GAYACHESS A Terra do Xadrez 2ª EDIÇÃO
Memorial Rui Almeida - Testemunhos sentidos de vários amigos e admiradores da personalidade incontornável, que foi Rui Almeida.
Escola Profissional de Gaia - XVI Profigaia Open. - Rápidas de Outono. - Concentrado da II e III Divisão. - 16 anos de estratégia na EPG. - Desporto Escolar.
Projetos Sociais e Formação - Portugal Investe na Capacidade. - Academia de Xadrez de Gaia/APPDA - Norte. - Seminário escolar sobre Gestão e Xadrez.
Nº2 - 28 de Junho de 2016
- Beira Rio com a Gaiurb.
E AINDA - Análise de partidas, por António Fróis. - Uma lição de xadrez, por Lubomir Ftacnik. - Portugueses em Hellas, Grécia.
GRANDES ENTREVISTAS Escola de Xadrez de Pontevedra Os vencedores dos Jogos Juvenis de Gaia Os nossos jovens jogadores Sérgio Rocha Hugo Sousa Miguel Silva Eduardo Iturrizaga
♞
G
A X aia
Sumário 005 Mensagem do Presidente da FPX
019 As dez melhores vitórias de Dragan Paunovic
038 O Xadrez no Desporto Escolar na DGESTE - Norte
Análises de partidas contra jogadores de destaque.
006 Notícias época 2015-2016
023 Projeto Escola de Xadrez de Pontevedra - Xadrez, a estratégia da Paz
As escolas que pretencem à Direção-Geral dos Estabelecimentos de Ensino da Região Norte, em particular ao CLDE do Porto, somam já uma longa lista.
004 Editorial
006 - Rápidas de Outono da Profigaia 007 - Organização da Jornada Concentrada da 2º e 3º Divisão 008 - Candidato ao título de Campeão Mundial, Sergey Karjakin 011 - O regresso dos Jogos Juvenis de Gaia
013 Entrevista com Sérgio Rocha Sérgio Rocha é Mestre Internacional, treinador da Federação Internacional, tem 43 anos e é, sem dúvida, outro dos maiores valores de sempre do Xadrez de Portugal.
015 Dezasseis anos de estratégia na Escola Profissional de Gaia Ao longo de dezasseis anos o desporto/arte/ ciência, que é o Xadrez, passou, em Vila Nova de Gaia, de uma expressão nula para a prática em todas as Escolas do 1º Ciclo em todo o concelho.
018 Seminário de Xadrez e Gestão 019 Dragan, até sempre amigo
033
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Este Grande Mestre de 26 anos, profissional de Xadrez joga bem todos os ritmos e tem uma margem de progressão muito grande.
028 Entrevista a Hugo Sousa Hugo Carneiro Sousa está com a Academia de Xadrez de Gaia há três épocas e já nos deu imensas alegrias. Tem 14 anos e já tem um currículo apreciável para o xadrez do nosso país.
030 Sugestões de Livros de Xadrez A leitura é essencial ao ser humano para o seu enriquecimento diário.
033 Três tugas foram a Hellas e só viram eles O avião abre as portas e eu saio. Sinto um bafo, um ar quente, que o frio de Moscovo já me tinha feito esquecer. Reportagem de Paulo Fanha no WACC 2016.
036 Entrevista a Miguel Silva Começou aos 11 anos na Bricolândia com o irmão. Tem 23 anos - 12 anos de Xadrez.
005
040 Entrevista a Eduardo Iturrizaga
013
040
044 O Treino de Xadrez nos tempos modernos Nos últimos dois ou três anos mudei parte das minhas atividades de xadrez na direção de formação dos mais jovens e dos jogadores menos experientes.
050 Apostar nas Capacidades todas as Crianças 054 Testemunhos Almeida 072 Os Mates Xadrez
-
mais
077 O que dizem jogadores...
Rui
de
Camejo
Rápidos
os
do
nossos
019
052
3
EDITORIAL
Nos tempos em que vivemos, o ensino evoluiu condicionado por uma sociedade cada vez mais técnica e especializada, orientada para valorizar mais a informação do que a formação, o que é um perigoso equívoco. De nada serve haver pessoas perfeitamente formadas a nível técnico, se esses conhecimentos não são acompanhados por uma sólida formação humana que permita ao indivíduo desenvolver-se integralmente e com um critério próprio dentro de uma sociedade cada vez mais complexa e exigente. É neste contexto que o Xadrez pode oferecer-se como uma matéria formativa estruturante, já que permite o desenvolvimento de capacidades cognitivas que ajudam a compreender os conhecimentos do mundo atual, desenvolve o pensamento crítico e contribui para a formação integral dos jovens, fornecendo-lhes uma série de valores e formas de conduta que lhes proporcionam a capacidade de pensar e agir de forma autónoma. A Escola Profissional de Gaia, consciente da evolução da sociedade e do ensino, concebeu e lançou um projeto único no país, alicerçado nas vantagens educativas do xadrez, que passa pela estratégia de conseguir obter alunos com melhor formação, por forma a aumentar a taxa de sucesso escolar destes e a sua relevância social como futuros profissionais. Para concretizar estes ideais, fundavam-se, a 21 de maio de 2001, a Academia de Xadrez de Gaia e o Profigaia Chess Club. Assim, o Profigaia adquiria o formato de um clube de xadrez de uma escola e destinar-se-ia ao desenvolvimento dos alunos de diversas escolas, nomeadamente em Vila Nova de Gaia. A Academia teria um caráter mais alargado e assumia a missão de fazer desenvolver a modalidade, tanto a nível local como nacional, em três vertentes, sendo elas a competição federada e escolar, a formação e a organização de eventos. O Profigaia Open/ Torneio Internacional Cidade de Gaia, que vai este ano na 16ª edição, insere-se neste caráter de divulgação da modalidade que a Academia pretende ter e, para auxiliar a dar suporte ao mesmo, é lançado este ano o segundo número desta revista GayaChess. Pretende esta publicação continuar a consolidar os seus objetivos, divulgando os eventos e projetos que foram desenvolvidos ao longo do ano, mas sem deixar de recordar e homenagear dois dos nossos grandes jogadores e amigos, Rui Almeida e Dragan Paunovic. Ao primeiro, que desempenhou as funções de professor da Escola Profissional de Gaia, são dedicadas as páginas centrais desta edição, numa sentida homenagem feita por todos aqueles que quiseram manifestar o seu apreço a este grande xadrezista. A revista contém também elementos técnicos de grande interesse e utilidade quer para a competição quer para a formação, e continua a englobar entrevistas a figuras do meio xadrezístico. Pretendemos também, neste espaço, ter uma palavra de apreço para com o Presidente FPX (Francisco Castro) e Direcção FPX que completou o seu mandato, e deixar as nossas palavras de incentivo, apoio e colaboração, ao novo Presidente (Dominic Robin Cross) e à nova Direção da Federação Portuguesa de Xadrez, que este ano foi empossada, para que consiga levar para a frente os seus projetos sem esmorecer, em nome desta modalidade que a todos anima. A FPX, enquanto representante de todos os xadrezistas, pode contar connosco! Para terminar, a nova Direção da Academia de Xadrez de Gaia deseja deixar aqui o seu alto agradecimento à Direcção anterior nas pessoas de Aires Lousã e José Vieira, pelo trabalho, dedicação e carinho com que trataram todos os projetos, colocando em cada um muito do seu tempo e capacidade de materialização de ideais. E não esquecendo que continuam connosco!!! A todos um bem-haja! A Direção da Escola Profissional de Gaia.
Ficha Técnica Editor: Academia de Xadrez de Gaia Diretor: Direção da Escola Profissional de Gaia Sub-Diretor: António Fróis Redação: Ana Isabel Lopes, Bruno Figueiredo, Sónia Reis Fernando Alves
Arranjo Gráfico e Design: Emanuel Silva, Beatriz Novo,
Ricardo Teixeira 4
Mensagem do Presidente
Mensagem
do
Presidente da Federação Portuguesa de Xadrez
No século XXI a cidade de Gaia tem, através dos seus clubes, alcançado inúmeros sucessos xadrezistas na parte competitiva na 1ª divisão pela Academia Xadrez de Gaia, vencedora por sete vezes do Campeonato Nacional por Equipas. Mas é ao nível da formação, em várias escolas do concelho, onde o xadrez é ensinado, ajudando as crianças a serem adultos tomando as decisões certas algo que neste jogo se faz em cada lance, que o trabalho da comunidade xadrezística do concelho se faz sentir. Nos últimos vinte anos, milhares têm aprendido este nobre jogo e praticam-no com gosto. Muitos desses aficionaram-se e competem de forma regular, alcançando inclusive títulos nacionais de jovens através da AXG, do Colégio de Gaia ou do Profigaia. O xadrez é um jogo com um grande grau de ética e fair-play, algo pelo qual são conhecidos os xadrezistas gaienses. Também no xadrez escolar, existe uma meritória participação regular, a nível local, regional e nacional, das escolas do concelho. Um dos rostos do sucesso deste projeto foi Rui Camejo Almeida. Jogador com força de Mestre Internacional, teve o seu início de atividade no Flor de Infesta, onde foi finalista da Taça de Portugal e venceu o nacional de cadetes. Depois, na sua passagem pelo Boavista F.C., teve uma vitória decisiva na Liga dos Campeões frente ao ARS Roma, permitindo à equipa portuguesa chegar aos quartos de finais da prova, e obteve vários títulos nacionais por equipas. Abraçou desde o início o xadrez em Gaia como jogador, integrando várias vezes a primeira equipa, com a qual disputou a 1ª divisão. Nos últimos anos, dedicou-se sobretudo ao seu trabalho de treinador, iniciando muitos no jogo de xadrez nas escolas, preparando os jovens mais promissores. Infelizmente o “Mestre Camejo” deixou-nos prematuramente. A cidade tem acolhido vários provas de xadrez, como os emblemáticos campeonatos nacionais de rápidas junto à marginal do Douro. Mas a grande prova é sem dúvida o Profigaia Open, que na sua 16ª edição recebe o nome de Memorial Rui Camejo Almeida, numa justa homenagem a um dos nomes marcantes do xadrez da cidade de Gaia, reconhecido por muitos alunos e ex-alunos anónimos. Teremos também de referir de forma saudosa ao vencedor da edição anterior Dragan Paunovic, o Grande Mestre que vestiu a camisola do AX Gaia, e que também nos deixou este ano. O Open, que nos habitou a um elevado grau de qualidade, será todo ele uma homenagem ao trabalho do Rui Camejo, confiantes que as jogadas praticadas pelos jovens trarão novos sorrisos ao xadrez gaiense num futuro próximo. O Presidente da FPX Dominic Cross
Dominic Cross - Profigaia Open 2016 GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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NOTÍCIA: TORNEIO DE RÁPIDAS DE OUTONO DA PROFIGAIA
Torneio
de
Rápidas
de
Por: Sónia Reis Para iniciar a época de 2015-2016 e estimular uma dinâmica de jogos/treinos/convívio, aos sábados de manhã, a Escola Profissional de Gaia em conjunto com a Academia de Xadrez de Gaia organizou o Circuito de Rápidas de Outono. Este circuito consistiu em 5 torneios de partidas rápidas em cinco jornadas. Esta iniciativa decorreu entre 17 de Outubro e 14 de Novembro de 2015. A média de jogadores por torneio foi de 24.
Outono
da
Profigaia
O último torneio do circuito contou com 27 participantes e foi o que reuniu maior número de jogadores. No somatório dos 5 torneios participaram 34 jogadores (sendo o número variável em cada dia de jogo). Estiveram representados os clubes: Academia de Xadrez de Gaia, Escola Profissional de Gaia, Sport Musas e Benfica, GD Dias Ferreira, Grupo de Xadrez do Porto, Colégio de Gaia e Galitos. No pódio, sagraram-se em 1º lugar, o Miguel Ferreira da Profigaia, em 2º o Rúben Freitas da Academia de Xadrez de Gaia e em 3º o Rafael Moreira do Colégio de Gaia. 17º
14º 15º
Ferreira Miguel Fernandes Soares Freitas Ruben Manuel Feirreira Moreira Rafael Mota Ribeiro André Amorim Marinho António Pedro Vieira Alves António Ricardo Lourenço Clemente António Manuel Camelo João Pedro Ferreira P. Leite Emidio Franclim Pereira Carvalho Afonso Filipe Moreira Nogueira Luís Filipe Silva Oliveira João Manuel Ferreira Silva Daniel Frederico Vasconcelos Brandao Alvaro Jorge De Sousa Antão José Pedro Pereira
31º
Ralha José Domingos Salazar Luz David Melnic Barros Ferreira Álvaro Francisco Fernandes Sousa Hugo Carneiro Ferreira Artur Marques Luís Filipe Ribeiro Duarte Filipe Lapa Silva Gabriel Oliveira Afonso Duarte Quinta Rocha Paulo Alexandre Oliveira Sousa Mário António da Silva Durão Miguel Artur Martins Alexandra Inês Amorim Vicente Pinho Leonor Machado
16º
Marrios Ruben José Lopes
32º
Magalhães Fernando
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º
18º 19º 20º 21º 22º 23º 24º 25º 26º 27º 28º 29º 30º
O Pódio: Miguel Ferreira (Centro), Rúben Freitas (Esquerda), Rafael Moreira (Direita) 6
NOTÍCIA: ORGANIZAÇÃO DA JORNADA CONCENTRADA DA 2ª E 3ª DIV.- 12 E 13 DE MARÇO DE 2016
Organização da Jornada Concentrada da 2ª 3ª Div. - 12 e 13 de Março de 2016
e
Sala de jogo da 3ª Divisão B
Por: Sónia Reis Realizou-se na Escola Profissional de Gaia nos dias 12 e 13 de Março a 4ª e 5ª ronda em formato concentrado do Campeonato Nacional por Equipas da 2ª e 3ª Divisão. Realizaram-se os jogos da 2ª Divisão série A e 3ª Divisão série A e B, num total de 24 equipas representadas. Paralelamente também se realizaram em Lisboa e Montemor-o-Velho os restantes jogos das respetivas divisões. Após a 5ª ronda os resultados apresentaram-se da seguinte forma:
Vista da Sala GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
2 ª divisão Série A O Amanhã da Criança A AEJ S. João da Madeira Academia de Xadrez de Gaia B Profigaia/ Escola Profissional de Gaia A GDR Amigos Urgeses A GD Dias Ferreira B CX Braga A CX Escola João de Meira
1º
J
V
E
D
P PM
5 5 5 5
3 3 2
2 2 1
0 0 2
13 13,0
5 5 5 5
1 2 1 1 1
3 1 2 1 0
1 2 2 3 4
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
3 ª divisão Série A CX A2D B GD Dias Ferreira C AC Alfenense AX Barcelos GDR Amigos Urgeses B GX 113 CX Braga B NX Santo Tirso
J 5 5 5 5 5 5 5 5
V 5 2 2 2 1 2 1 0
E 0 2 2 1 3 1 1 0
D 0 1 1 2 1 2 3 5
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
3 ª divisão Série B Escola de Xadrez do Porto GX Porto B NA Cucujães Colégio de Gaia CX UGT Viseu Profigaia/ Escola Profissional de Gaia B AEJ S. João da Madeira B Academia de Xadrez de Gaia C
J 5 5 5 5 5 5 5 6
V 4 3 3 2 2 1 1 0
E 1 2 2 1 1 2 1 0
D 0 0 0 3 2 2 3 6
13 12,0 10 10,0 10 10,0 10 9,5 9 9,0 8 9,0 7 7,5
P PM 15 15,5 11 11 10 10 10 8 5
13,0 11,5 12,0 11,0 8,5 6,5 2,0
P
PM
14 16,0 13 13 11 10 9 8 6
16,0 13,5 10,5 10,0 10,0 5,0 3,0 7
NOTÍCIA: CANDIDATO AO TÍTULO DE CAMPEÃO MUNDIAL - SERGEY KARJAKIN
Candidato ao titulo Sergey karjakin
de campeão mundial
-
Por: António Frois
CLASSIFICAÇÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 1º Karjakin, Sergey 8.5 .. =1 10 == == == =1 =1 RUS 2760 g 7.5 2º Caruana, Fabiano USA 2794 g =0 .. =1 == == == =1 == 7.5 3º Anand, Viswanathan IND 2762 g =1 =0 .. == 1= =1 = 1= 7.0 4º Giri, Anish NED 2793 g == == == .. == == == == 7.0 5º Svidler, Peter RUS 2757 g == == 0= == .. =1 == == 7.0 6º Aronian, Levon ARM 2786 g == == =0 == =0 .. 1= 1= 7.0 7º Nakamura, Hikaru USA 2790 g 0= =0 =1 == == 0= .. 11 4.5 8º Topalov, Veselin BUL 2780 g =0 == =0 == == 0= 00 .. Media Elo: 2777 Categoria: 22 De 11 a 30 de Março de 2016 disputou-se em momentos críticos, o maior dos quais na Moscovo a Final do Torneio de Candidatos de última ronda. Nessa partida, por coincidência do 2016. Os oito Candidatos ao Título de Magnus sorteio, defrontaram-se Karjakin e Caruana, Carlsen encontraram-se num duríssimo torneio sendo que Caruana venceria o Torneio de todos contra todos a 2 voltas. Estes 8 Grandes Candidatos se vencesse essa derradeira Mestres têm uma diferença insignificante de partida. O jogo foi muito disputado e, no 37 pontos de ELO entre eles, e uma diferença momento decisivo, Karjakin, a quem bastava o de idades significativa, uma vez que Giri tem 22 empate, sacrificou um peão por atividade, o que anos e o Ex Campeão Mundial Anand 47 anos. revela uma coragem notável e um sangue frio do O torneio foi extremamente disputado com outro mundo. um equilíbrio enorme entre quase todos os Embora segundo as análises o sacrifício dê participantes, com a exceção do ex Campeão vantagem às pretas, a situação aberta do seu rei Mundial Topalov que apareceu claramente fora fez com que Caruana não encontrasse a melhor de forma não ganhando uma única partida e continuação e Karjakin acabou por ganhar com perdendo 5. Destaque para a atuação de Anand um sacrifício de torre que deixa as pretas em que andou muito perto do primeiro lugar até à situação de mate imparável. Parabéns a Sergey derrota dramática com Nakamura, na qual os Karjakin, futuro adversário de Magnus Carlsen. nervos o traíram em posição muito superior. Este torneio demonstrou mais uma vez como Giri jogou partidas de muita luta, com ideias o nosso jogo está vivo. Muita variedade de riquíssimas, demonstrando que os empates por aberturas e defesas e, apesar das potentes si só não querem dizer falta de combatividade, máquinas de análise, os humanos continuam a há que ver como decorrem as partidas. Acabou não conseguir jogar sem cometer erros, o que por vencer Sergey Karjakin, de 26 anos, que nos vai continuar a fascinar com o xadrez por tinha ganho a última Taça do Mundo. Este muitos e bons anos. jovem russo demonstrou nervos de aço nos
Fotos: chess-db.com / chess24.com / telegraph.co.uk 8
NOTÍCIA: CANDIDATO AO TÍTULO DE CAMPEÃO MUNDIAL - SERGEY KARJAKIN
Fotos: chessdom.com / vestnikkavkaza.net
(1) Karjakin,Sergey (2760) Caruana,Fabiano (2794) [B67] FIDE Candidatos 2016 Moscu RUS (14.4), 28.03.2016 [António Fróis] 1.e4 c5 2.¤f3 ¤c6 3.d4 cxd4 4.¤xd4 ¤f6 5.¤c3 d6 6.¥g5 e6 7.£d2 a6 8.0–0–0 ¥d7 9.f4 h6 10.¥h4 b5 11.¥xf6 gxf6 12.f5 £b6
Novidade de Caruana neste encontro totalmente decisivo para a vitória no torneio de Candidatos de 2016 . [12...h5 Este lance foi jogado numa partida Ivanchuk -- Piket - 1/0 –1996 ] 13.fxe6 fxe6 14.¤xc6 £xc6 15.¥d3 h5 Está definida uma luta sem quartel. As pretas têm um par de bispos e melhor final por causa dos seus fortes peões centrais, que parecem uma estrutura “Ouriço“. O Ponto das brancas é se o jogo chega ao final, porque o rei preto está GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
apetecivelmente no meio do tabuleiro e com damas em jogo. 16.¢b1 b4 [16...£c5] 17.¤e2 £c5 18.¦hf1 ¥h6 19.£e1 a5!? 20.b3
[20.¦xf6 Era perigoso para as brancas aceitar este peão e permitir o eventual contra jogo pela diagonal que ataca b2. 20...¢e7 21.¦g6 ¦ag8 22.£h4+ ¥g5 23.¦xg8 ¥xh4 24.¦xh8 ¥f6 25.¦h7+ ¢e8 26.¦f1 £e5] 20...¦g8 21.g3?! [21.£h4 Parece mais ativo atacando f6. Neste tipo de partida muito aberta, é muito importante a iniciativa e o rigor na ordem de jogadas.] 21...¢e7 22.¥c4 ¥e3 [22...£e5] 23.¦f3 [23.¤f4] 23...¦g4 24.£f1 ¦f8 25.¤f4 ¥xf4 26.¦xf4 a4³ As pretas têm o controle da
casa e5, o peão de e4 está em casa da cor do bispo das pretas e agora ameaçam colocar um peão em a3 com ameaças de mate. 27.bxa4! Única para não permitir o plano das pretas. 27...¥xa4 28.£d3 ¥c6 [28...¦fg8 29.¦df1 ¦8g6³] 29.¥b3! Observem o poder desta peça para o futuro da partida.
Foto: telegraph.co.uk 9
NOTÍCIA: CANDIDATO AO TÍTULO DE CAMPEÃO MUNDIAL - SERGEY KARJAKIN
29...¦g5 30.e5!!
Sergey brilhante no momento crítico!! Karjakin sacrifica um peão para abrir a linha para h7 e colocar tudo em jogo no torneio de Candidatos e quando lhe basta o empate. É preciso perceber as circunstâncias práticas para compreender o alcance da jogada do Candidato ao Titulo de Magnus Carlsen. O relógio está a apertar e Caruana tem de tentar controlar tudo para a partida não terminar com o seu rei destruído. Uma verdadeira jogada de Poker de Sergey Karjakin! 30...¦xe5 31.¦c4 ¦d5 32.£e2
Foto: social.chessclublive.com 10
£b6 33.¦h4 ¦e5 34.£d3 ¥g2?! Este bispo coloca-se numa casa exposta a motivos táticos, uma vez que fica longe do resto das suas peças. [34...£c5 O problema de Dama c5 é que Karjakin pode repetir jogadas porque o empate serve às brancas. Que frieza a deste Candidato! 35.¦c4=] 35.¦d4 d5 36.£d2 Aproveitando o tema do bispo para também atacar b4 e recuperar o peão mantendo o ataque ao rei das pretas. 36...¦e4?? Caruana apurado de tempo não vê o sacrifício. Havia que jogar Be4 e devolver o peão. 37.¦xd5!
E com este sacrifício de torre as brancas ganham a partida. As 3 peças das brancas valem muito mais do que as 4 peças das pretas, porque não existe forma de garantir a segurança do rei das pretas. 37...exd5 38.£xd5+- £c7 39.£f5 ¦f7 40.¥xf7 £e5 41.¦d7+ ¢f8 42.¦d8+ 1–0 Uma vitória emocionante que qualificou Sergey Karjakin para defrontar Magnus Carlsen para o Título Mundial de Xadrez.
NOTÍCIA: O REGRESSO DOS JOGOS JUVENIS DE GAIA
o regresso
dos Jogos Juvenis de
Por: Ana Isabel Lopes Ao fim de longos anos de interrupção, os Jogos Juvenis voltaram a Vila Nova de Gaia! Uma iniciativa que surgiu em Gaia há mais de 30 anos, tornando-se paradigma para outros concelhos a partir daí, os Jogos Juvenis visaram sempre o desenvolvimento desportivo das crianças gaienses que de outra forma não teriam acesso ao desporto. Desde a sua origem destina-se apenas a crianças, que não sejam desportistas federados, proporcionando competições sazonais, entre abril e junho, que primeiro se disputam numa fase de freguesia e seguidamente passam para a fase inter-freguesias. Sendo Vila Nova de Gaia o maior concelho, territorialmente falando, as assimetrias são bem notórias, por isso esta atividade acaba por aproximar as crianças de
gaia
forma salutar. Andebol, atletismo, basquetebol, desporto adaptado, futebol, ginástica, natação, énis de mesa, voleibol e xadrez são as modalidades escolhidas pela Câmara Municipal de Gaia para dar corpo à iniciativa, que tem como padrinho, nesta edição de 2016, o selecionador nacional de sub - 21, Rui Jorge. Além deste conhecido desportista, cada uma das restantes modalidades conta também com o seu padrinho, sempre figuras de destaque dentro da modalidade, a nível nacional. Assim, são também padrinhos em cada uma das modalidades: Gilberto Duarte (andebol), Jéssica Augusto (atletismo), Paulo Cunha (basquetebol), Lenine Cunha (Desporto Adaptado), Rui Jorge (futebol), Isabel Fernandes (ginástica), Rui Borges (natação), Pedro Rufino (ténis de mesa) e Jorge Antão (xadrez). CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS JUVENIS - ESCALÃO SUB-10 1º Tomás Oliveira Canidelo 2º Nuno Vasconcelos Serzedo / Perosinho 3º Emanuel Santos Pedroso / Seixezelo 4º Edgar Íncio Sta. Marinha / S. Pedro da Afurada 5º Leonor Silva Pedroso / Seixezelo 6º Tomás Pereira Pedroso / Seixezelo 7º Ana Sofia Tavares Valadares / Gulpilhares 8º Marta Lopes Mafamude / Vilar do Paraiso 9º Joana Caracol Pedroso / Seixezelo 10º João Silva Mafamude / Vilar do Paraiso
Foto: www.cm-gaia.pt GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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NOTÍCIA: O REGRESSO DOS JOGOS JUVENIS DE GAIA
O mais jovem campeão dos Jogos Juvenis Por: José Margarido
Tomás Oliveira
Tomás Oliveira mostrou toda a sua classe depois do interregno de 10 anos dos Jogos Juvenis em xadrez. Com apenas sete anos sagrou-se notavelmente vencedor do escalão de sub -10, em representação da freguesia de Canidelo, sendo este jogador oriundo concretamente do Colégio CBE Centro de Bem Estar Infantil e Juvenil no Porto. Nos tempos livres divide-se entre os pontapés na bola e o tabuleiro para um correto equilíbrio entre o corpo e a mente e elege o pai como referência de inspiração para as batalhas que enfrenta (...”O meu pai, porque me treina e apoia...”). Descreve os Jogos Juvenis de Gaia como o seu primeiro grande torneio, uma vez que até então só tinha participado em torneios na sua escola, mas promete não ficar por aqui e levar o xadrez para a vida.
CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS JUVENIS - ESCALÃO SUB 12 1º Pedro Vieira Mafamude / Vilar do Paraíso 2º Ricardo Freitas Mafamude / Vilar do Paraíso 3º André Moreira Canidelo 4º Tiago Rola Canidelo 5º João Vilela Mafamude / Vilar do Paraíso 6º Diogo Teixeira Avintes 7º Diogo Silva Mafamude / Vilar do Paraíso 8º Matilde Moreira Canidelo 9º Francisco Reis Mafamude / Vilar do Paraíso 10º Daniel Silva Mafamude / Vilar do Paraíso 11º Lara Cacheira Canidelo 12º David Vieira Canidelo 13º Luana Lapa Canidelo Mafamude/Vilar do Paraíso tem talento Por: José Margarido Chama-se Pedro Vieira e com onze anos venceu o seu escalão e o geral nos Jogos Juvenis de Gaia. Atualmente no 6º ano de escolaridade na escola EB Escultor António Fernandes de Sá – Gervide, não esconde o seu gosto pela Playstation 4 e pela música, nomeadamente tocando flauta. Fã incondicional do Futebol Clube do Porto, é nas quatro linhas que o Pedro diz estar o seu desporto favorito. O jogador não esconde a sua forte ligação à família, destacando que “a minha mãe é uma mulher lutadora e que está sempre presente para mim...” e “o meu pai comprou um 12
Pedro Vieira
tabuleiro e ensinou-me a jogar xadrez, nunca me facilitando as vitórias.” Pedro é seguido de perto pelo seu treinador, Rúben Freitas, e realça a estratégia do jogo e a sua imprevisibilidade como fatores-chave que o atraíram para a modalidade. No tempo que dedica semanalmente ao xadrez segue com admiração o atual campeão mundial Magnus Carlsen, porque diz ser “simplesmente genial”. Em jeito de brincadeira, o Pedro remata esta entrevista expressando todo a sua afinidade pelo jogo das 64 casas dizendo que só pretende parar de jogar no dia em que as suas mãos começarem a doer. Esperemos que nunca aconteça!
ENTREVISTA A SÉRGIO ROCHA
Sobre
a entrevista
Por: António Fróis A GAYACHESS entrevistou Rui Dâmaso em 2015 como indiscutível figura de referência no xadrez nacional. Nesta entrevista foi falar com Sérgio Rocha e referiu-se às suas várias vertentes, ao seu vasto currículo em todas elas, à sua visão do jogo e também ao panorama internacional e nacional, terreno onde o
Entrevista
a
Sérgio Rocha
entrevistado dá contributos inéditos e sem dúvida polémicos de como vê com satisfação algumas alterações radicais no jogo do xadrez! Uma entrevista a não perder de mais um grande valor oriundo da Margem Sul. Tal como com Rui Dâmaso, o xadrez nacional não deve passar sem Sérgio Rocha!
Sérgio Rocha é Mestre Internacional, Treinador da Federação Internacional, tem 43 anos e é, sem dúvida, outro dos maiores valores de sempre do Xadrez de Portugal. Sérgio Rocha é dos poucos que assumiu convictamente o profissionalismo no xadrez em Portugal. Jogador, professor, escritor, Diretor do plano de Xadrez da Câmara do Barreiro, divulgador, etc, etc, é uma opinião indispensável para quem quer perceber o xadrez no nosso país.
1 - Quais os momentos mais significativos da tua carreira ? Felizmente, ao longo de trinta anos dedicados ao Xadrez, já tive muitos momentos importantes nos vários níveis em que me envolvo na modalidade. Em termos competitivos, as duas medalhas de prata e bronze conquistadas nos Campeonatos Mundiais de sub-26 foram significativas. Para além disso, todos os títulos nacionais, individuais e por equipas, são sempre momentos especiais, tal como todas as representações pela Seleção Nacional, onde estou prestes a atingir as 500 internacionalizações.Outro fator relevante foi a obtenção do título de Mestre Internacional. Em termos pessoais as medalhas de Mérito Desportivo atribuídas pelo Ministério da Juventude e do Desporto em 2001 e pelo Instituto de Desporto de Portugal em 2005, bem como o prémio “Barreiro Reconhecido – Desporto” em 2009, são, para mim, marcos ao longo desde tempo dedicado ao Xadrez. Em termos de formação, a publicação de sete livros, para além dos manuais de treinadores da FPX, deixa-me também muito satisfeito e orgulhoso de poder contribuir de alguma forma GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
para a divulgação da modalidade. 2 - Achas que ainda podes chegar a Grande Mestre? Dificilmente, embora nunca feche portas a nada, mas vejo esse patamar acima daquilo que posso dedicar ao Xadrez e a idade avança… O tempo disponível para estar constantemente em competição, a motivação e provavelmente as capacidades para lá chegar, não são suficientes. Considero que é um objetivo possível, mas não o vejo como um meta de curto prazo. Para isso, o meu jogo terá de evoluir um pouco para alcançar esse almejado título. 3 - Fala-nos da tua vertente de escritor. A minha parte dedicada à escrita começou hà muitos anos atrás, quando tive o desejo de escrever um livro sobre Xadrez. Foi assim que surgiu o Xadrez Mágico, que será sempre como que o primeiro amor. Nessa altura estávamos nos primeiros anos do PDX do Barreiro com aulas em tempo letivo, a parceria com o João Coelho e com o Luís Morais deu origem a essa obra. Depois vieram os restantes livros, sempre com o intuito de acrescentar algo em português, que era algo em que eu entendia existir algumas 13
ENTREVISTA A SÉRGIO ROCHA
lacunas na modalidade e experimentar todo o tipo de posições. 4 - Como vês a parceria comigo dentro dessa escrita? Foi algo de muito positivo, porque surgiram novas ideias, novas oportunidades de efetuar algo que sentimos que fosse proveitoso para a modalidade. Essencialmente dar a conhecer aos mais novos os conceitos essenciais de Xadrez, bem como os Campeões Mundiais da modalidade. 5 - Como te defines como xadrezista? É sempre difícil arranjarmos uma definição de nós próprios, mas vejo-me essencialmente como um estratega, definitivamente a táctica não é a minha especialidade. Gosto muito das partidas do Petrosian. 6 - Como vês o atual panorama do xadrez no Mundo? Não me preocupo muito com isso, porque entendo que todas a decisões são baseadas e com o intuito de defender sempre os jogadores de topo e sem grandes preocupações ao nível dos comuns mortais. O Xadrez é a única modalidade no mundo onde o Campeão Mundial fica sentado à espera do próximo adversário, o ritmo de jogo está obsoleto se queremos propagar o xadrez às massas e sobretudo se queremos evitar as cada vez mais probabilidades de “batota” no decorrer dos jogos com recurso às novas tecnologias. Defendo o fim do ritmo de jogo clássico, uma única partida com a duração de várias horas é, na minha opinião, algo que pertence ao século passado. Poderíamos substituir uma lenta por, por exemplo, quatro semirrápidas. Era mais rápido, mais espetacular para quem via, mais Xadrez e, sobretudo, não havia a possibilidade de consultar aparelhos eletrónicos durante os jogos. Outra coisa que gostava de mudar, era a regra mais básica do Xadrez. Ganharia o jogo quem capturasse o Rei. Manter-se-ia a regra do afogado, mas se alguém capturasse o rei durante uma partida, venceria. Isto auxiliaria a compreensão do jogo por qualquer pessoa de qualquer idade e facilitaria o processo de ensino nas escolas e consequentemente uma maior
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adesão e prática de mais jovens à modalidade. 7 - Como vês o atual panorama do xadrez no nosso país? Também aqui não tenho uma opinião muito formada, embora nos últimos anos tenha havido um certo aumento dos torneios. Pena é que, em Portugal, salvo raras exceções, nenhum desses organizadores, tenha interesse ou respeito pela participação dos melhores jogadores portugueses. No entanto, não sei ao certo, mas parece-me que o número de filiados não tem crescido de forma relevante. Embora sejam as regras económicas da FIDE, não concordo com a divisão excessiva dos escalões de jovens, não vejo nisso qualquer efeito positivo na evolução e competitividade dos jovens. Em termos de formação, as regras estabelecidas para os cursos de treinadores são absurdas e claramente afastam possíveis interessados em promover e trabalhar em prol do Xadrez. Tenho realizado algumas formações acreditadas para professores nos últimos tempos, mas estas não estão acessíveis essencialmente aos amantes da modalidade que estão inseridos no movimento associativo e que são os motores de possíveis núcleos de Xadrez. 8 - Que planos tens para os próximos anos? Nada em concreto. Continuar todos os projetos em que estou envolvido, continuar a divulgar a modalidade e tentar jogar mais torneios. Agora que o ELO deixou de ser relevante, tentar aproveitar uma parte mais lúdica do jogo, disfrutá-lo.
16 ANOS DE ESTRATÉGIA NA ESCOLA PROFISSIONAL DE GAIA
Dezasseis de Gaia
anos de estratégia na
Por: Ana Isabel Lopes Ao longo de dezasseis anos o desporto/ arte/ ciência, que é o Xadrez, passou, em Vila Nova de Gaia, de uma expressão nula para a prática em todas as Escolas de 1º Ciclo em todo o concelho. Esta expansão não tardou a fazer eco a nível distrital, vendo-se refletida quer no aumento exponencial de clubes, quer na organização do quadro competitivo do Desporto Escolar da DREN. O agente que estava por detrás deste surpreendente desenvolvimento da modalidade de xadrez eram a Escola Profissional de Gaia e
Escola Profissional
todo o trabalho que aí vinha sendo desenvolvido, tanto ao nível da formação como da competição, passando pela organização de eventos. Os positivos “ventos de mudança”, que esta Escola trazia ao xadrez, não ficaram circunscritos ao distrito do Porto e, em poucos anos, começou a servir de paradigma a outros projetos escolares que surgiam um pouco por todo o país. Desde cedo se começava a desenhar aquilo que deveriam ser os novos clubes de xadrez, e muitos outros agentes começaram a entender a mensagem que a Escola Profissional de Gaia fazia passar:
Formação de juízes árbitros - Desporto Escolar 2015
1. O xadrez é uma importante ferramenta educativa, que deve ser aproveitada pela instituição Escola, pelas vantagens que esta traz aos alunos, para o desenvolvimento intelectual, para a educação social e desportiva, para atingir objetivos culturais e ampliar conhecimentos, para o desenvolvimento pessoal e formação do caráter. 2. Qualquer projeto escolar de xadrez só faz verdadeiro sentido quando em estreita cooperação com o meio que o envolve: Poder Local; associativismo local, regional e nacional; outras escolas e Direções Regionais; empresas de empreendedorismo social e associações de solidariedade social; e Desporto Federado. 3. O xadrez não pode nem deve ser uma modalidade unicamente dirigida aos mais talentosos e/ou dotados, na medida em que é um desporto do intelecto, ele é igualmente uma privilegiada ferramenta para o desenvolvimento de toda e qualquer criança e adolescente, ou seja, funciona como um verdadeiro instrumento de inclusão social e como tal deve ser entendido.
2002 - Torneio Interescolar E.P.G. GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Desporto Escolar 2006 15
16 ANOS DE ESTRATÉGIA NA ESCOLA PROFISSIONAL DE GAIA
Pode resumir-se a dois vetores o conceito que faz do projeto da Escola Profissional de Gaia único e ao mesmo tempo exemplar para outros projetos: 1. A sua atividade que passa pelas três áreas que qualquer clube desportivo deve contemplar, que são a Formação (de vários níveis), a Competição (escolar e federada) e a Organização de Eventos (locais e nacionais): - Desporto Escolar – alunos da EPG; - Clube Federado do Desporto Escolar – Profigaia Chess – alunos e ex-alunos da EPG; a) Formação - Centro de Formação Desportiva – escolas de 1º, 2º e 3º ciclo - Projeto GaiaAprende+ - escolas de 1º ciclo; - Polos de Especialização – que reúne na EPG e na Biblioteca Municipal os alunos mais
talentosos que perpassam pelos outros modos de formação. Neste projeto, como em qualquer projeto desportivo bem alicerçado, a competição prefigura-se como o culminar e razão da formação. b) Competição - Escolar: Desporto Escolar, Profigaia Chess, Centro de Formação Desportiva. - Federada: Profigaia Chess Club e Academia de Xadrez de Gaia. c) Organização de eventos escolares. - Provas particulares – Profigaia Open, torneios - Provas federadas. - Projetos sociais: workshops, seminários, treinos.
Direção da Escola Profissional de Gaia
2. A sua articulação com o meio, que reúne protocolos com os seguintes agentes: I. Profigaia Chess Club – que se constitui como o clube federado de Desporto Escolar, do qual fazem parte alunos e ex-alunos da EPG. II. Academia de Xadrez de Gaia – o clube de xadrez que, pelo seu reconhecido êxito de caráter nacional, ajuda a enquadrar o ponto 1 enunciado anteriormente, na medida em que proporciona atividades de alta competição e 16
agentes altamente qualificados quer para a competição quer para a formação. É também o clube que, pelos inúmeros títulos alcançados, ajuda a promover a imagem da Escola Profissional no meio, designadamente junto do Poder Local. III. DGEST – Desporto Escolar – onde a Escola Profissional de Gaia é considerada Escola Referência da Modalidade e a responsável pelo Apoio à Modalidade;
16 ANOS DE ESTRATÉGIA NA ESCOLA PROFISSIONAL DE GAIA
IV. Câmara Municipal de Gaia – Pelouro do Desporto e Pelouro da Educação – sendo uma relação que se estabeleceu inicialmente através da Gaianima, EM, desenvolvendo o Centro de Formação Desportiva de Xadrez, atualmente a ligação mantém-se através do Projeto GaiaAprende+, de quem somos parceiros, e dos Jogos Juvenis, em que através da Academia de Xadrez de Gaia somos os responsáveis pela modalidade. V. Associação de Xadrez do Porto (AXP) e a Federação Portuguesa de Xadrez (FPX), que enquadram o desporto federado desenvolvido quer na competição, quer na formação, quer na organização de eventos. VI. Escolas de Vila Nova de Gaia – 1º, 2º, 3º ciclo e secundário – em colaboração com a Academia de xadrez de Gaia, as escolas de 1º, 2º e 3º ciclo recebem semanalmente de forma gratuita formação de
xadrez, ajudando à divulgação da Escola Profissional de Gaia junto dos alunos; as escolas de 3º ciclo e secundárias participam nos torneios do Desporto Escolar organizados pela Escola Profissional de Gaia. VII. Juntas de Freguesia – no novo modelo de funcionamento do xadrez no projeto GaiaAprende +, a Escola Profissional de Gaia e a Academia de Xadrez de Gaia promoverão workshops em todas as freguesias, durante o período de férias de verão. VIII. Biblioteca Municipal de Gaia – é um dos polos de especialização de xadrez, onde um monitor se dirige semanalmente, atividade desenvolvida em colaboração com a Academia de Xadrez de Gaia. IX. União de Clubes de Gaia e Associação das Coletividades de Gaia – são os organismos que congregam o associativismo local, dos quais a Escola Profissional de
Gaia é parceira, na figura da Academia de Xadrez de Gaia. X. Centro de Reabilitação Profissional de Gaia (Arcozelo) – com o qual trabalhamos em parceria, desenvolvendo formação para os utentes deste centro, expandindo assim a vertente de empreendedorismo social, que é um dos estandartes da Escola Profissional de Gaia. XI. Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas/ Escola Superior Paula Frassinetti – - instituições com as quais são ministradas mensalmente aulas a crianças sobredotadas, no âmbito do Programa PIC (Portugal investe na capacidade), com a colaboração da Academia de Xadrez de Gaia. XII. APPDA - Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo – em que três crianças autistas recebem mensalmente aulas de xadrez, com a ajuda da Academia de Xadrez de Gaia.
Campeonato Nacional por Equipas 2009
Com toda esta atividade que diariamente desenvolvemos em colaboração com a Academia de Xadrez de Gaia e o Profigaia Chess Club, os nossos pilares são a formação dos jovens, o envolvimento com o meio que nos envolve e a divulgação do nome de Vila Nova de Gaia sempre mais além!
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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SEMINÁRIO DE XADREZ E GESTÃO
Seminário Por: António Frois
de
Xadrez
e
Gestão
Alunos do 10º e 11º da Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves
No dia 19 de Fevereiro de 2016, a convite do Professor Sérgio Chumbinho, teve lugar uma ação designada “Xadrez e Gestão“ na Escola Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, Escola Secundária de Valadares, com 1600 alunos. Essa ação destinou-se a cerca de 70 alunos do 10º e 11º anos de escolaridade da área de Economia. Estiveram também presentes o Professor Sérgio Chumbinho, licenciado em Educação Física, e a Professora de Economia Doutora Emília Fernandes. Foi um misto de palestra e debate. Durante cerca de hora e meia, debati com os alunos as questões relacionadas com o paralelismo entre o pensamento de um Mestre de Xadrez e as “Tomadas de Decisões” na vida real. Para estes jovens, que estão numa fase de tomar decisões para o seu futuro universitário e profissional, estas questões e a sua forma de as abordar toca-lhes muito de perto. São questões para as quais as empresas estão cada vez mais sensíveis, e foram trazidas para a atualidade a partir de 2005 quando Kasparov escreveu o livro “A Vida Imita o Xadrez”. Que fazemos nós todos os dias? Temos de tomar imensas decisões e arcar com as consequências 18
delas. Ao tomar uma decisão, decidimos ir num determinado caminho, abdicando forçosamente de outras direções. O que faz um xadrezista que na primeira jogada tem ao seu dispor 20 movimentos diferentes e só pode escolher um deles em cada partida? Faz a mesma coisa. Tal como no xadrez, o tempo não é infinito para a tomada dessas decisões e devemos aprender a decidir mais depressa ou mais devagar em função das situações concretas que nos surgem e tendo em conta os vários elementos que estão em jogo. Num mundo cheio de surpresas, a necessidade de ter conhecimento das mais diversas áreas e a perceção das suas inter-relações leva os jovens a estarem mais preparados para enfrentar os desafios do presente e do futuro. A nossa profunda convicção é de que os raciocínios estratégicos deste jogo maravilhoso do xadrez têm um papel preponderante na educação. Agradecemos à Escola Profissional de Gaia e à Escola Secundária de Valadares mais esta oportunidade para uma manhã que nos pareceu muito proveitosa para todos.
DRAGAN PAUNOVIC
Dragan,
até sempre amigo
Por: António Frois 23-05-2016 Fui acordado no dia 19 de Maio de 2016 com a Brutal notícia do desaparecimento do meu Amigo o Grande Mestre Dragan Paunovic. Amigo, companheiro de não sei quantas viagens e torneios, agora nos últimos anos também na Academia de Xadrez de Gaia. Falava pouco, mas acertava muito. Nunca falhou um compromisso. Almoçámos juntos pela última vez quando veio jogar a Taça de Portugal em Abril 2016 a Matosinhos. Ele adorava estar à mesa com os amigos. Estava feliz, muito feliz. Jogou muito bem nesse dia que, não sabíamos, seria a última partida que faria pela nossa Academia de Xadrez de Gaia. É muito difícil escrever sobre um Amigo e tão a quente (passaram quatro dias do seu desaparecimento).
Dragan Paunovic foi um Profissional de Xadrez no tabuleiro como eu. Uma referência de seriedade e profissionalismo. Dava tudo nas partidas, era um grande prazer analisar com ele e aprender os finais até ao infinito, os detalhes que fazem toda a diferença, e que ele sabia como poucos. Partilhamos vitórias, nas quais era muito humilde, e derrotas com as quais sofria terrivelmente, como só sofrem os que dão tudo. Dragan tinha-se ligado à Academia de Xadrez de Gaia e a Portugal, jogou e ganhou por nós várias Supertaças e Taças de Portugal e gostava muito de vir ao Profigaia Open. Para mim, que tal como Dragan, assumi o xadrez como profissão há 32 anos, tenho de dizer: Dragan, OBRIGADO, deste-me muita força imensas vezes, porque acreditávamos no mesmo.
