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Introdução

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Prefácio

Prefácio

Este livro tem um propósito: ajudar o leitor a descobrir o significado da Bíblia. Por que precisamos de um livro que nos ensine isso? Por que não podemos apenas ler a Bíblia e ver, por nós mesmos, o que ela diz e significa? Podemos e devemos fazer isso, mas, por causa de algumas razões especiais, nós precisamos de ajuda.

A maioria dos livros que passam por nossas mãos foram escritos já no nosso tempo e para as pessoas da nossa geração. Os escritores vivem na mesma cultura em que vivem seus leitores, e têm os mesmos padrões de pensamentos. Quando não é esse o caso do livro que estamos lendo, encontramos dificuldade para entender o texto.

A maior parte das pessoas que lerão este livro não têm conhecimento da filosofia oriental. Podemos encontrar livros escritos por orientais sobre essa filosofia. Entretanto, mesmo tendo sido traduzidos para nossa língua, esses livros são de difícil leitura porque a lógica do pensamento oriental é muito diferente da nossa.

Quando um leitor tem hoje diante de si um texto que contenha a mitologia grega ou um Beowulf, ou até mesmo um Shakespeare, ele tem de estar constantemente interpretando o que lê. As

palavras estão na nossa língua; mas o ambiente nos é estranho. As pessoas pensam diferentemente de nós. Normalmente, elas têm um conjunto de valores diferente do nosso. Mesmo quando percebemos certos temas universais que são comuns em nossos dias, é preciso fazer a transição de outra cultura e outro tempo para o nosso, a fim de que a mensagem seja relevante.

O mesmo acontece com a Bíblia. Ela foi escrita num período de cerca de 2.000 a 3.000 anos atrás, em línguas diferentes e por pessoas cuja lógica de pensamento, costumes e forma de viver era muito diferente da nossa. Os autores da Bíblia eram parte da sua geração, da mesma forma em que fazemos parte da nossa.

Quando estudamos a Bíblia, somos sempre confrontados com as seguintes perguntas: O que este texto significou para os leitores a quem ele foi dirigido? O que significa para nós, hoje? Ao responder a estas perguntas, estamos vivenciando o processo de interpretação da Bíblia.

A Bíblia não é o único documento que precisa ser estudado dessa maneira para poder ser entendido. Muitos livros já foram escritos com o objetivo de se interpretar Platão, Aristóteles e Kant. Os arqueólogos que analisam os manuscritos do Mar Morto precisam usar todos os princípios relevantes e toda a habilidade para determinar o que os escritos significam.

É de especial importância o cuidado com que interpretamos a Bíblia, porque estamos lidando com material de valor infinito — a mensagem e a revelação de Deus. Para o cristão, a Bíblia é o livro de orientação para todos os aspectos da vida. Ela nos mostra o caminho do relacionamento com Deus. Ensina o que Deus espera dos homens e das mulheres. É o único registro da plena revelação de Deus na pessoa de Jesus Cristo. Uma vez que o relacionamento com Deus é indispensável para uma vida de satisfação, não podemos ameaçar esse relacionamento com uma leitura ou um entendimento errôneo da Bíblia.

No passado, interpretações incorretas da Bíblia tiveram consequências terríveis. Interpretações erradas foram usadas para

apoiar causas absurdas, como discriminação racial e sexual, escravidão e, em particular, teorias científicas. Um dos momentos mais obscuros na história da cristandade aconteceu no século XVII, quando o grande matemático Galileu foi julgado e condenado pela igreja porque formulara a teoria coperniana dizendo que a terra girava em torno do sol. Esta teoria era contra a “interpretação bíblica” que entendia ser a terra o centro do universo.

Por que coisas como estas aconteceram? Porque pessoas honestas e conscienciosas confundiram a mensagem de Deus com sua interpretação das palavras da Bíblia. Mensagem e interpretação não são palavras sinônimas. É preciso que sejamos honestos e admitamos que algumas de nossas profundas convicções — muitas vezes, defendidas com muita intensidade emocional — estão baseadas em perspectivas muito pessoais de determinados versículos bíblicos, e não de acordo com a mensagem geral de Deus dada na Bíblia como o mais alto padrão divino para nós.

Todos os cristãos estão constantemente diante da necessidade de interpretar a Bíblia corretamente. O objetivo deste livro não é dar uma fórmula mágica para garantir a “compreensão imediata” das passagens difíceis. Antes, é oferecer alguns princípios básicos que ajudarão a orientar o nosso raciocínio e avaliação das interpretações que ouvimos e lemos.

Como usar este livro

Leia, em sua Bíblia, as passagens indicadas, quando elas não estiverem inteiramente transcritas. Só assim você poderá realmente praticar o que está aprendendo enquanto lê este livro. Quando não houver uma indicação específica, os textos bíblicos citados sempre serão da versão ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA, Edição de 1943, publicada pela IMPRENSA BÍBLICA BRASILEIRA / JUERP. Em alguns casos, particularmente no capítulo sobre a poesia bíblica, uma tradução mais literal em relação às línguas originais é apresentada. É uma prática sábia e saudável

comparar várias traduções quando você estiver estudando um texto bíblico. Reflita sobre as perguntas que estão ao final de cada capítulo e faça os exercícios sugeridos. Isso lhe dará a oportunidade de praticar e aplicar imediatamente os princípios nele abordados. Somente pela prática você pode desenvolver a habilidade e experimentar o prazer que provém de um entendimento profundo da Palavra de Deus. Estude e leia criteriosamente. Você vai experimentar uma nova empolgação à medida que aprende a fazer as suas avaliações e julgamentos baseando-se em princípios firmes. A Bíblia se tornará mais viva e poderosa em sua vida. Lembre-se: o objetivo é que você entenda esse livro fantástico — a Bíblia — e encontre com Deus em suas páginas.

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