No 32 – fevereiro 2022
cultura do
automóvel
automóveis e motocicletas
lançamentos - impressões - história
Os carros de 1959
Um ano de muita criatividade automotiva fusca brasileiro
cadillac
austin healey
mini
el camino
dkw junior
E DI TOR I
N
AL
O ano dourado
ão devo ser o único que vê o ano de 1959 com olhos especiais. O último dos dourados anos 50 parece mesmo ter sido o canto do cisne para muitos modelos, quem sabe, por saberem que, a partir do ano seguinte, abrindo uma época notoriamente mais simples e menos cheia de firulas visuais (nós descobrimos isso depois, certo?), seriam obrigados a abandonar os exageros. Podemos notar essa drástica mudança nos produtos da
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maioria das grandes marcas, principalmente as de origem norte-americana. nnn
Muitos novos automóveis estrearam no ano de 1959, de diversas nacionalidades e nas mais diferentes configurações de estilos e de carrocerias. O status de carros dos anos 50 acabava com essa geração de modelos, já que a geração seguinte passsaria por muitas mudanças.
NESTA EDIÇÃO sumário
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04 Pelo Mundo
O que acontecia no mundo no ano de 1959
08 Mini
Nasceu para ser popular, se tornou muito mais que isso
14 Fusca
O carro era (e ainda é) o queridinho dos brasileiros
26 Austin Healey
O roadster inglês foi um dos preferidos dos americanos
30 Cadillac
O nome do carrão virou referência para coisas boas
34 Os novos Chevrolet de 1959
El Camino e Parkwood juntaram-se ao Bel Air e Impala
36 Os carros de 1959
Os modelos que estrearam em 1959, pelo mundo
48 Raid Campos do Jordão
Um rali só de clássicos, pelo MG Club Brasil
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pelo mundo
1959: o ano dourado
O último dos anos 50 foi especial para os automóveis Não lembro de nada do ano de 1959. Nem poderia, foi o ano em que nasci. Nestas últimas seis décadas, no entanto, descobri que, além de mim (brincadeirinha), muita coisa boa surgiu nesse ano, o último dos icônicos anos 50. Bossa Nova, bambolê, rock’n’roll, Fusca, construção de Brasília, boneca Barbie, esses e mais alguns ícones dos anos 50 marcaram para sempre a memória da geração que viveu essa época. No mundo, a música comandava a juventude, em especial o rock’n’roll, que chegou até a ser considerado prejudicial aos princípios familiares, por grupos mais conservadores. Elvis Presley era o ídolo maior e a música Estúpido Cupido, criada originalmente por Neil Sedaka, se tornou a mais tocada no Brasil em sua versão nacional gravada por Celly Campello. Em 1959, a música perdia alguns de seus, como Ritchie Vallens e Buddy Holly, em uma acidente aéreo. No Brasil, esse foi o ano da explosão da Bossa Nova, com a gravação do LP Chega de Saudade, do ainda desconecido João Gilberto. Esse foi, também, o ano da criação da boneca Barbie, que, além de um brinquedo infantil, foi também um sinalizador da moda, que ela acompanhou ano a ano até os dias atuais. No cinema, o filme do ano foi Quanto Mais 4
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Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959), uma das comédias mais engraçadas que eu já assisti. Estreava também, o seriado Além da Imaginação (Twilight Zone). Ah! Mas e os carros? É esse o assunto que importa, não? A indústria automobilística nacional começou nos anos 50 e, em 1959, o Volkswagen Sedan, o nosso Fusca, já era o carro mais vendido, mesmo ainda não sendo um produto nacional. Mas foi exatamente nesse ano que ele se tornou brazuca, “abrasileirando” cada vez mais na década seguinte. Foi em 1959 que, além do Fusca, surgiram alguns dos carros mais bacanas daquela época e de outras épocas também. O Chevrolet Impala, cuja história já contei e recontei, surgiu em 1958 como versão e virou modelo próprio em 1959, com algumas soluções estéticas polêmicas e belas. Na mesma linha, porém com muito mais classe, o Cadillac exagerou no rabo de peixe nesse ano, tornando-se um símbolo dessa época extravagante. E na Europa, o Mini de Alec Issigonis inovou e conquistou, nas ruas, nas estradas e nas pistas. Nas competições, a década fechava com algumas provas importantes, como as Mil Milhas de Interlagos, e com a inauguração do Autódromo de Daytona. Antes dele, os pilotos corriam alternando trechos de estrada asfaltada e as areias da praia.
pelo mundo Um marco na comédia: Quanto Mais Quente Melhor, filmado em preto e branco
Considerada mais um estado de espírito do que um gênero musical, a Bossa Nova começou com João Gilberto, puxando uma galeria de gênios para seu novo tipo de música
Barbara Millicent Roberts é o real nome da boneca Barbie, que se tornou um símbolo da cultura pop
Além da Imaginação (The Twilight Zone) O seriado de ficção científica, suspense, fantasia e até terror, que estreou em 1959, conquistou o público da TV com histórias sobrenaturais Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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pelo mundo
nomes do fusca pelo mundo Assim como aconteceu com o nosso Fusca, o carrinho ganhou nomes carinhosos em todas as partes do planeta Você já conheceu alguém pelo apelido, e depois ficou surpreso ao saber seu nome verdadeiro? A minha geração conheceu o carrinho mais emblemático da nossa história pelo nome oficial, Volkswagen Sedan, mas os mais jovens, provavelmente, só conhecem pelo apelido carinhoso: Fusca. Apelido esse que, muito tempo depois, virou nome oficial. O apelido Fusca tem origem na corruptela do nome Volks, que por sua vez era a forma abreviada de dizer Volkswagen. Como em alemão o W tem som de F, o carro era chamado de “folks”. Depois, passou para “fuca”, ou “fusca”, conforme a região do país. No final, Fusca foi a forma mais usual de nomear o carrinho. Popular no mundo inteiro, o Volkswagen Sedan também ganhou apelidos em muitos países, como Vocho, no México, e Vosvos, na Turquia, nomes que não têm significado, apenas têm sonoridade parecida com Volks. Em muitos lugares, no entanto, o Fusca é conhecido como besouro, por se parecer com esse elegante inseto. Claro, cada país com sua tradução de besouro. Nos Estados Unidos, há que se refira ao carro como Bug (inseto), mas o apelido mais comum é mesmo Beetle, que literalmente significa besouro. É besouro também na Alemanha, sua terra natal (Käfer), na Bélgica, na África do Sul, na Croácia, na Holanda, na Letônia e na República Tcheca. 6
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É chamado de inseto também na Eslováquia, na Hungria e na Macedônia. Outro nome comum é escaravelho, como é chamado na Espanha e no Chile (Escarabajo), na Grécia, em Portugal e na Suíça. Nos países nórdicos, ele é conhecido como bolha (Bobble, na Dinamarca, Bubblan, na Suécia e Bobla, na Noruega). Na França ele é Coccinelle e na Itália ele é Maggiolino, como são chamados nesses países a simpática joaninha. Mais? Mais! Apesar de ser meio depreciativo, na Guatemala e Honduras seu nome significa barata (argh!). Na Indonésia e na Romênia, ele é um sapo. Na Bulgária, uma tartaruga (não serviria para o Bizorrão, né?). E em Cuba, o Fusca é chamado de Huevito, que significa ovinho. O nome Garbus é meio garboso para o Fusca, mas na verdade não é nada garboso, na Polônia, isso significa corcunda. O único nome realmente estranho nessa lista, que tirei da internet, é usado na Áustria: Kugel Porsche, que significa esfera de Porsche. Seria um Porsche arredondado? Na Finlândia ele é mesmo arredondado, pois é chamado de Kupla, que significa isso mesmo. A rica história do Volkswagen Sedan, no entanto, admite todas essas variações de demonstrações de carinho para com o carrinho, independentemente de como o chamamos. Para nós, é e será, para sempre, o Fusca.