GM Dragan Paunovic no 1º tabuleiro no Profigaia Open 2012 do qual foi vencedor
As 10
melhores vitórias de dragan paunovic
Paunovic,Dragan (2539) - Milov,Vadim (2705) [E63] Villarrobledo op 23rd Villarrobledo (7), 03.08.2008 1.c4 g6 2.g3 ¥g7 3.¥g2 ¤f6 4.¤f3 0–0 5.0–0 d6 6.d4 ¤c6 7.¤c3 a6 8.h3 ¦b8 9.¥e3 ¥d7 10.¦c1 b5 11.¤d2 e6 12.d5 ¤e7 13.dxe6 fxe6 14.b3 ¤f5 15.¥g5 h6 16.¥xf6 £xf6 17.¤ce4 £d8 18.c5 d5 19.¤c3 b4 20.¤a4 ¥b5 21.c6 ¤d4 22.¦e1 ¤xc6 23.¤f3 £d6 24.£c2 e5 25.e4 d4 26.¤b2 ¦f6 27.¤c4 £e7 28.¤cd2 h5 29.£c5 £d6 30.£d5+ ¢h8 31.¤c4 £f8 32.¤cxe5 ¤xe5 33.¤xe5 ¦d8 34.£c5 d3 35.¦ed1 £e8 36.f4 h4 37.£e3 ¦fd6 38.¦xc7 ¢g8 39.¦d2 ¦c8 40.¦xc8 £xc8 41.gxh4 £d8 42.£g3 £f6 43.£g5 ¦d8 44.¢h2 ¦f8 45.¢g3 £b6 46.¤f3 ¢h7 47.h5 ¦f6 48.e5 ¦e6 49.¥f1 ¥h6 50.£h4 £e3 51.£g4 £b6 52.¥xd3 ¥xd3 53.¦xd3 gxh5 54.¦d7+ ¢h8 55.¦d8+ £xd8 56.£xe6 £f8 57.£f6+ £xf6 58.exf6 ¢g8 59.¤g5 ¥f8 60.¢h4 ¥d6 61.f5 ¥e5 62.f7+ ¢g7 63.¢xh5 ¥f6 64.h4 ¥c3 65.¢g4 1–0 GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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DRAGAN PAUNOVIC
Paunovic,Dragan (2514) - Bauer,Christian (2625) [A40] Elgoibar 15th Elgoibar (8), 16.12.2005 1.d4 b6 2.¤f3 ¥b7 3.g3 f5 4.¥g2 ¤f6 5.0–0 g6 6.b3 ¥g7 7.¥b2 0–0 8.c4 e6 9.¤c3 ¤a6 10.£d2 £e7 11.¦ad1 ¦ad8 12.¤e5 ¥xg2 13.¢xg2 £e8 14.¥a3 d6 15.¤f3 c5 16.dxc5 bxc5 17.¤b5 ¤e4 18.£a5 £c6 19.¢g1 £b6 20.£xb6 axb6 21.¥c1 h6 22.¥f4 e5 23.¥c1 ¦d7 24.¤h4 g5 25.¤g2 ¤c7 26.¤xc7 ¦xc7 27.¥b2 ¦c6 28.f3 ¤f6 29.¤e3 ¤e8 30.g4 fxg4 31.fxg4 ¦xf1+ 32.¢xf1 ¢f7 33.¤d5 ¤f6 34.¤xf6 ¥xf6 35.¢f2 ¢e6 36.a4 ¦c7 37.e4 ¦f7 38.¥c1 ¥e7+ 39.¢g2 h5 40.gxh5 ¦h7 41.¦d3 ¦xh5 42.¦h3 ¦xh3 43.¢xh3 ¢f6 44.¢g4 ¢g6 45.¥d2 ¥d8 46.h3 ¥e7 47.b4 cxb4 48.¥xb4 ¥f8 49.¥e1 ¥e7 50.¥f2 ¥d8 51.¥e3 ¢h6 52.h4 ¢g6 53.¥xg5 1–0 Paunovic,Dragan (2520) - Svetushkin,Dmitry (2598) [A03] Roquetas de Mar op 23rd Roquetas de Mar (6), 05.01.2012 1.g3 d5 2.¥g2 ¤f6 3.d3 c6 4.f4 g6 5.¤f3 £b6 6.e3 ¥g7 7.0–0 ¤bd7 8.¤c3 0–0 9.¢h1 ¦e8 10.e4 dxe4 11.dxe4 e5 12.f5 £c7 13.¤h4 b5 14.a3 a5 15.£f3 ¥b7 16.g4 ¤b6 17.¤e2 ¤c4 18.¤g3 ¤d6 19.g5 ¤d7 20.¥e3 ¤b6 21.¦ad1 ¤dc4 22.¥c1 a4 23.¤h5 gxh5 24.f6 ¦ad8 25.fxg7 ¦xd1 26.£xd1 ¤d6 27.£xh5 c5 28.¦f6 £d7 29.¦h6 ¤xe4 30.¦xh7 ¤f2+ 31.¢g1 ¤h3+ 32.¢f1 1–0 Paunovic,Dragan (2532) - Vera Gonzalez Quevedo,Reynaldo (2544) [A30] Benidorm Bali Benidorm (10), 01.12.2002 [Atlas,V] 1.c4 ¤f6 2.¤f3 c5 3.g3 b6 4.¥g2 ¥b7 5.0–0 e6 6.¤c3 d6 7.d4 cxd4 8.£xd4 ¥e7 9.¦d1 a6 10.¥g5 ¤bd7 11.£d2 0–0 12.¥f4 ¤e8 13.¦ac1 £c7 14.b3 ¦d8 15.¤e1 ¥xg2 16.¤xg2 ¤e5 17.£c2 ¤f6 18.¤e4 ¦c8 19.¥xe5 dxe5 20.¤xf6+ ¥xf6 21.¤e1 ¥e7 22.¤f3 f5 23.£c3 e4 24.¤d4 ¦f6 25.e3 h5 26.¤e2 h4 27.£d4 ¦d8 28.£b2 ¦ff8 29.¤f4 ¢f7 30.£xg7+! A powerful blow, transforming the game into the ending easily won for for White 30...¢xg7 31.¤xe6+ ¢f7 32.¤xc7 Black has no compensation for 2 pawns. 32... a5 33.¦d5 ¦xd5 34.¤xd5 ¥c5 35.¦d1 hxg3 36.hxg3 ¦b8 37.¤c3 ¢e6 38.¦d5 ¥d6 39.¤e2 ¥e5 40.¤d4+ ¥xd4 41.exd4 a4 42.¦b5 1–0
Profigaia Open 2015 20
Paunovic,Dragan (2510) - Nataf,Igor Alexandre (2560) [A26] YUG-chT Budva, 2002 1.c4 g6 2.g3 ¥g7 3.¥g2 e5 4.¤c3 d6 5.d3 ¤c6 6.¤f3 ¤f6 7.0–0 0–0 8.¥g5 h6 9.¥xf6 ¥xf6 10.¦b1 a5 11.a3 ¥g7 12.b4 axb4 13.axb4 ¦e8 14.b5 ¤d4 15.¤xd4 exd4 16.¤d5 ¦a2 17.¦e1 ¥g4 18.¥f3 ¥d7 19.£b3 ¦a5 20.£b4 c5 21.£d2 ¦a3 22.b6 ¦e5 23.¤c7 ¥c8 24.¦a1 ¦xa1 25.¦xa1 £d7 26.¦a8 ¢h7 27.¤b5 £e6 ... 1–0 Shirov,Alexei (2699) - Paunovic,Dragan (2532) [B42] Benidorm Bali Benidorm (4), 29.11.2002 1.e4 c5 2.¤f3 e6 3.d4 cxd4 4.¤xd4 a6 5.¥d3 ¤f6 6.0–0 d6 7.c4 b6 8.¤c3 ¥b7 9.f4 g6 10.g4 ¥g7 11.g5 ¤fd7 12.¤f3 0–0 13.f5 exf5 14.exf5 ¦e8 15.¥f4 ¤c6 16.f6 ¥f8 17.¥e4 b5 18.¥xd6 b4 19.¥xf8 bxc3 20.¥e7 ¤xe7 21.¥xb7 £b6+ 22.£d4 £xb7 23.fxe7 cxb2 24.¦ae1 ¦ac8 25.h4 £b6 26.£xb6 ¤xb6 27.¤d2 ¤xc4 28.¤e4 ¢g7 29.¤f6 ¤d2 30.¤xe8+ ¦xe8 31.¦b1 ¤xb1 32.¦xb1 ¦xe7 33.¦xb2 ¦e4 34.¦h2 h6 35.gxh6+ ¢xh6 36.h5 g5 0–1
chessdom.com - GM Dragan Paunovic – GM Arkadij Naiditsc
DRAGAN PAUNOVIC
Svetushkin,Dmitry (2598) - Paunovic,Dragan (2520) [E81] Seville op 37th Seville (8), 14.01.2012 1.d4 d6 2.e4 ¤f6 3.f3 g6 4.c4 ¥g7 5.¤c3 0–0 6.¤ge2 c6 7.¥e3 a6 8.c5 ¤bd7 9.¤f4 dxc5 10.dxc5 £c7 11.£c1 ¤e5 12.h4 ¦d8 13.¥e2 ¤h5 14.¤xh5 gxh5 15.¢f2 ¥e6 16.£c2 ¥c4 17.¦ad1 ¥xe2 18.¤xe2 ¤g6 19.g3 ¦xd1 20.¦xd1 ¦d8 21.b3 ¦d7 22.¦xd7 £xd7 23.£d2 £xd2 24.¥xd2 ¤e5 25.¤c1 e6 26.¢e2 ¤d7 27.¤d3 ¥e5 28.¥f4 ¥xf4 29.gxf4 ¢g7 30.¢e3 ¢f6 31.¢d4 ¤f8 32.¤e1 ¤g6 33.¤g2 a5 34.a4 ¤f8 35.¤e3 ¤g6 36.¤c4 ¤xh4 37.¤xa5 ¤g2 38.¤xb7 h4 39.¤d6 h3 40.e5+ ¢e7 41.¤e4 h2 42.¤f2 ¤xf4 43.¢e4 ¤d5 44.f4 ¤b4 45.¤h1 ¢d7 46.f5 ¢c7 47.fxe6 fxe6 48.¢d4 ¤a6 49.¢c4 h5 50.b4 ¢b7 51.b5 ¤c7 52.¢b4 ¤d5+ 53.¢c4 h4 54.¢d4 ¤e7 55.¢e4 ¤f5 56.¢f3 ¤d4+ 57.¢g4 ¤xb5 58.¢xh4 ¤c3 59.¢g3 ¤xa4 60.¢xh2 ¤xc5 61.¤f2 ¢b6 62.¤h3 ¢b5 63.¤f4 ¢c4 64.¢g3 ¢d4 65.¤g6 ¤d7 66.¢f2 c5 67.¢e1 ¢d5 68.¢d2 ¤xe5 69.¤f4+ ¢d6 70.¢c3 ¤d7 71.¢d3 ¤b6 72.¤e2 ¤d5 73.¢c4 ¤b6+ 74.¢b5 ¤d7 75.¤c3 e5 76.¤e4+ ¢d5 77.¤c3+ ¢d4 78.¤e2+ ¢e3 79.¤g3 ¢d3 80.¤h1 e4 81.¤f2+ ¢d4 0–1
Stojanovic,Mihajlo (2591) - Paunovic,Dragan (2503) [B38] SRB-chT Valjevo (6.2), 01.09.2011 1.d4 d6 2.e4 ¤f6 3.f3 c5 4.¤e2 cxd4 5.¤xd4 ¤c6 6.c4 g6 7.¥e3 ¥g7 8.¤c3 0–0 9.¥e2 ¤xd4 10.¥xd4 ¥e6 11.0–0 £a5 12.¦c1 ¦fc8 13.£a4 £xa4 14.¤xa4 ¤d7 15.¥e3 ¤b6 16.¤xb6 axb6 17.¥xb6 ¦xa2 18.¦c2 ¦xb2 19.¦xb2 ¥xb2 20.¦b1 ¥f6 21.¥e3 ¥xc4 22.¥xc4 ¦xc4 23.¦xb7 h5 24.h3 h4 25.¢f1 ¦c3 26.¢e2 ¦c2+ 27.¢f1 ¦a2 28.¦d7 ¦a8 29.¦b7 ¢g7 30.¢e2 ¦a2+ 31.¢f1 e6 32.¦a7 ¦c2 33.¦a6 ¥e7 34.¦a7 ¥f6 35.¦a6 ¥e5 36.f4 ¥b2 37.¦xd6 ¦c4 38.e5 g5 39.f5 ¥xe5 40.¦d3 ¢f6 41.fxe6 fxe6 42.¢e2 ¢f5 43.¦d8 ¥f4 44.¥f2 ¢e4 45.¦a8 ¦c2+ 46.¢f1 e5 47.¦a4+ ¢f5 48.¦a5 ¦b2 49.¥d4 ¦d2 50.¥f2 ¦c2 51.¥a7 ¥d2 52.¦a3 ¥c3 53.¦a4 ¥d2 54.¢e2 ¦b2 55.¢f3 ¥b4 56.¢e3 e4 57.¥d4 ¥d2+ 58.¢e2 ¥c3+ 59.¢e3 ¥xd4+ 60.¦xd4 ¦b3+ 61.¢f2 ¢f4 62.¦d5 ¦b2+ 63.¢f1 ¢e3 64.¢g1 ¦b1+ 65.¢h2 ¢f4 66.¦d4 ¢e5 67.¦d8 e3 68.¦g8 ¢e4 69.¦e8+ ¢d3 70.¦d8+ ¢c3 71.¦e8 ¢d2 72.¦d8+ ¢e1 73.¦d5 e2 74.¦xg5 ¢d2 75.¦d5+ ¢e3 76.¦e5+ ¢d3 0–1
Vuckovic,Bojan (2563) - Paunovic,Dragan (2531) [B41] SRB-chT 1st Zlatibor (4), 24.08.2007 1.e4 c5 2.¤f3 e6 3.d4 cxd4 4.¤xd4 a6 5.c4 ¤f6 6.¤c3 ¥b4 7.£c2 £c7 8.a3 ¥c5 9.¤b3 ¥e7 10.¥e2 d6 11.0–0 ¤bd7 12.¥e3 b6 13.a4 0–0 14.a5 bxa5 15.¤xa5 ¦b8 16.¦fc1 ¤e5 17.f3 ¥d7 18.£d2 ¦fc8 19.b4 d5 20.¤xd5 exd5 21.cxd5 £d8 22.d6 ¥f8 23.¥xa6 ¦xc1+ 24.¦xc1 £e8 25.¥c5 ¥b5 26.¥b7 £d7 27.¥d5 ¥xd6 28.£d4 ¤xd5 29.exd5 h6 30.¤c6 ¥xc5 31.£xc5 ¤xc6 32.dxc6 £c7 33.£d5 ¦b6 34.¦c5 ¥xc6 35.£d4 £d7 36.£xd7 ¥xd7 37.¦c4 ¢f8 38.¢f2 ¦e6 39.h4 g6 40.¦d4 ¢e7 41.¦f4 ¥b5 0–1
Stefansson,Hannes (2580) - Paunovic,Dragan (2533) [B07] Malaga op 12th Malaga (4), 13.07.2009 1.e4 d6 2.d4 ¤f6 3.¤c3 e5 4.dxe5 dxe5 5.£xd8+ ¢xd8 6.¥g5 c6 7.0–0–0+ ¤bd7 8.¥xf6+ gxf6 9.g3 ¥c5 10.¥h3 ¥xf2 11.¤f3 ¢c7 12.¦hf1 ¥e3+ 13.¢b1 ¤c5 14.¥xc8 ¦axc8 15.¤h4 ¥d4 16.¦xf6 ¥xc3 17.¦xf7+ ¢b6 18.bxc3 ¦cf8 19.¦df1 ¦xf7 20.¦xf7 ¤xe4 21.¦e7 ¦f8 22.¦xe5 ¦f1+ 23.¢b2 ¤d2 0–1
Profigaia Open 2012 - Com Bruno Figueiredo GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Profigaia Open 2015 - Com MI Sérgio Rocha 21
O XADREZ NO PORTUGAL INVESTE NA CAPACIDADE
O
xadrez no
Portugal
investe na
Por: Prof. Tiago Correia O Projeto Investir na Capacidade (PIC), fruto da simbiose entre a Camara Municipal de Gaia (CMG), a Escola Superior Paula Frassinetti (ESEPF) e a Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas (APCS), conta com o seu sexto ano de existência. À semelhança de anos anteriores o PIC foi crescendo quanto ao número de jovens que recebem este apoio, sendo que este ano o projeto apoia cerca de 40 jovens entre os 7 e os 14 anos. As atividades desenvolvem-se aos sábados de manha na Escola Manuel António Pina (Local cedido pela CMG). No seguinte do ano findo 2014/15, onde a Academia de Xadrez de V.N. Gaia dinamizou, tão nobremente representada pelo mestre Frois, uma ação de sensibilização à pratica do xadrez, foi neste novo ano celebrada uma pareceria de colaboração. Esta foi a quinta parceria celebrada no âmbito do projeto. Os jovens do PIC recebem quinzenalmente a visita de elementos da Academia de Xadrez onde são desenvolvidas
I Torneio Interno do PIC 22
Capacidade
atividades de compreensão /iniciação ao jogo. Por sua vez, participaram pontualmente em atividades programadas na sede da Academia. Pela forma como foram dinamizadas as atividades, foi evidente a satisfação dos jovens, quebrando o estigma de que o xadrez é um jogo pouco acessível.Os feedbacks recebidos foram os mais variados, desde aqueles que compraram o jogo para jogar em casa, bem como outros que mostraram a sua satisfação pela forma como o xadrez influenciou o seu desenvolvimento cognitivo. Como tal, partilhamos algumas das respostas dadas pelos alunos, quando questionados sobre a pertinência desta parceria no projeto: “Aprendi muito com o xadrez no PIC”, “O xadrez deu-me muita inspiração”, “O xadrez é divertido”, “Gostei do xadrez no PIC porque desenvolvi o meu calculo mental”, “Gostei dos desafios e da interação a pares”, “Jogar xadrez é fantástico”.
PROJETO - XADREZ A ESTRATÉGIA DA PAZ
Projeto
escola de xadrez de estratégia da paz.” Por: Alba Piay Garcia A Escola de Xadrez de Pontevedra dá o apoio ao povo sírio com xadrez. A Escola de Xadrez Pontevedra (EXP) desenvolveu, em colaboração com o Projeto “Ajedrez sem fronteiras“, um Projeto solidário “Xadrez, a estratégia da paz” levado a cabo em Março de 2016. Álvaro Van den Brule, presidente da Ajedrez sem Fronteiras, e três integrantes da Escola de Xadrez Pontevedra: Daniel Rivera (presidente de EXP, MI e Fide Trainer), Pablo García (MI e Fide Trainer) e Alba Piay (Psicóloga e Monitora de xadrez), deslocaram-se 10 dias à Jordânia para visitar o Campo de Refugiados de Azraq. Graças ao esforço de muita gente é possível este Projeto, no qual se começou a trabalhar em Junho de 2015. “Xadrez?” Perguntavam algumas pessoas surpreendidas quando Álvaro explicava o projeto nos meses anteriores.
Pontevedra - “ Xadrez,
a
“Atraí-lhe com muita curiosidade a ideia de ir a um campo de refugiados com material de xadrez e a ilusão de criar uma Escola. Sabia que podia não ser fácil, mas “Por que não?” Na data de Março de 2016 eram já mais de quatro milhões as pessoas em fuga da Síria, país devastado por uma guerra civil desde 2011. Pessoas, como nós, que buscam asilo noutros países por razões humanitárias e sonham com uma vida melhor. A situação da Síria dói, e a nossa modesta contribuição pretendia ser um grão de areia, uma maneira de mostrar o nosso apoio ao povo sírio através duma ferramenta de grande valor terapêutico: o Xadrez. - A nível social: ajuda a criar um interesse comum, estabelecer relações de ajuda mútua e abrir o diálogo num contexto adequado para qualquer idade, género e para pessoas com diversidade funcional (visual, auditiva, cognitiva, etc). - A nível emocional: introduz momentos positivos na vida das pessoas, sendo uma
Crianças Sírias a estudar os cadernos de Xadrez
contribuição à parte da construção da realidade na qual as pessoas refugiadas podem fazer a sua própria história. - A nível cognitivo: o Xadrez oferece a possibilidade de evadir-se de recordações de grande impacto psicológico (o xadrez consome grande quantidade de recursos cognitivos, obrigando a deixar de lado ainda que seja GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
momentaneamente imagens e pensamentos repetitivos que se dão frequentemente depois de vivências de grande impacto emocional). Após aterrar em Amman (Jordânia), e durante a nossa estadia o povo jordano recebeu-nos com grande hospitalidade e amabilidade. A incerteza inicial desaparecia com a boa receção 23
PROJETO - XADREZ A ESTRATÉGIA DA PAZ
e algumas amostras de alegria e afeto ao chegar ao acampamento de Azraq, a 90 km da fronteira sírio-jordaniana, onde vivem cerca de 35.000 refugiados. Ao não dispor de eletricidade, a luz do dia marca o início e fim da atividade, aproveitando cada minuto para trabalhar com diferentes grupos num dos centros comunitários do Campo: Meninos e Meninas de diferentes idades e homens e mulheres adultas, uns querem aprender xadrez e outros querem jogar depois de muito tempo sem ter um tabuleiro à frente. Desde a primeira hora há pessoas à espera para entrar na Escola.
Os meninos vão-se sentando em frente ao tabuleiro mural, surpreendendo pela sua perícia fruto de uma ilusão desmesurada. A seu lado os grupos de adultos trabalham outros monitores, neste curso acelerado onde uns têm aprendido as regras do jogo e outros têm aperfeiçoado o seu nível. Para ultrapassar a barreira idiomática, além da ajuda de outros voluntários e refugiados quando necessitávamos traduzir algum aspeto, combinamos três elementos: um pequeno vocabulário em árabe de termos xadrezísticos, inglês, e a universalidade do língua do xadrez.
Daniel Rivera com um grupo de adultos e crianças
Entregamos dois cadernos elaborados para a ocasião, com a intenção tanto de despertar o interesse e reforçar o trabalho efetuado, como de deixar material na biblioteca da Escola para sua consulta ou oferecermos ajuda na manutenção da mesma. O caderno de iniciação, mais focado nos mais pequenos, continha os movimentos das peças e temas básicos. O caderno de aperfeiçoamento tinha exercícios elaborados por David Fernández (Fide Instructor de EXP) e partidas clássicas e atuais comentadas pelos Mestres Internacionais António Fróis, Daniel Rivera, Ernesto Fernández e Daniel R. Piza, 24
o Grande Mestre Alejandro Hoffman e o Treinador Nacional Philip Adams. Seria impossível descrever todas as sensações e emoções fruto dos momentos compartilhados em redor do Tabuleiro Mural. Foi emocionante ver a felicidade dos meninos cegos e dos seus pais ao descobrir os Tabuleiros adaptados. Também quando um dos meninos refugiados, Hamal, após o seu primeiro dia da Escola fez questão de que o tradutor nos expressasse literalmente: “hoje sou muito feliz.”
PROJETO - ESCOLA DE XADREZ DE PONTEVEDRA
Meninos cegos a descobrir o Tabuleiro Adaptado
Até hoje continuamos com o projeto a partir de Pontevedra (Galiza), oferecendo aconselhamento e formação contínua para que refugiados e voluntários possam tomar conta da Escola e mantê-la! Tal como transmitimos ao despedirmo-nos gostaríamos que a próxima visita fosse para jogar na sua terra e em paz. Por outra parte, o conflito na Síria parece estar longe de se resolver, razão pela qual isto é impossível pelo menos por enquanto: 250 Refugiados entram todos os dias no Acampamento de Azraq e na fronteira mais de 40.000 almejam a entrada. Todo o nosso trabalho foi dar carinho ao povo Sírio.
Grupo de adultos em sessão de jogo
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
25
PROJETO EDUCATIVO DA ESCOLA DE XADREZ DE PONTEVEDRA
Por outro lado, a Escola de Xadrez de Pontevedra (EXP) continua com as suas atividades habituais. Desde a sua fundação em 2001 a escola está dedicada ao ensino e ao desenvolvimento de diferentes projetos e atividades relacionadas com o xadrez.
Alunos da EXP na escola, disputando um torneio.
VII PonteXadrez: 28 de Maio de 2016. É uma das provas mais concorridas do Circuito Galego Escolar de Xadrez. Xadrezistas de toda Galicia e Portugal competem em diferentes categorias, desde o sub 8 até à categoria absoluta. Na última edição participaram 350 meninos/as e conseguiram-se 500 quilos de alimentos para um comedor social (da inscrição voluntária de 1 kg de alimento (não perecível).
Seguidamente apresentamos alguns dos torneios que realiza a EXP em cada ano, e que está a trabalhar para realizar mais uma vez em 2016: Xadrez Na Rua: 27 de Maio de 2016. Este é um torneio dirigido para a comunidade escolar de Pontevedra.
Xadrez na Rua (Na sua 6ª edição, em 2015).
VI Campus Internacional Ramón Escudeiro Tilve 1 al 15 de agosto de 2016. Neste acampamento de xadrez combina-se na perfeição o aperfeiçoamento de xadrez com o desporto físico e a diversão. Além dos professores da escola, como David Fernández ou Daniel Rivera, este campus pode contar com a presença de outras pessoas, destacadas pelo seu nível e pedagogia. O ano passado a EXP contou com treinadores da categoria do Mestre Internacional António Fróis e do Grande Mestre Manuel Pérez Candelario.
Pontexadrez (Na sua 6ª edição, em 2015).
VI Torneio Internacional Cidade de Pontevedra del 8 al 14 de agosto de 2016. Torneio internacional que em cada ano vai aumentando em nível e participação. Os dados que temos até ao dia de hoje permitem-nos pensar que esta edição ainda superará a de 2015, onde já participaram 127 pessoas (de 11 nacionalidades diferentes); entre elas três Grandes Mestres, nove Mestres Internacionais e quase a totalidade dos campeões galegos de todas as categorias. 26
Pontecampa, acampamento incluído no Campus (Na sua 4ª edição, 2014).
PROJETO EDUCATIVO DA ESCOLA DE XADREZ DE PONTEVEDRA
Torneio Cidade de Pontevedra (Na sua 3 ª edição, em 2015) primeira edicão, em 2012).
V Torneio Internacional Memorial Ramón Escudeiro Tilve: dezembro de 2016. Torneio Homenagem a Ramon Escudeiro Tilve, uma figura de referência no xadrez pela sua luta no tabuleiro e a sua admirável personalidade. Na sua última edição participaram 167 jogadores vindos de 11 países diferentes e 12 comunidades autónomas espanholas diferentes.
Torneo Ramon Escudeiro Tilve 2016
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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ENTREVISTA A HUGO SOUSA
Sobre
a entrevista
Por: António Fróis
O Hugo vem com o pai quase todas as semanas de Guimarães para nos representar, o que demonstra a sua preserverança e da sua família. Consideramos que é essencial para um xadrezista ter ideias. Nesta entrevista falou das suas ideias, mostrando a paixão evidente pelo seu jogo do xadrez, até onde acha que
Entrevista
a
pode chegar, como trabalha no xadrez e de tudo aquilo que considera mais importante no seu jogo preferido. Hugo Carneiro Sousa é um orgulho para nós.Não poderíamos terminar sem um agradecimento em nome da Academia de Xadrez de Gaia ao pai, Dr.Mário Sousa, por toda a colaboração que tem tido com o nosso Clube desde que está connosco.
Hugo Sousa Hugo Carneiro Sousa está com a Academia de Xadrez de Gaia há três épocas e já nos deu imensas alegrias. Tem 14 anos, joga xadrez desde os oito e tem um curriculo apreciável para o xadrez do nosso país.
1 - Com que idade começaste a jogar Xadrez e quais os teus principais títulos? Aprendi a jogar xadrez com o meu pai ainda muito novo, nem sequer me lembro que idade tinha. Aos 8 anos, andava no 3º ano, comecei a ter aulas de xadrez na escola. Rapidamente fiquei a gostar deste jogo e comecei a participar em torneios. Ainda nesse ano, 2009/10 fiquei em primeiro lugar de um torneio de Desporto Escolar no meu escalão, a minha primeira vitória. No ano seguinte, 2010/11 fui Campeão Distrital de Jovens do Distrito de Braga e ganhei o primeiro e único até agora, torneio absoluto “Primeiro Open Cidade de Guimarães”. Desde então fui 4 vezes Campeão Distrital de jovens, sendo a última vez no Distrito do Porto, 2 vezes Vice Campeão Nacional de Jovens na vertente de rápidas, 2 vezes Vice Campeão Nacional de Jovens na vertente de semirrápidas, e 3 vezes Campeão Nacional de Jovens no ritmo de Lentas.
xadrez, pela mão do Professor João Martinho e onde tive como treinadores o David Melo, o Mestre Nacional Carlos Carneiro, o Nuno Martinho e o Carlos Novais, que ainda hoje me acompanha. Estive nesse clube quatro épocas e depois mudei para o meu atual clube, Academia de Xadrez de Gaia, onde estou há três épocas e sou treinado pelo Mestre Internacional António Fróis.
2 - Quantos e quais clubes representaste? Representei até hoje 2 clubes. O clube de Xadrez da Escola João de Meira onde comecei a praticar 28
Profigaia Open 2015
PROJETO DE XADREZ EPG ENTREVISTA A HUGONA SOUSA
3 - Há algum jogo ou torneio que destaques no teu percurso? Há alguns. Um Torneio de Honra em que participei, em que era nitidamente o jogador mais fraco, perdi 9 jogos em 9. Evoluí imenso nesse torneio e só se continua depois de uma derrota dessas se se gostar muito de xadrez. Gostei imenso de Jogar um jogo pela equipa principal da Academia de Xadrez de Gaia a contar para a Taça de Portugal na última época. Foi uma honra ter sido escolhido. E, claro que não podia deixar de referir, as duas participações internacionais em representação da seleção Nacional de Jovens, no Europeu de Budva, Montenegro em 2013 e no Mundial de Halkidiki, Grécia em 2015. 4 - O que é que mais te atrai no xadrez? O desafio de me conseguir superar, de ser melhor, de lutar sempre até ao fim. 5 - Que ritmo de jogo mais gostas de jogar?
Profigaia Open 2015
Lentas, porque acho que é o ritmo que jogo melhor. Talvez porque gosto de cálculo, tática e neste ritmo temos tempo de o fazer com alguma segurança. 6 - Até onde achas que podes chegar? Não sei, mas gostava de chegar a Grande Mestre. 7- Tens algum jogador nacional ou internacional que seja o teu ídolo ou referência? Não tenho nenhum ídolo, mas os meus treinadores são sempre uma referência. 8 - Quanto tempo é que dedicas ao xadrez e como o fazes semanalmente? Dedico cerca de 6 horas semanais, das quais 1 hora de treino individual com o treinador Carlos Novais e as restantes, repartidas entre aulas em grupo e individuais, com o Mestre Internacional António Fróis. Além disso, claro, participo regularmente em torneios. GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Rápidas de Outono da Profigaia 2015
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SUGESTÕES DE LIVROS DE XADREZ
Sugestões
de
Livros
de
Xadrez
Por. António Fróis A leitura é essencial ao ser humano para o seu enriquecimento diário. No caso do xadrez, o trabalho será sempre um “trabalho de maratonista”. Quem quiser pressa está no jogo errado! O Xadrez exige profundidade e muita paixão e persistência no trabalho. Quem quiser evoluir, tem de ler, reler, e escrever sobre aquilo que leu, e discutir com outros, até interiorizar os conceitos. Não existe outro caminho para a maestria! Deixo-vos aqui algumas sugestões, não querendo deixar de referir um aspeto que me parece essencial: o trabalho de um treinador de xadrez abarca aspetos técnicos, históricos, humanos, físicos, alimentação e repouso dos seus alunos, ou seja, um treinador de xadrez não se deve esquecer que é um treinador de desporto e de um desporto individual, e por isso deve acompanhar o pensamento dos outros treinadores, como por
António Fróis e Sérgio Rocha) 36 partidas analisadas, 36 vitórias dos vencedores de 36 Campeonatos Mundiais de Xadrez. As bibliografias dos vários Campeões Mundiais até 2010. As partidas estão comentadas propositadamente com muito texto e 30
exemplo, o Grande Mourinho. A sugestão de “A Vida Imita o Xadrez” tem a ver com essa perceção de que na vida todas as aprendizagens são importantes para uma melhor comunicação com os outros seres humanos no nosso dia-a-dia. O xadrez está ligado a tudo. Xadrez, Técnicas e Estratégias de António Fróis e Sérgio Rocha (Edição de autor) Um livro no qual os autores partilham as suas ideias sobre o treino a jovens e menos jovens e quais as matérias que consideram prioritárias para a evolução dos seus alunos e o porquê dessas prioridades. Uma das ideias mais significativas é, sem dúvida, a defesa da importância do estudo dos finais e da tática em detrimento do trabalho excessivo, que no entender dos autores é feito sobre as aberturas. 1886-2010 - Campeões Mundiais de Xadrez (de
poucas variantes para que as pessoas percebam as ideias e as discutam! Um livro que provoca e propõe a análise de xadrez! Por parte dos autores foi uma pequena tentativa de imitar os “Meus Grande predecessores” de Garry Kasparov em ponto pequeno.
