em que fundaram Assur.

De idioma semita, os assírios eram politeístas e acreditavam em deuses que simbolizavam o Sol e os planetas. Por conta da religião, demonstravam conhecimento na astronomia. Na base religiosa, o deus Sol era representado como um soberano déspota e com uma vida farta. Abaixo do deus Sol estavam os servos, representados como comerciantes.

Rei Assurbanipal e a Rainha no banquete da vitória séc. VII a.C.

guerreiros • violência • kandis • sandália • amuletos 11


A arte assíria era marcada pelo realismo, com baixos relevos e demonstrando a vocação bélica e da caça. As representações eram figuradas em baixo relevo na cerâmica, em tapetes e jóias. Utilizavam a escrita cuneiforme inscrita em ladrilhos de argilas e, ainda, em murais.

A sociedade era dominada pelos sacerdotes e militares que se apoiavam no trabalho realizado pelos camponeses, cobrando pesados impostos na forma de cereais, metais, gados e prestação de serviços gratuitos. Com as conquistas de outros povos e a escravização decorrente da conquista, mais pessoas passaram a trabalhar para as obras do Estado.

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INDUMENTÁRIA Os homens usavam túnicas, chamado de kandis, eram largas até o joelho com mangas curtas. O comprimento da túnica era ligado ao poder, quanto mais longa mais poder o homem que a vestia tinha. Usavam sinto, os tecidos eram bordado de acordo com a importância de da indivíduo, o conhecimento sobre costura nessa época ainda era reduzido, mas os assírios conseguiam costurar as roupas de um jeito engenhoso. Usavam barba, tiaras em forma de cone, braceletes, brincos e colares. Eram extremamente violentos e participavam de muitas guerras o que os fez pensar em algo que pudesse proteger os pés criando assim a primeira sandália.

Os trajes femininos eram um pouco diferentes, as mangas eram compridos e havia um manto que cobria todo o corpo, sem nenhum tipo de presilha que ficava sobre o ombro direito, Os cabelos eram presos por diademas e eram encaracolados até os ombros. Depois que se casavam as mulheres só poderiam aparecer em público usando véu.

Rainha Ashur Sharrat

Pulseira em ouro com incrustações em pedras

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ANALOGIAS

Dior Cruise | 2018

Balmain Summer | 2017

Jean Paul Gaultier Fall | 2018 HC

Balmain Fall | 2018 RTW


Estรกtua de bronze de Bastet 664-332 a.C


egĂ­pcios 3200 a.C. a 30 a.C.


CIVILIZAÇÃO A civilização egípcia desenvolveu-se às margens do rio Nilo onde as terras eram muito férteis, fazendo com que a civilização egípcia crescesse em torno da agricultura. O período do Egito Antigo é dividido em três Impérios: Antigo, Médio e Novo. Entre todas essas civilizações, o Egito destacou-se pela organização de um forte Estado que comandou milhares de pessoas. Esse sistema era controlado pelo faraó, considerado não apenas o Rei, mas também um Deus. O faraó tinha autoridade absoluta e controlava todos os aspectos da sociedade, incluindo a indumentária. Para os antigos egípcios, a tradição era uma lei do povo. Cada um tinha o seu lugar na sociedade que deveria ser ocupado e que não seria alterado. A religião dominava a sociedade egípcia. Os egípcios eram um povo politeísta e acreditavam na vida após a morte. Essa crença fez nascer os importantes rituais de preservação dos corpos. As famosas múmias foram uma tradição egípcia. Os corpos eram mumificados e mantidos em tumbas junto com pertences importantes da pessoa em vida. Os deuses eram muitos. Esses podiam ter a forma de um animal, de um humano ou metade animal e metade humano. Dentre as diversas divindades populares, podemos citar Rá e Osíris como os mais populares entre o povo egípcio. Rá era considerado o Deus do Sol. Eles acreditavam que o faraó era a reencarnação do próprio deus Rá. Osíris é protagonista de uma difundida lenda de prosperidade da terra e da vegetação egípcia. Ele teria sido responsável por governar a terra e, através das águas do Nilo, ressuscitar a vida existente em torno do rio sempre que a seca matava tudo. Ele teria ensinado aos humanos as técnicas necessárias para a civilização, para a agricultura e para a domesticação de animais. Contudo, essa representação teria mudado após Osíris ter sido assassinado por seu irm o Set. A partir de então, Os ris virou o juiz do mundo dos mortos. deuses • higiene • plissado • ouro • linho 17


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Essa sociedade teve avanços e descobertas no campo da Astronomia, Matemática, Arquitetura e Medicina. O mistério das grandes pirâmides egípcias ainda intriga muitos estudiosos e curiosos. As pirâmides tinham um grande significado simbólico: sua forma representava os raios do Sol inclinando-se sobre a Terra e eram consideradas uma espécie de “escada celestial” para a alma. As suas p a r e d e s internas eram repletas de pinturas que mostravam aspectos da vida egípcia. O p o v o egípcio também construiu canais de irrigação, diques e reservatórios, aproveitando o Rio Nilo e achando alternativas para as épocas de seca. Destacaram-se também nas artes, principalmente com a pintura e a escultura. Suas pinturas tinham um caráter predominantemente decorativo e os baixos relevos representavam cenas comuns relacionadas ao dia-a-dia. Um dos princípios da representação artística dos egípcios era a rigidez e a frontalidade, em que o tronco das pessoas era representado de frente, ao passo que o rosto e os pés eram apresentados de perfil.

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A vegetação do Antigo Egito era constituída basicamente de papiro, palmeira e flor de lótus. Esses três elementos eram tão constantes na vida da população que suas inspirações para a indumentária e arquitetura vinham deles. No Egito Antigo, o papiro era encontrado abundantemente nas margens do rio Nilo. Foi muito utilizado pelos egípcios para diversos propósitos. As folhas eram sobrepostas e trabalhadas para serem transformadas numa espécie de papel, conhecido pelo mesmo nome da planta. Vários rolos de papiro, contando a vida dos faraós, foram encontrados pelos arqueólogos nas pirâmides egípcias. O papiro também tinha outras funções no Egito Antigo. Os artesãos utilizavam a planta para a fabricação de cestos, redes e até mesmo pequenas embarcações (através da formação de feixes). Era também utilizado como alimento pelas pessoas mais pobres e para alimentar o gado.

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Os escultores egípcios representavam os faraós e deuses em posições serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma emoção. Pretendiam com isso, passar uma ilusão de imortalidade. Também não respeitavam as proporções de medidas, exagerando frequentemente as proporções do corpo humano, representando assim uma forte impressão de força, graciosidade e de majestade.

A Flor de Lótus era tida como sagrada pelos antigos egípcios que utilizavam essa flor, que nascia no rio Nilo. Conhecida por seus efeitos afrodisíacos, sempre esteve ligada à sexualidade e as origens da vida. O deus da flor de Lótus azul no antigo Egito era Nefertem. Ele oferecia a flor de Lótus ao deus do sol Ra para acalmar as dores do seu corpo envelhecido. Nefertem era representado com a Flor de Lótus em sua cabeça Os antigos egípcios apreciavam a flor não apenas pelo seu cheiro agradável, mas também pelas suas qualidades curativas. Muitas imagens em murais egípcios mostram mulheres segurando a flor, cheirando a sua fragrância divina. Era venerada pelos antigos egípcios como uma planta visionária e era um símbolo das origens da vida. A flor era representada em diversos desenhos em paredes com deuses ou que retratavam o cotidiano da sociedade.