pelo mundo País Nome Brasil Fusca México Vocho Turquia Vosvos Finlândia Kupla Guatemala Cuca Honduras Cucarachita África do Sul Kerwer Alemanha Käfer Bélgica Keverke Croácia Buba Holanda Kever Letônia Vabole Rep. Tcheca Brouk Estados Unidos Beetle ou Bug Dinamarca Bobble Noruega Bobla Polônia Garbus Chile Escarabajo Espanha Escarabajo Grécia Skaraveos Portugal Carocha Suíça Scarabée Áustria Kügel Porsche Suécia Bubblan Eslováquia Chrobak Hungria Bogar Macedônia Buba França Coccinelle Itália Maggiolino Cuba Huevito Indonésia Kodok Romênia Broasca Bulgária Kosternurka
significado
arredondado barata baratinha besouro besouro besouro besouro besouro besouro besouro besouro ou inseto bolha bolha corcunda escaravelho escaravelho escaravelho escaravelho escaravelho esfera de Porsche forma de bolha inseto inseto inseto joaninha joaninha ovinho sapo sapo tartaruga
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mini
mini: uma história Inglesa Como um carrinho popular se tornou um fenômeno cult
O
s automóveis ultracompactos, como a Isetta ou o Fiat 500, surgiram na Europa em meados dos anos 50 depois que várias tentativas de comercialização de microcarros individuais – tão minúsculos que mais pareciam brinquedos – não deram muito certo. Mas foi apenas em 1959 que o mais brilhante automóvel de sua época foi lançado, o Morris Mini. Idealizado pelo engenheiro turco 8
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Alec Issigonis, o Mini foi produzido pela British Motor Corporation – BMC – e teve vários nomes e sobrenomes, tais como Austin Seven (a Austin fazia parte da BMC), Riley, Rover e até Innocenti (a BMC licenciou o projeto aos italianos). Com o primeiro esboço do carro feito em um guardanapo de papel, Issigonis conseguiu a proeza de tornar seu Mini “maior por dentro do que por fora”, como diziam.
mini
O Mini era visto como um carro “maior por dentro do que por fora”, graças ao excelente aproveitamento interno
Alec Issigonis com o primeiro Mini, depois de 2.730.678 produzidos, e mostrando o motor transversal de 848 cm3 Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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mini
Esboço de Alec Issigonis, feito em um guardanapo
O espaço interno era o melhor do Mini
A grande sacada de Issigonis foi montar o pequeno motor de quatro cilindros em linha com 848 cm3 de cilindrada transversalmente à frente do eixo dianteiro, escapando do convencionalismo dos motores longitudinais, que era o padrão da época. Isso permitiu fazer um carro extremamente curto, com apenas 3,05 m de comprimento, e com espaço suficiente para quatro adultos e alguma bagagem. 10
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O nome mais famoso veio em 1961, quando o preparador inglês de carros de corridas John Cooper se interessou pelo Mini e projetou um motor ligeiramente maior, com cilndrada de 995 cm3, para o carro. Com essa fórmula e mais algumas adaptações necessárias, como freios e suspensões, nasce o Mini Cooper, que logo se transformou em Mini Cooper S, quando ganhou um motor com cilindrada de 1.071 cm3.
mini
Raio-X da perua Mini Coutryman, que tinha acabamento de madeira nas laterais externas
Em 1964, o Mini Cooper S ganhou o rali de Monte Carlo
Essa foi a configuração que tornou o carrinho célebre. Venceu o Rali de Monte Carlo em 1964 e não parou mais de vencer, em várias provas pela Europa. Um novo motor com cilindrada de 1.275 cm3 fez o carro ficar ainda mais potente. Além do Mini convencional, havia a versão perua, a Countryman – com acabamento lateral de madeira –, o
O Mini Cabriolet chegou apenas em 1991
furgão Traveller, e a picape, chamada de Mini Pick-Up. Em 1969 foi lançada a versão Clubman do Mini e somente em 1991 é que surgiu o Mini Cabriolet. Depois de mudar nomes e modelos durante algum tempo, a marca, então pertencente à inglesa Rover desde 1990, foi comprada pela alemã BMW em 1994. Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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mini
mini moke Em 1964 foi lançada a versão militar Mini Moke, recusada pelo exército por ser baixo e não ter tração nas quatro rodas. A versão civil, com capota de lona, fez muito sucesso. Tinha exatamente a mesma mecânica do Mini. O Mini Moke foi produzido até 1968 na Inglaterra, até 1981 na Austrália e até 1993 em Portugal. Atualmente o jipinho ainda é produzido em forma de réplica, com mecânica moderna, e uma empresa dos Estados Unidos anunciou o lançamento de uma versão de alumínio com propulsão totalmente elétrica.
