No 39 – setembro 2022
cultura do
automóvel
automóveis e motocicletas
lançamentos - impressões - história
Araxá
Chevrolet
Kadett Valongo
O melhor automóvel nacional dos anos 80
500 milhas
estação luís carlos
E DI TOR I
A
AL
Acelerando GS
foto abaixo mostra o momento de folga durante a avaliação do novo Chevrolet Kadett no Campo de Provas de Cruz Alta, em 1989. O bosque ao redor daquele refúgio paradisíaco – mas que todos vão lá para trabalhar – era o melhor lugar para fugir do calor daquele dia de verão. Na foto, ao meu lado, Ricardo Caruso e Josias Silveira, colegas de redação, e, em frente, Gerson Borini, o engenheiro da General Motors que foi destacado
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para nos acompanhar nos testes com o novo Kadett. nnn
Os encontros de amantes do antigomobilismo estão cada vez mais numerosos, o que reflete a febre pela história automotiva que a todos acometeu. Nesta edição mostramos o evento máximo brasileiro dos antigos, em Araxá, e dois encontros de motocicletas clássicas, que também vem crescendo bastante, no Valongo e em Guararema.
NESTA EDIÇÃO
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No 39 - Setembro 2022
sumário
04 Chevrolet Kadett
Lançado no último dos anos 80, foi o melhor carro da década
16 Brazil Classics Kia Show 2022
Mais conhecido como encontro de Araxá, é um evento de nível internacional
34 Valongo Moto Classic
O encontro anual de motocicletas clássicas no centro histórico de Santos já é uma tradição
40 1o Expo Guararema Moto Clube
Foi a primeira edição do evento, mas o local nos diz que poderá, também, se tornar uma tradição
44 Carros no cinema
O filme 500 Milhas, com Paul Newman, completa a trilogia com as principais provas do mundo
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história
Chevrolet Kadett O início da renovação V
ocê sabe quantos modelos de automóveis estão disponíveis para os brasileiros atualmente? E sabe quantos novos modelos foram lançados neste ano? Muitos. Desde a abertura das importações de veículos, no início dos anos 90, mais e mais marcas foram chegando, instalando subsidiárias e abastecendo o nosso mercado com que há de melhor no mundo em termos de automóveis e motocicletas. Mas não era assim. Desde a implantação da indústria automobilística nacional, em 1956, os brasileiros se acostumaram com as poucas marcas de carros, com poucos modelos de cada uma. Os modelos estrangeiros eram raros,
custando muito caro e com imensa dificuldade de importação. Nos anos 70 essa realidade foi consolidada, com a proibição definitiva das importações de veículos. Restavam, então apenas Volkswagen, Chevrolet, Chrysler, Ford e, chegando por último, a Fiat. Com modelos já existentes em seus países de origem, a indústria nacional de automóveis se contentava em dar um “tapa” no visual de alguns deles, sempre que o mercado exigia algum tipo de renovação. Até que chegou ao Brasil um automóvel que em nada ficava devendo ao que existia de melhor no mundo, em seu segmento, o novo Chevrolet Kadett.
O Chevrolet Kadett chegou em 1989 para atualizar o line up da marca, que ainda tinha Opala, Chevette e Monza 4
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história
Motor do Chevrolet Kadett GS
O Chevrolet Kadett foi lançado no Brasil em 1989 com muito alvoroço, afinal, era um modelo mundial, com inovações tecnicamente superiores ao que se conhecia por aqui. E algumas dessas novidades seriam conhecidas pelos brasileiros em primeira mão, como computador de bordo, vidros colados, suspensão traseira com regulagem pneumática
e um projeto aerodinâmico de baixo coeficiente de resistência. A ideia inicial era lançar o Kadett nas versões hatch e perua, que ainda não tinha nome, e só no fim de 1989 disponibilizar a versão esportiva GS, mas, felizmente, mudaram de ideia e lançaram o esportivo como o objeto de desejos do novo modelo. A perua Ipanema chegou em setembro. ç
Comparativo entre os coeficientes de resistência aerodinâmica dos automóveis da época Cultura do Automóvel Setembro 2022
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história
Chevrolet Kadett
Raio X da versão GS do Chevrolet Kadett, que tinha motor de maior cilindrada e algumas diferenças mecânicas
Para aquele fim de década, as novidades tecnológicas que vieram no Kadett, apesar de atualmente parecerem brinquedos ultrapassados, eram muito interessantes. O que se chamou de computador de bordo nada mais era que um medidor de fluxo de combustível, de distância e de tempo, o que resultava em dados de consumo instantâneo e médio, distâncias percorridas, velocidade média e autonomia do tanque. Ainda tinha cronômetro e mostrava a hora. Outro item interessante no Kadett era o painel do Check Control, com sete luzes que, se acesas, indicavam algum problema. Todas acendiam ao dar a partida no carro, e todas deveriam apagar caso estivesse tudo ok. Mas esse foi um dos defeitos crônicos do modelo, pois elas não apagavam, mesmo se não houvesse problemas. Nos meus três Kadett, 6
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isso aconteceu o tempo todo (tive também um Turim). A suspensão traseira com auxílio pneumático também deu o que falar, mas, no fim, era apenas um artifício para manter a altura do carro de acordo com a carga no porta-malas. O ar comprimido era colocado por um bico no porta-malas, da mesma forma que se calibrava um pneu, e não afetava no funcionamento da suspensão nem no desempenho dos amortecedores. O Chevrolet Kadett foi lançado com motor 1.8 a gasolina ou álcool (ainda não existiam os motores flex), de 99 cv e 95 cv, respectivamente, e 2.0 a álcool no GS, de 110 cv. Este tinha as relações de transmissão mais curtas, assim como os pneus de perfil mais baixo, tornando o carro mais esperto e mais esportivo. No ano seguinte, isso mudou.