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As palmeiras eram muito encontradas nas entradas para os templos e em pátios de casas muito ricas e jardins do Faraó. A sua tâmara foi e é um artigo familiar de alimentação. Entrada de temploAs referências simbólicas feitas à palmeira mostram que esta árvore era então, como é agora, considerada como tipo de graça e de beleza. Elas aparecem com frequência em antigos textos egípcios, onde descrevem seus frutos secos entre as oferendas e o ouro que recobria os túmulos faraônicos. Os grandes templos, pirâmides e monumentos eram grandiosos e possuíam em sua arquitetura desenhos representando as folhas tradicionais daquele lugar. Um grande exemplo são as colunas palmiformes, lotiformes, papiriformes, inspiradas nas folhas de palmeiras, flor de lótus e papiro.

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INDUMENTÁRIA Inicialmente, a maioria das roupas tinha formas simples e eram basicamente triangulares. Devido ao calor extremo nessa região, as vestes sempre se caracterizavam por serem amplas, claras e confortáveis. A nudez completa não era permitida, pois era considerada vulgar e imoral ficasse desnudo, com exceção de crianças, escravos e homens do povo. A indumentária refletia a natureza hierárquica da sociedade e suas diferentes posições sociais. Essa diferença podia ser notada no tecido, mais precisamente que no traje. Quanto mais alta a posição social, melhor o tecido e a trama que o indivíduo poderia usar. O faraó – maior posição social – possuía roupas de linho puro enriquecido com fios de ouro, enquanto a tanga usada por homens comuns era feita de fibras vegetais ou couro.

A mulher do Antigo Egito utilizava a veste denominada Kalasiris. Esse traje consistia em uma veste de corte reto, com forma simples e que descia abaixo dos bustos até os tornozelos, preso por duas alças nos ombros. O Kalasiris poderia ter variações em seu modo de ser preso, por alças ou mangas. Essa peça poderia ter um efeito de semitransparência, dada devido à forma como era tratado o tecido compacto, esticando-o até a ruptura dos fios. O diferencial das roupas desse povo foi o plissado, que aparecia em praticamente todos os modelos criados e é considerada a característica mais relevante quando se diz em indumentária egípcia. A inspiração para esse plissado possivelmente vem da folha da palmeira, vegetação presente em grande escala na época e presente da vida dos egípcios. O plissado também era utilizado como distinção. Quanto menor o plissado da roupa, maior a posição social da pessoa. 23


O traje masculino era o Shanti. Tratava-se de um saiote simples, amarrado ao redor do quadril com as extremidades que desciam, formando pregas na frente do corpo. O luxo do traje dependia do tecido em que era confeccionado. Os soldados vestiam o Shanti listrado ou cortado em tecido colorido. Os homens usavam vestes que enfatizavam a frente do corpo, com ênfase na região genital, que era considerada sagrada por causa da reprodução. Os homens poderiam usar saias longas sobre o Shanti, feitas de um retângulo de linho podendo variar em seu comprimento. Eram adornadas com cintos decorados.

A introdução da túnica e da capa ao vestuário masculino aconteceu um tempo depois. A túnica poderia ser utilizada por cima do Shanti. As capas longas tinham formas complexas e eram feitas de um pedaço de tecido que media aproximadamente duas vezes a altura de quem iria usá-las. A capa poderia ter uma gola grande e, como seu tecido era muito amplo, possuía mangas largas.

As cores utilizadas eram o verde, que representava vida e juventude, o amarelo, como representação do ouro, e o branco, cor predominante, que representava a felicidade. O algodão e o linho eram as únicas fibras utilizadas para as confecções das roupas. A lã e peles de animas não eram usadas, pois era considerado um ato profano - excluindo exceções, como o faraó em determinadas ocasiões. Os calçados eram usados somente em algumas ocasiões e, quando usados eram uma espécie de sandália que podia ser feita de madeira, papiro, pelo de cabra ou fibra de palmeira. 24


A riqueza na população egípcia era também exibida através dos acessórios. Homens e mulheres utilizavam muitos adornos. Brincos, braceletes, colares e anéis eram feitos de ouro, coral, pérolas, ágata e ônix. A realeza abusava dos acessórios em ouro. Os soberanos e nobres eram sepultados com grandes quantidades de jóias. As joias não eram apreciadas apenas por serem bonitas e valiosas, mas também por que os egípcios acreditavam que as jóias garantiam proteção espiritual a quem as usava. Muitas vezes nesses adornos apareciam imagens profundamente simbólicas para o Egito Antigo. Entre esses símbolos podemos citar: O escaravelho, o qual garantia uma vida protegida dos maus espíritos, o olho de hórus, que estava ligado à regeneração, à saúde e à prosperidade, a cruz de ankh que significa vida eterna, entre outros.

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Os egípcios eram extremamente preocupados com a higiene e vaidade. Tanto os homens quanto as mulheres usavam cosméticos. Criaram óleos para o corpo através de mel, sal e cal. Cremes, loções de ervas para nutrir a pele, pomadas e perfumes também faziam parte do estilo de vida da época. O banho era diário e a maquiagem era de henna paraas unhas e kohl para maquiagem. Os olhos eram muito marcados, devido ao fato do olho de hórus, que significava poder e proteção. A marcação preta no olho servia também para a proteção do sol. Devido a preocupação com a higiene, os egípcios raspavam os cabelos, tanto homens quanto mulheres, e utilizavam perucas.

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ANALOGIAS

Fendi SpringSummer | 2018

Chanel Cruise | 2018

Hugo Costa SpringSummer | 2018 27


Chanel Cruise | 2018

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Palรกcio de Knossos 1900 a.C.


cretenses 3000 a.C. a 1700 a.C.


CIVILIZAÇÃO Creta é considerada a primeira civilização europeia, com início da sua civilização datada em 3000 a.C. Creta tornou-se um centro de produção e exportação de bronze. No início, esse povo foi muito influenciado por seus parceiros comerciais mais importantes: o Egito e a Babilônia. Knossos destaca-se como o principal sítio arqueológico de Creta. Várias escavações realizadas na região revelaram afrescos delicados, belos recipientes pintados, estatuetas de mármore e joias de ouro. Todas essas descobertas foram essenciais para entender mais sobre como viva a civilização cretense e como se expressavam através de sua indumentária.

cobre • liberdade corporal • mar • cnossos • babados 31


As parede do palácio de Knossos revelou muitos afrescos que revelavam extremo cuidado com a beleza técnica e estilização geométrica. A maioria das pinturas tinha relação com elementos da natureza e suas cores, como vermelho, azul e amarelo. Destacaram-se também na cerâmica e nas estatuetas, que indicavam um culto muito importante para os cretenses dedicado à grande deusa-mãe. As construções da época eram feitas de tijolos, pedra e barro. As moradas eram consideradas bem evoluídas para a época. Alguns palácios e casas eram equipados com banheiros e possuíam canalização de água e esgoto.

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INDUMENTÁRIA O que sabemos sobre a indumentária desse povo é através de suas estatuetas, afrescos e pinturas em vasos. Alguns sinais indicam que o corte teria surgido na Creta. Enquanto outras civilizações utilizavam tecidos drapeados e dobrados, os cretenses usavam roupas ajustadas ao corpo. A vestimenta feminina consistia em uma saia de babados ou em camadas. A saia da época, em forma de cone, era muitas vezes estampada, colorida, e ricamente ornamentada. Era comumente usada com um avental. O corpete é bastante justo e amarrado abaixo dos seios, que ficavam nus. As mangas desciam até os cotovelos e podiam ser justas ou bufantes. A silhueta era com a cintura marcada por um cinto.

Os homens andavam nus e também usavam saias curtas, muito ornamentadas. Outra peça era a tanga, podendo ser de linho, lã ou couro. Cintos justos de tecido, decorados c o m espirais e rosetas, enfatizavam a cintura masculina. Utilizavam também capas amplas que cobriam o corpo todo ou parte. Em cerimônias, pessoas i m p o r t a n t e s utilizavam uma espécie de túnica, muito próxima ao que será o quíton grego.