Paralelamente à evolução no desempenho do carro, uma versão militar, o mini Moke, foi criada. Era um jipinho com a mecânica do Mini, que em pouco tempo se tornou um modelo civil. Mais de cinco milhões de unidades produzidas, o último Mini, com motor de 1.275 cm3, sai da linha de montagem. Mesmo vendendo a Rover em 1999, a BMW manteve a marca Mini, que renasceu no ano 2000 como um automóvel completamente novo. Maior e mais pesado, para que pudesse cumprir com as exigências de segurança de uma época 40 anos após a criação da versão original, o Mini voltou a ser um sucesso de mercado, não apenas por manter o charme que o consagrou nos anos 60, mas por ser, novamente, um carrinho extremamente competente e muito divertido.
Mini Moke, o jipe militar...
...que se tornou civil 12
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O antigo Mini, já produzido pela BMW nos anos 90
mini
Uma versão de trabalho do Mini foi criada nos anos 60, chamada de Mini Pick Up
O Mini foi produzido sob as marcas inglesas Morris, Austin e Rover, e também pela italiana Innocenti
A partir dessa segunda geração, o nome MINI passou a ser grafado com letras maiúsculas, para diferenciar da primeira geração do modelo. Os primeiros MINI fabricados pela BMW tinham motor 1.6 brasileiro, produzido pela Tritec, uma fábrica do grupo DaimlerChrysler em Campo Largo, no Paraná. Era o mesmo motor que equipava o Dodge Neon. Em 2006, uma nova geração veio com várias
melhorias visuais e de acabamento, inclusive na gama de motores, que passaram a ter a parceria da Peugeot, com o MINI adotando o mesmo motor 1.6 turbo que equipava o esportivo Peugeot RCZ. O MINI atual não para de evoluir, com mais uma grande renovação em 2013 e, atualmente, seguindo as tendências mundiais da indústria da mobilidade, com sua linha de veículos elétricos. l Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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fusca
O queridinho do Brasil Fenômeno mundial, o nosso Fusquinha passou a ter produção nacional em 1959
A
história do Fusca é uma das mais interessantes entre todas, por ser riquíssima e, também, bastante complicada. Até mesmo os historiadores entram em desacordo em relação ao início do carrinho, lá pelos anos 30, tal é a quantidade de informações conflitantes a respeito. 14
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Mas aqui, e agora, vamos nos ater à história do “nosso” Fusca, o Volkswagen brasileiro, que teve seu início de produção no dia 3 de janeiro de 1959 e término em 28 de junho de 1996. Olha aí, mais um carro cheio de história que também chegou no último dos anos 50!
fusca
O prmeiro Fusca nacional, que ainda não era chamado assim. O espelho retrovisor externo não era item de série
O primeiro Fusca foi oficialmente importado para o Brasil em 1950, exatamente como era produzido na Alemanha, pela Brasmotor, que já era conhecida por importar carros. Logo em seguida, começou a montar o carrinho em São Paulo, em forma de kit, pelo regime CKD (vinha parcialmente desmontado). Isso até 1953, quando a Volkswagen do Brasil assumiu a operação, que culminaria com a construção da fábrica da Anchieta, em 1956, em São Bernardo do Campo. A fábrica foi inaugurada em 1957 com a produção da Kombi nacional e, em 1959, os primeiros VW Sedan começaram a ser produzidos naquele local. O novo Fusca nacional ainda tinha componentes importados da matriz, com índice de nacionalização de 54%, mas algumas chapas da
carroceria já eram estampadas aqui. A maior diferença entre o último Fusca montado em 1958 e o primeiro fabricado aqui em 1959 era o vigia traseiro retangular, de maior tamanho que o famoso oval, que substituiu o duas janelas em 1953. O modelo alemão já tinha o vigia maior desde 1958, mas os montados aqui naquele ano ainda tinham a janela traseira oval. A partir daí, o Fusca começou sua escalada como fenômeno nacional. A indústria brasileira era ainda muito inscipiente, com apenas três anos de vida, e a simplicidade do “fusquinha” conquistou a maioria dos motoristas brasileiros, acostumados com o estilo norte-americano. Tanto é que, já ao fim do seu primeiro ano, foi o carro mais vendido no Brasil, posto que ocupou pelos 24 anos seguintes. Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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clássicos fusca
fusca brasileiro
O casal da TV John Herbert e Eva Wilma, rendendo homenagens ao Fusca, assim como fizeram com a Romi-Isetta
A história do Fusca brasileiro não é tão complicada quanto ao do seu irmão alemão, mas, ainda assim, difícil de ser contada em extremos detalhes. Mesmo não parecendo por fora, a cada ano o Fusca recebia muitas modificações de projeto, que iam sendo introduzidas aos poucos. As novidades mais importantes, do ponto de vista estético, eram fáceis de serem percebidas, mas muitos pequenos detalhes eram alterados sem que ninguém de fora da produção ficasse sabendo. 16
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É claro que seria impossível listar aqui todas as mais importantes novidades introduzidas no Fusca brasileiro ano a ano, mas as mais notáveis jamais saíram das mentes que qualquer apreciador da história do Fusca. O primeiro Fusca nacional já tinha as maçanetas quadradas, com botão, diferentes das maçanetas arredondadas, de “puxar”, que continuaram a ser oferecidas na Kombi. O volante também era novo, em forma de cálice, diferente do volante plano da versão anterior.
fusca brasileiro O motor do Fusca era o 1200, com câmbio de quatro marchas, sendo que a primeira sincronizada surgiu apenas em 1961. Até então, os incautos que tentavam engatar a primeira marcha com o carro em movimentos escutavam uma sonora “arranhada”. A menos que soubessem utilizar o recurso da dupla debreagem… Como eu já havia mencionado algumas vezes, eu também vim a esse mundo no ano de 1959 (talvez, por causa disso, tenho tanto apreço aos automóveis contemporâneos), por isso, a menos que eu fosse um bebê de outro mundo, não poderia ter acompanhado a evolução do Fusca desde o início. Mas lembro de muitos detalhes que iam sendo alterados ano a ano, principalmente devido aos carros de teste que meu pai trazia para casa (além, é claro, de ouvir seus relatos sobre cada mudança). Posso ser traído, um
clássicos fusca
pouco, pela memória de criança, mas em casa tínhamos um Fusca 1959, o da minha mãe, e meu avô também tinha um de mesmo ano. Lembro bem que, às vezes, o carro da minha mãe apagava, e ela nem ficava preocupada: bastava virar a torneira de gasolina para a posição reserva, como em uma motocicleta, e seguir até o posto mais próximo. O Fusca ainda não tinha o marcador de nível de combustível e a torneira ficava logo acima do acelerador. Outro detalhe inesquecível era a garrafinha de plástico embaixo do painel, que, ao ser apertada, lavava o pára-brisa. As novidades eram empolgantes: em 1962 as lanternas traseiras ficaram maiores e ganharam uma posição na cor laranja, para os piscas, que também foram para os paralamas dianteiros. Acabava, então, a era das “bananinhas” laterais. Em 1964, a luz da placa ficou mais larga.