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Kadett GS vermelho, o mais bonito no lançamento
história
Para ficar mais silencioso e mais confortável, além de economizar um pouco de combustível, o Kadett GS de 1990 tinha relação de transmissão alongada e pneus maiores (passaram de 185/60-14 para 185/65-14). Isso incluía a nova opção do motor 2.0 a gasolina para o GS, com potência declarada de 99 cv. Em maio de 1990 surgiu o Kadett Turim, série especial comemorativa da Copa do Mundo daquele ano, na Itália. Era uma versão simplificada do SL/E, mas com detalhes como rodas de liga leve espelhadas, bancos Recaro do GS, aerofólio e detalhes pintados de cinza. Com o tempo, o Kadett Turim se mostrou uma opção bem interessante na relação custo/ benefício e hoje é muito procurado por causa dos bancos especiais. ç
O Chevrolet Kadett Turim homenageou a Copa do Mundo de 1990 com detalhes especiais Cultura do Automóvel Setembro 2022
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história
Chevrolet Kadett
A família Kadett, no ano de seu lançamento
com elementos exclusivos dessa versão – que era também vendida na Europa – voltando para a fábrica brasileira para receber a mecânica do Kadett nacional. Essa operação, que durava cerca de seis meses, encarecia bastante o Kadett conversível.
Chevrolet Kadett GSi conversível
A família Kadett ganhou injeção eletrônica em 1992, monoponto no 1.8 e multiponto no 2.0, no mesmo ano em que chegou o Kadett GSi conversível. Esse modelo cativou uma legião de admiradores, na época, e os mantém até hoje, sendo um modelo altamente cobiçado e de grande valor. O Kadett GSi conversível passava por muitas etapas em sua fabricação: a parte frontal do monobloco era enviado para o estúdio Bertone, na Itália, para completar a carroceria 8
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SL, SLE e GS no Campo de Provas da General Motors
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história
O Chevrolet Kadett Sport, de 1996, com alguns elementos estéticos do extinto GSi
Passada a euforia do lançamento, o Kadett passou a ser visto como um modelo corriqueiro, começando a perder atrativos devido aos carros importados que começavam a chegar com a abertura do mercado. Mas as novas opções de motor e versões o mantiveram até sua reestilização, em 1996. O Kadett GSi e sua versão conversível foram fabricados só até
1994, os últimos como modelo 1995. Os novos Kadett ganharam uma aparência mais moderna, com nova grade e novo para-choque, além de muitos detalhes renovados, mas a gama resumia-se apenas nas versões GL e Sport, além da perua Ipanema. O Chevrolet Kadett foi produzido até setembro de 1998, quando foi substituído pelo Chevrolet Astra. l Cultura do Automóvel Setembro 2022
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história
Chevrolet Kadett
A história da história E a confusão dos nomes Kadett, Astra e Chevette
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Chevrolet Kadett brasileiro era praticamente o mesmo produzido na Alemanha, pela Opel, que naquela época era uma marca pertencente ao grupo General Motors. Desde os anos 60, a GM mantinha aqui os modelos da marca alemã com o nome Chevrolet, caso do Opala, do Monza, do Chevette e do Omega. A história do Kadett, no entanto, ou pelo menos do nome, começou muito antes, em 1936. A marca Opel foi criada em 1862 por Adam Opel, que começou com máquinas de costura, entrando no
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O Opel Kadett foi lançado na Alemanha em 1936 e a produção foi encerrada em 1940, devido à guerra
segmento dos automóveis em 1899. O Opel Kadett foi produzido a partir de 1936, na Alemanha, mas teve a produção interrompida em 1940, devido à guerra. Após o conflito, os russos retomaram a produção do modelo em seu país, denominando-o de Moskovich 400, o que durou até o ano de 1954. O Opel Kadett voltou à produção na Alemanha em 1962, pela Opel, já incorporada à General Motors, com o modelo A. O modelo B surgiu em 1965 e é um dos modelos da marca mais conhecidos dos brasileiros.
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história
Na foto maior, o Opel Kadett A, de 1962, e nas menores o Kadett B, de 1965 e o Kadett C, de 1973, “nosso” Chevette
Já o Opel Kadett C é ainda mais conhecido, mas com outros nome e sobrenome: Chevrolet Chevette. O Opel Kadett C foi lançado em 1973 na Alemanha, o mesmo ano em que a Chevrolet apresentava seu carro compacto para disputar com o VW Fusca esse segmento no Brasil. O Opel Kadett D chegou em 1979, com drásticas mudanças: motor transversal e tração dianteira, antecipando o Opel Ascona, que foi produzido no Brasil a partir de 1992 como Chevrolet Monza. Finalmente, a Opel lança Kadett E
em 1984, o último modelo a ter esse nome e cinco anos antes do nosso Chevrolet Kadett. O visual mudou do D para o E, que abandonou o tradicional estilo quadrado e adotou linhas arredondadas. Daí o baixo coeficiente aerodinâmico. O Opel Kadett E foi substituído pelo Opel Astra em 1991, onde, em alguns mercados, como o inglês, ele manteve o nome Vauxhall Kadett. Aqui, o Kadett quase se chamou Astra, mas alguém alertou, a tempo, que esse era o nome de uma tampa de bacia sanitária. l Cultura do Automóvel Setembro 2022
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história
Chevrolet Kadett
um lançamento memorável
O Chevrolet Kadett foi apresentado oficialmente à imprensa especializada em abril de 1989, em um grande evento no Club Med de Angra dos Reis, em Rio das Pedras, no Rio de Janeiro. A festa noturna contou até com um Kadett colocado no alto de uma enorme pedra, com helicóptero, bem iluminado. O impacto visual foi surpreendente. Apenas no dia seguinte iríamos dirigir a novidade, que para mim era só meia novidade, pois já havia pilotado o Kadett GS 2.0 no Campo de Provas da General Motors. Restava, então, conhecer as versões com motor 1.8, o Kadett SL e o Kadett SL/E. Como era de costume na época, uma festa desse calibre sempre rendia algumas boas lembranças, e não só de recordaçôes de bons momentos.
