EXPRESSO CAMPINEIRO Teoria da Arquitetura | 07 de Junho de 2017 | Campinas - SP
Demolição do São Carlos dará lugar a novo teatro O teatro São Carlos será substituído por novo espaço com capacidade para 1.300 lugares. 31/05/2017
O Teatro São Carlos foi construído em 1850, no largo posterior Catedral (Matriz Nova), entre as ruas 13 de Maio e Costa Aguiar quando a produção cafeeira começou a emergir no cenário campineiro, que estava em constante crescimento, antes do surto da febre amarela em 1889. O teatro passou pela primeira guinada no de-
Teatro São Carlos por volta de 1870.
senvolvimento de Campinas nos anos 1857 a 1875, atravessando a segunda metade do século XIX e o inicio do século XX. Em 1922 o teatro era pequeno e inadequado para uma cidade em constante expansão, por isso foi demolido em 1922 para ceder espaço a um teatro com capacidade para 1300 pessoas. *EQUIPE 06
Evento inaugura Teatro Municipal Carlos Gomes Inauguração do teatro Carlos Gomes reúne elite campineira em evento de gala. 31/05/2017
Logo após a demolição do antigo teatro, sob orientação do arquiteto Ramos de Azevedo, foi lançado um concurso, para a realização do novo teatro. Sendo escolhida a proposta do Escritório Chippori & Lanza que mais se adequava aos itens propostos no edital. Em 1924 deram inicio a construção, que durou
6 anos. Em 1928, quando a administração do proje to passou à Municipalidade, o prefeito Orosimbo Maia contratou o Arquiteto Cristiano Stockler das Neves para elaborar o projeto do interior do te-atro, que já se encontrava com a estrutura pronta. Foi inaugurado em 10 de setembro de 1930. *EQUIPE 06
Teatro Municipal Carlos Gomes, dias antes da inauguração em 1930.
Há na terra um clima austero O vento é denso e a nossa tecnologia já não funciona/ direito
Por aqui o clima anda indeciso. Não percebem, e nem eu, que viramos a farinha que se mata dentro/ dos sacos
Falam militarização. Eu ja busquei no mapa a estrada revolução/ armada
Talvez seja falta realmente. Falta real. Falta de real.
Há uma inclinação à violência
Talvez realmente seja falta de padre ou de psicanalista.
A AK tá a preço de banana. A degola é na esquina de casa.
Delação premiada, reintegração de/ posse, golpe
Aqui na terra tão jogando com/ nossa cara Há uma inclinação à violência
Não sei você, mas essa passividade obesa não me serve/ mais.
São tratados os bueiros como ouro na diagramação dos jornais da realidade
Poesia e política não combinam, ela disse
Scentinela.
Equipe 06
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Campinas contrata Prestes Maia para elaborar plano de melhoramentos
Urbanista Prestes Maia é contratado para elaborar projeto de expansão e intensificação da urbanização de Campinas. Em 1937 Prestes Maia propôs um plano urbanístico para o centro de Campinas, para higienização e modernização da cidade, que acarretou em mudanças na dinâmica do centro. As ruas Treze de Maio e Costa Aguiar, eixos de ligação entre a estação e o centro, que concentravam o fluxo de cargas e passageiros após a chegada da estrada de ferro em 1872, deixaram de ser ruas principais de circulação de veículos e se tornaram vias coletoras, a medida que as ruas Campos Salles e Francisco Glicério tornaram-se os principais eixos da área central. Posteriormente em 1970 é implantado o calçadão no Projeto de Revitalização da Rua Treze de Maio. Neste dado mo
mento o centro passa por uma ruptura da estrutura homogênea com casas assobradadas e térreas com o destaque somente da Estação FEPASA e a torre da igreja para uma área verticalizada e escalonada. Essas mudanças contribuíram para o esvaziamento populacional no centro, mudança do perfil socioeconômico dos usuários e moradores, degradação dos espaços públicos, como o Largo do Teatro, atrás da Catedral, que se tornou um espaço residual. Esses fatores, juntamente com a falta de manutenção do antigo Teatro Municipal, contribuíram para a sua demolição e mudança do Teatro para uma área mais utilizada e frequentada.
Antiga Planta de Campinas com o eixo da Rua Conceição ,que era a entrada da cidade, marcando o Passeio Público (1), futuro Centro de Convivência, a Catedral (2), o Teatro Municipal (3), e a Estação FEPASA (4).
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Teatro municipal Carlos Gomes é demolido por falta de manutenção
Após 35 anos de descaso, prefeito Ruy Novais decide demolir o teatro Carlos Gomes.
Começo da demolição do Teatro Municipal em 1965.