À esquerda, a garrafinha de apertar, para lavar o para-brisa. À direita, a torneira da reserva do tanque de gasolina Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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fusca
fusca brasileiro
O Volkswagen 1965 chegou com uma enorme novidade: o teto solar. Para quem curte e conhece esse acessório, o teto solar do Fusca 65 era uma maravilha, de metal, com acabamento igual ao do teto e acionado por uma manivela escamoteável. Mas a mania que o brasileiro tem de dar importância à sua imagem, principalmente a de machão, infelizmente, acabou com
uma alegria efêmera: apelidado de “cornowagen”, o Fusca com teto solar original de fábrica foi repudiado pelos compradores. E mais: a maioria dos que haviam comprado com o item mandaram fechar o tal teto. Ninguém queria ser chamado de corno. As poucas unidades que sobraram, então, hoje são consideradas relíquias de um passado obscuro…
O Fusca 1965 e a maior das novidades, o teto-solar. Lembro desse dia, na praia, experimentei em primeira mão 18
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fusca brasileiro
fusca
Em seu segundo ano de produção nacional, o Fusca ainda não havia recebidos as primeiras melhorias
Sendo um veículo essencialmente popular, o Fusca teve uma versão Pé de Boi e foi muito usado em frotas públicas
Foi em 1966 que o Fusca teve uma das mais significativas alterações, geralmente ignorada pela maioria dos “conhecedores” do modelo. Com a maior evolução programada para o ano seguinte, a adoção do motor de 1.300 cm3, o Fusca 66, ainda com motor de 1.200 cm3, incorporou algumas das melhorias que só viriam no ano seguinte. Como os limpadores de para-brisa, que passaram a parar do lado do
motorista e não mais do lado do passageiro, melhorando o campo de visando em dias chuvosos. E o vigia traseiro fica ainda maior, mesmo que, sem a comparação visual direta entre os dois tamanhos, muitas vezes não se percebe a diferença. Esse Fusca 1966 de última série ficou conhecido como “modelinho” e costuma confundir os entendidos, que acabam achando que alguma coisa não é original. Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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fusca
fusca brasileiro
A versão definitiva do novo Fusca chegou em 1967, com estardalhaço. Apelidado de “Tigre”, devido ao motor de 1.300 cm3, mais potente, ele acabou sendo o porta-voz de muitas melhorias já introduzidas no “modelinho” de 1966. Foi também no Tigre que o comutador de farol alto/baixo passou do pé esquerdo para uma chave na alavanca do pisca. Mas ainda tinha o sistema elétrico de 6 volts não o de 12 volts, o que seria divulgado, oficialmente, apenas
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no Fusca de 1968. Só que, para manter as informações sempre com uma pequena dúvida, alguns 67 já saíram com 12 volts. Sei disso porque tenho dois Fusca 1967 originais, um 6 volts e um 12 volts. Expostos nos pontos de venda, as concessionárias VW, o Fusca “Tigre” tinham uma longa cauda que se mexia, ligada a um mecanismo elétrico embaixo da tampa do motor, que ficava meio aberta. Como na fotografia abaixo.
fusca brasileiro
fusca
À esquerda, o Super Fuscão, chamado de Bizorrão, e à direita uma versão mais despojada do Fuscão 1500
Outra grande evolução no Fusca aconteceu em 1970. A primeira série ainda era igual ao 1969, que passou a ter, entre outras inovações, o espelho retrovisor externo em forma de raquete. Já a segunda série marcou uma guinada no visual do carro, adotando os para-choques altos de lâmina única iguais aos da versão européia de dois anos antes. Foi aí que veio o Fuscão, cujo motor de maior cilindrada, de 1.500 cm3, exigiu a adoção da tampa traseira “gorda”, com aberturas para melhor refrigeração. As rodas passaram a ter fixação por quatro parafusos e a nova lanterna traseira passa a ter luz de ré. Para manter uma versão ainda com motor de 1.300 cm3 e rodas de cinco furos, o Fusca mais simples manteve as lanternas traseira e não “mereceu” as aberturas na tampa do motor. Mas ganhou os novos para-choques e o apelido de “Fusquinha”, para diferenciá-lo do “Fuscão”. A partir daí, o Fusca foi ganhando pequenas novidades ano a ano. Em 1973, os faróis ficaram “de pé” e, no ano seguinte, surgiram as grades em forma de meia-lua nas colunas “C”.