Para um colecionador de tudo como eu, fiquei muito feliz em acrescentar em minha coleção de itens automotivos as duas lembranças oferecidas pelo fabricante na ocasião, uma caixa metálica de ferramentas, com a inscrição Kadett nas laterais, e uma luminário de neon com a silhueta do novo modelo. Feliz até lembrar que fomos ao Rio de janeiro de avião, e agora teríamos que retornar levando uma pesada caixa de ferramentas. E o pior: a lãmpada de neon em forma de Kadett poderia se quebrar facilmente, além de ter um reator elétrico pesando uns dois quilos. Mas o pior se transformou no melhor. A caixa de ferramentas está devidamente guardada e a silhueta de neon está acesa até hoje, em uma prateleira no alto da parede. Funcionando, 33 anos depois.
A mala de ferramentas está meio usadinha, mas o neon brilha forte 33 anos depois 12
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história
A perua Ipanema, amada e odiada
Pouco tempo depois do lançamento do Chevrolet Kadett hatch, veio a esperada perua. Os berros de reclamação podiam ser ouvidos por todos os cantos, o que, na minha opinião, foi uma grande injustiça para aquele carrinho. Mesmo com a modernidade do projeto, a traseira truncada causou ódio. Menos para mim. Um dos modelos de automóvel prático e de espaço interno otimizado, na minha concepção, era a perua DKW Vemaguet, justamente por não desperdiçar volume de bagagem com visual. A Ipanema era bem parecida nesse ponto. Chamada até de carro funerário (o que ficou consolidado com a perua Chevrolet Omega Suprema, poucos anos depois), a perua Ipanema, de cara, sofreu enorme preconceito. Sorte de quem não pensava dessa forma e aproveitou um dos carros nacionais mais coerentes daquela época. Na pista, a peruinha que havia sido carro de resgate da Fórmula 1 era ainda mais veloz e gostosa de ser pilotada do que o Kadett GS, que ficou para a posteridade. Mas isso tem uma boa explicação: feita na engenharia da GM, ela era uma Ipanema GS 2.0 completa e autêntica. E única. Cultura do Automóvel Setembro 2022
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história
Chevrolet Kadett
minha história com o kadett
O velho Chevrolet Kadett GS 1990, Pace Car oficial da Fórmula 1, em sua aposentadoria Em 1989, eu trabalhava para a revista Oficina Mecânica, avaliando automóveis, fazendo testes e escrevendo sobre técnica automotiva. Assim como acontecia com as motocicletas, poucas eram as novidades que surgiam em relação aos automóveis. Mas qualquer lançamento, mesmo que fosse para mostrar apenas um novo motor, era levado muito a sério. O que dizer, então, de um novo modelo, mundial, mas inédito em nosso país, cheio de inovações? Nessa década de 1980, os lançamentos importantes foram o Chevrolet Monza, o Fiat Uno e o Vokswagen Santana. O VW Gol GTi também foi um lançamento de peso, mas não era um carro novo. Fui para o Campo de Provas de Cruz Alta, a pista de testes da General Motors em Indaiatuba, interior de São Paulo, ansioso em conhecer o novo Chevrolet Kadett. Isso 14
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foi bem antes do lançamento e a versão que avaliei foi a esportiva GS (Gran Sport). Além de ter motor 2.0 de maior potência, o Kadett GS tinha suspensões mais firmes, relações de marchas mais curtas, rodas de liga leve com pneus de perfil baixo, grade dianteira diferenciada, saídas de ar no capô do motor, luz traseira de neblina, espelhos na cor da carroceria, kit aerodinâmico (spoiler, defletores, aerofólio e minissaias), lanternas traseiras com filetes, tampa traseira pintada de preto, faróis auxiliares, defletores de ar nas hastes dos limpadores do para-brisa e bancos Recaro. É claro que eu fui ler o que escrevi em 1989, para poder lembrar de isso tudo. Aquele dia no Campo de Provas foi mais do que divertido. Saí de lá achando que, enfim, teríamos um automóvel atual. Queria um. Mas a história não para aí. Em pouco tempo
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história
O Pace Car antes da F1 de 1990, durante reportagem que fiz para a Oficina Mecânica
Quando chegou, o GS perdeu a “roupa” da F1 e foi trabalhar nas instruções de pilotagem a General Motors preparou o maior evento de lançamento que já se havia visto até então, em um resort no Rio de janeiro, com o test drive oficial em todas as versões (SL e SL/E). Na última noite, houve um bingo para os jornalistas presentes, e advinhem qual era o prêmio para quem completasse a cartela? Sim, um Chevrolet Kadett GS vermelho. Foi quase: me faltava o número 11 e um colega ao meu lado precisava apenas do número 60. Ele levou o carro. Mas não demorou para eu ter o meu. No ano seguinte, a General Motors patrocinou a reforma do Autódromo de Interlagos, para o GP Brasil de 1990, e cedeu sete Kadett para serem usados como Pace Car e veículos de apoio. Para uma das edições da revista, fui para Interlagos experimentar o Kadett GS de Pace Car, que ganhou uma preparação
“secreta” da turma de engenharia, bancos de competição, cintos de quatro pontos e gaiola de proteção. Além de equipamentos para a corrida, como rádio e giroflex. Não deu outra, no ano seguinte, quando o Kadett GS foi substituído pelo GSi, que ganhou injeção eletrônica, comprei duas daquelas belezinhas para usar na minha escola de pilotagem. Depois que o Curso Marazzi passou a ser dirigido pelo Manzini, dez anos depois, o querido Kadett Especial de Fórmula 1 (designação oficial do carro, conforme adotado pela Engenharia da General Motors) foi aposentado, passando a ser apenas um item de coleção. Totalmente original, exatamente como saiu do departamento de engenharia para a pista, em 1990, só falta recriar o grafismo usado na Fórmula 1 para voltar a ficar famoso. Cultura do Automóvel Setembro 2022
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Araxá,
mais uma vez Os mais belos clássicos em exposição
Texto e fotos Gabriel Marazzi
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Este Auburn Cabriolet 1929, de propriedade de Luiz Fernando Kuster, foi escolhido como o melhor da década de 1920 Cultura do Automóvel Setembro 2022
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O Hispano-Suiza Carroceria Fiol Barcelona 1927, que recebeu o prêmio Og Pozzoli para carros não restaurados
