1 minute read

VANISHING POINT

VANISHING POINT é um conjunto de néons que começa, no alto da entrada da galeria, com a palavra “SHARK” (tubarão) sobreposta no “SH” por um “D” que transforma a leitura de “SHARK” em “DARK” e deixa clara a separação [e a própria “articulação”] de um dos princípios da linguagem: o “ARK”. Não há como negar a referência a uma “arca da aliança” (das “Escrituras Sagradas”), de algo arcaico, arqueológico, pré-histórico [como um tubarão]. Alguma coisa que se arquiva em um sentido que é sempre uma “construção fictícia”. Há uma chamada de atenção para a literalidade da letra e das operações lingüísticas de “articulação” que usamos sempre de “empréstimo”, sem compreendermos exatamente seus mecanismos e seu ponto de origem. Portanto, existe sempre algo que se esconde, que desaparece nesses caminhos todos. A seqüência de esculturas de néon descendo do alto da palavra SHARK / DARK inscreve seis vezes o conjunto tríptico das palavras “FADING ALWAYS HIDING” (todas elas também compostas de seis letras). Ao chegar ao chão, esse conjunto encontra a palavra “SPIRIT” arquitetada como uma escultura em néon branco, em que o “S” está de pé e as demais letras vão se inclinando lentamente até se encerrar com o “T” deitado no chão da galeria. O “S”, inicial de “SHARK”, também é a inicial de “SNAKE”. Removendo-se o “S” de “SNAKE” (serpente) e acrescentando um “D” de “DARK” no final, temos a exposição da nudez da palavra NAKED (nu). É também o mesmo “S” que transforma a palavra “WORD” em uma arma “SWORD” (espada). A inocência da linguagem já está perdida desde a sua origem. Nas “Sagradas Escrituras”, é uma serpente que induz Eva a comer da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, pecado original, razão para a expulsão do paraíso mítico. O “T” não deixa de ter a forma de um “Tao”, representação predileta de uma cruz para São Francisco de Assis. O “SHARK” separado por seis seqüências de “FADING ALWAYS HIDING” se conecta indiretamente com o “SPIRIT”. SHARKSPIRIT seria uma brincadeira com um nome que já é uma grande e bem humorada invenção lingüística: SHAKESPEARE.

Advertisement

This article is from: