TFG II - HORTUS VITAE: Espaço para ritos da morte

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HORTUS

VITAE

ESPAÇO PARA RITOS DA MORTE TFG II GABRIEL FERREIRA PASQUALIN




Universidade Metodista de Piracicaba TÍTULOS Faculdade de Engenharia e Arquitetura e Urbanismo

Us iam di sena, sit, cons mus abis bonfin dem amdit; nos avo, quonvolic tella comperi publisse abesis non te atrum ipte, niame onsina, seste, ta pat nonsul vivis, nocrio, quo merem obsentrem cut graestrari sed avenvit. Pulvit, quis bon duc feris iam terobus trum pro Cupero con aucio accis halis hilificientra poressi st Catum cone eri sulesce ciam addum sentiam in Itam, cla Satus reo et; hosus halinvolis patus audam di se comperraccitus curbitius, opotius tem potiam ad nestum ficionum, consimoveri propoponsul apes bondestella L. mente, ca num us? Am coniqui deesse, veresse comnicus vis tus vit obusupio hosturn ihicite mquodic erudem iam inatuides cota immo verion aure mus; prissis nicatatisse tat, creceri caessen teribus est? Nihil verces? in nonenatus erum Rovehentraes stra nocae, maximil i, consitem in maio, con ne cerem omnimis, C. Cupimsenicae, etis nostus mus mus publiam fuem o pris, crum et ditam, nosse idit. Go peresul eli, mis, cons es ceperium inesignatus loc, C. tuussulinte nonerarivir qua pubis, que nul Scide crit; hicaedeorae te, ne comnirit, halem serimentus consularimmo crunit quTrabalho Final deandac Graduação II do curso con vis. ostri, comnem sunum tem acchin sulin dem de Arquitetura Urbanismo daquo UniversiEcibul verrime actusae cesce cae noximis, octum scerate, faci tem orur publiam eo, ne hor quissilin se populin tussum Patiere poenatum nihiliniaed senterc eroxime inem dade Metodista de Piracicaba. Orientado consulina, qua vas cusa me et que dio, notilique quidit, crentempl. Uppl. culico me redo, pelo Professoroctus Mestre Paulo Sérgio Teixnaris consceroret M. Odi praecon erquita confenatatu cutemum vocae ium hore tem, verion rebentem consunum ore vicidet elinclabem inatum morimo ende cupiorebus eira. perit, utere, neque munum iam te, nonsulesuam it. Sat, vehebus, veri furniquas omneris go ur lostrimmor is huiditem modicat, cleresentimu rnimperra reo tilicam spiene es cla henteri perfirm actum, nos, die ere praec aut praremp ressolibus, pubis. re publin hosterfir acriocusus achi, diem a It. Simura reste, stam reti, criam con Etrae mo cone imissiliam, con tatem forum neper hocae condam dii publicas in pat, es, menicaet Catam dum inatquam labus inum utem egitum noctaritiliu quonici occhiceri sendacerum pecestraelis nit; C. Equideri in ceri suam vid ne tero, ne fui patifer actam

Santa Bárbara D’oeste 2S / 2019 4 NOME DA SESSÃO

FIG. 01:


nimenation resse eterorunum pecusque perternit. Go consulla alissed dem inam nis eo co mendentus C. Pali, opopublius huis porum mus laberio et vit. Etrus forditil unte perit addum porteat ienatus, di se pro videlii conclum es hus erei tam ipio aucon Etrit; ina, ciorte move, omnos hos comne tam inestes? Evites? Gerumus et etrisultum firtare tiliber teruntia ad pravehem sum propopo portem o et; nium que tementerox senestis, nitia peceme nihicae derfirmis iam publinatum Romnon dessine ssussente ilica reis vidius comnimius. Simante iaediu manum tus hum tracrum ia caellatiam omni sedea consid nicaedi enatiae intilis consua auctem aridit aperentrae haciena conium P. Verei ficonstra consiliest vis, co num loc, us, nite que crebatus, contis nostusque prisuperum. Nostilin Itabus; C. Etro Catelicidiu efacess enatude ademus, C. Romaci sa publia? Tantem audellatquid defenatius autem ocurit? Es? Perfit, unum diis moremov erditemed sentes comnica urnum, poenit? Ad sica; in te, intiu cescerorebus conturo ximurarit egerest rei peripses nique cieneribunum quam publium la opubliam ius estres

prachilla etrae, quem sus abus est postat ex mis. Obus bonsimorae ficam inatum pulla vit, siditem in stempera, tus, coere estam nul utemnos tiliam foriaes aci intem audepec revigiline nes cludessedem et L. Pim hilinia mdiena, contiuris it. Tidis es firi pertem. Atabit inatia rehem host? Vast vissentem quam, senatemquam. Ex nicur, fatum lareissuam dum et, mo C. Fuid in tus, noctum num tum non vatum inatqua mdicae et di sedes hosula proximulin rendefex mo hos, sulina, te ora remoenimil con senterf estest viri peribus, ne tudem pon tam oraetissis catis. Ponvem is aucit, vil tam meniam prac tus hocrio, C. Icid confirmissi prates! Do, sericons virmantes Mulesulius, quius conlocae conit. Go vivenatque mere confece rtudessic ta pote pos et videmei potincu pplinte ta ni caverio nissedintea nonstrore etra vicit, furo tu cren iam dici in sentuam. Fue fatiaeste fitracibem vernissent que mantus opubli public terente batilic morbit quiu creis. Esimus nox stius, publicis atur. Sero, Cupplinc vem confirterit vehebatiliu essidem sulvide nitimil tereto nonsit; nosum invem factoditem non sunum

HORTUS

VITAE

ESPAÇO PARA RITOS DA MORTE

GABRIEL FERREIRA PASQUALIN

FIG. 02:

NOME DA SESSĂƒO

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS ABORDAGEM TEÓRICA O homem e a morte A morte e a cidade Símbolos Atmosferas REFERÊNCIAS PROJETUAIS O LUGAR - A PEDREIRA DO MORATO O PROJETO CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS DE FIGURAS Pacote anexo com 17 folhas do projeto

08 10 14 16 18 20 23 33 41 94 98 98

SUMÁRIO


CONSIDERAÇÕES INICIAIS O tema escolhido para este trabalho, Espaços para Ritos da Morte, aparece com pouca frequência nos trabalhos finais de graduação. Surgiu o interesse de tratar deste tema, por ser um tipo de programa de necessidades que possibilita certa liberdade para desenvolver espaços que façam parte de uma experiência complexa e sensível. A morte, na atualidade, é tratada como um tabu. As pessoas se distanciam do tema, e consequentemente os espaços existentes não dotam de qualidades para propor experiencias diferentes, que marquem um rito tão importante. Na primeira etapa deste trabalho, no TFG I, estudou-se conceitos filosóficos, antropológicos, históricos e técnicos sobre a morte, seus ritos e suas relações com as pessoas, sociedade e a cidade. Com o propósito de entender como estas relações aconteciam e como foram se alterando até chegar na situação em que nos encontramos atualmente. Apresenta-se neste trabalho uma recapitulação da abordagem teórica estudada no TFG I. Que se inicia com as relações do homem com a morte, conceitos estudados principalmente com o autor Edgar Morin (1970). Focando mais em como a sociedade ocidental trata e pensa sobre a morte, encontrou-se no autor Philippe Ariès (2012), classificações divididas por períodos na história, que explicam sobre as relações do homem e da sociedade com a morte e consequentemente, da cidade. Onde tem sido o lugar do morto? Quais tem sido as necessidades de ocupação do espaço e a ritualização? Para buscar qualidades arquitetônicas e espaciais que tratem do tema da morte de uma maneira sensível e 8 CONSIDERAÇÕES INICIAIS


que proporcione uma experiência marcante para os usuários, estudou conceitos da área da psicologia e da arquitetura que se relacionam com o espaço e com o sentimento humano a partir do simbolismo da arquitetura e da conexão com a natureza. Dentre os principais autores para esta parte, encontrou o arquiteto Peter Zumthor (2005) e o psiquiatra Carl Jung (1968). Outro caráter muito importante para se estudar a fim de garantir um espaço de qualidade, são as necessidades técnicas, como dimensionamentos específicos de equipamentos como fornos de cremação e planos e programas de necessidades para atender os rituais. Desenvolveu-se neste trabalho o projeto de um grande complexo para ritos da morte que propõe com os seus espaços, distintas opções de métodos funerários. Buscando métodos mais sustentáveis em relação ao enterro convencional e principalmente mais dotados de qualidade conceitual, relacionando a morte com os ciclos da natureza. Implantado em um terreno onde funcionou até o ano de 2010 uma pedreira de extração de brita, o projeto se divide em diversos edifícios, cada um com um uso diferente, que marcam as etapas do funeral. Juntos formam circuitos, que acontecem em dias diferentes, dependendo da etapa e do tipo de rito escolhido pela família.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