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ais uma vez, o principal encontro brasileiro de automóveis clássicos surpreendeu a todos pela qualidade dos modelos expostos. Organizado a cada dois anos na cidade mineira de Araxá, o Brazil Classics Show volta após quatro anos, cancelado em 2020 devido à pandemia. Neste ano o evento foi patrocinado pela Kia Motors, razão de ser oficialmente chamado de Brazil Classics Kia Show 2022. Na próxima edição, o evento volta à sua data tradicional, o feriado de Corpus Christi. Nos últimos dias do mês de julho, o Grande Hotel de Araxá reuniu 300 automóveis antigos, entre raridades atemporais e modelos populares que já podem ser considerados clássicos. 18
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É o caso do esportivo Volkswagen SP2, uma jóia brasileira em meio à sofisticação de automóveis seculares e que está comemorando 50 anos. A grande quantidade de SP2 expostos foi especialmente valorizada com a presença de três SP1, a versão mais simples e bem mais rara do modelo, cuja produção não passou de 77 unidades. Na última noite do evento, os mais destacados automóveis da mostra receberam sua premiação, a começar pelo Hispano-Suiza Carroceria Fiol Barcelona 1927 de Rúbio Fernal, que recebeu o prêmio Og Pozzoli. Esse prêmio, que homenageia o tão querido colecionador brasileiro, é conferido ao melhor automóvel não restaurado da mostra.
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O Mercedes-Benz 380K de 1933 foi homenageado na passarelas, por ter sido best in show em anos anteriors
Foram também homenageados na passarela clássicos que já haviam sido premiados em anos anteriores, como um Mercedes-Benz 380K 1933, um Bugatti 1938, um Cadillac 1935, um
Bugatti 1938 Stelvio Cabriolet carroceria Gang Loff
Packard 1937 e um Isotta Fraschini 1927. Todos eles já haviam sido eleitos best in show, merecendo o prêmio maior do evento, o troféu Roberto Lee. ç
Isotta Fraschini 1927 carroceria Cesare Sala Cultura do Automóvel Setembro 2022
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O vencedor do Troféu FVBA foi o Horch 951A de 1939 de Rúbio Fernal
O vencedor do Troféu Federação Brasileira de Veículos antigos da edição 2022 do Brazil Classic Show ficou com o belo Horch 951A 1939 de Rúbio Fernal. Esse prêmio é oferecido pela própria FBVA ao carro mais interessante sob o ponto de vista histórico. O Troféu Lalique, uma estatueta em referência ao adorno de cristal ostentado sobre o radiador de alguns modelos, é oferecido a um museu ou a um colecionador, conforme a sua contribuição ao antigomobilismo nos últimos anos. Mais uma vez o prêmio foi direcionado a Rúbio Fernal, por seu museu particular. O Troféu Lalique é transitório, ficando 20
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em posse do último vencedor até que o seguinte seja escolhido. O nome de todos eles fica gravado na base do troféu. Por fim, o Troféu Roberto Lee, ou Best In Show. O prêmio maior do Brazil Classic Kia Show ficou com o colecionador Antônio Wagner da Cunha Henriques, pelo seu belo Rolls Royce Phantom III V12 1937. Esse troféu também é transitório e passou das mãos do último ganhador, José Luiz Gandini, com seu Packard 1930, para Wagner. Há 40 anos o Troféu Roberto Lee, que foi o criador do primeiro museu brasileiro, premia o melhor automóvel original da mostra. ç
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Rolls Royce Phantom III Sedanca Cabriolet Deville V12 1937, de Antônio Wagner da Cunha Henriques, best in show
Rolls Royce Silver Cloud II Drophead Coupe Série B 1960 Cultura do Automóvel Setembro 2022
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Cord L29 1931 de João Alexandre de Abreu
Delahaye 148L de 1937 22
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Aston Martin DB6 Vantage 1966
Não só de grandes clássicos vive o Brazil Classic Show. A quantidade de ícones pop, esportivos e modelos especiais é muito grande. Um grande destaque foi o Aston Martin DB6 Vantage 1966, modelo icônico por ter se tornado o carro do James Bond, o agente 007, no cinema. O carro do espião era, na verdade, um DB5, um pouco mais curto, mas o impacto ao vivo é quase o mesmo. Um modelo interessante, raro de ser ver por aqui, era o Jeepster 1948 da foto ao lado. Esportivo baseado na Rural Willys americana, esse carro foi exposto no Salão do Automóvel de São Paulo em 1960, com o nome de Saci. ç
Willys Overland Jeepster 1948 Cultura do Automóvel Setembro 2022
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Chevrolet Special Deluxe Coupe Pic-Up 1941. Era assim mesmo, original de fábrica
Lancia Flamínia Touring Superleggera 1962 24
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araxá 2022 Com tantos belos automóveis que foram expostos neste ano em Araxá, seria muito bom se todos pudessem ser aqui mencionados, inclusive com boas fotografias, que certamente não faltaram, mas seria necessário fazer uma edição especial apenas de Araxá. Não poderia deixar de citar o belo Chevrolet Special Coupe Deluxe Pick-up 1941, com a tampa do porta-malas substituída por uma pequena caçamba de picape. Esse carro fez muito sucesso em seu tempo, para aquelas famílias que possuíam apenas um carro (ainda não era usual terem dois), usado no lazer de fim de semana e aproveitado
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comercialmente no trabalho. Tanto a caçamba quanto a tampa vinham com o carro e era bem simples a troca de um pelo outro. Um modelo difícil de se ver por aqui e estava em destaque na área nobre da mostra era o Lancia Flamínia GT Touring Superleggera de 1962, de Antônio Henriques. Desenhado por Pininfarina, o Superleggera tem a carroceria de alumínio, cerca de 200 kg mais leve do que a carroceria convencional. E o caminhãozinho abaixo mostra que os modelos mais simples também são interessantes. É um Internacional LD de 1927. ç
International LD 1927, de Fábio César Rios Cultura do Automóvel Setembro 2022
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O mesmo poderíamos dizer dos nossos queridos Volkswagen, que hoje fazem sucesso onde quer que sejam expostos. Seja em sua forma tradicional, como o Fusca 1951 azul que tinha até a manivela ligada ao eixo principal do motor, para dar
partida em dias frios, ou como os exclusivos esportivos SP1 e SP2, que estão comemorando 50 anos de seu lançamento e formaram uma galeria muito especial em Araxá. Três deles eram os muito raros SP1, mais simples e menos potentes que o SP2.