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As mulheres cretenses eram retratadas com grandes colares, que eram enrolados no pescoço. Também usavam anéis, brincos e pingentes de ouro, com motivos mais uma vez da natureza, representando animais e plantas. Usavam muitas pulseiras. As peças encontradas revelam grande habilidade e uma técnica desenvolvida e dominada. Os cretenses prezavam pela aparência. Os homens raspavam as barbas. Os cabelos, de ambos os sexos, eram muito compridos. Os cabelos das mulheres podiam ser presos com faixas, algumas decoradas com flores, ou ornamentadas com pérolas, conchas e lápis lazulli.

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ANALOGIAS

Gucci Winter | 2016 rtw

Balmain Summer | 2016 rtw

Alexander McQueen SpringSummer | 2018

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Reinaldo Lourenรงo Inverno | 2018

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Partenon 447 a.C.


gregos 700 a.C. a 30 a.C.


CIVILIZAÇÃO A Grécia Antiga, como pode ser chamada, abrange não apenas um território ou um povo, mas um conjunto de comunidades que se espalhavam nas proximidades do Mar Mediterrâneo, sendo uma civilização que se estendia muito além da Grécia que conhecemos hoje. Apesar disso, estes vários povos uniam-se através de uma cultura comum, com mesmos costumes, mesmas crenças e uma mesma língua. Essas regiões dividiamse em cidades-estados, cada uma com seu próprio diferentes formas de governos – algumas governadas por reis, outras desenvolveram o primeiro modelo de democracia. O império grego pode ser dividido em três períodos. O primeiro deles é chamado de Período Arcaico, e pode ser caracterizado pela geometrização, a simplificação das linhas e formas e pela objetividade. O segundo período é o Clássico, marcado pela harmonia nas formas, proporção na representação humana e no equilíbrio. O Período Helenístico é o último deles. O início do período foi a época de maior poder da civilização grega, o ápice do esplendor. Contudo, o luxo e a ostentação extrema ajudaram a levar o povo grego à decadência no fim do período.

O mundo grego girava em torno da mitologia. Eram um povo politeísta, com muitas lendas em torno dos seus deuses. O principal deus era Zeus, pai dos outros deuses e dos homens. O homem deveria procurar se aproximar do divino, por esse motivo, deveria perseguir a perfeição física e intelectual. A ideia da perfeição física tornou os gregos um povo muito preocupado com a saúde, tomando vários cuidados com o corpo e um povo adepto do esporte – o que teria levado à criação dos primeiros Jogos Olímpicos. perfeição • filosofia • mitologia • drapeado • arte 39


A busca da perfeição intelectual levou os gregos a pensar além de seu tempo. Os primeiros registros do surgimento da política e da filosofia são atribuídos a esse povo, assim como a matemática e a geometria. As artes gregas, como a pintura e a escultura, tornaram-se modelo para o Ocidente. A predominância estava na preocupação de retratar movimentos e na proporção de formas. Seu modo de expressão era sofisticado. Simples mas detalhado, com muito cuidado nos detalhes. A arquiteturad o mundo grego foi muito grandiosa. Sua arquitetura era voltada aos deuses, com construções de templos como o ponto mais importante. O que mais evidencia a s características dos templos gregos é a simetria, a geometria e o uso de linhas retas. A Arquitetura grega apresentava três estilos: dórico, jônico e coríntio. O estilo dórico era sombrio e solene. É representante do Período Arcaico, sua maior característica é a simplicidade. A ordem jônica pode ser definida como delicada e preciosa, representando o Período Clássico. Já a Coríntia representa o Período Helenístico. Por esse motivo, é o estilo mais elaborado e pomposo. Suas representações possuíam maior ornamentação em relação aos outros estilos gregos. As três ordens gregas também dão nomes às colunas utilizadas nas construções e diferenciam dois tipos de Quítons – túnicas gregas.

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INDUMENTÁRIA Os gregos usavam vestes simples e básicas. A maior parte do vestuário poderia ser construído a partir de um pedaço de pano retangular com o mínimo de costura pois as roupas eram enroladas e drapeadas. A peça principal do vestuário grego era o Quíton. Utilizado por homens e mulheres, o quíton era uma túnica feita de um grande retângulo de lã ou linho drapeado sobre o corpo. A forma como seriam prendidos nos ombros diferenciava os quítons dóricos e jônicos. O modelo mais simples era o dórico, preso com duas presilhas, uma em cada ombro. O quíton jônico era mais complexo, com presilhas ao lado do corpo. Sendo de um comprimento maior, possibilitava puxar o tecido sob o cinto ou o cordão que usavam para amarrar a cintura, formando assim como se fosse uma blusa. Os adornos nas extremidades dos tecidos eram bordados, e possuíam desenhos formais como a “cercadura grega”, figuras de animais e flores. O comprimento do quíton variava de acordo com a posição social da pessoa que o vestia.

Outra peça que constituía o vestuário feminino grego era o peplo dórico. Confeccionado a partir de um retângulo de lã muito largo, esse traje era enrolado ao redor do corpo e preso por alfinetes nos ombros. O tecido que sobrava era dobrado na parte de cima, formando uma aba nas costas que se assemelhava a uma capa curta. O peplo poderia ser utilizado também para dar o efeito de saia e blusa, geralmente com o auxílio de cintos. Suas barras poderiam ser decorativas. Os quítons femininos eram drapeados de modo diferente dos utilizados pelos homens, para adaptar melhor o tecido ao formato do corpo. 41


O quíton masculino era bem mais amplo que o feminino. Também poderia ser criado um efeito como saia e blusa prendendo cintos na cintura. O tecido restante poderia ser dobrado nos ombros. O himation é outra peça masculina muito presente. É a versão masculina do peplo. É semelhente a um manto, feito de um retângulo geralmente de lã, usado sobre os ombros. A clâmide, outra peça masculina, era usada pelos cavaleiros sobre o quíton, formando uma espécie de capa curta, normalmente presa em um dos ombros. Os soldados gregos trajavam uma espécie de armadura, geralmente em couro. Além disso, utilizavam protetores de pernas, escudos e capacetes.

Homens e mulheres usavam sandálias, que eram amarradas com tiros de diversos modos. As botas eram comuns entre os soldados. No início de sua civilização, era muito comum os homens em geral usarem barba, mas com o tempo, a barba passou a ser um símbolo de seriedade. Sendo assim, os mais jovens tinham que raspar suas barbas. Os cabelos das mulheres eram sempre compridos e encaracolados. Utilizavam muitas fitas ou faixas para amarrá-los em diversos modos de penteados. As mais ricas usavam tiaras de ouro e pedras preciosas. Homens e mulheres aplicavam maquiagem e borrifavam fragrâncias para cuidar da pele. Os gregos também exibiam sua riqueza através das joias, tanto homens quanto mulheres. Entre os achados da Antiga Grécia estão brincos, pulseiras, colares, broches e anéis, produzidos em metal ou pedras semipreciosas. O ouro era escasso na região. 42


ANALOGIAS

Lilly Sarti SPFW | 2018

Burbbery Summer | 2018

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Vionnet Fall | 2018

Tommy HilďŹ ger Summer | 2018

Tommyland Spring | 2017 44


Estรกtua Estrusca Museu Nacional Estrusco de Roma


etruscos 1200 a.C. a 700a.C.


CIVILIZAÇÃO Pouco se sabe sobre essa civilização por conta de sua escrita própria que era parecida a grega, mas que ainda não foi totalmente decifrada. Acredita-se que surgiram entre 1200 a.C. e 700 a.C. Seu sistema sócio econômico era também parecido com os gregos sendo seu território dividido em doze cidades- estados. A religião era um dos fatores que uniam essas províncias, com rituais anuais que eram realizados por um sacerdote que ministrava no templo do deus supremo desse povo. Mesmo sua união, não impediu a dominação desse povo pelos romanos em meados do século V a.C.