Em 1974 veio a versão especial que hoje é o delírio dos fuscamaníacos: o Bizorrão. Com uma indiscreta caixa de ar de plástico preto na parte externa da tampa do motor, o Volkswagen 1600S tinha motor de 1.600 cm3 com dois carburadores, bancos reclináveis, volante esportivo, conta-giros e rodas de 14 polegadas com pneus radiais opcionais. Até 1986, ano do primeiro “fim” do Fusca, muita coisa foi alterada no modelo, como as lanternas traseiras grandes e redondas, estilo “Fafá”, o motor a álcool de 1.300 cm3, ignição eletrônica, alternador, e, finalmente, em 1983, a adoção oficial do nome “Fusca”. Sete anos depois, o Fusca volta com o apelido de Itamar e entra na isenção de impostos prevista para carros com motores de até 1.000 cm3 (tinha 1.600 cm3, mas foi criada uma exceção para motores refrigerado a ar). Isso provocou uma razoável sobrevida para o modelo, que, apesar de ainda ter seu carisma, já não era mais visto como aquele carrinho bacana de sempre. O Fusca brasileiro teve produção encerrada, definitivamente, em 1996. l Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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fusca
fusca brasileiro minha história com o fusca
O Fusca está na terceira geração da família, prestes a entrar na quarta geração. A cor das rodas está errada
Pode ser que vocês já tenham lido sobre a minha história com o Fusca, mesmo assim, eu conto de novo. Desde pequeno, Fusca não tinha vez em minha casa, com exceção dos carros de teste que meu pai trazia (me diverti muito com o cornowagen, lá na praia). Ele dizia que o motor 1200 era fraco e não permitia preparação, por isso me acostumei com os carros maiores, principalmente o Simca. Mas eis que tudo mudou em 1967, pois o motor 1300, completamente diferente do antigo, podia ser “envenenado”, em especial com a troca dos kits de cilindro e pistões para aumentar a cilindrada. Foi quando os Fuscas apareceram lá em casa: quatro deles foram preparados para serem carros de instrução para a escola de pilotagem, meu pai comprou um para ele (bem envenenado, por sinal) e até o meu avô, que morava conosco, comprou um, “zero” km. E esse é o meu Fusca especial. 22
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Em 1972, com problemas de visão devido à diabetes, meu avô vendeu seu impacável Fusquinha para meu pai, que o guardou na garagem e o esqueceu. Pelo menos eu pensava assim. Com 12 anos de idade, o Fusca era minha diversão da tarde, após a escola. Um dia, cansado de tomar chuva de moto, pedi um carro para meu pai, que me disse: – Você já tem um! Pensa que eu não sei que você sai todos os dias com o Fusca? Esse foi, então, o meu primeiro carro. Hoje, esse é meu pior Fusca. Claro, imaginem o que eu fiz com o carrinho até 1978, quando comprei meu Fiat 147? Ralei, envenenei, rebaixei, furei, pintei e despintei. Até que um dia, já aposentado, fiz uma tosca restauração. Ele merece uma nova restauração, que está nos planos. História ele tem. Está hibernando há muito tempo entre outros Fuscas, alemães, brasileiros, mexicanos, com câmbios automáticos e manuais. Paciência, Fusquinha.
fusca brasileiro
fusca
O Fuscão 1972 é um bom representante da segunda grande evolução do Fusca brasileiro
Saudade do Fuscão preto 1970. Era da família. Fizeram parte, também, da escola de pilotagem, em Interlagos
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fusca
personalizados
Meu Fusca é diferente!
E
Tudo pode acontecer com um Fusca
ssa história de customização vem de longe. Muito popular entre jovens norte-americanos nos anos 50, a moda chegou ao Brasil logo nos primeiros anos da nossa indústria. Principalmente nos anos 60, a oferta de acessórios para os modelos nacionais era grande, sendo que a maior parte dos itens era mesmo para o Fusca. E não faltaram equipamentos bizarros, como é o caso do capô de Rolls Royce. E a moda pegou.
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Muitas formas de customização foram feitas em cima do Fusquinha, para quem lembra dos anos 60. Vidros bolha, coloridos, alteração da tampa do motor, embutindo a placa, ar-condicionado e para-choques especiais eram alguns dos itens, mas as reformas radicais, alterando completamente a estrutura e o visual do carrinho, parecem ser as preferidas. Veja alguns exemplos de transformação radical tomando-se por base o Fusca nacional. l
personalizados
fusca
Se no Brasil a moda era a frente de Rolls Royce, nos Estados Unidos a preferência era pelo Ford 40. Bem parecido Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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esportivos
Austin Healey 3000 O melhor dos Big Healey chegou em 1959, mas a sua cativante história começou alguns anos antes
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esportivos
A
história do Austin Healey 3000 é mais uma que esbarra no retorno dos soldados norte-americanos da Segunda Guerra na Europa. Acostumados com grande cilindrada e pouca esportividade, o contato com os pequenos esportivos europeus, em especial Jaguar e MG, os conquistou, fazendo com que sua importação aumentasse muito para os Estados Unidos. Foi a causa da criação do Chevrolet Corvette. O primeiro Healey surgiu em 1952 na Inglaterra, depois que Donald Mitchell Healey, um piloto de ralis que iniciou sua marca em 1945, começou a produzir alguns carros pesados, com motores Riley e Nash. Até que percebeu uma lacuna entre os dois mais desejados esportivos da
época, o caro Jaguar XK 120 e o simplório porém excitante MG TD. Criou, então, um Healey muito leve e veloz, adotando motor Austin de quatro cilindros. Era o primeiro Healey 100, de 1952. Ao levar seu novo esportivo para a sua estréia no salão de Earls Court, naquele mesmo ano, ele conheceu alguns executivos da BMC, British Motor Company, empresa recémcriada pela união da Austin e da Morris. Eles estavam procurando um novo carro esporte para vender no promissor mercado norteamericano, quando decidiram que aquele seria o novo esportivo da BMC. Assim, aquele belo roadster entrou no salão como Healey 100 e saiu como Austin Healey. E conquistou os americanos.
Jean Paul Belmondo e seus Austin Healey. O da esquerda é um Austin Healey Sprite, com carroceria do MG Midget Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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esportivos
austin healey 3000
O Austin Healey foi vitorioso também em competições, em especial em ralis 28
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austin healey 3000
Austin Healey 3000 Mark III de 1965, em Araxá, 2012
A troca do quatro cilindros pelo seis aconteceu em 1957, usando um motor de 2,6 litros já conhecido do Austin A90, mas foi só em 1959 que o esportivo chegou ao seu ponto de melhor eficiência, com o novo seis cilindros de 2,9 litros e transmissão reforçada para suportar o maior desempenho. Estava criado o mito, o Austin Healey 3000. A aceitação foi imediata e o Austin Healey 3000 foi até equiparado ao Jaguar XK 120, pela imprensa
esportivos
Austin Healey 100/6 de 1958, em Araxá, 2016
especializada. Fez sucesso também nas competições, especialmente nos ralis. As evoluções prosseguiram, com o Mark II em 1961 e o Mark III em 1964. A produção foi encerrada em dezembro de 1967, com o último carro terminando de ser montado em março de 1968. Foram produzidos 72.022 Austin Healey, sendo que 90% das unidades equipadas com motor de seis cilindros foram exportadas para os Estados Unidos. l Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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Como um foguete Símbolo de ostentação nos anos 50
O Cadillac Eldorado 1959 ficou marcado por ser um dos automóveis mais ousados de sua época, com um rabo de peixe exuberante e comprimento total de 5,7 metros. E a palavra Cadillac virou referência para coisas muito boas
C
hili Palmer, personagem de John Travolta em “O Outro Nome do Jogo” (Be Cool, 1999), espera seu carro no valete ao lado de Martin Weir, personagem de Danny DeVito. Quando o seu carro chega, um simplório compacto, Martin tira uma onda com o amigo: “esse é o teu carro, Chili?” Para justificar dirigir um carro pouco respeitado nos Estados Unidos (na época), ele sai por cima: “é um Honda Insight, amigo, o Cadillac dos híbridos!”. “E a velocidade?” retruca Martin. A resposta de Chilli é antológica: “Se você é importante, as pessoas te esperam”. 30
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Esse é o diálogo que considero um dos mais geniais na história do cinema. Se foi um merchandise da Honda eu não sei, porque elevou o conceito do carro, mas deixou claro que era um veículo lento. Mas usou a marca Cadillac para definir alguma coisa muito boa. Se estamos acostumados a ouvir “o Rolls-Royce de alguma coisa”, para dizer que tal produto é realmente bom, é por causa da origem européia da expressão. Para os americanos, em sua terra natal o supra-sumo da qualidade é mesmo o Cadillac. Mas, afinal, de onde veio o Caddy? Por que ele é tão bom?
