Relatório do Projeto Geleia Geral

MEMORIAL 2020

TRABALHO APRESENTADO NO CURSO DE GRADUAÇÃO DE DESIGN GRÁFICO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO

RELEITURA DAS CAPAS DOS DISCOS DA TROPICÁLIA NA ATUAL CONJUNTURA POLÍTICA E SOCIAL

PROJETO DESENVOLVIDO POR: MONIQUE GAIGHER ORIENTADOR: VITOR FERNANDES COORDENADOR DO CURSO: ELWYN CORREIA

SÃO PAULO, 2020

AGRADE CIMEN TOS

A graduação sempre foi um grande objetivo pra mim, hoje eu encerro esse ciclo muito feliz comigo mesma, por ter superado cada obstáculos e não ter desistido.

Gostaria de agradecer primeiramente a minha família, que sempre me incentivou a seguir na carreira criativa, vocês são muito importantes para mim.

Agradeço também a minha melhor amiga Hadassa, que há quinze anos me acompanha e me dá forças em todas as fases da minha e, especialmente, pela paciência e amor que teve em me motivar e ajudar na conclusão deste trabalho.

Gratidão aos meus amigos designers lindos, Gustavo, Ian, Rafael e Mikaele, que de alguma forma me apoiaram e contribuíram na minha evolução, não só com esse trabalho, mas também como designer.

Com o coração cheio de amor, agradeço profundamente os professores Vitor Fernandes, Luís Bagno, Aníbal Folco, Alessandro Camara e Rodrigo Maia, vocês foram essenciais para a minha evolução profissional, além de terem sido minha motivação durante esses três anos de curso, muito respeito à vocês.

Por último, e não menos importante, à família Pizzol que me acompanhou desde a minha chegada em São Paulo para que eu pudesse realizar o sonho de me formar, à minha segunda família, meu muito obrigada.

EPÍGRAFE “Conhecer essa história recente, esse momento no final da década de 60, eu acho que pra juventude brasileira hoje, e também pra juventude que está ao redor do mundo, é muito importante, porque acho que dá uma esclarecida em quem nós somos e como podemos ser. Acho também que temos uma grande fonte de inspiração para algumas coisas como: o fazer juntos, o poder reativo de ver aqueles artistas juntos, a importância de você se abrir para as influências que vêm de fora, assim como para dentro, conhecer sua raiz, eles faziam as duas coisas, e principalmente de viver o seu tempo.”

Marcelo Machado, diretor do filme Tropicália.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO

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TROPICÁLIA - O MOVIMENTO - O JOVEM TROPICALISTA - CONTEXTO HISTÓRICO - DIREITA EM VOGA - O JOVEM CONTEMPORÂNEO

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BRIEFING - MERCADO - CONCORRÊNCIA - CONSUMIDOR - CARACTERÍSTICAS - ONDE ESTÃO - LIFE STYLE - PERSONA

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CONCEITUAÇÃO - MAPA DE EMPATIA - PAINEL SEMÂNTICO - PAINEL IMAGÉTICO

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- PROJETO - A MARCA - ANÁLISES DISCOS CAETANO VELOSO GILBERTO GIL TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS TOM ZÉ ROGÉRIO DUPRAT JORGE BEN - RELEITURAS CAETANO VELOSO GILBERTO GIL TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS TOM ZÉ ROGÉRIO DUPRAT JORGE BEN - PRODUTOS FINAIS CAPAS DOS DISCOS ENCARTES | VERSO | VINIL DIVULGAÇÃO PEÇAS DA MARCA

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INTRODUÇÃO Velho, antigo e vintage são essas as classificações que damos às coisas que antecederam o nosso tempo. Tais classificações, no entanto, sofreram alterações, o que antes era visto como brega e antiquado, passou a ser considerado descolado e original.

Não por acaso, o mercado de vinis está em ascensão, encantando o jovem moderno. De acordo com o jornal Estadão, desde 2010 as vendas de LPs triplicaram nos Estados Unidos. No Reino Unido, o setor obteve em 2016 seu maior faturamento nos últimos 25 anos. Além disso, um relatório feito pela HTF Market Intelligence mostra que esse mercado crescerá 55% até 2020, mesmo com a proliferação do streaming.

No Brasil, o vinil teve seu importante papel em diversos momentos de nossa história, em especial na Tropicália. Tal nome, surgiu de uma instalação criada pelo artista plástico Hélio Oiticica, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1967. Esse movimento emergiu em meio ao clima de conflito do Golpe de 1964, quando a música pós-bossa nova e o gosto popular do país estavam cada vez mais tradicionais e nacionalistas. Por outro lado, rompendo esses ideais, surgiu o movimento tropicalista que não só focava nas riquezas da cultura brasileira, mas, também, acreditava na capacidade de incorporar influências de outras culturas, misturando e enriquecendo a nossa. Foram essas ideias que uniram, o que podemos chamar de tropicalistas, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Torquato Neto, Tom Zé, Jorge Ben, Gal Costa, Rogério Duprat, entre outros, que se reuniram com ideias de transgressão e liberdade diante dos padrões tradicionais e nacionalistas da época.

Por consequência, criavam músicas e arranjos musicais com forte influência do folclore e músicas típicas do nordeste brasileiro, misturando com samba, jazz, música erudita, pop e rock internacional. A tropicália causou mudanças profundas nos padrões estéticos brasileiros. Apesar de ter sido muito criticada por alguns, o movimento foi um marco que atingiu diferentes áreas da nossa cultural, modernizando e somando novos valores. Apesar do seu fim ter sido declarado em 1968, sua essência continou a influenciar novas gerações.

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O MOVIMENTO

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“O Tropicalismo surgiu mais de uma preocupação entusiasmada pela discussão do novo do que propriamente como um movimento organizado.”¹ O ponto de partida para esse movimento, deu-se no III Festival da Canção da TV Record, que ocorreu em 1967, São Paulo, onde Caetano Veloso apresentou Alegria, Alegria e Gilberto Gil, Domingo no Parque, tais canções confundiram os critérios do festival, por não se enquadrarem no que era chamado MMPB (Moderna Música Popular Brasil). Segundo esses critérios, as duas canções apresentavam uma certa ambiguidade que causava entusiasmo e desconfiança. De acordo com Favaretto (2000), a novidade nos arranjos e nas letras estavam distantes do que o público, jovens universitários, e os sistemas de festivais estavam acostumados. Gil e Caetano não ganharam o festival, mas lançaram algo novo: a experiência de misturar o pop, com baião, guitarra elétrica, bossa nova, aliada a letras inovadoras e críticas. A polêmica fez com que Caetano e Gil ficassem famosos, a mídia contribuiu muito para isso, veiculando declarações sobre posicionamentos artísticos e políticos conectados ao jovem de classe média, relacionando-os, vagamente, ao movimento hippie, que acontecia nos Estados Unidos.

O tropicalismo surgiu, assim, como moda; dando forma a certa sensibilidade moderna, debochada, crítica e aparentemente não empenhada. De um lado, associava-se a moda ao psicodelismo, mistura de comportamento hippie e música pop, indiciada pela síntese de som e cor; de outro, a uma revivescência de arcaísmos brasileiros, que se chamou de ‘cafonismo’ (FAVARETTO, 1979,p. 23).

política, social e filosófica e isso contribuiu para que, além das influências citadas anteriormente, eles sentissem a necessidade de expandir a visão de cultura. Entretanto, esse movimento não se limitou somente a eles e a música popular brasileira, mas também se entendeu para as artes plásticas, cinema, poesia, literatura, entre outros. Em uma entrevista sobre a Tropicália Caetano expressou:

Em 1967, havia uma forte expressão artística no cinema e teatro brasileiro, entrava em cartaz o filme Terra em Transe, do nordestino, Glauber Rocha. No teatro, estreava a peça Rei da Vela, escrita por Oswald de Andrade e dirigida por José Celso Martinez Corrêa. Além disso, na Inglaterra os Beatles lançavam o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, considerado um marco na história do pop/ rock, e que, inclusive, foi a inspiração para o álbum de Gilberto Gil, lançado em 1968. Essa onda de influências impactaram os artistas. De acordo com Caetano, ele e Gilberto Gil cresceram na Bahia cercados de referências que cultivavam a consciência

Eu e Gil estávamos fervilhando de novas idéias.

Havíamos passado bom tempo tentando aprender a gramática da nova linguagem que usaríamos, e queríamos testar nossas idéias, junto ao público. Trabalhávamos noite adentro, juntamente com Torquato Neto, Gal, Rogério Duprat e outros. Ao mesmo tempo, mantínhamos contatos com artistas de outros campos, como Glauber Rocha, José Celso Martinez, Hélio Oiticica e Rubens Gerchman. Dessa mistura toda nasceu o tropicalismo e a tentativa de superar nosso desenvolvimento partindo exatamente do elemento “cafona” da nossa cultura, fundindo ao que hou-

1. Cf. entrevista de Gilberto Gil a Augusto de Campos, Balanço da Bossa, 2.Cf. entrevista de Gilberto Gil a Augusto de Campos, Balanço da Bossa, 2. ed., São Paulo, Perspectiva, 1974, p. 193.

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O MOVIMENTO vesse de mais avançado industrialmente, como guitarras e as roupas de plástico (Favaretto, 1969, p.27).

A união dos artistas, que participaram desse rompimento junto à Gil e Caetano, se deu pela similaridade de ideias e objetivos, o movimento tropicalista queriam romper com a tradição, além de buscar a reestruturação das manifestações críticas e culturais que aconteciam em consequência ao golpe de 1964 (Favaretto, 2000).

O Modernismo de 1922, foi uma grande inspiração artística para a Tropicália, especialmente no que se diz respeito ao conceito da antropofagia, criado por Oswald De Andrade.

Voltando à questão essencial, é no encontro de música e poesia ou, melhor, entre melodia e texto que o tropicalismo fez a revisão da tradição musical brasileira, para o que muito contribuíram; a formação literária de seus integrantes (Drummond, João Cabral, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e, depois, Oswald de Andrade e a poesia concreta); a vivência musical variada (desde os ritmos regionais, as manifestações folclóricas e a música urbana, Beatles e Bob Dylan, jazz e bossa

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nova até música de vanguarda); e o conhecimento dos trabalhos de teatro, cinema e artes plásticas. O resultado deste trabalho antropofágico levou a um redimensionamento da estrutura da canção, não podendo ser entendido como simples influência ou adaptação de códigos ou estilos (Favaretto, 2000, p. 36).

Assim como o Movimento Moderno, a Tropicália objetivou romper com o tradicionalismo, valorizou a identidade e a cultura brasileira, explorou elementos externos junto aos nacionais, usou de experimentações, tanto estéticas quanto musicais, e valorizou a liberdade de expressão. Segundo Cunha (2010, p.17), “os modernistas queriam abrir caminho para que as novas gerações pudessem atuar livremente e não encontrassem de maneira alguma a descaracterização nacional com que estavam lidando”.

A forma difundida de pensar dos tropicalistas teve caráter antropofágico, porque essa se deu na união dos elementos da raiz cultural brasileira, vistos como “cafona”, atrelados ao folclore e influências consequentes da colonização do país, misturados ao que tinha de mais moderno do avanço industrial.