A arte é uma das características mais impressionantes desse povo, suas pinturas permaneceram preservadas em tumbas subterrâneas que eram usadas para enterro, principalmente das pessoas mais importantes. Destaque também para as esculturas que passam a ter movimento e até mesmo expressões faciais. tabena • inigmáticos • movimento • religião • arco 47


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INDUMENTÁRIA Os homens vestiam basicamente a tabena que era principal forma de seu vestuário, de formato semicircular, usada sozinha ou sobre túnicas. Essa Peça influenciou a criação da toga tipicamente romana. Usavam também uma túnica geralmente curta. Nos pés calçavam botas com o bico levemente alevantado, com inspiração oriental e sandálias com amarrações complexas, com inspiração grega. Há relatos de que essa civilização teria usado tachas de metal na sola dos calçados para que tivesse mais tração e durabilidade, técnica que foi apropriada pelo império romano depois de sua dominação.

As mulheres usavam túnicas longas, ajustadas nos ombros e ficando mais larga em seu caimento, as mangas eram mais justas e iam até os cotovelos onde ficavam mais largas formando pontas. Tinha uma abertura na parte das costas onde eram usadas fitas para o fechamento, isso proporcionava um maior ajuste do corpo. O decote geralmente era alto ou de ombro a ombro. Faziam uso de capas longas e retangulares feitas de tecido de alta qualidade, usadas de diversas maneiras. A joalheria, geralmente de uso das mulheres, era ricamente trabalhada e de bom gosto. Incluindo alfinetes, colares, braceletes, anéis, fivelas, coroas, tudo forjado com metais preciosos e decorado com pedras preciosas. As mulheres ainda usavam na cabeça os tútulos um chapéu em formato de cone. 49


ANALOGIAS

Burbbery Summer | 2018

Christian Siriano Fall | 2017

Fendi Summer | 2018 50


Coliseu de Roma 80 d.C.


romanos 753 a.C. a 476 d.C.


PERÍODO

Segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C. por dois irmãos, Rômulo e Remo, que governavam juntos. Contudo, Rômulo assassinou Remo e governou sozinho até 715 a.C. A partir da fundação da cidade, os domínios romanos passaram a ser ampliados a ponto de tomarem conta inicialmente de toda a Península Itálica e posteriormente o mar Mediterrâneo. Podemos dividir o período romano em três: período monárquico, republicano e imperial. O primeiro deles foi de 753 a.C. a 509 a.C. Na Roma monárquica a sociedade era formada por duas classes sociais: os patrícios, a classe dominante (nobres e proprietários de terra) e os plebeus (comerciantes, artesãos, camponeses e pequenos proprietários). O rei exercia funções executiva, judicial e religiosa. Durante o período Monárquico a principal instituição era o Senado, onde somente os patrícios participavam. O povo etrusco conquistou Roma. Foram três reis etruscos consecutivos, o que enfraqueceu o poder dos patrícios. Após uma tentativa por parte dos etruscos de vetar a participação do Senado na monarquia, os romanos forçaram o último rei etrusco a deixar a cidade, declarando a República.

estado • posição social • toga • ordem • tradição 53


O período Republicado foi de 509 a.C. a 27 a.C. Nesse período, evidencia-se o conflito entre plebeus e patrícios. O senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. Os plebeus começaram a reivindicar maior participação na política, gerando greves. Com várias manifestações, os plebeus conquistaram muitos avanços, entre eles a crianção do Plebiscito, os tribunos da plebe e várias leis que os aproximaram mais da representação dos patrícios. As Guerras Púnicas iniciaram o processo de expansão do território romano. Em pouco mais de cem anos, toda a bacia do Mediterrâneo já era de Roma. Em 31 a.C. Otaviano, utilizando o nome Augusto, sobe ao poder e substitui a República pelo Império. Seu governo foi conhecido como Pax Romana, pois o imperador conseguiu pacificar o império e manter a estabilidade política. O tamanho do império gerou dificuldades administrativas e com a entrada de povos bárbaros o império se desestabilizou. Em 476 d. C., o imperador é deposto e ocorre o fim do grandioso Império Romano no Ocidente. 54


A cultura romana foi muito influenciada pela cultura e pensamento gregos. Entretanto, sua forma de governo era própria. O governo romano regulava todos os aspectos da sociedade: a política, a arte, a cultura e a indumentária. O status era herdado. Na arte, os romanos sofreram grandes influências dos etruscos, nas técnicas, e dos gregos, nas decorações e ornamentos. Foi através da arquitetura que a arte romana conseguiu maior expressão. Os romanos destacaram-se a construção de portais, aquedutos, prédios, monumentos e templos. Uniram as técnicas gregas de geometrismo por linhas retas com a arquitetura de linhas curvas dos Etruscos. A basílica era uma das construções mais fundamentais na vida política. Nela, concentravam-se as atividades de tribunais e outros serviços administrativos. O Panteon foi construído para ser o templo de todos os deuses, pois Roma no início incorporou os deuses gregos. Tempos depois, foi convertida ao catolicismo, sendo o Panteon também usada pela religião católica.

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INDUMENTÁRIA A cor, o formato e a decoração dessas vestes indicavam a posição social de quem as trajava. A cor sugeria prestígio. A cor vermelha indicava importância social. A indumentária romana era uma combinação do vestuário usado pelos povos anteriores, ou seja, era um veste influenciada pelo o que vestiam os etruscos e gregos. A base de construção das vestes é muito semelhante ao que já vinha se usando até então: uma túnica feita de lã ou linho jogada sobre o corpo a partir de um grande retângulo de tecido. No caso da toga romana, a toga é usada com um cinto e nasce o princípio de manga até os cotovelos. Com o passar do tempo aparecem túnicas de algodão cada vez mais longas.

Os tecidos e as cores diferenciavam o vestuário masculino e feminino. O feminino costumava ser confeccionado a partir de materiais leves como algodão e linho, as mais ricas utilizavam a seda e possuíam suas bordas ornamentadas. A base do guarda roupa era a túnica. Muito ampla, os tecidos eram drapeados até a altura do tornozelo e possuíam mangas compridas. Era ajustada nos quadris com cintos largos. A túnica podia ser confeccionada em diversas cores, conforme o status da mulher, algumas vezes bordada com fios de ouro. Sob a túnica, poderia ser o usado o strophium, um corpete para segurar o busto. Outra peça do guarda roupa feminino era a Pala, um manto usado pelas mulheres romanas quando saíam de casa. Era volumosa e podia ser quadrada ou oblonga. As nobres utilizavam uma túnica de seda decorada com franjas de ouro. 56


Assim como os gregos, as peças principais dos romanos homens eram a túnica e a capa. A túnica era adaptada do quíton grego, e consistia, de forma básica, em duas peças de tecido presas nos ombros e nas laterais, com abertura para a cabeça e para os braços. Era ajustada na cintura também por um cinto. Em eventos mais formais, podia também ser utilizada com um cinturão que vinha com uma bolsa para o dinheiro e outros bens. Certos tipos de túnicas correspondiam à posição social de quem a usava e outra eram apenas para situações mais específicas. As túnicas mais luxuosas masculinas também poderiam conter bordados com fios de ouro e prata, assim como as femininas.