Volkswagen Typ 1 de 1951: ainda com a manivela para ligar o motor nos dias frios 26
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Aniversariantes de 50 anos, os Volkswagen SP1 e SP2
Agora só nos resta esperar mais dois anos para o próximo, mesmo sabendo que existem muitos outros encontros de grande importância a toda hora. A oferta de peças e componentes para carros antigos, assim como qualquer objeto antigo, relacionado ou não, é outro atrativo de Araxá. Nas próximas páginas, curta um pouco a memorabilia que o mercado de pulgas do encontro oferecia para os colecionadores se deliciarem. l Cultura do Automóvel Setembro 2022
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Premiação Brazil Classics Reconhecimento De Vencedores Do Prêmio Roberto Lee Em Edições Passadas: 1) Isotta Fraschini 1927 Carroceira Cesare Sala – Antonio Ricardo Beira 2) Bugatti 1938 Stelvio Cabriolet Carroceria Gang Loff – Famila Borges 3) Mercedes 380 K – 1938 – Carroceria B – Nelson Rigotto Gouveia 4) Cadilac 1935 V12 Town Sedan – Familia Borges 5) Packard 1937 – V12 – Sedan Conversível – Familia Borges
Melhores Karmann Ghia e SP1/SP2 6) Conversivel 1974 – Nelson Rigotto Gouveia 7) 1974 – Léo Steinbruch 8) 1973 – Victor Galli Monteiro Alves 9) 1974 – Antonio Wagner Da Cunha Henriques 10) 1973 – Paulo Roberto Bernardes 11) 1972 – Julio Cesar Diniz 12) 1972 – João Carlos Ferreira Guedes 13) 1973 – Silvio Segatto Inocêncio 14) 1973 – Fabiana Fraga Moreira Alves Dos Santos 15) 1974 – Paulo Rodrigues Guino 16) 1974 – Familia Borges 17) 1975 – Ivon Mascarenhas 30
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Melhores Alfa Romeo 18) Montreal 1971 – Boris Feldmann 19) Giulia Spider 1962 – José Ricardo De Oliveira Melhores Ferraris 20) Daytona 1973 – 365 Gtb/4– André Biagi Melhores Maseratti 21) 3500 Gt 1961 – Familia Borges 22) Indy 1972 – Edith Suga 23) Ghibli 1967 – Familia Borges 24) Quatro Porte – 1982 – Tiago França
Melhores Cadillac 25) Eldorado 1959 Conversível – José Luiz Gandini 26) Eldorado 1953 Conversível – Luiz Gil Leão 27) Limousine Especial 1960 – Inacio De Loyola
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Coleção José Luiz Gandini 28) Eldorado 1953 Conversível 29) Eldorado 1954 Conversível 30) Conversível 1955 31) Eldorado Conversível 1958 32) Eldorado Conversível 1960
Melhores Jaguar 33) Mk Iv 1948 Cabriolet – Gerolamo Ometto Nardin 34) XK 140 1955 – Leo Steinbruck 35) XK 140 1956 – Fernando Afonso
Melhores Ford Thunderbird 36) 1955 – Andrea Leão Rodrigues 37) 1955 – Rogério Toledo Almeida 38) 1957 – Gustavo Tanuri 39) 1963 – Lauro Soares Guzella 40) 1964 – Conversível – Alex Fabiano Silva 41) 1964 – Julio Alberto Penteado
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Melhores Mercedes-Benz 42) 302 D Adenauer – 1960 – Werner Hacker 43) 220 Se Coupe – 1960 – Sergio Adriano Preuss 44) 190 Sl C0nversível – 1957 – Marcelo Elias
Melhor Corvette 45) 1954 – Rafael Elias Coleção De Pick-Ups De Rúbio Fernal 48) Studebaker Coupe Express 1937 49) GMC Fleetside Harley Carrier – 1955 50) GMC Suburban 1955 51) Chevrolet Apache – 1960 52) International Jubiliee Edition – 1957 53) Mercury Fordomatic Drive Train – 1959 54) Hudson Big Body 1946 55) Chevrolet El Camino 1959 56) Ford Rancheiro – 1957 57) GMC Suburban 1955 – Matheus Eduardo Soares Pinhati – Troféu 58) Chevrolet 3100 – 1957 – Julio Cesar Diniz – Troféu Cultura do Automóvel Setembro 2022
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Carros Nacionais De Competição 46) Lorena Gt 1967 – Inacio Loyola 47) Karmann Ghia Porsche Dacon – 1966 – Familia Marx
Vieram Rodando Até Araxá 59) Ford T 1925 – Miguel Lebre 60) Ford A Phaeton Deluxe – 1931 – João Antonio Siciliano 61) Ford A Phaeton 1929 – Daniel Orlandi Pinto França 62) Nash 1929 – Marcelo Elias 63) Ford 1929 – Léo Forestieri 64) Ford 1929 – Johnnie Walker 65) Speedster Seagreave 1926 – Guilherme Daros Malacarne Premiação por décadas Década De 20 66) Auburn Cabriolet 1929 – Luiz Fernando Kuster 67) Packard Limousine 1927 – Leo Steinbruch Década De 30 68) Packard Roadster V12 1936 – Leo Steinbruch 69) Lincoln Town Sedan 1930 – Simon Menache Dwer 70) Cord L 29 1931 – João Alexandre De Abreu 32
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71) Cord 810 1936 – Fernando Leibel
72) Pierce Arrow V12 – Imperial Saloon 1937 – Mauro Bergamini 73) Buick Sedan Conversível 1938 – Leo Steinbruch 74) Buick Roadster 1939 – Humberto Parreiras Década De 40 75) Cadillac 1941 – Otávio Pinto De Carvalho 76) Cadillac 1947 – Roberto Ruschi Década De 50 77) Cadillac 1950 Conversível; Mario Titoto Neto 78) La Salle Conversível 1939 – José Candido Murici Neto 79) Cadillac 1954 Conversível – Joel Paschoalin 80) Cadilac 1958 Eldorado Biarritz – Eduardo Ferreira
81) Hudson Super Hornet 1951 – Rúbio Fernal
araxá 2022 82) Packard Caribean Conversivel – 1958 – Rubio Fernal Década De 60 83) Chevrolet Impala 1960 – Hye Ribeiro
