Enecult VII - 2011

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Universidade da Região de Joinville Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade Gabriel Medeiros Chati (bolisista Capes/Minc) Co-autora: Dra. Nadja de Carvalho Lamas

ENECULT VII Eixo temático: Culturas e Desenvolvimentos Mesa 1: Diversidades e desenvolvimentos


O papel da cultura expandiu-se como nunca para as esferas política e econômica, ao mesmo tempo que as noções convencionais de cultura se esvaziaram muito. (...) talvez seja melhor fazer uma abordagem da questão da cultura de nosso tempo, caracterizada como uma cultura de globalização acelerada, como um recurso. (...) a cultura está sendo crescentemente dirigida como um recurso para a melhoria sociopolítica e econômica. (YÚDICE, 2004, p. 26)


Este trabalho teve como tarefa analisar a visão da Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) sobre a diversidade cultural. Objeto de estudo recorrente e atual, a diversidade

cultural, tem-se demonstrado transversal e detentora de elementos contribuintes para a coesão social local e potencialmente – como defendido pela própria UNESCO – da paz mundial. Promover estudos deste elemento no

contexto atual, é emergencial. É importante ressaltar que o conteúdo que resulta dessas discussões no âmbito da Organização, servem de base para o estabelecimento

de

planos,

estratégias

e

políticas

culturais

de

desenvolvimento dos mais diversos órgãos governamentais e nãogovernamentais por todo o globo terrestre.


Discorrer sobre o conceito de diversidade cultural a partir da leitura crítica de

documentos elaborados pela UNESCO 

Identificar as características estruturais, a metodologia de abordagem e o

conceito de cultura e diversidade cultural no âmbito dos documentos analisados 

Destacar aspectos do contexto em que operam diversidade e cultura e

estabelecer sua relação com o desenvolvimento. 

Discorrer sobre o atual tratamento internacionalmente aceito e promovido

acerca da diversidade cultural e demonstrar, ainda que parcialmente, a

necessidade de se estudar seus efeitos e comportamentos atuais a fim de criar ou manter as condições para que se cristalize como direito.


A análise se concentrou na leitura investigativa relativa ao assunto presente nos seguintes documentos: • Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2001) • Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (2005) • Relatório Mundial da UNESCO – Investir na Diversidade Cultural e no Diálogo Intercultural (2009) A exposição dos conceitos-chave identificados (cultura e diversidade) se dá a partir de cada documento analisado. Foi respeitada a ordem cronológica de produção e publicação dos mesmos com a intenção de verificar o processo de construção conceitual sobre a diversidade cultural e sua trajetória recente dentro da lógica da UNESCO.


Declaração

Convenção

Relatório

• Sintético • Conclamatório • 2001 • Diversidade como direito

• Extenso • Pactuação • 2005 • Diversidade como obrigação

• Expositivo • Balanço • 2009 • Diversidade como recurso disponível


Da Declaração

Ênfase na distinção em relação à arte

contribuição

A cultura como conceito antropossocial: podendo se considerada como o conjunto complexo da produção subjetiva e material humanas

observação

destaque

“É conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças” (2001, p. 1). Avança para o entendimento de como opera a cultura, da cultura como processo. Se atualmente essa leitura é aceita com mais frequência, o documento contribuiu de maneira significativa para a consolidação deste prisma de análise


Cultura entendida como processo dinâmico

contribuição

Supera o processo de conceituação: os objetos/elementos que compõem a cultura já estão satisfatoriamente identificados

observação

Relatório: “Na atualidade, a cultura é entendida mais como processo: as sociedades vão-se modificando de acordo com os caminhos que lhes são próprios. Se, durante muito tempo, a preocupação da Organização se centrou na salvaguarda de locais, práticas e expressões culturais sob risco de desaparecer, agora deve aprender-se também a acompanhar a mudança cultural de modo a ajudar os indivíduos e os grupos a gerir mais eficazmente a diversidade.” (p. 4).

destaque

 Do

Unesco como operadora: da salvaguarda às ações nos campos identificados como chave para a diversidade. Segundo o relatório são capitais as ações nos seguintes vetores: línguas, educação, comunicação e conteúdos, criatividade e mercados.