A toga tem origem no himation grego e inspiração na tebenna etrusca. Utilizada sobre a túnica, a toga era confeccionada em uma peça oval (influência etrusca) de tecido, tendo 3x a altura da pessoa de comprimento. Era uma peça usada apenas pelos mais ilustres cidadãos. Era uma peça reservada apenas para cidadãos homens romanos, especialmente das classes mais ricas. Assim como a túnica, na toga a decoração, cor e formato da peça indicavam a posição social do cidadão que a usava. A cor da toga e o modo como era dobrada era a evidência maior de status. Existiram diferentes formatos de togas, como a toga candida (usada por candidatos a cargos públicos), a toga picta (usada por generais romanos), a toga pula (usada durante o luto) e a toga trabea (possuía três estilos que representavam a religião, os governantes ou relacionada aos intérpretes). 57


A versão masculina da Pala era o Palliun, manto retangular e curto usado pelos homens romanos. Os calçados utilizados pelos romanos também eram símbolo de suas posições na sociedade. O governo era quem decretava o estilo do calçado, assim como a cor dos sapatos que cada classe utilizaria. A maioria dos cidadãos utilizava a carbatina, uma sandália feita de couro cru com uma tira também em couro. Outro calçado um pouco mais desenvolvido eram os caldeus, que consistia em uma versão sofisticada da carbatina, com amarrações até a canela. Em tempos mais frios, era utilizada a gallicae, espécie de bota fechada. As mulheres também utilizavam botas na altura dos tornozelos, conhecida como calcei. As mais ricas usavam sapatos com adornos extravagantes, com acabamentos de ouro, bordados de pérolas e pedrarias.

Durante o império, o estilo das jóias se tornou cada vez mais ornamentado. Ouro, prata, chumbo, cobre e ferro eram os materiais mais utilizados, além de pedras preciosas. Os brincos, pulseiras, colares e anéis se tornaram cada vez mais ornamentados e elaborados. Tornaram-se carregados de pedras preciosas, mesmo não exagerando em seus tamanhos. Geralmente na cabeça das romanas, acompanhando as tiaras de ouro ou prata, eram usados véus (ricinium) presos de formas distintas tapando os ombros e as costas. Os penteados eram sempre sofisticados, com o cabelo sempre muito cacheado. As mulheres romanas também usavam perucas para ajudar no penteado. A verdadeira força de Roma estava em seu exército. Por isso, a indumentária dos soldados merecem destaque. Os soldados e gladiadores eram adorados pela população que cultuava o herói de guerras e batalhas. A roupa desses guerreiros aparece muito mais reforçada agora o que nos povos anteriormente estudados, deixando de ser apenas de couro mas adquirindo proteção em uma armadura de ferro mais resistente. Uma túnica curta era usada por baixo com um cinto de couro. Os seus calçados eram sandálias com amarrações complexas até a canela. As armaduras e capacetes também aparecem mais complexos e de materiais mais resistentes do que os vistos até então. 58


ANALOGIAS

Elie Saab Summer | 2012 rtw

Versace men Summer | 2013

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Burberry Prorsum Resort | 2015

Versace Summer | 2013 hc

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Catedral de Coimbra


período bizantino século V século XIV


PERÍODO O Império Bizantino foi a base do comércio, cultura e moda mundiais durante seu ápice. Constantinopla, a capital do Império, desenvolveu-se tanto que se tornou a cidade mais importante do mundo na época. Teodósio foi o último imperador a governar os territórios ocidentais e orientais do Império Romano. Durante seu reinado, ele introduziu uma grande mudança na sociedade: a forma católica romana do Cristianismo tornou-se a religião oficial. Com a morte de Teodósio, o império Romano foi dividido em dois e, após a queda de Roma, Constantinopla tornou-se a capital do que restara do império. Constantinopla foi escolhida por sua posição estratégica entre a Europa e o Oriente. As mercadorias mais luxuosas, especialmente a seda, chegavam vindas da Ásia.

Justiano I e Theodora são os nomes mais conhecidos até hoje do povo bizantino pelo modo como ascenderam ao poder. O casamento dos dois teve um grande impacto na direção do império. O reinado de Justiano foi considerado o auge da cultura bizantina. Ele patrocinou a nova codificação da legislação romana, que foi a base jurídica da Europa até o século XIX. Os historiadores descrevem sua época como opulenta, elegante e elitista. mosaicos • pudor • cristianismo • contraste • cor 63


A Igreja Católica era a organização da sociedade. Toda a vida bizantina girava em torno da religião. A arte estava à serviço da Igreja. As grandes construções da época foram voltadas à religião. A arquitetura ficou marcada por construções como a Igreja de Santa Sofia, o templo de Santo Apolinário, São Vital, São Marcos e o mausoléu de Gala Plácida. A principal peculiaridade era a presença de cúpulas sustentadas por colunas e com o interior decoradíssimo com pinturas religiosas e mosaicos. O interior das construções costumava ser mais trabalhado que o exterior. A arte primitiva cristã era a base para a arte bizantina.

Os mosaicos encontrados dentro das grandes construções foram uma das mais fortes formas deexpressão da época. Muito ornamentados e coloridos, tinham como principal objetivo mostrar aos fiéis cenas da vida de Jesus e apresentar os símbolos cristãos, como a cruz. As dimensões de tempo e espaço deram lugar a um eterno presente em meio a translucidez do dourado do céu. Mesmo contando com uma aproximação do mundo romano, o Império Bizantino sofreu influência também dos valores da cultura grega, asiática e egípcia. 64


INDUMENTÁRIA Com o estabelecimento da Igreja Católica como controladora da sociedade, o pudor teve um papel muito presente no povo. O corpo era considerado o templo da alma, por isso não deveria ficar exposto. O estilo bizantino foi o encontro das influências grecoromanas com a presença do oriente. A peça de vestuário mais importante da época era uma túnica em formato de T. Contudo, o que tornou o estilo bizantino irreverente perto dos outros povos, foi a incorporação de tecidos de cores fortes, franjas, bordados com joias e tecidos de origem oriental. Os motivos bordados poderiam ser religiosos – como a imagem dos três reis magos – ou florais e geométricos orientais.

O vestuário era um símbolo da condição social. Os imperadores, por exemplo, que viviam em extremo luxo, vestiam trajes bordados com ouro e incrustados com joias. O protocolo prescrevia cada detalhe da roupa que o imperador deveria vestir em determinadas ocasiões: as vestes, a coroa e as joias. Apenas a realeza podia usar a cor púrpura. Os imperadores eram diferenciados por um retângulo na frente da veste chamado de Tablion, que se divergia por seus bordados. As vestes apresentavam muitas camadas para esconder o corpo. Os homens utilizavam uma roupa de baixo, uma túnica branca de mangas compridas e ajustadas, na altura do tornozelo ou joelho. Havia também a túnica chamada de dalmática, que consistia em uma túnica com mangas compridas e amplas, podendo ser usada sobre a túnica simples ou substituí-la. Ostentação e luxo eram o lema da corte bizantina e os trajes eram usados não apenas em ocasiões especiais, mas no dia- a-dia. 65


O guarda roupa feminino compartilha de características do masculino: ambos escondem as formas e têm um grande número de camadas de tecido. A primeira camada consistia em um camisolão justo na altura dos tornozelos. Em seguida, vestia-se uma túnica mais curta, que revelava o camisolão por baixo. As mulheres usavam a estola romana e, em certas ocasiões, usavam até duas ao mesmo tempo. Algumas mulheres usavam véus que podiam descer atrás da cabeça ou serem dobrados para a frente e drapeados no braço. A realeza e as camadas mais altas da sociedade utilizavam vestes feitas de seda e ornamentadas com pedras preciosas ou cordões de pérolas, esmeraldas e rubis. Theodora usava uma pesada coroa de ouro com cascatas de pérolas e esmeraldas que desciam até o busto. A principal contribuição do período bizantino foi a introdução da produção de seda na Europa.