84) BMW 3200 CS – Carroceria Bertone 1963 – Cecilio Neto 85) Lancia Flaminia 1962 – Antônio Wagner Cunha Henriques 86) Pontiac Bonneville 1960 – Leo Steinbruch 87) Porsche 356 Coupe Carrera 2 1964 – Luiz Goshima 88) Ford Galaxie E 500 Coupe 1966 – Fernando Feliz Da Silva 89) Ford Mustang Fast Back 1967 – João Caretano De Melo Neto Década De 70 90) De Tomaso Longchamps 1971 – André Biagi 91) De Tomaso Mangusta 1971Bruno Luciano Henriques 92) Lamborghini Countach 1978 – Eric De Freitas Correa Da Silva Década De 80 93) Rolls Royce Corniche II 1987 – Rafael Castilho 94) Rolls Royce Silver Wright 1980 – Garry Hudson 95) Bmw 635 CSi 1984 – Tiago França
araxá
Automóveis nacionais 96) Fiat 147 1984 – Tiago Silveira 97) Chevrolet Opala 1974 De Luxe – Maurilio Alvim 98) VW Passat GTS Pointer 1988 – Fabiano Lobatto 99) Gurgel Moto Machine 1991 Cesar Quintanilha 100) Ford Galaxie 500 1967 – Fernando Prandini 101) Volkswagen 1981 – Alexandre Vicentini 102) Volkswagen 1986 – Alexandre Vicentini 103) Volkswagen 1959 – Waldyr Tostes Filho Prêmios especiais Troféu Roberto Nasser 104) GT Malzoni 1967 – Boris Feldman Troféu Fabio Steinbruch – Melhor Veículo Nacional – Alfa Romeo Club 105) Dodge Charger RT 1974 – Jairo Gonçalves Lima Troféu Og Pozolli 106) Hispano-Suiza Carroceria Fiol Barcelona 1927 – Rúbio Fernal 107) Packard Limousine 1927 – André Beldi 108) Stutz Serie M 1930 – Carroceria Le Baron Troféu Lalique 109) Rúbio Fernal – Museu Troféu FBVA 110) Horch Limousine 951 A 1939 – Rubio Fernal Troféu Roberto Lee – Best Of Show 111) Rolls Royce Phantom Sedanca III V12 1937 – Antonio Wagner Da Cunha Henriques Cultura do Automóvel Setembro 2022
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valongo
Sábado de clássicas em Santos Texto e fotos Gabriel Marazzi
O
movimento do antigomotociclismo – se é que podemos chamar assim, parafraseando o já consagrado termo “antigomobilismo” –, está bem forte em muitas regiões do país. Muitas são as boas coleções e muitos são os encontros de motocicletas clássicas, em especial as japonesas dos anos 60 e 70. 34
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valongo
O encontro do Valongo, no entanto, apesar de reunir um menor número de antigas, atrai muitos motociclistas, pelo charme do local. ç Cultura do Automóvel Setembro 2022
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Trio de bicilíndricas dois tempos da Yamaha: uma YDSC5, de 1969, uma CS2E de 1970 e uma CS3E de 1971
Honda CB 750F1 de 1976 36
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Outra Yamaha bicilíndrica objeto de desejo, uma R5 de 1971
Uma Honda CB 750 Four K2 Cultura do Automóvel Setembro 2022
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Parzinho legal, uma Honda CB 750 Four K2 e uma Honda CB 500 Four
Honda Turuna e Honda CG dos anos 80, Honda XL 250 Motorsport 1974 e Honda CB 750 Four K2 38
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Vespa PX 200
A bela Suzuki GT 750
Honda GL 1000 Gold Wing 1976
Rara Honda CB 400 Tucunaré 1984 Royal Enfield, Vespa e Lambretta
Lambretta Stander
Sempre em um sábado pela manhã, a maioria dos motociclistas vem da capital, distante cerca de 80 km da cidade de Santos, no litoral sul do estado. O passeio é tranquilo e a diversão garantida, mesmo para quem não é apaixonado pelas antigas. Ou seja, pode acompanhar um fanático até o Valongo que não faltarão atrações pela região, seja a portuária, seja a das praias. Pela galeria de fotos apresentada, notamos que algumas motocicletas clássicas são locais, mas algumas realmente vêm de longe, só para ter o gostinho de pegar uma estrada. O destaque deste ano foram as Yamaha bicilíndricas dois tempos, como a YDS-5, de 250 cm3, a CS2 de 180 cm3 e a CS3 de 200 cm3. A Rochet de 1904, no entanto, foi a grande sensação. l Cultura do Automóvel Setembro 2022
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passeio
Estação histórica A antiga Vila de Luís Carlos, em Guararema, virou ponto de encontro
O
velho dilema: praia ou montanha? O que nos fazia escolher como destino de férias agora nos faz decidir entre um encontro de motocicletas antigas no litoral ou no interior. Quem sabe, os dois. Foi o que aconteceu. Valongo, em Santos, no sábado e Guararema, no interior paulista, no domingo. O município de Guararema, a uns 100 km de São Paulo, já era um bom destino para os motociclistas devido à recente restauração da Vila de Luís Carlos, há cerca de 8 anos, fazendo da antiga estação de trem de Luís
40 40 Setembro Setembro 2022 2022 Cultura Cultura do do Automóvel Automóvel
Carlos um ponto turístico. Na vila, ao redor da estação, os poucos imóveis que lá existiam foram também restaurados e tornaram-se estabelecimentos comerciais, para atender os turistas de fim de semana. Para quem vai a Guararema, é possível chegar em Luís Carlos pelo trem turístico, a partir da estação central da cidade. O percurso de apenas 8 km é bem interessante. Para quem vai diretamente à vila, no entanto, há muito espaço para estacionar as motocicletas e curtir os bares e lojinhas locais. ç
passeio
Cultura Cultura do do Automóvel Automóvel Setembro Setembro 2022 2022 41 41
passeio
Estação Luís Carlos
O primeiro domingo de agosto foi o dia das motocicletas antigas. Mas ainda havia muitos triciclos do dia anterior 42
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estação luís carlos
passeio