cadillac
A versão perua do Cadillac 1959, que ficou bem conhecida pela sua variação como ambulância
Ícone dos tempos: o Cadillac conversível de 1959. Quem é que não gostaria de desfilar em um desses?
A foto do catálogo de época já destacava a exuberância do Cadillac conversível Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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cadillac
O Cadillac Eldorado 1959 conversível é o símbolo de uma época. O Cadillac do Roberto Carlos é um 1960 32
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cadillac
A história da fundação da Cadillac, em 1902, é muito interessante, uma vez que tem origem em uma das empresas de Henry Ford. Tema para uma futura reportagem, no entanto. O fato é que, desde o seu início, a obstinação pela qualidade e novas tecnologias fizeram com que, em 1909, a General Motors adquirisse a empresa, uma transação milionária. O primeiro automóvel a ter partida elétrica, não por acaso, foi um Cadillac, em 1912.
A partir daí, praticamente todos os modelos Cadillac são fabulosos, mas foi o Eldorado de 1959 que arrasou, com exagerados atributos visuais e de dimensões. Com comprimento de 5,7 metros, o que mais se destaca, no entanto, são as linhas futuristas do rabo de peixe avantajado, com detalhes que lembram um foguete, como as lanternas traseiras. Essa exuberância é ainda mais relevante na versão conversível do Cadillac de 1959, que ressalta a traseira. l Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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chevrolet
Chevrolet 1959 De passeio ou de trabalho, um belo visual
Chevrolet Parkwood 1959, uma das muitas versões da perua derivada do Chevrolet Impala
A
edição de 1959 de um dos mais populares automóveis americanos é, também, uma das mais marcantes. Mesmo sem o grande luxo das outras marcas do grupo General Motors, o Chevrolet 1959 conseguiu ser, ao mesmo tempo, ousado e muito popular. Esse foi o ano da estréia da picape El Camino, derivada do Impala, e da perua Chevrolet Parkwood, derivada do Bel Air (a versão mais luxuosa da perua era derivada do Impala, a Chevrolet Nomad de duas portas). A linha de peruas Chevrolet contava com muitas variações, para cinco, seis ou nove ocupantes, cada uma com seu nome específico, como a Brookwood e a Kingswood. A perua Chevrolet Parkwood foi produzida apenas em 1959 e 1950. 34
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Já a picape El Camino teve cinco gerações, até 1987, sendo que nesse úlltimo ano foi fabricada no México. O Chevrolet El Camino foi um sucesso absoluto no primeiro ano, superando em muito a concorrente Ford Ranchero, que era produzida desde 1957. Em 1960, a picape El Camino foi redesenhada e, com isso, as suas vendas caíram brutalmente, levando ao fim do modelo de imediato. Mas voltou em uma nova geração em 1964, desta vez baseada no Chevrolet Chevelle e deixando de lado o luxo, favorecendo o uso do modelo para o trabalho. A última geração, de 1985, já não tinha tanto apelo, pois os usuários estavam migrando para as picapes médias, como a Chevrolet S10. l
chevrolet
De qualquer ângulo, as versões com carrocerias derivadas do Chevrolet 1959 são todas muito belas Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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os carros de 1959
Muita inspiração A criatividade ao fim de uma década
O Ford Galaxie de 1959 marcou a transição da ousadia da década com o visual comportado que viria nos anos 60
A
lguns dos automóves que mais admiro foram lançados em 1959. O Chevrolet Impala, como modelo independente (em 1958 ele era uma versão superior do Bel Air), o Mini, o Austin Healey e o Fusca nacional. Nesse ano, outros modelos já existentes atingiram seu ápice de ousadia e sofisticação, como o Cadillac Eldorado, em sua quarta geração. Mas há outros carros igualmente interessantes, um pouco menos famosos do que os listados, que poderiam muito bem figurar em uma importante lista de desejos. Vamos começar com um bem conhecido, o Ford Galaxie. Nós, os brasileiros, ficamos bem íntimos do Galaxie quando ele foi lançado no Brasil, em 1967, trazendo luxo e conforto antes inexistentes em qualquer modelo nacional. 36
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O Galaxie foi o primeiro carro de passeio da Ford no país e foi produzido até 1983, nas versões Galaxie, LTD e Landau. O Galaxie americano, no entanto, foi lançado nos Estados Unidos em 1959, como uma versão superior ao Fairlane 500, com seu novo nome aproveitando a popularidade dos assuntos espaciais que o país vivia naquele momento. O Ford Galaxie também era o top da marca naquele país, sendo que em 1962 ele foi promovido a Galaxie 500 e depois LTD, em 1965. Até então, o modelo não era tão atraente quanto seu rival Chevrolet, ano a ano, pelo menos na minha opinião, mas a sua terceira geração, de 1964, chegou a uma beleza atemporal. Foi a geração que desembarcou no Brasil dois anos depois.
os carros de 1959
Ford Galaxie 1959 Skyliner, com capota rígida escamoteável de acionamento elétrico e kit continental do estepe
Essa é a terceira geração do Ford Galaxie, de 1964. Foi esse modelo que fez, e ainda faz, muito sucesso no Brasil
Em sua terra natal, o Ford Galaxie ainda teve uma quarta geração, em 1969, com uma bela reestilização, mas que não ficou tão marcada como a anterior. Seu último ano foi 1974, quando já não era um carro tão
bonito, porque já trazia algumas características visuais que marcariam a maioria dos grandes carros americanos da década seguinte. A partir do ano seguinte, passou a ser chamado apenas de Ford LTD. Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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jaguar mark 2
O Jaguar Mark 2 era um sedã médio com bastante esportividade.
Do outro lado do Atlântico, outro ícone surgia em 1959. O Jaguar Mk2 é, ainda hoje, um dos sedãs médios da marca inglesa mais consagrados, o preferido pelos grandes pilotos de competição ingleses da época. O Jaguar Mark 2 substituiu o Mk1 com três motores de seis cilindros em linha disponíveis, de 2.483 cm3, de 3.442 cm3 e de 3.781 cm3, sendo 38
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que este último, com potência de 223 cv, também era utilizado no esportivo Jaguar E-Type. O Jaguar Mark 2 foi produzido com esse nome até 1967, quando o maior motor foi descontinuado e as duas versões remanescentes foram rebatizadas de 240 e 340, com produção até 1969. O modelo não teve sucessor.
dkw junior
os carros de 1959
O belo DKW F12 Cabriolet, que foi produzido em tiragem limitada, era a evolução do pioneiro DKW Junior
Da Alemanha, chegou, em 1959, o pequeno e popular DKW Junior. O destaque do modelo era o motor de três cilindros dois tempos dianteiro, com tração dianteira, a mesma configuração com a qual chegou aqui o nosso DKW Vemag, só que com cilindrada de 741 cm3. O carro já havia sido apresentado no Salão de Frankfurt dois anos antes, com o nome de DKW 600 e motor de 600 cm3, mas só teve início de produção em 1959, com o motor maior e com o nome de Junior. Em 1963 o carrinho perdeu o nome e o interesse, passando a chamar DKW F11, com motor ligeiramente maior, de 800 cm3. Mesmo com um motor um pouco mais potente, de 900 cm3 e 45 cv, e com o nome de F12, o interesse pelos motores dois tempos estava caindo e a produção foi encerrada em 1965. Em 1964 houve uma versão bem restrita do belo DKW F12 Cabriolet.
DKW Junior de 1959 Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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os carros de 1959
buick Lesabre
Chevrolet Bel Air 1956 conversível: a mais alta classe em uma linha popular
Mais um americano. A marca Buick representava um pouco mais de luxo e sofisticação em relação à Chevrolet, ambas pertencentes ao grupo General Motors. E em 1959, como não poderia deixar de ser, a Buick apresentou um novo carro que, apesar de não ter hoje a fama de um Impala ou de um Cadillac, era um modelo belo e muito marcante. O Buick LeSabre foi o resultado comercial de um dos carros-conceito 40
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mais importantes dos anos 50, de mesmo nome, e, apesar de não ter as ousadas soluções estéticas do show car mostrado oito anos antes, seguia um padrão visual diferente do que a marca estava acostumada. O Buick LeSabre foi produzido até 2005 em oito gerações, já não mais com a forte identidade original, da qual começou a se afastar a partir da segunda geração do modelo, de 1962, que tinha a cara dos anos 60.
buick Lesabre
os carros de 1959
No alto, o concept-car LeSabre, apresentado em 1951. Oito anos depois, surgiu o Buick LeSabre Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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panhard pl
Da França, um automóvel curioso, em diversos sentidos. Como alguns ancestrais conterrâneos, O Panhard PL, lançado em 1959 e produzido até 1965, não tinha grade dianteira destacada, apenas uma pequena abertura para a entrada de ar para a refrigeração do motor, um boxer de dois cilindros e 851 cm3, refrigerado a ar por ventoinha, como o do VW.
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Outra curiosidade era a abertura do capô, que levantava inteiro, com faróis e tudo, dando amplo e fácil acesso para reparos mecânicos. O PL do nome do modelo teve origem em Panhard et Levassor, que era o nome original do fabricante. Essa marca ficou notória por introduzir diversos sistemas mecânicos revolucionários.
saab - skoda
os carros de 1959
A estranha perua sueca Saab 95, com motor doistempos de três cilindros. Abaixo, o Skoda Octavia
Agora da Suécia. A perua Saab 95 era, também, um veículo um tanto estranho, mas bem simpático. Tinha tração e motor dianteiro dois tempos de três cilindros, em uma concepção parecida com a do nosso conhecido DKW, pois tinha câmbio de quatro marchas na coluna, sistema de roda
livre e as portas dianteiras suicidas, ou seja, abriam para trás. Da Tchecoslováquia, claro, um Skoda. O modelo mais famoso da marca é o Octavia, produzido de 1959 até 1971. Ganhou esse nome por ser o oitavo modelo lançado pela marca Skoda.
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bmw - datsun
O BMW 700 tinha motor traseiro de dois cilindros opostos, o mesmo das motocicletas
Os carros da BMW parecem ter sempre a mesma identidade visual, como a grade dianteira dividida, seja lá qual for o tamanho ou o formato. Mas a marca alemã produziu alguns modelos de aparência mais comum. O BMW 700, produzido de 1959 a 1965, nem poderia ter a famosa grade dianteira, uma vez que tinha motor traseiro flat-twin de 700 cm3, o mesmo utilizado nas motocicletas. Com carrocerias sedã e cupê, ambas de duas portas, o 700 foi o último BMW projetado para o segmento dos carros populares. A marca japonesa Datsun também tem um modelinho de 1959 pra lá de simpático, pouco conhecido, que é o 2000 Sports. O pequeno roadster foi o precursor da família Z, tanto é que também usava o nome de Fairlady, assim como o Datsun 240Z. 44
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A primeira geração do Datsun Sports foi produzida em pequena escala até 1961, apenas 20 unidades com motor de quatro cilindros de 988 cm3 – o que o torna o mais raro dos Datsun – mas a segunda geração teve grande produção em série até 1970, sendo exportado para os Estados Unidos com volante do lado esquerdo e tornando-se um sucesso, competindo no mercado com os pequenos roadsteres ingleses.
O simpático roadster japonês Datsun Sports
fiat - citroën Um carrinho – ou um carrão, para os italianos – pelo qual eu sempre tive uma grande simpatia, era o Fiat 1800. Sedã de quatro portas, com uma versão perua, era o verdadeiro carro da família italiana nos anos 60.
os carros de 1959
Lançado em 1959 com motor de 1.800 cm3, teve versão alongada com motor de 2.100 cm3 para ser usada por diplomatas, mas o que o tornou popular foi a versão simplificada de 1963, com motor de 1.500 cm3.
