RECONHECIMENTO DO OBJETO: A CIDADE DE TATUÍ E A COMPANHIA DE FIAÇÃO E TECELAGEM SÃO MARTINHO A CIDADE DE TATUÍ
O CONJUNTO FABRIL DA COMPANHIA DE FIAÇÃO E TECELAGEM SÃO MARTINHO A CIDADE DE TATUÍ HOJE
A partir da década de 1860 chegaram à cidade de Tatuí as primeiras sementes do algodão herbáceo, importadas dos Estados Unidos da América. Estas devido a boa adaptação ao clima e a pronta aceitação por parte dos agricultores, tranformaram aquela localidade na maior produtora do chamado “Ouro Branco” ou ainda “Algodão Tatuí” no sul do país. Em consequência desta próspera cultura surgiram em Tatuí, três importantes tecelagens: a “Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho”, a “Fiação Santa Cruz”- também conhecida como Campos Irmãos- e a “Fiação Santa Izabel”, as quais foram, por muitos anos, responsáveis pela manufatura do algodão produzido na cidade. Após franco declínio das tecelagens da cidade, a cidade adota uma nova vocação: a música.
AS DIFERENTES TIPOLOGIAS DO CONJUNTO FABRIL
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Nota-se que apesar da tradição agrícola do município a maior fonte de renda da cidade hoje é a indústria. Fonte:
O CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL “Dr. CARLOS DE CAMPOS”
A Tatuí de hoje, tem cerca de 110 mil habitantes, os quais vivem da indústria, do comércio, de serviços e da agropecuária. A cidade localizada no centro-oeste do estado de São Paulo, tem 524,16Km², e fica a aproximadamente 140Km da capital paulista, fazendo divisa com as cidades de Boituva, Itapetininga, Capela do Alto e Cesário Lange. Apesar de ser uma cidade de médio porte, ainda apresenta ares de interior, com o comércio bastante concentrado, a praça da Igreja Matriz e o Largo do Mercado. Do ponto de vista econômico, a cidade tem progredido, com a chegada de novas indústrias de grande porte, no entanto muitos tatuianos instalam-se em outras localidades em busca de melhores oportunidades de emprego. A infra-estrutura local foi ampliada, com a construção de novos postos de saúde e creches. Mas, a cidade ainda é bastante carente no que diz respeito a equipamentos públicos, tais como parques, praças e áreas para a prática esportiva e o lazer.
Há 56 anos, a cidade abriga o único conservatório público do país, a maior escola de música da América Latina. O Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, que têm hoje 2669 alunos, de vinte estados barsileiros e de vários países. Apesar da sua sólida estrutura educacional, a estrutura física da escola é bastante deficitária. No presente, a instituição conta com seis edifícios, entre casas e prédios, alugados para atender suas demandas físicas. Estes, inadequados à educação musical, apresentam espaços pequenos, com tratamento acústico ineficiente ou inexistente.
O edifício sede do Conservatório de Tatuí e seus anexos, dispersos pela região central da cidade.
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Os edifícios institucionais da cidade de Tatuí, com valor arquitetônico ou histórico. Destaque para a Fiação Campos Irmãos, um dos dois objetos protegidos pelos meios legais na cidade.
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O conjunto arquitetônico da Companhia, está implantado na área central da cidade de Tatuí, ocupando cerca de 47.000m²; dos quais 13000m² correspondem aos galpões fabris principais. Os restantes somam 39 casas operárias, a casa de morada dos técnicos/administrador, o casarão do proprietário e terrenos vazios. Este é um dos poucos conjuntos fabris remanescentes do apogeu industrial paulista vivido em fins do século XIX e início do século XX ainda em razoável estado de conservação. Sob o ponto de vista formal e construtivo, as edificações apresentam diferenças relacionadas ao programa de uso. As moradias operárias são bastante modestas, sem ornatos ou detalhes decorativos nas fachadas. Já a casa de morada dos técnicos e do administrador, além de ser bem mais ampla e confortável, localiza-se em um terreno de esquina, tendo um tratamento de fachada mais rebuscado, com alguns elementos decorativos. O casarão do proprietário, de tendência estilística afiliada ao ecletismo, é bastante imponente, apresentando uma grande riqueza de detalhes e ornamentos. Todas as construções do conjunto, incluindo-se os galpões fabris, são edificadas em alvenaria de tijolos portantes rebocados, material regional- a cidade de Tatuí destacase ainda hoje pelo grande número de cerâmicas e olariascaracterísticas típicas dos espaços fabris.