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ABORDAGEM TEÓRICA

CAPÍTULO I



ABORDAGEM TEÓRICA Abordou-se ao longo da primeira etapa deste trabalho, uma diversidade de temas que se entendeu necessário estudar para formar uma imersão na temática da morte e suas relações com a sociedade, as cidades e as pessoas. Uma vez que atualmente nos encontramos em um estágio de relação de tabu com a morte, o que resulta em espaços arquitetônicos que não são dotados de qualidades formais e conceituais à nível do tema que trabalham. Buscou-se em autores como Philippe Ariès e Edgar Morin entender como a relação com a morte foi se modificando ao passar da história até chegar ao estado período em que estamos. Com o propósito de buscar referências conceituais para criação de símbolos que possam fazer conexão das pessoas com o sagrado individual de cada um, estudou-se principalmente as ideias do estudioso de religiões e filósofo Mircea Eliade, que explica símbolos espaciais, físicos ou da natureza utilizados em diversas religiões e povos. Entendeu-se importante buscar e estudar conceitos de atmosferas na arquitetura, para que se pudesse utilizar dos mesmos para qualificar os espaços projetados neste trabalho com características peculiares, que pudessem proporcionar uma experiência marcante, distinta do clima cotidiano das cidades. Para isso, utiliza-se principalmente de discusões do arquiteto Peter Zumthor, grande referência quando se trata de espaços com atmosferas diferenciadas e dramáticas.

ABORDAGEM TEÓRICA

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O HOMEM E A MORTE Para entender as relações entre as pessoas e a morte, encontrou-se a base dos estudos em autores como Philippe Ariès e seu livro “A história da morte no ocidente”, no qual os diferentes momentos na história, importantes por distinguir as relações do homem com a morte são denominados de: “A morte domada”, “A morte de si mesmo”, “A morte do outro” e “A morte Interdita”.

ORTE DOMAD A AM

Em “A morte de si mesmo”, ainda no período da Idade Média, as pessoas ainda tratam a morte com familiaridade, pois segundo Ariès (2012), reflete a sua aceitação como ciclo da natureza. Porém surgem as preocupações com o acontecimento do Juízo Final, onde todas as pessoas, no final do tempo, seriam julgadas e seguiriam para o céu ou para o inferno. Preocupação esta que foi se alterando, até o século XIII, onde segundo Ariès (2012), o julgamento deixa de acontecer no apocalipse de maneira coletiva, e passa para o momento individual da morte.

RTE DE SI MES O MO AM

A denominação de “A morte Domada” marca o período da Idade Média, onde a morte “avisava” às pessoas que estava prestes a acontecer. Na realidade, pelo fato de que nesta época aconteciam muitas guerras e epidemias, que causavam muita morte, as pessoas de certa maneira se acostumavam com a grande probabilidade de morrer e sabiam quando este momento se aproximava. Consequentemente, preparavam o seu próprio funeral, que acontecia de maneira simplória, como se entende a partir do pensamento de Philippe Ariès (2012), a morte era familiar e próxima, ao mesmo tempo atenuada e indiferente. 14

ABORDAGEM TEÓRICA

FIG. 01: Danse Macabre, Totentanz FIG. 02: Mestre E.S. Ars Moriendi


Em “A morte interdita” a morte passa de presente e familiar para vergonhosa e objeto de interdição. Oculta-se às pessoas e aos seus próximos, os seus reais estados perante a morte, e distancia-se do seu contato direto. Segundo Ariès (2012), evitar a morte da sociedade e aos que cercam o moribundo passa a ser uma característica da modernidade. Os ritos funerários, acontecem, porém vazios de dramaticidade e emoção excessiva. Enquanto antes a morte acontecia no quarto e a própria família tomava conta dos ritos e da preparação para o funeral, agora passa acontecer no hospital, sem contato direto. As pessoas próximas à família, principalmente as crianças, tendem a perceber a morte o mínimo possível, suprimindo as manifestações de luto.

ORTE DO OUTR M O A

ORTE INTERDITA M A

Por volta do século XVIII, as relações das pessoas com a morte mudam de simplistas para dramática, no período chamado por “A morte do outro”, onde as pessoas exaltavam muito mais o luto que sentiam pela morte das pessoas próximas, luto este que começou sendo expressado de maneira mais contida, até chegar ao século XIX, onde “chora-se, desmaia-se, desfalece-se, jejuase” (Ariès, 2012, p.73), histericamente, segundo psicólogos da época. Tal luto na época resultou em expressões artísticas que tomaram lugar nos cemitérios, em forma de esculturas. FIG. 03: A morte de Sardanapalo. Autor: Eugène Delacroix FIG. 04: Nichos no cemitério da Ilha do Governador

ABORDAGEM TEÓRICA

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A MORTE E A CIDADE

No período da Antiguidade, a presença dos mortos próximos era temida, segundo Ariès (2012), a construção de tumbas e sepulturas longe das cidades era honrada, com o propósito de impedir que os mortos voltassem para o mundo dos vivos.

Quando a pessoa morria, as sociedades se confrontavam com uma dupla necessidade: a de se livrar do cadáver e a de separar o morto do mundo dos vivos, pois sua alma, ou almas, subsistiam após seu falecimento. Esse duplo objetivo era realizado por meio de ritos denominados funerários. Eles precediam, acompanhavam e sucediam os funerais, momento em que os vivos se separam (ou separavam a sociedade como um todo) de seus mortos. (VOISIN, 2017, p. 21)

Na pré-história, os grupos e tribos acreditavam fortemente na existência de vida após a morte, para isso, quando alguem falecia, construiam as sepulturas próximas umas das outras, juntamente com os pertences, para que pudessem estar juntos na vida após a morte. 16 ABORDAGEM TEÓRICA

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Já no período da Idade Média, segundo Ariès (2012), os locais sagrados, onde se enterravam os santos e suas relíquias, passaram a ser o local de interesse para ter o seu corpo sepultado, não se importando com a sua identidade, mas com a proteção de estar em um local sagrado. FIG. 05,06,07: Produção do autor


A impessoalidade que tomava conta das sepulturas no período da Idade Média acaba no século XVIII, substituída pela redefinição de ritual e do desejo por individualização da sepultura, segundo Petruski (2006), sendo elas então construídas mais próximas às famílias, em sepulturas individualizadas. Por consequência também da saturação dos espaços nas igrejas, que já estavam lotados, tendo a Igreja feito tudo pela alma porém nada pelo corpo, segundo Ariès (2012).

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Na atualidade, período onde as relações do homem diretamente com a morte são enfraquecidas e afastadas, são incorporados aos antigos cemitérios ou em locais novos, os cemitérios verticais e crematórios, com a proposta de resolver os problemas de espaço nas grandes cidades, e que por consequência acabam reduzindo a expressividade dramática de um cortejo e dos momentos de luto. A partir desta problemática, desenvolve-se este trabalho, a fim de criar um espaço com métodos funerários inteligentes e que ressaltem a dramaticidade do momento.

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Já por volta do século XIX, os caixões individuais são colocados em sepulturas familiares, onde membros de uma mesma família ficam juntos, em um local coletivo, o cemitério, que agora passa a ser separado da vida na cidade, à muros fechados. Tendo em seus projetos, separação organizada de ruas, quadras e lotes. Segundo Ariès (2012), os projetos deste período permitem a visita familiar e veneração de homens ilustres que ali foram enterrados. Surgem também os cemitérios parques, e a incorporação de arte nos túmulos. FIG. 08,09,10: produção do autor.

ABORDAGEM TEÓRICA

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SÍMBOLOS [...] Do tronco de uma árvore da goma, Numbakula moldou o poste sagrado (kauwa auwa) e, depois de o ter ungido com sangue, trepou por ele e desapareceu no Céu. (ELIADE, 1992, p. 23). Entendeu-se pelo estudo do autor Mircea Eliade

(2012) que o pilar cósmico é um elemento utilizado por diversas tribos e grupos para criar e representar uma conexão entre diferentes níveis cósmicos (mundo dos mortos, terra e céu). Além de criar um local protegido em sua volta, onde se estabeleciam os seus acampamentos.

AR SAGRADO L I P

O conceito da montanha cósmica é utilizado, segundo Eliade (2012), para fazer ligação da terra (mundo profano) com o céu (mundo sagrado). A verticalidade de uma montanha estabelece um local mais elevado, que pode ser considerado como “centro do mundo”. O templo Zigurat no Iraque é um exemplo utilizado na arquitetura antiga, que toma este conceito. Subir as suas escadarias significa a transição entre os mundos.

HA NTAN CÓSMI O C M

A CÓSMIC A ÁGU

A As águas representam universalmente a soma do potencial de tudo que existe. “o reservatório de todas as possibilidades de existência; precedem toda forma e sustentam toda a criação” (ELIADE, 1992, p. 65). Entende-se pelo estudo de Eliade (1992) sobre a água cósmica, que as relações de imersão e emersão na água representam criação e destruição, portanto, morte e renascimento. Emergir da água significa renascer, enquanto imergir na água significa dissolver-se no elemento onde a vida se cria, regenerando-se em outras formas de vida. 18

ABORDAGEM TEÓRICA

FIG. 11: Kuauwa Auwa - Pilar sagrado do povo Achilpa FIG. 12: Templo de Barabudur em Java. FIG. 13: Ritual Hindu no Rio Ganges, Índia.


A terra mater significa no estudo de Eliade (1992) tanto a terra como lugar, o sentimento de pertencimento a um local como terra natal, e também, terra como o elemento da natureza onde acontece o nascimento da vida de diversos seres. A morte se relaciona com a terra, no sentido de reencontro com o elemento gerador de vida e da vontade de ter os seus restos mortais deixados em sua terra natal, normalmente da cidade de onde nasceu.

RA MATER TER

Segundo Eliade (1992), o simbolismo da árvore cósmica se relaciona com os ritmos e ciclos da natureza, e sua capacidade de se regenerar e renovar a cada estação, tendo a situação da primavera, por exemplo, como ressurreição.

S E PASSAG ETO EN J RA

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Os trajetos e passagens trazem relações de elementos como portas e pontes como a passagem de um momento à outro, uma situação existencial ou de uma forma à outra. Assim como a passagem da vida para a morte nos transporta de um estado para outro. Existe segundo Eliade (1992), na mitologia iraniana, a ponte Cinvat, onde os defuntos tem que passar como parte de um ritual funerário, que os leva para o seu destino final. FIG. 14: Pedreira do Morato (local de projeto) FIG. 15: Fotografia de um Carvalho. FIG. 16: Passarela sobre um rio.

ABORDAGEM TEÓRICA

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ATMOSFERAS A atmosfera em arquitetura trata-se da sensação de perfeita concordância com o espaço construído que se comunica diretamente àqueles que o contemplam e utilizam o seu entorno. Está ligada à uma característica estética de qualidade arquitetônica que de alguma maneira possa comover as pessoas, que faça olhar e sentir (ZUMTHOR, 2006).

ME SO

Segundo Zumthor (2006) as relações de distância e dimensões estão relacionadas com a escala de um edifício ou de um objeto relacionados com o corpo e a realidade humana. “Em uma catedral, em que os vãos alongados se juntam da maneira correta, se obtém a sensação emocionante, que muitas vezes deixa os visitantes sem folego. Diferentemente de uma situação em que a mesma dimensão é aplicada a uma única seção de parede. Nesta, provavelmente, as sensações não seriam as mesmas.” (RASMUSSEM, 1998, p. 129) . Edifícios grandes a uma distância grande podem causar uma sensação, enquanto aproximar-se deste mesmo edifício pode causar uma grande surpresa.

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O corpo humano em meio à arquitetura é um captador de sinais. Segundo Zumthor (2006), os espaços misturam, amplificam e transmitem os diversos sons produzidos pelos usos dentro dos ambientes. Sejam esses sons de conversas, portas, teclados de computador, canto ou até mesmo de água. Para os sentidos humanos, a arquitetura mesmo sem ruídos, gera o seu próprio ruído característico das características da atmosfera de seu espaço. Há materiais, que segundo Zumthor, fazem ecoar os sons, enquanto outros o absorvem. Ao mesmo tempo, se tratando da temperatura. É preciso saber qual a sensação que quer passar ao criar um ambiente com temperatura diferenciada do exterior. 20

ABORDAGEM TEÓRICA

FIG. 17: Therme Vals, Peter Zumthor. FIG. 18: Interior da Igreja da Sagrada Família em Barcelona.


A luz, segundo Barnabé (2007) é um elemento essencial para que se possa dar conhecimento do mundo físico. Se tomarmos um ambiente completamente escuro, e adicionarmos uma fonte de luz, então poderemos ter consciência da dimensão deste espaço. A utilização da luz natural como diretriz em um projeto de arquitetura demanda a valorização de aspectos técnicos assim como também poéticos. “Mesmo um espaço que busca ser escuro deve receber um pouco de luz através de alguma abertura misteriosa, apenas para nos dizer o quão escuro ele realmente é. Cada espaço deve ser definido por sua estrutura e pelo caráter de sua luz natural” (Louis Khan, citado por SCHIELKE, 2013).

LUZ

FIG. 19: Igreja da Luz, Tadao Ando. FIG. 20: Capela de Campo Bruder Klaus, Peter Zumthor.

ERIALIDADE MAT

Os materiais por si só não são elementos poéticos. Segundo Zumthor (1999), para que se possa criar a atmosfera desejada a um determinado edifício, é preciso criar coerência entre sua forma e seu sentido, relacionando com o seu uso. “O sentido nasce quando se consegue criar no objeto arquitetônico significados específicos de certos materiais que só neste singular objeto se podem sentir desta maneira” (ZUMTHOR, 1999. P.10). ABORDAGEM TEÓRICA

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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

CAPÍTULO II


Sayamaike Historical Museum, Tadao Ando O projeto que se localiza na cidade de Osakasayama, no Japão, ao lado de um lago, utilizado como reservatório de água da cidade e que hoje se converteu em barragem para controle de enchentes. No museu, são expostas relíquias que foram descobertas durante a sua reconstrução, e também itens que demonstram a antiga engenharia hidráulica japonesa. Formalmente, o projeto é composto por dois volumes retangulares, sendo um maior e um menor, ligados por um espaço circular que forma parte da sequência espa-

cial no trajeto do museu. Ladeando o retângulo maior, existe uma grande praça com um espelho d’água e duas cortinas de água, que trazem o som característico e efeitos proporcionados pela luz refletindo da água. Este projeto de Tadao Ando foi importante no processo de criação para os elementos arquitetônicos e espaciais deste trabalho. A partir da busca de referências arquitetônicas que utilizaram da água como elemento para criar certa atmosfera diferenciada. Buscou-se utilizar de quedas de água dispostas em diversos edifícios no projeto.

PB primeiro pavimento

Corte 24

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

FIG. 21: Planta e corte do Museu. FIG. 22: Cortinas de água.



CAPELA NA ÁGUA, Tadao Ando Esta capela do ano de 1988, projetada pelo arquiteto Tadao Ando, se localiza entre as montanhas Yubari, em Hokkaido no Japão. Seu volume é composto por dois cubos, sendo um de vidro e estrutura metálica que abriga quatro cruzes de concreto, responsáveis por direcionar o olhar para cima, o outro volume, de concreto, é o salão principal da capela, com uma abertura de piso à teto que direciona os olhares diretamente para a cruz colocada no lago e à natureza a sua volta. Utilizou-se deste projeto como referência arquitetônica neste trabalho, para

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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

que se pudesse criar as relações dos edifícios com o lago e a natureza do terreno. Uma vez que no local escolhido existe um lago protegido por uma grande pedreira, e esta paisagem é evidenciada nas vistas dos edifícios. No Centro Ecumênico, por exemplo, que se abre completamente afim de criar uma vista de 180º para o exterior. As salas de velório também, pelas suas aberturas centralizam o corpo falecido em meio à paisagem.