De acordo com Oswald, em Manifesto Antropofágico (1928):

[...] Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi or not tupi, that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago [...] (ANDRADE, 1928) Em outras palavras, a antropofagia cultural se apoia na ideia de que para evoluirmos culturalmente é necessário “devorar” outras culturas ao invés de excluí-las. Logo, podemos afirmar que a Tropicália teve fortes influências dos aspectos supracitados.

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O JOVEM TROPICALISTA - O JOVEM NA MÚSICA BRASILEIRA Entre os anos 1960 e 1970 a música brasileira vivia, o que podemos considerar, a época mais importante e rica do que hoje conhecemos como Música Popular Brasileira (MPB). Nesse período os festivais de música tinham um grande suporte do público, movimentos musicais como a bossa nova, jovem guarda, música de protesto e a tropicália faziam história nos palcos criando uma forte conexão com o público.

Todavia, após o golpe militar ser músico e se expor nesses festivais se tornou uma tarefa um tanto arriscada. Como já dizia Tom Zé, em suas entrevistas sobre Tropicália: "numa ditadura pensar é crime!".

Conforme Coelho (2010, p.39), “é em 1968 com a sua violência e truculência em expansão conectados à tensão entre a sociedade brasileira e o regime militar, que se cria um canal ideal entre cultura e projeto político revolucionário.

Os estilos musicais como bossa nova, jovem guarda e canção de protesto, tinham grandes destaques nesses festivais e já eram reconhecidos como música de qualidade pelo público, carregavam uma postura engajada e patriotista. A música de protesto tratava de assuntos como a miséria e o cotidiano do proletariado brasileiro nos centros urbanos, tinha caráter revolucionário por buscar a liberdade e sen-

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sibilizar seus ouvintes, em sua maioria de classe média alta, sobre a pobreza que reinava no Brasil.

Esses jovens eram engajados nos debates que ocorriam nos Centros Populares de Cultura (CPC), Teatro Arena e pela União Nacional dos Estudantes (UNE), entre eles o que mais se destacavam eram Carlos Lyra, Edu Lobo, Sérgio Ricardo, Geraldo Vandré e Chico Buarque de Holanda.

O III Festival da Record, foi o primeiro a ter contato com o início do movimento Tropicalista, quando Caetano ganha em segundo lugar com Alegria, Alegria e Gilberto Gil em terceiro, com Domingo no Parque. Todavia, no ano seguinte Gil e Caetano foram vaiados e rejeitados pelo público ao assumirem um posicionamento “mais tropicalista”, abordando uma linguagem mais simples, inserindo a guitarra elétrica no festival, usando roupas e mostrando uma atitude considerada como fora dos padrões, comparado ao que o público estava acustumado. Importante mencionar que a Tropicália não era compreendida pelo público naquele momento, eles entendiam que as composições e a harmonia não tinham posicionamento e conteúdo como a bossa nova, jovem guarda e canção de protesto. Segundo Favaretto (2000, p.28): “A mistura tropicalista notabilizou-se como uma forma sem gênero de inserção histórica no proces-

so de revisão cultural, que se desenvolvia desde o início dos anos 60. Os temas básicos dessa revisão consistiam na redescoberta do Brasil, volta às origens nacionais, internacionalização da cultura, dependência econômica, consumo e conscientização.

Tais preocupações foram responsáveis pelo engajamento de grande parte dos intelectuais e dos artistas brasileiros na causa da construção de um Brasil novo, através de diversas formas de militância política.”

A ruptura do movimento tropicalista se deu pela abordagem de uma nova linguagem, tendo como base a música tradicional brasileira, modificando-a e fazendo uma espécie de colagem de vários estilos musicais e culturais atrelados aos elementos modernos, criando assim, algo que não existia. Além de abraçarem as contradições da modernização, tornando-se objeto de análise musical, sociológica, literária e política, ou seja, fez-se necessário a análise crítica dentro da música brasileira. Apesar de abordarem, praticamente, os mesmo temas que as músicas vistas como conteudistas da época, os tropicalistas retratavam os assuntos de forma diferente, como podemos observar na declaração de Favaretto (2000, p.26):

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CONTEXTO HISTÓRICO “Diferentemente dos demais movimentos da época, que tratavam referencialmente este tema, os tropicalistas acabaram por esvaziá-lo, enquanto operavam uma descentralização cultural. A realidade nacional não passava, no entanto, de uma expressão abstrata, a codificação ideal de uma situação histórica heteróclita, construída para alimentar uma utopia em que se desfariam as contradições de toda ordem, ou, pelo menos, o desejo de uma ordem justa”.

O tropicalismo começou um processo de ampliação do conceito da MPB. Por consequência, expandiu-se o sentido de “música nacionalista”, passando a integrar todas as expressões da canção popular, independente de valores culturais e políticos. Por isso a tropicália foi de extrema importância para a institucionalização da MPB no final de década de 1960. A MPB teve um importante papel na história da cultura brasileira, pois carrega em sua raiz os reflexos dos conflitos políticos e sociais daquele período, muitas daquelas músicas foram usadas em protestos contra a repressão militar.

Frente à ditadura, e com a instauração do AI-5², essas canções foram censuradas e muitos artistas foram presos e exilados, como foi o caso dos tropicalistas Cae-

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tano Veloso e Gilberto Gil, além do cineasta Glauber Rocha. Por isso, entende-se que o movimento tropicalista durou por menos de um ano, no entanto, desde que essa porta foi aberta dentro da cultura brasileira, muitos artistas continuaram a serem influenciados nos anos seguintes, como podemos observar na frase do sociólogo Caldas: “De fato, o movimento propriamente dito completou seu ciclo, mas as idéias permanecerão definitivamente em nossa cultura” (2010, p. 81).

- DITADURA MILITAR No dia 31 de março de 1964, foi instaurado o Golpe Civil-Militar, executado pelas Forças Armadas do Brasil, com o apoio da elite brasileira, entre eles grandes empresários, proprietários de terras e empresas americanas instaladas no país, contra o governo de João Goulart. Esse por sua vez, devido a falta de apoio político e ao saber da Operação Brother Sam³, desistiu de resistir ao golpe. Em busca de segurança, viajou para o Uruguai e em 1976, seu corpo retorna ao Brasil para ser sepultado. Segundo o Antropólogo Celso Castro (2005, s/p):

2. Foi o ato institucional mais severo da ditadura, baixado pelo general Costa Silva. Nele estava determinado: o presidente da república poderá decretar o recesso do Congresso Nacional; intervir nos estados e municípios; cassar mandatos parlamentares sem apreciação judicial; ele também poderá decretar o estado de sítio e prorrogá-lo; suspender os direitos políticos e legais de qualquer cidadão; decretar o confisco de bens considerados ilícitos; suspender a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos; proibir atividades ou manifestações sobre assunto de natureza política; liberdade vigiada; proibição de freqüentar determinados lugares; domicílio determinado.

“Nos primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda no espectro político, como por exemplo, o CGT, a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste.”

O golpe aconteceu por questões de interesses da elite brasileira, com o apoio do Congresso Nacional e de juristas conservadores, além do grande apoio dos EUA. Os militares justificaram a ação alegando restaurar a ordem e proteger o Brasil da ameaça comunista que se instalava no país. Em de Abril de 1964, foi dado o primeiro Ato Institucional, que, claramente, iria contra a democracia popular ao expressar que “a revolução vitoriosa como Poder Constituinte se legitima por si mesma”. Segundo Pieroli (2007, p.2), “o fato para governar foram os Atos Institucionais, que os dotavam de poderes não existentes na Constituição, além de reformas educacionais adequando a legislação e os currículos

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CONTEXTO HISTÓRICO aos seus interesses”. Dessa forma, o general Humberto Castelo Branco torna-se o primeiro dos cinco militares a exercer o papel de presidente no Brasil.

As promessas ao assumir a presidência era de crescimento econômico e a volta da democracia, porém essa volta só aconteceu vinte e um anos mais tarde (Castro, 2005).

Dentre os vinte e um anos de ditadura iremos focar nos anos de 1968 e 1969, governado pelo general Costa e Silva, período qual foi marcado pela restrição da liberdade de expressão, opressão, violência e tortura.

Em 26 de Janeiro de 1967, acontecia a maior passeata contra a ditadura militar, conhecida como Passeata Dos Cem Mil. O protesto liderado pela União Nacional dos Estudantes (UNE)⁴, foi composto por estudantes, intelectuais, operários, entre outros que estavam insatisfeitos com os efeitos da ditadura, tinha como objetivo reivindicar à liberdade democrática, liberdade à imprensa e verbas para a educação. Nenhuma dessas medidas foram tomadas e os estudantes continuaram seus protestos.

Dentre eles, o protesto do dia 28 de janeiro, marcado pelo assassinato do estudante Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, que foi morto por um policial mili-

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tar, com um tiro disparado à queima-roupa, no Restaurante do Calabouço⁵. Após a morte do estudante uma onda de protestos se espalharam no Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades. Todas tiveram intervenção dos militares, cumprindo o que o ministro do Exército Aurélio Lyra Tavares tinha dito para o jornal O Globo naquele mês: "O Exército manterá a ordem". Segundo Napolitado ( 2004, p. 104), [...] Se a violência policial, legal e ilegal, era sistemática e utilizada contra inimigos e críticos do regime em casos extremos e em situações nas quais os generais no poder sentiam-se particularmente ameaçados, a vigilância sobre a sociedade civil era constante. A obsessão pela vigilância como forma de prevenir a atuação "subversiva", sobretudo naquilo que os manuais da Doutrina de Segurança Nacional chamavam de "propaganda subversiva" e "guerra psicológica contra as instituições democráticas e cristãs", acabava por gerar uma lógica da suspeita ou "ethos persecutório". Os milhares de agentes envolvidos, funcionários públicos ou delatores cooptados, eram regidos por essa lógica e, ao incorporá-la, acabavam produzindo um fenômeno que é típico de re-

3. A Operação Brother Sam permitiria uma intervenção militar rápida em pontos estratégicos do Brasil. A frota partiu da base naval de Norfolk em 31 de março, de acordo com as instruções do embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon, que participara ativamente da conspiração contra Goulart. (Martina Spohr, 2014) 4. Na época o principal núcleo de oposição ao regime militar instaurado no país em março de 1964 (Sérgio Lamarão, artigo FGV, s/p). desafiaram os generais e entraram para a História” (Paulo Luiz Carneiro, O Globo, 2018).

gimes autoritários e totalitários: mais importante do que a produção da informação em si, era a produção da suspeita.

O regime passou a ficar em alerta sobre as questões culturais, especialmente os artistas e eventos ligados à música popular brasileira, pois esses reuniam um número considerável de pessoas. Os agentes da repressão acreditavam que os “comunistas” e “subversivos” estariam infiltrados nesse meio tentando confundir o cidadão “inocente útil”. Especialmente após o surgimento da Tropicália em 1968, que passou a ser vista como um afronte às questões políticas, pois tinham o posicionamento claro contra a opressão do regime (Napolitano, 2004). Em dezembro do mesmo ano, com a baixa do AI-5, o país vive o momento mais obscuro da ditadura militar. Nesse período, muitos cidadãos foram presos, mortos e exilados, tanto intelectuais quanto artistas passaram ser mais perseguidos, de acordo com Elio Gaspari (2014, p. 344) “sessenta e seis professores universitários foram demitidos”. Dentro de onze meses, instalaram-se mais doze atos institucionais, cinquenta e nove atos complementares e vinte decretos-lei.