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Quanto ao patrimônio arquitetônico na cidade de Tatuí, tem sido constante as demolições de construções antigas, de valor, porém ainda não reconhecidas pelos orgãos públicos. Tais edificações, são de modo geral de particulares, sendo que as edificações públicas, que tanto testemunham a história da cidade, ainda encontramse em uso e bom estado de conservação. Hoje apenas o conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho e a Fiação Campos Irmãos são tombadas pelo orgão estadual de preservaçãoCONDEPHAAT.
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O PATRIMÔNIO CIDADE DE TATUÍ
Jo
A Fiação Santa Isabel.
a
A Fiação Campos Irmãos.
O PASSADO FABRIL
Ru
A primeira indústria da cidade de Tatuí, a Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, 1910.
METODOLOGIA- ETAPA 01
RECONHECIMENTO DO OBJETO: A CIDADE E O CONJUNTO
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RECONHECIMENTO DO EDIFÍCIO- NÍVEL 1
METODOLOGIA- ETAPA 01
LEVANTAMENTO MÉTRICO
INTERVENÇÕES PROPOSTAS NA EDIFICAÇÃO
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2
5
4
3 1
REGISTRO FOTOGRÁFICO
1
2
3
4
5
6
RECONHECIMENTO DO EDIFÍCIO FABRIL- NÍVEL 1
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RECONHECIMENTO DO EDIFÍCIO- NÍVEL 2
METODOLOGIA- ETAPA 01
LEVANTAMENTO MÉTRICO
INTERVENÇÕES PROPOSTAS NA EDIFICAÇÃO
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7 8
9
REGISTRO FOTOGRÁFICO
7
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RECONHECIMENTO DO EDIFÍCIO- NÍVEL 2
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RECONHECIMENTO DO EDIFÍCIO FABRIL- NÍVEL 3
METODOLOGIA- ETAPA 01
LEVANTAMENTO MÉTRICO
INTERVENÇÕES PROPOSTAS NA EDIFICAÇÃO
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13
17 15
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REGISTRO FOTOGRÁFICO
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RECONHECIMENTO DO EDIFÍCIO FABRIL- NÍVEL 2
04/13
DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO: ESTUDO DA CRONOLOGIA ARQUITETÔNICA 4° PERÍODO
3° PERÍODO
2° PERÍODO
1° PERÍODO
METODOLOGIA- ETAPA 02
bloco A
bloco B
DATA: 1881
DATA: indefinida
DATA: indefinida
DATA: indefinida
CARACTERÍSTICAS AINDA PRESERVADAS: Merecem destaque a caldeira, primeira fonte de energia motriz da Companhia, ainda instalada no edifício e o pátio interno, que articula os diversos setores da produção fabril e serve como praça de encontro e chegada do funcionários da Companhia. Ainda é possivel afirmar que o perímetro e a articulação dos espaços se mantém como a época do início da produção fabril.
Este período, configura-se em dois blocos , dos quais um encontra-se bastante alterado e o outro apresenta características bem próximas de um estado original pré-existente.
CARACTERÍSTICAS AINDA PRESERVADAS: Os blocos pertencentes ao terceiro período construtivo da tecelagem, têm como principais características o uso de vigas e pilares pré-fabricados (Figura 09- 10)- que permitem um maior distanciamento entre pilares- e amplos espaços (Figura 11-12), típicos dos espaços fabris.