FIG. 23: Vista externa da Capela na Água FIG. 24: Vista interna da Capela na Água.



THERME VALS, Peter Zumthor Projetado pelo arquiteto Peter Zumthor, este spa pensado para que os visitantes redescobrissem os benefícios dos banhos quentes de águas termais, abriu no ano de 1996 em Vals, Suiça. O edifício semienterrado se permeia na paisagem, não obstruindo a visão, mas também se tornando parte dela. A ideia principal era que os seus espaços internos se parecessem com uma caverna, para isto, utilizou-se em sua construção pedras de quartzo Valser, presentes na região. Este edifício é repleto de características que fazem com que os seus espaços proporcionem uma experiência mística, garantida pelas características arquitetônicas geradoras de atmosferas espaciais. Os visitantes são influenciados a explorarem o espaço, descobrindo os seus lugares escuros, claros, com água ou sem e também ouvirem os sons que ecoam pelas galerias. Utilizou-se deste projeto na busca de referências para a incorporação de elementos espaciais, arquitetônicos e de revestimento, com o objetivo de criar uma atmosfera dramática para as ocasiões dos ritos funerários. Dentre as características, tomou-se a utilização dos espelhos d’água que invadem espaços internos e também entradas estratégicas de luz zenital e lateral. 28

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

FIG. 25: Espaço interno, Therme Vals. FIG. 26:Área externa, Therme Vals.



CREMATÓRIO HEIMOLEN, Kaan Este crematório, projetado pelo escritório KAAN Architecten, inaugurou no ano de 2008 na cidade de Sint-Niklaas, Bélgica. Uma das primeiras características do projeto que foram levadas em consideração para o desenvolvimento deste trabalho, é o fato de que se implantam separadamente no terreno o edifício de cremação e o de recepção, onde acontecem as cerimônias. Entende-se a proposta de mantes viva a tradição do cortejo, que seria o deslocamento de um edifício para o outro, marcando o rito de passagem de um momento ao outro. Outra questão, está ligada às características formas dos edifícios, que foram trabalhados com soluções de desenho in-

30 REFERÊNCIAS PROJETUAIS

vertidas. Enquanto o edifício do crematório ter o seu volume implantado em um retângulo limpo, que apesar de obter aberturas na fachada, não revela o que acontece em seu interior. Já o edifício cerimonial, tem um grande volume como cobertura, se abrindo no térreo, incorporando a paisagem e utilizando de aberturas específicas para criar uma atmosfera solene e dramática. Ambas características observadas neste projeto foram úteis para o desenvolvimento dos espaços deste trabalho. Desde as relações de implantação no terreno, até a materialidade e as aberturas estratégicas, focando no exterior e trazendo iluminação dramática para os ritos.

FIG. 27: Fachada do edifício técnico


FIG. 28: Implantação do projeto FIG. 29: Edifício de recepção

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

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O LUGAR PEDREIRA DO MORATO

CAPÍTULO III


A PEDREIRA DO MORATO

Encontrou-se na cidade de Piracicaba – SP, um amplo terreno onde até o ano de 2011 funcionou uma pedreira de extração de brita, para uso em construção de rodovias e de concreto. Com início dos trabalhos no ano de 1961, as explosões para remoção de brita faziam ecoar o seu som e os seus tremores por toda a vizinhança, o que não era um problema na época. Até que alguns anos depois começaram a surgir condomínios residenciais fechados em seu entorno, e os tremores passaram a influenciar nas casas, gerando trincas. No ano de 2011 a empresa transferiu o seu sítio de trabalho para um local mais afastado da cidade. Desde a parada das atividades, formou-se no terreno um grande lago, por consequência do acúmulo de água da chuva e de um pequeno canal que desemboca do ribeirão próximo, que antes tinha sua água drenada do terreno. Marcado com o número 01 no mapa ao lado, o terreno se localiza na zona oeste da cidade de Piracicaba, não estando distante do centro (número 02). Se formos considerar a distribuição dos outros locais de serviço funerário na cidade, também marcados no 34 O LUGAR

mapa ao lado, com a implantação neste terreno, não estaria próximo de nenhum outro cemitério ou crematório. Após desocupação por parte da empresa, não se sabe atualmente qual o uso exato no local, mas através de uma pesquisa na internet, descobriu-se através de vídeos na plataforma do Youtube, que o local era altamente frequentado por muitas pessoas que buscavam se refrescar na água e desafiar a coragem, saltando de cima da pedreira. Por ser um local privado e desocupado, não existia nenhuma garantia de segurança, por isso os bombeiros e a polícia sempre apareciam para dispersar as pessoas. Atualmente, a segurança parece ser reforçada, para que ninguém invada o local. Durante o desenvolvimento do TFG I, realizou-se um sobrevoo de drone para explorar o local e gravar vídeos e imagens. Em geral, além da interessante paisagem, existem alguns edifícios, ou o que sobraram deles. Os seus usos são indefinidos e qualidades aparentemente precárias, por isso, considerou-se a remoção dos mesmos na proposta deste trabalho. FIG. 30:Mapa de Piracicaba-SP, Elaborado pelo autor



A imagem acima, assim como as outras apresentadas nas páginas seguintes, foram feitas com a ajuda de um drone durante o estudo no TFG1. Como se pode perceber, a paisagem do terreno escolhido é resultado da modificação do homem. Formada pelo grande paredão de pedra, que é refletido em um grande lago. A natureza se envolve na paisagem através das árvores. Além de estar cercado por muros de condomínios, a vegetação circundante e a topografia acidentada parecem proteger o local. Ao mesmo tempo, temos um espaço de tensão e de proteção. Duas características opostas muito 36

O LUGAR

importantes em se tratando do projeto de um espaço para ritos funerários, uma vez que momentos como estes costumam juntar e aguçar sensações, como proteção e insegurança, morte e vida, luz e escuridão, o conhecido e o desconhecido. Este paredão tem a característica da verticalidade, ou da ascensão, que podemos comparar aos conceitos de montanha cósmica de Miercea Eliade, estudados anteriormente neste trabalho. Um símbolo de passagem do mundo profano ao sagrado. A água do lago se relaciona com os conceitos de água cósmica. FIG. 31:Pedreira do morato (local de projeto) FIG. 32: Mapa do local do projeto, Elaborado pelo Autor



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O LUGAR

FIG. 33: Pedreira do morato (local de projeto) FIG. 34: Pedreira do morato (local de projeto)


FIG. 35: Pedreira do morato (local de projeto) FIG. 36: Pedreira do morato (local de projeto)

O LUGAR

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Hortus Vitae, do latim significa “Jardim da Vida”, por meio da criação de um conceito contraditório, desenvolveu-se um projeto onde a morte se transforma em vida, seja ela em forma de natureza ou na própria perpetuação da memória. Significado do logo: a vida chega à seu fim, nos tornamos sementes que transformam morte em vida nova.


HORTUS

VITAE

O PROJETO

CAPÍTULO IV


O CONCEITO Para inicio de conversa, é importante entender como a morte se transformará em vida neste projeto. O conceito está ligado aos métodos funerários escolhidos e o nível conceitual poético que se criou como proposta.