5. “Desde o golpe militar, quando a União Nacional dos Estudantes (UNE) foi posta na clandestinidade, até março de 1968, o restaurante foi o centro da ebulição da resistência à ditadura. De motivos triviais, como a comida podre, às lutas mais encarniçadas, de lá partiram passeatas que desafiaram os generais e entraram para a História” (Paulo Luiz Carneiro, O Globo, 2018).

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DIREITA EM VOGA A ditadura então se estendeu com ações cruéis, desumanas e antidemocráticas. No total foram dezessete atos institucionais e a supressão do AI-5 só entrou em vigor em 1979. Diversas crises fizeram com que o ditadura perdesse a sua força e em 1985 o Brasil volta a democracia.

- TRINTA E TRÊS ANOS DEPOIS, EXTREMA DIREITA EM VOGA Em outubro de 2018, o ex militar Jair Bolsonaro é eleito como Presidente da República Federativa do Brasil. Assim como na ditadura militar, o atual presidente ganhou as eleições com discursos de extrema

direita, pautados em pilares contra a corrupção, garantindo melhora econômica e, acima de tudo, libertar o Brasil do socialismo⁶. O governo de Jair ganhou forças após vários escândalos de corrupção envolvendo a esquerda, que aos poucos foram perdendo o apoio e, após governarem por treze anos consecutivos, sofreram um impeachment. Defensor do golpe de 1964, a trajetória do atual presidente é trilhada por falas e posicionamentos polêmicos, entre eles se destacam a orientação dada aos militares para que comemorassem os 55 anos de ditadura mi-

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litar⁷, além de saudar um dos chefe do DOI-CODI do II Exército, onde foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados, de acordo com o relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade⁸. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”, saudou Jair Bolsonaro, na votação do impeachment de Dilma.

Em relação aos discursos polêmicos do presidentes, a cientista política que estuda a trajetória midiática de Bolsonaro, Deysi Cioccari⁹ afirma: "Bolsonaro está governando para uma parcela muito específica da população, que são aqueles 22% ou 23% que já endossavam ele quando era apenas pré-candidato. A popularidade vem caindo, se aproximando desses 23% do começo da campanha eleitoral. É a primeira vez que a gente vê um presidente (em início de mandato) com uma reprovação tão alta". O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), aponta que só no primeiro ano de mandato, o governo de Bolsonaro infringiu 36 violações contra os direitos humanos. De acordo com a revista Época¹⁰, “entre as violações estão a suspensão da reforma agrária, a ampliação da liberação de agrotóxicos, a extinção de cargos do Mecanismo Nacional de Pre-

6. "Este é o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo" (BOLSONARO, 2019). Folha São Paulo. Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro apó receber a faixa presidencial. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/leia-a-integra-do-discurso-de-bolsonaro-apos-receber-a-faixa-presidencial.shtml. Acesso em: 27 mai. 2020.

7. Carta Capital. Bolsonaro determina comemoração do golpe de 1964. 2019. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/bolsonaro-determina-comemoracao-do-golpe-de-1964/. Acesso em: 27 mai. 2020.

venção e Combate à Tortura, o órgão é ligado ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e é responsável por investigar a prática de tortura e outras violações aos direitos humanos em penitenciárias, hospitais psiquiátricos e abrigos de idosos”.

Em 2020, ano em que iniciou uma das maiores pandemias mundiais causa pelo Convid-19, o posicionamento do presidente do Brasil vêm sendo de negação quanto a gravidade do vírus. De acordo com os dados do Ministério da Saúde¹¹, atualizados na terça feira dia 26 de maio, já se registraram cerca de 24.512 mortos e 391.222 casos confirmados de infecção, colocando o Brasil na segunda posição mundial de casos confirmados. Entretanto, o presidente contraria as pesquisas científicas e especialistas ao intitular a pandemia como “gripezinha”, além de não demonstrar interesse às medidas de prevenção contra a doença, como o isolamento social, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O governo de Bolsonaro tende a focar nos quadros dos pacientes já recuperados pelo vírus.

Contudo, o filósofo Pablo Ortellado, professor da Universidade de São Paulo (USP), alerta sobre essa atitude de minimização da gravidade da pandemia:

8. G1. Morre Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi durante a ditadura. Distrito Federal. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/10/morre-brilhante-ustra-ex-chefe-de-orgao-de-repressao-na-ditadura.html. Acesso em: 27 mai. 2020.

9. BBC News Brasil. Polêmicas turbinam público de Bolsonaro nas redes, mas 'sentimento negativo' sobre presidente aumenta. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49639813. Acesso em 27 mai. 2020.

10. ÉPOCA. Ações do governo Bolsonaro violou direito humanos, aponta mapeamento. 2019. Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/acoes-do-governo-bolsonaro-violaram-direitos-humanos-aponta-mapeamento-24151190. Acesso em: 27 mai. 2020.

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O JOVEM CONTEMPORÂNEO “Eles tentam mudar a leitura do cenário do coronavírus no Brasil. É uma estratégia do governo Bolsonaro dizer que o coronavírus é um problema superdimensionado. É uma estratégia que faz parte de uma campanha de desinformação. Essa campanha dos bolsonaristas também costuma argumentar que os governadores estão aumentando os números de mortos, que os hospitais estão vazios e que a cloroquina é eficaz (mesmo sem comprovação científica)".

Em suma, o governo de Jair Bolsonaro tem sido polêmico e causado uma polarização no país. Diante desse quadro político e, devido ao acesso à internet, o jovem contemporâneo tem se mostrado mais participativo nas questões políticas. Para o jovem Adnilson Machado¹¹, de 22 anos, “estamos mais engajados porque temos medo do que nos espera. Eu espero viver em um lugar mais democrático”.

- O JOVEM CONTEMPORÂNEO NO SÉCULO XXI Segundo a socióloga e professora da UNICAMP, Loriza Lacerda¹², ao longo das décadas a política se tornou um assunto que não é bem discutido no Brasil. Criou-se no entendimento do brasileiro que a

política não pertence a todos. Por isso, passamos não ter uma dimensão bem definida da nossa participação nesse processo e que ainda muitos acreditam que só os cabem o direito do voto. Entretanto, devido ao acesso à internet, o jovem contemporâneo não fica desinformado sobre as questões políticas, seja ela nacional ou internacional. Foi por meio da internet que o jovem passou a ser mais atuante nessa área, seja através das redes sociais ou por aplicativos de mensagens instantâneas. Sendo assim, criou-se um novo meio de participação política.

Sobre essa questão, Loriza Lacerda aponta: “As agências de socialização da juventude hoje estão além da escola e da família. Anteriormente a família formava o perfil desse jovem e depois a escola, hoje as agências são outras. Temos a internet e os meios de comunicação, isso não é qualquer coisa, há uma profunda distinção do processo de formação dessa juventude, ela não é desinformada, como muitos pensam. Ela tem uma informação às vezes tênue, às vezes superficial, mas não lhes escapam o que acontece no cenário tanto nacional quanto internacional. Entretanto as formas de participação são outras”.

11. G1. Casos de coronavírus e número de mortes no Brasil em 26 de maio. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/26/casos-de-coronavirus-e-numero-de-mortes-no-brasil-em-26-de-maio.ghtml. Acesso em: 27 mai. 2020 12. Entrevista oferecida à TV UNESP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=62EKEO_WfMg. Acesso em: 29 mai. 2020.

| TROPICÁLIA

Diferente do período ditatorial, onde o envolvimento do jovens na política se dava de forma física, hoje esse processo se dá pelos meios de comunicação virtual, onde ocorrem trocas e debates. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, revelam que comparado a 2014 os jovens que frequentam o ensino superior totalizam 58,5%, sendo que em 2004 essa porcentagem era de 32,9%. Devido ao maior acesso à universidade, o jovem passa ter uma nova perspectiva sobre o mundo que o cerca, criam bagagens e conhecimentos necessários para confrontar certas questões, como por exemplo reivindicar mudanças nos costumes “tradicionais”, sejam eles políticos ou sociais, podendo propor futuras mudanças no posicionamento da sociedade como um todo. Com a facilidade de comunicação por meio da internet, os jovens também abordam temas que antes eram vistos como tabus, por falta de informação, tal quais questões sobre machismo, feminismo, homofobia, genocídio, dentre outros. Entretanto, é importante citar que esses debates não se limitam somente aos meios virtuais. Para além disso, eles usam esse meio para organizarem protestos e manifestações, como as manifestações escolares que ocorreram para reivindicar os cortes na educação em 2019¹³.

13. G1. Protestos e paralisações contra cortes na educação ocorrem em todos os estados e no DF. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/05/15/cidades-brasileiras-tem-atos-contra-bloqueios-na-educacao.ghtml. Acesso em: 28 mai. 2020.

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JUSTIFICATIVA OBJETIVOS Ao observamos as similaridades entre a ditadura militar e a atual conjuntura política, tais como o autoritarismo, discurso de ódio, ações que ferem os direitos humanos, dentre outros fatores, surgiu a necessidade de propor ao jovem contemporâneo um resgate histórico, com o recorte no período tropicalista, e através do design gráfico instigar o pensamento crítico.

De acordo com Dondis (2007) “a experiência visual humana é fundamental no aprendizado para que possamos compreender o meio ambiente e reagir a ele”. No que diz respeito ao Design Gráfico, ele une habilidades estéticas e cognitivas, bem como conhecimento técnico e acadêmico. Sendo assim, o design pode ser definido como o processo no qual a comunicação visual é planejada e criada, embasada em pilares como: legibilidade, estética e comprometimento com a acessibilidade, a fim de atingir o objetivo de forma consistente, eficiente e inovadora.

Dessa forma, esse projeto de caráter experimental busca trazer uma nova perspectiva de leitura sobre as capas de discos da Tropicália, ao buscar fazer uma ponte entre o período ditatorial e o atual.

GERAIS - Oferecer o resgate histórico por meio do movimento tropicalista.

- Aguçar o senso crítico do jovem contemporâneo acerca da similaridade e contradições culturais e políticas entre o contexto histórico da tropicália e o atual.

ESPECÍFICOS - Explorar as ferramentas atuais de design gráfico viabilizando releituras das capas dos discos tropicalistas, sem que elas percam sua essência.

- Encontrar meios de comunicação que conectam o público alvo ao produto final.

- Fomentar a criatividade do jovem contemporâneo, por meio do resgate histórico de um dos momentos mais ricos da cultura brasileira.

METODOLOGIA Para o desenvolvimento desse projeto foram realizadas pesquisas teóricas, visando abranger as questões musicais e gráficas de cada álbum escolhido. Dessa forma, compreender as formas como os artistas se expressavam através da música e como as ferramentas de design gráfico, tais como cores, formas, tipografia, cores, etc., foram utilizadas para traduzir essas sonoridades.

Além disso, para conhecer mais e melhor a tropicália e seus artistas, a pesquisa também foi exploratória. De acordo com Selltiz (et al., 1967, p.63), “[...] na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão”. Nesse sentido, foram explorados documentários, entrevistas e reportagens, a fim de criar proximidade tanto com os artistas quanto com o período histórico.

Com o propósito de compreender melhor o público alvo do projeto, e para além disso, se existiria o interesse em consumir esse tipo de trabalho, foi feita uma pesquisa qualitativa com pessoas na faixa etária dos 20 aos 26 anos. Por meio dessa pesquisa foi possível compreender suas características, hábitos e interesses.

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BRIEFING MERCADO

O vinil é um mercado de nicho, tal como seu consumidor. A venda desse produto acontece tanto na internet, quanto em lojas físicas ou em feiras de antiguidades. Em São Paulo, essas feiras e lojas se concentram em sua maioria no centro, especialmente nos bairros República, Santa Cecília, Bela Vista e Vila Buarque. Além disso, é possível adquirir pela internet, existem sites brasileiros e estrangeiros que possuem uma grande variedade de vinil, tanto novos quanto usados, entre eles se destacam o Armazém do Vinil, Vinil Records, Baratos Afins Discos de Vinil, Amoeba Music, Juno, etc.

Artistas contemporâneos perceberam a ascensão desse mercado e começaram a lançar seus álbuns também em vinil, entre os internacionais se destacam Beyoncé, Arctic Monkeys, Lana Del Rey, Kanye West e Maroon Five. Já no Brasil, artistas como Criolo, Racionais, Natiruts, Raimundos, entre outros, também investiram nessa possibilidade.

CONCORRÊNCIA

O principal concorrente do mercado de vinil são os serviços de streaming. Todavia, de acordo com o jornal O Tempo, pesquisas apontam que mesmo com o avanço do streaming o mercado do vinil con-

tinua crescendo. Esse crescimento está atrelado aos fatores sensoriais que o vinil oferece, diferente do streaming. De acordo com o jornal The Guardian em 2017, o vinil tem tido um retorno global, pois atrai não apenas os consumidores mais antigos e nostálgicos, mas também as gerações mais jovens.

CONSUMIDOR

Os millennials são apontados como os responsáveis pelo "renascimento" do vinil, aponta a New Musical Express, revista britânica de música criada em 1952. Esse público possui característica criativa, interesse por arte e músicas que carregam conceito e valor histórico. É um consumidor de nicho, se interessa por áreas como arquitetura, publicidade, design gráfico, fotografia, música e marketing, no geral, cursos que envolva criatividade. São aqueles que mesmo com o avanço do streaming optam por, também, consumir vinil. Entre os motivos para tal escolha está no fato de que ao escutar música online criam o costume de pulá-las com frequência, por outro lado, ao ouvirem vinil se permitem viver a experiência completa. Outrossim, consumir vinil possibilita uma experiência sensorial, o ritual de tocar, visualizar e posicioná-lo na vitrola, para Leo Nishihata, escritor do GQ da Globo, "você capta todos os detalhes e nuances de uma época em que

o aspecto visual era um elemento de enorme importância. Algumas delas, além do valor artístico, são verdadeiros documentos históricos, cheios de referências e mensagens implícitas". Segundo Anderson Vital, de 32 anos, um dos organizadores do Mercado do Vinil, que acontece na rua da Consolação, metade do público tem entre 18 e 25 anos, ele delcara: "esse nicho nunca parou, mas com a chegada das novas vitrolas no país, o pessoal começou a comprar e virou vintage".

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BRIEFING PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

ONDE ESTÃO

- Conectividade constante: cresceram junto ao desenvolvimento da Internet e das transformações do contato social, passam grande parte do tempo conectados. Segundo a pesquisa feita pela Elite Daily, 87% da geração Y usam de 2 a 3 aparelhos eletrônicos por dia.

De forma geral, não existem barreiras para os amantes de vinil. Entretanto, o projeto será voltando para o público brasileiro, especificamente de São Paulo e do Rio de Janeiro.

- Atenção curta: essa característica é causada, principalmente, pelas redes sociais e a quantidade excessiva de informações online.

- São participativos: gostam de reivindicarem seus direitos, expor opiniões e de fazer parte de grupos democráticos.

- Diversidade: sua principal característica é a heterogeneidade, possuem estilos, gostos e rendas diferentes.

- Consumo consciente: uma pesquisa feita Elite Daily, publicada pela revista Forbes, 75% dos millennials entrevistados se preocupam com a responsabilidade social da empresa.

LIFE STYLE Como apontado anteriormente, é impossível englobar os millennials em uma única categoria. Portanto, apesar do público alvo fazer parte dessa geração, as características mencionadas abaixo estão voltadas apenas para o público de nicho consumidor de vinil.

Comumente conhecidos como "alternativos" ou "hipsters", esse público é famoso por lançar tendências. Apreciadores do não comercial, são contra o consumo exagerado, por isso apoiam o mercado independente e tendem a se interessar pelo vintage, brechós e bazares. Apresentam interesses culturais, frequentam galerias de arte, museus, festivais de música e bares (apreciam a companhia de amigos e família, mas independe deles).

Alguns moram com seus pais, porém a maioria acaba saindo de casa em busca de novas oportunidades profissionais ou de experiências pessoais, sendo assim, acabam morando com amigos ou em repúblicas. Uma pesquisa da Goldman Sachs Global Investment Research, aponta que os millennials adiam os marcos importantes da vida, como o casamento, a compra de um imóvel ou construção de uma família, diferente da geração anterior. Por outro lado, de acordo com uma pesquisa feita pelo Eventbrite, Millennials Fueling the Experience Economy, a geração Y prefere gastar seu tempo e dinheiro com experiências, para esse grupo a felicidade não se concentra em bem materiais ou carreira.

Dessa forma, preferem colecionar e compartilhar momentos e histórias obtidas através de experiências, tais como viagens, festivais, passeios, etc.

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PERSONAS

BERNARDO, tem 24 anos, é solteiro. Mora com sua família na Liberdade, São Paulo capital. Graduado em Design Gráfico, exerce a profissão de designer e ganha de 1 a 3 salários mínimos. Seu principal hobby é ir a eventos musicais, mas também aprecia eventos que envolvam arte e cultura, como museus e exposições. Consome conteúdos de arte e design com muita frequência. Gosta de ilustrar, escuta música todos os dias, entre suas playlists tem tanto as internacionais quanto brasileiras. Não gosta de injustiça e costuma ajudar as pessoas na rua. Tem medo de perder a paixão pelo o que gosta de fazer. Seu maior sonho é seguir uma carreira musical.

JULIA, tem 25 anos, é solteira. Capixaba, mora com suas amigas no bairro Santa Cecília, São Paulo capital. Graduada em Arquiteta e Urbanismo. Ganha até 3 salários mínimos. Seu principal hobby é ir a eventos musicais e culturais, principalmente eventos de jazz. Ama plantas e gosta de garimpar roupas e peças decorativas, além de possuir uma coleção de vinil. Super engajada nas questões sociais e principalmente na luta antirracista. Seu objetivo é poder aproveitar ao máximo sua família e poder propor o melhor à eles. Seu medo é de se acomodar e parar de aprender. Seu sonho é viajar o mundo, conhecendo diferentes culturas agregando tanto valor profissional quanto pessoal.

FELIPE, tem 26 anos, é solteiro. Natural de Minas Gerais, mas reside no bairro Perdizes, São Paulo capital, com os amigos. Graduado em fotografia, é fotógrafo em uma casa de shows. Ganha de 1 a 3 salários mínimos. Gosta de estar presente nos protestos que acedita e registra tudo com sua câmera.

Seu principal hobby é ir à eventos musicais, culturais e frequentar o cinema. Amante do vinil e de músicas antigas. Tem interesse em teatro, exposições de arte e eventos culturais. Consome muita arte e música brasileira. Seu objetivo é registrar momentos que toquem as pessoas de alguma forma. Seu medo é o fim da liberdade de expressão. Seu sonho é viajar o mundo registrando momentos.

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MAPA DE EMPATIA O QUE PENSA E SENTE? Reivindicam a situação política atual. Questionam a desvalorização da arte brasileira no quesito musical e visual. Apoiam os negócios/projetos independente.

Consomem com consciência.

O QUE VÊ?

Passam boa parte do tempo em redes sociais como Instagram, Pinterest e Youtube. Costumam frequentar locais que refletem arte e criatividade, então sempre rodeados por essa atmosfera.

O QUE DIZ E FAZ? São pessoas que tem interesse em estar atualizadas nas questões culturais e sociais. Tem perfil questionador e senso crítico aguçado. Gostam de inovações ao mesmo tempo que tem interesse pelo antigo, seja por seu valor histórico, pelo aspecto visual ou por seu processo. De forma geral, são pessoas sensíveis à expressões artísticas e culturais.

| CONCEITUAÇÃO

O QUE OUVE? Costumam se rodear de pessoas que compartilham os mesmo interesses e ideias. Compartilham conteúdos musicais, artísticos e culturais. Escutam reclamações sobre o governo. Acreditam na arte brasileira e acreditam que essa deveria ser mais apreciada dentro do Brasil.

SOFRIMENTO Sentem insegurança em relação ao futuro do Brasil.

Tem medo de como a política atual pode interferir na evolução do jovem na área da educação, na formação como pensadores e questionadores.

GANHO Pretendem continuar se expressando por meio de suas respectivas áreas. Explorando novas ideias, criando novas conexões e expandindo os horizontes.

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PAINEL SEMANTICO CONCEITOS

| CONCEITUAÇÃO

ASPECTOS PERCEPTIVOS

FORMA

COR

TIPOGRAFIA

conceitual, ousado, marcante, atraente,

peso visual ilustradas, montadas, coladas, geométicas

bold, serifada, sem serifa, variação de expressura, alongadas, extended, geométrica

orgânico, flexível sensação de movimento

circunferências, delicadas, leves, abertas, clean

itálica, gestual, manuscrita variação de expressura, ornamental

impactante, orgânico, humanizado, poluído

grandes, orgânicas, geométricas

gestual, manuscrita sem serifa, bold

CRIATIVO artístico, experimental, explorador, inquieto, inventivo, versátil

SENSORIAL tocar, experimentar, viver, lembrar provar

QUESTIONADOR falar, reinvidicar, agir, pensar, estudar, comparar

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PAINEL IMAGÉTICO CRIATIVO

| CONCEITUAÇÃO

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PAINEL IMAGÉTICO SENSORIAL

| CONCEITUAÇÃO

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PAINEL IMAGÉTICO QUESTIONADOR

| CONCEITUAÇÃO

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MARCA

| LOGOTIPO E PROCESSOS

ESTUDOS PRELIMINARES

REFINAMENTOS

VERSÃO FINAL

No brandbook da Geleia Geral tem todos os detalhes de conceituação.

ANÁLISES

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DO CAETANO VELOSO (1968) FAIXAS 1. Tropicália 2. Clarice 3. No Dia Em Que eu Vim-me Embora 4. Alegria, Alegria 5. Anunciação 6. Onde Andarás 7. Superbacana 8. Paisagem Útil 9. Clara 10. Soy Loco Por Ti, America 11. Ave-maria 12. Eles

- Análise objetiva: A foto de Caetano Veloso está inserida dentro de uma forma oval, cercada por uma composição de ilustrações, onde nota-se a figura principal de uma mulher nua coberta por folhas, com a mão esquerda ela segura um ovo e com a direita um dragão, enquanto uma cobra se enrola em seu corpo. Há também a presença de um cacho de bananas. A capa possui cores chapadas, tons quentes e saturados.

ASPECTOS MUSICAIS: O disco usa da poesia, metáfora, ironia e de alegorias para tratar de assuntos que englobam desde críticas políticas e sociais, como alienação e nacionalismo exagerado, até histórias pessoais de amor e experiências do cotidiano.

“A capa era uma espécie de ready-made¹⁵ porque aquela ilustração era um padrão, como certos tipos de gravuras medievais, com um dragão que vem de um quadro de Rafael¹⁶. Depois se torna gravura popular; daí vira um clichê e muitos artistas trabalham com aquele desenho, aquele tema, como acontece também em poesia. Na ocasião eu utilizava um trabalho já existente, fazia uma metalinguagem em cima disso, usando inclusive fotografia. Era uma violência com aquela obra de arte, mas foi muito elogiada porque era mais colorida e tinha uma produção muito mais desenvolvida do que o que habitualmente se fazia para os artistas”.

ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: Ornamental e orgânica, transmite a ideia de movimento, referência clara à art noveau. A cor amarela sobreposta ao fundo de tonalidade rosa saturado faz referência também ao pop pelo contraste de cores Diagramada de forma tradicional, inserida na parte superior da capa.

- Análise subjetiva: Segundo Rogério Duarte¹⁴, designer que produziu a capa:

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DE CAETANO VELOSO (1968)

Em outras palavras, ao se apropriar da figura do dragão e inseri-la entre os elementos da capa do disco, a mulher, a serpente, a banana e as folhas, ele transforma a figura do dragão num clichê pop. Segundo Favaretto (2000, pág. 49), os tropicalistas montaram uma cena com os clichês culturais, dando ênfase ao kitsch - aspecto de mau gosto, cafona, sem qualidade - e seus modelos, produzindo o efeito cafona, com humor, conforme a variante do pop. A referência da pop arte na tropicália não se limita apenas a estética, mas também nas letras de música, como Superbacana, presente nesse álbum de Caetano. Segundo FUCHS (2018, pág. 104): “São três personagens bíblicos: Eva; a serpente, a maliciosa criatura que fez com que fosse comido o fruto proibido; o dragão, o símbolo do grande mal perante o catolicismo, que no apocalipse é a figura que evoluiu de uma serpente enganadora, o próprio diabo e que, quando percebeu que caiu na terra, perseguiu a mulher que deu à luz um filho homem. O “filho homem”, Caetano, está pronto para romper a sua própria casca. Caetano demarca-se aí como um ponto inaugural e, assim como o ovo, pronto para criar um rompimento sob o Éden, o paraíso tropical, com as suas ba-

nanas e folhagens; o estereótipo de um Brasil como um paraíso tropical foi aqui evocado propositalmente”.

FAIXA PRINCIPAL: Tropicália: Segundo Favaretto (2000), Tropicália é uma alegoria do Brasil, a música constitui a matriz estética do movimento. Presume um projeto de intervenção cultural e um modo de construção que são de ruptura. Com uma linguagem clara, monta um painel histórico que resulta na metaforização do Brasil. Ela faz uma montagem de fatos, eventos, situações, criando um diálogo entre o arcaico e o moderno, o urbano e o rural, o artesanato e a indústria.

Em seu livro Verdade Tropical (1997), Caetano escreveu sobre o processo que fez nascer essa música. De forma resumida, ele pensou em colocar lado a lado imagens, idéias e entidades reveladoras da “tragicomédia” do Brasil, da aventura à frustração de ser brasileiro. A palavra bossa, que já estava no samba de Noel (anos 30), se referia além da própria bossa nova, à TV do Fino da Bossa de Elis, rimando isso com palhoça, coloca-se em confronto a modernidade e uma população que mal deixava

14. DUARTE, Rogério. Tropicaos. 1a edição. São Paulo: Azougue Editorial, 2003, p.140.

15. Criado por Marcel Duchamp (1887-1968), esse termo está relacionado ao processo de esvaziamento de um objeto industrial ao transformá-lo em uma obra de arte, ou seja, ocorre uma resignificação do objeto.

de ser rural. Nesse sentido, Favaretto (2000, pág. 72) pontua: “A referência ao “planalto central do país" continua a mesma, como uma clara alusão a Brasília (o moderno) e ao interior (o sertão, o arcaico): o luxo no lixo e a carnavalização do monumental; a bossa e a palhoça, cada uma contendo a outra a bossa é o novo jeito brasileiro, que, no entanto, pressupõe o velho e o contém”.

Dessa forma, o compositor foi montando cenários ,através de rimas, usando diferentes ângulos e lentes, idéias e contrastes metaforizando o Brasil. O artísta decidiu usar Brasília, que era a capital do momento na época, como o centro da música, pois o Distrito Federal expressava bem essa ambiguidade, da mesma forma que ele era o sonho transformado em experimento moderno, simbolizava o centro do poder dos ditadores militares.

Em suma, Favaretto (2000, pág. 78) conclui que, a canção possui uma circularidade que possibilita uma volta ao início, da mesma forma ou com variações, ela indica a trajetória crítica do tropicalismo que desmonta a música brasileira da bossa à banda¹⁷.

16. O pintor renascentista Rafael Sanzio (1483-1520) possui três pinturas com temática relacionada a dragões: "São Jorge e o dragão" (1503-1505), "São Miguel e o dragão" (1503-1505) e "São Jorge e o dragão" (1506).

17. Música de Chico Buarque, era uma crônica nostálgica da passagem de uma bandinha de música de sabor oitocentista por uma rua triste, trazendo uma luz efêmera às vidas sem graça das personagens que a habitavam (o que funcionava também como uma aparentemente casual metáfora da capacidade que a música brasileira tem de gerar alegria para um povo que quase conta só com ela para isso. (VELOSO, 1997)

ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DO GILBERTO GIL (1968) FAIXAS 1. Frevo rasgado 2. Coragem pra Suportar 3. Domingou 4. Ele Falava Nisso Todos os Dias 5. Procissão 6. Pega a Voga, Cabeludo 7. Marginália II 8. Luzia Luluza 9. Pé da Roseira 10. Domingo no Parque ASPECTOS MUSICAIS: O álbum aborda temas relacionados ao sertão, tanto em seus aspectos críticos nas condições políticas e sociais, quanto em sua beleza e cultura. Clara referência, de acordes e composição, à herança africana, indígena e do folclore brasileiro. Além disso, narra as tensões políticos e os reflexos da ditadura e do avanço industrial. Descreve as glórias e as angústias de ser brasileiro, com enfoque no negro e no pobre, no contexto da miséria, da solidão, da violência, etc. Por outro lado, entre as narrativas de amor, também apresenta temas como carnaval, frevo, nostalgia, sonhos e alegria.

ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: Geométrica, com variações de espessura, feita a mão. Posicionada na parte inferior da capa, entretado colocada em perspectiva projetada para cima, característico da arte pop das revistas em quadrinhos. Nome do cantor em preto, com relevo em vermelho e branco.

- Análise objetiva: Desenho em formato de nuvens densas, nas cores branca e vermelho e linhas como se fossem raios de sol, nas cores verde e amarelo com contorno preto, tais características pertencem as artes pop e psicodélica. Ao centro, imagem de Gil com uma expressão sarcástica, vestindo um traje muito parecido com o dos membros da Academia Brasileira de Letras, influência do disco Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. Nas laterais, dentro de quadrados que se projetam em linhas retas amarelas e verdes, à esquerda, Gil interpreta um militar com uma pose satírica segurando uma espada. Na mesma altura, à direita, ele também representa um motorista, com uma postura totalmente descontraída usando chapéu e óculos de sol e um volante solto nas mãos. Acima do nome do cantor tem uma representação topográfica em vermelho.

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DO GILBERTO GIL (1968)

- Análise subjetiva: Segundo RODRIGUES (2008, p.

202-203), a proposta da capa está atrelada a ironia em relação “ao Estado, à cultura e à nação”. A capa tem uma estética pop, nas repetição de formas e figuras, dos personagens interpretados por Gil, e também na forma que a tipografia foi inserida.

Conforme Favaretto (2000, pág. 48) “O pop e o tropicalismo analisam a sociedade de consumo e sua necessária inscrição no circuito de arte. Ao ressaltarem a efemeridade de fatos e valores e a imediatez dos projetos, maliciosamente indicam diferenciações no domínio da indústria cultural, propícias à crítica. O caráter espectral do mundo dos objetos e gadgets é desmontado no caleidoscópio de imagens deformadas pela operação parodística e pelo humor. Desatualizadas, as imagens passam a designar aquilo que ocultavam - os arcaísmos culturais com o que a sua montagem resulta em alegoria”.

Um cantor negro de música popular se posicionando como membro da Academia Brasileira de Letras, além de também representar um militar e um motorista descontraído é uma mistura de autovalorização, humor e deboche.

A tropicália expressa assuntos sérios, como questões políticas, sociais e culturais, de forma alegórica (NAPOLITANO, 1998). “O deboche expressa criticamente questões polêmicas relativas ao espaço social em um tom bem humorado para então ser percebido o seu absurdo pelo grande público. Assim, desloca o acento e permite a reconstrução do reprimido” (ALMEIDA, FUCHS, KAMINSK, 2018, pág. 79). Caetano alega, em seu livro Verdade Tropical (1997), que amava o disco de Gil pela sua riqueza de sonoridades e pela combinação madura de elementos tradicionalmente brasileiros com a música eletrificada.

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO TROPICALIA OU PANS ET CIRCENCIS FAIXAS 1. Miserere Nobis 2. Coração Materno 3. Panis et Circensis 4. Lindonéia 5. Parque Industrial 6. Geléia Geral 7. Baby 8. Três Caravelas 9. Seu Lobo Não Vem 10. Mamãe Coragem 11. Batmacumba 12. Hino ao Senhor do Bonfim ASPECTOS MUSICAIS: Esse disco é a compilação dos diferentes artistas que contribuíram para o movimento tropicalista, tanto de forma musical, quanto poética e estética.

O conteúdo do álbum gira em torno de diversos temas como críticas sociais, música tradicional, nacionalismo, religiosidade, egoísmo, alienação, violência e opressão, especialmente a sofrida pela população pobre. Além de ironizar a industrialização e seus efeitos, faz crítica aos estereótipos consumistas e ironiza a colonização do Brasil.

Para Favaretto (2000, pág. 70) “O disco, com efeito, realiza uma encenação das “relíquias do Brasil” (culturais, políticas, artísticas), ritualizando, ao desdobrar-se, o próprio ato de fazer música, também exposto à devoração (antropofagia oswaldiana).

Este caráter "artificial”, distanciado, aparece em cada detalhe da capa, na construção das letras, ritmos, arranjos e interpretações. Oferece-se à fruição sob a forma de festa e farsa; sua audição suscita o riso ao mesmo tempo alegre e cínico - efeito da carnavalização. Dialogam várias vozes, ideologias e linguagens, relativizadas/devoradas por uma produção que usa de paródia, polêmica secreta, montagem, bricolagem e imagens surrealistas”.

ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: Geométrica, sem serifa, aspecto tridimensional, cores referentes a bandeira do Brasil, com a presença de uma textura com linhas de diferentes expressuras, formando um degradê. Diagramada em uma gride não funcional para a época, posicionada nas laterais direita e esquerda da capa.

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO TROPICALIA OU PANS ET CIRCENCIS

- Análise objetiva: Para melhor embasar a futura releitura, será utilizada a análise de Celso Favaretto, presente em seu livro Tropicália Alegoria Alegria.

