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Fundaçãocensitáriaecomcotas
Tive um professor na escola que repetia incessantemente “Sou feminista! Quando era jovem, fundei um coletivo só de homens para discutir o feminismo”. Espero que hoje esteja claro para você, leitor, que isso não é algo factível O feminismo é uma luta feminina Carece de suporte, inegavelmente, mas precisa ser travada por mulheres Nesse contexto, nenhum homem compreenderia a complexidade de ser sistemicamente projetada à reprodução e ao prazer masculino, por exemplo Tenho para mim que a FGV éumantrode“feministos”
Discutir pautas sociais na faculdade é, no mínimo, constrangedor Trata-se de uma assembleia censitária com cotas. Não existe lugar de fala. Em faculdades particulares, qualquer curso que paute questões sociais tem um quê de militância de Twitter. No fim, são jovens descobrindo seus posicionamentos, entendendo que o Brasil é feio e que o futuro é a esperança Mas na FGV, além de tudo isso, o projeto de juventude revolucionária que gasta sete reais em um café todos os dias não tem contato com a realidade Incluo-me nisso É inerente ao ser humano manter-se em sua zona de conforto. E a FGV é extremamente confortável Para quem paga mensalidade Como disse: uma assembleia censitáriacomcotas.
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Tive uma aula na faculdade sobre o direito das empregadas domésticas. Reservava-me o direito de pensar que o professor contrata, no mínimo, uma diarista Que ela não tem carteira assinada Que na minha casa tem uma faxineira. Que não recebe o valor do passe do transporte Penso que a sala vive de forma semelhante, menos os cotistas Penso que deve soar quase como um ataque me ouvir dizer que empregadas domésticas “precisam de mais direitos trabalhistas” Porque eu e meus vizinhos do Brooklin, de Moema e da Vila Mariana nunca tivemos essa preocupação E porque é óbvio Essa discussão só existe por conta da parte censitária da assembleia Assim como o machismo existe por contadoshomens
A instituição à qual me refiro especificamente tem como característica ministrar apenas cursos de humanaspalatáveisaomundoempresarial Alguns mais mecanizados que outros, mas, em suma, todos exigem a compreensão das políticas, das organizaçõesedagestãodepessoas,porexemplo
Dito isso, preciso tecer uma crítica aos estudantes de Administração Pública Como estudante desta graduação, aponto que os alunos realmente acreditam ser muito destoantes dos demais pelo fato de terem "consciência social” quem dera fosse de classe. Precisamos sair do lugar de militantes de sofá Infelizmente, vivemos uma realidade em que o curso que trata de políticas públicas não é frequentado pelo público que será afetado por elas Veja como estamos em boas mãos: os futuros políticos, gestores ou administradores públicos do Brasil, estudantes da Fundação Getulio Vargas, em sua maioria, nunca andaram de ônibus Tomemos o papel de nos organizarmos de maneira de fato consciente, não achar que basta levantar a mão na aula e dizer “empregadas domésticas precisamdemaisdireitostrabalhistas”
Para tanto, leitor e estudante da FGV, observe o seu entorno Não seja óbvio, questione Porque o óbvio não é factível. E lembre-se: o mundo não é cor-derosa Ele é de papel e tem uma onça desenhada nele