Cremação

Um dos métodos é o da cremação. Neste processo, após o velório, a família seguirá em cortejo para o edifício da transformação, onde o cadáver passará pelo processo de queima total do corpo, restando apenas um amontoado de cinzas. As cinzas são na verdade, o que restou dos ossos. A cremação pode durar cerca de 2 ou 3 horas, dependendo do corpo. A partir de então, as cinzas terão os seguintes destinos possíveis: • Aspersão na água: neste projeto, existem alguns lugares de aproximação com a água do lago, onde a família pode aspergir as cinzas. Aqui a morte se transforma em vida sobre o conceito da “Água Cósmica”, estudada anteriormente. Em um processo de dissolver-se na água ao ser aspergida, as cinzas se misturam com o elemento primordial da vida, podendo então fazer parte da geração de outras formas de vida. • Aspersão em jardins: Uma prática também muito comum em diversos 42 O PROJETO

países, ao aspergir as cinzas em um jardim, as mesmas se misturam com a terra e servem de adubo para a criação e nutrição da vegetação. Neste caso, morte se transforma em vida através do conceito da “Terra Mater”. • Colocação de urna no columbário: As cinzas serão colocadas em uma urna de escolha dos familiares, e poderão ser guardadas em um nicho de algum dos columbários do projeto. Neste caso, a morte não se transformará em vida, mas será perpetuada na memória. Através do conceito do “Pilar Sagrado”, os columbários fazem parte de um edifício responsável por fazer conceitualmente a ligação entre os distintos níveis cósmicos (terra, céu e mundo dos mortos).

Compostagem Humana

O segundo método, é o da compostagem humana. Pouco conhecido e ainda em fase de testes e desenvolvimento por uma organização nos Estados Unidos. A compostagem surgiu como busca de um método funerário mais sustentável, que não polua a o solo com chorume e nem emita gases na atmosfera. Neste método, segundo informações retiradas do site da empresa Recompose (www.recompose.life), o corpo é colocado em um nicho coberto com lascas


de madeira e palha, onde os níveis de carbono, nitrogênio e oxigênio são controlados, a fim de criar o ambiente perfeito para que os micróbios e as bactérias realizem a decomposição do cadáver. O processo dura cerca de 30 dias, e no final o que resta é cerca de um metro cúbico de adubo fértil. Então, a família voltará ao projeto para realizar a cerimônia final para os restos do ente: • Plantio de árvore no jardim da memória: após o método da compostagem humana, a família participará de

uma cerimônia de preparação para a urna de jardim. Juntando o adubo com uma semente ou muda de árvore e enterrar em um local no jardim da memória. Neste momento, a morte se transforma em vida, entendendo que os restos servirão de nutriente para o crescimento de uma árvore. Remontando aqui o conceito de “Árvore cósmica”, como próprio ser vivo da natureza e que tem as suas fases da vida, assim como as estações do ano e a sua representatividade.

O PROJETO

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O PROJETO O projeto se trata de um grande espaço com distintos edifícios onde acontecem ritos funerários. Ao longo da etapa de pesquisa deste trabalho, buscou-se referências e conceitos para entender as relações do homem, da sociedade e da cidade com a morte, para que se desenvolvesse um projeto onde os seus espaços e relações entre os distintos edificios fizessem parte de uma proposta que trate os ritos da morte como uma experiência sensorial, contemplativa e que potencialize o caráter dramático , aproximando as pessoas da temática da morte no sentido de dar a elas uma visão conceitual que marque o momento. Além, de uma solução mais sustentável, no sentido de não poluir o solo com cadáveres. O projeto foi desenvolvido com a proposta de dois métodos funerários distintos, o da cremação e o da compostagem humana, ambos transformam o corpo ao mínimo, sendo cinzas ou adubo orgânico, os quais possuem neste projeto quatro destinos diferentes possíveis e que podem acontecer em distintos espaços. Os ritos funerários estão relacionados para muitas pessoas com ideias religiosas, porém não para todos. Neste projeto, buscou-se ao máximo extinguir qualquer símbolo diretamente relacionado a uma re44 O PROJETO

ligião específica, sendo assim acessível a todas as pessoas. Permanece a ideia de trazer relações com a natureza, que podem ter significados diversos para cada pessoa, além de uma maneira de construir os espaços que de alguma forma leve as pessoas para um momento diferenciado. Para alguns, muita relação com o mundo sagrado, para outros, uma realidade diferente do clima cotidiano da cidade. Em diversos edifícios, como no espaço de transformação, onde se realiza a cremação ou a compostagem, no Centro Ecumênico, nos Velórios e no Columbário, utiliza-se de entradas que acontecem com rampas em declive. Essas rampas, além de solucionarem os fluxos de maneira confortável e acessível, transportam as pessoas para um ambiente com atmosfera diferenciada da que estavam no local anterior. Todas essas passagens estão de algum modo relacionadas com a água, uma vez que se toma como conceito no projeto, a ideia de água cósmica.


Recebimento das cinzas

Cinzas

Cremação (2 - 3 horas)

r Co

Centro Ecumênico cerimônias de celebração

Columbário - lago Aspersão- lago Aspersão- jardim

2º dia

Co rte

Columbário - torre

para o velório). Após o velório, acontece o cortejo, ou a caminhada até o método funerário escolhido. No crematório ou no centro de compostagem acontece a cerimônia de última despedida do corpo. No centro de compostagem, durante a cerimônia, o corpo já é inserido em sua capsula por onde passará pelo processo. No crematório, o corpo será armazenado em uma câmara fria por pelo menos 24 horas, antes de ser cremado. Em um segundo dia, os visitantes voltam ao

Levar para casa Preparação da urna escolha de sement ou muda

Recebimento as do adubo

Adubo orgânico

Processo de compostagem (+/- 30 dias)

jo

e

Plantio no jardim

d

Afim de expressar facilmente os fluxos e diferentes etapas propostas para os ritos funerários através dos espaços projetados, desenvolveu-se este fluxograma. Os visitantes ao iniciarem o seu trajeto serão recepcionados na ala administrativa, e então direcionados para o pré-velório, onde a família poderá receber o corpo e seguir em cortejo até o velório. Antes disso, o corpo fez acesso pela ala técnica, onde passou pelo processo da tanatopraxia (preparação

Câmara fria (até 1 dia)

Cerimônia de CREMAÇÃO

Casas das famílias

Velório

Pré-Velório

Café

o tej

Cerimônia de COMPOSTAGEM

Entrada geral Visitantes

Cortejo

Adm

Cadáveres Entrada técnica

Técnico

FLUXOGRAMA

complexo para a cerimônia de recebimento da urna contendo as cinzas (produto da cremação) ou matéria orgânica (produto da compostagem). Então, segundo decisão anteriormente realizada pelo falecido ou pela família, segue-se para o destino, que pode ser aspersão das cinzas na água, ar, terra ou no jardim. Ou plantio da urna biodegradável com o adubo e uma semente ou muda de árvore no jardim das memórias. O PROJETO

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IMPLANTAÇÃO GERAL O terreno onde funcionou a pedreira até o ano de 2011 possui um lago e um grande paredão de pedra. Tais elementos se tornam importantes para influenciar todo o projeto, uma vez que são marcantes e criam uma paisagem que não deve ser ignorada. Para isso, buscou-se relacionar os edifícios de alguma forma com o contato com a água e com a paisagem, que com elementos naturais, foi formada pela modificação do homem. O acesso, que é feito pela Estrada Eng. Alberto Morato Krahenbull, é realizado através de duas vias internas sendo uma para o público em geral e outra para os funcionários e carros funerários. A primeira ocupação no terreno é o jardim da memória, local onde como já explicado anteriormente, se enterram as urnas com cinzas ou adubo orgânico. Esta área se enquadra como um parque contemplativo, que recebe principalmente pessoas em memória de seus entes falecidos. O edifício de apoio dá suporte às possíveis necessidades dos visitantes, assim como apoio técnico ao jardim. Os demais edifícios se instalam próximos ao lago. A importante separação entre um edifício e outro, é consequência da necessidade de criar um deslocamento entre um momento e o outro e manter um momento único e essencial para os ritos funerários, o cortejo. CROQUIS DE PROCESSO

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No meio do lago colocou-se a torre, edifício onde se implanta o columbário. Além de ser um elemento expressivo e marcante na paisagem e visível de todos os lugares, também permite a observação e contemplação de todo o projeto e da cidade, através do mirante em seu último pavimento. Ao todo, o terreno possui área de 198.000m². Somente o lago ocupa cerca de 19.800m². O Jardim da Memória, contando com as zonas de expansão tem cerca de 46.150m². Abaixo segue a relação de área construída do projeto: Apoio ao Jardim: 596m² Administrativo / Técnico: 553m² Café: 229,50m² Velórios: 492,70m² Transformação: 985m² Centro Ecumênico: 332,18m² Columbário: 840m² Família: 230,7m² Coberturas de caminhos: 1.284m² ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA: 5.542m²



JARDIM DA MEMÓRIA 1. Definição de um ponto focal como pilar cósmico.