Da Convenção: “Refere-se à multiplicidade de formas pelas quais as culturas dos grupos e sociedades encontram sua expressão. Tais expressões são transmitidas entre e dentro dos grupos e sociedades. A diversidade cultural se manifesta não apenas nas variadas formas pelas quais se expressa, se enriquece e se transmite o patrimônio cultural da humanidade mediante a variedade das expressões culturais, mas também através dos diversos modos de criação, produção, difusão, distribuição e fruição das expressões culturais, quaisquer que sejam os meios e tecnologias empregados”. (2005, p. 4). Integração de um conceito amplo de cultura ao termo

O contexto das trocas culturais tido como elemento capital

Destaque para a amplitude dos meios e suportes


Do Relatório : “A diversidade cultural é, antes de mais nada, um fato: existe uma grande variedade de culturas que é possível distinguir rapidamente a partir de observações etnográficas, mesmo se os contornos que delimitam uma determinada cultura se revelem mais difíceis de identificar do que, à primeira vista, poderia parecer. A consciência dessa diversidade parece até estar sendo banalizada, graças à globalização dos intercâmbios e à maior receptividade mútua das sociedades. Apesar dessa maior tomada de consciência não garantir de modo algum a preservação da diversidade cultural, contribuiu para que o tema obtivesse maior notoriedade”. (2009, p. 3).

observação contribuição

•A diversidade como fenômeno deflagrado

•Princípio de banalização: a intensificação das trocas no contexto global como fenômeno a ser monitorado. O crescente fluxo de trocas não garante a diversidade; o perigo dos estereótipos/simulacros.


“A diversidade cultural amplia as possibilidades de escolha que se oferecem a todos; é uma das fontes do desenvolvimento, entendido não somente em termos de crescimento econômico, mas também como meio de acesso a uma existência intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatória” (2001, p. 1).

Incorpora a ideia de sustentabilidade às políticas governamentais: o desenvolvimento cultural é apresentado como um dos pilares do desenvolvimento humano sustentável.

contribuição

Destaca o potencial da diversidade cultural de promover o acesso à dimensões essenciais e intangíveis do devir humano, como a espiritualidade, por exemplo

observação

destaque

“A diversidade cultural constitui grande riqueza para os indivíduos e as sociedades. A proteção, promoção e manutenção da diversidade cultural é condição essencial para o desenvolvimento sustentável em benefício das gerações atuais e futuras” (2005, p. 5)

Contribui para a necessária releitura do desenvolvimento humano para além do desenvolvimento econômico. Desenvolvimento cultural como princípio do desenvolvimento sustentável


Entre os objetivos do Relatório Mundial sobre a Diversidade Cultural, destacase: “convencer os decisores e as diferentes partes intervenientes sobre a importância em investir na diversidade cultural como dimensão essencial do diálogo intercultural, pois ela pode renovar a nossa percepção sobre o desenvolvimento sustentável, garantir o exercício eficaz das liberdades e dos direitos humanos e fortalecer a coesão social e a governança democrática”. (2009, p. 3)

Reitera a relação estratégica entre a diversidade e o desenvolvimento sustentável

Associa a preservação da diversidade à manutenção e promoção dos direitos humanos

Destaca a função social da diversidade, de maneira utilitária


Destacam o aspecto transversal da diversidade cultural.

Contribuem com o avanço contínuo da discussão e estudos na área da cultura.

Identificam os diversos elementos/agentes que atuam no campo cultural, os recursos de que dispõem, a intensidade de poder e influência recíproca, assumindo a cultura como ferramenta política.

Reforçam a necessidade de integrá-la às demais áreas do conhecimento humano.

Propõem estratégias para a incorporação de preceitos da diversidade cultural às políticas de estado em escala global.

Implicam governos, organização civil e demais operadores da cultura, no processo de desenvolvimento humano sustentável a partir da cultura.


Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf

2001.

Convenção sobre a Promoção e Proteção das Expressões Culturais. 2005. http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001502/150224por.pdf Investir na diversidade e no diálogo intercultural. http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001847/184755POR.pdf

Correio eletrônico: gabrielchati@gmail.com Obtenha essa apresentação acessando: http://www.gabrielchati.blogspot.com/ Para acessar meu Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/2793495163969603

2009.


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