Cinco anos após a inauguração do teatro municipal os jornais da época criticavam a má administração. A elite da cidade já não cobrava o poder publico para sua manutenção, visto que tudo se deteriorava. Em 1965 o edifício foi condenado por um laudo técnico que indicava a existência de reentrâncias no piso do palco e fendas nas paredes, apresentando perigo de desabamento.
Foi demolido pelo prefeito Ruy Hellmeister Novaes a pedido do então secretario Municipal de Obras e Viação, Antônio Leite Carvalhaes. No mesmo ano deu-se início a demolição do Teatro Municipal Carlos Gomes, para a abertura de uma praça e construção de um Teatro Ópera em uma área mais centralizada. Por pressão popular é construído o Teatro Castro Mendes. Equipe 06
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Adaptado de Charges Calvin e Haroldo
Cambuí: Caminhando para o futuro
Popularmente chamada de “nossa Avenida Paulista”, Rua Júlio de Mesquita, núncia desenvolvimento do bairro. O Cambuí surgiu como expansão do centro para o leste, caracterizando-se como bairro residencial, com casarões ecléticos localizados principalmente na avenida Júlio de Mesquita. Ao longo dos anos, o Cambuí recebeu equipamentos públicos, como: prefeitura, escolas, clubes etc., junto com comércios e serviços, garantindo-lhe um aspecto mais de centralidade que de bairro residencial. O nome Cambuí se deu pelo bosque dos cambuís
(Rua Coronel Quirino), que era um dos caminhos que ligaram o Largo de Santa Cruz até o atual Laurão, caminho aberto pelos tropeiros para as terras de Goyases. O bairro, por ser uma região próxima ao centro, abrigava os marginalizados em contraste com a elite central. Após o plano de melhoramentos urbanos de Prestes Maia (1937) houve um esvaziamento do centro, e mudança no perfil socioeconômico, foi quando o Cambuí passou a ser um
Imagem aérea do bairro Cambuí na década de 50 mostrando sua ocupação composta principalmente por casas e alta presença arbórea.
bairro de casarões de famílias abastadas e o centro lugar dos marginalizados. A Rua Júlio de Mesquita é uma via aberta desde 1881, que era chamada de Rua do Cambuizal, mas a partir da década de 30 , com o plano de melhoramentos de Prestes Maia, que tornou o Cambuí um bairro abastado em contraste com o centro, ela se configurou como principal a ser chamada na época de ‘’Nossa Avenida Paulista”, ‘’Nossa Quinta Avenida”,
‘’Avenida Aristocrática”. A arquitetura das residências ao longo da Júlio de Mesquita diz muito sobre a época, são casas ecléticas, predomínio da arquitetura neocolonial, com recuos frontais e afastamentos laterais, e a partir de 1934 com Plano Urbanístico, foram implantados modernos padrões como jardins frontais, vias com infraestrutura e arborização. *EQUIPE 06
Rua Benjamin Constant, Cambuí, 1950.
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Praça imprensa fluminense recebe novo teatro
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Centro de Convivência Cultural de Campinas abriga além do teatro comum um teatro de arena.
Teatro Arena na década de 1970.
a expansão do bairro Cambuí e a relevância da Rua Júlio de Mesquita, fatores estes que definiram a escolha do território para o projeto. O partido proposto por Fábio Penteado, a partir de um concurso criado pela Prefeitura de Campinas, foi a união desses espaços para criação de uma quadra circular ampla com diâmetro aproximado de 150 metros. A obra teve apoio de Ruy Novais, prefeito de Campinas em 1968, com a finalidade de externar benefícios do governo após a ditadura e o milagre econômico. A construção do edifício-escultura, inserido no centro da grande quadra, inaugu
rado em 9 de setembro de 1976 como Centro de Convivência de Campinas, tinha a finalidade de criar um marco referencial no âmbito urbano. Sendo a praça pública um espaço de encontro comunitário. Penteado afirma que “Muitas vezes, o espaço que se abre para o encontro das pessoas, para o contato com as coisas da cultura e do teatro, é mais importante que o desenho do edifício” (Penteado, 1998, p.100). O projeto é composto por um Teatro Arena central, com quatro volumes independentes que o circundam. Em segundo plano, Penteado constrói um teatro
subterrâneo com 500 lugares. Arquitetura esta que insere a cultura no percurso do cotidiano dos campineiros, surpreendendo-os com sensações inesperadas conforme o desenho da edificação inserindo-os ao contexto. Proporcionando diversos usos: “Um espaço aberto para o encontro e o convívio, onde se pode ficar à vontade, vadiar, ler, descansar, namorar, assistir a espetáculos artísticos ou esportivos, participar de manifestações públicas […]” (Penteado, 1998, p.100). *EQUIPE 06
Teatro Arena, com mais prédios cercando-o, na década de 1980.