SUGESTÕES DE LIVROS DE XADREZ
“A Vida Imita o Xadrez “ de Garry Kasparov (Sobre Tomadas de Decisão) Um livro espetacular no qual Garry Kasparov demonstra detalhadamente como o pensamento de um Grande Mestre de Xadrez pode ser utilizado com grande eficácia nas tomadas de decisões da vida de todos os dias. Garry dá imensos exemplos onde o estudo da estratégia e a aprendizagem profunda com os erros, podem ajudar a lidar melhor com as adversidades e assim caminhar adequadamente para um futuro melhor. Excecional!
com enorme profundidade, mas também a evolução do pensamento ao longo dos tempos, e também a evolução da teoria das aberturas. Pode ser lido por alguém que não entenda a parte técnica do jogo porque tem textos riquíssimos com histórias muito interessantes sobre cada época. Para quem quer evoluir seriamente no xadrez deve trabalhar sobre estes livros e as “partidas modelo” recomendadas para conhecer a evolução do pensamento xadrezístico.
“Os Meus Grandes Predecessores” de Garry Kasparov (Uma Coleção de 2500 páginas sobre a História dos Campeões Mundiais de Xadrez - desde sempre até à atualidade) Uma coleção de 2500 páginas onde Garry percorre a História do Xadrez, analisando não só as partidas
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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REPORTAGEM: PAULO FANHA - WACC
Três Tugas
foram a
Hellas
e só viram eles
Por: Paulo Fanha
Foto: WACC 2016
O avião abre as portas e eu saio. Sinto um bafo, um ar quente, que o frio de Moscovo já me tinha feito esquecer. O Sol arde-me na pele e faz-me lembrar Portugal. Mas eu estou no aeroporto de Salónica, segunda cidade da Grécia. Não estranho, pois já aqui tinha estado no ano passado, por ocasião do primeiro World Amateur Chess Championship (WACC) que disputei. E que terminei invicto, mas em 53º lugar (1 vitória e 8 empates). No avião e à chegada, muitos rostos conhecidos. Desde a Aparajita (indiana, que viria a conquistar o bronze absoluto e a prata feminina - fez escala em Moscovo) às equipas russas de veteranos (uma das quais trouxe o ouro na volta – os nossos torneios disputaram-se no mesmo espaço físico) e alguns outros jogadores menos egrégios, mas nem por isso menos meus conhecidos (cruzaram-se comigo em provas disputadas na Rússia, Lituânia ou Grécia). A minha passagem na alfândega é a mais célere, pois sou o único com passaporte comunitário. Os demais vão-se ultrapassando nas filas. E os pobres indianos vão se deixando ultrapassar. Falta-lhes cultura russa!
Eu falo com todos. Em inglês, russo, francês, espanhol ou alemão. À saída, um belo exemplar helénico do sexo feminino, aguarda--me com um sorriso e um cartaz onde se lê “WACC2016”. Cumprimento-a em Grego e o sorriso alarga-se. E não, eu não falo grego: “Kaliméra, kalispéra” e pouco mais. O sorriso diminuiu de intensidade e dirigiu-se para outros interlocutores após a minha amiga indiana indagar, muito a despropósito, pela minha esposa. O autocarro demora, pois nem todos o pagaram. O sol já se põe quando finalmente nos dirigimos para o “Anthemus Sea Resort”. Demora cerca de hora e meia, mas o suficiente para me lembrar de como Albert Einstein descreveu a relatividade do tempo: “um minuto com uma mulher linda ao colo sempre me pareceu um segundo; mas um minuto com o rabo numa chapa em brasa deveria parecer-me uma hora”. Eu não tinha mulheres lindas ao colo. É só fazer as contas… Quando chegamos, está escuro como breu. São 21:30 e só tenho tempo de arrear as coisas no quarto e dirigir-me ao local de pasto. Estava com uma “galga” que nem imaginam! Mas só terei pouco mais de 20 minutos para me saciar. E reencontrar mais velhos conhecidos.
Foto: WACC 2016 GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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REPORTAGEM: PAULO FANHA - WACC
Até ao ano passado, o WACC destinava-se apenas a jogadores com Elo inferior a 2000 (U2000). Este ano, a FIDE implementou três categorias: U1700, U2000 e U2300. Apadrinhei a estreia do Bruno (Pais) - disputámos o U2000-e do Urbano, que representou Portugal no U1700. Os três primeiros do U2300 e a melhor U2300, conquistavam o direito de participar no Campeonato Europeu (onde estão os “grandes”) com estadia paga “full board”. Este torneio não é um torneio qualquer. Tem uma atmosfera especial e só quem o disputar pode avaliar corretamente o que significa disputar uma prova com estas características. Dizer que não se participa nesta prova por questões financeiras é uma falácia. Se a prova é tão fraca como muitos dizem, têm bom remédio: é só ir lá e vencer! O que se ganha cobre tranquilamente o investimento em viagem e estadia…
Foto: Paulo Fanha - WACC 2016
O meu subsídio pelo 2º lugar no European Amateur Chess Championship em 2015 (estava desempregado), cobriu as viagens Moscovo-Kaunas-Moscovo e Moscovo-Salónica- Moscovo e o upgrade para quarto individual na Grécia (tinha direito a estadia “full board” em quarto duplo por ainda ser o atual vice-campeão europeu amador), sobrando-me ainda uns trocos. No primeiro dia, a armada Tuga pagou caro a sua chegada procrastinadora. Os tugas de Portugal, pela viagem longa; o tuga da Rússia, porque saiu diretamente da neve para Sol e praia. Eu empatei com um adversário que não sei se ganhou algum jogo, e os nossos compatriotas estrearam-se com umas batatas. À noite afogámos as mágoas num tintol local que era uma pomada de se lhe tirar o chapéu.
Foto: WACC 2016 34
Ouviram-se queixas, em muitas línguas, que esta prova parecia uma “festa da salsicha”. O que não é, infelizmente, invulgar em provas de xadrez. Mais descontraídos, ao segundo dia, já todos começámos a mostrar as nossas garras… A gastronomia grega é 5 estrelas; o hotel, o melhor em que estive em toda a minha vida; o pessoal, profissional e com um tratamento familiar. Quem puder pagar, não hesite: vá! O complexo turístico tem SPA, um minimercado, duas piscinas interiores, duas outras exteriores (com água aquecida), um bar, um pub, um restaurante, uma taverna e máquinas de jogos. Muitas áreas comuns, com mesas e cadeiras, e o Mar Egeu ali ao lado. Parece uma outra piscina, sem ondas e através do qual se avista junto à linha de horizonte outra língua de terra.
REPORTAGEM: PAULO FANHA - WACC
Fotos: Paulo Fanha - WACC 2016
Num evento onde se reúnem gentes de diferentes cores, credos e valores, há sempre motivos de interesse. E sim, em Portugal não detemos a exclusividade dos famigerados “cromos”. E, no entanto, à flor do tabuleiro todos nos parecemos entender. Mas só parecemos! Um iraniano comprometeu as suas aspirações no U1700 por se recusar a defrontar um dos meus amigos israelitas; uma koweitiana recusouse a apertar a mão ao Urbano; nenhum muçulmano se levantou quando tocou o hino de Israel (venceram uma das provas dos Veteranos). Por outro lado, é sempre bonito ver sentados à mesma mesa tugas, russos, brasileiros, indonésios, filipinos, botsuaneses, colombianos, peruanos, norte-americanos, israelitas, franceses, argentinos, espanhóis, ingleses, escoceses, japoneses, búlgaros, romenos, moldavos, chineses, checos, finlandeses, gregos, turcos, ucranianos, polacos e ainda os que eu não me lembrei à altura em que redigi estas linhas.A meio do torneio, visita a Marmaras e viagem de barco contornado a Ilha da Tartaruga. Esta ilha deve o seu nome à sua forma e era habitada exclusivamente por cabras. Este vosso escriba conduziu o barco durante um curto período e foi o primeiro a mandar-se ao Egeu quando fundeámos ao largo da ilha. Para a qual eu nadei, (bem) acompanhado por todos aqueles que acreditaram em mim quando lhes disse que a
água não estava fria. Eu menti… Em termos desportivos, este WACC podia ter corrido muito melhor. Os tugas consideraram que podiam ter feito melhor. Vencer o novo vice-campeão do mundo amador (e treinador do campeão U1700) e ser 8º classificado, foi um momento de grande frustração pessoal para mim, que acreditava (e acredito) que podia (devia) ter vencido. Mas não me mostrei à altura da ocasião. Quanto aos nossos debutantes, creio que foram muito duros consigo próprios. Não duvido que em Itália farão muito melhor no próximo ano, pois (agora) já sabem ao que vão. No final, fui dos últimos a abandonar o complexo. Nunca mais cometerei este erro! O local, apesar de paradisíaco, perde para cima de 95% do seu encanto após a partida das pessoas com quem criámos ou fortalecemos laços afetivos. Há uma mistura de sentimentos. Nostalgia, saudade precoce e a eterna dúvida sobre se algum dia voltaremos a partilhar as alegrias e as tristezas com o formidável conjunto de individualidades com quem comungámos momentos inolvidáveis numa singularidade de tempo e espaço que nunca mais se repetirá. Fecha-se a porta do avião e estou de volta ao mundo real. Moscovo espera por mim. Mas assim a saúde mo permita e, no próximo ano, espero voltar a encontrar a maior parte destes adversários e amigos. Mas já irei como U2300…
Foto: WACC 2016 - Anthemus Sea Resort GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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ENTREVISTA A MIGUEL SILVA
Sobre
a entrevista
Por: António Fróis Nesta GAYACHESS entrevistámos Miguel Silva, uma das aquisições da Academia de Xadrez de Gaia no ano de 2015. Este jovem de 23 anos, começou no Barreiro e tem já um currículo invejável tanto como jogador, como Treinador. Nesta entrevista, assume com coragem inaudita ser profissional de xadrez a tempo inteiro e
Entrevista
a
explica, pelas suas próprias palavras, como o faz no dia a dia da sua vida. Revela paixão e persistência e muitas ideias próprias, apesar da sua juventude. Uma conversa muito interessante e na qual me lembrei muito de mim em 1984, quando assumi o profissionalismo com 22 anos, e quando toda a gente dizia que seria impossível...
Miguel Silva Começou aos 11 anos na Brincolândia com o irmão. Tem 23 anos - 12 anos de Xadrez. Ensinou a selecção olímpica de São Tomé e Príncipe - 2014. 2 anos no Diana de Évora / 2 anos no Sporting / 3 anos no Bonfim / 1 ano no CX Moita. Ganhou o Torneio de Honra 2012/2013.
1 - Como começaste no Xadrez?
3 - O que fazes no Xadrez?
No 4º ano de escolaridade tive o primeiro contacto com a modalidade pelo Plano de Desenvolvimento de Xadrez do Barreiro, onde aprendi as regras básicas do jogo e o movimento das peças, mas para ser honesto não me cativou de imediato. Em 2003, após uns anos de paragem de contacto com a modalidade, o meu irmão aos seus 4 anos aprendeu a jogar no ATL/Clube Brincolândia e, como ia buscá-lo todas as quartas-feiras à tarde, ficava a observar as aulas dele até que o professor me desafiou para jogar e a partir daí apareci sempre que podia para treinar. O facto é que, passados 12 anos, ainda cá continuo!
A nível de ensino, estou inserido no Plano de Desenvolvimento de Xadrez do Barreiro no ensino nas escolas do concelho do Barreiro e dou aulas online via skype. Como jogador, tento manter-me o mais ativo possível em todos os ritmos e estou a desfrutar da minha nova experiência na Academia de Xadrez de Gaia onde já ganhei um título no primeiro jogo pelo clube.
2 - O que fazes fora do Xadrez? Atualmente dedico a minha vida por inteiro ao Xadrez. Fora do espaço profissional, passo o tempo em que não estou em torneios com a minha família e namorada. Sou um fã incondicional de desporto e tento seguir atentamente, como também passo grande parte dos meus finais de dia a ver séries na TV.
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4 - Quanto tempo dedicas ao Xadrez e como o fazes? Nos dias úteis, dedico ao Xadrez um horário normal de trabalhador, no ensino. Visto isto, a disponibilidade anímica para estudar algo a nível pessoal não é a melhor e acaba por ser prejudicada na maior parte das vezes. Contudo, não há um dia que eu passe sem ver Xadrez de alto nível. Tenho por hábito diariamente assistir às partidas dos torneios de topo que se realizam e passo grande parte do meu tempo noturno a jogar rápidas na internet.Quando tenho uma competição em que me quero focar verdadeiramente, organizo um plano de estudo para 2 semanas antes do torneio e tento
PROJETO DE XADREZ NASILVA EPG ENTREVISTA A MIGUEL
cumpri-lo ao máximo. Normalmente reflecte-se em 4 horas diárias de Xadrez sem distracções e o máximo de análise pessoal de posições que quero jogar. Por último, estou atualmente filiado na ICCF – Xadrez por Correspondência – e também gosto de analisar as posições das minhas partidas. 5 - Tens algum(s) jogador(s) nacional ou internacional que seja uma espécie de ídolo/ referência ? A nível nacional, por várias razões pessoais e por ter sido uma pessoa bastante importante no meu progresso enquanto jogador, vejo o MI Paulo Dias como um exemplo a seguir. Internacionalmente, desde cedo a minha referência para o meu Xadrez é o russo, antigo campeão do mundo, Vladimir Kramnik. Sempre fui adepto das suas enormes qualidades posicionais e aquando da minha mudança de estilo de jogo, ele foi sem dúvida o jogador de quem eu analisei mais partidas e estudei melhor as suas posições. Sigo todos os seus torneios e tento extrair sempre novas ideias que ele traga para o tabuleiro e descobrir a melhor forma de inseri-las no meu reportório. Felizmente, tive o privilégio de o conhecer pessoalmente e penso que nessa parte sou um xadrezista perfeitamente satisfeito.
6 - Até onde pensas que podes chegar? Quais as tuas ambições? As análises introspectivas são sempre processos difíceis de se fazer, mas penso que com algum trabalho e dedicação possa chegar à força de Mestre FIDE. A curto/ médio prazo gostava de me tornar Mestre Nacional, estando perto desse objectivo. Penso que seja uma questão de paciência e de me manter calmo e ativo. Por outro lado, a longo prazo, em termos coletivos quero ganhar a Taça de Portugal, o CN Semi-Rápidas e a 1ª Divisão para fazer o pleno de títulos. Individualmente, gostava de participar numa Fase Final do Campeonato Nacional Absoluto de Clássicas e de me sagrar campeão nacional. Penso que num futuro mais próximo, irei apostar nos ritmos mais rápidos, visto que este ano acabei ambas as provas em 4º lugar.
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
7- Como vês o Xadrez em Portugal? Penso que o Xadrez em Portugal esteja num processo de adaptação às dificuldades sentidas no nosso país. Terminaram torneios de renome no nosso país que traziam vários jogadores estrangeiros; os prémios em Opens de Semirápidas baixaram drasticamente e há cada vez menos condições para os próprios jogadores de topo assinarem a sua presença nos torneios nacionais. Por outro lado, o número de torneios aumentou com os circuitos nacionais de Semi-Rápidas e de Clássicas e neste último houve investimentos bastante fortes que trouxeram jogadores de renome ao nosso país. Qualitativamente falando, têm existido ultimamente vários jogadores a obterem títulos e normas internacionais, o que demonstra uma melhoria no jogo dos nossos atletas, mas deixa-me desapontado não haver nenhum torneio válido para normas em Portugal. Por último, na categoria do ensino, penso que há cada vez mais locais recetivos a terem o Xadrez como atividade e isso pode contribuir para aumentar o número de filiados e divulgação da modalidade. 8 - Como vês o Xadrez no Mundo? Vejo com bons olhos o Xadrez a nível mundial, pois existe cada vez mais facilidade em acompanhar os torneios online, obter informação dos atletas de topo e ter acesso a material de desenvolvimento do jogo. Em 2014 estive presente nas Olímpiadas em Tromso e foi uma experiência que me ensinou imenso sobre o Xadrez e as várias realidades que se vivem nos outros cantos do mundo. Iniciativas como as bolsas que as escolas de Judith Polgar atribuem a crianças, ou as que a Fundação Kasparov tem nos países de 3º mundo, são bastante importantes não só no aspeto da divulgação da nossa modalidade mas também como um escape às dificuldades socioeconómicas sentidas nesses países. No meu caso, em São Tomé e Príncipe, vi o quanto era importante o Xadrez nas escolas e para alguns menores que passavam bastante tempo na rua. Penso que são iniciativas como estas que enchem um treinador de Xadrez de orgulho ao poder colaborar, fazendo aquilo em que somos melhores.Por outro lado, sei que é cada vez mais difícil um jogador que não seja Grande Mestre ter acesso a condições para jogar no estrangeiro. Desta forma, qualquer processo de evolução ou participação terá que sair do bolso do ferrenho jogador de Xadrez. 37
O XADREZ NO DESPORTO ESCOLAR NA DGESTE - NORTE
O
xadrez no desporto escolar na dgeste
Por: Ana Isabel Lopes As escolas que pertencem à Direção-Geral dos Estabelecimentos de Ensino da Região Norte, em particular ao CLDE do Porto, somam já uma longa lista, assim apresentada: Colégio de Gaia, EB de Campo (Valongo), Agr Cerco (Porto), Agr D. Pedro I (V. N. Gaia), EB Costa Matos (V. N. Gaia), EB Ermesinde, EB Matosinhos, EB Ponte (Santo Tirso), EB Soares dos Reis (V. N. Gaia), EB Sophia de Mello Breyner (V. N. Gaia), EB Sra da Hora (Matosinhos), EB Sta Marinha (V. N. Gaia), EB Santo Tirso, Escola Profissional de Gaia, ES Augusto Gomes (Matosinhos), ES Aurélia de Sousa (Porto), ES Garcia de Orta (Porto), ES Gondomar, ES José Régio (Vila do Conde), Tomaz Pelayo (Santo Tirso), juntando-se, este ano, a EB2,3 de Baião e EB2,3 de Rebordosa. Todas as atividades desenvolvidas na fase Local e, este ano, também Regional contaram com a organização da Academia de Xadrez de Gaia e da Escola Profissional de Gaia. Assim, neste ano letivo o nosso calendário apresentou-se do seguinte modo:
-
norte
• 21 de novembro 2015 / Escola Profissional de Gaia (9h00-12h00)- Formação de Juízes-árbitros; • 5 de dezembro 2015/ Escola Básica e Secundária do Cerco (9h00-12h00) - Encontro de Abertura; • 16 de janeiro 2016/ Escola Básica Dr. Costa Matos, V. N. Gaia (9h00-12h00) - 1º Encontro Quadro Competitivo; • 6 de fevereiro de 2016/ Escola Profissional de Gaia (9h00-12h00) - 2º Encontro Quadro Competitivo; • 12 de março 2016/ Escola Básica Sophia de Mello Breyner Andresen, V. N. Gaia (9h00-12h00) - 3º Encontro Quadro Competitivo; • 9 de abril de 2016/ Escola Básica Soares dos Reis, V. N. Gaia (9h00-12h00) - Encontro de Encerramento; • 23 de abril 2016/ Porto - Encontro Regional; • 19-22 de maio de 2016/ Aveiro - Encontro Nacional. Durante quinze rondas, em três escolas diferentes, somaram-se 228 alunos em competição pelos primeiros lugares na fase local e pelo apuramento para a fase regional. Associados aos encontros competitivos, tivemos também duas ‘festas de xadrez’, uma para abrir a época e outra para a encerrar.
Desporto Escolar 2016
Durante o encontro de abertura, realizado a 5 de dezembro de 2015, no Agrupamento de Escolas do Cerco, mais de uma centena e meia de alunos puderam participar em diferentes atividades lúdicas, que envolviam a modalidade, começando pela visualização do filme “Jogada Inocente”, passando pelo torneio interescolar em tabuleiro gigante e terminando com uma simultânea. Nesta última foram simultaneadores alguns jogadores da Academia, designadamente António Fróis, Bruno Figueiredo, Emídio Franclim, João Camelo e João Oliveira. O encontro de encerramento, que decorreu na EB Soares dos Reis, também ele de caráter lúdico, teve como atividades as “Conversas com o Mestre”, um diálogo entre António Fróis e alguns dos alunos que participaram no quadro competitivo; a “Caça ao Tesouro do Xadrez”, uma animada caçada a peças de xadrez, recheada de enigmas para desvendar; e uma simultânea de xadrez, atividade que recebe sempre muita adesão. 38
O XADREZ NO DESPORTO ESCOLAR NA DGESTE - NORTE
Na fase local classificaram-se do seguinte modo as escolas participantes:
Simultaneador João Oliveira
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
COLÉGIO GAIA ES TOMAZ PELAYO E PROFISSIONAL GAIA EB ERMESINDE EB SOARES DOS REIS EB SOPHIA MELLO BREYNER ES AUGUSTO GOMES E CAMPO EB SRA DA HORA EB PONTE EB COSTA MATOS EB D. PEDRO I ES JOSÉ RÉGIO ES GONDOMAR ES AURÉLIA DE SOUSA EB MATOSINHOS EB REBORDOSA EB STA MARINHA EB BAIÃO EB STO TIRSO E CERCO EB GARCIA DE ORTA
59.5 48 47.5 41.5 40 40 39.5 38 38 37 35 35 30 28.5 27.5 27.5 25 23 23 21.5 21 20.5
Durante os encontros, desde os lúdicos aos competitivos, reinou a alegria e harmonia, que tem sido a marca do grupo de professores e alunos do CLDE Porto ao longo de toda a última década de existência. A fase regional contou igualmente com a organização da Escola Profissional de Gaia/ Academia de Xadrez de Gaia e decorreu na Póvoa de Varzim, na ES Rocha Peixoto. Aqui participaram os seguintes CLDE: Braga, Bragança, Entre Douro e Vouga, Porto, Tâmega, Viana do Castelo e Vila Real. No escalão juvenil ficou em primeiro lugar o Porto (Colégio de Gaia), seguindo-se Braga (Vale de S. Cosme e AE Santa Maria maior); no escalão iniciado colocou-se em primeiro lugar Braga (EB João de Meira), seguindo-se Porto (EB Sophia de Mello Breyner) e Bragança (EB Nadir Afonso).
Simultânea com MI António Fróis, Emídio Leite , João Oliveira, João Camelo e Bruno Figueiredo GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Desporto Escolar 2016 39
ENTREVISTA A EDUARDO ITURRIZAGA
Sobre
a entrevista
Por: António Fróis A Academia de Xadrez de Gaia leva dezasseis anos de xadrez com um respeito ímpar pelo profissionalismo. Tentamos fazer tudo da melhor forma possível em prol do crescimento do xadrez e dos nossos projetos.Passaram pela equipa principal da Academia de Xadrez de Gaia vários jogadores de referência Mundial, como o campeão da Europa Sergey Tiviakov, ou o peruano Julio Granda, que aos 50 anos continua teimosamente a manter
Entrevista
a
um nível perto dos 2700 pontos de elo. Eduardo Iturrizaga é a segunda grande figura da América do Sul que nos dá a honra de pertencer à nossa equipa desde 2015, já tendo ajudado a ganhar o último título de Campeão Nacional por equipas da 1ª Divisão que ganhamos na época transata. O seu fantástico palmarés fala por si, não podendo deixar de destacar uma vitória num match com uma estrela mundial do valor de Shirov, participação em quatro taças do mundo, entre outros grandes prémios.
Eduardo Iturrizaga Este Grande Mestre de 26 anos, profissional de xadrez, joga bem todos os ritmos e tem uma margem de progressão muito grande dada a sua juventude e enorme capacidade de luta e de trabalho. Nesta entrevista podemos seguir um pouco da sua vida, dentro e fora do xadrez, referindo-nos como vê a elite, o xadrez mundial e o português.
Foto: en-chessbase.com
Com que idade começaste a jogar xadrez e como aprendeste? Aprendi aos 5 anos de idade. O meu pai jogava muito com o meu padrinho em casa e sempre gostei de ver. Até que pedi ao meu pai que me ensinasse a jogar. Quais os teus maiores êxitos em torneios/ campeonatos, etc.? Em quantos países já jogaste? Medalha de Bronze Olímpica em Turim - 2006, Campeão Panamericano Sub-20 – 2006, ViceCampeão Iberoamericano 2008, Campeão do Open Aberto de Benidorm 2009, Campeão do Open Internacional Damiano de Odemira 2009, Campeão do Circuito Catalão 2011, Campeão do Open Internacional de Benasque 2013, Vencedor do Match Iturrizaga 3.5 – Shirov 2.5 – 2014, Campeão do Open de Rochefort 2015, Campeão do Open Ciudad de Moron – Argentina 40
2015, Vice-Campeão do Open de Capelle la Grande 2016, Classificado na World Cup nos anos de 2007-2009-2013-2015. Joguei em aproximadamente 30/ 40 países. Que figuras mundiais já defrontaste e quem já derrotaste? Tive a oportunidade de jogar com Magnus Carlsen, Veselin Topalov, Peter Svidler, Viktor Bologan, Hikaru Nakamura, Fabiano Caruana, Wesley So, Anish Giri, Maxime Vachier-Lagrave, Alexander Grischuk, Sergey Karjakin, Shakhriyar Mamedyarov, Boris Gelfand, Dimitry Andreikin, David Navara, etc. Derrotei: Hikaru Nakamura, Anish Giri, Viktor Bologan, Maxime Vachier-Lagrave, Shakhriyar Mamedyarov, Dimitry Andreikin E defrontei mais alguns. Defines-te como profissional de xadrez? Como te preparas no dia-a-dia? Tens treinador/ trabalhas sozinho? Estás no lugar nº 173 do ranking mundial. Um jogador do teu nível
ENTREVISTA A EDUARDO ITURRIZAGA
pode viver do xadrez? Em quantos países tens equipa? Foi algo de muito positivo, porque sobre tudo, sou profissional de xadrez. Preparo-me, vendo partidas dos torneios que se estão a jogar no momento, revejo as minhas aberturas, jogo algumas vezes pela internet e faço muito desporto (ténis). Não tenho treinador, trabalho sozinho. Sim, até ao momento pude viver bem só do Xadrez. Tenho equipa em Espanha e Portugal. Como és visto pela sociedade do teu país como desportista? No meu país, a maioria das pessoas que me conhece estão ligadas ao xadrez, dado que não temos muita divulgação da modalidade na Venezuela. Faz falta mais publicidade para poder obter mais apoios e patrocínios para que possamos fazer crescer esta bela modalidade. O que fazes nos teus tempos livres? Passo tempo com a minha família, com a minha namorada, jogo muito ténis, vejo filmes e descanso dos meses de torneios. Como vês o xadrez? Até onde achas que podes chegar? Estive vários anos entre os 2620-2660 de ELO Fide. Creio que brevemente poderei dar o salto para os 2700 e continuar a subir. Acho que posso chegar muito alto com algum apoio, apesar de que para contratar treinadores é necessário patrocínios.