Esquema de localização

2. Criação de linearidade principal de acontecimentos, focados em um eixo com o ponto focal.

Area total construída: 46.150m² Ver folha 2/17 do anexo.

3. Criação dos demais eixos relacionados com o cortejo e os métodos funerários.

O parque da memória faz parte de um dos espaços para destino final dos restos funerários, um lugar onde a morte se transforma em vida. Sendo uma releitura dos cemitérios tradicionais, porém aqui ao invés de vasos de cobre e sepulturas revestidas de cerâmica, temos árvores. O parque tem um espaço amplo no terreno, onde as famílias podem escolher entre aspergir as cinzas nos jardins, ou utilizar das mesmas e dos adubos para enterrar junto à uma 48 O PROJETO

semente ou muda em um local específico, para que ali cresça a árvore. O jardim foi dividido em espaços livres destinados ao plantio das urnas. Essas áreas são acessadas a partir de um caminho pavimentado com pedras portuguesas, que segue ao máximo as curvas de nível, para não haver rampas cansativas, devido aos longos percursos. Ao plantar a urna em seu local, a família pode optar por construir um pequeno monumento em formato de banco, que circunda a árvore, marcando o local e permitindo que as pessoas possam se sentar para permanecer por um tempo junto a árvore gerada por seu ente querido. Devido às grandes dimensões do terreno, e como uma tática de paisagismo, optou-se por deixar áreas abertas sem vegetação, somente com grama e o solo natural. Com o objetivo de permitir visão do jardim, tanto para quem está chegando pelo acesso geral e para quem está no jardim poder observar a dimensão e a paisagem. Outro objetivo, seria que esses espaços no futuro podem ser ocupados com o plantio de novas urnas, quando as áreas atuais ficarem totalmente preenchidas. Escolheu-se a princípio 4 tipos de árvores para formarem o jardim. Priorizando árvores de médio e pequeno porte, com cores alegres e que tivessem uma copa que gere sombra, criando em sua volta um local agradável de


PERSPECTIVA - Jardim da Memória

ficar. São elas: Quaresmeira, Pau-Fava, Escum- Na folha de anexo com a implantação ilha e Ipê-amarelo (o ipê é colocado em locais do jardim da memória, apresenta-se os princiespecíficos, devido ao seu porte médio/grande). pais tipos de árvore escolhidas para fazer a com O jardim conta com um memorial que posição do jardim da memória. traz a água como elemento. Assim como a mesma está presente em diversos locais do projeto. Neste memorial, existe um espelho d’água rodeado por bancos e jardins. Existe uma queda d’água, que se inicia em outro espelho, no edifício de apoio ao jardim das memórias. A ideia da água que está presente em todo o complexo, é transmitir a sua fluidez, se relacionando com a vida, que está sempre em movimento. O PROJETO

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PERSPECTIVA - Jardim da Memรณria

PERSPECTIVA - Jardim da Memรณria

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APOIO AO JARDIM

Esquema de localização Area total construída: 596m² Ver folha 3/17 do anexo.

CROQUIS DE PROCESSO

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O parque dispõe de uma área de apoio, com sanitários, uma pequena lanchonete, sala de administração, e o espaço onde as famílias poderão elas mesmas montar a urna que será enterrada. A família receberá as cinzas ou adubo de seu ente falecido e então seguirá para uma sala onde estarão dispostos nichos com urnas, tipos diferentes de sementes e material necessário para que se possa preparar a urna que será enterrada. Assim que estiverem prontos, seguirão pelo parque até o local que escolheram, para fazer o plantio. Este edifício se resume em três volumes cobertos por um plano linear de concreto, com aberturas para os jardins. A ideia é que este espaço pareça permeado pela paisagem, e que permita completa relação com a natureza. Os três volumes se intercalam com dois gramados e no final do terceiro (onde a família prepara a urna), existe um espelho d’água, contemplado com uma cortina de água que cai da cobertura. Este espelho d’água se transforma em outra queda, no espaço de memorial do jardim.


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PERSPECTIVA - Apoio ao jardim

PERSPECTIVA - Apoio ao jardim

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ADMINISTRATIVO E TÉCNICO

Esquema de localização Area total construída: 553m² Ver folhas 6/17 e 7/17 do anexo.

Neste edifício, se localiza a área administrativa geral e que cuida de todo o complexo, aqui as pessoas podem ser atendidas por funcionários para conhecer as diferentes possibilidades propostas no projeto. Na área administrativa, além de sala de atendimento e de trabalho, existem também uma copa e sanitários para os funcionários. Os corpos fazem o acesso ao complexo pela área técnica (subsolo), onde os carros fu56 O PROJETO

nerários o trazem. Nesta área existe uma câmara fria para que os corpos em espera possam estar conservados, uma sala de tanatopraxia, onde os defuntos são preparados para o velório, salas de controle e de depósito para materiais. Além de elevador de grande porte para subir o caixão para o pavimento térreo. Na sala de pré-velório (pavimento térreo), assim que a família chegar ao complexo, poderá receber o corpo em um momento íntimo e então iniciar o rito, seguindo em um primeiro momento de cortejo com destino ao velório, onde o corpo passará o dia recebendo as visitas. O edifício administrativo e técnico segue o conceito estrutural de todo o complexo, sendo suas paredes de concreto. No acesso ao edifício, na parte externa, existe uma cobertura de concreto apoiada em pilares metálicos. Ao lado existe um espelho d’água que circunda o edifício do café. E no final, uma espécie de praça, que funciona como local de observação e espera, junto à sala de pré-velório.


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PERSPECTIVA - Administrativo e técnico

PERSPECTIVA - Administrativo e técnico

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PERSPECTIVA - Administrativo e técnico

PERSPECTIVA - Administrativo e técnico O PROJETO

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PERSPECTIVA - Administrativo e técnico

PERSPECTIVA - Administrativo e técnico

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CAFÉ

Esquema de localização Area total construída:229,50m² Ver folha 8/17 do anexo.

CROQUIS DE PROCESSO

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O velório é o rito funerário que dura mais tempo, geralmente um dia inteiro. Para isso, na sua proximidade, implanta-se o café, um espaço preparado para necessidades das pessoas. O café dispõe de uma cozinha para preparo de ocasionais refeições, salgados, snacks e bebidas, que podem ser consumidos em um local com poltronas confortáveis, cadeiras e mesas. Os sanitários concentram-se em um só edifício, ao lado. O edifício onde se implanta o café está rodeado por espelhos d’água, que podem ser observados pelas paredes de vidro. Ambos elementos foram pensados como forma de gerar uma atmosfera onde as pessoas ali dentro possam se sentir distanciadas momentaneamente do clima pesado em que os velórios podem causar. Apesar do fechamento ser de vidro, e ser possível ver todo o espaço de fora, o elemento corta os ruídos e cria um espaço com temperatura diferente. As ondulações da água distanciam o momento ainda mais, combinado com o som de um piano dentro do salão.


FIG. 02:

NOME DA SESSÃO

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PERSPECTIVA - Café

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PERSPECTIVA - Café

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PERSPECTIVA - CAFÉ

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VELÓRIOS

Esquema de localização Area total construída: 492,70m² Ver folhas 9/17 e 10/17 do anexo.

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O velório é a parte mais longa dos ritos funerários, pode durar o dia inteiro. Neste projeto, implanta-se quatro salas de velório, cada uma com dois ambientes e uma área externa. A sala principal possui abertura para o lago, possibilitando visão estratégica direto para a torre do columbário. A luz entra estratégicamente no espaço através de uma abertura abaixo dos bancos e por uma abertura zenital, no rebaixo da laje. Os edifícios de velório têm como sistema construtivo as paredes de concreto e lajes impermeabilizadas. A ideia foi criar um grande plano que cobre todos os velórios, e cria rasgos nas aberturas para os pátios externos, para os jardins e também para as aberturas zenitais dos velórios. O acesso às salas de velório é feito por uma leve rampa, com 50 centímetros de desnível. Além de ter sido um elemento para adequação à topografia do local e para aproximar os edifícios do lago, toma-se também os acessos em rampa neste projeto, como transportadores para uma outra realidade, com momento e atmosfera diferenciada do que a pessoa se encontrava anteriormente. Passar por essas rampas, é quase como se preparar para o que será encontrado logo em seguida.


