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“Dezoitoanosdepois…”

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QuemfazaGV?

QuemfazaGV?

Por Executivo do Centro Acadêmico Direito GV 2023: Fabrício Leon (Presidente)

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Augusto Ximenez (Vice-Presidente)

Andressa Sayuri (Secretária-Geral)

Nossa Escola de Direito da FGV de São Paulo, chamada carinhosamente por nós de EDESP, está de aniversário: no começo de 2023, ela completa 18 anos de idade, contados a partir da formação da sua primeira turma. Se fosse uma pessoa, as chances são de que estaria procurando uma faculdade agora e, talvez, escolheria o Direito pela sede de mudar o mundo ao seu alcance a partir da aplicação da lei e da justiça, característica muito presente nos ingressantes do curso Mas o que diríamos para ela, enquanto Escola e enquanto parte da Fundação Getulio Vargas? Provavelmente a incentivaríamos a estudar aqui por conta dos diversos atrativos: relevância no mercado de trabalho, oportunidades de intercâmbio, aulas abertas, depoimentos de ex-alunos e bolsas para os primeiros colocados no vestibular, para nomear alguns.

A parceria entre o Centro Acadêmico de Direito e a Gazeta Vargas surge nesse contexto de oportunidades presentes por toda a Fundação, mas sua motivação é nutrida pelo que não é discutido sobre esse espaço: o privilégio de se manter passivo A maioridade edespiana nos faz refletir sobre qual caminho queremos seguir enquanto componentes da elite intelectual do país. Agentes que, para além de pensarem criticamente, de fato exprimem em suas ações o ímpeto de mudança e de justiça, sem medo de tomar a responsabilidade de serem vanguardistas ou frontrunners, como também se diz muito por aqui.

Quando acreditamos que o que temos é suficiente, há poucos impulsos para irmos além da realidade que é, para nós, tão confortável E, assim, há anos a Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas vem reproduzindo sua fórmula de sucesso: formar indivíduos que saem da universidade e vão direto para espaços de poder e de tomada de decisão centrais, na maioria dos casos, em empresas e escritórios Cercados por profissionais de destaque desde o primeiro momento, os alunos são provocados a serem os principais agentes (ou players) dos mercados em que atuarão Com isso, há de se questionar se simplesmente ter o “FGV Direito” no currículo é suficiente para alcançar os sonhos de mudança no mundo que temos quando ingressamos na faculdade Não deveria a graduação em Direito dar todos os mecanismos necessários para possibilitar aos futuros juristas, além de um bom emprego, também a capacidade de olhar o mundo com senso crítico e ambição de mudança da realidade social?

É ilusório acreditar que uma boa graduação é tudo aquilo necessário para a atuação no mercado de trabalho, ou, ainda, que nossas escolhas profissionais sejam o único componente relevante para toda a nossa vida. É, entretanto, preocupante o quanto os ímpetos individuais constrangem o senso de comunidade edespiano As pautas do mercado europeu nos inquietam mais do que os problemas sociais da Bela Vista e seus arredores para nós, fechar-se em ciclos homogêneos é mais atrativo do que discussões práticas sobre a solução de problemas sociais que afetam diretamente nossos colegas Pouco nos motiva a sair da zona de conforto para fazer algo prático sobre a discriminação, a intolerância e as incertezas que, apesar de ausentes na ordinariedade edespiana, assombram o cotidiano da maior parte do país.

Sejamos realistas com nossa querida EDESP, estamos no caminho da mudança efetiva? Nos parece que, ao longo de seus 18 anos, essa potente jovem Escola tem oferecido diversas ferramentas de mudança aos seus alunos, como o incentivo ao protagonismo e o ímpeto de solucionar problemas complexos. Ao mesmo tempo, não se pode negar que há uma série de obstáculos que ainda não foram superados, como a carência de políticas afirmativas que democratizem o processo de ingresso na Escola ao público que de fato representa a sociedade brasileira. Até hoje não há reserva de vagas para alunos bolsistas, o que faz com que a EDESP receba muito menos alunos nessa condição do que poderia estar recebendo Ainda assim, essa questão já foi (e continua a ser) enfrentada por ex-alunos da própria Escola mediante a fundação do Endowment, rede de apoio voltada à concessão de auxílios-manutenção aos bolsistas da Fundação que, em 2022, criou políticas destinadas exclusivamente a alunos pretos, pardos e indígenas, buscando trazer mais diversidade para a EDESP nãosetocamossagradosídolos poisenferrujamrepentinos deusteráqueesperar

É por esse motivo que o Centro Acadêmico está ocupando esse espaço Com ânimo para continuar gerando bons frutos junto à Gazeta, espaço tradicional de importantes mobilizações e de promoção de vozes críticas, nossos votos para o aniversário simbólico da Escola se endereçam diretamente a seus alunos, para que sejam provocados a utilizar seus espaços de privilégio para disseminar cada vez mais a necessidade de manter-nos como membros ativos da sociedade da qual fazemos parte.

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