Segundo o filósofo: “Veja-se a capa: ela compõe a alegoria do Brasil que as músicas apresentarão fragmentariamente. Na primeira face sobressai a foto do grupo, à maneira dos retratos patriarcais; cada integrante representa um tipo: Gal e Torquato formam o casal recatado; Nara, em retrato, é a moça brejeira; Tom Zé é o nordestino, com sua mala de couro; Gil sentado, segurando o retrato de formatura de Capinam, vestido com toga de cores tropicais, está à frente de todos, ostensivo; Caetano, cabeleira despontando, olha atrevido; Os Mutantes, muito jovens, empunham guitarras e Rogério Duarte segurando com urinal como um xícara de chá, representa Duchamp. [...] A capa representa o Brasil arcaico e o provinciano, emoldurado pelo antigo, os tropicalistas representam a representação”.

As cores predominantes na capa fazem referência a bandeira do Brasil, o verde, o azul e o amarelo então inseridos em uma espécie de moldura, com aspectos tridimensionais, que envolve a fotografia.

- Análise subjetiva: Tanto na capa quanto o disco como um todo, os tropicalista exerceram a característica mais forte do movimento, o banquete antropofágico de Oswald de Andrade. Isso se deu pelo processo de mistura de referências e procedimentos existentes no disco. A partir da realização do trabalho experimental e conceitual, e da “apropriação” do antigo e do atual, nos quesitos sociais, visuais, culturais e artístico, criaram o novo. A capa se torna a metalinguagem do disco, representa os materiais “devorados” e as técnicas de “devoração”, apresentando os elementos da mistura e o modo de mistura-los (Favaretto, 2000, pág. 83).

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DO TOM ZÉ (GRANDE LIQUIDAÇÃO) FAIXAS 1. São São Paulo 2. Curso Intensivo de Boas Maneiras 3. Glória 4. Namorinho de Portão 5. Catecismo, Creme Dental e Eu 6. Camelô 7. Não Buzine Que Eu Estou Paquerando 8. Profissão de Ladrão 9. Sem Entrada e Sem Mais Nada 10. Parque Industrial 11. Quero Sambar Meu Bem 12. Sabor de Burrice ASPECTOS MUSICAIS: Com muita ironia e tom cômico, Tom zé aborda temas voltados para a industrialização e seus efeitos, como consumismo, alienação, desigualdade social, capitalismo e a modernização. Além disso, expressa os prós e os contras de morar na grande metrópole paulista. Critica o tradicionalismo, o moralismo e a hipocrisia. Ressalta os valores nordestinos, em contraposição às questões coloniais. Aborda temas sociais do ponto de vista do proletariado brasileiro.

A leitura de Sussekind ( 2005: 43 apud LIMA, 2010: 61) sobre a música Parque Industrial, define o albúm de forma geral:

“Tom Zé, em “Parque industrial”, tensiona as imagens desse avanço industrial (as garotas-propaganda, o sorriso engarrafado, o produto “made in Brazil”) com indicações de um arraigado moralismo (lista de pecados, orações, redenção) de um nacionalismo provinciano, sentimental (bandeirolas, ternura, festa, nação), que parecem evocar “o catecismo de fuzil” dos desfiles militares e das marchas familiares de apoio ao golpe militar de 1964”.

ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: O nome do cantor se destaca em vermelho sobre o fundo branco, como tivesse inserido numa placa iluminada, porem o nome do disco fica sem destaque, feito em azul sobre o fundo vemerlho. Os estilos tipográficos utilizados na capa tem aspectos artesanal/handmade e geométricos.

- Análise objetiva: A capa ilustra um prédio comercial preto dividido em janelas e vitrines coloridas. As cores, exceto o preto, dão a sensação de luminosidade que variam entre o branco, os tons frios (azul e roxo) e os tons quentes (laranja, vermelho e amarelo).

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DO TOM ZÉ (GRANDE LIQUIDAÇÃO)

A foto do cantor está inserida dentro de um formato de televisão da época. Existem diferentes tipos de ofertas e atrativos na Grande Liquidação, como o Bingo, onde tem muitas pessoas na fila, a propaganda de creme dental (para o “sorriso engarrafado” da música Parque Industrial), o anúncio irônico leve 2 pague 3, o jornal grátis, a venda de TV e a loja central. Essa, localizada no centro, abaixo da foto do cantor, com uma entrada que parece oferecer duas opções (o certo e o errado), uma mulher usando biquíni contrapondo a uma outra figura usando vestes religiosas. Por fim, alheio à liquidação, há um casal abraçado na janela.

- Análise subjetiva: Sobre o disco, Tom Zé¹ declara: “Somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade. O sorriso deve ser muito velho, apenas ganhou novas atribuições. Hoje, industrializado, procurado, fotografado, caro (às vezes), o sorriso vende. Vende creme dental, passagens, analgésicos, fraldas, etc. E como a realidade sempre se confundiu com os gestos, a televisão prova diariamente, que ninguém mais pode ser infeliz. Entretanto, quando os sorrisos descuidam, os noticiários mostram muita miséria. Enfim, somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade. [...] “- Você é compositor de música “jovem” ou de música “Brasileira”?”

A alternativa é falsa para quem não aceita a juventude contraposta à brasilidade. [...] Eu sou a fúria quatrocentona de uma decadência perfumada com boas maneiras e não quero amarrar minha obra num passado de laço de fita com boêmias seresteiras.”

A capa traduz bem o conteúdo do disco, que entre críticas e ironias retrata temas como o consumismo, alienação, desigualdade, entre outros já mencionados anteriormente. Reforçando essas questões, DUNN (2009b, p. 220) declara: “a estética disjuntiva do disco manifestou-se na tensão dupla entre a modernidade urbana e a tradição sertaneja e entre o experimentalismo formal e o apelo popular. A parte contraditória da capa, e o ponto curioso é a imagem do cantor inserida dentra da televisão, nesse caso ele também de coloca como um produto a ser consumido. De acordo com Marcos Napolitano (2005, p. 506), Tom Zé “seria o mais paulista dos tropicalistas baianos”, incorporando vários aspectos de São Paulo em suas canções”.

Lembrando que, foi na década de 1960 que a televisão se concretizou como veículo de comunicação em massa. Com isso, o apelo publicitário e disputa entre as emissoras fez com que ela ganhasse seu caráter comercial (PATERNOSTRO, 1987, p.26). O ponto mais contráditório dessa capa é a foto do

cantor inserida dentro da televisão, se colocando como produto, afinal, ele queria vender o disco dele, a partir dai se colocando à venda ou como parte das propagandas as quais ele critica.

Em suma, a capa, assim como os centros comerciais, usam do apelo visual e textual das propagandas, bem como da aplicação de cores vibrantes, como critica o consumismo.

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO A BANDA TROPICALISTA DO DUPRAT FAIXAS 1. Judy in Disguise 2. Honey 3. Canção Para Inglês Ver /Chiquita Bacana 4. Flying 5. The Rain, The Park & The Other Things ( 6. Canto Chorado /Bom Tempo/Lapinha 7. Chega de Saudade 8. Baby 9. Cinderela Rockefella 10. Ele Falava Nisso Todo Dia/Bat-Macumba /Frevo Rasgado 12. Lady Madonna 13. Quem Será?

ASPECTOS MUSICAIS: Rogério Duprat foi um compositor, arranjador e maestro. Ele foi muito importante para a Tropicália e foi responsável por muitos arranjos das músicas do movimento. Apesar de ter sido um músico erudito ele rompeu com o as regras da música clássica para se aventurar na música experimental, com o uso da guitarra e outros instrumentos. A Banda Tropicalista do Duprat é composta por músicas arranjadas por ele e escritas por Caetano, Gil e Os Mutantes, além das releituras de diferentes estilos musicais de outros artistas. O álbum é totalmente voltado para a experimental musical.

ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: O nome do álbum está inserido como uma moldura na capa. A tipografia sem serifa tem o aspecto vazado, ela é composta por dois contornos, um na estrutura e outro na parte de dentro, esses contornos variam entre as cores vermelho e laranja desbotado.

- Análise objetiva: A capa tem o fundo na cor preta e em seu centro há um quadrado de bordas amarela e profundidade feita pela pintura de um céu, é possível notar a predominância das cores que remetem brasilidade, como o azul, amarelo e o verde. A composição foi feita por meio de colagens, sendo essa característica do movimento dadaísta, pois expressa um aspecto de desordem e falta de lógica ao sobrepor figuras de diferentes significados e períodos. A estrutura é montada por uma garrafa de Pitú, um índio, um coqueiro, o rosto de Duprat aparece inserido dentro do bumbo de uma bateria, há também algumas recortes que parecem fazer parte do folclore brasileiro. Além disso, foi introduzido figuras de outros períodos, é possível fazer essa relação ao observamos as roupas dos personagens, entre eles há um casal no qual a mulher segura uma bandeira, muito similar com a postura da porta bandeira das escolas de samabas.

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO A BANDA TROPICALISTA DO DUPRAT

- Análise subjetiva: Por meio dos elementos introduzidos na capa, e levando em consideração os conceitos e atitudes tropicalistas, podemos observar que buscou-se montar uma alegoria do Brasil por meio da sobreposição do arcaico e o moderno.

Segundo Favaretto (2000, pág.56), o tropicalismo evidenciou o encontro cultural e o conflito de interpretações. Houve uma reinterpretação dos termos primitivos, os mitos da cultura urbano-industrial, misturando e confundindo elementos arcaicos e modernos. Ou seja, a tropicália rompeu com a visão indivisível/uniforme, do que se considerava realidade brasileira, por meio do encontro cultural. Essa ação também está associada a antropofagia oswaldiana, pois é através dessa mistura que se cria o novo, ou seja, que se evolui.

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DO JORGE BEN (1969) FAIXAS 1. Crioula 2. Domingas 3. Cadê Teresa 4. Barbarella 5. País Tropical 6. Take it Easy my Brother Charles 7. Descobri que Eu Sou um Anjo 8. Bebete Vãobora 9. Quem Foi que Roubou a Sopeira de Porcelana Chinesa que a Vovó Ganhou da Baronesa?

10. Que Pena (Ela Já Não Gosta Mais de Mim) 11. Charles Anjo 45 ASPECTOS MUSICAIS: Importante frisar que esse disco foi lançado em 1969, após o AI-5, frente a censura. Nota-se que o cantor e compositor não apresenta os temas políticos e sociais de forma direta como os outros artistas do movimento.

O disco aborda temáticas como históhistórias de amor, futebol, cotidiano da periferia, pauta racial, valorização da mulher negra, exaltação das belezas naturais do Brasil e valorização da ancestralidade.

ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: O nome do cantor está escrito com uma fonte orgânica serifada, feita a mão, inserida de forma distorcida dentro do violão, aplicada no tom vermelho fechado, com um efeito de volume interno na cor preto, característico do movimento psicodélico.

- Análise objetiva: Ao centro, uma ilustração de Jorge Ben com uma expressão neutra, sem camisa, usando algemas quebradas nos pulsos. Com as duas mãos ele segura um violão que possui o brasão do Flamengo e o nome dele distorcido na parte inferior. Acima de sua cabeça tem uma pomba da paz, no ombro direito um tucano e atrás dele tem algumas representações do Brasil, como a bananeira, uma roda de samba, uma pessoa tocando cuíca, a bandeira do flamengo num estádio de futebol e um cajueiro. Além disso, observa-se a representação da figura feminina, provavelmente elas representação as mulheres que ele menciona no disco, como a Domingas, Teresa, Barbarella e a “Crioula”. Junto a essas representações, percebe-se uma rosa e um anjo com o rosto preto, clara referência à música Descobri Que Sou Um Anjo e a Take It Easy My Brother Charlie.

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ANÁLISE

| CAPA DO DISCO DO JORGE BEN (1969)

Análise subjetiva: Verifica-se que os símbolos da capa traduzem cada música do disco. O personagem principal, Jorge Ben, parece ter sido liberto pela música, pelo forma como ele segura o violão e pelas algemas quebradas mas ainda presas em seus braços. Através de algumas músicas do disco e das representações das mulheres na capa, percebe-se também a valorização da mulher negra brasileira, bem como o relacionamento afrocentrado.

Há também o enaltecimento das belezas naturais do Brasil, por meio da representação do tucano, cajueiro, da bananeira e da própria bandeira do Brasil. A capa possui influências do pop arte e do psicodelismo, visto que as representações das figuras humanas são produzidas de forma caricata e surreal, além dos aspectos da tipografia mencionadas anteriormente e dos “raios de sol” em vermelho, inserido no background da capa.

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO DE CAETANO (1968) ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: O objetivo foi manter a tipografia o mais próxima possível da original, pois ela, além de marcante, é muito característica da capa e do movimento.

- Análise objetiva: O congresso nacional foi inserido como o centro da capa ao ser apontado por um caminho que sangra a composição. Em cima do congresso está o monumento ao retirante - termo que se refere à pessoa ou grupo sai da sua terra natal em busca de melhores oportunidades - Dona Lindu, obra de Oscar Niemeyer feita em Recife, além do avião que sobrevoa o cenário. O círculo inserido em cima da estátua faz referência ao “luar do sertão”¹⁸. Do lado direito, seguindo a linha do congresso está a praia de Ipanema e posicionada dentro do mar a estátua de Iracema, originalmente localizada na Lagoa de Messejana Fortaleza, ambos os temas contrapõem um ao outro na canção. Na parte de trás da composição nota-se o recorte da floresta amazônica, ao lado esquerdo um cacto tipicamente natural do sertão brasileiro, mais à frente o Forte de Santo Antônio da Barra, representando a Bahia, e ao lado as

personagens do filme Viva Maria!, também citadas em Tropicália. Por fim, caminhando em direção a Brasília, uma senhora nordestina.

- Análise subjetiva: Na construção dessa releitura, foi tomado como base a música principal do disco, intitulada Tropicália. Essa escolha provém do fato dela ter definido o movimento tropicalista, por exercer o caráter antropofágico ao sobrepor temas contrastantes, que num todo montam o cenário brasileiro da época. Decidiu-se então, propor uma colagem literal desses temas abordados na música, como Iracema/Ipanema e Bahia/ Viva Maria, dentre outros, tendo Brasília como ponto principal da composição. O filme Viva Maria!, mencionado por Caetano, é uma comédia francesa estrelado por Brigitte Bardot e Jeanne, no qual as duas vão para um país imaginário da América Latina e acabam lutando contra a ditadura, por isso ao inseri-las no recorte o intuito foi reforçar o posicionamento da tropicália diante à ditadura.

Além disso, ao inserir a estátua Dona Lindu e a senhora que caminha com o balde de água na cabeça, buscou-se reforçar a presença do nordestino na construção de Brasília¹⁹, da mesma forma como ressaltar a resiliência dessa população que se mostra esperançosa

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO DE CAETANO (1968)

com a vida, mesmo frente às dificuldades do sertão, da mesma forma, contrapor o arcaico e moderno. A floresta amazônica, inserida como simbolo nacional e ainda assim, ironizar a forma como ela está sendo comercializada e destruída. Por outro lado, o urubu neste contexto, colocado acima do cacto, denunciar a morte no sertão, onde ainda existe seca e fome²⁰. Por fim, para fechar o cenário alegórico brasileiro, toda a composição, exceto o caminho, está unificada por um formato oval, referente àqueles quadros de fotopintura famosos em 1950.

18- Atrás da verde mata / o luar do sertão. Música Tropicália. Caetano Veloso 19- Memorial da Democracia. Trabalhadores e pioneiros. Distrito Federal. Disponível em: http://memorialdademocracia.com.br/card/construcao-de-brasilia/5.

Acesso em: 16 abr. 2020.

20- G1. Pior seca em 73 anos traz fome e faz população dividir água com animais. 2017. Bahia. Disponível em: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2017/04/pior-seca-em-73-anos-traz-fome-e-faz-populacao-dividir-agua-com-animais.html. Acesso: 16 abr. 2020.

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO DE GILBERTO GIL (1968) ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: Geométrica, distorcida, na cor branca com relevo em preto, mantendo a mesma referência ao pop arte dos quadinhos de super heróis, entretando com outra disposição, objetivando enfatizar o nome do artista.

- Análise objetiva: Como personagem central, foi introduzido um recorte de Machado de Assis montado no fardão da Academia Brasileira de Letras em sua direita, enquadrado dentro de uma forma oval, o recorte de um protestante batendo panela e à esquerda a figura do presidente do Brasil. Manteve-se as cores e os “raios de sol” com o objetivo de não descaracterizar muito a capa original e manter as referências artísticas.

- Análise objetiva: Para resignificar o personagem retratado por Gilberto Gil na capa original, foi escolhido um recorte de Machado Assis, inserido em preto e branco ficando de certa forma “apagado” diante das cores fortes da capa. Objetivando expandir o significado da capa original, de não só ironizar mais de incomodar, o escritor, então, representa a história da população afrodescente brasi-

leira. Essa, ainda, é prejudicada nos termos sociais, culturais e políticos, pelo racismo estrutural presente no Brasil e no mundo. Outrossim, Machado de Assis, por ser fundador da cadeira nº. 23 da ABL, também representa a falta de representatividade negra nas mais diversas camadas sociais, como cargos políticos e de alta gestão. Do lado direito, foi utilizado o recorte de um cidadão brasileiro batendo panela. O ato de bater panela, mais conhecido como panelaço, teve origem no Chile em 1971 como forma de protesto contra Salvador Allende. No Brasil, essa forma de protesto começou a ocorrer entre os anos de 2014 e 2015, como manifestações abertas de intolerância política. Entretanto, esse tipo de manifesto vêm sendo utilizado com frequência para demonstrar insatisfação ao governo atual, especialmente perante ao posicionamento do presidente em relação a pandemia causada pelo COVID-19. Em contrapartida, do lado esquerdo, de forma irônica e com a finalidade de fazer uma ponte entre o momento político de 1968 com o atual, foi utilizado um recorte do atual presidente do país, Jair Messias Bolsonaro.

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO DE TROPICALIA OU PANS ET CIRCENCIS ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: Moderna, característica geométrica, porém com algumas extremidades arredondadas, na cor verde, com relevo num tom verde mais claro e com textura. A disposição do nome Tropicália foi feita na parte inferior da capa e o Panis Et Circensis foi mantido na lateral direita.

- Análise objetiva: As cores foram mantidas, tal como a presença dos elementos geométricos que enquadram os recortes, também dando a ideia de tridimensionalidade. A releitura é direcionada por uma mesa, onde pessoas bem vestidas estão sentadas participando de uma refeição, na ponta dessa mesa, no centro do quadro, o recorte de Jair Bolsonaro sorrindo. Atrás dessa mesa, alheio àquele momento, apresentam-se diferentes protestos, dentre eles os protestos estudantis que aconteceram no Brasil em 2019, contra o corte na área da educação e os protestos de Brumadinho, que enfatizam a falta de responsabilidade e humanidade da empresa Vale do Rio Doce sobre o rompimento da barragem que matou 232 pessoas e deixou 40 desaparecidas²¹.

Não obstante, essa catástrofe aconteceu três anos após a queda da barragem de Mariana (2015), onde os impactos ambientais são sentidos até hoje²². Acima dessa composição, foram inseridos recortes da ditadura militar da época.

- Análise subjetiva: A releitura foi produzida tomando como base uma das principais músicas do disco, intitulada Panis et Circenses. Assim como o disco todo, ela é um símbolo do banquete antropofágico oswaldiano. A canção caracteriza o perfil político do “pão e circo” - o termo sátiro, descreve a forma como o governo romano lidava com a população pobre diante de sua expansão, distribuindo cereais e promovendo eventos para distrair a população dos problemas - ironizando a ditadura militar. Além disso, a canção expõe dois perfis de pessoas daquela época, as que queriam agir em prol da mudança, através da “soltei os tigres e os leões nos quintais”, confrontando com àquelas que não tinham interesse em agir, que estavam “na sala de jantar ocupadas em nascer e em morrer”, como crítica à classe média por falta de posicionamento diante dos problemas políticos e sociais da ditadura militar. Pois isso, buscouse representar essas “pessoas na sala de jan-

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| CAPA DO DISCO DE TROPICALIA OU PANS ET CIRCENCIS

tar” por meio do recorte de pessoas bem vestidas sentadas na mesa junto ao presidente do Brasil, mostrando-se alheios aos acontecimentos externos. Dessa forma, ressaltando e criticando o descaso do governo atual diante a uma série de fatores econômicos, políticos e sociais que o Brasil têm enfrentado nos últimos anos. Em paralelo, por meio dos recortes da ditadura militar objetivou-se representar as repressões sofridas nos protestos brasileiros, especialmente nos estudantis de São Paulo²² e Rio de Janeiro²³. Outrossim, buscou-se evidenciar o posicionamento reativo, e por vezes violento, que o governo de Bolsonaro propaga no país, que por consequência influencia seus seguidores a agirem da mesma forma.

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23- El País. Cortes da Educação despertam as ruas contra Bolsonaro. 2019. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Dispoínel em: https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/06/opinion/1449409224_738934.htmll. Acesso em: 25 abr. 2020.

24- El País. Cortes da Educação despertam as ruas contra Bolsonaro. 2019. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Dispoínel em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/15/politica/1557950158_551237.html. Acesso em: 25 abr. 2020.

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO DO TOM ZÉ (GRANDE LIQUIDAÇÃO) ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: A tipografia utilizada teve a finalidade de manter o aspecto de serigrafia da capa original, com variações de espessura e tamanhos, característicos do trabalho artesanal. Por outo lado, diferente da capa original, ela está diagrama de forma divertida no centro da capa, sem interferência de formas. O nome do cantor e do disco se apresentam na cor amarelo mustarda, se destacando sobre o fundo azul escuro, dando a ideia de luminosidade, e também exibe ruídos da textura aplicada.

- Análise objetiva: Para essa capa, foi considerado a cidade de São Paulo como tema principal, já que ela está presente nas músicas do disco, e também foi o local onde Tom Zé veio morar e produzir o disco. Por isso, as colagens mostram a sobreposição dos prédios paulistas, buscou-se manter o cinza da cidade mas ao mesmo tempo explorar as cores da capa original, essas foram inseridas por meio de sólidos coloridos. Nos prédios é possível notar além de janelas, telas de notícias, propagandas e entertenimento.

A composição é feita por diferentes tipos de pessoas, com diferentes expressões,

estados mentais e comportamentos, algumas usando máscaras de proteção.

Além disso, na janela do prédio mais central, o recorte do gesto que acabou se tornando “marca registrada” do Bolsonaro, colocado dessa forma para ironizar o posicionamento dele diante à crise que o país está enfrentando.