O Guararema Off Road Adventure e as motocicletas que podem ser alugadas para percorrer as trilhas da região
A Estação Luís Carlos já atraía os motociclistas, assim como amantes de veículos antigos e triciclos, que costumam marcar lá seus encontros informais. A prefeitura local, no entanto, criou, a partir do mês passado, um grande evento bastante eclético, com encontros de carros antigos, motos, triciclos, VW Fusca, Ford Maverick, motocicletas custom e mulheres motociclistas. O Expo Guararema aconteceu em todos os sábados e domingos do último mês de agosto, sempre com uma banda de rock ao vivo. E o primeiro domingo do mês foi o dia das motocicletas antigas. Como o sábado foi o dia dos triciclos, muitos esticaram sua passagem por lá até o dia seguinte.
A estação tem esse nome porque foi criada em 1914 pelo engenheiro e poeta Luís Carlos da Fonseca Monteiro de Barros, que trabalhou na Central do Brasil. A Estação Luís Carlos conta com uma atração muito especial, de terça a domingo: o Guararema Off Road Adventure, que fica localizado em frente à estação, oferece passeios pelas trilhas da região, com todo o equipamento incluso, motocicleta ou quadriciclo. Os pilotos José Luiz e Jan Terwak, pai e filho com muita experiência com motocicletas, lideram as turmas em vários pacotes de passeios, conforme a duração desejada e a habilidade dos participantes. Vale a pena conhecer o local e experimentar as trilhas. l Cultura do Automóvel Setembro 2022
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carros no cinema
500 Milhas O filme menos famoso da trilogia
N
ão há quem goste de corridas de automóveis que não conheça as três mais importantes provas do calendário mundial do automobilismo, o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1, as 24 Horas de Le Mans e as 500 Milhas de Indianápolis. Essas três corridas constituem a Tríplice Coroa do Automobilismo, título não oficial concedido a pilotos que já venceram as três provas. Apenas um piloto conseguiu essa façanha, o inglês Grahan Hill, que
venceu a Indy em 1966, Le Mans em 1972 e cinco vezes em Mônaco (1963, 1964, 1965, 1968 e 1969). Por acontecerem na mesma época, ninguém ainda venceu as 500 Milhas e o GP de Mônaco no mesmo ano. Apesar de não ser exatamente uma trilogia, já que são filmes totalmente independentes entre si e com atores principais diferentes, nada mais justo, então, em atribuir a uma certa trinca de bons filmes de corridas um título bem parecido com a da Tríplice Coroa.
Paul Newman, no filme, venceu as 500 Milhas de Indianápolis, com uma pintura igual ao do carro de Bob Unser 44
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carros no cinema
No começo do filme, Frank Capua corre de protótipo e com este Ford Fairlane 1967
A trilogia começou com o filme Grand Prix, de 1966, com James Gardner, e terminou com Le Mans (24 Horas de Le Mans, 1971), com Steve McQueen. O filme “do meio”, 500 Milhas (Winning, 1969), com Paul Newman fazendo o papel de um piloto de corridas cujo maior sonho é vencer as 500 Milhas de Indianápolis, é o menos conhecido. O enredo do filme vai além das corridas. Frank Capua, personagem de Newman, obcecado pelas pistas, não dá a devida atenção a sua esposa, que acaba nos braços de seu amigo e
rival das pistas Lou Erding, vivido por Robert Wagner. Erding, um “cupim de ferro”, como chamamos os pilotos que destróem seus carros nas provas, além de roubar a mulher do Frank, fica também com seu carro, depois de estourar dois motores do seu na mesma semana. É claro que, no final do filme, Capua não só vence as 500 Milhas de Indianápolis, com o carro que seu ex-amigo abandonou (devidamente arrumado), como pôde reconquistar sua esposa. Lou Erding não venceu a corrida porque estourou seu motor.ç
Um dos carros “bacanas” da Indy dos anos 60: um Mongoose 1967, pilotado por George Snider Cultura do Automóvel Setembro 2022
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carros no cinema
500 milhas
Cena do acidente na prova real, de 1966: A. J. Foyt foi o único piloto com um ferimento, escalando a cerca de proteção
Mais do que um bom argumento, o filme 500 Milhas tem muitas boas cenas de corridas, algumas delas reais, como as gravadas durante as 500 Milhas de Indianápolis de 1966, que comemorava, ao mesmo tempo, a quinquagésima edição da prova e os 150 anos do estado de Indiana. Foi nessa prova que um grande acidente aconteceu logo na largada, quando 33 pilotos tiveram que desistir da corrida devido aos danos em seus carros. O mais interessante é que apenas um piloto teve leves ferimentos, justamente A. J. Foyt, que machucou sua mão escalando a
cerca de proteção para fugir do local. Essa cena é clara, no filme. Apenas sete carros terminaram a prova, com o estreante Jackie Stewart liderando as últimas voltas com um Lola T90 Ford, que, no final, parou seu carro com a bomba de óleo danificada. Mesmo assim, foi eleito “rookie of the year” (estreante do ano), terminando em sexto lugar. O vencedor da 50th 500 Mile of Indianápolis de 1966 foi o também estreante Graham Hill, o primeiro novato a vencer a prova desde 1927. Em segundo chegou Jim Clark, que venceu a edição anterior da prova.