O Fiat 1800 se tornou o verdadeiro carro da família italiana, nos anos 60
Mais um carro popular francês pouco conhecido, o Citroën Bijou, um cupê quase tão simplório quanto o que lhe serviu de base, o famoso Citroën 2CV. Com carroceria de fibra de vidro, o motor de dois cilindros e 425 cm3 não foi suficiente para boa receptividade do mercado o inglês, alvo dos franceses. Mesmo sendo de plástico, era mais pesado do que o 2CV. Apenas 210 unidades do Bijou foram produzidas, o que o torna um raro e desejável clássico.
O simplório e pouco conhecido Citroën Bijou Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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os carros de 1959
Maserati - bentley
O Maserati 5000 GT era feito sob encomenda para grandes personalidades dos anos 60
O primeiro Maserati 5000 GT, chamado de Xá da Pérsia
Um italiano de nome famoso tão raro quanto estranho. O Maserati 5000 GT, produzido sob encomenda em pequena escala de 1959 até 1966, era um cupê de duas portas baseado no 4500 GT com carrocerias criadas por oito carrozzieri diferentes. O primeiro deles, chamado de Xá da Pérsia, foi feito para Mohammad Reza Parlev, que ficou impressionado pelo desempenho do carro original. Alguns detalhes do carro foram inspirados na arquitetura barroca da antiga Pérsia. 46
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Cada mercado refletia o gosto dos motoristas naqueles anos 50. Os ingleses, ousados nos esportivos, eram mais conservadores nos sedãs, mesmo que estes tinham grande dose de esportividade. O Bentley S2 é um bom exemplo disso. O desempenho era um dos grandes atrativos do luxuoso carro, que vinha equipado com o novo motor V8 Roll-Royce da Serie L, substituindo o comportado seis em linha da versão S1. O Bentley S2 foi produzido de 1959 até 1962.
O Bentley S2 tinha um potente motor V8 Rolls-Royce
studebaker - triumph
Studebaker Lark de primeira geração
Nos Estados Unidos, os novos carros de 1959 não eram apenas os exuberantes sedãs e conversíveis com rabos de peixe quase descomunais. Algumas marcas, mesmo as ousadas como a Sudebaker, antecipavam a década seguinte com modelos de linhas mais retas e simplificadas. É o caso do Lark, sedã comportado que foi produzido até 1966. A primeira geração do Lark teve boas vendas, pois ao fim da década já existia o desejo de carros menores e mais econômicos, ao mesmo tempo em que as três grandes marcas, que ditavam as regras de mercado, ainda não tinham seus compactos para vender.
Segunda geração, versões conversível e station wagon
os carros de 1959
Por fim entre os automóveis mais representativos que surgiram no ano de 1959, o inglês Triumph Herald é um daqueles carros não lembrados com facilidade mas interessantes o suficiente para figurar nas melhores coleções. Compacto, configurado como duas portas e quatro lugares, o Triumph Herald era, antes de tudo, bem elegante.
O Triumph Herald Cabriolet, de quatro lugares
Foi produzido nas configurações cupê, sedã, conversivel e perua, com carrocerias assinadas pelo designer italiano Giovanni Michelotti e com motor de um litro. Vendeu muito bem na Inglaterra até seu último ano, 1971. O Triumph Spitfire, pequeno roadster de dois lugares, foi baseado no Triumph Herald. É claro que outros modelos foram introduzidos no ano de 1959, alguns com muita importância entre nós, como o Simca Chambord. Mas esse certamente merece maiores detalhes sobre a sua história, que será contada em breve. l Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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Rali
Raid de clássicos Os antigos foram para a estrada, disputando o Rallye de Campos do Jordão, pelo MG Club Brasil
O
único Ford Mustang inscrito no Raid Campos do Jordão foi o vencedor da Edição Pedra do Baú do rali, organizado pelo MG Club do Brasil no último mês de dezembro. A dupla formada pelo piloto Fernando Leibel e pelo navegador Adriano Braz venceu os dois passeios cronometrados, o noturno, na noite de sexta-feira, e o diurno no sábado. Ambos tiveram a mesma dupla classificada em segundo lugar, o piloto Antonio Marcucci e a navegadora Ana Assunção, com um Puma GTS 1974.
O raid noturno teve largada e chegada na Pousada do Quilombo, em São Bento do Sapucaí, e foi decidido por apenas um ponto: o Mustang perdeu 13 pontos e o Puma perdeu 14. Américo Nesti e Danilo Nunes, com um BMW 320 1976, ficaram em terceiro lugar. A vantagem de Leibel e Braz foi maior no raid diurno, com largada na Pousada do Quilombo e chegada na Vinícola Villa Santa Maria: 23 pontos perdidos, enquanto Marcucci e Ana perderam 52. Em terceiro, Leandro e Lizandra Mazzoccato, com Alfa Romeo 2300 Ti 1986.
O Ford Mustang 1969 vencedor do raid, da dupla Fernando Leibel e Adriano Braz 48
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Rali
O Puma GTS 1974 de Antonio Marcucci e Ana Assunção foi o segundo nas duas provas
O BMW 320 1976 de Américo Nesti e Danilo Nunes, terceiro lugar na prova noturna
O Alfa Romeo 2300 Ti 1986 de Leandro Mazzocato e Lizandra Mazzocato, terceiro lugar na prova diurna Cultura do Automóvel Fevereiro 2022
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Rali
Raid Campos do jordão
No alto, o MG B GT 1974 de Pedro e Vera Lambiasi, acima, o MG B GT 1967 de Manoel Cintra e Pedro Lambiasi
De posse dos troféus conquistados pelas duas vitórias, Fernando Leibel elogiou o raid: “Já participei de muitas provas do MG Club do Brasil e esta foi uma das melhores”, afirmou. “O raid noturno é sempre desafiador, porque há maior dificuldade para ver as referências. O diurno foi interessante porque, apesar de não ser longo, o percurso foi quase todo em subida e isso aumentava o desafio para manter as médias. Em raids de regularidade, a dupla precisa ser metódica, ter atenção o tempo todo e ser 50
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criterioso com aferições e verificação do carro antes da prova. E o papel do navegador é fundamental.” Fernando Pimentel, presidente do MG Club do Brasil e também participante do raid, ficou satisfeito com o Raid Campos do Jordão – Edição Pedra do Baú: “Foi um sucesso, todos ficaram contentes e elogiaram a prova. O tempo também ajudou: quente e sem chuva. Ficamos quase dois anos sem fazer raids por causa da pandemia e esperamos poder fazer mais eventos como este em 2022”. l
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