- Análise subjetiva: Buscou-se trazer para o contexto atual as mesmas críticas da capa original, pois elas ainda são eficazes hoje.

Além desses temas, a releitura expõe o uso exacerbado do celular, que mudou o relacionamento social, a depressão, a ansiedade e também evidenciaas questões relacionadas a quarentena frente à pandemia do COVID-19.

Hoje a forma de consumo e alienação se dá não só através da televisão e espaços físicos, mas de forma virtual, por meio da internet, que pode ser acessada de qualquer lugar pelo celular. A internet virou um mercado competitivo e exigente, onde pessoas se esforçam para se destacar, ganhar likes e fãs em troca de permutas, fama e dinheiro. Um mundo que muitas vezes mostra a ilusão da vida perfeita, mascarando a tristeza e as dificuldades diárias, o que faz com que muitos passem a questionar os acasos da vida real, gerando ansiedade e outros problemas psicológicos. Além disso, as marcas se tornaram

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO DO TOM ZÉ (GRANDE LIQUIDAÇÃO)

muita mais presentes no nosso cotidiano, através das redes sociais e do novo modelo de publicidade, que ao fazerem parcerias com os influenciadores digitais aumentam o consumo online²⁵.

Em conclusão, essa releitura em forma de colagem, ironiza o vício pela internet e o celular, bem como mostra os efeitos negativos atrelados a esse consumo desenfreado. Além disso, abordada o tema do COVID-19 e suas consequencias, que fez com que a população parace para repensar suas prioridades. Por outro lado, também ironiza o bombardeio de informações que a população está exposta diariamente sobre o assunto.

25- NEILPAL.Marketing de Influenciadores: o que é e Como Fazer da Forma Certa. Disponível eim: https://neilpatel.com/br/blog/marketing-de-influenciadores-o-que-e-como-fazer/. Acesso em: 15 abr. 2020.

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO A BANDA TROPICALISTA DO DUPRAT ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: O nome do disco foi diagramado na mesma forma que na capa original, pois é uma característica muito marcante da capa original e optou-se por ser mantida. A escolha da tipografia teve influência nas fontes desenhadas do movimento psicodélico, muito marcante nos cartazes de show da década de 1960, por possuir um aspecto de movimento e de remodelável bem como a disposição do título do disco.

Outrossim, em preto e branco, a fotografia da família imperial do Brasil de 1860, da esquerda para direita : Príncipe Luís Augustode Saxe-Coburgo e Gota, Princesa Leopoldina do Brasil, Imperatriz Teresa Cristina do Brasil, Imperador Dom Pedro II do Brasil, Príncipe Gastão de Orléans, Conde D'e Isabel, Princesa Imperial do Brasil. De forma geral, as colagens foram centralizadas e unificadas pelo sólido quadrado amarelo, o qual possui uma profundidade pela diferenciação de tons amarelos na parte superior e inferior da forma.

- Análise objetiva: Para a montagem dessa capa, foram utilizados recortes de uma lata de Pitú, um bumbo de bateria onde o rosto do Duprat foi inserido de forma caricata, um cacho da semente de guaraná, o recorte circular de uma da floresta amazônica, bem como a presença de outras plantas. Além disso, foi feito um recorte do mestre sala e porta bandeira do desfile da Portela de 2020, uma das escola de samba mais antigas do Brasil, fundada em 1923²⁶. A figura do índio foi extraída desse mesmo desfile, que teve como enredo o tema “Guajupiá, terra sem males", homenageando os primeiros habitantes do Rio de Janeiro.

- Análise subjetiva: Objetivou-se manter o mesmo conceito da capa original, pois ela representa os pilares do movimento tropicalista, tais como a sobreposição do arcaio e do moderno, porém numa releitura contemporânea.

26- Rio Carnival. A História da Portela. Disponível em: https://www.rio-carnival.net/escola-de-samba-portela. Acesso em: 18 abr. 2020.

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RELEITURA

| CAPA DO DISCO DE JORGE BEN (1969) ASPECTOS VISUAIS - Tipografia: As cores foram mantidas como na capa original, a fonte característica do movimento psicodélico americano, com algumas distorções.

- Análise objetiva: No centro da capa, a representação do personagem principal é feita por meio de diferentes recortes, a composição foi feita do recorte dos olhos de uma foto de Jorge Ben, que sobrepõe a cabeça de uma homem negro e o desenho do corpo feito por um sólido preto no formato de uma camiseta. O violão foi mantido e acrescentado o punho fechado na parte superior. Assim como na original, foi inserido a imagem da bananeira, da bandeira do Brasil, do caju, do tucano, o pandeiro e foram acrescentados o café e as araras. Além disso, há o recorte de três mulheres negras sendo duas dela passistas de escola de samba da Unidos do Viradouro e ,com as asas de anjo, Mariele Franco.

- Análise subjetiva: A representação do personagem principal teve o objetivo de colocar o negro como protagonista. O recorte do violão, assim como na original,

enfatiza a música como meio de libertação, bem como a mão negra fechada. O punho erguido é a representação da resistência, e apoio a luta da população negra. Esse gesto ainda é muito utilizado e foi inserido no movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) em protesto contra a violência policial aos negros, que acontecem com frequência tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Acima da figura principal tem dois papagaios voando livre, com o intuito de representar a liberdade do povo brasileiro. Além disso, assim como na original, nas bordas da capa foram feitas algumas interpretações de brasilidade, tais como a bananeira, a bandeira do Brasil, o cajueiro e o café. As mulheres retratadas na capa fizeram parte do desfile da Unidos do Viradouro, escola de samba de Niterói (RJ), que fizeram nesse ano, um desfile voltado para a valorização da mulher negra.

Sendo assim, elas simbolizam as mulheres negras mencionadas e ilustradas no disco original. Outrossim, para a interpretação do anjo com o rosto preto, referente a música “Descobri Que Sou Um Anjo”, que está atrelada a outras duas músicas: “Take It Easy My Brother Charlie” e “Charlie, Anjo 45”, foi feito um recorte de Mariele Franco, montada com

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| CAPA DO DISCO DE JORGE BEN (1969)

asas de anjo, conectando a história dela à narrativa dessas três músicas, que em suma relatam a união da população negra de forma positiva e esperançosa dentro da periferia, da valorização da representatividade negra em forma de liderança. Dessa forma, buscou-se fazer uma ponte com o papel que a Mariele representava para a população periférica, bem como ressaltar a luta dela frente as causas políticas, sociais e culturais.

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PRODUTOS FINAIS CAPAS DOS DISCOS Todas as releituras, independente da diferença de suas características visuais, foram unificadas pelo selo da marca Geleia Geral.

A proposta foi trazer essas releituras, por meio da composição de colagens, aplicadas no contexto contemporâneo à sociedade brasileira. Entretanto, na questão visual, decidiu-se aplicar ruídos e texturas que trouxessem o aspecto vintage, não somente pela estética, mas como forma de se aproximar da época e além disso, pelo próprio conceito do movimento tropicalista de misturar o arcaico e o moderno.

A unidade visual da parte de trás de cada capa se dá pela aplicação da identidade visual apoiada nos conceitos da marca Geleia Geral.

ENCARTES Como o nosso público alvo tem o perfil de quem aprecia viver experiências sensoriais, foi criado um encarte personalizado para cada disco, onde é possível encontrar todas as letras das músicas, fotos, momentos e elementos ligados às características de cada artista durante a tropicália, bem como frases e ideias dos mesmos sobre o movimento. Assim como todo o projeto, nos encartes é possível notar carac-

rísticas da identidade visual da Geleia Geral, porém, por objetivar fazer algo característico e personalizado de cada artista, optou-se por manter as cores das capas originais.

DIVULGAÇÃO DO PROJETO Por meio das entrevistas feitas com o nosso público alvo, foi possível perceber certos comportamentos que nos levou a entender que a melhor forma de divulgar o projeto seria por meio da rede social Instagram e por campanhas de posters dispostos, inseridos em pontos estratégicos nos bairros mais frequentados pelo nosso público.

Instagram - o perfil Geleia Geral teria sua estreia online por meio de de três trincas iniciais, postadas em três dias seguidos, para que dessa ocorra uma contextualização do projeto, então a disposição ficaria organizada dessa forma: 1º trinca - Contexto histórico, com recortes feitos dos protestos da época.

2º trinca - Apresentação dos artistas, também com recortes da época.

3º trinca - O projeto, onde se explica de forma resumida o projeto e sua data de lançamento.

Posters - a ideia é a inserção dos posters em conjunto, pois cada um deles se comunica de forma diferente. Bem como no Instagram, os posters tem recortes dos artistas, além de frases de algumas músicas do movimento com algumas brincadeiras visuais.

PEÇAS GELIA GERAL Com o objetivo de atrair o público, foi pensado em peças para compor e valorizar a marca, como ecobags, copos, adesivos e caixa para guardar a coleção de vinil.

CAPAS DE DISCOS | CAETANO VELOSO

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VERSO DE DISCOS | CAETANO VELOSO

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ENCARTE | CAETANO VELOSO

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VINIL | CAETANO VELOSO

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CAPAS DE DISCOS | GILBERTO GIL

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VERSO DE DISCOS | GILBERTO GIL

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ENCARTE | GILBERTO GIL

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VINIL | GILBERTO GIL

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CAPAS DE DISCOS | TROPICÁLIA

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VERSO DE DISCOS | TROPICÁLIA

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ENCARTE | TROPICÁLIA

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VINIL | TROPICÁLIA

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CAPAS DE DISCOS | TOM ZÉ

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VERSO DE DISCOS | TOM ZÉ

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ENCARTE | TOM ZÉ

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VINIL | TOM ZÉ

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CAPAS DE DISCOS | ROGÉRIO DUPRAT

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VERSO DE DISCOS | ROGÉRIO DUPRAT

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ENCARTE | ROGÉRIO DUPRAT

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VINIL | ROGÉRIO DUPRAT

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CAPAS DE DISCOS | JORGE BEN

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VERSO DE DISCOS | JORGE BEN

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ENCARTE | JORGE BEN

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VINIL | JORGE BEN

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DIVULGAÇÃO | INSTAGRAM

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DIVULGAÇÃO | POSTERS

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PRODUTOS GELEIA GERAL | ECOBAGS

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PRODUTOS GELEIA GERAL | COPOS

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PRODUTOS GELEIA GERAL | CAIXA

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REFERENCIAL TEÓRICO Barbosa, Mateus. Tropicália - A voz de uma geração. 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HHM5-PonsKM&t=1162s. Acesso em 17 abr. 2020.

CÔRTES FILHO. O CENÁRIO UNDERGROUND DA PSICODELIA BRASILEIRA NA DÉCADA DE 1970: ASPECTOS DA ESTÉTICA E POÉTICA. 2019. Goiânia.

Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/10063/5 /Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Audrival%20Pereira%20C%C3%B4rtes%20 Filho%20-%202019.pdf. Acesso em 22 mai. 2020 CALDAS, Waldenyr. Iniciação à Música Popular Brasileira. São Paulo: 5. Ed., Amarilys, 2010 Canal Brasil. Tropicália ou Panis Et Circencis l O Som do Vinil. 2018. (25m41s).

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Acesso em 16 abr. 2020 Canal USP. Tropicalismo revolucionou a música brasileira [Celso Favaretto] MPB na USP. 2017. (6m36s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LPF9ULMJDDM. Acesso em 5 mai. 2020 DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

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