As construções pertencentes a este período divergem significativamente dos demais blocos componentes da tecelagem. Merece destaque o único grande bloco do conjunto, de cobertura curva e metálica, ao contrário do restante do conjunto, edificado em telhados de águas com telhas cerâmicas.
ALTERAÇÕES SINALIZADAS: É visível o uso de materiais mais recentes, como laje protendida- com peculiar travamento (figura 01)- e janelas em ferro, tipo basculante. Destaca-se ainda a irregularidade no alinhamento dos pilares em alguns ambientes, fruto de ampliações e reformas a que os edifício fora submetido ao longo dos anos.
Figura 01- Grande galpão da fabril da tecelagem: peculiar travamento da laje protendida, sinaliza intervenções posteriores a data de construção do edifício.
Figura 03- Vista interna de um dos ambientes que correspondem ao primeiro período construtivo da Companhia. Destaque para a irregularidade dos pilares, indício de reforma ou ampliação posterior a data de construção.
Figura 02- Caldeira para geração de energia à vapor, primeira fonte de energia da Companhia.
CARACTERÍSTICAS AINDA PRESERVADAS: O bloco A (figura 05-07) possui características que sinalizam uma proximidade com um estado original, tais como: piso e paredes em tijolo cozido, pilares e estrutura do telhado em madeira, trilhos férros que funcionam como vigas. ALTERAÇÕES SINALIZADAS: O bloco B, bastante descaracterizado, usa-se de materiais recentes, se comparados ao bloco A, e portanto a sua “data” de construção. O forro tipo paulistinha e as divisórias em madeira compensada evidenciam tal circunstância.
Figura 05 (bloco A)- Apesar deste galpão pertencer ao
segundo período construtivo da tecelagem, hoje é o que apresenta características mais próximas de um estado dito
Figura 04- Pátio interno que articulava a área administrativa, a oficina de reparos e a tecelagem propriamente dita.
Figura 07 (bloco A)-Em destaque uma das paredes do galpão: seus ornamentos e o vão marcado a direita sugerem que esta deveria ser a parte da fachada da fábrica antes da construção deste bloco.
Figura 06 (bloco A)- Os pilares em madeira, o piso de tijolo
cozido e as vigas de trilhos férreos indicam as ampliações da edificação, em parte improvisadas.
Figura 08 (bloco B)- Destacam-se o forro tipo paulistinha e os azulejos anos 1950.
ALTERAÇÕES SINALIZADAS: Como o bloco em questão é visívelmente mais recente, as alterações encontradas limitam-se ao fechamento ou abertura de envasaduras e a troca de caixilhos, adaptações rotineiras, tanto pelas exigências e adequações ao processo fabril quanto pela necessidade de manutenção no edifício.
Figura 09- Arcos nas paredes internas deste bloco, mostram
que, apesar de mais recente, este foi pouco alterado após sua construção.
Figura 10- Destaque para os pilares e vigas pré-fabricados.
Figura 11 e 12- Distância entre pilares e envasaduras mais generosas, são uma evidência de que tais galpões são mais novos.
CARACTERÍSTICAS AINDA PRESERVADAS: Estes blocos não apresentam características fabris marcantes, no entanto, nota-se que o conjunto sofreu poucas alterações após sua construção. ALTERAÇÕES SINALIZADAS: Não são visíveis alterações descaracterizantes neste período construtivo da Companhia.
Figura 13- Espaços “improvisados” e rudimentares caracterizam esta última fase construtiva
Figura 15- A cobertura curva em estrutura e telhas metálicas
é, pelo próprio material adorado, nitidamente mais recente. O bloco, seja pelos materiais constituintes adotados, seja pela forma, difere-se bastante do restante do conjunto fabril.
Figura 14- Apesar de pertencer ao último período construtivo
da Companhia, a falta de conservação levou a intensa degradação deste bloco, com patologias de ordem diversa.
