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Até, sigo o fio.

Por Estefania Lima

De mãos pensas, quem diria, encerro este projeto. Desde o início, quando criei a Urdume, meu desejo era estabelecer ponte, entre esse ser hermético que sou e o mundo com toda sua tecnologia e deslumbramento, por meio das mãos. Talvez temendo o que me aconteceu a vida toda, e de fato volta-me a acontecer agora, cerquei-me de outras vozes. Àquelas que, de forma suficiente, pudessem abafar a minha.

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Ao não me exprimir, não exatamente da forma que intuía e pensava, tornei-me o que realmente não sou, um empreendedor. Empreendedor, assim no masculino mesmo, que é o molde ideia de tal atribuição. Assim, me botei em situação a contrariar a minha própria natureza e fiquei doente. Uma autista não nasceu para a multitarefa.

A pandêmia chegou e, assim como foi sofrido ver “tudo” de alguma forma desabar como negócio, ali, imaginei também a oportunidade de me reconstruir, verbalizar sobre esse fio que liga minhas mãos à cabeça, em oposição à máquina do mundo. Foi em vão, na minha busca incessante por sentido, descobri-me eu, mais uma vez, como a incoerência. O destino de uma vida como a minha, no mundo contemporâneo o direito de comunicação simbólica apenas para os meus.

Recusando-me a me encerrar em apenas umas de minhas identidades, e “impedida” do pleno exercício de minha comunicação com o todo, justamente ao decidir não ser mais aquele “habitante de mim há tantos anos”, e que disfarçava entre outras vozes ou fazia vezes de empreendedor tentando disfarçar, resolvo agora escolher o silêncio, ao menos por hora, nessa velocidade e em condições digitais, que tanto me afligem.

Despeço-me em agradecimento profundo à todos que, em maior ou menor medida, me fizeram chegar ao lugar de finalização de ciclo no qual me encontro hoje, a vocês devo a minha libertação. Tanto quanto, agradeço aqueles que por algum instante foram tocados pelas minhas palavras. À vocês, afirmo, nosso tempo ainda há de chegar, e nesta vida.

Por último, desejo uma ótima leitura e abro espaço para uma apresentação digna e honrosa desta edição pela Paula Melech, um desses seres que, assim como a Nathália Abdalla (responsável pela diagramação) e, principalmente, Gustavo Seraphim, me fazem acreditar na vida.

Até, sigo o fio. Siga o fio

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