ABORDAGENS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS NO NORDESTE BRASILEIRO - Vol. 3

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Organizadores: Isaac Araújo Gomes Érik Serafim da Silva Marcos Barros de Medeiros Maria Verônica Lins Weverton Pereira de Medeiros Bruno Emanuel Souza Coelho Virginia Maria Magliano de Morais Luzimar Joventina de Melo Natanaelma Silva da Costa Francisco Lucas Chaves Almeida

Editora & Eventos Científicos

ABORDAGENS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS NO NORDESTE BRASILEIRO

Volume 3


Organizadores: Isaac Araújo Gomes Érik Serafim da Silva Marcos Barros de Medeiros Maria Verônica Lins Weverton Pereira de Medeiros Bruno Emanuel Souza Coelho Virginia Maria Magliano de Morais Luzimar Joventina de Melo Natanaelma Silva da Costa Francisco Lucas Chaves Almeida

ABORDAGENS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS NO NORDESTE BRASILEIRO

Editora & Eventos Científicos

Bananeiras – PB

2020


© 2020 por Isaac Araújo Gomes, Érik Serafim da Silva, Marcos Barros de Medeiros, Weverton Pereira de Medeiros, Maria Verônica Lins, Bruno Emanuel Souza Coelho, Virginia Maria Magliano de Morais, Luzimar Joventina de Melo, Natanaelma Silva Costa, Francisco Lucas Chaves Almeida (Org.) © 2020 por Vários Autores Todos os direitos reservados. Edição Gráfica e Capa Érik Serafim da Silva Conselho Editorial Dr. Christopher Stallone de Almeida Cruz - CISCE - Doutor em Engenharia Agrícola - UFCG Dra. Elizandra Ribeiro de Lima Pereira - SEE/GRE-MATA NORTE/PE - Doutora em Biotecnologia UFPB Lic. Érik Serafim da Silva - Mestrando em Ciências Agrárias (Agroecologia) - UFPB Bel. Francisco Lucas Chaves Almeida - Doutorando em Bioenergia - FEA/UNICAMP Bel. Isaac Araújo Gomes – Pós-graduando em Biotecnologia - FAVENI M. Sc. Josevandro Barros Nascimento - Mestre em Ciências, Modelagem Matemática e Computacional - UFPB Lic. Luzimar Joventina de Melo - Mestranda em Ciências Agrárias (Agroecologia) - UFPB Dr. Marcos Barros de Medeiros - Doutor em Entomologia ESALQ/USP - DPAG/UFPB Dra. Maria Verônica Lins - UFCG - Doutora em Engenharia de Processos - UFCG M. Sc. Natanaelma Silva Costa - Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO/UFPB M. Sc. Thamilys Nascimento Silva - Mestrado em Agronomia - UFPB M. Sc. Weverton Pereira de Medeiros - Doutorando em Biotecnologia - UFES

Índice para catálogo sistemático: 1. Ciências Agrárias 630 2. Ciências Agrárias 630 Agricultura e tecnologias relacionadas O conteúdo desta obra, inclusive sua revisão ortográfica e gramatical, bem como os dados apresentados, são de responsabilidade de seus participantes, detentores dos Direitos Autorais. Esta obra foi publicada pela Gepra Editora & Eventos Científicos (CNPJ: 37.446.814/0001-64) em outubro de 2020.


Apresentação

A coletânea de e-books ABORDAGENS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS NO NORDESTE BRASILEIRO foi produzida com o intuito de promover a produção científica e de tecnologias sociais em diferentes áreas do conhecimento, por meio da interação entre pesquisadores e estudantes de âmbito nacional e a realização de atividades que promoveram debates referentes a sustentabilidade agrícola, incentivando a comunidade acadêmica, setores da sociedade e agricultores rurais a pensarem o Semiárido Brasileiro baseado na cultura da sustentabilidade.

“É no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste!”


SUMÁRIO Cap. 01 - PERCEPÇÕES DOS MORADORES DA VILA FLORESTAL - LAGOA SECA SOBRE MAUS TRATOS AOS ANIMAIS..........................................................06 Cap. 02 - PERFIL DOS CONSUMIDORES DE HORTALIÇAS EM FEIRAS LIVRES DE SOUSA-PB................................................................................................................15 Cap. 03 - PERFIL E DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE VIDA EM ASSENTAMENTOS RURAIS NO MUNICÍPIO DE IGUATU, CEARÁ......................23 Cap. 04 - PERFIL INSTRUMENTAL DE TEXTURA DE GELEIA DE KIWI COM CHÁ DE CAPIM SANTO...............................................................................................35 Cap. 05 - PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL TIPO PILSEN...........................44 Cap. 06 - PRODUÇÃO DE HAMBÚRGUER A BASE DE CARNE DE CARNEIRO COM ADIÇÃO DE ORÉGANO.....................................................................................52 Cap. 07 - PRODUÇÃO DE MUDAS DE Gliricidia sepium (Jacq.), PARA PRODUÇÃO DE FORRAGEM, EM DIFERENTES SUBSTRATOS NO CARIRI PARAIBANO.....59 Cap. 08 - PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE DE VACAS PRIMÍPARAS ALIMENTADAS COM NÍVEIS DE ÁCIDO TÂNICO NA DIETA..............................66 Cap. 09 - QUALIDADE DA ÁGUA DE CHUVA ARMAZENADA EM CISTERNAS DE PLACAS NO MUNICÍPIO DE QUIXERAMOBIM-CE..........................................76 Cap. 10 - QUALIDADE DE ÁGUA DO RESERVATÓRIO EPITÁCIO PESSOA: RISCOS PARA AGRICULTURA E SAÚDE ANIMAL................................................83 Cap. 11 - QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ACEROLAS (Malpighia emarginata DC), COMERCIALIZADAS EM ESTABELECIMENTOS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA/PB....................................................................................................................93 Cap. 12 - QUALIDADE PÓS-COLHEITA DA UVA ‘ARRA-15’ SOB APLICAÇÃO DE BIOESTIMULANTE..............................................................................................102 Cap. 13 - REÚSO DE ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO NO CULTIVO DE ESPÉCIE FLORESTAL................................................................................................109 Cap. 14 - REÚSO DE ÁGUA NA RECUPERAÇÃO DE SOLO DEGRADADO EM REGIÃO SEMIÁRIDA.................................................................................................116 Cap. 15 - RIZOGÊNESE DO FEIJÃO CAUPI (Vigna Unguiculata (L.) Walp.) INDUZIDA PELA TEMPERATURA E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DA ÁGUA............................................................................................................................125


Cap. 16 - SECAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLPA DE MANGA ‘PRINCESA’ OBTIDA PELO MÉTODO CAMADA DE ESPUMA..................................................133 Cap. 17 - SECAGEM SOLAR DE PRODUTOS AGRÍCOLAS: UMA ALTERNATIVA DE BAIXO CUSTO.......................................................................................................147 Cap. 18 - SELEÇÃO DE ADITIVOS UTILIZADOS NA SECAGEM EM CAMADA DE ESPUMA DA POLPA DO FRUTO DO MANDACARU.............................................154 Cap. 19 - SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR: AS REDES SOCIAIS COMO AGENTES DE PERCEPÇÃO.......................................................................................164 Cap. 20 - SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO E A IMPORTÂNCIA DO SETOR FLORESTAL................................................................173 Cap. 21 - TECNOLOGIA SOCIAL DE TRATAMENTO DE ÁGUA CINZA PARA REÚSO AGRÍCOLA NA ZONA RURAL DE MUNICÍPIOS DO CARIRI E SERIDÓ PARAIBANO................................................................................................................185 Cap. 22 - TEMPERATURAS E SUBSTRATOS NA EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE Caesalpinia pyramidalis Tul....................................................................................194 Cap. 23 - TRATAMENTO DE EFLUENTES DE LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO POR INFILTRAÇÃO EM COLUNAS DE AREIA PARA REÚSO AGRÍCOLA................202 Cap. 24 - TÉCNICAS PARA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE GOIABA (Psidum guajava): UM AVANÇO PARA O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO MUNICÍPIO DE CABEDELO...................................................210 Cap. 25 - UMEDECIMENTO DO SUBSTRATO E TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong..........................................................................................................................219 Cap. 26 - UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO EM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO UTILIZANDO ÁGUA RESIDUÁRIA...................................231 Cap. 27 - USO DE POLÍMERO HIDRORETENTOR COMO ATENUANTE DO ESTRESSE SALINO NA CULTURA DO MANJERICÃO (Ocimum basilicum L.)..................................................................................................................................241 Cap. 28 - VALIDAÇÃO DE MANEJO DE ORDENHA SUSTENTÁVEL JUNTO AOS PRODUTORES DE LEITE CAPRINO.........................................................................249 Cap. 29 - VARIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE CINCO CULTIVARES DE SORGO CULTIVADAS EM UMA DAS ÁREAS MAIS SECAS DO BRASIL.........................................................................................................................256


Cap. 30 - ÍNDICE DE CLOROFILA E A ESTIMATIVA DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJÃO GUANDU CULTIVADO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO...................263 Cap. 31 - ÍNDICES DE QUALIDADE E CRESCIMENTO DE MUDAS DE ESPÉCIES NATIVAS DA CAATINGA PRODUZIDAS EM DIFERENTES TIPOS DE COMPOSTOS ORGÂNICOS.......................................................................................270 Cap. 32 - ÍNDICES DE VEGETAÇÃO E IMPACTO CAUSADO PELO PERÍODO DA SECA, NO MUNICÍPIO DE SÃO ROQUE DO CANAÃ – ES.....................................283 Cap. 33 - ÓLEOS ESSENCIAIS SOBRE A QUALIDADE DAS SEMENTES DE Albizia lebbeck (L.) Benth..........................................................................................................291 Cap. 34 - QUALIDADE DO EXTRATO DE PRÓPOLIS MARROM EM APIÁRIOS INSTALADOS NO BIOMA CAATINGA....................................................................300


Capítulo 01 PERCEPÇÕES DOS MORADORES DA VILA FLORESTAL - LAGOA SECA SOBRE MAUS TRATOS AOS ANIMAIS

BARROSO, Vitória Saskia Ferreira Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba vitoriasaskia17@gmail.com BRANDÃO, Gabriella Henrique Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba gabriellabrandao77@gmail.com SOUZA, Bruna dos Santos Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba souza.brusbs@gmail.com LEITE, Nayanne Morais Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba nayanneleite@live.com LIMA, Deise Maria Farias Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba deise_farias19@hotmail.com

RESUMO O aumento dos casos de maus tratos aos animais na atualidade é assunto de grande repercussão. Dessa forma, causa discussão sobre as penalidades e as investigações das ocorrências. O trabalho objetivou-se em analisar o conhecimento dos moradores da Vila Florestal, localizada em Lagoa Seca - PB, sobre os atos da sociedade contra os animais que são caracterizados como maus tratos. A condução da pesquisa teve duas etapas: na primeira etapa foi aplicado um questionário para população identificar se as determinadas situações indicavam maus tratos e se os moradores da Vila Florestal já presenciaram alguma dessas ações. Na segunda etapa teve um diálogo com os moradores sobre as práticas que são definidas como maus tratos, as penalidades para quem comete esses crimes, os malefícios dessas ações para os animais e os benefícios de contribuir com o bemestar animal. Foram entrevistadas 53 pessoas, em sua maioria, 83% criavam algum tipo de animal. Desses, 60% já presenciou cenas de maus tratos, maior parte com cães (36%), 94% dos entrevistados informou que deixar o animal sem atendimento veterinário quando necessário é característica de maus tratos. Assim como, 96% declarou que bater em um animal para contê-lo por alguma atitude também se classifica como maus tratos. Os residentes da Vila Florestal em sua maioria têm conhecimentos sobre os atos definidos como maus tratos. Temas que abordam situações de maldade e bem estar animal são essenciais para que as pessoas tenham empatia, é preciso conscientizar a população sobre as suas ações e o quanto elas podem ser prejudiciais ao animal e o ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Bem estar animal, Meio ambiente, Crueldade.

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1. INTRODUÇÃO Atualmente, questões como maus tratos, abandono e bem-estar animal é alvo de grande repercussão e discussão. A sociedade vem mudando os seus conceitos, como também, seu posicionamento e conduta em relação a estes temas, o que inclusive, reflete em modificações jurídicas para uma maior proteção animal, aumento no número de ONG’s e de voluntários envolvidos à causa (TORRES, 2017). Encontramos com facilidade nas mídias sociais as ocorrências de pessoas maltratando animais, esses casos despertam o interesse pela difusão dos fatos (NASSARO, 2013). As Organizações Não Governamentais (ONGs) em defesa dos animais também são presentes na web, divulgam e denunciam os casos de maus-tratos e possibilitam a adoção de animais que sofreram com violência e abandono (OSTOS, 2017). Um fato intrigante, é que não se sabe se os maus tratos aos animais sempre aconteceram regulamente e apenas agora estão sendo mais divulgados pela mídia ou se a população não está tolerando essa prática e denunciando mais esses delitos (NASSARO, 2013). Existe diversas práticas violentas realizada contra animais. Dentre elas estão: rinha, que pode ser entre galos, passarinhos, cachorros que leva confronto, causando complicações como ferimentos, cegueira, podendo até matá-los (DINIZ, 2018). Caracteriza-se como maus-tratos abandonar animais feridos, negar assistência veterinária quando estiver doente, agressões excessivas, trabalhos excessivos ou carregar cargas muito pesadas, envenenamento, não fornecer água e comida diariamente, entre outras (BÁRBOSA, 2016). Os atos de maus tratos e crueldade contra os animais acaba causando sofrimento, violência e desrespeito a dignidade animal. Dessa forma, gera o dever de proteção jurídica, conscientização as autoridades e a população, que é necessário respeitar a integridade físico-psíquica dos animais (DINIZ, 2018). As práticas de maus-tratos de animais são muito comuns, observamos situações evidentes de maldade diariamente, entre elas: tutores que alimentam o animal de forma precária ou incorreta, e animais de tração carregando pesos acima do que deveriam (BÁRBOSA, 2016). Os animais vivem constantemente sofrendo maus tratos, sejam animais domésticos, de tração ou de produção que são destinados a produzir alimentos à população, são tratados como máquinas produtoras. Algumas das técnicas de produção como: locais muito pequenos, que não permitem comodidade ao animal, galpões sem luz e ventilação natural acaba causando sofrimento, estresses, problemas físicos (osteoporose, doenças respiratórias, perda de massa muscular) e distúrbios psicológicos (estereotipias, p. ex. automutilações) (DINIZ, 2018). Maus-tratos aos animais está descrito no art. 32 da Lei federal nº 9.605, de 1998, Lei de Crimes Ambientais, com a seguinte redação: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena de detenção, de 03 meses a 01 ano, e multa. § 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º. A pena é aumentada de 1/6 a 1/3, se ocorre a morte do animal (BRASIL, 1998).

Dessa forma, este trabalho objetivou-se compreender o conhecimento dos moradores da Vila Florestal, Lagoa Seca - PB, sobre atos que são caracterizados como maus tratos em sua região e um diálogo com os moradores sobre as práticas que são definidas como maus tratos, as penalidades para quem comente esses crimes, os malefícios dessas ações para os animais e os benefícios de contribuir com o bem-estar animal.

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2. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada durante o período de janeiro de 2020 e teve duas etapas, através de entrevistas com os moradores da comunidade Vila Florestal, localizada em Lagoa Seca- PB. Para tal foi aplicado um questionário semiestruturado com 19 questões que enquadrava principalmente perguntas dos atos que são caracterizados maus tratos aos animais, se os moradores criavam algum animal, se já presenciaram cenas de maus tratos e o que seria necessário para diminuir o índice de violência com esses animais. E a segunda etapa foi após essas entrevistas, onde ocorreu um diálogo com os habitantes sobre as práticas que são definidas como maus tratos e as penalidades existentes para quem pratica esses atos, os malefícios dessas ações para os animais, e as técnicas que favorecem o bem estar animal. Os dados coletados durante a aplicação dos questionários foram computados e tabulados através do software editor de planilhas Excel, sendo elaboradas tabelas de quantificação das respostas, e posteriormente descritas e apresentadas em porcentagens.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram entrevistados 53 moradores do entorno da comunidade Vila Florestal, sendo, 62% do sexo feminino e 38% do sexo masculino. Dos residentes entrevistados, (36%) tinham entre 18 a 26 anos, (19%) 27 a 35 anos, (13%) de 36 a 44, (15%) entre 45 a 53, outros (9%) de 53 a 61 e (8%) acima de 62 anos. Segundo Moutinho et al., (2015) em sua pesquisa sobre a percepção da sociedade em relação a qualidade de vida e controle populacional de cães obteve os seguintes dados referente a população: os entrevistados tinham entre 18 e 30 anos, totalizando 35,1%, em seguida as faixas etárias entre 30 e 40 anos (25%), entre 40 e 50 anos (24,5%) e maiores de 50 anos (15,4%). Quando questionados se criam algum animal, 83% respondem sim e 17% responderam que não criam, cerca de 57% possuem cão, outros 43% gatos, 15% galinhas, 2% passarinhos e bodes. É comum o crescimento de animais nos lares como também o grau de afeto dedicado a eles, na atualidade são considerados como membros da família (MAZON; MOURA, 2017). Em relação a ter presenciado alguma cena de maus tratos com animais, 60% responderam que sim, 32% não e outros 8% afirmaram que não lembravam. Existe diversos casos de pessoas que já presenciaram ações de maus tratos contra os animais, de acordo com a pesquisa realizada por Rodrigues e Laburu (2014), alunos do 3° ano ensino médio registraram fotografia de animais em situação de maus tratos e alguns desses registros não haviam sido mencionados em aula. Segundo Silva (2019) é notável que há uma falta de amparo legislativo e uma proteção concreta que certifique a dignidade do animal, o proprietário não pode gozar, usar e dispor do animal como bem entender, pois, existe limitações para o animal. Os dados relativos ao tipo de animal que presenciaram as cenas de maus tratos (Figura 1), cerca de 36% foram cães, 25% gatos, 2% jumento e 2% saguim. Segundo Barbosa (2018) com a repercussão nacional com o caso do cachorro que foi espancado e morto em um supermercado em Osasco - SP, ocorreu um aumento a pena da infração de maus-tratos aos animais, com a mínima de um ano e máxima de quatro anos. Em relação a ação que causou maus tratos a animais (Figura 2), 25% afirmaram já ter presenciado pessoas batendo nos animais, 8% tutores deixando o animal doente sem assistência veterinária, 8% envenenamento, 6% testemunhou abandono de animal doente, 4% já viu o animal sem alimentação, 2% enforcamento e 2% já presenciou uma cena em que um indivíduo jogou óleo quente nas costas do animal. Os animais sofrem inúmeras ataques: são envenenados,

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maltratados, obrigados a trabalhos excessivos e a participar de brigas em rinhas de cães e galo, dependendo da situação só finalizam quando há a morte de um dos adversários, entre outras crueldades (POZZETTI; BRAGA, 2019).

Figura 1: Animais que os moradores da Vila Florestal já presenciaram recebendo maus tratos. Qual o animal que você presenciou sendo maltratado? 35% 30% 25%

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20% 15% 10% 5% 0% cães

gatos

jumentos

saguim

Figura 2: Ato de maus tratos com os animais. Como foi essa ação? 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0%

Foi perguntado aos entrevistados se ao presenciarem essas cenas eles sentiram algo, 34% sentiram tristeza, 25% raiva, 6% angústia e 2% sem reação. De acordo com Santos et al. (2013) que realizou pesquisas com crianças e observou que elas apresentaram bastante emoção sobre a questão dos maus tratos, inclusive descrevendo ao longo das discussões nas palestras que foram realizadas, animais em condição de perigo. Em relação os tipos de atos que são caracterizados como maus tratos, foi questionado sobre deixar o animal frequentemente sem água, comida e boa parte do tempo acorrentado sem condições de se locomover e 100% responderam que essa ação configura-se maus tratos. Existe diversas práticas violentas que são aplicadas contra animais. Entre elas estão: rinhas, vaquejada e rodeio, essas práticas acabam causando desconforto, sofrimento e prejudicando o bem estar do animal (DINIZ, 2018).


Sobre deixar o animal sem atendimento veterinário quando necessário é considerado uma prática de maus tratos (Figura 3), 94% disseram sim, enquanto uma pequena parcela de 2% assegurou que não e 4% talvez. É necessário proporcionar aos animais dignidade, esses indivíduos tem suas necessidades assim como nós humanos, são detentores de características próprias, eles não devem ser tratados como objetos e devem ser respeitados, assim como o ser humano tem o direito de tratamento médico os animais tem a mesma necessidade (SATO, 2016).

Figura 3: Resposta dos moradores da Vila Florestal sobre deixar o animal sem atendimento veterinário. Deixar o animal sem atendimento veterinário quando necessário é caracterizado maus tratos? 100% 80% 60% 40% 20% 0% sim

não

talvez

Quando abordados sobre os ambientes que não contém estruturas físicas necessárias para abrigar os animais de fatores como: frio, calor e chuva, 94% responderam que esse ato se caracteriza como maus tratos e 6% responderam talvez. Sobre bater em um animal para contê-lo por alguma atitude (Figura 4), 96% disseram sim, 2% não e 2% talvez. De acordo com Passos (2015) as ações cruéis é aquelas capazes de causar dor e desconforto psíquico e físico nos animais das mais variáveis formas. No entanto, não há na legislação brasileira um conceito certo e fechado a respeito dessas práticas cruéis. Um caso de maus tratos bárbaro ocorreu durante anos e foi desvendado em 2015, em São Paulo, uma mulher foi condenada por 37 assassinatos de cães e gatos ela utilizava métodos dolorosos para causar a morte dos animais em um cômodo em sua própria casa (CHUECCO, 2018).

Figura 4: Percepção dos moradores da Vila Florestal – Lagoa Seca sobre bater em animal. bater no animal para contê-lo por alguma atitude é maus tratos? 100% 80% 60% 40% 20% 0% sim

não

talvez

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Os dados relativos a abandonar um animal quando ele estar necessitando de atendimento veterinário, 100% contestaram que esse ato se caracteriza como maus tratos. É importante reconhecer que os animais como sujeitos têm direito principalmente a dignidade e eles merecem ser protegidos, mesmo que desconheçam essa razão, para que ocorra essa mudança é fundamental levar em consideração o bem-estar dos animais, mesmo que sejam utilizados para algum benefício humano (POZZETTI; BRAGA, 2019). Em relação a submeter animais a trabalhos excessivos sem proporcionar o devido descanso necessário, cerca de 96% afirmaram que essa ação é considerada como maus tratos, 2% disse talvez e outros 2% não souberam responder. Sato (2016) afirma que se pode definir maus tratos como: praticar, ferir ou mutilar. O ato de “praticar” o animal carregar maior quantidade de peso do que ele suporta. A ação de ferir encaixa-se como bater constantemente em um animal, e a prática de mutilar, trata-se do exercício de cortar partes do corpo do animal. Em relação a capacidade dos animais sentir emoções, 96% garantiu que sim e outros 4% talvez. Um dos aspectos visíveis aos animais não humanos é a sensibilidade, dessa forma implica a responsabilidade, por parte dos humanos, de não causar mal a esses indivíduos. Os animais são seres sencientes, são capazes de sentir emoções de forma consciente, isso os põe em um ponto de igualdade, destruindo a superioridade que o homem acha ter em relação ao animal (SILVA, 2019). Quando perguntados se as ações de maus tratos podem prejudicar o ciclo de vida do animal, 96% afirmaram que sim e 4% disseram talvez. Os animais fazem parte da sociedade, e dividem o planeta com os humanos. É nítido as interações permanente que existe entre humanos e animais, dessa forma, é impossível ignorar que eles afetam a nossa vida, e que nós também afetamos a deles (PAIXÃO, 2018). Os dados relacionados ao que seria necessário para diminuir as causas de maus tratos contra animais (Figura 5), 34% garantiu que seria ações de conscientização, enquanto 32% alegou que a solução seria leis mais severas, 17% declarou que a solução é a colaboração da comunidade com denúncias e outros 17% afirmaram uma maior fiscalização dessas leis. Afirma Passos (2015), a proteção dos animais contra maus tratos requer um aperfeiçoamento da educação e da cidadania. Um dos grandes vilões responsáveis por ações cruéis impingidos aos animais é a ignorância. A escassez de conhecimento e exploração dos animais pelo homem possibilita a persistência de práticas cruéis.

Figura 5: Opinião dos moradores da Vila Florestal sobre a diminuição de maus tratos com os animais. O que seria necessário para diminuir os maus tratos contra os animais? 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% ações de conscientização para população

leis mais severas

colaboração da população com denúncias

maior fiscalização das leis

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Sobre já terem praticado maus tratos (Figura 6), 8% disseram sim, 83% afirmaram que não e 8% revelaram que não lembra. Diversos são os ocorridos de maus tratos a animais causados pelos tutores ou por terceiros, provocando lesões e transtornos aos animais (NASSARO, 2013). Figura 6: Resposta dos moradores da Vila Florestal em relação a atitudes de maus tratos. Você já praticou algum ato de maus tratos sem intenção? 90% 80% 70% 60% 50%

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40% 30% 20% 10% 0% não

sim

não lembro

talvez

Quanto ao ato praticado no animal, 4% responderam que já bateu no animal, 2% afirmaram que bateu no animal para contê-lo por alguma atitude e outros 2% revelaram que já bateu para separar o animal de uma briga. Muitas dessas ações estão interligados à nossa cultura que acaba sendo usada para desculpar a ignorância e a crueldade de diversas pessoas. Essas infrações são praticadas por uma infinidade de pessoas, envolvendo seus aspectos sociais, culturais e psicológicos (DELABARY, 2012). Quando perguntados se tinham interesse em ter mais informações sobre as questões abordadas, 89% afirmaram que sim e outros 11% disseram que não. Trabalhar questões relacionadas a maus tratos a animais é de extrema importância para a sociedade. Segundo Santos et al., (2013) a sociedade por diversas vezes subestima ou desconhece o verdadeiro problema, é fundamental e indispensável ações educativas para que a população se torne multiplicadores do conhecimento.

4. CONCLUSÕES Os moradores da Vila Florestal localizada em Lagoa Seca - PB, em sua maioria têm o conhecimento sobre os atos definidos como maus tratos contra animais, inclusive alguns deles afirmaram já ter cometido alguma ação, como bater no animal. Dos entrevistados em sua maioria já presenciaram cenas de maus tratos a animais em sua região. Temas que abordam situações de maldade e bem estar animal são essenciais para que as pessoas tenham empatia, é preciso conscientizar a população sobre as suas ações e o quanto elas podem ser prejudiciais ao animal e o ambiente.

REFERÊNCIAS BÁRBOSA, M. C. A influência do direito penal aos maus tratos dos animais domésticos. Revista Saber Acadêmico, n. 22, p.158-177, nov. 2016. BARBOSA, V. Morte de cachorro em loja do Carrefour gera onda de protestos. Exame, 3 dez. 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/marketing/morte-de-cachorro-a-pauladasem-loja-do-carrefour-gera-onda-de-protestos/>. Acesso em: 29 jul. 2019.


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Capítulo 02 PERFIL DOS CONSUMIDORES DE HORTALIÇAS EM FEIRAS LIVRES DE SOUSA-PB

SOUSA, Willama Bezerra de Graduada em Agroecologia Instituto Federal da Paraíba- Campus Sousa willama_bezerra@hotmail.com SILVA, Mateus Gonçalves Mestrando em Sistemas Agroindustriais (Agroecologia) Universidade Federal de Campina Grande matheus.goncalves2102@gmail.com MOREIRA, Joserlan Nonato Doutor em Fitotecnia/Orientador da pesquisa Instituto Federal da Paraíba-Campus Sousa joserlan.moreira@ifpb.edu.br

RESUMO Objetivou-se avaliar o perfil dos consumidores de feiras livres convencional e agroecológica da cidade de Sousa, PB. Para coleta de dados, utilizou-se como instrumento de avaliação questionário do tipo semiestruturado. Para traçar o perfil dos consumidores sousenses, as características avaliadas foram: gênero, faixa etária, renda familiar, nível de escolaridade e percepção de atributos quanto a escolha das hortaliças. Os dados foram computados e analisados utilizando suporte da estatística descritiva. Na feira livre convencional (FLC), constatou-se que 57% consumidores são do sexo masculino e a maioria do público participante com idade entre 18 a 25 anos. O nível de escolaridade predominante dos consumidores foi o ensino médio (38%). Na feira agroecológica (FLA), observou-se que 55% dos consumidores são do sexo feminino, e a maioria (22%) dos entrevistados com idade acima dos 61 anos. Na análise educacional, grau de escolaridade predominante: ensino médio e superior completo (34%). Para os atributos de compra, na FLC o preço, aparência e sabor foram os principais critérios de escolha, enquanto que na FLA foram sabor, aparência e origem, correspondendo respectivamente a ordem de importância. A pesquisa traça o perfil de análise do consumo de produtos agrícolas nas diferentes modalidades de feiras livres. Conclui que o público da feira agroecológica busca alimentos de qualidade e segurança sem se preocupar em pagar um pouco mais caro pelo produto orgânico. PALAVRAS-CHAVE: Mercado consumidor, Feira convencional, Feira agroecológica.

INTRODUÇÃO A horticultura engloba a exploração de um grande número de espécies de plantas popularmente conhecidas como hortaliças (INCAPER, 2007). Nos últimos anos, a temática alimentação saudável vem sendo divulgada nas mais diversas fontes de comunicação. Com isso, o consumidor está, a todo tempo, sendo constantemente ‘alimentado’ por inúmeros desses conceitos, que, de certa forma, o influenciam em suas decisões de compra e consumo de produtos e alimentos. A amplitude desse mercado no cenário vigente tem estimulado a competitividade e a busca de eficiência e eficácia para garantir a tão esperada rentabilidade continuada. Para tanto, a cadeia produtiva não esconde segredos, o foco principal continua sendo o atendimento as necessidades e exigências dos consumidores.

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A comercialização dos produtos e alimentos no setor hortifrutigranjeiro é alicerçada pelas condições de oferta e demanda, porém seu consumo está intimamente ligado à aparência e características sensoriais, além das condições de nutrição, segurança e qualidade, o que possibilita estratégias diferenciadas de comercialização, e consequentemente, inúmeras orientações de programas de aperfeiçoamentos da cadeia produtiva (GUTIERREZ, 2005). Perante a importância e aumento constante do consumo de hortaliças pela população, informações sobre o perfil dos consumidores, são necessários para impulsionar vendas e oferecer um produto ideal de acordo com as exigências dos clientes (NETA et al., 2013). De acordo com Vilela e Macedo (2000), os segmentos do agronegócio devem observar profundamente as tendências de mercado, para identificar quais os atributos dos bens que têm maior valor sob a ótica do consumidor final, para aproveitar as reais oportunidades de mercado. Estudos feitos em outras regiões do país revelaram que a escolha, aquisição e consumo é variável de acordo com o sexo, idade, nível educacional e financeiro (ANDREUCCETTI et al., 2005; CASTELO BRANCO et al., 2006; COSTA e SILVA, 2011; TOFANELLI et al., 2007; ONOYAMA et al., 2010). Em função da alimentação saudável, importância da oferta de produto ideal ao consumidor alvo, a grande extensão territorial do Brasil, e, especialmente, a divergência cultural, pesquisas com foco em levantamentos de opiniões e/ou percepções precisam ser desenvolvidos em região e microrregiões. Assim, esse trabalho, objetivou avaliar a percepção dos atributos de hortaliças sob a ótica dos consumidores nas feiras livres de Sousa, PB.

MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida na cidade de Sousa, PB, cuja qual pertence a Mesorregião do sertão paraibano. Ocupa uma área de 842,275 km2, sendo o terceiro maior município do estado em extensão territorial, com coordenadas geográficas de 6º 45” latitude sul, 38º 13´ 41” longitude oeste e altitude de 220m, com temperatura média anual de 27ºC, umidade relativa de 61% e precipitação média anual de 725mm. A coleta de dados foi realizada nas principais feiras livres da cidade durante o período de março de 2015 a junho de 2016.

Figura 1. Localização da área de coleta de dados, Sousa PB, 2016

Fonte: Google Earth

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O método utilizado na pesquisa foi survey (visitação in loco), com aplicação de questionário semiestruturado, padronizado para descobrir certos traços e atributos da população estudada (BABBIE, 2001). Foram aplicados 460 questionários aos indivíduos, para avaliar o perfil quanto aos principais atributos das hortaliças no momento de compras. Além do perfil socioeconômico dos entrevistados, foram levantadas características de atributos das hortaliças como: aparência, preço, sabor, aroma, embalagens, regularidade, marca, vida de prateleira, praticidade, origem, certificação e valor nutricional. A pesquisa se qualifica como qualiquantitativa afim de identificar quais características são importantes no ato da compra. Após coleta das informações, os dados obtidos foram tabulados e analisados pela estatística descritiva, utilizado os métodos de distribuição de frequências para expressar os resultados.

17 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise da representatividade por sexo dos consumidores de hortaliças em feiras livres na cidade de Sousa, PB, (no ato da compra) revela diferenças entre os percentuais predominantes entre as modalidades de feiras estudadas. Na feira convencional, 57% dos consumidores participantes são do sexo masculino e apenas 43% do feminino, já na feira agroecológica constatou-se que 55% dos consumidores são do sexo feminino e apenas 45% do masculino (Figura 1). Guerra et al. (2018) encontra resultado semelhante ao da feira agroecológica desta pesquisa, em que um público consumidor de hortaliças da cidade de Barra-BA é representado por 82% público feminino. Costa e Silva (2011) também destacam a representatividade das mulheres como principal público consumidor em feiras livres da cidade de Pombal-PB, representando percentual de 70%. Diante dos resultados pode-se dizer que no presente estudo, as mulheres, na feira agroecológica, mostram participação relativamente maior que na convencional em comparação aos homens, fato esse que pode ser explicado pela maior preocupação com questões de segurança alimentar ser um tema bastante discutidos entre as mulheres. De acordo com Burg (2005), outro aspecto relevante que pode explicar a alta da participação do público feminino nas feiras agroecológicas é o fato da agroecologia enquanto ciência mitigadora promover a inserção e visibilidade do trabalho feminino, por meio dos movimentos das mulheres agricultoras.

Figura 2: Estudo da representatividade por sexo dos consumidores de hortaliças nas feiras livres convencional (FLC) e agroecológica (FLA) da cidade de Sousa-PB. IFPB- 2016.

Fonte: Elaborado pelos autores


Com relação a faixa etária dos consumidores feirantes, nas duas modalidades de feiras houve diversificação de faixa de idade entre os participantes. A feira livre convencional teve maior público entre 18 a 25 (21,80%), 26 a 33 (20,30%) e acima de 61 anos (16,29%) e na agroecológica houve destaque para participação de consumidores com idade acima de 61 anos (22%), seguido por composições percentuais iguais de 15% para participantes com faixa de idade entre 26 a 33, 48 a 54 e 55 a 61 anos (Figura 2). A maior visitação de pessoas com mais idade a feiras agroecológicas pode representar maior preocupação por esse grupo no que tange a saúde influenciada por propagandas de segurança alimentar. Figura 3: Faixa etária (anos) de consumidores de hortaliças na feira livre convencional (FLC) e agroecológica (FLA) da cidade de Sousa-PB. IFPB- 2016.

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Fonte: Elaborado pelos autores

Na análise do nível educacional dos consumidores de hortaliças em feiras convencionais (FLC) e agroecológicas (FLA), podem-se observar índices de 38% e 34% para os níveis de ensino médio, 26% e 2% analfabetismo, 7% e 34% para ensino superior nas diferentes modalidades respectivamente (Figura 3). A procura por produtos agroecológicos é maior por pessoas que possuem maior grau de instrução e consequentemente mais informações a respeito dos benefícios desses alimentos. Rucinski (1999) e Casemiro e Trevizan (2009) verificam dados semelhantes em seus estudos, relatando a procura por produtos orgânicos por principalmente pessoas com nível de escolaridade equivalente ao ensino superior completo. Laurenzini e Silva (2004) afirmam que, entre outros fatores, o nível educacional pode influenciar os gastos com alimentação na sociedade. Figura 4: Nível de escolaridade de consumidores de hortaliças na feira livre convencional (FLC) e agroecológica (FLA) da cidade de Sousa-PB. IFPB-Campus Sousa, 2016.

Fonte: Elaborado pelos autores

Com relação a renda familiar dos feirantes entrevistados nas duas modalidades de feiras livres, a FLC teve em sua maioria (92,75%), pessoas com um ou dois salários, já a FLA um percentual de apenas 48,33% com um a dois salários e os demais com 3 a 4, 4 a 5 e acima de 5 salários (Figura 4). Morel et al. (2015), ao analisar o perfil e comportamento dos consumidores em feiras livres em um município de Minas Gerais, encontram resultados semelhantes ao desta pesquisa, onde a maioria dos cidadãos têm renda mensal de 1 a 5 salários mínimos.


Percebe-se que as pessoas com melhores condições salariais procuram mais a feira agroecológica, pois a mesma possibilita a compra de produtos mais saudáveis e livres de agrotóxicos, concordando neste sentido com Schlindwein (2006) cuja qual afirma que, conforme aumenta a renda das pessoas, melhora o acesso a uma maior variedade de produtos, ocasionando alterações nos padrões de consumo, inclusive colocando sob conduta, uma alimentação saudável por meio de produtos naturais, oriundos de agricultura livre de agrotóxicos. Portanto, a análise da renda familiar é de grande importância para avaliação do perfil do consumidor, haja vista, que as decisões de compra das famílias se dão em função da renda familiar e não do indivíduo (SAABOR, 1999). Figura 5: Renda familiar (salário mínimo) de consumidores de hortaliças na feira livre convencional (FLC) e agroecológica (FLA) da cidade de Sousa-PB. IFPB-Campus Sousa, 2016.

Fonte: Elaborado pelos autores

Para os atributos de percepção dos consumidores em FLC, os dados expressam a liderança do atributo preço (40,7%), seguido da aparência (24%) e sabor (17,9%). Enquanto que na FLA os quesitos de sabor, aparência e origem, lideraram a escolha para aquisição de vegetais in natura, apresentando percentuais de observação da ordem de 24,43%, 23,29% e 22%, respectivamente, evidenciando a procura por produtos orgânicos de qualidade e segurança nutricional, sem levar o preço, muitas vezes, em consideração (Figura 5). Frutifatos (2003), encontra resultados semelhantes aos encontrados na FLA, em que 60% dos consumidores de supermercados mineiros consideravam a qualidade como item de maior importância no momento de adquirir frutas e o preço como fator não tão relevante na decisão. Morel et al. (2015) também encontram resultados semelhantes para feiras livres em Lavras –MG, onde 77,5% dos consumidores são influenciados pela aparência das hortaliças. Já Guerra et al. (2018) avaliando o perfil de consumidores da feira livre de Barra-BA, o preço é o principal fator que os leva às compras. Ainda, diferente de todos já mencionados, Silva et al. (2017) encontram a preferência de dois fatores bem significantes, na feira agroecológica em Areia-PB, os motivos que levam os consumidores irem as compras são: produtos isentos de agrotóxicos e com aspectos mais saudáveis. Para Castro e Confalonteri (2005), a utilização contínua de agrotóxicos causa sérios danos à saúde humana e também para o meio ambiente, além do mais o contato direto ou indireto destes agroquímicos vem causando graves intoxicações, inclusive até para os membros da família que não fazem o contato direto, porém estão expostos por outros meios, alimentação, equipamentos e vestimentas. A preocupação com a alimentação é algo emergente no mundo globalizado, as informações sobre as consequências que os agrotóxicos causam à saúde humana é algo bastante explícito, as pessoas estão em processo de transição adquirindo hábitos alimentares mais saudáveis. Darolt (2003), pesquisa a principal razão para o consumo de produtos orgânicos em Curitiba, e encontra resultados que afirmam a questão da saúde como principal fator influenciador. Em outra pesquisa realizada com consumidores de orgânicos em São Paulo por Cerveira e Castro (1999), mostrou

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que a maioria dos consumidores ao adquirirem alimentos orgânicos coloca em primeiro lugar questões relacionadas à saúde pessoal e de seus familiares. Vásquez et al. (2008), também encontraram predominância da preocupação com a saúde familiar e do consumidor em sua pesquisa na Paraíba. Estes fatores reforçam a ideia da globalização informatizada para mudança por hábitos alimentares saudáveis, por meio do consumo de alimentos naturais/orgânicos.

Figura 6: Critérios de escolha avaliados pelos consumidores para aquisição de Hortaliças em feira livre convencional (FLC) e agroecológica (FLA) da cidade de Sousa-PB. IFPB-Campus Sousa, 2016.

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Fonte: Elaborado pelos autores

CONCLUSÕES Conclui-se que o público da feira livre convencional foi maior representado por homens, pessoas com menos idade e de renda mensal de até dois salários mínimos. Preferem escolher as hortaliças quanto seus atributos preço, aparência e sabor. Os consumidores da feira livre agroecológica, mulheres em maior representação, pessoas com mais idade e maior renda mensal, preferem escolher os produtos pelo sabor, aparência e origem. REFERÊNCIAS ANDREUCCETTI, C.; FERREIRA, M. D.; TAVARES, M. Perfil dos compradores de tomate de mesa em supermercados da região de Campinas. Horticultura Brasileira, v. 23, n. 1, p. 148-153, 2005. BABBIE, E. Métodos de Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001, 519 p. BURG, I. C. As mulheres agricultoras na produção agroecológica e na comercialização em feiras no sudoeste paranaense. Florianópolis, 2005. 131p. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Curso de PósGraduação em Agroecossistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. CASEMIRO, A. D.; TREVIZAN, S. D. P. Alimentos orgânicos: desafios para o domínio público de um conceito. In: Internacional worshop advances in cleaner production. key elements for a sustainable world: energy, water and climate change. 2009. CASTELO BRANCO, M.; NOGUEIRA, J. M.; SANTOS, R. C. Perfil dos consumidores de hortaliças da cidade de Santo Antônio do Descoberto-GO. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 24, n. 3, p. 368-372, 2006.


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Capítulo 03 PERFIL E DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE VIDA EM ASSENTAMENTOS RURAIS NO MUNICÍPIO DE IGUATU, CEARÁ

SILVA, Raimundo Jackson Nogueira Universidade Federal de Campina Grande OLIVEIRA, Francisco Éder Rodrigues Universidade Federal do Recôncavo da Bahia PEREIRA, Monikuelly Mourato Universidade Federal do Recôncavo da Bahia IZÍDIO, Naiara Sâmia Caldas Universidade Federal Rural do Semi-Árido GONDIM FILHO, Helio Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

RESUMO A reforma agrária no Brasil é um ponto muito discutido ao decorrer anos, existindo ainda divergências sobre o modo da implantação da reforma agrária no País, esta discussão vai além da simples distribuição de terra. O presente estudo teve como objetivo verificar o perfil e diagnosticar as condições e qualidade de vida nos assentamentos estaduais Serrote e Japão, no município de Iguatu-CE. No levantamento dos dados, aplicou-se questionários com perguntas abertas e fechadas juntos aos assentados chefes de família dois assentamentos estaduais para verificar informações sociais, econômicas e ambientais tais como: faixa etária, renda, trabalho no campo, uso de tecnologias agrícolas, práticas conservacionistas. Verificou-se uma predominância de chefes de famílias com idade acima dos trinta anos nos dois assentamentos. O uso da irrigação, a queima de resto de cultura e a utilização de agroquímicos também são práticas feitas pelos assentados. A desvalorização da mão-de-obra do homem do campo, aliada as diversas dificuldades enfrentadas pelos mesmos em sua área, ajuda a explicar os resultados de uma maior predominância de chefes de família acima de trinta anos de idade nos dois assentamentos. A baixa escolaridade dos assentados aliado a ausência de assistência técnica governamental, ONG’s e/ou particular nos assentamentos, dificulta manejo correto do uso de agroquímicos nas lavouras. PALAVRAS-CHAVE: Reforma agraria, Assentados, Agricultura Familiar. INTRODUÇÃO A reforma agrária no Brasil é um ponto muito discutido ao decorrer dos anos por vários especialistas das áreas de extensão rural, sociologia e politicas publicas. Existe ainda muita divergência sobre o modo da implantação da reforma agrária no País, visto que esta politica publica vai muito além da distribuição de terra às pessoas que não possuem áreas para plantar. Segundo Russo (2009), a reforma agrária no Brasil necessita primeiramente de uma melhor discussão junto aos representantes dos movimentos sociais que organizam os assentamentos rurais, além da necessidade de se fazer uma “organização coletiva para alcançar uma viabilidade econômica dos projetos dos assentamentos e da promoção social das famílias assentadas”. Um

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dos principais pontos de discussão na reforma agrária é a qualidade de vidas nos assentamentos rurais e acampamentos de sem-terra distribuídos em todo País. O direito a moradia digna, saneamento básico, saúde e educação de qualidade nos assentamentos rurais previstas na constituição brasileira de 1988, ainda são utilizados como o principal índice para avaliação da qualidade de vida dos assentados. Entretanto, tais direitos não é realidade em boa parte dos assentamentos rurais encontrados no Brasil, onde apresentam diversos problemas relacionados à moradia de qualidade, falta de saneamento básico, que interfere na higiene pessoal dos assentados etc. A forma tradicional de cultivo da terra, a baixa sustentabilidade nos assentamentos rurais aliados a deficiência nas prestações da assistência técnica pelos órgãos responsáveis e ONG’s são outros fatores limitantes comuns nestas comunidades rurais. O acesso às inovações tecnológicas presentes nos mercado é outro problema que os trabalhadores rurais enfrentam em suas áreas, pois nem todos os assentamentos possuem tecnologia que possam atender suas necessidades (OLIVEIRA, 2011). Lima (2005), citado por Oliveira (2011), estudando reforma agrária no Brasil diz: “Um ponto importante que deveria ser discutido pelo estado e órgãos ligados ao direito da terra com relação à reforma agrária é o apoio aos trabalhadores rurais, pois apenas o acesso a terra não resolve todos os problemas decorrentes da concentração fundiária, pois após um processo penoso para obtenção da desapropriação, os trabalhadores ainda encontram inúmeras dificuldades, os quais podem destacar: solos desgastados, áreas com morfologia acidentada, ausência ou excesso de chuva, faltam de financiamento para projetos, burocracia para recebimento de crédito rural, serviços de saúde e educação precários ou inexistentes e vias de acesso em estado de péssima conservação.”

Visto isso, o presente estudo teve como objetivo verificar o perfil e diagnosticar as condições e qualidade de vida nos assentamentos estaduais Serrote e Japão, no município de Iguatu-CE. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada nos assentamentos estaduais de reforma agrária Serrote e Japão, localizados no município de Iguatu-CE. O município polo central da região Centro Sul e conforme classificação de Köppen como do tipo BSw’h’, de clima quente, caracterizado pela insuficiência das chuvas, com temperaturas elevadas acarretando numa forte evaporação, a precipitação anual da região é de 700 mm se concentrando entre os meses de janeiro a junho que se constitui a quadra chuvosa, a temperatura média anual da região é de 27,5 °C (ARRAES et al., 2009). O levantamento dos dados foi realizado através de visitas aos dois assentamentos na ocasião foi aplicado formulários semiestruturados com questões abertas e fechadas de múltipla escolha envolvendo uma abordagem quantitativa e qualitativa do perfil e da qualidade de vida dos assentados. O publico alvo estudado foram os chefes de família moradores dos dois

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assentamentos, a amostra coletada correspondeu a cerca de 60% de todos os chefes de família assentados, sendo 7 no Assentamento Serrote e 14 no Assentamento Japão, totalizando 21 entrevistados. A coleta de dados ocorreu entre os meses de junho e setembro de 2010. Entre os pontos estudados estão: faixa etária, escolaridade, renda, moradia, politicas publicas governamentais, conhecimento técnico, práticas agrícolas e cuidados com o solo. Também foram feitas visitas a órgãos governamentais como a Empresa de Assistência Técnica do Ceará (EMATERCE) escritório de Iguatu e Secretária de Agricultura do município de Iguatu para obtenção de mais informações sobre os assentamentos. O processamento dos dados brutos e a confecção de tabelas foram feitos com auxilio do Microsoft Word e Microsoft Excel.

ASSENTAMENTO SERROTE: Está localizado no sítio Quixoá a 25 Km da sede do município de Iguatu-CE, foi fundado no ano de 1997, tem uma área total de 210 ha. O Assentamento Serrote tem na sua produção primaria o milho e feijão, sendo uma região grande produtora de banana no município. Em sua fundação o assentamento teve o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) através de créditos para aquisição de terra, e para construção de casa para os moradores, e da Empresa de Assistência Técnica do Ceará (EMATERCE). A escolha dos membros do assentamento levou em consideração a renda familiar dos agricultores sócios da associação de moradores do sítio Barro Alto.