Figura 16- O muro de fechamento que circunda toda a entrada
principal e mais emblemática da Companhia (vista interna). Segundo indícios fotográficos foi uma das últimas anexações recebidas pelo conjunto.
ESTUDO SOBRE A DIVISÃO DO PROCESSO FABRIL NOS GALPÕES DA COMPANHIA NÍVEL 1
NÍVEL 2
SANITÁRIOS
ENGOMADEIRA E CIRSIDEIRA
NÍVEL 3
FILATÓRIOS E CONICALEIRA
TECELAGEM
ENTRADA PRINCIPAL ADMINISTRAÇÃO
OFICINA-MANUTENÇÃO MAQUINÁRIO
A edificação fabril em questão, mostra-se hoje com descaracterização geral de materiais e elementos de significância fabril, situação que se assemelha a outros exemplares contemporâneos à Companhia. Deste modo, o presente estudo da cronologia arquitetônica da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, apoio-se na comparação de fotos de diferentes épocas entre si e também com o estado atual do edifício. Para tanto, foram observadas os seguintes indícios: • alterações volumétricas e de texturas; • alterações de vãos. Ainda, afim de facilitar o compreendimento da evolução construtiva da Companhia, procurou-se, por meio de vestígios construtivos e entrevistas com antigos trabalhadores, distinguir a função original dos espaços internos do edifício no processo de produção fabril.
REFEITÓRIO
áreas não identificadas
ESTUDO DA CRONOLOGIA ARQUITETÔNICA
05/13
AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DAS FACHADAS: VOLUMETRIA, ENVASADURAS E ELEMENTOS CONSTRUTIVOS- FACHADA A MOSAICO FOTOGRÁFICO: estado atual do conjunto fabril e identificação de seus períodos construtivos
2° PERÍODO
METODOLOGIA- ETAPA 02 4° PERÍODO
FACHADA A
3° PERÍODO 3° PERÍODO 4° PERÍODO
FACHADA B FACHADA C
ESTUDO
4° PERÍODO 2° PERÍODO 1° PERÍODO 3° PERÍODO 4° PERÍODO
MOSAICO FOTOGRÁFICO: identificação das envasaduras originais e de ritmos da fachada
vãos a recuperar vãos atuais
PARTIDO
Análise crítica da volumetria e das envasaduras da fachada “A” do conjunto fabril
Fachada “A” proposta para a nova sede do Conservatório de Música de Tatuí-SP
O estudo crítico das alterações de envasaduras (diminuição, aumento ou troca de caixilhos) permitiu entender melhor como o edifício se desenvolveu construtivamente, em função das ampliações e reformas, uma decorrência da modernização dos processos fabris. A partir da análise das alterações físicas e formais perceptíveis, por meio de acidentes construtivos, texturas, adição volumétricas entre outros, instituimos parâmetros temporais para o estabelecimento de um partido de
intervenção.O que era significativo para contar “fisicamente” a história da fábrica? O que poderia ser demolido ou preservado? Com estas respostas, optou-se por recuperar os vãos originais encontrados nas fachadas e pela substituição dos heterogêneos caixilhos encontrados atualmente por outros, padronizados, com desenho próprio, porém que respeitem as características materiais e formais de construção.
AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DA FACHADA “A”
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AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DAS FACHADAS: VOLUMETRIA, ENVASADURAS E ELEMENTOS CONSTRUTIVOS- FACHADA B MOSAICO FOTOGRÁFICO: estado atual do conjunto fabril e identificação de seus períodos construtivos
2° PERÍODO
Análise crítica da volumetria e das envasaduras da fachada “B” do conjunto fabril
1° PERÍODO
METODOLOGIA- ETAPA 02 FACHADA A
2° PERÍODO
FACHADA B FACHADA C
tipo de envasadura sinalizada por foto antiga (1902)
PARTIDO
ESTUDO
Optou-se por não se reconstituir a envasadura de topo curvo, pois apesar de ser mais antiga, mais próxima do estado original, tal abertura destoaria do modelo de vãos existente no restante da edificação. Do mesmo modo, manteve-se a porta lateral, ao invés de substituí-la por uma janela, assim pode-se usa-lá como uma alternativa a entrada principal em dias de evento na escola.