O ator Robert Wagner fez o papel de amigo e rival de Paul Newman. Era o “cupim de ferro” da história 46
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500 milhas
carros no cinema
Bobby Unser faz uma ponta no papel dele mesmo no filme, parabenizando Frank Capua pela vitória nas 500 Milhas
Voltando ao filme, 500 Milhas era para ser um filme para televisão, de baixo orçamento, quando Newman, que havia se infectado pelo vírus das corridas havia pouco tempo, ouviu falar da produção e quis fazer parte. Foi quando o filme se tornou uma grande e cara produção, iniciando a vitoriosa carreira de Paul Newman nas corridas de automóveis. No filme, Frank Capua (Newman) treinou com o Eagle T1G Mk II azul, de número 42, que acabou nas mãos do rival Erding (Wagner), mas venceu a prova com o Eagle de número 3, que foi pintado da mesma
forma que o Eagle Rislone Special com o qual Bobby Unser havia vencido a edição do ano anterior da prova, em 1968. Bobby Unser faz uma ponta no filme, parabenizando Capua pela vitória. Para aqueles que buscam detalhes técnicos em filmes como esse, nas cenas da corrida é possível ver o enorme turbo-compressor no motor do carro 3, inexistente no carro 42, que exibe um belíssimo conjunto de canecas para captação do ar. Alguns carros como esses eram aproveitados da Fórmula 1 e adaptados para correr em Indianápolis nessa época.ç
O carro de Frank Capua, um Eagle projetado por Len Terry para a equipe de Dan Gurney, tinha um turbo-compressor Cultura do Automóvel Setembro 2022
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carros no cinema
500 milhas
Frank Capua vence a prova Road America RedBurne 200, com um protótipo não identificado
É sempre uma boa diversão tentar identificar todos os carros que aparecem nos filmes, tanto os principais quanto os de fundo de cena. Em 500 Milhas, o piloto Frank Capua começa pilotando um esporte
protótipo, com cenas insuficientes para que eu pudesse reconhecê-lo, mas podemos ver, entre outros um Lola T70 de 1966 com motor Ford e um Lola T70 de 1967 com motor Chevrolet. Capua vence essa prova.
Nessa mesma prova, um Lola T70 1966 com motor Ford (azul) e um Lola T70 1967 com motor Chevrolet (branco)
Na corrida seguinte Frank Capua corre com um Ford Fairlane 1967, com a seguinte inscrição na porta, abaixo de seu nome e escrita de ponta-cabeça: “se puder ler isto, virenos para o lado certo”. Ele capota várias vezes, para com o teto no chão
e a turma desvira seu carro. Ele sai zangado e encerra sua participação. A corrida seguinte é marcada por um frenético duelo entre Capua e Erding, com dois Ford Torino 1969, em uma prova do Indinápolis 200. Erding vence desta vez.
O Ford Fairlane 1967 de Frank Capua antes e ao final da prova, com o teto para baixo 48
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500 milhas
carros no cinema
Lou Erding, no Ford Torino dourado, e Frank Capua, no Ford Torino azul, travam um duelo frenético
Só depois disso tudo é que as 500 Milhas de Indianápolis acontece, mas enquanto isso muitos veículos correm pela tela. Paul Newman e Joanne Woodward, casados na vida real, circulam com um Ford Galaxie 500 XL conversível 1967, depois com um Ford Torino Squire 1969, um Ford Thunderbird Landau 1969 e até fazem um rali com um Austin
Mini Cooper 1964. Na pista, o personagem de Robert Wagner surge montado em uma Yamaha YDS3C 1966 e há outra Yamaha estacionada nos boxes, uma YCS1C Street Scrambler de 1968. Nos bastidores, Paul Newman chega ao set de filmagem com sua filha Melissa de sete anos em uma Honda CB 305 Superhawk 1967. ç
Ford Galaxie 500 XL conversível 1967
Ford Torino Squire 1969
Ford Thunderbird Landau 1969
Austin Mini Cooper 1964 Cultura do Automóvel Setembro 2022
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carros no cinema
500 milhas
Robert Wagner com uma Yamaha YDSC3 de 1966
Uma Yamaha YCSC Street Scrambler de 1968
Newman e Joanne Woodward eram casados na vida real Paul Newman e sua filha Melissa em uma Honda CB 305
Foi a estreia no cinema de Richard Thomas, o John Boy
O taxi era um Ford Custom 1966
Ford Torino GT 1968, o Pace Car oficial daquele ano 50
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Muita diversão, enfim, para quem gosta de cinema e curte automoveis e motocicletas. Tem até modelos colecionáveis, já que o Pace Car das 500 Milhas de Indianápolis de 1968 fez a sua aparição, um Ford Torino GT conversível do mesmo ano, que foi pilotado por William Clay Ford Sr., neto de Henry Ford. Esse Ford Torino é mais que especial, pois foi o único produzido com motor 427. Se alguém prestar muita atenção, no entanto, pode perceber, em uma rápida cena, que o Pace Car que aparece entrando no pit lane no momento do grande acidente de largada é um Mercury Comet Cyclone GT1966 vermelho, que era o Pace Car da prova real, de 1966. l
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