Os calçados de ambos os sexos eram de forte influência oriental nas cores e nos materiais em que eram confeccionados. Eles podiam ser de seda bordada e decorados com ouro e pedras preciosas. Teodora costumava usar calçados feitos de ouro. As joias bizantinas eram de muita ostentação. As altas posições utilizavam colares pesados. Brincos, anéis e broches eram feitos de ouro, pérolas e pedras preciosas. Os bizantinos inventaram técnicas para a produção de vidros coloridos usado para fabricar pequenos espelhos, considerados objetos de ornamentação. Assim como no vestuário, os penteados de homens e mulheres combinavam a influência romana e oriental. As mulheres usavam cabelos compridos e adotavam penteados elaborados. 66


ANALOGIAS

Nina Ricci Summer | 2018 Belenciaga Summer | 2018

Belenciaga Summer | 2018 67


Esteban Cortazar Summer | 2018

Nina Ricci Summer | 2018

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Catedral de St Madeleine, Paris 1909


período românico século VII a século XII


PERÍODO O povo europeu sofreu muitas invasões dos chamados “bárbaros” – nome dado aos que não pertenciam ao mundo romano. Provenientes de várias regiões da Europa Oriental e Ásia Central, de raça germânica, escandinava e da Mongólia. Em grande parte formados por tribos nômades, esses homens estavam atrás de mais do que conquistas territoriais, mas também de um lugar melhor para viver. Essas invasões influenciaram em diversas áreas do Império Romano, fragmentando a organização política e social e originando os feudos. O feudalismo foi uma estrutura econômica social, política e cultural, baseada na posse da terra, que predominou na Europa Ocidental durante a Idade Média e teve seu apogeu na era Românica. O sistema é marcado pelo predomínio da vida rural e pela grande redução do comércio no continente europeu. A sociedade feudal baseava-se na existência de dois grupos sociais – senhores e servos. O trabalho na sociedade feudal estava fundado na servidão, onde os trabalhadores viviam presos à terra e subordinados a uma série de obrigações em impostos e serviços.

Carlos Magno • burguesia • feudalismo • ordem • chapéu 71


Com a formação de feudos, vários reinos se formaram, como o Império Carolíngio ou Império de Carlos Magno. Carlos Magno foi um governante extremamente católico que marcou a Idade Média. Privilegia o ensino e a arte e, o mais importante de tudo, incentiva a fé em Deus e na igreja e recebeu um retorno entusiasmático. Os Manuscritos são considerados objetos sagrados. Ricamente decorados de maneira que sua beleza exterior refletisse a sacralização do conteúdo. A Igreja Católica exercia seu domínio sobre a sociedade da época. A cidade românica tinha como seu centro a Igreja. O afresco tinha enorme valorização e aparecia em todos os centros religiosos. Afrescos são pinturas nas paredes ou teto, que remetiam figuras religiosas. Os mosaicos que se iniciaram no Período Bizantino também aparecem, sendo o maior concorrente dos afrescos.

É dentro do próprio período Românico, no século XI, que vemos o renascimento das cidades, chamadas de burgos. Sendo o comércio a principal atividade realizada, começaram a surgir as primeiras casas bancárias para armazenar as moedas que estavam em movimento. Artesãos e mercadores começam a prosperar economicamente e viram totalmente autônomos. Com isso, há o surgimento de uma nova classe: a burguesia. Nesse período também intensificam-se peregrinações e as cruzadas para expansão da religião católica. Com isso, ocorre a reabertura de vias comerciais do Mediterrâneo, intensificando o comércio europeu. A Igreja como catedral virou um símbolo do sistema. Com as peregrinações acontecendo, a igreja passou a ser preparada para receber multidões. Em muitas fachadas podiam ser vistas cenas da ascensão de Cristo. Em seu interior possuíam o chamado chevet, que significa travesseiro em francês. Chevets são capelas semi-circulares onde eram guardados os relicários, estátuas que representam ídolos para os fiéis e uma planta cruciforme. 72


INDUMENTÁRIA O vestuário românico foi uma junção do estilo românico, dos bizantino e dos bárbaros. Os homens bárbaros utilizavam túnicas curtas e casacos sem mangas em cores vivas, uso de peles, calça de peles de cabra e manto quadrado feito de peles de animais. Já as mulheres vestiam uma túnica longa sem mantos e mangas e gostavam de se ornamentar.

O povo românico, com a influência da Igreja Católica, adotou como referência na hora de vestir seus valores, especialmente o pudor. Suas vestes são compostas de sobreposições, veste e sobreveste, com o intuito de proteger o corpo. A roupa torna-se a extensão do corpo, adquirindo uma nova dimensão mais densa e pesada, com mangas extensas, compridas e punhos e mangas exagerados. Alguns tecidos utilizam fios de ouro e prata em sua composição, iniciando a entrada dos brocados. Contudo, a roupa românica é menos opulenta e sem a presença de pedrarias, ao contrário do último período que precedeu o Românico: o Bizantino.

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O homem românico usava uma túnica masculina na altura dos tornozelos ou dos joelhos, chamada de Gonelle. Outra peça do guarda roupa masculino era o uso de capas semicirculares presas ao ombro por um broche, forrada de pele nos dias mais frios, podendo haver um capuz feito de lã ou couro. O cinto prendia as sobreposições. O calçado, chamado de Braies possuía faixas de tecidos enroladas nas pernas. A túnica e a capa podiam ser bordadas, mas costumavam ser simples e sem grandes extravagâncias como vimos nos povos anteriores. O uso de calça começa a aparecer, sendo o primeiro desenho das pernas.

As mulheres usavam uma túnica de linho longa, com mangas longas e aderentes. A sobreveste possuía mangas retas até os cotovelos e punhos largos. Um manto era usado por cima. Era comum o uso de um véu amplo com bordados nas bordas. As jóias eram de ouro, pedras preciosas, pérolas. Entre os acessórios mais usados estavam as fíbulas, colares, brincos e anéis.

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ANALOGIAS

Balmain Summer | 2017 rtw

Balmain Summer | 2017 rtw 75


Dries Van Noten Winter | 2016 rtw

Giambatisa Valli Winter | 2009 rtw 76


Vitral da Catedral de Notre Dame, Paris | 1163


período gótico século XIII a século XV


PERÍODO O Período Gótico passou por algumas fases. No século XIII, ainda com influências do Período Românico, vivenciou seu esplendor medieval. Contou com uma prosperidade econômica, indústria têxtil e intercâmbio comercial que continuaram se desenvolvendo e, com isso, as cidades prosperaram e aumentaram. Universidades surgiram, os principais cursos eram Medicina, Direito e Teologia. No século XVI ocorreu o que alguns estudiosos consideram a mais mortal epidemia: a Peste Negra. A Peste Negra foi um surto de peste bubônica que se alastrou pela Europa e dizimou metade da população da época. Ninguém era imune à doença, reis, servos, padres, também morreram. Com o fim da epidemia, o desenvolvimento do capitalismo voltou à tona. Houve o surgimento do pensamento humanista, baseado na experiência individual e na reflexão crítica.

O século XV foi marcado por eventos sociais e políticos que reanimam a economia e aumentam a atividade comercial, resultando em maior bem estar da população. Foi nesse século também que a Itália ganha força na indústria têxtil, com as cidades de Florença, Lucca e Bolonha destacando-se na produção da seda, Ligúria ganhando espaço na fabricação de veludos e Milão torna-se famosa na confecção dos veludos e passamanaria (galões bordados). O saber mais valorizado durante o Período Gótico foi a teologia, tornando o período o ápice da religiosidade, onde tudo era voltado para Deus. O movimento gótico tinha um pensamento verticalizado, urbano e imponente. Procuravam transcender o limite do espaço, por isso abusavam das alturas e das pontas, um pensamento que refletirá na arquitetura, na arte e na indumentária da sociedade da época. imponência • verticalidade • teocentrismo • veludo • frança 79


A arte gótica é urbana e catedralística. Construída em louvor de Deus e dos homens, a arquitetura da época tem como representação máxima a catedral, que simboliza a fé da cidade onde era erguida. As catedrais são Igrejas gigantescas urbanas, símbolos de espiritualidade e vistas como motivo de prestígio e demonstração de poder para a população que a possuía. Os góticos acreditavam que quanto mais bonita a catedral, mais inspirador para buscar-se a fé. Na altura, os teólogos defendiam que Deus era luz que descia sobre as criaturas, inundando-as da sua graça e virtude. Por esse motivo, as novas técnicas de construção visavam a entrada da luz no interior da catedral, tornando-se a catedral o espaço mais iluminado da cidade. Com a luz das novas catedrais pretendia-se uma nova atitude religiosa, mais mística e que convidasse os fiéis a uma nova partilha com Deus.

A verticalidade dos edifícios tinha em vista alcançar a divindade mais facilmente. As técnicas arquitetônicas tiveram grande desenvolvimento durante o período. Arcos, abóbadas e cúpulas em ogiva surgiram. O arco em ogiva é muito mais dinâmico que o estático arco românico. Essa técnica permitiu a construção em altura, pois diminuiu as pressões laterais, possibilitando uma melhor articulação das forças. A construção de abóbadas em ogiva permitiu uma melhor distribuição da força. Com essas novas estruturas, as paredes ficaram libertas do seu tradicional papel de suporte. Este fato permitiu que fossem abertas amplas janelas que iam de um pilar ao outro, fazendo com que os interiores fossem mais iluminados. Essas janelas eram decoradas com grandes vitrais coloridos, que continham desenhos religiosos. 80


A escultura gótica desenvolveu-se paralelamente à arquitetura das Igrejas e está presente nas fachadas, tímpanos e portais das catedrais. Caracterizou-se pelo naturalismo que, mais do que as formas da realidade, procurou expressar a beleza ideal do divino. Com cuidado para as expressões reais dos personagens, as esculturas pareciam ganhar vida. A pintura teve um papel importante na arte gótica pois pretendeu transmitir não apenas as cenas tradicionais que marcam a religião, mas a leveza e a pureza da religiosidade, com o nítido objetivo de emocionar o expectador. Caracterizada pelo naturalismo e pelo simbolismo, utilizou-se principalmente de cores claras. Trouxe de volta o peso e as curvas mais naturais nas formas humanas. Os retábulos também se destacaram nas Igrejas, contendo vários painés abertos durante as celebrações. Eles traziam consigo as características da pintura da época.

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INDUMENTÁRIA Com a condição financeira melhorada das classes sociais, a valorização da individualidade, e o desejo de melhorar a aparência, uma nova maneira de vestir surgiu. Essa nova moda tinha como características a ostentação e vaidade. Apresentava sazonalidade – um gosto durava enquanto não era copiado. As mulheres usavam o Cotte e o Surcott, que eram as vestes e as sobrevestes. As mangas eram largas na parte superior próximo ao ombro e muito justas nos punhos, abotoadas. Nas sobrevestes era comum o uso de sobre mangas de punhos muito largos por cima das mangas estreitas. O Pelisson era a veste externa, um tecido que caía solto dos ombros aos pés, formando uma cauda. Essa peça possuía capuz e era bordado. Feito sempre de tecido pesado, muitas vezes feito era feito de pele para demonstrar poder. A capa era utilizada em ocasiões especiais.

O ideal de beleza da época era excêntrico. Tinham como objetivo elevar a pessoa para perto de Deus. Muitas vezes as mulheres arrancavam uma faixa do cabelo, e até a sobrancelha, para darem um efeito de alongar a testa, ficando assim mais perto de Deus. Os penteados complexos também ganharam as alturas. Surgiram as Crespines, uma rede para cabelos feita de metal, muito usada com tranças verticais de cada lado do rosto. Tornaram-se comuns o uso de chapéus em forma de cone, com o nome de Henin. Muitas vezes, o penteado ganhava forma de chifres, chamado de Sella. Outro acessório popular era o Barbette, uma banda de tecido usada sob o queixo, cobrindo a cabeça. Os Turbantes surgiram com influência oriental, sendo utilizados no final do século XV. Os penteados da época podiam chegar a um metro de altura. 82


No vestuário masculino o casaco, que sucedeu o Gibão, passou a ser cada vez mais curto e justo até se transformar em um traje apenas da parte superior do corpo, feito com tecido simples e sem enchimentos. As mangas destes casacos variavam de muito compridas e largas a inexistentes. A Túnica teve o acréscimo de um capuz para cobrir a cabeça do frio e da chuva; passou a ser mais justa e curta, chamando-se assim de Cotte e Surcott, também utilizado pelas mulheres. Os sapatos também tiveram uma grande mudança em aspecto de ornamentos e feitios. As Polaines, sapatos pontudos da época, tinham pontas até 45cm, e podiam ter proteções de madeira. Algumas meias tinham solas de couro. A Cote-Hardie ou Guard-Corp era a veste externa mais elaborada, longa até a barriga da perna, usada sem cinto e com mangas amplas vazadas, feito em lã com capuz e pelos.

Os casacos justos e com mangas volumosas, com enchimentos no peito, lado e quadris para acentuar a cintura e fechado por botões ou cordões era chamado de Pourpoint. A Jaquette era usada em cima do Pourpoint, conservando a forma e se ajustando à cintura por um cinto ou cordão, tinha decote e punhos com guarnição de peles, podendo apresentar gola alta. O Houppelande era uma capa longa até o tornozelo de tecido luxuoso com abotoamento frontal até uma parte e mangas amplas no punho que chegavam ao chão, forrado com pele até nas bordas. A Aumoniere era uma espécie de bolsa masculina usada presa no cinto para carregar as moedas, claramente só os homens de classes elevadas a possuíam, muitas eram bordadas e consideradas preciosas. O Chaperon era o manto curto com capuz e o era um tipo de calção. As meias eram de lã ou linho, sendo coloridas e feitas no formato da perna, podiam ter ou não um solado de couro. 83


ANALOGIAS

Givenchy Pre Fall | 2018

Gucci Pre Fall | 2018

Alexander Mcqueen SpringSummer | 2017 RTW

Walter Rodrigues Fashion Rio Fall | 2011

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Pietá Michelangelo Buonarotti - 1499 Basílica de São Pedro, Vaticano


renascimento sĂŠculo XVI


PERÍODO A Europa emergiu das dificuldades da Idade Média em um renascer cultural: o período conhecido como Renascimento. Esse movimento teve suas raízes no século XIV e alcançou o apogeu no final do século XV, continuando até o século XVI. O Renascimento começou com o interesse pelas formas da escultura e da arquitetura clássicas, desenvolveu- se e converteu-se em um amplo movimento cultural e intelectual espalhando-se por toda a sociedade europeu, conforme a população se tornava cada vez mais próspera. A economia monetária substituiu o feudo e os bens de consumo tornaram-se disponíveis em um mercado aberto. O período caracteriza-se pela retomada do período clássico grecoromano. Os novos pensadores italianos, conhecidos como humanistas, redescobriram os antigos escritos greco-romanos sobre ciência, política, filosofia, matemática e artes e uniram-nos às ideias do cristianismo contemporâneo à época. O renascimento foi difundido pela Europa, mas os principais centros encontravam- se nos estados ricos da Itália, em particular, Florença, Roma e Veneza. Flanders também tornou-se um importante centro para o comércio e as artes.

rufo • ostentação • volume • catolicismo • evolução têxtil 87


Os patronos mais influentes foram os Médici que dominaram a política em Florença, mesmo sem nenhum título oficial. Como banqueiros de todas as famílias reais europeias, eles mantinham escritórios em todo o continente, e usavam sua imensa riqueza para patrocinar a cultura e as artes no norte da Itália. Grandes artistas como Leonardo da Vinci, Andrea del Verrocchio, Michelangelo, Sandro Botticelli, entre outros grandes nomes cujas obras estão entre as mais famosas do mundo, eram beneficiários da filantropia da família Médici. Nascimento de Vênus de Botticelli.A literatura floresceu em toda a Europa durante o período. A Itália foi berço de famosos escritores como Maquiavel, Ariosto e Bandello. Na França, o poeta Pierre Ronsard fundou um grupo de poetas que produziu hinos com o tema predominante do amor e, na Espanha, Cervantes satirizou o conceito de cavalaria romântica em sua obra mundialmente conhecida, Dom Quixote.