Adaptado de Charges Calvin e Haroldo
A Praça Imprensa Fluminense (construída em 18761882), inspirada no passeio público do Rio de Janeiro, juntamente com a Escola Municipal Cesário Mota (1911) tinha como eixo de transposição a Rua Júlio de Mesquita. O principal motivo da escolha da área para sediar o grande teatro, após a demolição do Teatro Carlos Gomes, referiu-se principalmente a sua localização. Estabelecido no eixo de ingresso a cidade de Campinas e ao principal eixo proveniente da FEPASA, a Praça Imprensa Fluminense estaria na melhor posição dentro da cidade de Campinas, juntamente com
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O triste retrato do Centro de Convivência de Campinas
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Centro de Convivência Cultural de Campinas se encontra inutilizado por má administração.
Teatro Arena fechado com grades em 2017.
Diante de um retrato lastimável do que sobrou do centro de convivência cultural percebe-se o infortúnio da sua pós-ocupação. Idealizado em 1967 pelo arquiteto Fabio Penteado, a obra pensada segundo os ideais da Escola Paulista, dispõe de um teatro de arena para cerca de cinco mil pessoas, um teatro interno para quinhentas pessoas e áreas destinadas a exposições de arte, espaços estes que, hoje, além de não cumprirem sua função, foram completamente abandonados pelo poder público.
Subsolo deteriorado, 2017.
O espaço do centro de convivência cultural foi pensado para ser um local de encontros artísticos, pessoais e políticos, mas, essa função não é, nem nunca foi, presente. Negligencias desde de sua construção, transformaram o sonho de Fabio Penteado em um pesadelo para toda a população. A praça onde está localizado, não estava preparada para a imensa urbanização que viria a seguir. A rápida verticalização do bairro cambuí fez com que o convivência se descaracterizasse e perdesse completamen-
seus usos. Juntamente a isso, equívocos cometidos desde o início das obras, tornaram o edifício uma ameaça a seus frequentadores, o que resultou, em 2004, no seu completo fechamento, primeiramente da área interna, que contava com infiltrações e má instalação elétrica e em seguida o teatro de arena, fechado com grades, fazendo com que assim, se acabasse completamente a utilidade que lhe havia restado. Reformas são prometidas gestão pós gestão, estima-se que o valor da reforma
giraria entorno de 10 a 25 milhões, estes que “não sairiam dos cofres públicos”, segundo Ney Carrasco, secretario de cultura de campinas. A possível reforma conta com a iniciativa privada, e devido a questões burocráticas não sai do papel desde 2011. Em 2016, Ney Carrasco declarou que a reforma teria início no terceiro trimestre do mesmo ano, o que não ocorreu. Sendo assim, o centro de convivência cultural de campinas, continua sem centro, sem convivência e principalmente sem cultura. *Equipe 06
Referências Bibliográficas: <http://www.campinasdeantigamente.com.br/2014/09/teatro-municipal-de-campinas.html>Acesso em: 24/05/2017 <http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/plano-diretor-2006/doc/historico.pdf>Acesso em: 24/05/2017 <https://campinasnostalgica.wordpress.com/tag/cambui/> Acesso em: 24/05/2017 <http://iabcampinas.org.br/identidade-arquitetonica/centro-de-convivencia-cultural/>Acesso em: 24/05/2017 <https://campinasnostalgica.wordpress.com/2014/03/06/footing/> Acesso em: 24/05/2017 <http://campinas.sp.gov.br/governo/gestao-e-controle/arquivos/2012-centro-convivencia-cultural.pdf> Acesso em: 24/05/2017 <file:///C:/Users/Beatriz/Downloads/8642617-14353-1-PB.pdf> Acesso em:24/05/2017 <http://www.campinas.sp.gov.br/uploads/atas/133523_Ata353.pdf> Acesso em: 24/05/2017 <http://www.unicamp.br/chaa/eha/atas/2008/ROVERONI,%20Silvia%20Cristina%20Denardi%20-%20IVEHA.pdf> Acesso em:24/05/2017 Centro de convivência de Campinas: um olhar sobre a arquitetura de Fábio Penteado. TREVISAN, Ricardo. Revista de pesquisa em Arquitetura e Urbanismo. Programa de pós-graduação do departamento de Arquitetura e Urbanismo, EESC-USP.
Equipe 06
Equipe 06 Respostas 1. Fabio Penteado 2. Carlos Gomes 3. Largo do Teatro 4. Teatro Arena 5. Campinas 6. Cambui 7. Conceição 8. Prestes Maia 9. São Carlos 10. CCC
Cruzadas Caça-Palavras
Agenda Cultural 06