MOSAICO FOTOGRÁFICO: identificação das envasaduras originais e de ritmos da fachada
Fachada “B” proposta para a nova sede do Conservatório de Música de Tatuí-SP
vãos a recuperar vãos atuais
AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DA FACHADA “B”
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DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO: AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DAS FACHADAS: VOLUMETRIA, ENVASADURAS E ELEMENTOS CONSTRUTIVOS- FACHADA C
METODOLOGIA- ETAPA 02 FACHADA A
MOSAICO FOTOGRÁFICO: estado atual do conjunto fabril e identificação de seus períodos construtivos
4° PERÍODO
2° PERÍODO
1° PERÍODO
FACHADA B
3° PERÍODO
FACHADA C
3° PERÍODO
ESTUDO
4° PERÍODO 4° PERÍODO 2° PERÍODO
MOSAICO FOTOGRÁFICO: identificação das envasaduras originais e de ritmos da fachada
1° PERÍODO 2° PERÍODO
3° PERÍODO
4° PERÍODO
vãos a recuperar vãos atuais
PARTIDO
Análise crítica da volumetria e das envasaduras da fachada “C” do conjunto fabril
Fachada “C” proposta para a nova sede do Conservatório de Música de Tatuí-SP
AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DA FACHADA “C”
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IMPLANTAÇÃO- DIRETRIZES PROJETUAIS
METODOLOGIA- ETAPA 04
METODOLOGIA- ETAPA 03 DIRETRIZES DE PROJETO
A complexidade do programa do Conservatório de Tatuí, com as muitas especificidades inerentes a uma instituição deste porte- salas que vão desde o estudo individual até ensaios para 60, 80 pessoas, biblioteca, aulas teóricas, administração, convívio, moradia- exige uma hierarquização de espaços. Para tanto, propõem-se que a escola seja desmembrada em seis blocos que, acredita-se, não prejudicarão sua administração pela setorização proposta e também pela proximidade entre os edifícios. No entanto, as áreas necessárias ao bom funcionamento da escola de música, extrapolam as edificações hoje existentes no conjunto da Companhia. Buscando sanar esse déficit e oferecer espaços de qualidade para os freqüentadores do Conservatório, indica-se a construção de um novo edifício, no terreno da própria Companhia, atrás dos galpões da fábrica. Neste estariam abrigados o refeitório e suas dependências, salas de aula teórica, estacionamento e uma ampla praça de convívio. Propõe-se também que a área de dramaturgia continue instalada no atual prédi-sede, aproveitando-se da estrutura já existente e da proximidade com o Teatro “Procópio Ferreira”. Deste modo, o programa apresenta-se disposto da seguinte forma: - Moradias estudantis: casas operárias; - Biblioteca: casa do administrador; - Complexo de entretenimento e lazer: casarão do proprietário; - Escola de música: galpões fabris principais; - Auditório de câmara e espaço para eventos: galpões fabris secundários - Estacionamento, sala de aulas teóricas, refeitório: nova construção em terrenos da própria Companhia. Para o desenvolvimento do projeto sobre o pré-construído a que este trabalho final se propõe, atentaremos aos galpões fabris da tecelagem, tendo em vista a complexidade do programa estudado, a vasta área da Companhia e os limites estabelecidos pelo tempo. DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO Após a análise crítica das envasaduras atualmente encontradas na edificação fabril e do estabelecimento de uma cronologia construtiva, ambas baseadas em indícios construtivos e comparação do estado atual com fotos antigas, foi possível se estabelecer as diretrizes de intervenção sobre o pré-construído baseada na mínima intervenção sobre o objeto: - PRESERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FABRIS E ARQUITETÔNICAS