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No Renascimento floresceram os comércios, as invenções, as comunicações e as descobertas. A invenção mais importante da época foi a imprensa. Navios impelidos por velas enviavam exploradores aos lugares mais distantes. O comércio com a Ásia continuou a abastecer a Europa com mercadorias de luxo, como especiarias, seda e perfumes, para atender a demanda que era cada vez maior. Em 1492, Cristóvão Colombo descobriu o Novo Mundo, desembarcando em Cuba e descobrindo a América. Essas viagens introduziram diversos produtos exóticos na Europa: milho, batatas, tabaco, goma, ouro, prata, papagaios e penas de cores vivas, que foram usadas para enfeitar os chapéus masculinos. A partir do final do século XV, exploradores portugueses como Vasco da Gama viajaram cada vez mais para o leste, chegando à China e ao Japão. Eles retornaram para a Europa com diversos objetos luxuosos que rapidamente fizeram sucesso na sociedade europeia.

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O período entre 1484 e 1520 é conhecido como Alto Renascimento. Foi durante esse período que os grandes avanços culturais, artísticos e científicos do movimento renascentista foram compreendidos e aceitos. Com o passar do tempo, Roma substituiu Florença como centro artístico da Itália. O papa Júlio II começou a atrair os melhores artistas para a cidade. Michelangelo pintou o teto da Capela Sistina. Rafael pintou afrescos em todo o palácio do Vaticano. Toda a Europa observava a Itália. A Inglaterra e a França abraçavam os ideais italianos de arte, arquitetura e moda. Da Vinci é considerado o gênio mais versátil do Renascimento, seus cadernos de anotações refletem um enorme conhecimento e antecipação de uma variedade de temas, como biologia, anatomia, mecânica e até aeronáutica. Sua crença de que o círculo era a forma mais pura e perfeita intensificou a noção predominante de simetria e proporção que dominou a estética renascentista.

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Do ponto de vista artístico, os escritos mais influentes da época foram os de Vitrúvio, arquiteto romano, que tinha em grande consideração as disciplinas de proporção e simetria. Suas descrições dos tipos de edifícios romanos levaram as pessoas a estudarem as construções ainda existentes e a um imediato reflorescimento do uso de suas formas. Vitrúvio também escreveu que o corpo humano representava a beleza das proporções da natureza e isso teve uma grande repercussão na forma das roupas, que agora buscavam adequar-se às suas proporções. Em 1517, um frade alemão chamado Martinho Lutero atacou a corrupção prevalecente na Igreja Católica, publicando uma lista de queixas. A imprensa ajudou a divulgar suas ideias e a reforma resultante espalhou-se pela Europa. De forma geral, os países do Norte tornaram-se protestantes e os do sul, permaneceram Católicos. Esses fatores ajudaram a dividir a Europa e a identidade das culturas dos países. A indústria têxtil teve grande evolução, principalmente as italianas, famosas pela excelente qualidade. Brocados, veludos cetins e seda estavam em ascensão.

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INDUMENTÁRIA À medida em que as pessoas ficavam mais conscientes, a indumentária e os trajes elegantes adquiriram uma importância cada vez maior durante o Renascimento. Durante a Idade Média as roupas diferenciaram-se entre os países, mas o Renascimento teve um efeito unificador sobre a moda. Confeccionados por alfaiates, os trajes combinavam as exigências do cliente. As roupas eram consideradas um investimento e gastava-se muito tempo com a sua conservação e conserto. Os cortesãos necessitavam de um extenso guarda roupa. Durante o Renascimento, as roupas foram confeccionadas em materiais novos e pesados, como o veludo, que tornou-se muito popular.

Para os homens a roupa característica desse período foi o gibão, normalmente acolchoado, com ou sem mangas, abotoado na frente sobre o calção. Também tinham em seu vestuário calças, meias, um casaco que poderia ir até ao joelho e um tipo de capa que era aberta na frente e de mangas curtas que podiam ir até o tornozelo e posteriormente até os joelhos presas ao ombro. As meias eram coloridas, muitas vezes com características diferentes para cada perna. Como acessórios usavam chapéus achatados e largos ou com borda arredondada e calçados pontudos que depois passaram a ter forma arredondada e quadrada, com sola baixa. Botas eram usadas para montar a cavalo. Para os pés masculinos, surgiram os sapatos de bico achatado e largo. 92


No fim do reinado de Henrique VIII os homens começaram a usar uma silhueta rígida fazendo com que as roupas fossem encorpadas com enchimentos de trapos, feno e outros resíduos; também começou a surgir à gola que viria a se tornar o rufo. No período Elizabetano, os homens usavam gibão, camisa com colarinho e pulsos com babados, gola em rufo, jaqueta sem manga, meias e calças; a capa era indispensável e tinha formato cônico. Seus acessórios eram o chapéu, sapato arredondado ou botas que começavam a ter saltos e eram justas e até a altura das coxas. Na Espanha, o Rei Felipe II tornou obrigatório o uso da cor preta na corte espanhola.

Para ambos os sexos, especialmente na moda feminina, era comum o decote acentuado. Com o passar do tempo, surgiu o rufo, um tipo de gola que se assemelhava a uma enorme roda em tecido fino e engomado. Com o passar do tempo, o tamanho do rufo cresceu tanto que atingiu proporções inimagináveis. Toda essa opulência era sinônimo de prestígio social. A gola era normalmente branca e em geral era ornada com rendas ou feita diretamente de renda. O rufo foi usado por homens e mulheres. Na moda feminina, a saia do vestido era vertugada, ou seja, continha uma armação na forma da letra “A”. Essa armação consistia em partes rígidas para o tronco e da cintura para baixo tinha armações mais rígidas ainda, quase não dando efeito de movimento. As mangas desses vestidos normalmente eram longas, largas e pendiam, quase até o chão. Para os cabelos, em um primeiro momento do Renascimento, eram usados adornos mais leves como rendinhas, pérolas e tranças enroladas sobre a cabeça. 93


Com o passar dos tempos, a moda feminina do vertugado acabou se transformando na farthingale na Inglaterra, que cresceu as proporções nas laterais dos quadris, atingindo volumes maiores. As armações eram de madeira, arame, ou barbatanas de baleia para sustentarem todo o exagero de tecidos. No Renascimento surgiu uma peça de grande importância para toda a história da moda que foi o corpete, que afunilava a cintura. Como as mulheres evidenciavam o colo e a cintura, as roupas começaram a ser ligadas a sensualidade. As diferenças, algumas vezes sutis, podiam ser notadas de um país a outro. Na Espanha, os trajes caracterizavam-se pela rigidez no modo de vestir e na grande utilização da cor preta. Na Inglaterra, observamos vestidos bordados com temas decorativos, como a natureza. A França possuía menor rigidez na sua maneira de vestir, uma saia com maior circunferência e também o busto coberto por um lenço fino. Em contraponto, na Alemanha observamos extravagância nos decotes quadrados.

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ANALOGIAS

Moschino Summer | 2018

Givenchy Summer | 2018

Moschino Summer | 2018

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Alexander Mcqueen Summer | 2018

Balmain Fall | 2016 RTW 96


BIBLIOGRAFIA

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