ASSENTAMENTO JAPÃO: Fundado no ano de 2000, localizado no sítio Japão, possui uma extensão de 460 ha. Sua criação feita através da organização dos moradores do sítio Recreio. A renda dos assentados é baseada na agropecuária, a principal produção do assentamento é milho e feijão, seguido do arroz. Na sua fundação o assentamento Japão teve o apoio da Empresa de Assistência Técnica do Ceará (EMATERCE), Secretária de Agricultura do município de Iguatu, e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Ceará - Campus Iguatu.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 traz os resultados percentuais dos resultados dos formulários aplicados aos assentados. Tabela 1: Faixa etária, escolaridade e renda dos chefes de família moradores dos assentamentos estaduais Serrote e Japão localizados no município de Iguatu-CE. Serrote

Japão

25


%

%

0% 25% 50% 25%

11% 33% 22% 33%

Sem escolaridade Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto

50% 50% 0%

56% 33% 11%

Renda Menos de um salário mínimo Um a dois salário(s) mínimo(s)

25% 75%

67% 33%

Faixa etária Entre 20 e 30 anos Entre 31 e 40 anos Entre 41 e 50 anos Acima de 50 anos

Escolaridade

Ao analisar os dados sobre a qualidade de vida dos assentados nos assentamentos estaduais Serrote e Japão verificou-se diferenças entre o perfil e a qualidade de vida nos assentados. Conforme pode ser visto maior parte dos chefes de família residentes nos assentamentos já passou dos trintas anos de idade (Tabela 1), este fato torna-se preocupante quanto à permanência do jovem no campo, pois mostra o baixo interesse dos jovens pela agricultura. No Assentamento Serrote cerca de 75% das pessoas entrevistadas possuem mais de quarenta anos de idade. Enquanto no Assentamento Japão, esta porcentagem sobe para 89% dos entrevistados. A presença de poucos jovens na liderança da família também foi observado Fietz et al. (2010), no Assentamento Itamarati no Mato Grosso do Sul - MS, os autores verificaram que entre os entrevistados apenas 26,7% possuíam menos de 30 anos de idade. A baixa escolaridade dos chefes de família é outro problema enfrentado nos assentados. Lopes et al. (2011), em seu estudo com irrigantes da região do Baixo Acaraú, Ceará, notou que muitos deles não conseguiram terminar o ensino fundamental completo ou são analfabetos. Verifica-se que no Assentamento Serrote 100% dos entrevistados declararam não possuir escolaridade (50% analfabetos) ou apenas terminaram ensino fundamental (50% fundamental completo) (Tabela 1). Já no Assentamento Japão apenas um terço (33%) dos entrevistados relataram já terem terminado o ensino fundamental, e aproximadamente 67% deles não possuem escolaridade ou não concluíram o ensino fundamental. Os resultados encontrados nos dois assentamentos aliados a não formação técnica agrícola pelos assentados mostram uma vulnerabilidade a introdução de novas tecnologias nos assentamentos. Observa-se nos dois assentamentos que nenhum dos assentados possui renda mensal maior que dois salários mínimos. No Assentamento Serrote um quarto (25%) dos entrevistados relatou que sobrevivem com sua família com menos de um salário mínimo por mês, por sua vez no Assentamento Japão essa porcentagem chega a dois terços dos entrevistados. Esses resultados

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demostram que os chefes de família mesmo não possuindo renda mensal fixa conseguem sustentar sua família produzindo e retirando parte de sua alimentação de suas roças. Nos dois assentamentos estudados 100% dos agricultores entrevistados relataram trabalhar de forma exclusiva na agropecuária, cultivando em seus lotes e escoando a produção para atravessadores ou vendendo de forma direta aos consumidores locais. Ao serem indagados sobre informações técnicas de suas áreas os assentados relataram dados preocupantes quanto à utilização de produtos químicos e do manejo do solo (Tabela 2).

Tabela 2: Dados técnicos dos chefes de família moradores dos assentamentos estaduais Serrote e Japão localizados no município de Iguatu-CE. Serrote Uso de Agroquímico Utilizam agroquímico Não utilizam agroquímico

Japão %

%

100% 0%

89% 11%

0% 100%

22% 78%

50% 50%

11% 89%

Orientação Técnica Recebe orientação técnica Não recebe orientação técnica Adoeceu pelo uso de agroquímicos Adoeceu Não adoeceu

O uso de produtos químicos nas lavouras para o combate de pragas e plantas infestantes é uma prática comum entre os assentados nos dois assentamentos estudados. Verifica-se nos resultados acima que apenas 11% de todos os entrevistados relataram não fazer uso de agroquímicos em suas lavouras (Tabela 2). Entretanto, a maior parte dos entrevistados nos dois assentamentos relatou que faz uso de agroquímicos em suas lavouras como uma prática de manejo para o combate de pragas e doenças que atacam a lavoura. Oliveira et al. (2015), comenta que a utilização de produtos químicos na lavoura é um hábito comum entre os pequenos produtores familiares, e o seu uso muitas vezes são dispensáveis. O destino das embalagens de agroquímicos utilizados nas lavouras é outro empasse enfrentado pelos assentados nos assentamentos, maus hábitos como guardar as embalagens secas em depósitos e armazém ainda são muito observados no Assentamento Japão, onde 33% dos assentados fazem uso desta prática. Outro costume muito utilizado nos dois assentamentos é enterrar as embalagens de agroquímicos após o uso sem se preocupar com a contaminação do solo ou do lençol freático. No Assentamento Serrote 75% dos assentados fazem uso desta prática, e no Assentamento Japão 22% dos entrevistados enterram as embalagens secas. A queima é outra forma de eliminar as embalagens seca nos assentamentos, por sua vez, 25% e 33% dos

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entrevistados nos Assentamentos Serrote e Japão respectivamente declarou queimar as embalagens após o uso nas lavouras. A devolução das embalagens aos destinos de origem como prever a Lei é um hábito praticado por poucos assentados, somente 11% dos assentados do Assentamento Japão dão o destino correto das embalagens de agroquímicos. Visto por Peres e Moreira (2007), que somente de 10% a 20% o número de embalagens de agrotóxicos que retornam aos pontos fabricação e vendas, estando elas bem abaixo do número de embalagens que chegam anualmente aos pontos de vendas. O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é uma forma de proteger os agricultores contra a contaminação de agroquímicos, e garantir aos mesmos uma melhor saúde. Mas pelo desconforto que os EPI’s trazem aos agricultores, a falta de conhecimento de proteção contra os agroquímicos do EPI’s e hábito adquirido dos pais, faz com que grande parte dos chefes de família nos dois assentamentos não faça uso destes equipamentos de proteção. Apenas 11% dos entrevistados no Assentamento Japão declarou utiliza parte dos EPI’s como calça, camisa comprida e bota. O restante dos entrevistados dos dois assentamentos declarou não utilizar nenhum tipo de EPI’s. O uso periódico de agroquímicos nas lavouras pelos assentados sem a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e orientações técnica correta, permitiu que parte dos assentados nos dois assentamentos adoecesse após terem trabalhado com que estes produtos químicos em suas lavouras. No Assentamento Serrote a porcentagem de assentados que declararam já ter adoecido pelo uso de agroquímico em suas lavouras é preocupante, pois metade dos entrevistados relatou já ter adoecido pelo menos uma vez após o uso de agroquímico em sua lavoura. No Assentamento Japão a maioria dos assentados declararam nunca terrem adoecido após a aplicação de agroquímicos sem o uso correto dos EPI’s. Os resultados acima demostram a importância da assistência técnica e o acompanhamento regular de profissionais da área agrícola juntos aos pequenos agricultores em suas lavouras. Dentre todos os entrevistados apenas 22% dos assentados declararam possuir assistência técnica regular em suas lavouras. No Assentamento Serrote, onde todos os agricultores declararam que fazem uso de agroquímicos em suas áreas, não darem destino correto às embalagens seca, e não fazem uso algum de EPI’s há uma deficiência na presença de extensionistas rurais que possam orientar e assistência técnicas a estes produtores. No Assentamento Japão a assistência técnica não é feita a todos os assentados, apenas três assentados declararam receber assistência técnica de órgãos governamentais ou ONG’s. A irrigação é um método alternativo utilizado pelos produtores para cultivarem suas áreas durante todo o ano, geralmente ela é intensificada nos meses de estiagem ou em anos atípicos de seca prolongada. Nos assentamentos estudados pode-se notar que maior parte dos assentados utiliza essa técnica em suas áreas para aumentarem sua produção (Tabela 3). Dentre os métodos de irrigação mais utilizados pelos assentados esta a irrigação por aspersão e por superfície. Oliveira (2011) comenta que não é frequente o uso da irrigação em pequenas propriedades, uma das explicações para esses resultados é o alto valor inicial para implantação que os sistemas de irrigação possuem.

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Tabela 3: Técnicas agrícolas realizadas pelos chefes de família moradores dos assentamentos estaduais Serrote e Japão localizados no município de Iguatu-CE. Serrote

Japão %

%

100% 0%

36% 64%

Uso de queimada Faz queimada Não faz queimada

25% 75%

100% 0%

Analise de solo Faz análise de solo Não faz análise de solo

25% 75%

0% 100%

Uso de Irrigação Utiliza irrigação Não Utiliza irrigação

A queima da broca e do resto de culturas de plantios passados nas áreas dos assentamentos é um tipo de manejo convencional utilizado pelos assentados da região para limpeza de suas áreas para um novo plantio. Esta prática é prejudicial ao solo por eliminar a matéria orgânica e os microorganismos presentes nele, reduzindo assim a nutrição do solo. A queima da broca e do resto de culturas nas áreas dos dois assentamentos aconteceu de forma diferente, enquanto uma pequena parte dos assentados no Assentamento Serrote utiliza a queima em suas áreas para fazer limpeza do solo para o plantio, todos os produtores do Assentamento Japão declararam utilizarem uso da queima da broca em suas áreas como manejo convencional do solo. Visto por Bonfim et al. (2003) que: “os agricultores utilizam a queima por considerá-la um meio prático para diversas finalidades, como limpeza do terreno para eliminar restos de cultura; aumento da disponibilidade de nutrientes no solo e, consequentemente, da sua capacidade produtiva; redução da incidência de pragas, de doenças, de gastos com mão-de-obra para limpeza do terreno; redução dos custos de produção; entre outras.”

A técnica de analise do solo é uma prática importante na conservação do solo e é pouco praticada pelos assentados em suas áreas de plantio nos dois assentamentos. Ela é utilizada na agricultura para demostrar a real situação nutricional do solo, a necessidade de correção do seu pH e etc. Contudo, mesmo sendo relevantes suas funções, esta prática ainda é pouco difundida pela agricultura familiar. Nos assentamentos estudados pode-se notar que poucos assentados fazem uso desta prática em suas áreas (Tabela 3). Oliveira et al. (2015), relata que pela falta de conhecimento técnico, alto valor financeiro das analises do solo dificulta que o pequeno agricultor execute tal prática. A preservação do solo com práticas conservacionistas é de fundamental importância para o aumento da produtividade agrícola e redução da desertificação e perda de nutrientes do solo. A adoção de práticas conservacionistas favorece o manejo do solo fazendo o incremento no teor de matéria orgânica, favorecendo as propriedades físicas do solo como textura e estrutura do solo (ERASMO et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2015). No entanto, o manejo conservacionista do solo não uma prática comum entre todos os assentados, cerca de 56% dos entrevistados no Japão

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relataram não fazer qualquer tipo de prática conservacionista em seus lotes. Enquanto, 44% dos entrevistados no mesmo assentamento disseram fazer uso de cobertura morta em suas áreas para proteger o solo de irradiação solar, aumentar a fertilidade do solo e reduzir a erosão hídrica. A prática de deixar restos de culturas como cobertura do solo também é utilizada pelos assentados do Assentamento Serrote, cerca de 50% dos entrevistados disseram que fazem uso desta prática. A incorporação da matéria orgânica ao solo é outra prática executada para preservação e conservação do solo no Assentamento Serrote entre os assentados 50% deles utilizam desta prática para aumentar a fertilidade do solo em seus lotes. A moradia própria nos assentamentos é uma maneira de reduzir o êxodo rural entre os assentados, pois com ela há uma maior garantia que os mesmos permaneçam em seus lotes de onde retiram a renda para sobrevivência de sua família. Contudo, percebemos que esta forma de segurança não é desfrutada por todos os assentados deste estudo, onde apenas os entrevistados do Assentamento Serrote declararam possuir moradia própria (Tabela 4). Enquanto os moradores do Assentamento Japão possuem suas moradias fixas no assentamento, mas de forma arrendada, não possuindo assim posse de seus lares. Ribeiro et al. (2011), verifica que um dos fatos de maior causa de evasão em assentamentos é a ausência na segurança da moradia, aliados a falta de infraestrutura, energia e água nos assentamentos. Tabela 4: Dados Sociais dos chefes de família moradores dos assentamentos estaduais Serrote e Japão localizados no município de Iguatu-CE. Serrote Moradia Própria Arrendada Fossa Possui fossa Não possui fossa Esgoto doméstico Possui esgoto Não possui esgoto Destino do lixo Queima Enterra Deixa a céu aberto Outro

Japão %

%

100% 0%

0% 100%

100% 0%

78% 22%

100% 0%

11% 89%

25% 25% 25% 25%

100% 0% 0% 0%

A presença de estruturas básicas como fossa e esgotos domésticos nas moradias dos assentamentos foi outro ponto estudado na pesquisa. Verifica-se na Tabela acima que maior parte dos assentados possui em suas residências uma fossa que serve como local de deposição de resíduos fisiológicos humanos e água do banho. No Assentamento Serrote mesmo todos assentados declarando possuir fossa em suas residências, 75% das mesmas não são feitas de alvenaria, as quais permitem que os resíduos fisiológicos humanos cheguem facilmente ao solo e lençol freático. Enquanto no Assentamento Japão nem todos os assentados possuem fossa em suas

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moradias, mas todos que responderam possuir a mesma em suas casas disseram que eram fossas sépticas. Outra estrutura básica de uma residência que não está presente em todas as moradias dos dois Assentamentos é o esgoto doméstico. Sua função vai além de escoar águas residuais domestica para fora do domicilio, ele serve também para proteção da saúde humana contra a contaminação de micro-organismos patogênicos etc. Percebe-se que no Assentamento Serrote todas as residências dos assentados entrevistados possuem o esgoto doméstico (Tabela 4). Enquanto no Assentamento Japão, o número de residências que possuem o esgoto doméstico esta bem abaixo ao encontrado no Assentamento Serrote, estes resultados demostram uma maior vulnerabilidade das pessoas deste assentamento adquirirem doenças provenientes de microorganismos patogênicos. Um problema relacionado ao esgoto doméstico verificado nos dois assentamentos é o lançamento dos mesmos ao ar livre sem nenhum tratamento prévio, tendo em vista o mesmo carregar diversas substâncias orgânicas e inorgânicas que podem contaminar o solo e o lençol freático. O destino do lixo doméstico é um fator preocupante em todo Brasil, pois o mesmo quando não descartado de forma correta pode trazer muitos prejuízos às pessoas que entram em contato com ele e ao meio ambiente. Nos assentamentos estudados, podemos verificar uma variação na forma que os assentados descartam o seu lixo doméstico, enquanto no Assentamento Japão todos os assentados utilizam a incineração como manejo para descarte dos resíduos sólidos de suas residências, os assentados do Assentamento Serrote utilizam além da queima do lixo doméstico outras maneiras para descartar seu lixo (Tabela 4). O descarte do lixo doméstico a céu aberto ou enterrado feito por 50% dos entrevistados no Assentamento Serrote facilitam uma maior contaminação dos assentados por agentes microbianos e a proliferação de insetos e pequenos roedores. Contudo, um quarto dos entrevistados no Assentamento Serrote declararam que o destino de seu lixo doméstico é o lixão do município de Iguatu, por sua vez os mesmos juntam os resíduos em sacolas plásticas e levam a vila vizinha onde passa a coleta de materiais de resíduos sólidos. Foram verificadas também quais as formas de lazer dos assentados em seu tempo de ócio, entre as mais frequentes relatadas pelos assentados está assistir jornais, filmes, novelas e jogos etc., de modo que 75% dos entrevistados no Assentamento Serrote e 55% dos assentados no Assentamento Japão falaram possuir este costume, além de assistir TV como forma de lazer, 33% dos entrevistados no Japão e 25% dos entrevistados no Assentamento Serrote ainda comentaram que ir a igreja como outra forma de lazer praticada por eles em seu tempo vago. A prática esportiva também foi relatada por 12% dos entrevistados no Assentamento Japão, onde eles jogam futebol de campo em localidades vizinhas como forma de lazer. A presença de Posto de Saúde da Família (PSF) com equipamentos e profissionais qualificados em localidades rurais é de suma importância para os moradores destes locais, tendo em vista algumas áreas rurais ficarem distantes de hospitais e Unidade de Pronto Atendimento

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(UPA), além de dificuldade de deslocamento em períodos chuvosos e horário noturno. No Assentamento Serrote os moradores desta localidade não dispõem de unidades de saúde (Tabela 5), os mesmos tem que se deslocar até sede do munícipio de Iguatu ou ir a comunidades vizinhas que disponham dessas unidades para se prevenirem ou tratarem de enfermidades. O Assentamento Japão dispõe de posto de saúde da família para atendimento dos assentados, mas este unidade de saúde ainda possui baixo número de profissionais e um longo intervalo de tempo à visita destes profissionais a comunidade. Tabela 5: Informações sociais dos chefes de família moradores dos assentamentos estaduais Serrote e Japão localizados no município de Iguatu-CE. Japão

Serrote PSF na comunidade Possui PSF Possui PSF Aposentados Possui aposentado em casa Não possui aposentado em casa Trabalhou em emprego fixo Trabalhou Não trabalhou

%

%

0% 100%

100% 0%

50% 50%

22% 78%

0% 100%

22% 78%

Uma importante fonte de renda nos assentamentos além do trabalho no campo são os auxílios governamentais recebidos por alguns assentados como aposentadoria e pensão. Estes auxílios ajudam os assentados no pagamento de despesa domesticas, e algumas vezes em despesas da roça. No Assentamento Serrote metade dos assentados declarou que pelo menos uma pessoa em sua residência é aposentada onde complementa a renda familiar. No Assentamento Japão essa percentagem diminui para apenas um quinto de residências que possui pelos menos um aposentado em casa. Estes resultados divergem a colocação feita por Buainain et al. (2003), citado por Stefanoski et al. (2013), que diz ser errônea a ideia de uma agricultura familiar altosustentável. Além do auxílio da previdência alguns assentados relataram também recebem outras ajudas governamentais como a Bolsa Família. Atividades remuneradas externas ao campo em indústrias, comércios e empresas (públicas e particulares) na zona urbana em alguns casos é uma opção feita pelos assentados para a obtenção de renda. Entre os todos entrevistados apenas 22% nos dois assentamentos comentaram que já saído do assentamento para trabalhar de forma fixa na zona urbana (Tabela 5).

CONSIDERAÇÕES FINAIS  A desvalorização da mão-de-obra do homem do campo, aliada as diversas dificuldades enfrentadas pelos mesmos em sua área, ajuda a explicar os resultados de uma maior predominância de chefes de família acima de trinta anos de idade nos dois assentamentos.

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 A baixa escolaridade dos assentados aliado a ausência de assistência técnica governamental, ONG’s e/ou particular nos assentamentos, dificulta manejo correto do uso de agroquímicos nas lavora pelos assentados.  O uso incorreto dos EPI’s pelos assentados, fez com que metade dos entrevistados no Assentamento Serrote declarasse que já terem adoecido a aplicação de agroquímicos.  Técnicas agrícolas como o uso de irrigação nas lavouras, a analise de solo, manejos conservacionistas do solo que auxiliam no aumento da produção ainda não foram adotados por todos os assentados nos dois assentamentos.  Uma das principais garantias da permanência do assentado em seu lote é a moradia própria para sua família. No Assentamento Japão, mesmo não sendo disponibilizado está garantia para os assentados, eles permanecem em seus lotes cultivando suas áreas.

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LIMA, A.B. O Uso de Sistemas de Informações Geográficas em Áreas de Assentamentos Rurais. 2005. 54f. Monografia (Graduação em Geotecnólogo) - Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba- CEFET-PB. 2005. LOPES, F.B. SOUZA, F.; ANDRADE, E.; M.; MEIRELES, A.C.M.; CAITANO, R.F. Determinação do padrão do manejo da irrigação praticada no perímetro irrigado Baixo Acaraú, Ceará, via análise multivariada. Revista Irriga, Botucatu, v. 16, n. 3, p. 301-316, 2011. OLIVEIRA, F.É.R.; SOUSA, A.L.M.; IZÍDIO, N.S.C.; PEREIRA, M.M.; HOLANDA, C.T.L. Avaliação de técnicas agrícolas e do uso sustentável do solo em assentamentos estaduais no município de Iguatu-CE. Magistra, v. 27, n.1, p. 130 - 137, 2015. OLIVEIRA, F. É. R. Nível de informação tecnológica dos assentados estaduais de reforma agrária no município de Iguatu-CEARÁ. 2011. 57f. Monografia (Curso Especialização em Educação Profissional e Tecnologia) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- Campus Iguatu-CE. 2011. PERES, F.; MOREIRA, J.C. Saúde e ambiente em sua relação com o consumo de agrotóxicos em um pólo agrícola do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rio de Janeiro: Cadernos de Saúde Pública, v. 23, Suplemento n. 4, p. 5612-5621, 2007. RIBEIRO, M.M.C.; FERREIRA NETO, J.A.; DIAS, M.M.; FIÚZA, A.L.C. Análise das causas da evasão em assentamentos de reforma agrária no estado do Tocantins. Revista Extensão Rural, v. 18, n 22, p. 103 - 132, 2011. RUSSO, O. Obstáculos e Possibilidades da Reforma Agrária. Rio de Janeiro: Democracia viva, 2009. STEFANOSKI, D.C.; LAFORGA, G.; CUSTÓDIO, A.M.; SILVEIRA, W.da S. Inovação tecnológica: análise no Assentamento Banco da Terra, em Nova Xavantina – MT. Revista Extensão Rural, v. 21, n. 3, p. 9-21, 2013.

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Capítulo 04 PERFIL INSTRUMENTAL DE TEXTURA DE GELEIA DE KIWI COM CHÁ DE CAPIM SANTO MELO, Mylena Olga Pessoa Mestranda em Engenharia e Gestão de Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande mylenaopm@gmail.com SANTOS, Newton Carlos Doutorando em Engenharia Química Universidade Federal do Rio Grande do Norte newtonquimicoindustrial@gmail.com NASCIMENTO, Amanda Priscila Silva Doutoranda em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande amandapriscil@yahoo.com.br SOUSA, Francisca Moisés de Mestranda em Engenharia e Gestão de Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande fran_moyses@hotmail.com BARROS, Sâmela Leal Doutoranda em Ciências e Tecnologia dos Alimentos Universidade Federal do Ceará samelaleal7@gmail.com

RESUMO Rico em vitamina C e fibras, o kiwi (Actinidia deliciosa) contribui para o funcionamento do sistema digestivo humano e a sua cultura vem se destacando devido elevação da demanda pelo fruto. Existem inúmeras vantagens no consumo de frutas, porém mudanças no estilo de vida da sociedade moderna vem causando a diminuição desse consumo, como alternativa para a inserção de frutas e legumes efetua-se o processamento, que possibilita maior vida de prateleira e praticidade. As geleias podem ser consideradas como uma boa alternativa. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo a elaboração e avaliação de geleias de kiwi aromatizadas com chá de capim-santo, verificando a influência das variáveis (polpa, açúcar e maltodextrina) sobre o ser perfil instrumental de textura. As geleias de kiwi foram processadas utilizando-se o método de planejamento fatorial 23 com 3 repetições no ponto central, resultando em uma matriz com 11 experimentos. Para a obtenção dos parâmetros dos perfis de textura instrumental das geleias foi empregado o teste TPA em Texturômetro TAXT plus (Stable Micro Systems) e analisadoos atributos firmeza, coesividade, adesividade, gomosidade e mastigabilidade. Após a análise do perfil de textura, as formulações que possuíam maiores percentuais de polpa e maltodextrina, apresentaram os maiores valores para os parâmetros firmeza, gomosidade e mastigabilidade em contra partida a formulação G3, que possui percentuais mais baixos de maltodextrina e polpa, apresentou os menores valores para os parâmetros adesividade, gomosidade e mastigabilidade, indicando um produto mais emoliente e que não possui tanta resitência a mastigação. PALAVRAS-CHAVE: Actinidia deliciosa, processamento, textura.

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INTRODUÇÃO De origem asiática, o fruto kiwi (Actinidia deliciosa) é rico em vitamina C e fibras que contribuem para o funcionamento do sistema digestivo humano, e a sua cultura vem se destacando pela crescente elevação de consumo e incremento de área cultivada, em especial nos estados do sul do Brasil, a partir de 1985 (SOQUETTA et al., 2016). Conforme dados da Tabela brasileira de composição de alimentos- TACO (2011), o kiwi possui uma quantidade de vitamina C eminente ao observado em frutas como laranja, limão e abacaxi. Além disso, o fruto apresenta elevado teor de umidade, fator que está associado a degradação, pois facilita com que ocorram rápidas reações bioquímicas e microbiológicas. Ainda que exista inúmeras vantagens no consumo de frutas, as mudanças no estilo de vida da sociedade moderna causaram a redução na ingestão de frutas e legumes em função do aumento no consumo de alimentos ultra processados e extremamente calóricos. Como alternativa para a inserção das frutas na dieta efetua-se o processamento, possibilitando maior praticidade no consumo e o aumento no leque de opções existentes com relação aos produtos disponíveis no mercado, através da obtenção de produtos com elevada qualidade sensorial e nutricional (MOLZ et al., 2019). A fim de ampliar a vida de prateleira das frutas, são aplicadas técnicas de conservação como refrigeração, congelamento, desidratação, adição de aditivos, assim como o processamento industrial que tem como objetivo agregar valor e proporcionar o desenvolvimento de novos produtos como balas, sucos, sorvetes, geleias, iogurtes, doces e biscoitos (ALVES et al., 2019). As geleias constituem uma importante alternativa para o processamento, aproveitamento e consumo de frutas, com conquista gradativa do mercado consumidor (SOUZA et al., 2018). De acordo com a Resolução n.º 272, de 22 de setembro de 2005 (BRASIL,2005), as geleias são os produtos elaborados a partir de fruta(s), inteira(s) ou em parte(s), e/ou semente(s), obtidos por cocção e/ou concentração, e/ou outros processos tecnológicos considerados seguros para a produção de alimentos, podendo ser apresentados com ou sem líquido de cobertura e adicionados de açúcar, sal, tempero, especiaria e/ou outro ingrediente, desde que não descaracterize o produto. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo a elaboração e avaliação de geleias de kiwi aromatizadas com chá de capim-santo, verificando a influência das variáveis (polpa, açúcar e maltodextrina) sobre o ser perfil instrumental de textura.