Pode-se dizer que és o melhor jogador de xadrez da história da Venezuela? Sim, até agora sou o único Grande Mestre Internacional na Venezuela. Ganhei quatro anos consecutivos o campeonato nacional desde 2006-2009 e a partir daí deixei de jogar torneios na Venezuela. Como vês o Xadrez em Portugal? Vejo com bons olhos o xadrez em Portugal. Está organizado, os jovens estão a progredir bastante, contudo, talvez falte mais apoio das empresas privadas para que consigam obter mais Grandes Mestres e que o xadrez seja mais conhecido em todo o país. Quais são os teus planos para os próximos torneios em 2016? Tenho vários torneios abertos em mente, além do campeonato nacional por equipas de Portugal e de Espanha, a Olimpíada Mundial de Xadrez em Baku, o Open do Qatar, o Campeonato Continental da América e o Mundial de Rápidas e Semirrápidas no Qatar. Muito obrigado pela entrevista. Saudações
Em termos de compreensão e jogo, o que te diferencia, por exemplo, do Magnus Carlsen? O Carlsen desde o início que teve muito apoio. Teve a oportunidade desde muito jovem de ter treinadores de alto nível e de jogar também torneios de alto nível. Além disso, ele é um génio. Nasceu para entender o xadrez de uma maneira extraordinária.
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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Crianças dos empreendimentos sociais divertem-se com Xadrez na Beira-Rio
da
Gaiurb
Por: Ana Isabel Lopes Foram cerca de 140 as crianças que no dia 27 de junho deste ano se concentraram na Beirario de Gaia para assistirem a uma aula peculiar de xadrez ao ar livre. O ambiente escolhido foi a Beira-rio de Gaia, com o rio Douro e toda a beleza do casario da Ribeira gaiense como pano de fundo. As crianças estão inseridas num projeto da Gaiurb designado “Divertir com Saber” e são provenientes de quinze empreendimentos sociais do concelho. A Academia de Xadrez de Gaia juntamente com a Escola Profissional de Gaia prestaram o apoio técnico a esta atividade, organizando grupos de formação, em tabuleiro gigante e em “simultânea”. Os MI Sérgio Rocha e António Fróis foram os treinadores que iniciaram estes aprendizes de xadrezistas na modalidade. Durante todo o dia, aquele espaço, já em si de rara beleza, ficou ainda mais colorido e animado, e o entusiasmo no rosto das crianças não passou despercebido a ninguém da assistência.
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Xadrez
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TÁTICA: O TREINO DE XADREZ NOS TEMPOS MODERNOS
O Treino
de xadrez nos tempos modernos
Foto: www.priateliasachu.sk, Lubomir Ftacnik
Por: Lubomir Ftacnik
Nos últimos dois ou três anos mudei parte das minhas atividades de xadrez na direção da formação dos mais jovens e dos jogadores menos experientes. Inadvertidamente os meus esforços ajudaram-me a repensar algumas das ideias de xadrez e conceitos que serviram-me bem sem definição clara ou esclarecimentos. O ensino é mais exigente, já que os alunos precisam de ajuda que pode ser claramente definida, e deve oferece orientação razoavelmente fiável nas mais variadas situações que surgem no xadrez. Os primeiros anos da minha vida como treinador de xadrez trouxeram algumas surpresas em relação à literatura sobre o treino, material usado para explicar conceitos de xadrez. Muitas ideias e regras, que parecem claras ou óbvias para a minha perceção de xadrez são ignoradas ou não analisadas em profundidade! Muito possivelmente, eu sou apenas ignorante do melhor material que possa ajudar os jogadores a entender os problemas que aparecem nos tabuleiros de xadrez com bastante regularidade. Um desses problemas é o método muito útil para calcular o número de vias de desenvolvimento move-se com peças (não peões!) Em qualquer posição de abertura para ambos os lados. De 44
mãos dadas com a questão vem a compreensão da teoria geral de conflito - quando algum jogador de xadrez procura briga ou envolvimento ativo com as forças inimigas. A lista é muito longa para ser apresentada na íntegra, mas vou tentar o meu melhor para colocar um pouco de luz, pelo menos em alguns problemas com a ajuda de dois jogos relativamente curtos. Muitos jogadores de xadrez ficariam surpreendidos, quanto mais fácil se tornaria o seu jogo, se eles entendessem a relação entre casas pretas e brancas de uma forma profunda. Muitas questões estão relacionadas com o famoso padrão “preto e branco“ do tabuleiro de xadrez - atacar com bispos de cor opostos sobre o tabuleiro, a sensibilidade de cada movimento de dama (Controle ao quadrado branco ou controlo ao quadrado escuro como consequência), desejado equilíbrio geral no controle entre as casas brancas e casas escuras e muitos outros problemas. Por favor, repare como magistralmente Grischuk usou o seu domínio sobre as casas brancas apenas para mudar a sua atenção e o ataque às casas pretas nos últimos movimentos do jogo.
TÁTICA: O TREINO DE XADREZ NOS TEMPOS MODERNOS
(1) Grischuk,Alexander (2736) - Sjugirov,Sanan (2612) [B90] RUS-ch 62nd Moscow (6), 26.12.2009 [Ftacnik,ftacnik@chessbase.co] 1.e4 c5 2.¤f3 d6 3.d4 cxd4 4.¤xd4 ¤f6 5.¤c3 a6 6.¥e3 e5 7.¤b3 ¥e6 8.£d2 ¥e7 9.f3 0–0 10.0–0–0 £c7 11.g4 ¦c8 12.g5 ¤h5 O cavalo está surpreendentemente eficiente em h5 evitando h4 h5 e controlando a casa f4. 13.¢b1 ¤d7 14.f4!?
(21.¥h3 ¦f8 22.¤c6±) 21...a4 22.g6 ¥f6 23.¥h3 a3 24.¥xc8 ¦xc8 25.gxf7+ £xf7 26.h6+- ½–½ De la Paz Perdomo,F (2461)-Mosquera,M (2434)/Havana 2005 (46); 16...¤b6!? 17.¤d4 £d7 18.¤xe6 £xe6²] 17.h4 [17.¤d4 ¦e8 18.h4 ¦ac8 19.h5 ¤c4 20.¥xc4 ¥xc4 21.¤f5 b5 22.¤e3 £a5 23.¤xc4 ¦xc4 24.¦df1 ¦f8 25.¤d5 £d8 26.¦hg1 £e8 27.¤f6+!+- 1–0 Pavel,M (2190)-Nguyen Huynh Minh,H (2217)/Budapest 2006 (30); 17.¤d4 £b6 18.¤d5 ¥xd5 19.exd5 ¦c5 20.¤f5 ¥f8 21.h4 ¦ac8„] 17...£b6
Grischuk está usando uma ideia raramente jogada nesta posição, onde pelo menos três outras ideias foram testados extensivamente. [14.¤d5; 14.£f2; 14.¦g1] 14...exf4 15.¥xf4 ¤xf4 16.£xf4 ¤e5?
Foto: en.wikipedia.org, Lubomir Ftacnik
O segundo momento crítico da luta da abertura. Parece que tanto a jogada da partida como 17 ... b5 não conseguem prometer chances equilibradas. As pretas poderiam ter contemplado o sacrifício de qualidade após o mais modesto recuo de dama:
Foto: live.schach.lga.de, Lubomir Ftacnik
As brancas irão mostrar uma maneira tão confortável de segurar a posição , que as pretas provavelmente precisam de uma ideia melhor no momento. Eu presumo que o movimento de cavalo para b6 poderia oferecer muito melhores chances na luta pela igualdade. O problema reside no facto de que d5 é vulnerável ao salto de cavalo. [16...b5 17.¤d4 b4 18.¤d5 ¥xd5 19.exd5 a5 20.h4 ¤e5 21.h5 GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
17...£d8!? [17...b5 18.¤d4! (18.¦h2 b4 19.¤d5 ¥xd5 20.exd5 a5 21.¤d4 a4 22.¦h3 ¦a5 23.£e4 ¥f8 24.¥d3 ¤xd3 25.cxd3 a3 26.¤c6 axb2 27.¦h2 b3³ 0–1 Jaracz,B (2306)-Kadziolka,B (2289)/Bogatynia 2009 (42)) 18...b4 19.¤d5 ¥xd5 20.exd5 £b7 (20...a5 21.¥h3 ¦f8 22.¤c6±) 21.¥g2 ¦c4 22.b3 ¦c3 23.¤c6±; 17...£d8!? 18.¥h3 ¦xc3 19.bxc3 ¥c4 20.¥f1 (20.£e3 a5„) 20...¥e6 21.£e3 ¦c8 22.¥h3 ¤c4 23.£f2 £c7²] 18.¤d5 ¥xd5 [18...£d8 19.¥e2 b5 20.¤d4±] 19.¦xd5!
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TÁTICA: O TREINO DE XADREZ NOS TEMPOS MODERNOS
Recapturar com a torre é desejável, uma vez que ajuda a desacelerar o contra jogo das pretas. Muitas vezes a abertura da diagonal a2 g8 pode ser usada para o benefício das brancas. [19.exd5 a5 20.¦d4 (20.a4 ¦xc2 21.¢xc2 ¦c8+ 22.¢b1 £xb3 23.¦c1 (23.¥b5 ¤c4 24.¥xc4 ¦xc4 25.£f5 ¦xa4) 23...¦xc1+ 24.£xc1 £xa4) 20...a4 21.¦xa4 ¦xa4 22.£xa4 £e3 23.¥b5 £f3 24.¦e1 £xd5²] 19...a5 [19...£d8 20.¥e2 b5 21.¤d4 ¦a7 22.¦f1±] 20.¦b5 £c7 21.¤d4 a4 22.a3! Excelente movimento que estabiliza a posição no flanco de dama na frente do rei. As pretas estão achando muito difícil ter contra jogo contra as peças brancas que dominam sobre as casas brancas. 22...¦a5 Sjugirov tem uma posição na qual é difícil conseguir tempos para chegar com alguma coisa, que lhe possa dar contra-jogo real. 23.h5 [23.c3 ¦xb5 24.¥xb5 £b6 25.¦h3±] 23...¥f8?! O bispo é muito restrito e sem contrapeso contra o branco na f1. É bastante simbólico que a sua retirada passiva perde ritmo e sublinha o domínio das brancas sobre as casas brancas. [23...¦xb5 24.¥xb5 £c5 25.c3 ¦a8 26.¦f1 £c8 27.¥e2±] 24.g6!
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Grischuk joga em grande estilo aparentemente sem muito esforço. O ataque à posição no flanco de rei tem consequências devastadoras. 24...¦xb5 [24...fxg6 25.hxg6 ¤xg6 26.£f5 ¦xb5 27.¥xb5 ¦a8 28.¥d7+-] 25.¥xb5 £b6 [25...fxg6 26.hxg6 ¤xg6 27.£f5 ¦a8 28.¥d7+-] 26.gxf7+ ¢h8 O defensor não pode dar ao luxo de eliminar o f7 peão, uma vez que essa captura ajudaria Grischuk a explorar rapidamente o acesso ao rei com a ajuda do ataque às casas brancas. [26...¤xf7 27.¦f1 ¤e5 28.¥xa4! 29.¥b3++A diagonal decidiu a partida! 27.h6!
£xd4
TÁTICA: O TREINO DE XADREZ NOS TEMPOS MODERNOS
Deve-se abrir os acessos ao rei negro antes das pretas terem tempo de organizar melhor resistência.
Amin entende muito claramente , que o seu contra jogo tem de ser dirigido contra o centro imponente das brancas.
27...£xd4 [27...gxh6 28.¤e6 ¥g7 29.¤xg7 ¢xg7 30.f8£+ ¦xf8 31.£xh6+ ¢f7 32.¦f1++-] 28.hxg7+ ¥xg7 [28...¢xg7 29.£h6+ ¢xf7 30.£xh7+ ¥g7 31.£f5+ ¥f6 32.£xc8+-] 29.£f5 ¤g6 [29...h6 30.£xc8+] 30.£xc8+ ¤f8 31.£c3 £xe4 [31...£xc3 32.bxc3 ¥xc3 33.¦g1 ¥g7 34.¥xa4+] 32.¦g1
9.£c2 g6 ?!
O desempenho convincente das brancas representa o sonho de um “Ataque Modelo “na Defesa Siciliana.
As pretas não se deram conta de que estão a está brincar com o fogo com este movimento ousado . As brancas têm um controle muito melhor das casas pretas e, assim, a estrutura do roque das pretas fica vulnerável branco é vulnerável e a vantagem de desenvolvimento das brancas justifica imediato e surpreendente ataque. 10.cxd5 [10.h4] 10...exd5 11.e6!?
[32.¦g1 £e5 33.£xe5 dxe5 34.c3 ¤g6 35.¥d3 ¤f4 36.¢c2+-] 1–0 (2) Ding,Liren (2755)- Amin,Bassem (2634) [E11] WchT 10th Tsaghkadzor (5.1), 23.04.2015 [Ftacnik,ftacnik@chessbase.co] 1.d4 ¤f6 2.c4 e6 3.¤f3 ¥b4+ 4.¤bd2 0–0 5.a3 ¥e7 Ao recuar o bispo, as pretas estão a admitir indiretamente , que nesta linha a perda do bispo dará vantagem às brancas. O par de bispos não pode ser suficientemente compensada pela atividade das pretas. [5...¥xd2+ 6.£xd2] 6.e4 d5 7.e5 Não seria inteligente aceitar o convite para o confronto direto neste momento. As brancas ainda estão um pouco atrasadas no desenvolvimento de suas peças!
Não é muito comum fazer-se um ataque contra a posição do inimigo antes de fazer o roque do próprio rei. Nesta posição a avaliação das fraquezas do flanco de rei das pretas, e também o subdesenvolvimento do seu flanco de dama estão a forçar a mão de Ding.
[7.¥d3 dxe4 8.¤xe4 ¤c6 9.¥e3 ¤g4=] 7...¤fd7 [7...¤e4 8.£c2 ¤xd2 9.¥xd2²] 8.¥d3 c5
Campeonato Nacional por Equipas I Divisão 2010 GM Lubomir Ftacnik GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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TÁTICA: O TREINO DE XADREZ NOS TEMPOS MODERNOS
Campeonato Nacional da I Divisão 2014
11...fxe6 [11...c4 12.exd7 cxd3 13.£xc8+-; 11...¤f6 12.exf7+ ¦xf7 13.dxc5±] 12.¥xg6 hxg6 [12...¤c6 13.¥xh7+ ¢h8 14.dxc5±; 12...¤f6 13.¤e5 hxg6 14.£xg6+ ¢h8 15.¤df3 £e8 16.¥h6 £xg6 17.¤xg6+ ¢h7 18.¥xf8 ¥xf8 19.¤xf8+ ¢g7 20.¤xe6+ ¥xe6 21.dxc5 ¤c6 22.¤g5 ¥f5 23.f3 ¢g6 24.h4± 1–0 (36) Rombaldoni,A (2515)-De Francesco,K (2287) Vienna 2015] 13.£xg6+ ¢h8 14.¤e4!!
As pretas já estão em sérios apuros, mas o ganancioso aceitar do material não está a contribuir para o objetivo principal - a defesa do flanco de rei. [14...¤f6 15.¤eg5 £e8 16.¤e5 £xg6 17.¤xg6+ ¢g7 18.¤xe7 ¥d7 19.¥f4 ¦e8 20.¥d6 cxd4 21.0–0–0 e5 22.¦he1 ¦xe7 23.¥xe7 ¤c6 24.¥xf6+ ¢xf6 25.h4²; 14...a6 15.£h5+ ¢g8 16.¥h6 ¥f6 17.£g6+ ¢h8 18.¤eg5 £e7 19.¥xf8; 14...£e8 15.£h6+ ¢g8 16.¤fg5 ¥xg5 17.£xg5+ ¢h7 18.£h6+ ¢g8 19.£g5+ ¢h7 20.£h6+ ¢g8 21.a4! £e7 22.¦a3 ¦f7 23.¤d6! ¦g7 24.¦g3 £f6 25.¦xg7+ (25.£h5!? cxd4 26.0–0+-) 25...£xg7 26.£xe6++- Riazantsev,A (2688)-Vocaturo,D (2579) Jerusalem 2015; 14...¦f5!? 15.£h6+ ¢g8 16.£xe6+ ¦f7 17.¤fg5 ¥xg5 18.¥xg5 £f8 19.£xd5±] 15.£h5+!
Movimento fabuloso, que é um exemplo muito elegante da dupla ameaça. As brancas está trazendo o cavalo para o flanco de rei sublinhando a sua vantagem relativa em números nas filas f- h , bem como a abertura do acesso do bispo de c1 em direção ao flanco de rei. 14...dxe4? Campeonato Nacional por Equipas I Divisão 2009 48
TÁTICA: O TREINO DE XADREZ NOS TEMPOS MODERNOS
Por favor, tentemos perceber a qualidade profunda oculta deste movimento, a dama branca prepara o xeques deixando as casas pretas para a entrada do bispo de c1. A coordenação das peças brancas deve ser feita na fronteira com perfeição! [15.¥h6 ¦g8 (15...¥f6 16.¤g5 £e7 17.¥xf8+-) 16.£h5 ¤f6–+] 15...¢g8 [15...¢g7 16.¥h6+ ¢f6 17.¤e5 (17.¤g5 ¥d6; 17.£g5+ ¢f7 18.£g7+ ¢e8) 17...¦g8 (17...¥d6; 17...¤xe5 18.dxe5#) 18.£f7#] 16.¥h6 ¦f6 [16...¥f6 17.£g6+ ¢h8 18.¤g5 £e7 19.¥xf8; 16...¦f7 17.£g6+ ¢h8 18.£xf7 £g8 (18...¥f6 19.¤h4 (19.¤g5 £g8 (19...£e7 20.¥g7++) ) 19...¤f8 20.¥xf8+-) 19.£xe7 exf3 20.gxf3 ¤c6 21.£h4+- ¤xd4 (21...£g6 22.0–0–0 ¤xd4 23.¥e3+ £h7 24.¥xd4+ cxd4 25.£g5+) 22.¥g7+ ¢xg7 23.¦g1+ ¢f7 24.£h5+ ¢f8 25.¦xg8+ ¢xg8 26.0–0–0; 16...£e8 17.£g4+] 17.£g4+! Em sessões de formação este belo movimento com a mesma lógica que 15.Qh5 + foi bastante difícil para muitos alunos.As brancas estão demonstrando o facto , de que as peças coordenadas multiplicaram o seu impacto!! [17.£g5+? ¢f7–+] 17...¢f7 18.¤g5+ ¢g6 [18...¢e8 19.£h5++-] 19.¤xe6+ ¢f7 A partida está ganha para as brancas. As pretas não podem capturar o bispo de h6. As brancas teriam de enfrentar o derradeiro problema para dar o mate em g5 ou em g7! 20.¤xd8+ ¥xd8 21.£g7+ ¢e8 22.0–0–0
Campeonato Nacional por Equipas 2011
[22.¥g5 ¦f8 (22...¦d6 23.dxc5) 23.£g6+ ¦f7 24.£g8+ (24.¥xd8) 24...¤f8 25.¥xd8] 22...¥e7 23.¥g5 ¥f8 [23...¦f7 24.£g8+ ¤f8 25.dxc5+-] 24.£h7 cxd4 [24...¦e6 25.£h5+ ¦g6 26.£xg6#] 25.¦xd4 1–0 Felizmente os jogos e as minhas sugestões em caraterísticas importantes do material apresentado podem dar-lhe um exemplo que pode ser alcançado com os exercício cuidadosamente selecionados para o treino. Os estudantes podem desenvolver muito melhor a compreensão dos problemas e tensões entre as vários aspetos e aprender a ler qualquer posição de xadrez em muito maior detalhe. Eu ficaria mais do que feliz se o meu pequeno artigo ajudasse a contribuir para que as novas gerações de xadrez tenham um maior e melhor nível de compreensão de xadrez e desempenho nas suas partidas.
As brancas também estão melhor também no sentido material, mas a disparidade principal está escondida no nível trágico de subdesenvolvimento do flanco de Dama das pretas. A luta está completamente terminada.
Campeonato Nacional por Equipas 2011 GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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APOSTAR NAS CAPACIDADES DE TODAS AS CRIANÇAS
Apostar
nas capacidades de todas as crianças
Por: Ana Isabel Lopes A Academia de Xadrez de Gaia encontra-se a desenvolver um aliciante projeto no âmbito da aprendizagem do xadrez por crianças autistas. Esta atividade está integrada no GASC (Grupo para a Autonomia e Socialização de Contextos) da APPDA - Norte ( Associação Portuguesa Para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo,
da Região Norte). A Academia disponibiliza uma monitora que com regularidade trabalha com três crianças autistas, contando com o apoio das técnicas do GASC. Esta equipa de projeto definiu algumas metas/objetivos, interdisciplinares, que visam, sobretudo, alcançar os seguintes aspetos:
- Respeitar tempos de espera e a tomada de vez; - Aumentar os tempos de atenção e de permanência em atividade; - Promover o respeito pelas regras e limites nos diferentes contextos; - Promover a tolerância à frustração e o desenvolvimento de competências de regulação e emocional; - Alargar a compreenção de instruções e ordens simples e/ou complexas; - Promover a interação dentro do grupo e o respeito pelas regras de funcionamento grupal; - Desenvolver a capacidade de pedir ajuda quando necessário; - Promover a iniciativa e intencionalidade comunicativa; - Promover a capacidade de participar em conversas simples, respeitando regras implicitas da mesma; - Aumentar a capacidade de adequar a conversa aos interesses do outro; - Aumentar a capacidade de se manter num tópico de conversa sem fugas de ideias; - Desenvolver a coordenação motora; - Desenvolver o planeamento motor.
Até ao momento, as crianças têm demonstrado interesse em aprender xadrez e nós desejamos que as competências úteis que esta modalidade potencia sejam uma alavanca para melhorar a sua integração plena em todas as áreas de atividade.
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27 DE JUNHO
BEIRA RIO 2016
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“As
aulas do professor Rui Almeida sempre foram as minhas preferidas no xadrez.” Por: António Marinho Quando ingressei na Academia de Xadrez de Gaia, em 2003, o Professor Rui Almeida foi logo a pessoa com quem tive as minhas primeiras aulas, tendo sido ele que me motivou para continuar sempre ligado ao xadrez, porque tinha sempre uma palavra de confiança e de inspiração para partilhar, conseguindo sempre encontrar a mensagem correta que eu precisava
de ouvir, para não perder o entusiasmo deste jogo de tabuleiro que todos gostamos. Ao longo destes anos todos, de 2003 até 2015, as aulas do Professor Rui Almeida sempre foram as minhas preferidas no xadrez, o que fazia com que aguardasse ansiosamente por todas as sextas-feiras para poder ouvir os conhecimentos que tinha para partilhar comigo, porque sempre o
António Marinho
Aulas Pólo de especialização de xadrez na Escola Profissional de Gaia
admirei como professor e como pessoa, dado que estava sempre disponível para ajudar qualquer que fosse a dúvida que tivesse, quer seja durante a minha participação nos torneios, quer seja durante os treinos a analisar os jogos. Aprendi muito com o Professor Rui, como lhe chamava, e foi ele que fez com que não perdesse a vontade de continuar ligado ao xadrez. Agradeço-lhe tudo o que fez para me ajudar, porque se não 54
fosse ele eu não seria o que sou hoje. Foram muitos anos a poder ouvir as suas sábias palavras, que enriqueceram muito a minha maneira de pensar o xadrez. Foi com profunda angústia que tomei conhecimento do seu estado de saúde, no início da época 2015/2016, dia em que fiquei estupefacto porque me foi comunicado que estava há alguns meses em tratamentos, o que eu não sabia porque até ao último treino de 2014/2015 o Professor Rui deu as suas
aulas com a mesma alegria e vontade de sempre. Queria agradecer tudo o que me ensinou, toda a sua alegria e vontade de ensinar, todos os seus conhecimentos partilhados comigo.
HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“Para
ser bom jogador de xadrez é preciso transpiração e 1% inspiração.”
99%
Por: Hugo Martins
Hugo Martins
Estando fora de Portugal há uns anitos, tenho andado cada vez mais distante do mundo do xadrez. Foi por isso uma notícia ainda mais triste e repentina quando soube do falecimento do Rui Almeida.Conheci o Rui Almeida ainda andava nos subs dos Gambozinos. Entre treinos semanais e várias férias passadas aqui e ali a disputar torneios, foram muitas horas passadas à volta de tabuleiros de xadrez.
aberturas e variantes treinadas ao pormenor e das ideias de cada posição. Fica mais do que tudo, a memória da pessoa e do treinador. Ficou-me uma frase em particular do Rui Almeida, que comentava que, como em muitas outras coisas, para ser bom jogador de xadrez é preciso “99% transpiração e 1% inspiração”. Era sem dúvida um excelente treinador de xadrez. Mas mais do que bons treinos de xadrez, tinha bons métodos e filosofia de treino. Nesse capítulo, é para mim difícil separar o Rui Almeida (o “novo mestre”) do Rui Pereira (o “velho mestre”) e os Gambozinos. Era toda uma escola que funcionava bem e mais do que ensinar a ganhar, ensinava a trabalhar e a jogar bem. GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
A treinar, preparar e analisar partidas. Discutir xadrez, claro. Afinal de contas era esse o pretexto que nos reunia uma e outra vez. Mas mais de dez anos depois de deixar os Gambozinos, e de deixar de ter o Rui Almeida como treinador, do que menos me lembro é do xadrez. Apesar de dever sem dúvida ao Rui a maioria do meu modesto Elo (já há algum tempo não testado no tabuleiro), já não me lembro das
Uma lição que se aplica a tantas outras coisas da vida. Afinal de contas, não treinávamos para seguir carreira profissional no xadrez, mas a filosofia de trabalho organizado e sistemático, e a agilidade de raciocínio tanto treinados a pretexto do xadrez, servem-me hoje de suporte a uma carreira profissional na área científica. Com 16 anos não tinha dúvidas que devia ao Rui Almeida uma grande parte do Elo que tinha. Mais de 10 anos depois, não tenho dúvidas que devo aos Ruis, aos Gambozinos e ao xadrez uma grande parte da minha formação pessoal e profissional.
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HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“As
mais importantes aprendizagens que o Rui me proporcionou foram escritas em silêncio sob a forma do seu exemplo.” Por: José Margarido
O Rui foi o meu primeiro professor de xadrez na Academia de Xadrez de Gaia, o clube que represento desde de sempre. A paixão que tinha pelo jogo era fascinante e, por consequência, facilmente me contagiou. Nos últimos anos e, à medida que fui evoluindo, o prazer que tinha em privar com ele era cada vez maior. Recordo-me muitas vezes, durante as análises, dos largos minutos
que ele era capaz de ficar calmamente a pensar numa posição. Lembro--me do quanto isso chocava com o meu mundo, outrora impulsivo e de respostas rápidas; o quanto isso me mostrou que a qualidade anda de mãos dadas com o tempo e com o foco que predispomos. Isto, assim como muitas outras coisas que podia enumerar, consegui transpor do xadrez para a vida com a ajuda dele.