MARCANTES Foram selecionadas as características emblemáticas do edifício, afim de preservar as características e peculiaridades fabris, ressaltando a importância da indústria como raro exemplo do apogeu industrial do estado de São Paulo ocorrido em fins do dezenove e início do século XX e ainda, a significância desta indústria para o desenvolvimento urbano da cidade de Tatuí. Priorizou-se características arquitetônicas tais como: a grande caldeira, primeira fonte de energia motriz da Companhia, a laje protendida, com peculiar travamento, encontrada no segundo piso, os acessos e os materiais brutos. Para alguns blocos de edifícios locados mais ao fundo do lote e nítidamente mais recentes, foi proposta a demolição, tendo em vista que estes apresentam características bastante distintas do restante do conjunto, comprometendo inclusive sua unidade formal. Por outro lado, a fachada principal da indústria será completamente preservada, com alterações apenas de caixilhos, já que nela estão os referenciais arquitetônicos mais expressivos do conjunto. - USO DE MATERIAIS CONTEMPORÂNEOS Todas as intervenções propostas têm linguagem contemporânea, buscando distingui-las das características fabris encontradas anteriormente no edifício fabril. No entanto, tais materiais, o alumínio com pintura tipo aço córten usado nos novos caixilhos propostos e as chapas de madeira laminada que revestem as salas acusticamente tratadas, não devem se sobressair ao pré-existente, mas sim ter o mesmo peso, formando um conjunto harmônico e visualmente agradável.
IMPLANTAÇÃO- DIRETRIZES PROJETUAIS/ INTERVENÇÃO
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PLANTAS- NÍVEIS 1 e 2
METODOLOGIA- ETAPA 04
NÍVEL 2- cota 3,65 NÍVEL 1- cota 0,00
Nível 1- cota 0,00 Escala 1:200
Nível 2- cota 3,65- acesso principal Escala 1:200
PLANTAS NÍVEL 1 e 2
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PLANTAS- NÍVEL 3, PERSPECTIVAS INTERNAS, DIRETRIZES PAISAGÍSTICAS
METODOLOGIA- ETAPA 04
NÍVEL 3- cota 7,65
DIRETRIZES PAISAGÍSTICAS
Espaço de convívio, acesso à internet e descanso- Nível 01.
Salas de estudo individual, circulação- Nível 02.
Nível 3- cota 7,65 Escala 1:200
Pátio interno, circulação e acesso à administração da escola.- Nível 02.
PLANTA NÍVEL 3- PERSPECTIVAS- PAISAGISMO
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CORTES AA e BB
METODOLOGIA- ETAPA 04
CORTE AA
CORTE BB
CORTES AA e BB
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DETALHAMENTO: SALA DE ESTUDO INDIVIDUAL e ESQUADRIAS SALA DE ESTUDO INDIVIDUAL
PROPRIEDADES ACÚSTICAS DA EDIFICAÇÃO E A SALA DE ESTUDOS INDIVIDUAIS As salas de aula e estudo pensadas para o projeto da nova sede do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” apresentam diferentes tamanhos, procurando atender de maneira satisfatória a todas as necessidades da escola. Para tanto, forma usadas as seguintes configurações: - salas individuais: voltadas para o estudo individualizado,fora do horário de aula; - salas para até oito alunos: focando as aulas e ensaios de grupos menores, como quartetos, quintetos e sextetos. Estas salas possuem portas camarão entre si, as quais quando abertas unem-as, dobrando sua capacidade e sua área; -salas de aula para até 20 alunos: atendimento a grupos maiores, ensaio de canto e instrumentos -sala para ensaio de grande coro: este espaço pode receber, além de ensaios, atividades extras, como palestras e conferências, abrigando até 70 pessoas; - ensaio sinfônico: com capacidade para 90 pessoas, esta sala, bem como a de ensaio para grande coro, pode abrigar também workshops, palestras e congressos.