MATERIAL E MÉTODOS Para a realização desta pesquisa, os frutos de kiwi cv. Hayward (Actinidia deliciosa) e o capim-santo (Cymbopogon citratus) foram adquiridos no comércio local do município de Campina Grande – PB.

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Planejamento experimental As geleias de kiwi foram processadas utilizando-se o método de planejamento fatorial 23 com 3 repetições no ponto central, resultando em uma matriz com 11 experimentos (Tabela 1), com a finalidade de avaliar a influência das variáveis independentes (concentrações de açúcar, polpa e maltodextrina) sobre as variáveis respostas (características físico-químicas, assim como também as interações entre elas). O efeito das variáveis independentes sobre as variáveis dependentes foi avaliado mediante análise estatística, utilizando-se o programa computacional Statistica® versão 7.0. Tabela 1. Matriz de planejamento para elaboração das geleias de kiwi com chá de capim-santo, com suas respectivas variáveis independentes e seus níveis reais e codificados. Variáveis independentes Experimentos Maltodextrina Açúcar (%) Polpa (%) (%) G1 +1(50) +1 (70) +1 (15) G2 -1 (30) +1 (70) +1 (15) G3 +1(50) -1(50) +1 (15) G4 -1 (30) -1(50) +1 (15) G5 +1(50) +1 (70) -1 (5) G6 -1 (30) +1 (70) -1 (5) G7 +1(50) -1(50) -1 (5) G8 -1 (30) -1(50) -1 (5) G (C) 0 (40) 0 (60) 0 (10) 10 G (C) 0 (40) 0 (60) 0 (10) G11 (C) 0 (40) 0 (60) 0 (10) Nota: G1, G2 ...G11: Geleia kiwi com chá de capim-santo; (C) Ponto central. Fonte: Própria (2019). 9

Elaboração das geleias Inicialmente os frutos foram lavados em água corrente e sanitizados em solução de hipoclorito de sódio a 200 ppm por 15 min. Posteriormente, os kiwis foram descascados com auxílio de uma faca de aço inoxidável e processados em liquidificador para obtenção da polpa. Para elaboração do chá de capim-santo, foi utilizada a proporção 1:1 (capim-santo:água), a água após entrar em ebulição foi colocada sobre o capim-santo e deixada em infusão até que houvesse o resfriamento da mistura. Em seguida, a mistura foi peneirada e o chá obtido foi utilizado na elaboração das geleias. Misturou-se a polpa de kiwi com o açúcar cristal e a maltodextrina, em seguida a mistura foi levada para cocção em tacho aberto sob aquecimento com agitação manual contínua. Para tornar possível a formação do gel, nas formulações, foi utilizado 1% de pectina com alto teor de metoxilação, durante a cocção a mesma foi adicionada previamente dissolvida no chá de capimsanto e o pH da mistura foi corrigido para 3.2 através da adição de ácido cítrico. Quando as geleias atingiram teor de sólidos solúveis superior a 65 ºBrix, o processo de cocção foi concluído, em seguida foram envasadas a quente em recipientes de vidro previamente esterilizados (100 ºC/30 min) e armazenadas sob refrigeração à 5 °C até o momento das análises.

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Determinação do perfil de textura Para a obtenção dos parâmetros dos perfis de textura instrumental das geleias foi empregado o teste TPA em Texturômetro TAXT plus (Stable Micro Systems) equipado com o software ExponentStable Micro Systems, com utilização do probe P/36R. No perfil de textura, os atributos estudados foram firmeza, coesividade, adesividade, gomosidade e mastigabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As Figuras de 1 a 5 apresentam os valores médios das variáveis respostas para as características texturais das geleias de kiwi com chá de capim-santo.

Figura 1. Parâmetro de firmeza das geleias de kiwi com chá de capim-santo.

Fonte: Própria (2019).

Observa-se através da Figura 1, que o parâmetro firmeza apresentou uma variação de 0,216 a 0,263 N, sendo o maior valor obtido para a amostra (G1). De acordo com Garrido et al. (2015), o a firmeza é definida como sendo a força necessária para atingir uma dada deformação, no contexto da análise sensorial, representa a força necessária para comprimir o alimento entre os molares na primeira mordida. Na Figura 2, estão apresentados os valores obtdidos para o parâmetro de coesividade.

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Figura 2. Parâmetro de coesividade das geleias de kiwi com chá de capim-santo.

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Fonte: Própria (2019).

Com relação a coesividade, foram observadas pequenas variações (0,8332 a 0,8876 N.m), em que o maior valor foi verificado na amostra G2. Besbes et al. (2009), ao avaliarem a coesividade da geleia de tâmara, obtiveram valores que variaram de 0.51 a 0,77 N.m. Segundo Atallah e Morsy (2017), este parâmetro é frequentemente discutido em termos de forças de adesão e é responsável pela deformação que ocorre no material antes da ruptura, indicando sua integridade estrutural. Na Figura 3, estão apresentados os valores obtdidos para o parâmetro de adesividade.

Figura 3. Parâmetro de adesividade das geleias de kiwi com chá de capim-santo.

Fonte: Própria (2019).


As amostras apresentaram uma variação de 0,113 (G3) a 0,302 N.m (G7) no parâmetro adesividade, valores semelhantes ao obtido por Abid et al. (2018) em geleias de romã utilizando diferentes tipos de agentes gelificantes (0,158 a 0,807 N.m). De acordo com Guiné et al. (2015), a adesividade é a força necessária para remover o material que adere a uma superfície específica e durante a ingestão do alimento corresponde a aderência nos lábios, boca e dentes. Na Figura 4, pode-se observar os valores obtidos para o parâmetro de textura gomosidade. Figura 4. Parâmetro de gomosidade das geleias de kiwi com chá de capim-santo.

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Fonte: Própria (2019).

A gomosidade das geleias variaram de 0,189 (G3) a 0,221 N (G1), valores similares foram observados por Curi et al. (2017) em geleias de physalis (0,033 a 0,476 N). Para Bolzan e Pereira, (2017), a gomosidade é um parâmetro associado a firmeza e coesividade, sendo sua variação o reflexo destes. Diversos fatores podem ser associados a variação de textura entre as geleias de kiwi com capim santo, dentre os quais destaca-se o percentual das matérias-primas (açúcar, polpa de kiwi e maltodextrina) e os parâmetros químicos como o pH, acidez e umidade (CURI et al. 2018). Os valores obtidos para a mastigalidade das geléias de kiwi com capim santo, estão apresentados na Figura 5.


Figura 5. Parâmetro de Mastigabilidade das geleias de kiwi com chá de capim-santo.

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Fonte: Própria (2019).

Valor superior de mastigabilidade foi obtido na formulação G1 (0,221 N), semelhante ao obtido por Curi et al. (2018) em geleias de physalis com queijo do tipo brie (0,08 a 0.58 N). Segundo Curi et al. (2017), a mastigabilidade é o parâmetro que representa a energia necessária para mastigar um alimento sólido ao ponto de ser ingerido. Portanto, pode-se afirmar que a amostra G1 possui maior resistência a mastigação quando comparada com as demais. CONCLUSÕES Mediante o presente estudo, ao analisar o perfil instrumental de textura das sete formulações de geleia de kiwi aromatizada com capim santo, os resultados demonstraram que sendo a formulação com a maior concentração de polpa e de maltodextrina, a formulação G1 apresentou maiores valores para os parâmetros de firmeza, gomosidade e mastigabilidade, possibilitando concluir perante este tratamento, que trata-se de um produto mais encorpado comparado a

formulação G3, a qual apresentou os menores valores para os parâmetros

adesividade, gomosidade e mastigabilidade, indicando um produto mais emoliente e que não possui tanta resitência a mastigação. Considerando que todas as formulações apresentaram valores dentro dos citados na literatura para todos os parâmetros, seria indicado a realização de uma análise sensorial, para identificar a formulação com o maior índice de aceitação e assim concluir qual a melhor formulação quanto ao perfil de textura.


REFERÊNCIAS ABID, M.; YAICH, H.; HIDOURI, H.; ATTIA, H.; AYADI, M. A. Effect of substituted gelling agents from pomegranate peel on colour, textural and sensory properties of pomegranate jam. Food Chemistry, v.239, p.1047–1054, 2018. ALVES, H., ALENCAR, E. R., FERREIRA, W. F. S., SILVA, C. R., & RIBEIRO, J. L. (2019). Microbiological and physical-chemical aspects of strawberry exposed to ozone gas at different concentrations during storage. Brazilian Journal of Food Technology, 22, 1-12. ATALLAH, A. A.; MORSY, K. M. Effect of Incorporating Royal Jelly and Bee Pollen Grains on Texture and Microstructure Profile of Probiotic Yoghurt. Journal of Food Processing and Technology, v.8, n.9, p.1-4, 2017. BESBES, S.; DRIRA, L.; BLECKER, C.; DEROANNE, C.; ATTIA, H. Adding value to hard date (Phoenix dactylifera L.): compositional, functional and sensory characteristics of date jam. Food Chemistry, v.112, n.2, p.406-411, 2009. BOLZAN, A. B.; PEREIRA, E. A. Elaboração e caracterização de doce cremoso de caqui com adição de sementes da araucária. Brazilian Journal of Food Technology, v.20, p.1-11, 2017. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. (2005, setembro 23). Resolução de Diretoria Colegiada nº 272, de 22 de setembro de 2005. Regulamento técnico para produtos de vegetais, produtos de frutas e cogumelos comestíveis. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília. Seção 1, pt I. CURI, P. N.; CARVALHO, C. S.; SALGADO, D. L.; PIO, R.; PAQUAL, M.; SOUZA, F. B. M.; SOUZA, V. R. Influence of different types of sugars in physalis jellies. Food and Science Technology, v.37, n.3, p.349-355, 2017. CURI, P. N.; CARVALHO, C. S.; SALGADO, D. L.; PIO, R.; SILVA, D. F.; PINHEIRO, A. C. M.; SOUZA, V. R. Characterization of different native american physalis species and evaluation of their processing potential as jelly in combination with brie-type cheese. Food Science and Technology, v.38, n.1, p.112-119, 2018.

GARRIDO, J. I.; LOZANO, J. E.; GENOVESE, D. B. Effect of formulation variables on rheology, texture, colour, andacceptability of apple jelly: Modelling and optimization Journal International of Food Science and Technology, v.62, n.1, p.325-332, 2015. GUINÉ, R. P. F.; CORREIA, P. M. R.; CORREIA, A. C. Avaliação Comparativa de Queijos Portugueses de Cabra e Ovelha. Revista Millenium, v.49, p.111-130, 2015. MOLZ, P., PEREIRA, C. S., REUTER, C. P., PRÁ, D., & FRANKE, D. I. R. (2019). Factors associated with the consumption of fi ve daily servings of fruits and vegetables by students. Revista de Nutrição, 32, e180156, 1-8. SOUZA, H.S.; SANTOS, A.M.; FERREIRA, I.M.; SILVA, A.M.O.; NUNES, T.P.; CARVALHO, M.G.C. Elaboração e avaliação da qualidade de geleia de umbu (Spondias Tuberosa Arr. C.) e mangaba (HancorniaSpeciosa G.) com alegação funcional. Segurança Alimentar e Nutricional. v. 25, n. 3, p. 104-113, 2018. SOQUETTA, Marcela Bromberger et al. Characterization of physiochemical and microbiological properties, and bioactive compounds, of flour made from the skin and bagasse of kiwi fruit (Actinidia deliciosa). Food Chemistry, [s.l.], v. 199, p.471-478, maio 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.foodchem.2015.12.022.

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TACO - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. 4. ed. rev. e ampl. Campinas: NEPA - UNICAMP, 2011. 161 p.

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Capítulo 05 PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL TIPO PILSEN

SIlVA, Declieux oliveira Mestrando em Sistemas Agroindústrias Universidade Federal de Campina Grande declieuxmachado@hotmail.com ALBUQUERQUE, Tiago Nóbrega Mestrando em Sistemas Agroindústrias Universidade Federal de Campina Grande tiagofernandes_pb@hotmail.com MEDEIROS, Weverton Pereira de Mestre em Sistemas Agroindustriais Universidade Federal de Campina Grande weverton_cafu@hotmail.com.br RODRIGUES, Maria do Socorro Araújo Doutora em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande fernanandaa.rodrigues@hotmail.com ARAÚJO, Alfredina dos Santos Coordenadora do programa de pós-Graduação em Sistemas Agroindustriais Universidade Federal de Campina Grande alfredina@ccta.ufcg.edu.br

RESUMO Tradicionalmente, diz-se cerveja toda bebida fermentada a partir de cereais. Entretanto, por força de lei, no Brasil, entende-se cerveja como uma bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro, oriundo este do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo. (Art. 64 da Lei nº. 8.918, de 14 de julho de 1994). O Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, a maioria do consumo nacional é de cerveja pilsen. Com o crescente aumento do poder aquisitivo da população, vem crescendo o interesse em consumir cervejas com características degustativas bem superiores as comumente consumidas, com aroma bem característico, sabor acentuado e encorpado, criando assim uma classe de consumidores exigentes. O mercado brasileiro de cervejas, apesar de expressivo, é extremamente concentrado, com 98% do market share distribuído entre apenas quatro grandes companhias. Neste cenário, pouco se discute sobre um novo mercado, que cresce mundialmente em velocidade quase exponencial, o mercado de cervejas artesanais. O presente trabalho teve como objetivo a produção de uma cerveja artesanal puro malte em pequena escala, realizada pelo processo de infusão, inoculado com leveduras de baixa fermentação a 12°C, durante 48 horas. Amostras do caldo fermentativo foram coletadas em tempo 0; 06; 12; 18; 24; 30; 36; 42; 48 horas, para o acompanhamento do pH, contagem de células, ºBrix e teor alcoólico. Os valores encontrados demonstraram viabilidade na produção artesanal de cerveja puro malte. PALAVRAS-CHAVE: Puro malte, Fermentação, Cerveja.

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INTRODUÇÃO A cerveja é uma bebida obtida pela fermentação do mosto cervejeiro proveniente de malte de cevada, água potável e lúpulo, por ação de leveduras. Também se faz o uso de outros grãos como: arroz, milho e trigo. Seu sabor é proveniente da matéria prima, pela levedura, pelo tipo de processo de fabricação, além de compostos produzidos na sua fermentação e maturação que exercem função importante nas suas características sensoriais (OLIVEIRA, 2011). A cerveja mais produzida e consumida no Brasil é a do tipo Pilsen, com aproximadamente 98% do mercado. Ela foi criada em 1842 na República Tcheca e apresenta uma coloração clara, com uma tonalidade dourada brilhante, bastante refrescante e com teor alcoólico baixo por causa do processo de baixa fermentação (SETOR, 2010). Com a expansão no segmento do mercador cervejeiro no Brasil, e com o crescente interesse do consumidor experimentar cada vez mais novos tipos de cervejas, elevando assim o consumo das cervejas especiais. Essa nova tendência é conduzida por uma frente gastronômica, que aborda uma apreciação diferenciada com ingestão em pequenas quantidades para maior percepção de seus aromas e sabores, que são características das cervejas artesanais (SANTARNECH, 2011). Com isso o presente trabalho teve como objetivo principal a produção de uma cerveja artesanal puro malte do tipo Pilsen. MATERIAIS E METODOS Local e período da realização da pesquisa A tecnologia da produção da cerveja foi realizada no laboratório do NUPEA (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Alimentos), do Departamento de Química da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, PB, no período de janeiro a setembro de 2014. Matéria prima Para produzir a cerveja foram utilizadas as seguintes matérias-primas: malte Pilsen; lúpulo amargor; lúpulo aroma; água e açúcar. Toda a matéria-prima utilizada foi adquirida da WE consultoria. A água utilizada no processo foi proveniente de osmose reversa, adquirida no laboratório de saneamento básico do CCT-UEPB. O açúcar adquirido em supermercados da cidade. Agente fermentativo Como agente fermentativo foi utilizada levedura cervejeira de baixa fermentação da espécie Saccharomyces uvarum. Materiais utilizados: Moinho de grãos, balança semi-analítica para pesagem dos ingredientes, fogão, panela de 40L com torneira inferior adaptada para mostura e fervura, escumadeira grande para agitação do

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mosto quando necessário, iodo para teste de conversão em açúcar, termômetro, peneira adaptada para filtragem, bomba hidráulica para filtragem, panela de 20L para transferência de mosto, chiller de cobre, pHmetro eletrônico de mesa, fermentador de plástico, tampinhas, garrafas de vidro âmbar e fixador de tampinhas. Processo de fabricação da cerveja Moagem do malte: O malte foi triturado a seco em moinho de grão, de forma a produzir a desintegração total do endosperma, para que todos os elementos constituintes estivessem acessíveis às ações enzimáticas. Mosturação: A mosturação foi processada em um reator de alumínio com capacidade de processar 40L, provido de um agitador, e um controlador de temperatura. No aquecimento utilizou-se um fogão industrial e o processo utilizado foi o de infusão. Inicialmente trabalhou-se com a temperatura de 50ºC durante 30 minutos na fase de repouso de peptonização, seguindo-se posteriormente as temperaturas 60ºC por 30 minutos e 68°C por 60 minutos, para a completa hidrólise do amido e açucares que foi acompanhado através de uma solução de iodo 1%. Filtração: Foi realizada a 75°C, com o auxilio de uma peneira de aço inoxidável. Cozimento do mosto: O cozimento do mosto foi realizado por um período de 1h com uma temperatura entre 100°C e 120°C. O lúpulo de amargor foi adicionado nos 15min iniciais da fervura e o lúpulo aromático aos 45min da fervura. Decantação e filtração: O mosto foi decantado e resfriado com o auxilio de um chiller até a obtenção de uma temperatura de 40°C. Logo após foi iniciada a filtração do trub com coadores de algodão Resfriamento e aeração: O mosto foi resfriado até uma temperatura de 25°C, posteriormente foi realizada a aeração com o auxilio de uma escumadeira por um período de 5 min.

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Tratamento da levedura: Foram utilizadas 5g da levedura e hidratadas com 250mL de mosto por 5 min, posteriormente adicionada ao mosto para dar inicio a sua fermentação. Fermentação: O mosto foi fermentado por 48h a uma temperatura entre 28°C e 30°C em um reator com capacidade de 15L.

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Envase: Realizado com garrafas âmbar de 600mL devidamente esterilizados em um autoclave e adicionado 3g de açúcar para o priming. Maturação: Realizado em uma estufa isolada com temperatura de 8°C por um período de 15 dias.

Produção As formulações utilizadas para a produção da cerveja, bem como todas as suas etapas de produção constam na Tabela 1. Tabela 1: Ingredientes e etapas para a produção da cerveja Pilsen.

Ingredientes

3,75Kg de malte Pilsen 1,4g de lúpulo amargor 15,75g de lúpulo aroma Levedura S. uvarum 15L de água 80g de açúcar

Inicialmente as garrafas foram lavadas e esterilizadas em autoclave a 121ºC durante 15 minutos. A cevada adquirida já maltada, foi pesada, moída, adicionada no reator de 40L com 10L de água e cozida, em um fogão industrial onde sua temperatura foi controlada com o auxilio de um termômetro, foi realizado o teste do iodo para conferir se o amido estava mesmo sendo transformado em açúcar. Após a mosturação, a mostura foi filtrada na peneira de aço inox, após observar que o mesmo estava clarificado, era transferido para panela de fervura de 20L. O bagaço de malte retido na peneira foi lavado quatro vezes, com água a 75°C para aproveitar todos os açúcares retidos. O


tempo de fervura foi de 1 hora, aproximadamente. Quinze minutos após o início da ebulição foi colocado o lúpulo de amargor, e quinze minutos antes do final da ebulição foi colocado o lúpulo de aroma junto com o decantador de partículas (whirfloc). A panela de fervura foi retirada do calor, e o mosto foi imediatamente resfriado de 75°C, com um chiller de cobre de 3 metros preenchido por água corrente à temperatura ambiente. Após o resfriamento, foi feito a retirada do trub através de coadores de algodão. Após a filtragem foi realizada a aeração com o auxilio de uma escumadeira, agitando o mosto por 5 minutos. O mosto purificado foi resfriado até a temperatura desejada para a fermentação. A levedura foi adicionada após hidratada em 250mL de mosto, e adicionada após 10 minutos. A fermentação foi conduzida a temperatura de ºC durante 48 horas. A cada 6 horas eram retiradas amostras para o acompanhamento da concentração de açucares; teor alcoólico; concentração celular e pH. Após o período de fermentação, a cerveja foi engarrafada em garrafas de vidro âmbar previamente lavadas e esterilizadas em autoclave a 121º por 30 minutos. Foi adicionado à cerveja, antes do engarrafamento, o priming de açúcar invertido (glicose+frutose), para que ocorresse a formação de gás carbônico na garrafa. Após o engarrafamento a cerveja foi maturada por um período de 15 dias, em estufa a 8°C. A cerveja não foi filtrada para manter sua característica artesanal. Métodos analíticos Concentração de açucares: Determinada através da leitura direta no refratômetro digital Teor alcoólico: Determinado através da leitura direta em ebuliômetro que mede a porcentagem alcoólica (ºGL - Graus Gay Lussac).

Determinação da concentração celular: A concentração celular foi determinada pela contagem em placas (UCF/mL) do número de leveduras, empregando o meio Agar Batata Glicosado, incubados a 25ºC por 72 horas. Determinação do pH: O pH das amostras era medido para verificar sua variação ao longo do processo fermentativo medido diretamente no potenciômetro.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES Com o intuito de alcançar o objetivo proposto neste trabalho, foi avaliado inicialmente um estudo de cada etapa do processo de produção de uma cerveja puro malte. Durante a pesquisa percebeu-se a importância do conhecimento das etapas de produção e da qualidade das matérias primas utilizadas. Na Figura 1, estão representados os resultados relativos à produção da cerveja do consumo concentração de produto, concentração de substrato e formação de produto em função do tempo de fermentação.

Concentração

Figura 1. Concentração de açucares (ºBrix); teor alcoólico.

Com a obtenção dos resultados verificou-se que aumentou a concentração do produto à medida que o substrato foi sendo consumido, e o pH teve uma leve queda em relação ao pH inicial. As 10h iniciais do processo verifica-se que a fermentação acontecia de forma aeróbica, ou seja, não havia formação de álcool, cujo produto só é produzido em meio anaeróbico, com a redução do pH, reduziu a possibilidade de contaminação por outros microrganismos, favorecendo assim o seu processo de forma lenta, mas gradual. Quanto ao monitoramento do pH, ao longo do processo registrou-se uma leve queda em relação ao pH inicial. A mesma observação foi registrada por (CERRI, 2012), registrando a diminuição do pH durante a fermentação. A queda de pH durante as primeiras fazes da fermentação é um reflexo da atividade da levedura, que está absorvendo aminoácidos, acumulando íons, excretando gás carbônico no meio ou mesmo excretando H+ durante a geração de produto.

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Os resultados do Brix foram satisfatórios, pois o decaimento do mesmo é decorrente do consumo das leveduras gerando assim produto, com a queda na concentração do Brix verificouse que a partir das 24h que o crescimento das leveduras começou a estacionar, dando inicio a sua fase estacionária, devido à concorrência de substrato e levedura, e consequentemente a influência da concentração de produto (álcool) no meio. Com o aumento de produto o meio se tornou pouco favorecido para o crescimento das leveduras, constando que acima de 8°GL o meio torna-se improprio para o crescimento da levedura. A cerveja produzida ficou com um teor alcoólico de 5,0°GL no final da fermentação De acordo com os resultados obtidos, o acompanhamento da concentração de leveduras começou a ser inibida com o aumento do produto, à medida que as UFC (unidades formadoras de colônia), tiveram sua fase lag até às 6h iniciais do processo fermentativo, e sua fase log das 10h às 20h, onde, em seguida a fase estacionária a partir das 24h de fermentação, não foi possível verificar a fase de declínio das leveduras devido ao curto período de fermentação realizada.

CONCLUSÃO Dentro das condições experimentais deste trabalho, pode-se concluir:

O uso de cevada é um ingrediente marcante na produção de cerveja.

Devido ao curto período de fermentação não foi possível verificar a curva de

declínio das leveduras, necessitando-se assim de mais tempo de fermentação para tal medida.

Através das analises pode-se garantir a qualidade necessária para a elaboração

do produto final.

Os açúcares são os elementos mais importantes do malte. São eles que vão ser

transformadas em álcool pelas leveduras durante a fermentação alcoólica.

Para o teor alcoólico obteve-se um valor muito expressivo quando se

comparado às cervejas produzidas no Brasil, no qual a variável de interação entre os fatores de efeito principal apresentou maior significância no processo.

A produção de cerveja, apesar de parecer simples, requer uma série de

cuidados durante sua fabricação, a fim de garantir uma cerveja de qualidade que agrade o paladar do consumidor.

O Brasil possui hoje uma grande indústria cervejeira, ocupando um lugar de

destaque na produção mundial da bebida, no entanto, a média de consumo de cerveja por habitante, ainda é pequena quando comparado ao consumo de países europeus, por exemplo.

Uma cerveja de qualidade exige uma manipulação rigorosa e um

conhecimento elevado, para a garantia de um produto uniforme. Em meio a tanta tecnologia e sofisticação, os apreciadores buscam novos sabores por meio da fabricação da cerveja artesanal. Voltado para um público elitizado e que gosta de inovar e experimentar novos gostos, textura e

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aromas. Esse tema tem surgido há pouco tempo e vem ganhando um espaço muito significativo tanto para degustadores quanto para estudiosos do assunto.

REFERÊNCIAS ALVES, Lindemberg Martins Ferreira. Análise físico-química de cervejas tipo pilsen comercializadas em Campina Grande na Paraíba. 2014. AQUARONE, EUGÊNIO, ET AL. Biotecnologia Industrial– São Paulo. Editora Bucher, 2001, volume 4. BRASIL. Decreto nº 6.871, de 04 de junho de 2009.Regulamentação da Lei N° 8.918, de 14 de julho de 1994, sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção e a fiscalização da produção e do comércio de bebidas. Diário Oficial da União, Brasília, 04 de junho de 2009. BAMFORTH, C. W. Beer: Tapinto the art and Science of Brewing, 2nd Ed. New York: Oxford University Press. 2003 CERRI, Carla Fernanda Ferreira. Utilização de arroz preto do tipo IAC-600 (Oryza sativa) como adjunto para a produção de cerveja. Lorena, USP, 2012. OLIVEIRA, N. A. M. Leveduras utilizadas no processo de fabricação da cerveja. Minas Gerais, UFMG, 2011. 44p. SANTARNECH D. G. Novos desafios e expectativa positiva. Revista Industrial de Bebidas: Fc Santos, 2011, Ano 10, Anuário. 2011. SETOR. Tipos de Cerveja. 2010. Disponível em: <http://www.setor1.com.br/bebidas/cervejas/ti_pos.htm>. Acesso em 14 de Ou-tubro De 2014.

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Capítulo 06 PRODUÇÃO DE HAMBÚRGUER A BASE DE CARNE DE CARNEIRO COM ADIÇÃO DE ORÉGANO CRUZ, Lucineide Natividade Graduada em Engenharia Alimentos Universidade Federal de Campina Grande Lulu_lan19@hotmail.com MARQUES, Ingrid Ramalho Pós-Graduação em Engenharia Química Universidade Federal de Santa Catarina ingrid_ra_malho@hotmail.com ALBUQUERQUE, Tiago da Nóbrega Mestrando em Sistemas Agroindustriais Universidade Federal de Campina Grande tiagofernandes_pb@hotmail.com SILVA, Erik Serafim da Pós-graduando em Biotecnologia Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI) erik.silva26@escola.pb.gov.br MEDEIROS, Weverton Pereira de Mestre em Sistemas Agroindustriais Universidade Federal de Campina Grande weverton_cafu@hotmail.com.br

RESUMO O consumo de carne e seus derivados é grande no mundo, os consumidores buscam cada vez mais por produtos que ofereçam qualidade e saúde. A carne ovina é utilizada em grande parte do mundo e apresenta diversos benefícios a saúde. Esta pesquisa teve o objetivo de elaborar hambúrguer de carneiro adicionado de orégano em diferentes concentrações e avaliar a qualidade quanto aos seus atributos físico-químicos e sensoriais do produto elaborado. Foram elaboradas três formulações, sendo P uma formulação padrão; F1- com 0,5% de orégano; F2- com 1% de orégano. Todas as amostras foram formuladas com carne de carneiro, sal, condimentos, na mesma concentração. Os hambúrgueres formulados foram submetidos à físico-química como: pH, cinzas, umidade, proteínas e lipídios e acidez total. Os valores de pH e cinzas não apresentaram diferença significativa (p<0,05) entre as amostras. A umidade variou entre 59,58 a 76,05 %. Uma formulação apresentou resultado satisfatório.

PALAVRAS-CHAVE: Antioxidante, novos produtos, cárneos.

INTRODUÇÃO Os ovinos são uma das espécies mais amplamente estudadas pela ciência e a criação desses é econômica se comparada com outras espécies, devido as características rústicas que apresentam (MONTEBELLO e ARAÚJO, 2009). Essa espécie está conquistando os mercados consumidores de vários países do mundo, já que existe uma demanda muito grande por produtos de alta qualidade e a carne continua a ser apreciada através de pratos famosos e tradicionais (MONTEBELLO e ARAÚJO, 2009; SEBRAE, 2009).

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A região Nordeste é conhecida pelo potencial para produção de carne e pele ovina. No entanto, existe pouca demanda no abate e consumo de ovinos quando comparadas a outros países, o que resultou no aumento das importações dos ovinos brasileiro para o abate, de carcaça de cordeiros e de animais adultos, no período de 1992 a 2000, demonstrando que há escala crescente para ovinocultura (D'ARAÚJO COUTO, 2001). O hambúrguer é uma alternativa mais atraente para o aproveitamento de carnes menos nobres, visando o aumento do consumo da carne e consequentemente maiores vendas do produto nos abatedouros (COSTA, 2004). O uso de especiarias para melhorar as propriedades físico-químicas e o sabor das carnes é realizado em produtos cárneos processados (Lu, 2018; Van Hecke, 2017; Dalle Zotte, 2016). Pesquisas relatam que o uso de especiarias com alto poder antioxidante são capazes de frear a oxidação lipídica, o que melhora a qualidade do produto retardando a deterioração do produto evitando assim alterações de cor, sabor e odor (Van Hecke, 2017). O orégano é uma erva perene e aromática, muito utilizada na cozinha do mediterrâneo. São utilizadas suas folhas, frescas ou secas, pelo sabor e aroma que dão aos pratos. Considera-se que as folhas secas tem melhor sabor. Apresenta alta atividade anti-oxidante pela presença de ácido fenólico e flavanóides. As propriedades anti-microbianas que o orégano apresenta é um importante agente contra patógenos presentes nos alimentos, o que faz com que seja bom para auxiliar no aumento de vida de prateleira do produto. O orégano tem vários benefícios como alto poder antioxidante ao ácido fenólico e flavonoides, portanto combate o envelhecimento precoce, antidiabético, antibacteriana, anti-inflamatória (ácido rosmarínico) e conservante de alimento (SAÚDE COM CIÊNCIA, 2015). Visto o exposto, este trabalho tem por objetivo elaborar carne de hambúrguer de carneiro com adição de orégano (Origanum vulgare) para avaliar a qualidade dos atributos físico-químicos e sensoriais.

MATERIAL E MÉTODOS Obtenção da matéria prima Foi utilizada a carne de carneiro obtida em frigoríficos e os demais ingredientes como o orégano seco, o alho em pasta, sal, molho de cebola, cominho e o realçador de sabor, foram obtidos em supermercados da cidade de pombal, Paraíba, Brasil. As análises foram realizadas no Laboratório de Tecnologia de Grãos e Cereais e Centro Vocacional e Tecnológico (CVT) da Universidade Federal de Campina Grande no município de Pombal, Paraíba, Brasil.

Elaboração do hambúrguer Para a elaboração dos hambúrgueres, a carne de carneiro utilizada teve todos os cuidados durante o processo de obtenção. Os equipamentos e utensílios foram higienizados e sanitizados, os manipuladores utilizaram todos os EPI’s (luva, toca e máscara) para não alterar as características microbiológicas, físico-químicas e sensoriais. O corte escolhido foi colocado em sacos de polietileno estéril e armazenado em recipiente isotérmico e levado ao Laboratório de Tecnologia de Grãos e Cereais, CCTA/POMBAL-PB, onde foi retirada uma amostra para avaliação microbiológica. Os hambúrgueres foram elaborados utilizando uma formulação controle e duas com variações nas quantidades de oréganos como observado na Tabela 1.

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Tabela 1. Proporções das matérias primas e ingredientes (em%) utilizados nas formulações Matéria-Prima/Insumo Carne de Carneiro Sal Alho em pasta Cebola liquida Cominho Realçado de sabor Orégano Total

P(%) 93,8 1 3 1 0,2 1 100

Formulações F1(%) 93,2 1 3 1 0,2 1 0,5 100

F2(%) 92,9 1 3 1 0,2 1 1 100

P: (0% de orégano); F1 (0,5% de orégano); F2 (1% de orégano). Fonte: Autoria própria.

O procedimento para elaboração dos hambúrgueres foi realizado com toda a matéria prima e ingredientes adquiridos distintamente para cada procedimento. Os equipamentos e utensílios utilizados durante o processamento foram higienizados e desinfetados com solução de cloro ativo (200 ppm por 15 minutos) e álcool a 70% e procedeu-se com o uso dos equipamentos de proteção individual em todas as etapas de elaboração do produto elaborado.

Análise físico-química dos hambúrgueres elaborados A caracterização físico-química foi realizada em triplicata, seguindo a metodologia do Instituto Adolf Lutz, 2008. Foram realizadas as seguintes determinações: teor de umidade (%), cinzas (%), conteúdo lipídico total (%), acidez total (mg/g), pH e proteínas (%) para os hambúrgueres crus e assados.

Análise estatística A análise estatística foi através do programa SISVAR 5.6., ao qual as amostras foram submetidas ao teste de média por TUKEY com nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram avaliados os teores de umidade das carnes de hambúrgueres de caneiro com diferentes formulações e estão expostas na tabela 2. Tabela 2. Resultados médios dos teores de umidade de hambúrgueres de carne de carneiro adicionado de orégano nas formas in natura e assado. Amostra

Formulações P F1 F2 CV(%) a a a 74,88 ± 0,03 72,66 ±2,58 76,05 ±1,93 2,5 In natura 59,58a ±0 ,71 60,27a ±1,67 61,98a ±0,69 1,86 Assado P: (0% de orégano); F1 (0,5% de orégano); F2 (1% de orégano). CV- Coeficiente de variação. Fonte: Autoria própria.

Os resultados são médias de três repetições com as respectivas estimativas do desvio padrão. Valores na mesma linha seguidos de letras minúsculas iguais não diferem (p>0,05). Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade ANOVA e Teste de Tukey.

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Os teores de umidades das amostras de hambúrguer in natura variam de 74,88% a 76,05%, não apresentando diferença significativa entre si ao nível de 5%. Os valores encontrados ficaram próximos aos de Tavares (2007) e Siqueira et al (2001) encontraram teor umidade 77,1 77,7%, respectivamente, no desenvolvimento de um hambúrguer bovino, utilizando carne de soja. Os teores de umidades das amostras de hambúrguer assado da nossa pesquisa variam de 59,58% a 61,98%, não apresentou diferença significativa ao nível de 5%. Os valores encontrados para as amostras assadas F1 e F2 estão superior aos valores da TACO (2011) que é 52,5% para amostras de hambúrguer bovino frito. O valor obtido nessa pesquisa está de acordo com a tabela nutricional, pois a legislação preconiza que a tolerância é de ±20% do valor tabelado (BRASIL.2003b). Os resultados encontrados nas amostras in natura e assado estão próximo ao de Pinheiro et al. (2008), avaliando composição química e rendimento da carne ovina in natura e assada, relata que a umidade diferiu entre os tratamentos estudados, com menor valor para a carne assada (57,02%) em relação à carne in natura (74,05%), fato justificado pela alta temperatura durante o preparo da carne. Na tabela 4 estão apresentados os teores de cinzas. Tabela 3. Resultados médios dos teores de cinzas de hambúrgueres de carne de carneiro adicionado de orégano nas formas in natura e assado. Amostra

Formulações

P F1 F2 CV(%) 2,38a ± 0,06 2,63a ± 0,05 2,62a ±0,19 4,83 In natura 3,41a ±0 ,23 3,14a ±0,18 3,52a ±1,29 22,84 Assado P: (0% de orégano); F1 (0,5% de orégano); F2 (1% de orégano). CV- Coeficiente de variação. Fonte: Autoria própria.

Os teores de cinzas das amostras de hambúrguer in natura variam de 2,38% a 2,62%, não apresentou diferença significativa entre si ao nível de 5%. Os resultados obtidos estão em concordância com a tabela brasileira de composição de alimentos (TACO, 2011), que preconiza 2,9% de cinzas para hambúrguer bovino in natura. Trabalhos na literatura que avaliaram hambúrgueres de ovinos sem adição de condimentos ou especiarias obtiveram uma percentagem de minerais variando entre 1,04-1,16% (Seabra et al., 2002), os valores encontrados no presente trabalho foram de 3,41% a 3,52%, o que indica que a adição do orégano melhorou e aumentou a quantidades de minerais presentes no produto. Seabra et al. (2002) em hambúrgueres de carne ovina observaram que os hambúrgueres crus apresentaram menor teor de matéria mineral (1,04 a 1,16%) comparados aos assados (1,26 a 1,59%) com diferença significativa. Almeida Rudlei et al. (2011) processaram hambúrguer de caprinos e encontraram teores de cinzas em média de 2,82%. Os valores de proteínas dos hambúrgueres de carneiro encontram-se na tabela 4.

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Tabela 4. Resultados médios dos teores de proteínas de hambúrgueres de carne de carneiro adicionado de orégano nas formas in natura e assado. Amostra

Formulações P F1 F2 CV(%) a a a 12,36 ± 3,81 16,95 ± 0,15 16,49 ±0,52 14,60 In natura 26,97a ±0,47 28,18a ± 1,91 26,27a ±2,71 6,97 Assado P: (0% de orégano); F1 (0,5% de orégano); F2 (1% de orégano). CV- Coeficiente de variação. Fonte: Autoria própria.

No teor de proteína, não foram encontradas diferenças significativas (p<0,05) entre as amostras in natura e assado. Em pesquisa Santos Júnior et al. (2009) em hambúrgueres de carne ovina encontram níveis de proteína entre 18,94% a 20,94%, sem diferença entre os tratamentos. O produto aqui estudado está em concordância com o Regulamento Técnico de Identidade e qualidade de hambúrguer do MAPA (BRASIL, 2000), que preconiza o mínimo de 15% de proteína no produto in natura. Observa-se a que nas amostras in natura, apresentou 12,36% de proteína, sendo que o produto estar próximo ao valor da tabela brasileira de composição de alimentos TACO (2011) que preconizar 13,2% de proteína em hambúrguer bovino. Com isso podemos observar uma concordância entre o resultado encontrado e tabelado, mostrando que o produto tem um bom teor proteico. No estudo reportado por Seabra et al. (2002) os hambúrgueres crus de carne ovina apresentaram menor teor de proteína (17,02 a 18,88%) em relação aos cozidos (23,82 a 28,47%). Na tabela 5 estão apresentados os teores de lipídeos. Tabela 5. Resultados médios dos teores de lipídeos de hambúrgueres de carne de carneiro adicionado de orégano nas formas in natura e assado. Amostra P In natura Assado

12,35aA ± 0,54 19,29aB ± 3,27

Formulações F1 F2 20,05abB ± 2,53 11,86a ±3,45 13,53bB ± 4,43 14,16bB ±2,10

CV(%) 16,89 21,74

P: (0% de orégano); F1 (0,5% de orégano); F2 (1% de orégano). CV- Coeficiente de variação. Fonte: Autoria própria.

Ao avaliar os resultados de teor de lipídeos entre as amostras in natura e assada dos hambúrgueres de carneiro pode-se observar que apresentaram diferença no nível de significância de 5%, o que já era esperado. As amostras in natura apresentaram valores variando entre 11,86 % a 20,05 % mostrando-se em concordância com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Hambúrguer do MAPA (BRASIL, 2000), que preconiza o máximo de 23% de gordura para hambúrgueres in natura. Os teores de lipídeos das amostras de hambúrguer assado variam de 13,53% a 19,29%, apresentou diferença significativa ao nível de 5%. De acordo com a TACO (2011), o valor para amostra de hambúrguer bovino frita é de 17%. Os valores encontrados estão próximos a tabela nutricional (TACO, 2011). De acordo com Badiani et al. (2002), trabalhando com cordeiros, observaram que os lipídeos aumentaram após o cozimento. Resultados encontrados então em concordância, pois podemos observa que o teor de gordura aumentou após ser assado. Na Tabela 6 estão apresentados os teores de pH.

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Tabela 6. Resultados médios dos teores de pH dos hambúrgueres de carne de carneiro adicionado de orégano nas formas in natura e assado. Amostra In natura Assado

P a 5,59 ± 0,06 5,90a ±0,05

Formulações F1 F2 a 5,66 ± 0,04 5,69a ±0,01 a 5,85 ± 0,05 5,90a ±0,02

CV(%) 0,76 0,72

P: (0% de orégano); F1 (0,5% de orégano); F2 (1% de orégano). CV- Coeficiente de variação. Fonte: Autoria própria.

Nos valores obtidos para o pH dos hambúrgueres in natura e assado, os mesmos não apresentaram diferença significativa ao nível de 5% entre os tratamentos. Os valores das medições de pH das formulações in natura variaram de 5,59 a 5,69 respectivamente. Valores inferiores variando de 4,32% a 5,17% foram encontrados por Santos Júnior et al (2009) ao desenvolver hambúrguer ovino com farinha de aveia como substituto de gordura. O pH na faixa de 5,8 a 6,2 indica que a carne é aceitável, pH de 6,4 mostra que a carne é recomendada apenas para o consumo imediato e pH acima de 6,4 indica que a carne está em início de decomposição. Portanto os valores encontrados nesse trabalho se enquadram nos valores aceitáveis. Para corroborar com os valores de pH foi realizado tested de acidez e estão apresentados na tabela 7. Tabela 7. Resultados médios dos teores de acidez de hambúrgueres de carne de carneiro adicionado de orégano nas formas in natura e assado. Amostra In natura Assado

Formulações P 8,61a ± 1,67 7,03ab ±0,65

F1 7,64a ± 1,06 8,14a ± 0,69

F2 7,73a ±0,57 6,28a ±0,59

CV(%) 14,89 9,04

P: (0% de orégano); F1 (0,5% de orégano); F2 (1% de orégano). CV- Coeficiente de variação. Fonte: Autoria própria.

Os resultados de acidez total dos hambúrgueres não apresentaram diferença num nível de significância de 5 %. Na legislação brasileira não existe um padrão para acidez de carnes, essa análise é feita para saber se corrobora com os valores de pH, o que pode ser de grande valia para conservação e não deterioração dos produtos cárneos. CONCLUSÃO Observando durante todo o experimento valores nutricionais adequados para os hambúrgueres elaborados, tanto para sua forma in natura como após seu processamento. Levando em consideração o que foi exposto nesse trabalho pode-se concluir que os hambúrgueres elaborados com diferentes concentrações de orégano seco apresentaram-se como uma boa alternativa para diversificar o consumo da carne de ovinos, possibilitando dessa forma que as indústrias cárneas tenham alternativas para elaborar novos produtos. REFERÊNCIAS COSTA, L.O. Processamento e diminuição do reprocesso do hambúrguer bovino (HBV). 2004. n. 3, p. 127. Trabalho de Conclusão (Graduação em Engenharia de Alimentos) – Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 2004 DALLE ZOTTE, A., CELIA, C., SZENDRO, Zs. Herbs and spices inclusion as feedstuff or additive in growing rabbit diets and as additive in rabbit mat: a review. Livestock Science. 189. 82-90. 2016.

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D'Araújo Couto FA. Apresentação de dados sobre a importância econômica e social das palestras técnicas previstas no programa. In: Reunião Técnica "Apoio A Cadeia Produtiva da Ovinocaprinocultura Brasileira (CNPq)", Brasília. Anais... Brasília, p.10-15. 2001. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ed, São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, p. 1020, 2008. LU, F., KUHNLE, G. K., CHENG, Q. The effect of common spices and meat type on the formation of heterocyclic amines and polycyclic aromatic hydrocarbons in deep-fried meatballs. Food Control. 92, 399-411. 2018. MONTEBELLO, N.P; ARAÚJO, W.M.C carne & Cia. 2. Ed. Brasília: Senac – DF, 2009. 324p.v.l PINHEIRO, R.S.B. et al. Composição química e rendimento da carne ovina in natura e assada. Ciênc. Tecnol. Aliment, Campinas, v. 28, supl., p. 154-157, 2008. SANTOS JÚNIOR, L.C.O. et al Desenvolvimento de hambúrguer de carne de ovinos de descarte enriquecido com farinha de aveia. Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 4, p. 1128 -1134, 2009. SEABRA, L. et al. Fécula de mandioca e farinha de aveia como substitutos de gordura na formulação de hambúrguer de carne ovina. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, v. 22, n. 3, p. 245-248, 2002. SEBRAE. Manual de boas práticas para ovinos de corte. São José Do Rio Preto: ANPOVINOS, 2009 TAVARES, R. S et al. Processamento e aceitação sensorial do hambúrguer de coelho (Orytolagus cunicullus). Ciência e Tecnologia dos Alimentos. vol.27 no.3 Campinas Jul/Setemb. 2007. VAN HECKE, T., HO, P. L., GOETHALS, S., DE SMET, S. The potential of herbs and spices to reduce lipid oxidation during heating and gastrointestinal digestion of a beef product. Food Research International. 102, 785-792, 2017.

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Capítulo 07 PRODUÇÃO DE MUDAS DE Gliricidia sepium (Jacq.), PARA PRODUÇÃO DE FORRAGEM, EM DIFERENTES SUBSTRATOS NO CARIRI PARAIBANO

SILVA JÚNIOR, Osmar António da Graduando no Curso Superior de Engenharia de Biossistemas – UFCG ao.antonioosmar@gmail.com SANTOS, Danilo Silva dos Graduando no Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia Universidade Federal de Campina Grande - UFCG dannilosilva040@gmail.com OLIVEIRA, Isaak Geronimo de Graduando no Curso Superior de Engenharia de Biossistemas – UFCG isaakgeronimo95@gmail.com SANTOS, Naara de Carvalho Silva Mestranda em Extensão Rural – UNIVASF cs.naara@gmail.com DORNELA, Carina Seixas Maia Professora adjunta - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) cacasmd@yahoo.com.br

RESUMO A Gliricídia sepium (Jacq.) tem sua origem no México, ela é uma espécie que apesar de ser exótica no Brasil, adaptou-se muito bem as condições edafoclimáticas do semiárido brasileiro. São considerados de grande importância trabalhos que promovam a disseminação desta cultivar, pois a mesma em sua composição é rica em proteína e em virtude da sua origem geográfica produz bem em baixos índices pluviométricos tornando-se uma alternativa de forragem para os animais no período da estiagem. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi analisar o melhor substrato para produção de gliricídia, para produção de forragem e garantia de um banco de proteína para os agricultores do cariri paraibano. O experimento foi desenvolvido na área didática de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), localizada no Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Sumé PB. O delineamento foi inteiramente casualizado com 3 tipos de combinações de substratos e cinco repetições. Os substratos utilizados foram: Areia + Terra (T1); Areia + Terra + Esterco Caprino (T2); e Areia + Terra + Composto Orgânico (T3). Foram avaliados os seguintes parâmetros: Teor de umidade, Emergência, comprimento de plântulas (CP) e diâmetro de plântulas (DP). Com isso foi possível constatar que os substratos quando adicionados com areia, terra e matéria orgânica influenciaram no desenvolvimento das plantas de G. sepium (Jacq.), com valores de 98% na emergência, 3,48 cm no comprimento e 7,9 cm no diâmetro, das plantas,quando cultivadas em ambientes não controlados na região do cariri paraibano. PALAVRAS-CHAVE: Semiárido, Fitotecnia, Crescimento inicial.