José Margarido
José Margarido com Miguel Ferreira no CN Jovens
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Porque, para além das grandes capacidades ao nível da comunicação, as mais importantes aprendizagens que o Rui me proporcionou foram escritas em silêncio sob a forma do seu exemplo. A grande diferença destas é que não saem pelo outro ouvido, são minuciosamente construídas na cabeça e tornam-se eternamente presentes. Gabo também em dizer que tive oportunidade de jogar por equipas com o professor ao meu lado. Foi gratificante a segurança que ele transmitia fazia de mim melhor, mais confiante e capaz. Sentia-me em casa. Pelo tempo que passou connosco, pela sua sabedoria e humildade, estou certo de que influenciou quer xadrezisticamente, quer humanamente todas as pessoas com quem conviveu de uma forma extraordinária, mas sempre discreta, como era o seu jeito. Obrigado, Rui.
HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“Deixou
uma marca no jogo que não será esquecida.”
Por: Miguel Ferreira
O professor Rui Almeida para além de professor, foi colega de equipa e foi amigo, sempre com vontade de ensinar e aprender. Com um grande amor ao jogo que é o xadrez e ao ambiente que o rodeia acompanhou os alunos e os colegas ao longo dos anos fazendo-os crescer como jogadores. Ensinou xadrez mostrando todo o seu conhecimento e deixou uma marca no jogo que não será esquecida.
Miguel Ferreira
Primeiras aulas do C.F.D.X de AXGaia
“Só
quem frequentava as suas aulas é que sabia a dedicação, paciência e trabalho de casa que tinha para nos ensinar” Por: Rúben Freitas
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Professor, tudo começou quando entrei para a Escola Profissional de Gaia, não sabia o que era xadrez, aprendi com uns amigos da turma e o interesse foi aumentando até aos dias de hoje. Conhecemonos quando comecei a frequentar as suas aulas e logo me interessei ainda mais pelo xadrez, porque a forma de explicar era espetacular e vi logo que sabia muito de xadrez. Só quem frequentava as suas aulas é que sabia a
dedicação, paciência e trabalho de casa, que você tinha para nos ensinar cada vez melhor xadrez. Muita coisa que sei jogar hoje, devo tudo a si. Aprendi a jogar melhor xadrez consigo, transmitianos toda a sua sabedoria. Quando me deram a notícia de que o professor tinha falecido fiquei muito abalado mesmo, nem queria acreditar que era verdade, meses antes tinha perdido o meu avô. Sinto muito a sua falta e imensas saudades de ter aula consigo e conversar consigo.
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HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
aQuele
Cavalheiro ali sentado ao tabuleiro.
Rui Almeida com Rui Pereira
“e nisso estão de acordo os mestres […] de todos os tempos, a verdadeira compreensão dessa arte só é possível àqueles que dela se aproximam com o coração puro” Eugen Herrigel2 Por: “Rui Pereira” Ainda sob os ecos da dor e da perda afetiva profunda, pedimos a nós mesmo que reservemos, contenhamos e superemos o choque e o estupor, para reflectirmos sobre a figura, de tantos de nós tão próxima, de Rui Camejo Almeida, o mestre de xadrez e o amigo de existência. Mesmo que consigamos despir-nos da grande constelação afetiva da amizade que a sua figura de homem e xadrezista suscita em todos nós, emerge um feixe difícil e fecundo de perguntas: como se deixa pensar a singular relação entre o nosso amigo desaparecido e o dele/nosso jogo? Creio que, desde logo, começando por pensar que singularidade de relação é esta; de que maneira foi constituída; que traços a caracterizam; que princípios nela regiam? Ao longo da sua vida breve, Rui Camejo Almeida foi uma figura —ousarei dizer— invulgar e absolutamente consensual, no rarefeito e tantas vezes belicosamente mesquinho panorama do xadrez em Portugal. Quero com isto dizer que não conheço ninguém que no meio xadrezístico, o qual com maior ou menor proximidade frequento há várias décadas, tenha algum dia apontado algo de negativo ou reprovável à figura, à pessoa ou à conduta de Rui Almeida, ao longo dos mais de trinta anos em que este
frequentou ao mais alto nível os circuitos da modalidade. A figura de Rui Almeida encerra, deste modo, um primeiro e grande paradoxo: o de desmentir a ideia feita de que se alguém é capaz de ser unanimemente apreciado é porque não foi capaz de fazer alguma coisa de efetivamente relevante. Como competidor, onde se destacou em numerosas ocasiões, como treinador, incansavelmente em busca da melhor identificação e solução dos problemas de cada um dos (muitos) jovens xadrezistas com os quais trabalhou, como estudioso do jogo, de cujos mistérios nunca deixou de tentar aproximar-se, em todas estas áreas Rui Almeida deixou vinco e testemunho, marcando quantos com ele se relacionaram e pautando modos de fazer e jogar, antes do mais, o xadrez prático, naquilo a que os antigos gregos poderiam chamar a sua techné. Creio, aliás, que é justamente na categoria e na desordem aparente do “paradoxo” que essa singularidade pode ser captada. Desporto de combate e jogo de morte (não tem outro sentido profundo a expressão final do jogo, “xequemate”), investimento psicológico intensíssimo que abeira cada praticante, independentemente do seu nível, dos abismos da catástrofe ou dos cumes da glória autocomprazida, o xadrez
Monitor de Xadrez do Bando dos Gambozinos Eugene Herrigel (2010 [1975]). A arte cavalheiresca do arqueiro zen. São Paulo: Ed. Pensamento (A citação é da p. 17) 1
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HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
parece ser, numa primeira aproximação, a típica atividade onde qualquer assassino talentoso se sentiria mais à vontade do que o melhor dos belos espíritos. Ora, Rui Almeida, se foi, ele mesmo e como se disse, um distinguido competidor no nosso panorama, foi, porém, e mais do que isso, um distinto xadrezista, o que são coisas muito diferentes. Quero com isto significar que se o propriamente xadrezístico, em particular na competição e nas suas tecnologias do resultado, é onde se decide o lugar do jogo na vida de cada um (amador, profissional, campeão ou nem por isso), é, todavia, no extra-xadrezístico que se se decide o lugar de cada um na vida milenar do jogo de xadrez. E creio que é aí que se constrói a singularidade de cada presença, de cada obra. O extra-xadrezístico é o campo de determinação do caráter pessoal no mundo do jogo. E foi esse, a meu ver, o grande e peculiar terreno da afirmação do Rui no universo do xadrez. Jogo da morte, metáfora da vida, pensamento do erro e da tentativa, o jogo do xadrez é,
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
como esta simples enumeração imagética o atesta, algo de mais complexo do que a sua imanente complexidade. Foi demonstrado por numerosos estudos de natureza histórica como, nos últimos mil e quinhentos anos, o apogeu do jogo do xadrez coincidiu com os cumes civilizacionais aonde se desenvolvia: os povos árabes que o trouxeram para a Europa, a Ibéria medieval, a Itália renascentista, o romantismo francês e o alemão, a Inglaterra da Pax Britannica, a Rússia pósrevolucionária… A explicação para essa regularidade histórica e civilizacional reside na dimensão cultural do jogo, ou seja, toda a periferia do xadrez, as suas enormes adjacências e recorrências, as suas relações com as matemáticas, com a psicologia, com a música, com a narratologia, com a história e a literatura no sentido amplo e no sentido restrito da sua bibliografia específica, com a neurociência, a computação e a inteligência artificial, com as belas-artes e o cinema… Era por essa virtualmente inabarcável dimensão que Rui Almeida tinha uma intensa dedicação e foi por ela que nos
outros nutriu e cultivou uma insaciável curiosidade. Essa é, de resto, a via que faz do xadrez um confronto rigorosamente individual com uma base radicalmente colectiva: têm no labor dos outros e no desempenho do outro o seu epicentro toda a teoria, o treino, a própria bibliografia e, finalmente, a partida. O facto de ser o outro de cada um a condição de possibilidade do próprio jogo, conduz a um dos princípios da organização do xadrez nos Gambozinos, onde Rui Almeida teve um papel destacado e continuado ao longo de anos: o xadrez não se joga contra ninguém, joga-se sempre com alguém. Foi, provavelmente, esta noção racional e, ao mesmo tempo, modo intimíssimo de ser de Rui Almeida aquilo que mais contribuiu para a imparidade da sua figura no meio xadrezístico português, a sua consensualidade e o carinho que por ele distribuiu e que dele recebeu. Quanto ao modo especificamente xadrezístico de tratar o jogo, um texto de Rui Almeida, editado numa publicação de 2001 dos Gambozinos , toca o núcleo da
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HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
sua concepção, ao enfatizar então como, de tudo no jogo, o que mais lhe interessava era a análise. Aí, na possibilidade de problematização que cada posição encerra, na actividade de associação e dissociação com todas as outras que lhe são próximas ou que dela se excluem, na racionalização do tratamento minucioso de cada um dos seus aspectos, na construção de um olhar lógico sobre “a posição”, era aí que Rui Almeida se sentia mais completo e realizado. As soluções intuitivas, os talentos inatos, os bons resultados competitivos, interessavam--no, sim, mas apenas secundariamente. O que o movia e compelia eram “a ideia” e a sua formalização heurística, “o conceito”. Eram os pressupostos dos problemas que cada troço da partida enunciava aquilo que o agitava. A própria base técnica ou a força de cálculo mais
Rui Almeida, a beleza de uma demonstração era esteticamente mais realizadora do que o brilho táctico de qualquer combinação. Foi, porventura, este conjunto de elementos de que em Rui Almeida me fui apercebendo ao longo dos numerosos anos de trabalho conjunto no xadrez do Bando dos Gambozinos e de amizade para além desse labor, que lhe conferiram a serena, atenta e amável presença no duro mundo da competição xadrezística. Uma formidável capacidade de escutar e
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lhe não inspiravam do que o reconhecimento inevitável que dedicamos às contingências acessórias. Só na dimensão do pensamento puro e aventuroso, daquilo que, ao tabuleiro, não é exactamente verdadeiro nem inteiramente falso, afigurando-se tão indecidível quanto imperiosamente resolúvel, só aí, no terreno da racionalidade despojada de quaisquer considerações adicionais, o seu gosto pelo xadrez se manifestava plenamente. Trazer à explicitude lógica e racional o implícito de cada questão que a posição devolve ao xadrezista, tem uma consequência radical e, de novo, paradoxal no xadrez tal como poderá dizer-se que Rui Almeida o via: não como um jogo de destruição do adversário, mas sim como construção de obra comum por cada um dos contendores. Nisso consiste esta peculiar visão da partida de xadrez. Sem dúvida que para
aprender, a par da delicadeza, da cortesia, da mente aberta e do coração puro, deixa-me, como decerto a tantos de nós, a imagem de Rui Camejo Almeida como um cavalheiro sentado ao ta- buleiro, numa qualquer sala de xadrez, quase sempre com o sorriso discreto de quem sabe, ou pelo menos intui, que por detrás de todo o pensamento se oculta inevitavelmente uma considerável dose de tristeza.
HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“um autêntico
cavalheiro dentro e fora do tabuleiro.”
Por: António Fróis Rui Camejo Almeida foi sem dúvida um Ser Humano Muito Especial e um dos jogadores mais talentosos e estudiosos que conheci no xadrez em Portugal. Parecia sempre tranquilo, nunca falava por falar e adorava conversar. Todos os testemunhos de todos os alunos e amigos são unânimes em relação à forma prazenteira e construtiva como Rui Almeida passou por esta vida, mas o do amigo Rui Pereira sobre a Obra notável que deixou nos Gambozinos é muito forte e coincide totalmente com todos os testemunhos da sua passagem também excecional pela Academia de Xadrez de Gaia. A última vez que o encontrei, creio que em Maio de 2015 nos corredores da Escola Profissional de Gaia, recordo que imediatamente me falou da forma como jogava e pensava a nova estrela Magnus Carlsen! Não sendo o xadrez a sua profissão, a análise era um ato natural em Rui Almeida. Ele sabia como jogava Carlsen, obviamente acompanhava e tinha ideias próprias sobre o tema, nomeadamente a questão de um jovem já dominar os finais da forma fabulosa como Magnus o faz! Ou seja, recebi mais uma
aula de Rui Almeida, na última vez que tive o prazer de conversar com ele. Como jogador era fortíssimo e um autêntico cavalheiro dentro e fora do tabuleiro. Sempre que jogávamos, independentemente do resultado, analisávamos por horas a nossa partida a sorrir e a conversar. Recordo quando me ganhou em ílhavo em 1985 e venceu o torneio diante dos melhores jogadores portugueses Como também foi um extraordinário professor queria partilhar convosco um pouco da forma como Rui Camejo estudou o jogo do xadrez. Ele seguiu um método quase inédito em Portugal. Seguir um grande jogador mundial e tentar compreender a sua forma de jogar e pensar o jogo. Estudou profundamente a forma de jogar do Grande Mestre Artur Yususpov (Jogador Campeão Olímpico pela Seleção Soviética em várias Olimpíadas de xadrez, Candidato ao Título Mundial no tempo de Kasparov) e seguia o seu repertório de aberturas em vários casos: Um exemplo era que ambos jogavam a Defesa Petroff, ou Defesa Russa (1. e4 . e5 2 Cf3, Cf6) contra peão de Rei , outro era de que ambos jogavam com mais frequência a saída de Peão de Dama (1, d4) e também faziam 1..., d5 a 1.d4
quando jogavam contra peão de dama. Deixo mais esta referência significativa porque não tenho a mínima dúvida que Rui Camejo Almeida partiu fisicamente, mas a sua obra ficará para sempre e pode e deve ser estudada pelos jovens atuais, tal a profundidade dos seus
raciocínios, o prazer e a busca permanente do conhecimento e a organização do seu método de estudo do xadrez que deixo como referência e exemplo a seguir na Academia de Xadrez de Gaia e no Xadrez português. Até sempre Rui!
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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Análise
da partida
Rui Almeida - Istvam Csom
Camejo Almeida,Rui (2270) - Csom,Istvan (2478) [B22] Porto op 12th Porto (7), 28.07.2000 [António Fróis] 1.e4 c5 2.c3 £a5 3.d3 Uma escolha indefinida para deixar dúvidas no adversário. A riqueza e profundidade das ideias de Rui Almeida. 3...d6 4.¤d2 ¤f6 5.g3 Rui Camejo escolhe uma variante que é um misto da variante Alapin e da variante fechada contra a Defesa Siciliana. 5...¤c6 6.¥g2 ¤e5 7.¤df3 ¥g4 8.£c2 Uma subtileza típica de Rui. A dama sai da pregagem tirando sentido ao plano das pretas. 8...¤c6 9.h3 ¥h5 10.g4!
Rui decide ir atrás do bispo sem se preocupar com uma eventual debilitação da sua estrutura de peões do flanco de rei. Rui aposta no dinamismo do seu par de bispos. 10...¥g6 11.¤h4 Plano temático aproveitando a Casa f5. 11...e5 [11...e6 12.f4! ¥e7 13.f5] 12.¤e2 ¥e7 13.¤f5 ¥xf5 14.exf5 h6 15.0–0 £a6 16.c4! Fixando o centro e apostando tudo no bispo de g2 e na grande diagonal. 16...¤h7 17.a3 ¦c8 18.¦b1 0–0 19.b4 ¤d4 20.¤xd4 cxd4 21.a4 £b6 22.£e2 Trazendo a dama para o flanco de rei. 22...£c7 23.£e4 62
[23.b5] 23...¦b8 24.f4 ¦fe8 25.g5? Um erro na condução do ataque. 25...exf4?? Istvam Csom não aguenta a pressão do ataque de Rui e acelera a derrota ao ser impreciso na condução da defesa. [25...hxg5 26.fxg5 ¥xg5 27.¥xg5 ¤xg5 28.£g4 ¤h7 29.f6 g6 30.£h4±] 26.g6!!
Rui encontra o Tático que justifica a vitória do Bg2 e as pretas não têm defesa .Tudo pelas casas brancas. A partida está perdida! 26...fxg6 Rui encontra o Tático que justifica a vitória do Bg2 e as pretas não têm defesa .Tudo pelas casas brancas. A partida está perdida! 27.fxg6 ¤g5 [27...¤f6 28.£xf4+-] 28.£d5+ ¢h8 29.h4 Uma grande vitória de Rui Camejo Almeida (talvez o seu maior êxito particular contra um jogador estrangeiro) contra o Grande Mestre Húngaro Istvam Csom, um Jogador Histórico da Seleção Olímpica de Xadrez da Hungria, um dos grandes Países da História do Xadrez. 1–0
HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“Rui
metaforizava totalmente toda a calma, serenidade e paz com que sempre o víamos encarar-se a si mesmo, a todos nós e à vida.” Por: Simão Pintor Não é fácil colocar em palavras o meu enorme apreço pelo ser humano que o Rui sempre demonstrou ser, e a forma como contribuiu para o meu crescimento pessoal e xadrezístico. Mas vou centrar-me em apenas um detalhe que eu
penso que o caracteriza particularmente. A forma como ele pegava nas peças... Sempre com suavidade e delicadeza. Neste ato o Rui metaforizava totalmente toda a calma, serenidade e paz com que sempre o víamos encarar-se a si mesmo, a todos nós e à vida. Obrigado por tudo, Rui.
Simão Pintor
“Não parecia muito mais velho que os mais velhos de nós - mas era o “mestre” e suscitava grande admiração.” Por: Ariana Pintor Lembro-me das primeiras vezes que vi o Rui nos Gambozinos. Devia ter para aí uns 8, 9 anos... o Rui era ainda novo - não parecia muito mais velho que os mais velhos de nós - mas era o “Mestre” e suscitava grande admiração. Não era para todos perceber as aulas dele, embora ele explicasse tudo com grande calma e detalhe! Pouco a pouco, fui percebendo porque nos jogos dos mestres as peças apareciam na posição certa, no momento certo. Estava longe de imaginar que um dia o Rui ia ser o meu principal professor de xadrez, e que com ele ia aprender eu própria a por as peças no devido lugar e tornar-me “mestre” também. Foi um enorme privilégio... Ele inspirava-nos a ter calma, a não sermos impulsivos no tabuleiro, a analisar com profundidade todas as opções. Na preparação para as partidas, tinha atenção a todos os GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
detalhes, fazia-nos sentir seguros do que íamos fazer. Nas análises, quase nunca levantava a voz para calar alunos “demasiado entusiasmados”: limitava-se a dar o exemplo, olhando para o tabuleiro serenamente, convidando-nos a fazer o mesmo, ali e em todas as posições difíceis... Deixa muitas saudades a todos que se cruzaram no seu caminho. Tudo o que desejo é que Deus o tenha no Seu descanso e paz... até sempre Rui!
Ariana Pintor (ESQ.) 63
HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“Gravei-te assim, impressões digitais da minha memória“ Por: Arlindo Rodrigues Vieira Artigo Publicado no Blog: Xadrez Memória
Não te zangues Rui, porque isto do Xadrez Memória, nem sequer é lido. “Eu vinha para a vida e dão-me dias” Ruy Belo, Homem de palavras. Rápido e rude como quem é atacado de garras na garganta. Neste sudário de tristes dias, a dispensável notícia em amargos olhos de minutos. Foi para mim proibido amanhecer. Aqui no quase único café da minha adolescência onde ainda penso, escrevo, sonho, choro, longe da “gunagem” citadina que me estala os nervos, longe dessa praga turisteira que me faz odiar a minha cidade, penso-te Rui. Aqui, onde ainda consigo lamber as minhas feridas do dia, misturando-as com o sal amargo das horas, recordo-te. Era escusado, Rui, perfeitamente escusado, Rui Almeida a tua partida. Assim não, assim não! Já lá estava no reino de Caissa gente que chegava para um “fechado” de categoria de ternura e, agora tu!? Assim não Rui, assim começa a existir gente xadrezista portuguesa suficiente para um “Aberto”! Vai para muitos anos foi o Rui Marques, depois o Torcato, o Mesquita, o Carlos
Aula Polo Especialização da EPG 64
Quaresma, o Mamede, o Parcerias, o Durão, e outros de esquecimento e agora Tu!? Gente a mais! Matrona, cada vez mais invejosa, demasiado portuguesa está a ficar Caissa. Procurei noite adentro retrato teu na memória fria de discos rígidos, mas não encontrei. Só megas de memória cá dentro da tua pessoa. Teve que ser a foto da FPX. Prova provada que não gostavas de te expor, de te mostrar, de aparecer. Desde miúdo que acho que eras assim. Lembraste ainda miúdo quando te conheci no Torneio do Viana Taurino? Tantos anos Rui! Miúdo, “chavalito” ainda, acanhado, tímido, era o teu pai que falava por ti. Mais tarde, em sala de torneio, numa ou outra partida que contigo joguei e perdi, sempre essa reserva, essa calada maneira de ser, essa calma em azul que te distinguia da verborreia estafada de muita gente do xadrez, ou dos fala-barato de variantes e subvariantes, ou mesmo dos ignorantes do xadrez que eram os maiores da sua rua quando não estava lá ninguém! Gravei-te assim, impressões digitais da minha memória. Jogavas xadrez e bem, ficaste naquele número fatal do Elo da passagem dos 200 para
HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
Campeonato Nacional III Divisão 2002 - Rui Almeida - 2º Tabuleiro Equipa AXGAIA
os 300, porque isto é Portugal e porque pressinto que isso nunca foi tua preocupação. Amavas demasiado o Xadrez para perceberes que talvez atrás do tabuleiro da competição, haveria um outro d’amor d’Ele. Deixaste de competir, de aparecer nos salões de grandeza de coisa nenhuma, começaste outra vida de dádiva, de ensino, de um outro xadrez. Nunca deixaste de amar a coisa amada, disso tenho a certeza. Poucas palavras trocamos ao longo dos anos, dos nossos encontros no tabuleiro, ou em sala de torneio, todavia as que sussurramos foram sempre de voz doce, generosa, suave, delicada da tua parte. Rui, convenço-me que eras mesmo assim. E sabias de xadrez, mesmo muito de xadrez, para além do repositório bacoco e mirrado de variantes e mais variantes, mas sim do Xadrez, da cultura do xadrez, que como sabias, não era apanágio de muito “rambo” do tabuleiro. Assim, partiste. Eu para aqui como imagem de remo fixo em águas paradas. Reflexos GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
da imagem de ti, nas peças Staunton, no tabuleiro verde e branco que as suportam, imagem desse teu rosto de miúdo que nunca perdeste, dessa face de “putti” deslumbrada pelo bruxedo do xadrez como a percepcionei em Viana, vai para muitos anos. Foste, mas recuso aceitar a perda, mesmo que seja pela persistência da errância luminosa de curtas imagens e fugidios pensamentos. Ao escrever-te, vou perdendo um vazio que nunca o foi porque alguma coisa sempre esteve cá. Já agora, avisa a velha e invejosa matrona Caissa que não comece o “Aberto” sem mim! Abraço fortíssimo. Ah! Havemos de resolver um dia esse problema do 1.e4-ç6 2.ç4 com que me ganhaste numa noite fria e chuvosa na sala da Escola Profissional de Gaia. Hoje talvez não jogasse o g6 ! O que achas!? Para de rir com esse rosto suavemente gaiato, Rui! Afinal quase 20 anos de diferença merecem respeito, ou não?
Foto: Federação Portuguesa de Xadrez 65
HOMENAGEM: RUI CAMEJO ALMEIDA
“Tu
és eternamente responsável por aquilo que cativas“
Por: Raúl Ralha Há mais de 15 anos que encostei o xadrez competitivo e que arrumei praticamente tudo o que teve a ver com o meu percurso de xadrez enquanto jogador. O Rui fez-me tratar cada fragmento com um respeito que digo, sem dúvida, ter sido a arrumação mais cuidadosa que consegui até hoje em todas as minhas coisas. Encontrei todas as minhas partidas, livros, apontamentos, aberturas... Acho que não poderia ter sido de outra maneira tendo em conta o que aprendi com ele, o seu exemplo de professor que surgia sempre mais interessado e dedicado que o aluno (eu, neste caso). Eu fui o primeiro campeão nacional do Rui. Aprendi muito xadrez com ele, sim, mas as
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recordações mais sólidas são da sua dedicação e da paixão que depositava no trabalho que fazia comigo. O Rui quis sempre mais do que eu, foi sempre à frente como exemplo e foi sempre ao lado e atrás, para o que desse e viesse. Nessa altura, o Rui quase não competia e mostroume um xadrez riquíssimo nas suas análises e na forma como desfrutava dos jogos (até dos meus). Ensinou-me o que é gostar muito de xadrez. Sinto que foi com esta aprendizagem e com o xadrez que me imaginei a ser professor e a ser disponível e interessado para e pelos outros. O Rui foi sempre o melhor exemplo que conheço do Principezinho: “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”. Ele foi sempre cativante e um enorme motivador de responsabilidade. Obrigado.