NOME DA SESSÃO

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PERSPECTIVA - Velรณrios

PERSPECTIVA - Velรณrio

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PERSPECTIVA - Velรณrios

PERSPECTIVA - Velรณrio O PROEJTO

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PERSPECTIVA - Velรณrios

PERSPECTIVA- Velรณrio

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TRANSFORMAÇÃO

Esquema de localização Area total construída: 985m² Ver folhas 11/17 e 12/17 do anexo. Os dois métodos funerários propostos neste trabalho acontecem no Espaço de Transformação. Neste edifício, buscou-se mais uma vez trabalhar com a mudança de planos, para simbolizar a passagem do mundo profano para o sagrado. Trabalhado em diferentes níveis, o acesso é feito em declive através de uma rampa. Ao mesmo tempo em que se caminha, pode-se observar dois espelhos d’água que são ao mesmo tempo a cobertura dos nichos de compostagem CROQUIS DE PROCESSO

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humana e sua área técnica e de apoio. Uma parede de água cai de um espelho d’água para outro, a um nível um pouco mais baixo que o do piso, formando uma cortina d’água e trazendo o simbolismo da água fluindo como a passagem do tempo. Os espelhos d’água presentes em diversos locais neste projeto, contribuem também com o clima, umedecendo. Os corpos permanecem nos nichos durante aproximadamente um mês, até se transformarem em adubo. Para que o processo de compostagem aconteça, é necessário que os níveis de oxigênio, carbono e nitrogênio sejam controlados, para isso existe na área técnica uma sala com tanques dos mesmos elementos. Além de um depósito com lascas de madeira e fios de palha, que são colocados junto ao corpo no nicho. Nesta mesma área técnica, existem salas de controle e de preparação do adubo para entrega à família. Esta área recebe iluminação e ventilação zenital, através de uma abertura no espelho d’água acima. Seguindo pela rampa, acessa-se diretamente o salão de cerimônias do crematório. Um espaço com de pé direito alto, por onde a luz penetra através dos painéis que formam a sua fachada, e reflete pelo espelho d’água que invade o espaço. A cerimônia de despedida pode durar cerca de 20 minutos. Ao seu fim, o corpo é passado por uma abertura para a área técnica, onde será cremado e terá suas cinzas processadas.


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PERSPECTIVA - Transformação

PERSPECTIVA - Transformação

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PERSPECTIVA - Transformação

PERSPECTIVA - Transformação O PROJETO

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PERSPECTIVA - Transformação

PERSPECTIVA - Transformação

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CENTRO ECUMÊNICO

Esquema de localização Area total construída: 332,18m² Ver folha 13/17 do anexo. Para algumas religiões, existem celebrações ocasionais que fazem parte dos ritos funerários, como por exemplo, o dia de finados, ou a missa do sétimo dia. Para fins de dispor de um espaço que permita a realização desses tipos de celebrações, pensou-se no centro ecumênico. O edifício não dota de nenhum símbolo que faça referência a nenhuma religião, para que possa ser utilizado por qualquer pessoa. Pensou-se nas relações do homem com a natureza e as possíveis ligações entre mundo profano e CROQUIS DE PROCESSO

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sagrado que podem acontecer de maneira individual e distinta para cada pessoa, segundo sua religião, credo e aproximação com o tema. O espaço pode ser utilizado também para a realização de velórios de pessoas famosas e importantes, onde se espera que o fluxo de visitantes seja ainda maior, uma vez que este edifício é maior e comporta mais pessoas do que o velório deste projeto. Existem duas áreas externas, que também podem receber pessoas, sendo uma no acesso ao edifício e outra do outro lado, que prioriza a vista panorâmica para a pedreira. Tomou-se como diretriz para o desenvolvimento deste edifício, o conceito de que as pessoas vão até lugares como Igrejas ou capelas para buscar respostas e confortos que vem de ouro lugar, do mundo sagrado. Para isso, pensou-se em criar um espaço que permita que as pessoas sintam a energia da natureza ao redor. Em primeiro lugar, a vista. Como o centro ecumênico se localiza em uma cota mais alta, e as suas paredes são todas de janelas de vidro pivotantes, cria-se aberturas que enquadram a paisagem com uma vista panorâmica de toda a pedreira e do complexo. Ao mesmo tempo, permite que os sons das árvores, dos pássaros e da água permeiem o ambiente.


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PERSPECTIVA - Centro Ecumênico

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O centro ecumênico tem o seu nível cinquenta centímetros abaixo do nível do espelho d’água, o que faz com que ao entrar, as pessoas se sintam em um local protegido. Além de trazer novamente a rampa como elemento transportador da realidade. Estruturalmente, o edifício do Centro Ecumênico se difere dos outros do complexo. Sua estrutura é feita por uma grelha de pilares e vigas de Madeira Lamelada Colada. A estru-

tura suporta a cobertura, que se entende para além do edifício, cobrindo o espelho d’água à sua volta e de certa maneira o incorporando ao todo. O espelho d’água que circunda o espaço de celebrações existe como forma de aproximar o espaço da água, mantendo a relação simbólica com o elemento. Através de um canal, a água se transforma em uma cortina que cai diretamente no lago.

PERSPECTIVA - Centro Ecumênico

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PERSPECTIVA - Centro Ecumênico

PERSPECTIVA - Centro Ecumênico

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TORRE-COLUMBÁRIO

Esquema de localização Area total construída: 840m² Ver folhas 14/17, 15/17 e 16/17 do anexo. Localizado no meio do lago, o columbário é o edifício em que se pode acontecer dois dos destinos finais para as cinzas. Afim de criar um marco arquitetônico, que represente o símbolo de pilar sagrado, o columbário conta com uma torre e um edifício submerso na água. O edifício remonta a ideia de conexão entre diferentes níveis cósmicos. Dividido em três planos, o da natureza, do agora (mundo profano) e do mundo sagrado. O espaço submerso representa um local CROQUIS DE PROCESSO

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protegido pela água, que é o elemento primordial da vida, nele existem dois pavimentos com nichos onde se guardam urnas funerárias. Esses ambientes recebem luz zenital. Ao nível da água, existem plataformas que aproximam as pessoas do lago, criando um local propício para que as famílias que desejam, possam aspergir as cinzas na água, simbolizando assim o retorno da matéria de uma pessoa para o elemento em que a vida surgiu. O elemento vertical, ou a torre, traz a ideia de conexão com o mundo sagrado, superior, ou o céu, distribui-se em sete pavimentos com nichos, onde também se podem guardar as urnas. A torre possui um total de 980 nichos, sendo 140 por pavimento. Já nas salas submersas, são 2.884 nichos, sendo 1.442 por pavimento. Ao todo, existem 3.864 nichos. No topo, existe um mirante onde as pessoas podem observar todo o complexo e a paisagem da pedreira e da cidade. Nesta torre também se implanta um sino, elemento responsável por realizar a anunciação de um acontecimento, e com suas batidas, focalizar o pensamento e os olhares no momento e no local. A torre possui aberturas retangulares em todos os pavimentos. Além de permitirem a visão de dentro para fora, a ideia é que no período noturno, essas janelas se iluminem, lembrando da memória das pessoas que ali tem suas cinzas guardadas.