METODOLOGIA- ETAPA 04 JANELAS TIPO
JANELA TIPO 01: modelo: pivotante vertical dimensões 1,50m x 2,50m
JANELA TIPO 02: modelo: vidro fixo e pivotante horizontal dimensões 1,50m x 2,50m
APLICÁVEL NOS SEGUINTES MODELOS: J1, J5, J6, J10,
APLICÁVEL NOS SEGUINTES MODELOS: J2, J3, J4, J8, J9
Em todos estes ambientes, foi usada a forma de “caixa de sapato”, que, além de ser acusticamente ideal, ainda facilita o desenvolvimento das atividades da escola e a articulação dos espaços internos. Para detalhamento, escolhemos a sala de estudo individual, que, por ser menor, pode apresentar maiores dificuldades quanto ao isolamento e a boa qualidade sonora. SALA DE ESTUDO INDIVIDUAL Materiais: Optou-se pelo uso de materiais novos e de alta tecnologia para o desenvolvimento da sala de estudo individual, afim de assegurar uma alta eficiência acústica, reduzir as espessuras de parede, piso e teto e também proporcionar espaços esteticamente interessantes. Paredes: Parede Knauf Drywall W116: - espessura total da parede: 160mm, - isolamento acústico com lá mineral: de 55db a 57 db
Teto: Teto Knauf Cleaneo Acústico, modelo Aleatória, com 15 furos redondos - Espessura 1,2mm, - Isolamento acústico com lã mineral: 64 db
Piso: Piso Elevado Knauf FHB 32 - espessura total de 32mm - isolamento acústico sem acabamento, com fita isolante: 55db.
Revestimento interno: Chapas de MDF Ideatec, Ideacustic 16 cor Roble espessura 12mm
Pintura interna: Tinta látex Coral, cor Pérola Natural (10YY 83/029)
Revestimento externo: Chapas de MDF Ideatec Lisas, - Cor: Roble - Espessura 12mm
Sabe-se que isolamentos próximos de 60 db são bastante satisfatórios, deste modo nota-se que os materiais adotados, se instalados de maneira correta, de acordo com as recomendações do fabricante, atendem a todas as necessidades acústicas desses pequenos ambientes. O ponto crítico deste modelo de sala, seria a porta, que apresenta maior dificuldade de isolamento.Visando minimizar este problema, propõem-se que as portas sejam de correr, com borracha tipo neoprene em todo o vão, e ainda que, quando fechadas, fiquem embutidas nos fechamentos laterais. Ainda, optou-se por trabalhar com o teto da sala levemente inclinado, assim, não paralelo ao piso, evita-se o chamado efeito “pingue-pongue”- formação de ecos sucessivos que prejudicam o entendimento do som-muito comum em salas de formato retangular. Quanto aos acabamentos internos, em duas das paredes indica-se o uso de placas de mdf, as quais teriam função absorvente e ainda contribuem para que o estudante sinta-se confortável e aconchegado ao usar a sala. Nas outras duas faces, optou-se por uma pintura com tinta látex, de cor clara, não havendo necessidade do uso de outros materiais de revestimento com propriedades acústicas. A sala, por ser pequena, exige ar condicionado e ventilação forçada. Para tanto há, entre uma sala e outra, uma espécie de shaft onde ficam os equipamentos destinados a este fim, sendo estes apoiados em borrachas, evitando trepidações e possíveis ruídos dentro do espaço de estudo. O compartimento é acessado pelas suas laterais, com fácil acesso e conseqüente manutenção. Todo o cabeamento destes sistemas é feito, do shaft até a sala pelas vigas U eu as envolvem, sendo elas “ocas”por dentro.
Vista externa da sala de estudo individual Vista interna, sala com piano vertical.
Vista interna, sala com sistema de vídeo
DETALHAMENTO
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