UM LANCE DE XADREZ SOBRE O TABULEIRO DA MÚSICA
Um
lance de xadrez sobre o tabuleiro da música
Publicado em “A Boca do Beco” - Revista Comemorativa dos 25 anos do Bando dos Gambozinos (ano 2000)
II Profigaia Open
Por: Rui Almeida Quando imagino as semelhanças entre a música e o xadrez, penso que ambos constroem uma imensidão de formas, como um mar vivo e incansável. As cores que tomam dependem do pincel de cada visitante, mas julgo que a sua forma absoluta é construída através do relógio biológico que dá inicio à sua existência, à medida que avança. Ou a sua forma solidifica-se ou despedaça-se, devolvendo a energia de novo ao mar, para que este dê novos frutos. Uma dessas formas envoltas em mistério é a música erudita que, à luz desse mar, possui a beleza absoluta de uma rocha que não naufragou à paixão ou ao desespero do mar. Um lance de xadrez, comparativamente, não atinge tal glória. É apenas uma imagem proporcionada pela rocha naquele pedaço de tarde. Porém, quando imagino esse lance, pressinto que foi mesmo outrora realizado, fragmento a esforço arrancado à rocha, por uma vaga furiosa que o arrastou para o limiar do seu mundo, entregando-o, em mãos, a outro mundo, à praia dos visitantes. Pegando neste fragmento e com a imagem que proporciona, calculo como seria se esses milhares de anos que separam a GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
formação da rocha fossem observados pelos olhos dos visitantes em breves instantes. Tudo totalmente comprovado, ali, mesmo na nossa frente. Suponho que a satisfação de conhecer todas as peças do puzzle não transmite a beleza do insondável mistério da sua origem e evolução. A magnificência que nos leva a imaginar cada fase da construção da rocha como única, com mil e um detalhes, sendo, de entre todos esses detalhes, o mais interessante e subtil o poder estar no seu ultimo estádio. Quando se transporta este imaginário real e transcendente para o campo da música ou do jogo de xadrez, nada me parece tão claro e ajustado aos seus respetivos conceitos de beleza. «Suponho que a satisfação de conhecer todas as peças do puzzle não transmita a beleza do insondável mistério da sua origem e evolução (…) Falo do encanto da sintonia entre a partida de xadrez e a peça musical, em que cada nota, como cada lance, tem um tempo para ele mesmo» A reflexão descrita pode acontecer no mundo do xadrez da mesma forma, quando, ao analisarmos uma posição numa partida, tentarmos, lentamente, encontrar o melhor caminho para prosseguir e subitamente nos encontramos perdidos, talvez num atalho errado, 67
UM LANCE DE XADREZ SOBRE O TABULEIRO DA MÚSICA
mas nem por isso menos fértil e apaixonante. Confrontemos, ainda, este método cognoscível, com a instintiva espontaneidade de uma partida rápida, em que tudo se encontra condenado a um fim breve, antes de mal se saber, sequer, se teve um começo. Enquanto a partida rápida é uma tentativa de lucidez instantânea, a análise de um jogo é uma forma preguiçosa de tomar decisões que, sem nunca as podermos diferir, ou atrasar, condicionarão a decisão seguinte e a próxima e a outra e a sua sucessora e… Apesar deste processo de decisão (penso, logo não me decido), confesso que me parece que é aí quando se estabelece um elo mais forte, menos quantificável mas mais intrínseco, ai, durante o desenrolar de uma análise de xadrez, quando o tempo biológico está sincronizado com o dos outros mundos, especialmente com o da música. Falo do encanto da sintonia entre a partida de xadrez e a peça musical, em que cada
nota, como cada lance, tem um tempo para si mesmo (como já antes tivera cada estágio da rocha), com o qual preenche, na vida, apenas uma posição, um ínfimo ponto mais, no gráfico de uma sucessão aleatória de encantamentos, que começa com a própria vida. Neste momento, a formação lenta da rocha conforta-me. Sinto que ela é real e não precisa de comprovação. Julgo, até, já a conhecer bem. Estendo agora a mão, pego no fragmento da rocha e levo-o para o meu mundo. A partir deste momento percebe-se que o ciclo ficou completo. A forma absoluta da rocha ficou sem o pedaço, arrancado a esforço. Sempre que o meu olhar é depositado naquele fragmento, toda a rocha é recordada no seu esplendor. Como o lance de xadrez jogado sobre o tabuleiro da música produzisse um som que, aliado a muitos outros, pudesse dar origem a uma bela rocha, a uma boa peça musical ou, quem sabe, a uma apaixonada partida de xadrez.
“Estudante, treinador de xadrez dos Gambuzinos. e da seleção nacional de jovens
1
Seis anos de xadrez de competição «Gambozinos» 1999 – 2000 - João Guerra Costa, campeão nacional sub- 14 Absoluto - Hugo Fidalgo Martins, campeão nacional absoluto sub- 12 Absoluto - Ariana Pintor, campeã nacional sub-12 Feminina - Maria Vasquez, vice-campeã nacional sub-14 Feminina
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Equipa campeã distrital absoluta - Raul Ralha, João Guerra Costa, Gonçalo Vasquez, Pedro Alves - Maria Vasquez, Hugo Fidalgo Martins, Ariana Pintor - Catarina Costa, campeã distrital sub-10 Feminina - Ariana Pintor, campeã distrital sub-12 Feminina - Maria Vasquez, campeã distrital sub-14 Feminina - Duarte Cameira, campeão distrital sub-10 Absoluto
UM LANCE DE XADREZ SOBRE O TABULEIRO DA MÚSICA
Uma
vida dedicada ao xadrez
BIOGRAFIA Rui Miguel Paulino Camejo Almeida. Nasceu a 8 de março de 1970. Bacharel em Informática de Gestão. Professor de Informática. Treinador e jogador de Xadrez. Iniciou-se com 10 anos como jogador de xadrez, no torneio interno do Grupo Dramático e Musical Flôr de Infesta e participou na equipa sénior do clube. •1982 - 2º Classificado no Campeonato Distrital de Jovens; •1982 - 3º Classificado no Campeonato Nacional de Jovens; •1984 - 1º Classificado no Campeonato Distrital de Jovens; •1984 - 1º Classificado no Campeonato Nacional de Jovens; • Jogador da Equipa Principal do G.D. M. Flôr de Infesta; •1984 - 38º Classificado no Campeonato do Mundo de Jovens. De 1985 a 1990: Treinador e de jogador de xadrez pelo Clube de Xadrez Flôr de Infesta •1986 - 3º Classificado no torneio da associação desportiva da EFACEC; •1986 - 1º Classificado no Campeonato Distrital de Juniores; •1986 - 2º Classificado no Campeonato Nacional de Juniores; •1986 - 30º Classificado no Open Internacional
Rui Almeida ao centro com 10 anos GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
- Rui Almeida
Sénior de Viana do Castelo; •1986 - 32º Classificado no Open Internacional Sénior de Guimarães; •1987 - 2º Classificado no Campeonato Nacional de Juniores; •1987- 1º Classificado do ECI – Torneio de Jovens na Bélgica; •1987 - 1º Tabuleiro (jogador) da equipa – Campeão por Equipa da I Taça do Porto; •1987- 12º Classificado no Torneio Internacional de ílhavo; •1988 - 1º Classificado no Campeonato Nacional de Juniores; •1988 - Finalista vencido da Taça de Portugal por Equipas; •1988- 2º Classificado no Campeonato Português de Equipas da II Divisão; •1988 - 20º Classificado no Campeonato da Europa de Juniores na Holanda; •1988- Treinador de jovens dos 7 anos aos 12 no Externato Lumen; •1989 - 1º Tabuleiro da Equipa no Campeonato Nacional da I Divisão (7º lugar); •1989- 17º Classificado no Campeonato Mundial de Juniores no Chile; •1990 - Campeão Nacional de Juniores; •1990 - Frequentou os estágios da equipa portuguesa de jovens com o treinador MI Fernando Silva; •1990 - Vencedor do Torneio Preliminar do Campeonato Nacional Sénior; •1990 - 8º Classificado no Campeonato Nacional Sénior; •1990 - Vencedor do torneio anual de Honra para jogadores internacionais.
Miguel Ferreira, Francisco Mateus, José Margarido e Rui Almeida
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De 1990 a 1995: Jogador do Clube de Xadrez do Boavista FC •1990- Jogador da equipa de xadrez do Boavista; •1991 - Campeão Nacional por Equipas (4º tabuleiro); •1991 - Vencedor da Taça de Portugal por Equipas; •1991 - Integração na lista de ELO internacional com o ranking de 2360 pontos; •1991 - 6º Classificado no Campeonato Nacional de Seniores; •1991- Participação no Campeonato Europeu de Equipas em Solinguen – Alemanha, com a equipa do Boavista; •1991 - Treinador de alguns jovens de 19 e 22 anos para ajudar a aperfeiçoar o seu xadrez; •1992 - Treinador das jornadas de verão do Desporto da cidade de Matosinhos (por convite do Presidente da Associação de Xadrez do Porto; •1992- Participação no Campeonato Europeu de Equipas em Barcelona – Espanha, com a equipa do Boavista; •1992 - Campeão Nacional por Equipas (4º tabuleiro); •1992 - Vencedor da Taça de Portugal por Equipas; •1993 - Início do treino com jovens de equipas de xadrez do Porto; •1993 - Vencedor do distrital de seniores do Porto; • Vencedor do torneio internacional de ílhavo em 1993 •1994 - Treinador do Campeão Nacional de xadrez juvenil (menor 14 anos) – Raul Ralha; •1994 - 5º Classificado no Campeonato do Mundo de menores de 26 anos por países, representando Portugal no 2º tabuleiro. De 1995 a 2002: Treinador e jogador da Associação Cultural Os Gambozinos
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• 1996- Treinador de jovens que ocupam um lugar cimeiro no xadrez nacional (treinador residente da Associação Cultural Os Gambozinos); •1996 - Treinador do Campeão Nacional de menores de 10 anos – João Costa; •1997 - Conferências informais com o treinador russo Boris Zlotnic – antigo aluno da escola soviética do Treinador Dvoretsky; •1998 - Treinador da Seleção Portuguesa de Jovens, zona Norte; •1998 - 4º Classificado do Campeonato Nacional de Seniores; •1998 - Treinador acompanhante da equipa de jovens ao Campeonato do Mundo em Cannes (França); •1999 - Treinador acompanhante de equipa de jovens ao Campeonato do Mundo em Oropesa, Espanha; •2000 - Treinador de jovens da equipa dos Gambozinos nos Campeonatos Nacionais de Xadrez Jovem; •2000 - Treinador acompanhante de equipa de jovens ao Campeonato do Mundo em Oropesa, Espanha, em 2000; alguns jovens atingiram os 50%; uma jogadora foi a 5ª classificada no escalão sub 10; •2000 - Treinador dos jovens da equipa dos Gambozinos nos Campeonatos Nacionais de Xadrez Jovem; •2000 - Membro da Direção da Associação de Xadrez do Porto; •2000 - Treinador dos Campeões Nacionais nos escalões sub. 10, sub. 14 e sub. 16 (Catarina Costa, Ariana Pintor, Maria Vasquez, Hugo Martins e João Costa); •2001- 11º Classificado no Torneio Internacional de Lorca em Espanha; •2002 - Distinção pela Federação Portuguesa de Xadrez na qualidade de Treinador Nacional de Xadrez.
De 2003 a 2016: Treinador e Jogador da Academia de Xadrez de Gaia • Treinador de Xadrez do Centro de Formação Desportiva de Xadrez da Academia de Xadrez de Gaia; •2001/2002 - Campeão Distrital do Porto por Equipas pela Academia de Xadrez de Gaia; •2002/2003 - Vencedor do Campeonato Nacional de Partidas Rápidas por Equipas; •2004 - Vencedor do Campeonato Nacional de Partidas Rápidas por Equipas; •2001/2002 - Vencedor da Taça de Portugal; •2002/2003 - Vencedor da Supertaça de Portugal; •2003 - Vencedor da Taça de Portugal; •2004 - Finalista da Supertaça de Portugal; •2004 - 3º Lugar no Campeonato Nacional da Iª Divisão; •2005 - Vencedor do Campeonato Nacional de Partidas Rápidas por Equipas; •2005 - 2º Lugar no Campeonato Nacional de Semirrápidas por Equipas; •2005/2006 - Vencedor da Supertaça de Portugal; •2006 - Vencedor da Taça de Portugal; •2006 - Vencedor do Campeonato Nacional de Partidas Rápidas por Equipas; •2006 - Campeão Nacional da I Divisão por Equipas; •2006/2007 - 3º Classificado no Campeonato Nacional da I Divisão;
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
•2006/2007 - Vencedor da Supertaça de Portugal; •2007 - Vencedor do Campeonato Nacional de Partidas Rápidas por Equipas; •2007/2008 - 3º Classificado no Campeonato Nacional da I Divisão; •2008/2009 – Vencedor da Taça AXP por Equipas; •2008/2009- Vencedor do Campeonato Nacional de Partidas Semirrápidas por Equipas; •2009/2010- Campeonato Nacional da I Divisão; •2010/2011 - Campeonato Nacional de Semirrápidas por Equipas; •2010/2011 - Vencedor da Supertaça de Portugal; •2010/2011- Vencedor do Campeonato Nacional da I Divisão; •2011/2012 - Vencedor da Supertaça de Portugal; •2011/2012 – 2º Classificado no Campeonato Nacional de Semirrápidas por Equipas; •2013 – Vencedor da Taça de Portugal; •2012-2013 – Vencedor do Campeonato Nacional da I Divisão; • 2013-2014 – Vencedor da Supertaça de Portugal; •2013-2014 – 2º lugar – Taça de Portugal; •2013-2014 – 2º Lugar – Campeonato Nacional I Divisão por Equipas; •2014-2015 – 2º Lugar Supertaça; •2014-2015 – Vencedor – Campeonato Nacional por Equipas I Divisão.
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OS MATES MAIS RÁPIDOS DO XADREZ
Os
mates mais rápidos do xadrez
Primeiro Xeque Mate do Louco ou Mate Relâmpago Mate em 2 lances e com as pretas [António Fróis] 1.f3? e5 2.g4?? O que não se deve fazer em xadrez. Enfraquecer f2 dá mau resultado. 2...£h4#
Mate em 4 lances Segundo Xeque Mate - Mate Pastor Xeque Mate em 4 lances [António Fróis] 1.e4 e5 2.¥c4 ¤c6 3.£f3
3. , a6?? 4.£xf7# 1–0
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Terceiro Xeque Mate Mate em 6 lances Mate do bispo [António Fróis] 1.f4 e5!? Sacrificando um peão para desenvolver as peças pretas mais rapidamente. Chama-se um Gambito. 2.fxe5 d6!? 3.exd6 ¥xd6 4.¤c3??
Não vendo a ameaça das pretas. 4...£h4+ 5.g3 £xg3+!! [5...¥xg3+ Ambos os sacrifícios dão mate em duas jogadas.] 6.hxg3 ¥xg3# 0–1
Quinto Xeque Mate Mate em 7 lances Mate de Légal [António Fróis] 1.e4 e5 2.¤f3 d6 3.¥c4 Apontando a f7 - o ponto mais fraco das pretas no início da partida, porque está ao pé do rei preto e apenas defendido por ele. 3...a6 4.¤c3 ¥g4?? 5.¤xe5!!
Quarto Xeque Mate Xeque Mate em 6 lances Mate de Cavalo [António Fróis] 1.e4 c6 Defesa Caro Kan. 2.d4 d5 3.¤c3 Devem -se jogar as peças para fora de forma a utilizar todas as armas que temos! 3...dxe4 4.¤xe4 ¤d7 5.£e2! Ameaçando Mate por causa da cravagem na coluna “e “ 5...¤gf6?? 6.¤d6# 1–0
Sacrifício de dama fantástico. A dama não pode ser capturada! Magia!! 5...¥xd1 6.¥xf7+ ¢e7 7.¤d5# Uma pérola do Século XVIII no Café de La Régence em Paris. 1–0
OS MATES MAIS RÁPIDOS DO XADREZ
Sexto Xeque Mate Mate em 7 lances Convite à asneira [António Fróis] 1.e4 e5 2.¤f3 ¤c6 3.¥c4 ¤d4
0–1 O Cavalo não pode ser capturado por causa da cravagem e é Xeque Mate!
Profigaia 2016
Convite à asneira. As pretas sacrificam um peão convidando as brancas a perderem tempos. 4.¤xe5??
Profigaia 2016
Em xadrez não se pode ser guloso. As brancas capturam um peão, sem fazerem o roque e jogando a mesma peça dos vezes. O castigo vai ser implacável! 4...£g5!! Ataque duplo a g2 e e5. 5.¤xf7 £xg2 6.¦f1 £xe4+ 7.¥e2 ¤f3# Beira-Rio 2016
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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TÁTICA
Simplicidade
ou não!
[Fróis]
Que dizer desta posição com apenas 4 peças no tabuleiro? Fácil? Reza a lenda que Boris Spassky (com 11 anos) teve de descobrir todo este exercícios de olhos vendados para poder ter aulas com Bondarevsky, o treinador que o levou até ao Título Mundial em 1966. Vamos refletir. Jogam as brancas e está claro que os reis vão colidir nos seus interesses! 1.¢f5 Única das brancas para trazer o seu rei para a luta ! 1...¢e3 [1...c5?? 2.¢e5 ¢e3 3.¢d5 ¢d3 4.¢xc5 ¢c3 5.a4+-] 2.¢e5 c6!! Estorvando o caminho do rei das brancas e colocando novos problemas na partida. 3.a4 Será que a partida está terminada ? [3.¢d6?? ¢d4 4.¢xc6 ¢c4 5.¢b6 ¢b4=] 3...¢d3!! 4.a5 c5 5.a6 c4 6.a7 c3 7.a8£ c2
A única posição na qual as pretas não podem responder Rc3 a Da2 o que seria empate. Extraordinário este pormenor. 9...¢d1 10.¢d4 c1£ 11.¢d3!!
Nesta posição as brancas têm imensos xeques . 8.£d5+!!
9.£g2!!
A única jogada que ganha a partida! [8.£e4+??¢d2 9.£d4+ ¢c1= É uma posição de empate teórico porque não existe forma de chegar às posições teóricas na qual o bando forte dá mate depois do bando fraco promover.; 8.£f3+?? ¢d2 9.£f2+ ¢d1 10.£d4+ ¢c1=; 8.£d8+?? 8.£d8+?? ¢e2 9.£g5 ¢d1=; 8.£a6+??¢d2 9.£a2¢c3=; 8.£a3+??¢d29.£b2¢d1 8.£a1?? ¢d2 9.£d4+ ¢c1!! Posição de empate .] 8...¢e3 [8...¢c3 9.£d4+ ¢b3 10.£a1; Se 8... ¢e2 9.£a2!
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Espetacular jogada criativa que ganha a partida , uma vez que as pretas não têm resposta para resistir. 9...c1£ 10.£g5++-
TÁTICA
Tática [António Fróis] Como afogar o rei das brancas?Parece impossível... 1.¦d8+!!
Sacrifício de atração ! 1...¥d4! [1...¦f2 2.b7 ¦f8 3.¥f5 ¦b8 4.¥c8 ¢g7 5.¢b5 ¢f7 6.¢c6 ¢e7 7.¢c7+-] 2.¢xd4 ¦xb4+ 3.¢e3 ¢g7 4.¢f4 ¢f6–+ 0–1
Tática 4 [António Fróis] 1.¤fd7 ¢a6 2.¢c5 ¢a7 3.¢c4 ¢a6 4.¢b4 Zugzwang e manobra de envolvimento! 4...¢a7 5.¤c8+ ¢a8 6.¢b5
Tática 3 [António Fróis] Sacrifício de atração para estragar o potencial dos peões das pretas. 1.¦h2+!! Para utilizar o rei adversário a nosso favor. [1.¦d3?? ¥c6+ 2.¢b4 g2 3.¦g3 h5 4.¢c5 h4–+] 1...¢g7 2.¦d3 ¥c6+ 3.¢b4 g2 4.¦g3+ ¢f6 5.¢c5 ¥b7 6.¢d4 h5 7.¢e3 h4 8.¢f2!!
6...b6 O peão é o amigo das brancas! 7.¢a6 b5 8.¤cb6# 1–0 Tática 5 [António Fróis] 1.¤e7!! 1...gxh2 2.£a8+ ¦g2 3.¢e1
Magia pura! 8...hxg3+ 9.¢g1 =:= Tática 2 [António Fróis]
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
3...¢g1 4.£a7+ ¢h1 5.£b7 Começa a manobra “em escadinha“! 5...¢g1 6.£b6+ ¢h1 7.£c6 ¢g1 8.£c5+ ¢h1 9.£d5 ¢g1 10.£d4+ ¢h1 11.£e4 ¢g1 12.£e3+ ¢h1 13.£f3 ¢g1 14.£f1# 1–0
Sacrifício de desvio ganhador ! Se o rei capturar o cavalo fica fora do quadrado do peão “a” . Por outro lado, o cavalo cria uma obstrução à casa c8 impedindo o rei das pretas de caminhar diretamente para capturar o peão “a” .Simples mas muito didático.
[1.¤xb4? cxb4 2.c5 ¢c8 3.¢c2 ¢b7 4.¢b3 ¢a6 5.¢xb4 c6 6.¢a4 ¢b7=] 1...c6 [1...¥xa5 2.¤c6+] 2.¤xc6+ ¢c7 3.¤xb4 cxb4 4.¢c2 1–0
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TÁTICA
tátiCa
Tática 6 [António Fróis] 1.¦g3!
Sacrifício de desvio. 12...£xg4 13.£xh7# 1–0 Tema do afogado. 1...d4 2.¢g2!! tema da oposição e tema do quadrado! 2...d3 3.¢f1!!
Tema do afogado pela segunda vez no mesmo problema. Desta vez não na coluna “h” mas na coluna “f” e com o peão “d” a tirar a casa de fuga, ou seja, um afogado mais elaborado! 3...£xg3 ½–½ Tática 7 [António Fróis] 1.¤d3+ Descoberto. 1...¢a2 2.£g2+ ¢b3 3.£b2+ Manobra de coordenação. 3...¢c4 4.£b4+!! ¢d5 [4...¢xd3 5.£b1++-] 5.¤f4+ ¢e5 6.£c3+ ¢e4 7.£d3+ ¢e5 8.£d5+ Manobra de envolvimento! 8...¢f6 9.¤h5+ ¢g6 10.£g8+ ¢h6 11.£g7+ ¢xh5 12.g4+!! 76
Tática 8 [António Fróis] 1.¤c8!!
Cerco espantoso à dama!! 1...£d5! [1...e5 2.¤e4+ ¢d5 (2...¢c6 3.¤e7+; 2...¢b5 3.¤cd6+) 3.¤e7+; 1...d2 2.¤e4++-] 2.¤e4+ ¢b5 3.c4+!!
Sacrifício de atração espetacular que ganha a dama em todas as variantes. Tabuleiro maquiavélico! 3...£xc4 [3...¢xc4 4.¤b6++-] 4.¤cd6+ 1–0
O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
o
Que dizeM os nossos Jogadores...
Por: Ana Isabel Lopes Daniel Silva, o nosso peão de ouro Daniel Frederico Vasconcelos Silva, nome de ‘combate’: Daniel Silva. É um menino franzino de olhar vivo. Com apenas oito anos já sabe traçar metas e guardar gratidão pelos que marcaram a sua vida. “Para além de jogar xadrez, gosto de brincar com os meus amigos e colegas, jogar no computador e passear ao ar livre com os meus pais.” E completa: “O meu desporto preferido é o xadrez, porque dá que pensar!” A sua maior inspiração para a vida é a mãe, Marisa Silva, que o apoia e acompanha em todas as atividades. Mas tem outro alento pelo qual se orienta: “Também tenho como inspiração Jesus e o seu exemplo de vida”. E, apesar de muito jovem, já fez uma promessa a si mesmo: “Quero dedicar todas as minha vitórias ao meu avô Amadeu, pois foi um grande lutador!” Começou a jogar aos cinco anos com os pais, tendo conhecido a modalidade na Qualifica 2013, através do projeto XequeMate. A partir daí, participou nalguns encontros realizados no CACE Cultural do Porto. Por essa altura, o pai comprou-lhe um tabuleiro e em casa ensinou-o a jogar. Como a paixão não parava de crescer, a mãe procurou uma escola de xadrez em Gaia e encontrou-nos! Já como aluno da Academia, o seu primeiro professor foi o Álvaro Brandão. Depois continuou a ser treinado pelo Rúben Freitas e também pelo António Fróis. “O que mais me atraiu foi o desafio de pensar em cada jogada, porque gosto de raciocinar”, por isso
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
joga xadrez há três anos, desde que conheceu a modalidade, e dedica à mesma cinco horas de treino semanal. Já tem o seu jogador preferido, Garry Kasparov, o qual considera o melhor do mundo. E também já definiu as suas estratégias de jogo: “sacrifício de peças, ataque duplo cravagem”, pois “são fortes!” Indiscutivelmente, gosta de pensar de forma rápida, por isso o torneio que mais lhe agradou foi o Campeonato Nacional de Jovens, Rápidas 2015/16, com um ritmo de 3min+ 2 s. Contudo, a nós, Academia, enche-nos de orgulho a sua já considerável lista de êxitos: Campeão Sub-08 no Torneio “XXVIII Abierto Escolar Péon de Oro 2016” em Mondariz (Galiza); Campeão de Rápidas Sub-08 Distrital de Jovens do Porto; 3º Lugar de Semirrápidas Sub-08 Distrital de Jovens do Porto; Vice-Campeão Sub-08 no Campeonato Nacional de Jovens Semirrápidas 2015/2016; Vice-Campeão Sub-08 no Campeonato Distrital do Porto de Jovens 2015/2016; Vice-Campeão Sub-08 no Campeonato Nacional de Jovens Rápidas 2015/2016; 2º Lugar Sub-08 no 2º Torneio de Xadrez da União de Freguesias de S Mamede de Infesta e Sra. da Hora - Circuito Nacional de Semi-Rápidas; 3º Lugar no 2º Torneio de Jogos Desportivos da Maia 2016. Termina a nossa entrevista, prometendo-nos: “Quero jogar xadrez toda a minha vida!”
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O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
Afonso Oliveira, o rei em jogo Afonso Duarte Oliveira tem sete anos, estuda no Colégio de Gaia e está no 2º ano. Entre piscinas e tabuleiros de xadrez, este menino sabe ser uma criança feliz e amiga do próximo. Mas não tem dúvidas quando é solicitado a escolher, o xadrez é o seu desporto preferido, pois… “gosto do desafio de ter de pensar e porque estou com
os meus colegas.” Os seus valores são elevados, e acima de tudo há que reconhecer que um amigo é sempre um amigo, assim, afirma que a sua maior inspiração é “o Daniel Silva (sub8, AXGaia), porque é um amigo e joga muito bem xadrez!” Desde que veio experimentar as nossas aulas, nunca mais desistiu de jogar xadrez: “Fui experimentar uma aula na Academia e fiquei fascinado pela modalidade!” O Álvaro Brandão foi o seu primeiro treinador e já lá vão dois anos, sempre assíduos e pontuais, desde que nos começou a visitar, sendo que por semana dedica à modalidade seis horas de treino. O que mais o atrai no xadrez é a competição em si, pois, como diz: “atesta o meu valor.” Não se cansa
de nos fazer entender o reconhecimento que tem pelo seu amigo e quando lhe perguntamos quem é o seu jogador preferido, ele diz: “o Daniel Silva, porque é muito bom jogador e gosto de jogar com ele.” Em dois anos também já tem alguns triunfos, é o atual Campeão Distrital de Semirrápidas sub-8 e “fui 2º classificado sub-8 no 2º torneio de Jogos Desportivos da Maia e 3º classificado sub8 no 2º Torneio da Cidade de Braga (Dia da Liberdade) ”. Admite que o torneio em que mais gostou de participar foi o XXVIII Evento Escolar Peão de Ouro, em Mondariz: “porque pude jogar com jogadores espanhóis e aprendi aberturas novas”. E deixa-nos muitos felizes quando afirma: “Quero jogar para sempre!”