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1. INTRODUÇÃO De acordo com Teixeira e Santos (2017), o Estado da Paraíba está localizado na região Nordeste do Brasil e apresenta uma área de 56.372 km². A região nordeste do estado possui um clima semiárido e decorrente deste fato, tem sua vegetação xerófita. As chuvas se dão de forma irregular e a temperatura média fica sempre superior a 18 ° C, variando de acordo com a topografia de cada região. A distribuição pluviométrica anual se dá de forma bastante variada, sendo no setor central do Estado, região do Cariri/Curimataú, com os menores valores de precipitação entre 300 e 500 mm; no Sertão e Alto Sertão, em torno de 700 a 900mm. Diante das características edafoclimáticas do referido estado, é de fundamental importância trabalhar com cultivares mais adaptadas a tais condições climáticas, plantas mais resistentes tanto para a produção de forragem para armazenamento na forma de feno e silagem para posterior oferta no período de estiagem para fornecimento in natura aos animais, quanto culturas que sejam capazes de fixar o nitrogênio no solo e combatam a desertificação das áreas exploradas pela agropecuária no Nordeste (SILVA et al., 2003). Neste contexto destaca-se a Gliricídia sepium (Jacq.) pertencente à família Fabaceae. Esta espécie é originária do México até a Colômbia, Venezuela e Guianas. Também foi naturalizada em Cuba, Jamaica, Havaí, Àfrica Ocidental e Meridional, Índia, Siri Lanka, Tailândia, Filipinas, Indonésia e Austrália. Conhecida como madeiro negro, mata ratón, madre de cacao, no México e em países da América central No Brasil esta espécie exótica é popularmente conhecida como gliricídia. Ela se reproduz de forma sexuada e assexuada (por estacas), podendo chegar a uma altura entre 12 e 15 metros e apresenta diâmetro de até 30 cm. Suas raízes tem a característica de se associar a bactérias do gênero Rhizobium, as quais entram em simbiose, e proporcionam à fixação biológica do nitrogênio, as mesmas são altamente resistentes à secas prolongadas de até oito meses, é pouco exigente em solos férteis, porém não suporta solos mal drenados, aceitando uma temperatura entre 14 a 41° C (DRUMOND; CARVALHO FILHO, 2020). Devido sua taxa proteica apresentar entre 20 a 30% de proteína bruta, esta cultivar passa a ser uma excelente forrageira, podendo ser ofertada para os seguintes animais: bovinos, ovinos, suínos, caprinos, aves e coelhos. No entanto ela é toxica a equinos, caninos e roedores. Já a sua palatabilidade e aceitação variam entre as espécies animais, não sendo bem aceita nos primeiros dias, necessitando assim da mistura com outros alimentos concentrados, ou fazer a fenação e silagem. Ela é bastante recomendada no combate da erosão de solos e estabelecimento de terraços de rodovia, ou até mesmo como adubo verde e sombreamento de outras cultivares (DRUMOND; CARVALHO FILHO, 1998). A principal vantagem da gliricídia em comparação com outras forrageiras arbóreas se dá pela sua fácil implantação no campo, podendo ser utilizada por via sexuada ou assexuada, como também não há custos relevantes no combate de pragas, como por exemplo, formigas cortadeiras. O plantio direto deve ser realizado na estação chuvosa a fim de garantir a sua germinação e melhor estabelecimento para os períodos de estiagem. A profundidade do plantio, não deve ser muito profunda a fim de facilitar a emergência das sementes. A utilização de insumos orgânicos oriundos de material vegetais e esterco de animais a partir do processo de compostagem torna-se uma alternativa para a produção de mudas, pois estes são ricos em matéria orgânica mineralizada e em nutrientes essenciais para o desenvolvimento de plantas. Silva et al (2001) relatam que os melhores substratos para formação de mudas devem apresentar, entre outras características, fácil disponibilidade de aquisição e transporte, ausência de patógenos, riqueza em nutrientes essenciais, pH adequado, boa textura e estrutura.

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Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo, analisar o melhor substrato para produção de gliricídia, para produção de forragem e garantia de um banco de proteína para os agricultores do cariri paraibano.

2. MATERIAIS E METODOS O presente trabalho foi desenvolvido no período de 11 a 28 de fevereiro de 2020 na área didática de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), localizada no Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Sumé-PB. As sementes foram coletadas de matrizes adultas, localizadas na área experimental do CDSA, posteriormente foram submetidas a uma secagem a sombra, passaram por triagem, sendo retirada as sementes quebradas, trincadas e acondicionadas em recipientes plásticos, a temperatura média de 30°C ± 2 durante 15 dias, no Laboratório de Tecnologia de Sementes e Produção Vegetal. Para semeadura das sementes foram utilizados dois tipos de substratos com adubação orgânica e um sem adubação orgânica (Figura 1). Figura 1. Preparação dos substrato para semeadura das sementes.

Fonte: Arquivo do Pesquisador

Os tratamentos foram organizados conforme a tabela 1. A semeadura, das sementes de gliricidia, foi realizada no dia 11 de fevereiro de 2020. A irrigação foi realizada diariamente e de forma manual, onde os tratamentos receberam água até a saturação, garantindo assim que o fator água não interferisse nos resultados do experimento. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três tratamentos (substratos) e cinco repetições. Tabela 1. Descrição dos substratos avaliados para a produção de mudas da Gliricidia. Testemunha T1 – Barro (30%) + Areia (70%) Tratamento 2 (T2) – Barro (20%) + Areia (50%) + Composto Orgânico (30%) Tratamento 3 (T3) – Barro (20%) + Areia (50%) + Esterco Caprino (30%)

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Para sistematizar a coleta de dados e fazer a estimativa foi realizado o sorteio de 25 mudas, das que já tinham emergido, no geral. De acordo com sua numeração de organização no sombrite a 50% (figura 2). Figura 2. Emergência de sementes G. sepium (Jacq.)

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Fonte: Arquivo do Pesquisador

Foram avaliados os seguintes parâmetros: Teor de Umidade, obtido utilizando 10 sementes, antes do plantio, através do método gravimétrico com a utilização de estufa a 105ºC (BRASIL, 2009); Emergência - O número de plântulas emersas está sendo registrado a partir do surgimento das primeiras plântulas até a estabilização das mesmas. O critério utilizado foi o de plântulas com os cotilédones acima do substrato, sendo os resultados expressos em porcentagem. - Diâmetro do caule das plântulas (DCP) – foi mensurado após 15 dias da primeira germinação, com auxílio do paquímetro posicionado na base da planta obedecendo sempre a mesma altura em relação ao solo; - Comprimento das plântulas (AP) – foi coletado, também, após 15 dias da primeira germinação, com auxílio de uma régua graduada. Os dados foram submetidos à análise de variância e a comparação entre as médias, conforme Ferreira (1996), foi realizada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O software utilizado foi o SISVAR versão 4.3, desenvolvido pela Universidade Federal de Lavras. Os gráficos foram construídos no Excel para melhor entendimento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto à emergência das plântulas G. sepium, verificou-se que o substrato Areia+Terra+Esterco Caprino (T1) proporcionou resultados com valores de 98%, seguido do substrato areia+terra+composto orgânico (T2), que promoveu valores de 96%. Também foram analisados que o substrato Areia+Terra (T1) promoveu resultados de 94% (Figura 3). Assim, constata-se que os substratos utilizados não diferiram entre si, proporcionando valores de emergência acima de 90%.


Figura 3. Emergência de sementes de G.

sepium (Jacq.) em diferentes substratos.

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Fonte: Dados da Pesquisa

O substrato tem a função de suprir as sementes de umidade e proporcionar condições adequadas à germinação delas e ao posterior desenvolvimento das plântulas (FIGLIOLIA et al., 1993), devendo manter uma proporção adequada entre a disponibilidade de água e a aeração e, assim, evitar a formação de uma película aquosa sobre a semente, que impede a penetração de oxigênio (POPINIGIS, 1985) e contribui para a proliferação de patógenos. Quanto ao comprimento de plantas, os diferentes substratos utilizados não diferiram entre si, porém verificou-se que o substrato Areia+Terra (T3) apresentou os maiores resultados com valores de 3,48cm, seguido do substrato Areia+Terra+Esterco Caprino (T2), que promoveu valores de 3,44cm no comprimento das plantas (Figura 4). Figura 4. Comprimento de plântulas de G.

sepium (Jacq.) em diferentes substratos.

Fonte: Dados da Pesquisa

Ao escolher um substrato, alguns aspectos devem ser considerados, como o tamanho da semente, a exigência com relação à umidade e à luz, a facilidade que ele oferece durante a instalação, a realização das contagens e a avaliação das plântulas (BRASIL, 2009). Dentre os fatores ambientais que afetam o processo de desenvolvimento das mudas destacam-se a temperatura, a luz, a disponibilidade de oxigênio e de água, além do tipo de substrato. Quando estes fatores são otimizados as plântulas expressam o seu potencial máximo de desenvolvimento,


característica esta importante para se obter um estabelecimento rápido e uniforme das plântulas em campo (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Para o diâmetro de plantas, constata-se que, o substrato contendo Areia+Terra+Esterco Caprino (T3) e Areia+Terra+Composto Orgânico (T2) promoveu os melhores resultados (7,9 cm) possivelmente por agrupar as características ideais ao desenvolvimento das mudas, seguido do tratamento Areia+Terra (T1) que promoveu resultados de 7,5cm (Figura 5). Figura 5. Diâmetro de plântulas de G.

sepium (Jacq.) em diferentes substratos.

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Fonte: Dados da Pesquisa

Os adubos de origem orgânica atuam na melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo (MALAVOLTA et al., 2002). A aplicação de resíduos de origem animal ou vegetal promove no solo a integração de compostos orgânicos que, na medida em que são decompostos, tornam-se disponíveis às plantas (MOREIRA et al., 2011).

4. CONCLUSÃO Os substratos quando adicionados com areia, terra e matéria orgânica influenciaram no desenvolvimento das plantas de G. sepium (Jacq.), com valores de 98% na emergência, 3,48 cm no comprimento e 7,9 cm no diâmetro, das plantas,quando cultivadas em ambientes não controlados na região do cariri paraibano AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Coordenadora geral do Laboratório de Educação em Solos (LASOL), Prof., Adriana Meira Vital, pelo fornecimento das sementes de Gliricidia sepium, como também a coordenadora do Laboratório de Ecologia e Botânica (LAEB), Prof., Alecksandra Vieira de Lacerda, pelos substratos fornecidos e encarecidamente a professora Carina Seixas pela orientação do trabalho. REFERÊNCIAS AMORIM, A. C. CARACTERIZAÇÃO DOS DEJETOS DE CAPRINOS: RECICLAGEM ENERGÉTICA E DE NUTRIENTES. 2002. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Produção Animal, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002. Disponível em:


https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/96604/amorim_ac_me_jabo.pdf. Acesso em: 03 mar. 2020. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: Secretaria de Defesa Agropecuária/Mapa/ACS, 2009. CARVALHO, N. M. e NAKAGAWA, J. Sementes: ciências, tecnologia e produção. 2.ed. Campinas: Fundação Cargill, 2000. 565p. DRUMOND, M. A.; CARVALHO FILHO, O. M. de. Introdução e avaliação da Gliricidia sepium na região semi-árida do Nordeste Brasileiro. 1998. Disponível em: http://www.cpatsa.embrapa.br/catalogo/livrorg/gliricidia.pdf. Acesso em: 01 mar. 2020. FIGLIOLIA, M. B.; OLIVEIRA, E. C.; PINÃ- RODRIGUES, F. C. M. Análise de sementes. In: AGUIAR, I. B.; PINÃ-RODRIGUES, F. C. M.; FIGLIOLIA, M. B. Sementes florestais tropicais. Brasília: ABRATES, 1993. p. 137-174. MALAVOLTA, E. et al. Adubos & adubações: adubos minerais e orgânicos, interpretação da análise do solo e prática da adubação. São Paulo: Nobel, 2002. 200 p. MOREIRA, R. A. et al. Produção e qualidade de frutos de pitaia-vermelha com adubação orgânica e granulado bioclástico. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. Especial, p.762-766, 2011. POPINIGIS, F. Fisiologia de sementes, 2ª ed. Brasília, 1985. 289p. SILVA, R. M. A. Entre dois paradigmas: combate a seca e convivência com o Semiárido. Sociedade e estado, v. 18, n.1/2, p. 361-385, 2003. TEIXEIRA, Leopoldo Brito et al. Composição Química de Composto de Lixo Orgânico Urbano de Barcarena. 2020. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/404178/1/com.tec.71.pdf. Acesso em: 03 mar. 2020. TEIXEIRA, Leopoldo Brito; SANTOS, Djail. Climatologia do estado da Paraiba. 2017. Disponível em: https://portal.insa.gov.br/images/acervolivros/Climatologia%20do%20Estado%20da%20Paraiba%20editora.pdf. Acesso em: 01 mar. 2020.

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Capítulo 08 PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE DE VACAS PRIMÍPARAS ALIMENTADAS COM NÍVEIS DE ÁCIDO TÂNICO NA DIETA

MUNIZ, Ana Jaqueline Cavalcante Doutora em Zootecnia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) jaquezootec@hotmail.com GOMES, Kelaine de Oliveira Graduada em Zootecnia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) kelaynne-19@hotmail.com SOUZA, Carla Giselly Doutora em Zootecnia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) caelinhaxl@gmail.com SARAIVA, Carla Aparecida Soares Professora do Departamento de Zootecnia/ CCA Universidade Federal da Paraíba (UFPB) carla@cca.ufpb.br

RESUMO Objetivou-se a produção e qualidade do leite de vacas primíparas com adição de níveis crescente de ácido tânico na dieta. O experimento foi realizado no setor de bovinocultura, no Centro de Ciências Agrarias da Universidade Federal da Paraíba, no período de fevereiro até maio de 2015, com duração de três meses. Foram utilizadas cinco vacas primíparas mestiças de Holandês e Zebu, o experimento foi dividido em cinco períodos com 20 dias cada, 15 dias para adaptação da dieta e cinco dias para coletas de leite totalizando 100 dias de experimento. A dieta ofertada foi composta por volumoso e concentrado, receberam silagem de milho como volumoso e o concentrado composto por sorgo moído, milho moído, farelo de soja, farelo de trigo uréia e 0,18 kg de mistura mineral (Bovigold) O delineamento utilizado foi o quadrado latino com cinco tratamentos e cinco períodos. A análise dos leites foram realizados no CC/ UFPB utilizando o aparelho ecomilk. Com o aumento nos níveis de ácido tânico na dieta a produção de leite diminuiu (P<0,05), ou seja, apresentaram comportamento linear decrescente. Entretanto não alterou a composição do leite, continuando dentro do padrão estabelecido pela N62. Neste contexto, embora a produção de leite tenha diminuído com os aumentos dos níveis de tanino na dieta, não foi suficiente para alterar a composição do leite. PALAVRAS-CHAVES: Compostos fenólicos, Nutrição, Taninos.

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1. INTRODUÇÃO A atividade leiteira é quem sustenta a agropecuária nacional tendo em vista que o leite é um produto de demanda constante e exclusiva por parte dos consumidores, essa atividade vem crescendo cada vez mais, e os consumidores vêm ficando mais rígidos, quando se fala na qualidade, pois querem pagar mais pela qualidade do produto. A cadeia produtiva do leite pode ser encontrada em diferentes aspectos e em todas as regiões brasileiras, atuando como uma atividade geradora de renda, tributos e empregos. A procura por produtos lácteos é constante com isso a produção de determinados produtos deve manter-se padronizada, por isso os agropecuaristas devem estar preparados para qualquer imprevisto no manejo alimentar do rebanho leiteiro, dentro desse contexto uma das principais dificuldades de um produtor é atender as exigências nutricionais dos animais ao longo do ano. O leite de boa qualidade começa quando se tem animais sadios no rebanho, com alimentação rica em nutrientes que atenda suas exigências nutricionais e higiene no local da ordenha. Sorgo (Sorghum bicolor (L.) (Moench) é um cereal bastante cultivado no mundo). Seus grãos são uma importante fonte energética tanto para nutrição humana como animal. Segundo a Embrapa, (2008) a cultura do sorgo é uma das que mais cresce no país, tendo importância estratégica no abastecimento de grãos e forragem. No Brasil a produção de sorgo tem aumentado nos últimos anos, sendo empregado principalmente na alimentação animal como ingrediente substituto ao milho e ao trigo, nas indústrias de ração Cabral Filho, (2004). Os taninos são o quarto constituinte mais abundante nas plantas, após celulose, hemicelulose e lignina Swain, 1965 citado por Lekha & Lonsane, (1999). Como metabólitos secundários, os taninos são compostos fenólicos de grande interesse econômico e ecológico. Já foram identificados 5000 fenóis, incluindo mais de 2000 que ocorrem naturalmente Shahidi e Naczk, (1995). Os taninos podem ser classificados como hidrolisáveis e condensados. Os taninos hidrolisáveis por hidrólise ácida liberam ácidos fenólicos: gálico, caféico, elágico e um açúcar. O ácido tânico é um típico tanino hidrolisável, o qual é quebrado por enzimas ou de forma espontânea Silva e Silva (1999). De acordo com Min et. al. (2003); Haslam (1989); Battestin et. (2004), o tanino hidrolisável é largamente encontrados no reino vegetal, ocorrem mais nas vagens dos frutos e galhos das plantas, folhas de árvores e arbustos de áreas tropicais e assim como os taninos condensados raramente ocorrem em plantas forrageiras MIN et al. (2003). Os taninos condensados estão presentes em forrageiras leguminosas, que é oferecida para ruminantes MIN et. al. (2003). Nos ruminantes o tanino tem o efeito bastante positivo quanto à quantidade de proteína digerida no rúmen e aumenta a quantidade de proteína disponível no intestino delgado, pois forma uma capsula que protege a proteína dos microrganismos do rúmen, sendo mais bem aproveitada pelo intestino, além de eliminar e diminuir o timpanismo, Mueller,

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Harvey, (2010). GARA et al. (2009) relatam que o tanino desempenha um papel importante na redução do metano. Diante do exposto objetivou-se avaliar a produção e a qualidade do leite de vacas primíparas mestiças Holandês/Zebu suplementadas com sorgo com alto tanino e níveis crescentes de ácido tânico na dieta.

2 MATERIAL E METODOS O experimento foi conduzido no Setor de Bovinocultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias/UFPB, Campus II, no município de Areia/PB, ocorrendo no entre os dias 12 de fevereiro, e dia 23 de maio de 2015. Foram utilizadas cinco vacas primíparas mestiças de Holandês/Zebu com aproximadamente quatro anos de idade, peso vivo médio de ±420 kg, média de 100 dias de lactação, com produção média inicial de 18 kg/dia. As vacas foram distribuídas em delineamento quadrado latino (DQL) 5x5: dietas e cinco períodos. Todas foram submetidas à adaptação às instalações, às dietas experimentais e ao manejo da estabulação por 10 dias. O experimento foi dividido em cinco períodos, de 20 dias cada, sendo 15 dias para adaptação às dietas e cinco dias de coleta de dados, num total de 100 dias. As vacas foram pesadas antes do início do experimento e a cada início de período, foram estabuladas em baias individuais de 18 m2, de piso concretado, equipadas com cochos e bebedouros. A dieta experimental foi ofertada na forma de volumoso e concentrado numa relação volumoso: concentrado fixa de 64:36, formulada para atender as exigências de lactação, segundo recomendações do NRC (2001), foram fornecidas duas vezes ao dia, às 06:00h e às 13:30h, logo após as ordenhas. As sobras foram recolhidas, diariamente, para determinação do consumo. Todas as vacas receberam diariamente, 35 kg de silagem de milho como volumoso e 6,38 kg de concentrado composto por, 3,00 kg sorgo moído, 1,00 kg milho moído, 1,50 kg farelo de soja, 0,5 kg farelo de trigo, 0,20 kg uréia e 0,18 kg de mistura mineral (Bovigold®). A dieta 1 (controle), foi composta pelo sorgo cultivar BRS Ponta Negra (Controle), e as demais dietas continham o sorgo cultivar A9904 (A). Para atingir as doses crescentes de tanino foi utilizado ácido tânico puro (C76H52O46), adquirido através da empresa Anidrol® (produtos para laboratório), o ácido tânico é uma fonte de tanino hidrolisável. Os níveis utilizados foram 1,3; 2,6; 3,9 e 5,2 de ácido tânico adicionado na dieta, esses níveis foram estabelecidos com base na análise da quantidade de tanino condensado constituinte do sorgo de alto tanino, que, de acordo com a metodologia do HCL- Butanol (HAGERMAN e BUTLER, 1978) realizado no Laboratório de Bromatologia da UAG- UFRPE o A (cultivar A9904) conforme os resultados continha 2,55% de tanino condensado total na MS. E o sorgo B (cultivar BRS Ponta Negra) continha 0,92% de tanino condensado total na MS pela metodologia Terril et al. (1992) realizado na EMBRAPA Sete Lagoas - MG.

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Tabela 1 - Proporção dos ingredientes da dieta, concentração de tanino condensado e tanino hidrolisável (ácido tânico) nas dietas experimentais em kg

Níveis % Silagem de milho (kg) Milho moído (kg) Farelo de soja (kg) Farelo de trigo (kg) Uréia (kg) Mistura mineral* (kg) Sorgo A (kg) Sorgo Controle (kg) Ácido tânico (kg) Total

0% 35,00 1,00 1,50 0,50 0,20 0,18 0,00 3,00 0,00 41,38

1,3% 35,00 1,00 1,50 0,50 0,20 0,18 3,00 0,00 0,015 41,4

2,6% 35,00 1,00 1,50 0,50 0,20 0,18 3,00 0,00 0,0795 41,46

3,9% 35,00 1,00 1,50 0,50 0,20 0,18 3,00 0,00 0,158 41,54

5,2% 35,00 1,00 1,50 0,50 0,20 0,18 3,00 0,00 0,236 41,62

* Carbonato de cálcio; Cloreto de potássio; Cloreto de sódio (sal comum); Enxofre ventilado (flor de enxofre); Fosfato bicálcico; Óxido de magnésio; Carbo amino fosfoquelato de cobre; Carbo amino fosfoquelato de cromo; Carbo amino fosfoquelato de enxofre; Carbo amino fosfoquelato de ferro; Carbo amino fosfoquelato de manganês; Carbo amino fosfoquelato de selênio; Carbo amino fosfoquelato de zinco; Hidróxido de tolueno butilado (BHT); Iodato de cálcio; Monóxido de manganês; Selenito de sódio; Sulfato de cobalto; Sulfato de cobre monohidratado; Sulfato de zinco; Vitamina A; Vitamina D3; Vitamina E.

O ácido tânico nas proporções pré-determinadas foram misturadas ao concentrado no dia anterior ao fornecimento no cocho, o concentrado foi oferecido separado do volumoso na tentativa de assegurar o total consumo do ácido tânico contido no concentrado. As amostras de alimento, sobras de alimento e fezes foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas e pesadas. Em seguida foram trituradas em moinho tipo “Willey” com peneira de 1 mm. Para determinação dos teores de matéria seca (MS) foram secas em estufa a 105ºC durante 24 horas, e para determinar cinzas (MM) por incineração em mufla a 600ºC (SILVA e QUEIROZ, 2002). O teor de proteína bruta (PB) e nitrogênio total (N) foram determinados pelo método Kjeldahl (AOAC, 1995), utilizando o fator de correção de 6,25. A determinação dos teores de extrato etéreo (EE) foi realizada em sistema de refluxo de éter (Soxtherm, Gerhardt, Alemanha) a 180°C. A determinação da fibra em detergente neutro (FDN), teores de nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) foram determinadas segundo Van Soest et al., (1991). As dietas experimentais foram analisadas no Laboratório de Nutrição Animal do CCA/DZ/UFPB para a matéria seca (MS), cinzas (MM), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) de acordo com Silva e Queiroz (2002). As determinações de fibra em detergente neutro (FDN), foram de acordo com os métodos de Van Soest et al.(1991) e energia bruta foi obtida por oxidação da amostra em bomba calorimétrica. Os valores de carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados de acordo com o NRC (2001). As estimativas de consumo de matéria seca e dos nutrientes foram obtidas determinandose os teores de MS, MO, PB, EE e cinzas, FDN, FDA, CHOT e consumo de nutrientes digestíveis totais (NDT) segundo Sniffen (1992), e CNF foi preconizado por equação proposta por Hall et al., (1999) em ensaio e digestibilidade.

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CHOT = 100 – (%PB + %EE + %Cinzas) CNF = %CHOT - %FDNcp, sendo a FDN corrigida pra cinzas e proteína. CNDT = (CPBD + CCNFD + CFDN + (CEED x 2,25)) %NDT = (Consumo de NDT/ Consumo de MS)* 100 O leite foi pesado diariamente no período da manhã e tarde, durante todo o período do experimento. As amostras de leite foram coletadas individualmente durante os cinco dias de coleta, com o auxílio de um recipiente próprio sem conservantes, foram coletados (100 ml) de leite na ordenha da manhã e a mesma quantidade na ordenha da tarde totalizando 25 coletas com 50 amostras. As análises físicas químicas do leite foram realizadas logo após a ordenha, em um intervalo de duas horas. 2.1 Análises físico-químicas As amostras de leite foram submetidas às análises físico-químicas para verificar os teores de gordura, proteínas, extrato seco desengordurado, lactose, densidade. Essas análises foram realizadas pelo método rápido, utilizando o aparelho Ekomilk, conforme recomendação do fabricante. 2.2 Analises estatísticas O delineamento experimental foi de quadrado latino 5 x 5. Os resultados foram avaliados por meio de análises de variância e de regressão, com emprego do software Sisvar (Ferreira, 2000), adotando um nível de 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES O consumo de matéria natural (MN) e matéria seca (MS) não diferiram (P>0,05) entre os tratamentos, (Tabela-2), o que significa que a dose máxima de ácido tânico (tanino hidrolisável) somado a dose de tanino condensado do sorgo ofertado (0,3210 kg/vaca/dia), não causou queda significativa da palatabilidade ao ponto de afetar o consumo das vacas nesse experimento. Makkar et al. (1995), relata que a presença do tanino no grão de sorgo está associada com o baixo consumo de matéria seca (MS), entretanto, não foi observado nesse experimento (Tabela 1). Grainger et al. (2009) testando a inclusão de tanino condensado purificado na dieta de vacas em lactação observaram um consumo médio de MS(matéria seca) variando de 17,4 a 12,8 kg/dia, o que representou uma ingestão média de tanino de 0,163kg/dia a 0,244kg/dia. Enquanto nesse experimento a ingestão de tanino (condensado e ácido tânico) média de tanino variou entre 0,027kg/dia e 0,3210 kg/dia, sem, ter afetado o consumo. Tabela- 1 Consumos médios diários e consumo em função do peso vivo das dietas experimentais. Item

0%

1,3%

2,6% Consumos (kg/dia)

3,9%

5,2%

P L

Q

70


MN

40,55

40,34

41,16

40,91

39,96

0,80

0,37

MS

14,75

14,40

14,92

14,80

14,08

0,57

0,48

PB

2,11

2,08

2,12

1,98

2,09

0,79

0,21

EE*

0,42

0,34

0,40

0,38

0,36

0,01

0,25

FDN

7,64

7,28

7,66

6,96

7,52

0,72

0,55

CHOT

10,81

10,09

10,88

9,75

10,65

0,65

0,35

CNF

4,96

4,74

5,00

4,58

4,92

0,89

0,20

NDT

8,09

8,90

8,53

7,61

8,38

-

-

Consumo (%PV) MS

3,42

3,34

3,47

3,45

3,26

0,63

0,45

FDN

1,84

1,71

1,78

1,59

1,69

0,80

0,48

PB 0,51 0,49 0,49 0,45 0,47 * Diferiram estatisticamente (P<0,05). Matéria natural (MN) matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), Carboidratos totais (CHOT), carboidratos não fibrosos (CNF), nutrientes digestíveis totais (NDT), P- Probabilidade, Q- Quadrádico, L- Linear

Deste modo, nas dietas experimentais foram oferecidas duas fontes de tanino. Taninos condensados através dos dois cultivares de sorgo e taninos hidrolisáveis através do ácido tânico Tabela 1- Contribuições percentuais e em kg do tanino condensado do sorgo e do ácido tânico adicionado artificialmente. Contribuição TC do sorgo (%)

Adição do ác. tânico (%)

Contribuição TC do sorgo (3kg)

Adição do ác. tânico (kg/dia)

Tanino total na dieta (%)

Total tanino (kg/dia)

Dieta 1

0,46

0,00

0,0276

0,0000

0,46%

0,0276

Dieta 2

1,27

0,03

0,0765

0,0150

1,30%

0,0780

Dieta 3

1,27

1,33

0,0765

0,0795

2,60%

0,1560

Dieta 4

1,27

2,63

0,0765

0,1575

3,90%

0,2340

Dieta 5

1,27

3,93

0,0765

0,2355

5,20%

0,3210

Dieta

Deste modo, nas dietas experimentais foram oferecidas duas fontes de tanino. Taninos condensados através dos dois cultivares de sorgo e taninos hidrolisáveis através do ácido tânico. A água foi disponibilizada à vontade para os animais. A composição nutricional dos ingredientes das dietas é apresentada na Tabela 3. Tabela 2- Composição nutricional dos ingredientes das dietas experimentais MS

PB

EE

Silagem Milho moído

28,19

7,96

2,20

86,68

8,97

4,27

Sorgo A9904

85,85

9,28

2,80

Sorgo Controle

79,61

9,34

Farelo de trigo

87,73

Farelo de soja

88,30 100

FDN

MM

CNF

CHOT

55,08

4,77

33,62

84,79

13,98

1,17

74,47

80,61

14,03

3,49

73,90

82,41

2,80

14,03

3,49

73,90

82,41

16,40

1,70

44,50

6,26

30,05

73,99

48,78

1,97

14,46

6,13

30,40

43,45

283

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00

Ingrediente

Uréia

71


Mistura mineral 100 0,00 0,00 0,00 100 0,00 0,00 Matéria seca (MS), Proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), Fibra em detergente neutro (FDN), Matéria mineral (MM), carboidratos não fibrosos (CNF), Carboidratos totais (CHOT)

A composição das dietas experimentais já adicionadas de ácido tânico encontram-se na Tabela 4. A produção de leite foi registrada diariamente por pesagem individual (kg/dia). As amostras de leite foram colhidas nos últimos 5 dias de coleta de cada período experimental duas vezes ao dia (manhã e tarde). Observou-se que o a produção de leite apresentou uma variação a (P<0,05), de acordo com os resultados apresentados na tabela 3. Esse resultado já era esperado devido os maiores níveis de tanino 3,9% e 5,2% adicionado na dieta. Os efeitos causados pela presença de tanino nos alimentos são dose-dependentes, devendo-se também levar em consideração a composição da dieta fornecida, o tipo de tanino e sua estrutura, apesar de não estar ainda bem esclarecido de que forma as diferentes estruturas ou composição dos monômeros afetam sua atividade biológica (Mupangwa et al., 2000; Makkar, 2003). Tabela 4 – Produção e Composição do leite de vacas mestiças alimentadas com níveis crescentes de tanino Variáveis 1

PL(kg/dia)

0 14,21

Níveis de Tanino da dieta (%) 1,3 2,6 3,9 5,2 14,43 14,71 13,48 13,53

Valor p L Q 0,035* 0,059

CV (%) 4,50

2

Gordura (%) 4,64 4,77 4,78 4,58 4,76 0,699 0,716 4,81 Proteína (%) 2,73 2,83 2,81 2,80 2,84 0,457 0,654 3,85 4 Lactose (%) 4,13 4,12 4,20 4,10 4,15 0,825 0,829 5,30 5 ESD (%) 7,53 7,72 7,68 7,52 7,74 0,793 0,902 3,01 6 EST (%) 12,17 12,49 12,46 12,10 12,50 0,723 0,787 3,54 7 DEN (g/l) 1.025 1,026 1,025 1,026 1,026 0,709 0,097 3,18 L – linear; Q – quadrática. *significativo a 5%, 1Produção de leite; 5Extrato seco desengordurado,6Extrato seco total, 7Densidade.1Ŷ = 14,49 – 16,26 NT, (R2 = 38,19); 2Ŷ = 4,70; 3Ŷ = 2,80; 4Ŷ = 4,14; 5Ŷ = 7,64; 6 Ŷ = 12,35; 7Ŷ = 1,026. 3

Quanto aos componentes do leite, estes não foram afetados pelo aumento dos níveis de tanino (P>0,05). Entretanto, esperava-se que com a diminuição da produção de leite ocorresse diminuição de alguns componentes, principalmente no que se ao teor de gordura, uma vez que este é o componente que mais varia. O que diverge da literatura onde afirma que a produção de leite é inversamente proporcional ao seu teor de gordura, ou seja, quando animais que produzem maior quantidade de leite normalmente produzem leite menos gorduroso e vice versa. Provavelmente esta queda na produção de leite não foi suficiente para afetar os componentes, principalmente o teor de gordura. Porém é importante destacar que os teores de gordura, proteína, lactose, ESD e densidade estão dentro dos requisitos que são impostos pela Instrução Normativa (IN62). O ministério da agricultura diz que a densidade é importante porque fornece dados sobre a indicação de adição de água no leite, que poderá indicar também problemas de saúde da vaca, ou até mesmo problemas nutricionais. Contudo, a densidade depende também do conteúdo de

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gordura e de sólidos não-gordurosos, porque a gordura do leite tem densidade menor que a da água, enquanto que os sólidos não-gordurosos têm densidade maior (MAPA 2007). A densidade do leite é uma relação entre seu peso e volume e é normalmente medida a o

15 C ou corrigida para essa temperatura. A densidade do leite é, em média, 1,032 g/mL, podendo variar entre 1,023 e 1,040 g/mL. A densidade da gordura do leite é aproximadamente 0,927 e a do leite desnatado, cerca de 1.035. Assim, um leite com 3,0% de gordura deverá ter uma densidade em torno de 1,0295, enquanto um com 4,5% deverá ter uma densidade de 1,0277. O teste indicará claramente alteração da densidade somente quando mais que 5 a 10% de água for adicionada ao leite. Densidade acima do normal pode indicar que houve desnatamento ou, ainda, que qualquer outro produto corretivo foi adicionado, (Embrapa 2003). Conforme o Figura 1 observa-se que a produção de leite aumentou com a adição dos menores níveis (1,3% e 2,6) e a partir do segundo nível a produção de leite tende a baixar elucidando que á medida que os níveis de acido tânico foram aumentando (3,9% e 5,2%), houve uma queda na produção de leite. Desta forma fica evidente que a adição de tanino em baixas quantidades favorece a produção de leite esses resultados estão de acordo com MORAIS et al. (2006) Relataram em suas pesquisas que os taninos quando utilizados em baixas concentrações nas dietas de bovinos leiteiros, podem promover benefícios no ambiente ruminal, desempenhando papel de moduladores da fermentação. Cabral filho (2004) fala em seu trabalho que os efeitos benéficos do tanino condensado estão ligados a capacidade destes em formarem complexos com outras moléculas orgânicas como a proteína. E o poder de adaptação e aproveitamento dessas propriedades pelos ruminantes torna os taninos uma ferramenta importante para aumentar a sustentabilidade dos sistemas de produção. À medida que o ácido tânico foi oferecido em maiores teores na dieta, resultou em maior contato deste com as bactérias ruminais responsáveis pela produção de ácidos graxos voláteis e consequentemente na redução da produção de leite. Muller-Harvey (2006) ressalta que com adição de tanino diminui a produção de leite, assim como outros fatores, menor ganho de peso. Figura 1- Produção de leite, em relação aos níveis de tanino. 14,8 14,6

Série1

14,4 14,2 14

y = -0,0712x2 + 0,202x + 14,28 R² = 0,632

13,8 13,6 13,4 13,2 0,0

2,0

4,0

Níveis de ácido tanico

6,0

73


Segundo Kaitho et al. (1998) e McMahon et al.(1999), o tanino apresenta uma capacidade de modificar a fermentação ruminal, deixando altas concentrações de tanino, diminuído a digestibilidade e a retenção de nitrogênio. Segundo Kumar e Singh, 1984 ações do tanino podem vir a diminuir a digestibilidade dos carboidratos fibrosos, levando a decréscimos na produção de ácidos graxos voláteis, de gases e do valor energético dos alimentos.

4 CONCLUSÃO De acordo com esta pesquisa conclui-se que nos menores níveis obteve-se a maior produção leite e partir da adição de ácido tânico em maiores níveis da dieta reduziu a produção de leite e não modificou a sua composição que se manteve dentro dos padrões de requisitos mínimos para a qualidade do leite sendo importante para os laticínios e os consumidores. Mais pesquisas precisam ser realizar avaliando a interferência da adição de ácido tânico sobre a produção de leite melhorando assim a quantidade de leite produzida por animal. Difundindo assim o uso deste produto para os produtores leiteiros.

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Capítulo 09 QUALIDADE DA ÁGUA DE CHUVA ARMAZENADA EM CISTERNAS DE PLACAS NO MUNICÍPIO DE QUIXERAMOBIM-CE LIMA, Natália Duarte de Professor do Eixo de Produção Alimentícia Faculdade de Tecnologia Centec – FATEC Sertão Central nataliaduartelima@gmail.com ROCHA, José Leandro Tecnólogo em Alimentos Faculdade de Tecnologia Centec – FATEC Sertão Central leandrorocha.jlr@gmail.com ROCHA, Francisca de Oliveira Tecnólogo em Alimentos franciscarocha@bol.com.br SOUSA, Layanne Maria Lima de Tecnólogo em Alimentos Faculdade de Tecnologia Centec – FATEC Sertão Central layanne-sousa@hotmail.com

RESUMO O abastecimento de água em quantidade e qualidade necessária constitui grande preocupação para a humanidade, principalmente, pela escassez desse recurso, programas governamentais e não governamentais incentivam a construção de cisternas que se tornam alternativas ao abastecimento de agua para consumo humano. Para que a água seja considerada adequada ao consumo humano, deve atender aos padrões estabelecidos pela legislação vigente no país, conforme define a Portaria de Consolidação nº 5 de 2017 do Ministério da Saúde. Este trabalho objetivou-se verificar a qualidade microbiológica das águas de chuva armazenada em cisternas de placas destinadas para consumo humano, localizadas no município de Quixeramobim – CE. Foram coletadas 27 amostras de água em cisternas de placas, abastecidas com água de chuva no município de Quixeramobim - CE e submetidas a avaliação microbiológica para coliformes totais e termotolerantes. Os resultados foram submetidos a análise estatística descritiva (média, desvio padrão, valor mínimo e máximo). Pode-se observar valores de médias de coliformes totais e termotolerantes e em apenas 11,11% das amostras analisadas estavam de acordo com a legislação vigente que estabelece ausência de coliformes termotolerantes em 100ml de água.

PALAVRAS-CHAVE: Água de consumo, sistemas alternativos, contaminação fecal.

INTRODUÇÃO O abastecimento de água em quantidade e qualidade necessária constitui grande preocupação para a humanidade, principalmente, pela escassez desse recurso e pela deterioração das águas dos mananciais (SANTOS, LABADESSA, 2012; SANTOS et al., 2013). A quadra chuvosa no estado do Ceará é bem preocupante, nos últimos dezesseis anos apenas 2004, 2008, 2009 e 2011 tiveram chuvas acima da média (804,9 mm/ano), nos demais anos as precipitações estiveram abaixo da média, dando ênfase para os últimos seis anos (2012 a 2015), que de forma consecutiva tiveram chuvas abaixo da média, provocando uma crise hídrica em diversas partes do

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estado, sendo que além de em baixa quantidade a chuva é distribuída de forma irregular em todo o estado (DIÁRIO DO NORDESTE, 2015). Segundo Almeida e Sobrinho (2015) uma nova visão em relação à falta de água, com a percepção que não é possível acabar com a seca, e sim amenizar os problemas ocasionados pelo período de escassez, essa questão influenciou a criação de diversas políticas públicas para combate a seca, entre eles, cita-se (P1+2) Programa Uma Terra Duas Águas, e (P1MC) Programa um Milhão de Cisternas, na tentativa de mudar esse cenário encontrado no semiárido brasileiro. Segundo o Instituto Antônio Conselheiro (2019), Quixeramobim, nos últimos anos vem sendo contemplado com programas de acesso a água, (P1MC e P1+2) com a construção de sistemas alternativos de captação de água (cisternas), em todo o território do município. As comunidades beneficiadas com esses programas, sempre sofreram com problemas relacionados a escassez de água, e agora conseguem ter um alívio já que as cisternas com sua capacidade máxima, provem água suficiente para uma família de até cinco pessoas durante sete a oito meses período que dura ao período de escassez. O aspecto da qualidade não pode ser dissociado da quantidade, pois os riscos à saúde existem seja por falta de água seja pelo fornecimento de água sem qualidade. Embora construídas com a finalidade de captar água de chuva e armazená-la nos meses sem precipitação, a utilização da cisterna vai além da captação da água de chuva, pois as mesmas são abastecidas, também, por água oriunda de carros-pipa, sendo esta uma prática comum nas comunidades do Semi-Árido nordestino. Quando a água é oriunda das chuvas, a qualidade pode ser influenciada pela poluição do ar em regiões industriais, e pelo sistema de captação (telhados, calhas e superfícies de escoamentos), que permitem a entrada de contaminantes, tanto biológicos como não biológicos (AMORIM, PORTO, 2003). Para que a água seja considerada adequada ao consumo humano, deve atender aos padrões estabelecidos pela legislação vigente no país, conforme define a Portaria de Consolidação nº 5 de 2017 do Ministério da Saúde. Entretanto, o acesso a água de qualidade para o consumo humano no nordeste brasileiro, consiste em um grande desafio para a população de baixa renda, representando um drama social, provoca aumento de doenças, da fome e da pobreza que é cada vez mais agravada pelo longo período de estiagem típico da região. A água de consumo humano é um dos importantes veículos de enfermidades diarreicas de natureza infecciosa, o que torna primordial a avaliação de sua qualidade microbiológica (XAVIER et al, 2010). Nesse sentido, é de suma importância a criação de mais programas para conscientizar a população, principalmente os moradores da zona rural, sobre práticas sanitárias do tratamento de água, higiene e educação ambiental (PEREIRA et al., 2011; SILVA et al., 2012). Com o conhecimento das populações e a criação de novos programas de uso adequado da água, as comunidades menos favorecidas melhorariam a qualidade da água, evitando doenças (BARROS et al., 2013). Diante de tais considerações, objetivou-se verificar a qualidade microbiológica das águas de chuva armazenada em cisternas de placas destinadas para consumo humano, localizadas no município de Quixeramobim – CE.

MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada em cinco comunidades dos distritos de Uruquê e quatro comunidades do distrito Belém, em cada comunidade foi coletado três amostras de cisternas diferentes, totalizando 27 amostras, de acordo com a Tabela 1.

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Tabela 1 – Distribuição das localidades e amostras coletadas. Distritos

Belém

Uruquê

Comunidades

Amostras

A

A1, A2 e A3

B

B1, B2 e B3

C

C1, C2 e C3

D

D1, D2 e D3

E

E1, E2 e E3

F

F1, F2 e F3

G

G1, G2 e G3

H

H1, H2 e H3

I

I1, I2 e I3 Fonte: Pesquisa (2018).

As amostras foram coletadas no período de outubro a dezembro de 2019. As cisternas para coleta das amostras foram selecionadas de forma aleatória após certifica-se que as mesmas possuíam água proveniente de chuva. A coleta foi realizada diretamente na cisterna, em frascos de vidro (100 ml) esterilizados com cordão limpo amarrado ao gargalho. Procedeu-se a descida do frasco com cuidado para não tocar nas paredes, e realizou-se a coleta, evitando contaminação. Assim que o frasco estava parcialmente cheio, em torno de 200 mL, removeu-o e fechou-o imediatamente, armazenando-o em caixa térmica com gelo. Após coleta levou-os ao laboratório de microbiologia da FATEC Sertão Central Quixeramobim-Ce para identificação de coliformes totais, termotolerantes e E. coli. Foi realizada a técnica convencional dos tubos múltiplos, com testes presuntivos e confirmativos, seguindo a metodologia de SILVA et al. (2010). Antes da análise das águas os frascos foram invertidos 25 vezes, em arco de 30 cm, para facilitar a homogeneização da amostra. Para o teste presuntivo foi utilizado o Caldo Lactosado em concentração dupla sendo distribuídos 10 mL da amostra em cada tubo, no total de três tubos, em seguida inoculou-se 1 mL da amostra em outros três tubos, finalizando a terceira sequência inoculando 0,1 mL da amostra em mais três tubos. As amostras foram levadas para a estufa por 24/48 horas, a uma temperatura de 35°C. As amostras com o resultado positivo (formação de gás no tubo de Durhan) no teste presuntivo passaram para o teste confirmativo. Para a etapa de confirmação, alíquotas dos tubos positivos no Caldo lactosado foram transferidas com auxílio de uma alça de platina devidamente flambada para tubos contendo Caldo Verde Brilhante. Os tubos foram incubados a 35º C por 24-48 horas. Para o teste de coliformes termotolerantes, uma alíquota das amostras positivas no caldo verde brilhante foi transferida com para tubos contendo 10 mL do meio de cultura Caldo Escherichia coli (EC). As amostras foram colocadas em banho-maria com agitação a 44 ºC durante 24/48 horas. Após esse período as amostras foram analisadas sendo que os tubos com formação de gás no tubo de Durhan

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confirmaram a presença de coliformes termotolerantes. As amostras positivas apresentaram turvação e produção de gás nos tubos. Utilizou-se a tabela de NMP para expressar os resultados. Os dados foram interpretados de acordo com o com Silva et al. (2010) e submetidos à análise estatística descritiva (média, desvio padrão, valor mínimo e máximo).

RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos foi possível constatar que apenas uma amostra (3,71%) e três amostras (11,11%) das amostras analisadas, respectivamente para coliformes totais e termotolerantes estavam dentro dos padrões de potabilidade. Nota-se que, de acordo com a Figura 1ª, dez amostras (37,03%) apresentaram alto valor do Número Mais Provável (NMP), sendo maior que 1100. Duas amostras (7,41%) com valores entre 100 e 200 NMP, outras seis amostras com valores entre 50 a 100 NMP e 2 (7,41%) apresentaram valores entre 400 e 750 NMP.

Figura 1. Porcentual de amostras analisadas de acordo com o NMP de coliformes totais e termotolerantes. A – Coliformes totais.

B – Coliformes termotolerantes.

Fonte: Pesquisa (2018).

Através da Tabela 2, a análise da estatística descritiva para coliformes totais e termotolerantes das amostras, valores médios elevados com 547,08 e 413,57 NMP respectivamente e valores mínimos ausentes para ambos os parâmetros, sendo uma amostra para o primeiro grupo e três amostras para o segundo grupo identificados como ausente. Tabela 2. Estatística descritiva para as amostras analisadas. Média Desvio padrão Valor mínimo

Valor máximo

Coliformes Totais

547,08

490,39

Ausente

> 1100

Coliformes Termotolerantes

413,57

429,75

Ausente

> 1100

Fonte: Pesquisa (2018).

Mesquita et al. (2014) analisaram água destinada ao consumo humano em um município do Pará e verificaram que 54,17% das amostras de água coletada estavam fora dos padrões de potabilidade para coliformes totais.

79


Na Tabela 3 estão apresentados os resultados das análises microbiológicas realizadas para coliformes totais e termotolerantes. A Portaria de Consolidação N°5 de 28 de Setembro de 2017 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de potabilidade, estabelece ausência de coliformes totais e fecais em 100 ml de amostra (BRASIL, 2017).

Tabela 3. Resultados das análises microbiológicas de águas de chuva armazenadas em cisternas de placas.

Coliformes Totais

Coliformes termotolerantes

(NMP/ml)

(NMP/ml)

A1

>1,1x10³

>1,1x10³

A2

>1,1x10³

4,6x10²

A3

4,6x10²

4,6x10²

B1

>1,1x10³

>1,1x10³

B2

9,2

9,2

B3

9,3x10

9,3x10

C1

4,6x10²

1,5x10²

C2

>1,1x10³

>1,1x10³

C3

>1,1x10³

>1,1x10³

D1

7,5x10

7,5x10

D2

1,1x10

1,1x10

D3

6,1

6,1

E1

9,2

9,2

E2

>1,1x10³

>1,1x10³

E3

<3

<3

F1

>1,1x10³

>1,1x10³

F2

>1,1x10³

2,9x10²

F3

>1,1x10³

2,9x10²

G1

AUSENTE

AUSENTE

G2

3,8x10

1,4x10

G3

3,6

AUSENTE

H1

7,5x10

2,3x10

H2

9,2

AUSENTE

Comunidades

80


H3

9,3x10

9,2

I1

>1,1x10³

4,6x10²

I2

1,5x10²

7,5x10

I3

7,5x10²

7,5x10

Fonte: Pesquisa (2018).

Diante dos resultados obtidos percebe-se que cerca de 90% das cisternas apresentaram resultados positivo para ambos os grupos, isso pode estar ligado ao fato da água não passar por nenhum tipo de tratamento e as diversas fontes de contaminação a que essas águas estão expostas desde a sua captação até o armazenamento. A determinação de índices de Coliformes assume importância como parâmetro indicador da possibilidade de existência de microrganismos patogênicos ao homem, por serem responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, evidenciando assim riscos à saúde das famílias consumidoras dessa água. Esses parâmetros merecem destaque por estarem relacionados com as falhas ou inexistência de processo de desinfecção da água. A Portaria de Consolidação estabelece que em sistemas alternativos de abastecimento de água as amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras formas de abastecimento sem distribuição canalizada, toleram-se a presença de coliformes totais, na ausência de Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes (BRASIL, 2017). A água para consumo humano deve, portanto apresentar ausência de E. coli ou coliformes termotolerantes. Amorim e Porto (2000), avaliando a qualidade microbiológica das águas de cisternas no município de Petrolina (PE), encontraram em todas as amostras resultados positivos do ensaio presuntivo e ao concluir a etapa confirmativa, identificou a presença de bactéria do grupo coliforme em todas as amostras.

CONCLUSÕES As águas coletadas de cisternas localizadas na cidade de Quixeramobim - CE estão em desacordo com a legislação vigente por apresentarem número elevado de microrganismos do grupo coliformes.