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PERSPECTIVA - Columbรกrio

PERSPECTIVA - Columbรกrio

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PERSPECTIVA- Columbรกrio O PROJETO

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PERSPECTIVA - Columbรกrio

PERSPECTIVA - Columbรกrio

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CASAS DAS FAMÍLIAS

Esquema de localização Area total construída: 840m² Ver folhas 14/17, 15/17 e 16/17 do anexo. As casas das Famílias foram pensadas como um local de descanso para os familiares que permanecem durante todo o tempo do velório. Uma vez que os mesmos costumam ter a duração de um dia inteiro, e muitas vezes as pessoas mais próximas do ente falecido permanece todo o tempo, ou até mesmo outros familiares que vem de longe e precisam de um local para poder descansar. Normalmente, nos velórios convencionais, existe uma pequena sala ou copa incorporada à sala de velório. Neste projeto, optou-se CROQUIS DE PROCESSO

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por separar os ambientes de apoio do ambiente fúnebre, para que se pudesse manter nesses locais, as suas devidas atmosferas. As casas das famílias são dotadas de quartos com camas, banheiro e um ambiente de estar. Permitem que as pessoas possam se sentir a vontade, sem ter que se deslocarem até as suas próprias residências. Sobre a sua localização no projeto, estão distantes de todo os outros espaços do complexo, podem servir também como um local para ficar só por um momento e se distanciar do ambiente de luto. Possuem vista especial para o lago, a torre e o paredão de pedra da antiga pedreira. A vista proporciona um sentimento de proteção e afastamento da cidade, para um momento único.


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PERSPECTIVA - Casas das Famílias

PERSPECTIVA - Casas das Famílias

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Propôs-se através da unidade sequencial formada pelo TFG 1 e TFG 2 um estudo para o desenvolvimento de um projeto que repensasse os espaços para ritos da morte. Tomando a realidade em que a sociedade se encontra com a morte, como um tabu, capaz de influenciar na qualidade arquitetônica desses espaços. O trabalho do primeiro semestre funcionou como um portal para descobertas importantes nos âmbitos históricos, filosóficos, sociológicos, que envolvem as questões das pessoas, da sociedade, cidade e arquitetura com a morte, além de conceitos psicológicos e técnicos essenciais para o desenho dos espaços. Já no segundo semestre, tomou-se a liberdade para propor uma sequência de acontecimentos, que são na verdade os ritos da morte, de maneira a criar um espaço formado pela intenção de criar atmosferas diferenciadas, com poética dramática e proporcional à temática escolhida. O projeto arquitetônico deste trabalho se trata de um projeto preliminar, com propostas iniciais detalhadas que tem como um dos objetivos, aproveitar o período de formação acadêmica e início da vida profissional para aguçar o interesse próprio e de outras pessoas para temas e propostas que sejam diferentes e contribuam para a diversidade e qualidade arquitetônica dos espaços.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARIÈS, Philippe. A história da morte no ocidente. Trad. Priscila Viana de Siqueira. Ed. Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira (Saraiva de bolso), 2012 GODELIER, Maurice (Org.). Sobre a morte: invariantes culturais e práticas sociais. Trad. De Edgard de Assis Carvalho e Mariza Perassi Bosco. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2017. 368 p. JUNG, C. G., Maurie-Louise Von Franz. O homem e seus símbolos. Nova Iorque: Dell Pub, 1968. MORIN, Edgar. O homem e a morte. 2. ed. Portugal: Publicações Europa-América, 1970 PETRUSKI, M. A cidade dos mortos no mundo dos vivos – os cemitérios. Revista de História Regional 11 (2), 93-108, 2006 RASMUSSEN, Steen Eiller. Arquitetura Vivenciada. São Paulo: Martins Fontes, 1998. RECOMPOSE. FAQ. Disponível em: <https://www.recompose.life/> Acesso em: 28 de maio de 2019. ZUMTHOR, Peter. Atmosferas: entornos arquitectónicos – Las cosas a mi alrededor. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2006. ZUMTHOR, Peter. Pensar la arquitectura. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 2005.

REFERÊNCIAS DAS FIGURAS FIG.1 : Danse Macabre, Totentanz. Disponível em: < https://www.caoscultural.com.br/single-post/2016/11/26/Totentanz-a-Dan%C3%A7a-Macabra> FIG.2: Mestre E.S. Ars Moriendi. Disponível em: https://tendimag.com/2017/10/13/o-galo-e-a-morte-revisto/05-mestre-e-s-ca-1450/ FIG.3: A morte de Sardanapalo. Autor: Eugène Delacroix. Disponível em: http://warburg.chaa-unicamp.com.br/obras/ view/9412 FIG.4: Nichos no cemitério da Ilha do Governador. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/rio/rio-vai-receber-mais-de-10-mil-jazigos-ecologicos-21099079.html FIG.11: Kuauwa Auwa – Pilar sagrado do povo achilpa. Fonte: https://cristianaserra.wordpress.com/2014/08/15/axis-mundi-o-eixo-cosmico/ [autor desconhecido] FIG. 12: Templo de Barabudur, em Java. Fonte: Trover [autor: kileeTRAVELS] FIG.13: Rituais Hindus no Rio Ganges, Índia. Disponível em: https://tv124.iol.pt/internacional/tvi24/hindus-celebram-ritual-de-banhos-no-rio-ganges FIG. 14: Pedreira do Morato (local de projeto) Foto: Wanderdrone. Fonte: Acervo Pessoal FIG. 15: Fotografia de um Carvalho. Disponível em: https://orixaessenciadivina.wordpress.com/2015/09/21/conhe-

98 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ca-10-arvores-sagradas/ FIG. 16: Ponte sobre um rio. FIG.17: Therme Vals, Peter Zumthor. Disponível em: https://www.revistanotas.org/revistas/32/56-un-libro-atmosferas,-de-peter-zumthor FIG.18: Interior da Igreja da Sagrada Família em Barcelona. Foto: Autor Fonte: Acervo Pessoal. FIG19: Igreja da Luz, Tadao Ando. Disponível em: https://conarqket.wordpress.com/2014/10/25/tips-de-arquitectura-la-importancia-de-la-iluminacion-en-la-arquitectura-3-colores-y-3d/ FIG.20: Capela de Campo Bruder Klaus, Peter Zumthor. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/0155975/capela-de-campo-bruder-klaus-peter-zumthor/1295916578-ludwig-bruderklauschapel-no06/ FIG.21: Planta e cortes do Museu. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/323555554457974846/ FIG.22: Cortinas de água. Disponível em: http://www.galinsky.com/buildings/sayamaike/index.htm FIG. 23: Vista externa da Capela na Água, Tadao Ando. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-58296/ classicos-da-arquitetura-igreja-sobre-a-agua-tadao-ando/1292942799-1292883006-cow12/ FIG.24: Vista Interna da Capela na Água, Tadao Ando. Disponível em: https://br.pinterest.com/ pin/442056519669496120/?lp=true FIG.25: Espaço interno, Therme Vals, Peter Zumthor. Disponível em: https://www.revistanotas.org/revistas/32/56-un-libro-atmosferas,-de-peter-zumthor FIG.26: Área externa, Therme Vals, Peter Zumthor. Disponível em: https://arcspace.com/feature/vals-thermalbaths/ FIG.27:Fachada do edifício técnico, Crematório Heimolen, Kaan. Disponível em: https://www.archdaily. com/428104/crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten/52313366e8e44e283000004d-crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten-photo?next_project=no FIG.28: Implantação do projeto, Crematório Heimolen. Disponível em: https://www.archdaily.com/428104/crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten/52313235e8e44efffa000047-crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten-site-plan?next_project=no FIG.29: Edifício de recepção, Crematório Heimolen. Disponível em: https://www.archdaily.com/428104/crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten/52313176e8e44e2830000047-crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten-photo FIG.31: Pedreira do Morato (local de projeto). Foto: Wanderdrone. Acervo Pessoal FIG.33, 34,35,26: Pedreira do Morato (local de projeto) Foto: Wanderdrone Acervo Pessoal

REFERÊNCIAS DAS FIGURAS

99



Implantação geral Implantação do Jardim da Memória Apoio ao jardim Implantação dos edifícios Administrativo / Técnico Café Velórios Transformação Centro eumênico Torre / Columbário Casas das Famílias

1/17 2/17 3/17 4/17 6/17 8/17 9/17 11/17 13/17 14/17 17/17

O PROJETO - DETALHAMENTO

ANEXO




































Gabriel Ferreira Pasqualin +55 19 9 9332 5098 gabrielpasqualin@hotmail.com



ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA


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