David Luz, o autodidata David Luz tem sete anos e estuda na Escola Básica de Santo António, em Rio Meão. Gosta de jogar futebol com os amigos, de correr atrás da bola e marcar golos. Mas também aprecia estar sentado e concentrado, umas vezes em frente ao piano, outras diante de um tabuleiro de xadrez. No xadrez apaixonou-o a estratégia. Se lhe perguntam quem é a sua maior inspiração, ele não tem dúvida em dar valor a quem sempre o acompanha nos vários desafios que enfrenta, sejam escolares sejam pessoais, a sua mãe Diana. Foi a curiosidade que há dois anos o levou a procurar as regras do jogo de xadrez na internet e aprendeu a jogar sozinho. Na Academia o seu primeiro professor foi o
Álvaro Brandão, mas também é treinado pelo Rúben Freitas e pelo António Fróis. Dedica a esta causa duas horas por semana, confessando que o que mais o fascina é a complexidade do jogo. As suas referências para a vida, vêm de duas carateres combativos, Magnus Carlsen e Napoleão Bonaparte, o primeiro pela “sua qualidade e empenho” e o segundo pela “sua personalidade”. Adepto do jogo livre, diz que: “não prefiro nenhuma técnica em especial, gosto de improvisar”. Lembra a boa prestação que fez no Campeonato de Ílhavo e no Torneio de Labruge, e o que destaca no primeiro faz-nos elogiar o seu espírito de grupo, quando diz que aquele foi o seu torneio favorito, justificando: “Gostei mais de jogar o Torneio
de Ílhavo. Fiquei contente em não deixar a minha equipa ficar mal classificada. Da nossa parte, obrigado, David, quando dizes que queres jogar xadrez: “Sempre!”
Afonso Oliveira
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David Luz
O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
João Azevedo
João Azevedo, acima de tudo o fair-play! João Paulo Lourenço Azevedo tem dez anos e estuda no Colégio do Sardão, em Vila Nova de Gaia. Gosta de ler (“certos livros”), jogar no tablet e na Nintendo e ver televisão, como qualquer menino da sua idade. Os seus desportos preferidos são o futebol e o xadrez. Do futebol gosta, porque quase sem José Ralha, o prazer de jogar xadrez José Domingos Salazar Ralha tem onze anos e estuda na EB 2, 3 de Valadares. No Desporto Escolar veste a camisola da Escola Profissional de Gaia e dá pontos a somar a esta escola. Jogar computador, jogar à bola, estudar e jogar xadrez são as suas ocupações preferidas, no entanto, o andebol é o seu desporto preferido, já que, segundo diz, este não implica “só mexer as pernas, mas sim todos os membros.”A sua inspiração para a vida é o bisavô, de quem é homónimo, pois “foi grande topógrafo e recebeu uma comenda presidencial de mérito pelo trabalho feito nas barragens e outras obras públicas da altura”.
exceção todas as crianças gostam, como diz: “é um desporto muito conhecido e jogamos na escola com os amigos”, mas quanto ao xadrez, o motivo foi o amor à primeira vista: “porque nunca tinha visto aquilo antes de há um ano atrás e gostei!” A sua maior motivação no xadrez é o irmão Pedro, que o ajuda a treinar e o encoraja antes dos torneios. E numa afirmação bem metódica informa-nos: “comecei a jogar xadrez quando o meu pai me disse que era altura de jogar xadrez.” Aí, o seu primeiro professor foi o Álvaro Brandão e à modalidade vai dedicando uma hora semanal de treino. O que mais o atraiu no xadrez foi “a forma como se jogava,
porque nunca tinha visto aquilo”. Não joga há muito tempo, mas já valoriza os melhores, “o meu jogador preferido é o Magnus Carlsen, porque vi uma partida dele uma vez e que gostei muito” e também já tem as suas estratégias para o jogo: “a minha técnica preferida é a defesa francesa (de pretas), porque me parece boa”. Admite que ainda não conseguiu nenhum título: “a minha melhor classificação foi ficar em sétimo lugar”, o que não o entristece, porque para tudo ele tem planos e metas, afirmando-nos que o torneio de que mais gostou foi “o primeiro porque nunca tinha tido uma experiência assim”, satisfez a sua curiosidade, e já decidiu (pelo menos por agora) que quer “continuar a jogar xadrez até aos 18 anos”.
Quando, aos cinco anos, o pai o questionou sobre o seu interesse pela aprendizagem da modalidade, não hesitou. O seu primeiro professor foi
o Álvaro Brandão, que o motivou para continuar até hoje. Quem o vê jogar não fica indiferente ao seu fascínio pelo jogo e ao quanto parece abstrair-se do mundo cá fora, e ele afirma que o que mais o atrai no xadrez é “o jogo em si, por ser um jogo de estratégia”. Tem o seu jogador preferido, “Bobby Fischer, porque conseguiu ganhar muito cedo grandes títulos na sua época”. E também a técnica de eleição, “a espanhola, porque conheço melhor a abertura”. Foi o nosso Vice-campeão do Campeonato Interescolar em 2014, ainda antes de ser jogador federado pela Academia, no entanto, gosta de todos os torneios em que já participou, porque, como diz: “ conheci pessoas diferentes”. Garante-nos que vai continuar a jogar xadrez “enquanto tiver capacidade para o fazer”.
José Ralha GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
Tiago Vaz
Tiago Vaz, concentração de músico Tiago Gonçalves Vaz tem quinze anos e anda no décimo ano, na Escola S/3 Arquiteto Oliveira Ferreira. Gosta de jogar videogames, tocar piano e praticar badminton, contudo, o seu desporto favorito é o voleibol, “porque é um bom jogo de equipa”. Aprendeu a jogar xadrez com os pais quando tinha sete anos e depois o Professor Franclim fez o resto, motivou-o, acompanhou-o e trouxe-o até à Academia, por quem se federou e onde continuou os seus treinos. O que mais o fascina no xadrez é “a possibilidade de jogadas fantásticas”. Joga há oito anos e dedica uma hora e meia de treino por semana à modalidade. Em termos de estratégia do jogo, atrai-o a “abertura espanhola de brancas, porque coloca o inimigo numa grande pressão (se não souber defender) e desenvolvo o meu jogo”. Relembra o tempo em que jogava no Desporto Escolar pela EB 2,3 Sophia de Mello Breyner e que ajudou a sua escola a ficar em segundo lugar na fase regional de 2013/14. Também 80
se sente honrado do seu 3º lugar no Campeonato Distrital de jovens no escalão sub-16. Contudo, é o Campeonato do Centro de Formação Desportiva de Xadrez da Academia de 2014/15 que lembra com mais satisfação, quando afirma: “consegui (finalmente) fazer 10 em 15 pontos”. Ainda não sabe até quando quer jogar xadrez, mas adianta “talvez aos 18”.
João Camelo
João Camelo, “bellum sine bello” Já diz o poeta “guerra sem combate”, é assim a luta no tabuleiro do João Pedro e as suas armas são a calma e a persistência. Com catorze anos, frequenta a Escola EB 2,3 Sophia de Mello Breyner e é mais uma das várias “sementes” que o professor Emídio Franclim deixou no xadrez escolar e federado. Gosta de jogos de computador, de praticar futebol, e claro de jogar xadrez. Sobre este último diz que “é um jogo calmo que não me preciso de me cansar muito, a nível físico”. A sua
inspiração no xadrez é “Magnus Carlsen, pois o seu objetivo desde pequeno era tornar-se mais tarde um Grande Mestre, e com muito trabalho e esforço este conseguiu”, além disso este jogador é “um jovem que é considerado o melhor do mundo e joga a mesma abertura que eu”. Refere que começou a jogar xadrez sozinho contra o computador e mais tarde na sua escola foi acompanhado pelo professor Franclim. O que mais o fascina neste jogo é “apenas a diversão de estar a jogar, e também a competição que existe nos torneios em que participo”. Dedica à modalidade entre duas a quatro horas por semana e as suas aberturas de jogo preferidas são a “Siciliana de Pretas, e a Espanhola de Brancas, pois foram as primeiras que aprendi e as que mais gostei de jogar”. No seu palmarés pessoal soma já o seguinte: 2º Lugar Sub-16 – Torneio de Fim de Ano Pizzart/Peon de Oro/ Torneio Colégio Português; Vice-campeão Regional por Equipas Desporto Escolar2014/2015 e 2015/2016; Melhor Classificação- Torneio Dia da Liberdade 2016: 1º lugar nos Campeonatos Regionais Sub-16 e 1º Lugar Ranking 1300-1399. Mas é do Péon de Oro 2016 que guarda melhor recordação, pois “foi um torneio em Espanha, pude lá passar o fim-de-semana, fiquei em 2º Lugar no escalão sub-16 e sobretudo divertime com as pessoas que me acompanharam”. Prometeu-nos: “enquanto me for permitido, continuarei a jogar!”
O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
João Oliveira
João Oliveira, e as jogadas duplas de cavalo O João Oliveira tem quinze anos e estuda na EB 2,3 Sophia de Mello Breyner. Aprendeu a jogar com os pais, há quatro, e é mais um dos alunos que entrou no xadrez escolar e federado pelas mãos do Professor Franclim. Joga no quadro competitivo do Desporto Escolar, onde se destaca entre os melhores.
Luís Marques, o entusiasmo pelo jogo Luís Filipe Ribeiro Marques tem doze anos, frequenta a Escola EB 2/3 de Valadares e é nosso jogador. Os seus hobbies, além do xadrez, são os jogos de computador. Mas acima de tudo, o seu desporto de eleição é o xadrez. Guarda com carinho e saudade na sua memória os tempos em que o avô Sabino o ensinou, há cerca de sete anos, a jogar xadrez, por isso ele é a sua maior inspiração para a vida! O professor de xadrez Edgar Taveira também deixou as suas marcas neste jovem jogador, pois foi o seu primeiro treinador e desde cedo viu nele talento para
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
Além do xadrez, também gosta de passar o seu tempo livre no computador ou a passear. Sempre profundo nas respostas às perguntas que lhe fizemos, diz que gosta de xadrez e de remo, pois ambos “são desportos em que é preciso coragem”; e se lhe perguntam qual é a sua maior aspiração na vida diz que “é ser feliz”. Define o xadrez como “um pequeno campo de batalha e aumenta a nossa resistência à ansiedade” e quando lhe perguntamos quanto tempo semanal dedica ao treino da modalidade, dá-nos mais uma das suas respostas penetrantes: “eu não treino xadrez, penso nele”. Não tem ídolos ilustres neste desporto e garante que os seus preferidos são “alguns jogadores que já encontrei”.
Os seus treinadores conhecem as suas técnicas de jogo preferidas, mas ele apenas nos responde, no jeito conciso e ambíguo que o carateriza: “gosto de cavalos…” Considera que a sua melhor classificação foi um segundo lugar na fase regional do Desporto Escolar, contudo, se lhe perguntam de que torneio gostou mais, ele responde: “todos”. Termina a entrevista dizendo-nos que vai continuar a jogar xadrez “até aos noventa e nove anos!”
esta arte: “O meu professor de Xadrez dizia que eu tinha muito jeito”. Dedica ao treino à volta de 12 horas por semana e considera o Rúben Freitas o seu jogador preferido, pois é o seu atual professor. Quanto às técnicas preferidas,
elege a ‘Petroff ’ e a Espanhola, porque “dão bons resultados”. As suas melhores classificações foram os dois anos seguidos em que ficou em primeiro lugar no Campeonato interescolar do Centro de Formação Desportiva da Academia e o primeiro lugar de Infantis no quadro competitivo local do Desporto Escolar do Porto. Além destes, também já conseguiu bons resultados em torneios federados. Quando lhe perguntamos até que idade pensa continuar a jogar, ele responde-nos: “Até morrer”.
Luís Marques 81
O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
Pedro Marinho, sempre fiel à Academia O António Pedro Marinho tem vinte anos e estuda Engenharia de Sistemas no Instituto Superior de Engenharia do Porto. Começou a jogar quando frequentava o jardim de infância Joanico, pelos seis anos de idade, onde um aluno da Escola Profissional de Gaia, monitor de xadrez da Academia, se deslocava semanalmente àquele infantário para que os meninos tivessem um primeiro contacto com o xadrez. “Quando vim para a Academia de Xadrez de Gaia os primeiros professores com quem comecei a ter aulas foram o Rui Almeida e o José Padeiro”. Está no xadrez há bastante tempo, pelo encanto que sente pela modalidade: “O que mais me atraiu nesta modalidade foi o fascinante mundo de 64 casas que existe no tabuleiro. Quando uma pessoa pensa em xadrez não tem noção da complexidade deste jogo, porque não conhece a variedade de diferentes teorias que existem. Essa grande diversidade de movimentos e de formas de jogar foi o que mais me entusiasmou
para continuar ligado à modalidade”. Sobre a estratégia que mais aprecia, ele diz-nos: “Gosto de atacar, de um jogo ofensivo e que envolva bastante cálculo, porque com este tipo de jogo é onde sinto mais gozo ao jogar xadrez. Se o jogo não me proporcionar oportunidades de atacar com regularidade, não sentirei tanta adrenalina ao jogar”. De um modo geral, gosta de avaliar desporto, sobretudo futebol e andebol, onde para além da dinâmica do jogo em si aprecia também a emoção que os jogos conseguem transmitir aos seus adeptos. Fora do tabuleiro ou do campo, “a minha inspiração são os meus pais, com quem aprendi muito sobre a vida e os seus valores, e que me transmitiram alguns dos conhecimentos que sei hoje”.Falando-se dos títulos mais significativos para si, refere-nos: “O resultado que mais gozo me deu conseguir foi contribuir para o segundo lugar no Campeonato Nacional de jovens de sub-20 de partidas rápidas por equipas em 2013/2014, a representar a equipa Profigaia/Escola Profissional.
Pedro Marinho
Foi marcante por duas razões fundamentais. Uma delas foi pelo facto de a prova se ter realizado em Gaia, logo jogávamos ‘em casa’. O outro motivo que fez com que este resultado ficasse como o meu preferido foi pelo facto de ter sido conseguido no último ano de idade jovem de alguns elementos da equipa, o que marcou o final de um longo ciclo a jogarmos na mesma equipa nos nacionais de jovens”. Sobre todas as muitas provas que já disputou, afirma-nos: “Os torneios que mais gostei de jogar foram os vários nacionais de jovens em que participei, em especial os realizados em Torres Vedras, porque eram disputados num local de uma beleza extraordinária e também porque proporcionavam um convívio muito agradável com os colegas e amigos do clube”. Garante que não pensa muito sobre a continuidade de jogar xadrez e este “vai continuar a fazer parte da minha vida por vários anos”. 82
O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
Bruno Lopes
Bruno Lopes, árbitro e jogador O nosso jogador Bruno Lopes frequenta o segundo ano da licenciatura em Recursos Humanos na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão do Porto. Adepto de vários desportos, dos quais é praticante, tem, claro, o xadrez como um dos
favoritos. Sobre as pessoas que mais o influenciaram na vida, ele responde: “No xadrez é sem dúvida o Magnus Carlsen e dos antigos Tigran Petrosian, e a nível nacional será Rui Almeida. A nível pessoal é sem duvida o meu avô”. Graças a uma Diretora de Turma que teve no 5º ano, ganhou o ‘vício’ do xadrez, pois segundo essa professora: “era um rapaz muito inteligente mas bastante irrequieto e precisava de algo para canalizar a minha inteligência e acalmar-me e foi assim que me levou para o clube de xadrez da escola e a partir dai que comecei a jogar” Assim, teve como primeiro treinador o professor Franclim, e foi ficando fascinado com o jogo,
devido ao facto de poder aplicar a estratégia para ficar melhor e ganhar, tal como utilizar todo o meu pensamento”. Considera a sua melhor classificação o 3º lugar no Campeonato Nacional de Semi-Rápidas, tendo, no entanto já ganho outras provas. Elege, como torneio favorito, seu primeiro Gaia Open, mas também “mais recentemente o torneiro Ramon Escudeiro, em Pontevedra, pela qualidade existente no torneiro e por ser uma megamaratona de xadrez”. Refere que é impossível dizer até que idade pensa continuar a jogar xadrez, mas assegura que gostaria que fosse para sempre.
Rúben Freitas
Rúben Freitas, “Eu vou trazer um Péon d’Oro!” Entrou para o 10º ano da Escola Profissional de Gaia e aprendeu a jogar já tinha uns 17 anos. Juntamente com o Tiago Neves e o Tiago Silva, do mesmo curso e turma, a paixão pelo xadrez prendia-os ao tabuleiro em todos os intervalos das aulas. Eram amigos, mas dentro das sessenta e quatro casas cada um tentava ser o melhor e nenhum faltava aos torneios do Desporto Escolar, onde eram rivais declarados. Acabou o curso, mas nunca a ligação à Escola Profissional, porque foi aqui que conquistou as suas melhores paixões: o xadrez e a namorada. Tem queda para gostar dos melhores do mundo, assim GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
elege como desportista favoritos: “no xadrez é o Magnus Carlsen e no futebol é o meu maior ídolo Cristiano Ronaldo”, “Magnus por causa do estilo de jogo dele e de ser grande jogador” e “Cristiano Ronaldo porque para mim é um grande ídolo, dos melhores jogadores de sempre no futebol”, mas também está muito grato aos pais, os quais considera a sua inspiração para a vida. Treina cerca de dez horas por semana, praticamente desde que aprendeu, e digamos que também teve sorte com os treinadores que o iniciaram no xadrez, que (modéstia à parte e não desfazendo os demais) nós consideramos os melhores do país: Rui Almeida, Bruno Figueiredo 83
O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
e António Fróis. As suas técnicas preferidas são os duplos e os descobertos, “porque se ganha ou se fica em vantagem”. Foi inesquecível para todos os alunos da Escola Profissional que integravam a comitiva que se deslocou a Mondariz, o dia em que o Rúben conquistou o seu Péon d’Oro, ele garantira-nos, naquela altura: “ Eu vou trazer um Péon d’Oro” e trouxe, foi a primeira vez que estes alunos conseguiram tal feito. O entusiasmo cresceu ainda mais e outros êxitos se foram somando:
2º lugar no Torneio de Rápidas de Outono, duas vezes 2º lugar por Equipas Distrital de Rápidas, 2º lugar Fase de Apuramento Distrital de Jovens, entre outros. Mas o seu torneio favorito foi o de este ano de Mirandela, porque “foi o melhor torneio que fiz desde sempre; em sete jogos, cinco vitórias e dois empates, fiquei em 5º lugar, e dediquei a vitória ao meu avô, que faz quase um ano que faleceu”. Vai jogar “até morrer!”
José Margarido
José Margarido, o dom da estratégia José Margarido tem vinte e dois anos e frequenta o 4º ano do Mestrado integrado em Engenharia Mecânica na Universidade de Aveiro. Gosta de ler, viajar e jogar futebol. Os seus desportos preferidos são o desportorei e, não podia deixar de ser, o xadrez (não sabemos que sistema político defende, mas já percebemos que no que toca a desporto, serve a coroa…). Quanto a inspirações: “inspiram-me os melhores e quem chega mais longe - no xadrez o melhor é o Magnus Carlsen” e admira este campeão pela “aparente simplicidade das suas vitórias que são sempre um modelo a seguir, pelo génio natural que possuí que me deslumbra e inspira e pelo seu espírito competitivo que torna tudo mais entusiasmante”. O José foi uma das ‘sementinhas’ do Centro de Formação Desportiva de Xadrez da Academia, por isso é, para nós, um privilégio ter assistido a todo o seu crescimento ao longo de cerca de doze anos: “aprendi, vendo os meus amigos mais velhos no infantário a jogar, dessa maneira aprendi as regras”; quando começou a deslocar-se à Academia o seu primeiro treino foi com o Rui Almeida e, graças a esta preciosa introdução, ainda continua a 84
ser jogador, e refere que o que mais o atraiu na modalidade foi: “o processo criativo, o raciocínio lógico e a competição; aquilo que mais gostei quando comecei a jogar foi a autonomia que o xadrez me ofereceu, na medida em que podemos escolher o que fazer e quando fazê-lo sendo responsabilizados por isso”. Dedica a treinos, diariamente, uma ou duas horas: “a jogar na internet, a acompanhar os jogos da elite mundial e a ler artigos ou a ver DVDs” e o que mais o atrai no jogo é “a estratégica do jogo porque é aquela que nos permite construir, deixar a nossa marca pessoal e procurar a essência do jogo”. Os seus melhores êxitos foram ter sido: “Vencedor da Taça AXP por equipas em 2009, campeão distrital do Porto de Semirrápidas em 2010, campeão distrital de jovens Sub-18 em 2011 e Campeão Nacional de Jovens Sub-20 em 2014”. Elege como preferidos “o Campeonato de Jovens que venci foi obviamente especial, mas gosto muito de jogar por equipas e nessa medida destacaria a Taça AXP de 2009 que vencemos com uma equipa praticamente de jovens e sendo “underdogs” em muitos dos encontros”. Confianos que: “o xadrez fará sempre parte da minha vida e planeio jogá-lo para sempre”.
O QUE DIZEM OS NOSSOS JOGADORES...
Wilson Soares
Wilson Soares, quando o ataque é a melhor defesa Wilson tem vinte e três anos e gosta de desporto e computadores. A sua maior inspiração no xadrez é o “Mestre Fróis, pois consegui melhorar e aprendo bastante com ele”. Começou a jogar na escola básica com o professor Franclim e o que mais o atraiu no jogo foi “o modo de puxar pelo cérebro inteligentemente”. Gosta também de puxar pelo corpo e pratica musculação, sendo que ao xadrez dedica cerca de oito a dez horas de treino semanal. Define-se como “um jogador ofensivo, adoro atacar, não só no xadrez, mas em tudo, o que diz muito do meu estilo de jogo”. Foi um jogador que foi impulsionado pelos Jogos Juvenis de Gaia, tendo vencido o campeonato de xadrez deste evento dois anos consecutivos. O torneio que mais gostou de disputar foi o Campeonato Nacional de Jovens, pois: “foi o meu primeiro e o meu último”. Afirmanos que quer continuar a jogar xadrez para sempre!
David Lago
David Lago, um parceiro do país vizinho David tem múltiplos interesses. Gosta de música, de animais, de vários desportos, de cinema e de leitura. No que toca a desportos, os seus preferidos são o xadrez e o basquetebol. “Gosto de xadrez, porque é mais que um jogo ou desporto, é uma ciência e uma arte, sobre as quais se está sempre aprendendo algo novo. Do basquetebol pelo desenvolvimento do jogo e das suas táticas.” A sua maior inspiração para a vida é a ‘superação’, pois “todos os dias nos temos de superar a nós mesmos e crescer como pessoas”. Começou a jogar com doze anos, em atividades extra-curriculares e teve a honra de ter como seu primeiro treinador o Daniel Rivera Kuzawka. Aquilo que mais o atrai nesta modalidade é a sua beleza, porque “é incrível a quantidade de coisas belas que descobres que se podem fazer num tabuleiro!” Rendido a essa beleza do jogo, GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
já pratica xadrez há dezassete anos e tem como figuras máximas de veneração no xadrez Alekine e Kasparov, pela forma como estes jogadores ganharam a adversários “sem os deixar respirar”. As técnicas de jogo que prefere são a tática e os finais, a primeira pela beleza das combinações e os segundos pela sua complexidade. Em termos de títulos, é “Campeão Juvenil de Espanha, Instrutor FIDE, Campeão do Open Internacional de Sabadell Sub2000 2013, Campeão do Open Internacional Collado Villaba Sub2000 2011, Campeão Open Internacional Mondariz Sub2000 2009 e 7º Mundial Juvenil para cegos e deficientes visuais. O torneio em que mais gostou de participar foi Open Internacional de Benasque, pelo nível do torneio e pelo ambiente que se vive nele e o cenário de montanha onde decorre a competição. Vai jogar xadrez “até morrer!”
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XVI PROFIGAIA OPEN
XVI ProfIgaIa oPen - MeMorIal
ruI
CaMejo alMeIda
ALVES Fernando
AMORIM Vicente
ANDRADE Ricardo
ANTÃO José Pedro
ARAÚJO José Veríssimo
AREAL Beatriz
AZEVEDO Diogo
BARROSO Simão
BASÍLIO José
BASÍLIO João
BORGES Pedro
BRANCO João
BRANDÃO Álvaro
CAMACHO Diogo
CAMELO João
CARVALHO Afonso
VIEIRA Pedro
CARVALHO Luís
CARVALHO Vítor
CASTRO João Pedro
CERQUEIRA João
CERQUEIRA Nuno
CLEMENTE António
CONFLITTI Alessandro
CORREIA Bruno
COUTO Clara
COUTO Gaspar
DEMYANCHUK Sergey
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XVI PROFIGAIA OPEN
DIAS Ivo
DIOGO Hugo
DUARTE Diogo
DUARTE Duarte
DUARTE Filipe Lapa
DUARTE Francisco
FARIA Rafael
FERNANDES Cláudio
FERNANDES David
FERNANDES Ricardo Paulos
FERNANDES Tiago Saraiva
FERREIRA Susana
FIGUEIREDO Bruno
FIGUEIREDO Jorge
FONSECA Ana
FONSECA Augusto
FONSECA Pedro
FREITAS Rúben
FROÍS António
FURTADO Dinis
GASPAR Eduardo
GASPAR Francisco
LEITE Emídio
LOMBA Baltazar
LOPES Bruno
MARGARIDO José
MARINHO Pedro
MARQUES Diogo
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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XVI PROFIGAIA OPEN
MARQUES Inês
MARQUES Luís
MARQUES Mário
MATEUS Luana
MATOS João
MENDES António Amaral
MENDES Pedro
MESQUITA Gonçalo
MONTEIRO Paulo
MOREIRA Rafael Mota
NOGUEIRA Carolina
NOGUEIRA Diana
OLIVEIRA Afonso
OLIVEIRA Alice
OLIVEIRA Elisa
OLIVEIRA Pedro Juno
PADEIRO José
PAIVA Rodrigo
PEDROSO Manuel
PEDROSO Paulo
PEDROSO Pedro
PEREIRA Afonso
PEREIRA André
PEREIRA Viviana
PINTO Diogo Costa
PINTOR Simão
PIPIRAS Filipa
PIRES Diana
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XVI PROFIGAIA OPEN
PIRES Raquel
RALHA José
RIBEIRO André Amorim
RIBEIRO Daniel Amorim
RIBEIRO Rafael
ROCHA Sérgio
ROMANO João
SÁ Cláudio
SÁ Luís
SANTOS Ana Paula
SANTOS António Almeida
SANTOS José Miguel
SANTOS Ricardo
SANTOS Rita
SARAIVA Rafael
SILVA António José
SILVA Daniel
SILVA Gonçalo
SILVA Inês
SILVA João Miguel
SILVA Leonildo
SILVA Luís
SILVA Mariana
SILVA Miguel
SILVA Pedro Gil
SISMEIRO Miguel
SISMEIRO Sofia
SOARES João Diogo
GAYACHESS, a terra do xadrez, 2016
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XVI PROFIGAIA OPEN
SOARES Paulo Samuel
SOARES Sara
SOARES Wilson
SOUSA David
SOUSA Gil
SOUSA Hugo Carneiro
SOUSA Margarita
TEIXEIRA António
VALENTE Sofia
VASCONCELOS Nuno
VEIGA Francisco
XVI PROFIGAIA OPEN
M emorial R ui C amejo A lmeida
António Fróis, Fernando Alves e Mário Lousa
Miguel Vieira, Alvaro Brandão e António Fróis
Entrega de prémios Profigaia Open 2015 90
XVI Profigaia Open - Memorial
rui
Camejo Almeida
Classificação Final
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G A X
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