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Capítulo 10 QUALIDADE DE ÁGUA DO RESERVATÓRIO EPITÁCIO PESSOA: RISCOS PARA AGRICULTURA E SAÚDE ANIMAL

SIQUEIRA, Monilly Maria Tenório Graduanda em Engenharia Química Universidade Federal de Campina Grande monilly78@gmail.com NERY, Gleydson Kleyton Moura Mestre em Ecologia e Conservação Instituto Nacional do Semiárido gleydson.nery@insa.gov.br MEDEIROS, Salomão de Sousa Doutor em Ciências Agrárias Instituto Nacional do Semiárido salomão.medeiros@insa.gov.br NERY, Janiele França Doutora Ciências Ambientais Instituto Nacional do Semiárido janiele.nery@insa.gov.br

RESUMO Considerando a irregularidade de chuvas no semiárido dois importantes fatores são relacionados a água a sua disponibilidade e qualidade. Sendo, a qualidade de água os fatores físicos, químicos e biológicos da água que preveem a regularidade do abastecimento hídricos para os múltiplos usos. Desta forma, objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade da água do reservatório Epitácio Pessoa (Boqueirão), no intuito de apontar riscos potenciais aos usos múltiplos das águas. As amostragens foram realizadas no reservatório Epitácio Pessoa nos meses de fevereiro, julho e dezembro de 2019 em duas zonas: (i) rio e (ii) barragem. Foram avaliados parâmetros físicos, químicos, biológicos (cianobactérias). Os resultados demonstraram que as água do reservatório Epitácio Pessoa apresentam-se bem oxigenadas, alcalinas e com turbidez variando de acordo com a entrada de água devido ao período chuvoso, quanto aos disponibilidade de nutrientes no sistema evidenciou baixas concentrações de compostos nitrogenados e fosfatados, contudo elevadas taxas de clorofila-a, caracterizando o sistema como meso-eutrófico. Como reflexo do processo de eutrofização no reservatório foram identificadas 19 espécies de cianobactérias com densidades variando entre 211.409 cel/mL a 289.979 cel/mL, classificando assim as águas como classe III. Desta forma, as águas do reservatório Epitácio Pessoa não estão apropriadas para a dessedentação animal, e só através de um tratamento avançado estará disponível para distribuição a população.

PALAVRAS-CHAVE: Semiárido; Eutrofização; Cianobactérias.

INTRODUÇÃO Sabemos que a água ao longo da história da humanidade, bem como sua quantidade e qualidade foi e é um fator de determinação para o desenvolvimento humano. Problemas causados pela sua abundância ou escassez, fizeram com que as formações de civilizações ocorressem ao entorno de rios e lagos (MANAHAN, 2013) Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA),

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estima-se que 2,5 % da água do mundo seja doce e que 1% dela esteja em rios, sendo assim um recurso finito e que pela ausência de políticas públicas e o aumento da população vem se exaurindo. O Brasil é um dos países de maior reserva de água doce, com 13,8% do deflúvio médio mundial e uma disponibilidade hídrica per capita variando de 1.835 m3/hab/ano, na bacia hidrográfica do Atlântico Leste, a 628.938 m3/hab/ano, na bacia Amazônica. (THÉRY, 2015). Porém, devido às suas dimensões geográficas e diversidade climática, algumas regiões sofrem graves problemas de escassez de água, como o Semiárido nordestino. O espaço geográfico do Semiárido brasileiro estende-se por 1.133 municípios, distribuídos uma área de 982.563,3 km² em oito Estados da região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) (WENQING et al., 2017). No semiárido Brasileiro devido a irregularidade das chuvas durante todo o ano, os animais, em geral, consomem uma água de menor qualidade devido as impurezas em suspensão que deixam a água turva. Um grande fator para redução do volume disponível de água em reservatórios são as elevadas taxas evapotranspirométricas. Para o termo "qualidade de água", é necessário compreender que não se refere, necessariamente, a um estado de pureza, mas simplesmente às características químicas, físicas e biológicas, e que, conforme essas características, são estipuladas diferentes finalidades para a água. (CARMEN et al., 2015) As características que afetam a qualidade da água tornando-a imprópria para o consumo de bovinos são: presença de minerais traços tóxicos como Flúor (F), Selênio (Se), Ferro (Fe) e Molibdênio (Mb), podendo causar distúrbios sérios, principalmente em ovinos e aves; a presença de Nitrogênio na água indica decomposição de matéria orgânica, contaminação fecal ou nitratos. (NETO; 2016) A Resolução CONAMA 357 diz: “a qualidade da água de dessedentação dos animais de produção devem ser tratadas de forma específica, com o estabelecimento de concentrações para este tipo de água”. E ainda, “as águas destinadas à dessedentação animal devem estar dentro dos padrões exigidos para Classe 3”, que também são águas destinadas ao consumo humanos, após forrageiras, à pesca amadora e à recreação de contato secundário” (BRASIL, 2005). Nos rios e lagos estão presentes nitrogênio e o fósforo que são nutrientes de grande importância à cadeia alimentar, entretanto, quando descarregados em altas concentrações em águas superficiais e associados às boas condições de luminosidade provocam o enriquecimento do meio, fenômeno este denominada eutrofização. (VIEIRA, 2019) Esse processo de eutrofização dos ambientes aquáticos tem sido resultante das atividades humanas, causando enriquecimento artificial desses ecossistemas. Entre as principais causas do aumento da eutrofização está o aporte das descargas de esgotos domésticos e industriais dos centros urbanos, sem tratamento adequado, e de fontes difusas provindas de regiões agriculturáveis. (MINILLO et al., 2016) As cianobactérias são um grupo de bactérias gram-negativas, aeróbias e fotoautotrócas. Embora sejam encontradas em muitos ambientes diferentes, as cianobactérias estão presentes principalmente nos ecossistemas aquáticos como parte do ztoplâncton e perifíton, desempenhando um importante papel como produtor primário. Apesar da importância ecológica, cianobactérias são organismos potencialmente produtores de cianotoxinas e as orações em corpos hídricos são uma questão de saúde pública. Além de perigos relacionados à ingestão da água, as cianotoxinas também podem ser bioacumuladas nos tecidos vegetais e animais, associando riscos à ingestão de plantas irrigadas com águas contaminadas bem como consumo de pescado e outros animais aquáticos (SUSANTO, 2019). Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a qualidade da água do

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reservatório Epitácio Pessoa (Boqueirão), no intuito de apontar riscos potenciais aos usos múltiplos da água.

MATERIAL E MÉTODOS Área de Trabalho O Reservatório Epitácio Pessoa localiza-se no município paraíbano de Boqueirão (Figura 1), e tem uma bacia que se estende pelos municípios de Boqueirão, Cabaceiras e São Miguel de Taipu. A represa abastece as cidades de Campina Grande, Boqueirão, Queimadas, Pocinhos, Caturité, Riacho de Santo Antônio e Barra de São Miguel, no estado da Paraíba, e suas águas, até fevereiro de 1999, eram liberadas através da descarga para o abastecimento urbano e rural e a diluição dos esgotos de mais 14 municípios. A sua lâmina d'água abrange uma superfície em torno de 2.700 ha (hectare). (PESQUISA, 2011).

Figura 1: Mapa de localização do reservatório Epitácio Pessoa e estações de coleta de dados.

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Amostragem e métodos de análise Foram realizadas 3 amostragens, nos meses de fevereiro, julho e dezembro de 2019, em dois pontos amostrais ao longo do reservatório, zona de rio e zona de barragem. Em cada ponto, foi coletada uma amostra composta, a partir da homogeinização de 1L de água coletados a cada metro de profundidade. Foram aferidos os valores de transparência da água (disco de sechi), temperatura, pH, condutividade elétrica, potencial redox, turbidez, oxigênio dissolvido e sólidos totais dissolvidos, com auxilio de sonda multiparamétrica (HORIBA U-50). Alíquotas de 1L de água foram resfriadas e encaminhadas ao Laboratório de ecotoxicologia do seminárido, no Insttuto Nacional do Semiárido para determinação das concentrações de amônio, nitrito, nitrato, fósforo solúvel reativo e fósforo total, determinadas de acordo com metodologias padronizadas descritas em “Standard Methods for the Examination of Water and Waste Water” (APHA, 1998). Sub-amostras de 100 mL foram coletadas para identificação e quantificação do cianobactérias, as quais foram fixadas no campo com solução de Lugol. A abundância das populações de cianobactérias (cel/mL) foram estimadas pelo método de sedimentação de Utermöhl (1958). O tempo de sedimentação foi de pelo menos três horas para cada centímetro de altura da câmara (Margalef, 1983). Os indivíduos (células, colônias, filamentos) foram enumerados em campos aleatórios (Uhelinger 1964), em número suficiente para alcançar 100 indivíduos da espécie mais freqüente, sendo o erro inferior a 20%, (p<0,05) (LUND et al., 1958).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os reservatórios das regiões secas se destacam como ecossistemas de relevância fundamental na manutenção das comunidades vegetais e animais, especialmente agregados humanos. Por se tratar de sistemas complexos, e de características intermediárias é fundamental para a realização de um manejo adequado a aplicação de estudos que monitorem as características dos reservatórios, como forma de predição de processos de eutrofização, salinização e contaminação das águas (BARBOSA, 2012)

As águas do reservatório Epitácio Pessoa apresentaram-se bem oxigenadas, com temperatura média de 26,5ºC, pH alcalino, condutividade elétrica média de 0,45 mS/cm, com pequena variação ao longo do período de amostragem (Tabela 1). A turbidez teve um desvio padrão de 176,85, o que significa diferenças acentuadas e pode ser explicado pela entrada de água no reservatório, no período chuvoso, que promove entrada de material particulado no reservatorio, bem como ressuspensão dos sedimentos que causam turbidez abiogênica na água, fator responsável por limitar o desenvolvimento de macrófitas submersas e favorecer florações de cianobactérias. O potencial redox (Eh) variou entre 110 e 200, ele é responsável pela reprodução de microorganismos no sistema. Para Eh positivos e altos, temos o favorecimento do crescimento de microorganismos aeróbicos.

Tabela 1. Parametros de avaliação da qualidade de água do reservatório Epitácio Pessoa (Boqueirão), Paraíba.

Variáveis

Média

Desvio padrão

Transparência da água

1,00

1,30

86


Temperatura (ºC)

26,22

1,04

pH

8,29

0,55

Condutividade Elétrica. (ms/cm)

0,45

0,03

Potencial redox

117,50

97,25

Turbidez

18,65

176,85

Oxigênio Dissolvido mg/L)

6,62

2,72

Sólidos Totais Dissolvidos (g/L)

87 0,29

0,02

A principal forma de nitrogênio no reservatório foi amônia, seguido de nitrito e nitrado em todos os meses de amostragem (Figura 2). Segundo a resolução CONAMA 357/05, os padrões de amônia, nitrito e nitrato, são respectivamente: 2,2 mg/L (para 8,0 < pH ≤ 8,5), 1,0 mg/L e 10 mg/L, nenhuma dessas concentrações foram obtidas, sendo a das amostras bem mais baixas. 220 200 180

N-NH4+ N-NO2N-NO3-

160

g/L

140 120 100 80 60 40 20 0

Fev

Jul

Dez

Figura 2. Variação nas concentrações de amônia (N-NH4), nitrito (N-NO2) e nitrato (N-NO3) no reservatório Epitácio Pessoa, nos meses de fevereiro, julho e dezembro de 2019.

As concentrações de fosforo solúvel reativo (SRP) em todo o ano foi baixa, já as concentrações de fósforos totais variram de 39 a 400µg/L, com maiores valores em julho (Figura 3).


400 SRP PT

350 300

g/L

250 200 150 100

88

50 0

Fev

Jul

Dez

Figura 3. Variação do fósforo soluvel reativo e do fósforo total no reservatório Epitácio Pessoa, nos meses de fevereiro, julho e dezembro de 2019.

As concentrações de clorofila-a varairam de 18,6, em julho a 77,5 em fevereiro (Figura 4). 80 Média

Mean±SE

Mean±SD

70 60

g/L

50 40 30 20 10 0

Fev

Jul

Dez

Figura 4. Variação de clorofila no reservatório Epitácio Pessoa, nos meses de fevereiro, julho e dezembro de 2019.

As concentrações de fósforo total, clorofila-a e a transparência do disco de Secchi são variáveis muito utilizadas como indicadoras de eutrofização. Em lagos de zonas úmidas temperadas, o fósforo é o principal nutriente limitante à produção primária e suas concentrações na água são altamente correlacionadas com a biomassa de algas (DILLON & RIGLER, 1974; OECD, 1982). Por outro lado, Thornton & Rast (1989, 1993) relataram que reservatórios de zonas semiáridas respondem diferentemente à eutrofização quando comparados com lagos de zonas úmidas, de onde se originaram os conceitos clássicos da eutrofização. Desta forma, as funções


de força que interferem na dinâmica limnológica podem não ser semelhantes para lagos e reservatórios e, por conseguinte, as respostas dos sistemas ao enriquecimento de nutrientes podem ser diferentes. Thornton & Rast (1993) propuseram que concentrações superiores a 60 μg l-1 de fósforo total e 12 μg l-1 de clorofila-a são indicativas de um estado eutrófico em reservatórios de zonas semi-áridas, pois nesses ambientes a biomassa de algas seria mais limitada por luz do que por fósforo. Considerando os valores médios de fósforo total e clorofila-a, as águas do reservatório Epitácio Pessoa, são considerados meso-eutróficos. As elevadas concentrações de clorofila e baixas concentrações de fósforo solúvel reativo são indicativos de consumo deste último pelos produtores o que ratifica a eutrofização do reservatório. Como consequencia direta do processo de eutrofização tem-se florações de cianobactérias potencialmente produtoras de toxinas. No reservatório Epitácio Pessoa foram identificadas 19 espécies de cianobactérias distribuídas nas ordens: chroococcales, Synechococales, Oscillatoriales e Nostocales (Tabela 2).

Tabela 2. Composição e densidade da comunidade de cianobactérias no reservatório Epitácio Pessoas (Boqueirão). Táxon

Fevereiro

Julho

Dezembro

Chroococcus dispersus

2.176

2.736

4.960

Microcystis aeruginosa

-

25.929

62.109

Microcystis protocystis

40.868

25.843

10.818

Aphanocapsa elachista

57.950

-

-

Coelomorum tropicalis

2176

-

-

Limnothrix planctonica

99.645

8.967

23.898

Pseudanabaena catenata

1.224

0

-

Pseudanabaena galeata

57.756

44.100

4.968

Anagostidinema amphibium

-

6.279

2.163

Planktothrix agardhii

-

109.224

18.612

Planktothrix isothrix

20.596

8.132

-

Phormidium breve

-

645

-

Cyanophyceae Chroococcales

Synechococales

Pseudanabaena mucicola Oscillatoriales

89


Nostocales -

6.144

2.472

Anabenopsis elenkinii

-

-

1.242

Aphanizomenon gracile

-

1.505

3.605

Cuspidothrix tropicalis

-

-

12.834

Dolichospermum solitarium

-

-

-

Raphidiopsis racibroskii

7.588

23.940

63.728

Total (Cel/mL)

289.979

263.444

211.409

Amphiheterocytum lacustre

A densidade de cianobactérias variou entre 211.409 cel/mL a 289.979 cel/mL nos meses de dezembro e fevereiro respectivamente. Deste modo, considerando as densidades de cianobactérias, as águas do reservatório são classificadas como de classe III, segundo critérios estabelecidos pela resolução CONAMA 357/05, necessitando de tratamento avançado para distribuição a população. Quanto aos demais usos, não recomenda-se a dessedentação de animais, e irrigação apenas de arbóreas, cerealíferas e forragens. As espécies mais abundantes nos meses de fevereiro, julho e dezembro, respectivamente, foram: Limnothrix planctonica, Planktothrix agardhii, Raphidiopsis racibroskii, as quais são frequentemente reportadas no semiárido como produtoras de toxinas (NERY et al., 2019).

CONCLUSÕES Após feitas as análises, conclui-se que a água do reservatório Epitácio Pessoa não está apropriada para a dessedentação animal, e só através de um tratamento avançado estará disponível para distribuição a população. Os altos níveis presenciais de cianobactérias inviabilizam o seu uso. Os animais ao consumirem essa água, se tornam um hospedeiro das cianobactérias vindo a contaminar os humanos. Outro meio de contaminação seria a ingestão dessa água sem tratamento, podendo vir a óbito. Por isso, é de extrema importância a conscientização para o tratamento dessas águas e implantação de estações de tratamento de esgoto em todos os municípios para diminuir cada vez mais os riscos, garantindo a qualidade da água e do ecossistema.

REFERÊNCIAS BARBOSA, J. E. L.; MEDEIROS, E. S. F.; BRASIL, J.; CORDEIRO, R. S.; CRISPIM, M. C. B.; SILVA, G. H. G. Aquatic systems in semi-arid Brazil: limnology and management. Acta Limnologica Brasiliensia, v. 24, n. 1, p. 103-118, 2012. BRASIL. Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005. Conselho Nacional de Meio Ambiente.

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DILLON, P. J.; RIGLER, F. H. Test of a Simple Phosphorus Nutrient Budget Model Preilicting the Concentrationin Lake Waterl. J.Fish.Res.Board.Can., Toronto, v. 31, n. 14, p. 1771-1778, 1974. MANAHAN, STANLEY E. Química ambiental. 9.ed. 2013. 56p. MERTEN, Gustavo H. MINELLA, Jean P. Qualidade da água em bacias hidrográficas rurais: um desafio atual para a sobrevivência futura. Agroecol. e Desenvol. Rur. Sustent. Porto Alegre, v.3, n.4, p. 34, 2015. MINILLO, A. Acumulação de microcistinas no mexilhão dourado limnoperna fortunei e riscos para a biota aquática. RBCIAMB, n.41, p. 44, 2016. NETO, S. B. N.; ARAÚJO, I. I. M.; TÁVORA, M. A. Qualidade de água de dessedentação de bovinos da fazenda-escola do ifrn-ipanguaçu. HOLOS, Ano 32, Vol. 3. p. 55, 2016 NERY, J. F.; NERY, G. K. M.; MEDEIROS, S. S.; BRASILEIRO, W. F. Cianobactérias no semiárido: guia ilustrado. 1ed. Campina Grande – PB: INSA, 2019. 5p. OECD, 1982. Eutrophication of waters: monitoring, assessment and control. Organization for Economics Co-operation and Development, Paris. 215-224 RIBEIRO, W. A. S. Eficiência no Tratamento de Esgoto Doméstico Utilizando Sistemas de Alagados Construídos para Remoção de Fósforo. 2019, 6 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Agrícola) - Instituto Federal Goiano, Urutaí, 2019. RODRIGUES, C. P. B. Ensaios sobre a vulnerabilidade socioeconômica da desertificação no semiárido brasileiro. 2017. 18 p. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Economia Rural do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017. SANTOS, J. P. O. Avaliação da Qualidade da Água e do Sedimento em Reservatórios de Abastecimento Público na Bacia do Rio Mamanguape, Paraíba, Brasil. 2017. 44 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) –Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2017. SANTOS, J. P. O.; XAVIER, M. A.; SILVA FILHO, J. A.; BATISTA, M. C.; ROLIM NETO, F. C. Potentialities of the Use of Agroforestry Systems in the Brazilian Semi-Arid Region. Colloquium Agrariae, v. 14, n. 2, p. 163-171, 2018. SANTOS, J. P. O.; SILVA, R. C. P.; MELLO, D. P.; EL-DEIR, S. G. (Org.). Resíduos Sólidos: Impactos Socioeconômicos e Ambientais. 1.ed. Recife: EDUFRPE, 2018. 579p. SANTOS, J. P. O.; SILVA, E. V. L.; SOUZA, A. L.; EL-DEIR, S. G. Economia circular como via para minimizar o impacto ambiental gerado pelos resíduos sólidos. In: SILVA, R. C. P.; SANTOS, J. P. O.; MELLO, D. P.; EL-DEIR, S. G. (Org.). Resíduos Sólidos: Tecnologia e Boas Práticas de Economia Circular. 1ed.Recife: EDUFRPE, 2018, v. 1, p. 8-17. THORNTON J.A. & W. Rast. 1989. Preliminary observations on nutrient enrichment of semi-arid, manmade lakes in the Northern and Southern Hemispheres. Lake and Reservoir Management 5: 59-66. THORNTON J.A. & W. Rast. 1993. A test of hypotheses relating to the comparative limnology and assessment of eutrophication in semi-arid man-made lakes. In: M. Straskrabra, J.G.Tundisi & A. Duncan (eds.), 1993. Comparative Reservoir Limnology and Water Quality Management, Kluwer Academic Publishers. 1-24.

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THORNTON, J.A. & RAST, W. 1989. Preliminary observations on nutrient Enrichment of semiarid Mamed Lakes in the Northern end Southern Hemispheres. Lake and Reservoir Managemment 5: 59-66. THORNTON, J.A. & RAST, W. 1993. A test of hypotheses relating to rhe comparative lmnology and assessment of eutrophication in semi-arid man-made lakes. Pp.1-24. In: M. straskabra, J.G. Tundisi & A. Duncan (Eds). Comparative Reservoir Limnology on water Quality Management. 291p. THÉRY, H.; MELLO-THÉRY, N. A. O contexto da crise hídrica. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 19, n. 3, p. 495-500, mês. 2016. ISSN 2179-0892. UTERMÖHL, H. 1958. Zur Vervollkomnung der quantitativen Phytoplankton-Methodik. Mitteillung Internationalen Verein Limnologiae,9: 1- 38.

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Capítulo 11 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ACEROLAS (Malpighia emarginata DC), COMERCIALIZADAS EM ESTABELECIMENTOS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA/PB

EGITO, Rômulo Henrique Teixeira do Pós-graduando em Ciências Florestais Universidade Federal do Rio Grande do Norte romuloegito2@hotmail.com ALVES, Gilcean Silva Prof. Dr. Em Agronomia Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba biopb@hotmail.com PACHECO, Mauro Vasconcelos Prof. Dr. em Ciência & Tecnologia de Sementes Universidade Federal do Rio Grande do Norte pachecomv@hotmail.com ARAÚJO, Alfredina dos Santos Prof. Drª. em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande alfredina@ccta.ufcg.edu.br SOUZA, Wendy Mattos Andrade Teixeira de Graduanda em Engenharia Florestal Universidade Federal do Rio Grande do Norte wendymattos.a@gmail.com

RESUMO A acerola é uma fruta abundante em todas as regiões do Brasil, principalmente no Nordeste, o seu consumo é alto pois é uma fonte de vitaminas e nutrientes, além do seu sabor que vai do adocicado ao ácido. Entretanto, como a maioria dos alimentos a acerola passa por várias fases de manipulação, desde a sua colheita até a chegada na mesa do consumidor, estes processos são responsáveis pela contaminação da fruta. O objetivo do trabalho foi caracterizar organismos microbiológicos das acerolas comercializadas em estabelecimentos formais e não formais (feiras livres) do município de João Pessoa/PB. Foram coletadas 13 amostras da acerola, sendo sete coletadas de supermercados e 6 amostras coletadas de feiras livres, todas em condições higiênicosanitárias satisfatórias e insatisfatórias, de acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No Laboratório de Microbiologia Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – Campus João Pessoa, foram realizadas as análises para os coliformes totais e termotolerantes, bem como a presença de Salmonella. Dentre as 13 amostras coletadas, a amostra 3 e 13 estão em desacordo com a legislação vigente para a presença de coliformes, enquanto a amostra 10 teve resultado positivo para Salmonella. Os resultados mostram que em algum momento do processo da produção houve contaminação da fruta, e, portanto, são necessárias medidas de controle para que não haja novas contaminações.

PALAVRAS-CHAVE: coliformes, salmonella condições higiênico-sanitárias

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1. INTRODUÇÃO A acerola (Malpighia emarginata D.C.), pelo seu inegável potencial como fonte natural de vitamina C e sua grande capacidade de aproveitamento industrial, têm atraído o interesse dos fruticultores e passou a ter importância econômica em várias regiões do Brasil (SEBRAE, 2016). Atualmente os Estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e São Paulo juntos detém mais de 60% da produção nacional, sendo o Brasil o maior produtor mundial (NASSER et al., 2018) A aceroleira produz frutos de peso e formas variáveis, com uma casca fina e delicada, o seu tamanho pode variar de 1 a 2,5 cm de diâmetro, já a sua tonalidade varia do amarelo ao vermelho intenso, ou até mesmo ao roxo, interferindo também na sua acidez, que varia do ácido ao muito ácido (JUNQUEIRA et al., 2004). Uma fruta que possui uma preferência limitada, pela elevada acidez, porém, excepcionalmente, rica em vitaminas, é a acerola é uma fruta tropical que se destaca por seu alto conteúdo de ácido ascórbico e compostos fenólicos, em particular os flavonóides de grande importância para e prevenção de doenças crônicas (LEFFA et al., 2015). Na acerola madura, a quercetina e o kaempferol são os principais flavonóis presentes (VASAVILBAZO-SAUCEDO et al., 2018). Dada essas características, vários produtos comerciais feitos de acerola, são utilizados como complemento e suplemento alimentar e fonte de antioxidantes (BELWAL et al., 2018). Aliado ao aspecto nutricional e funcional do fruto, a acerola apresenta uma elevada produção e um forte potencial para industrialização, gerando resíduo agroindustrial que, geralmente, resulta em acúmulo de lixo e impacto ambiental. Vale destacar que as cascas e as sementes são frequentemente os maiores componentes de vários frutos e geralmente não recebem a devida atenção. Neste sentido, não ocorre o reaproveitamento ou a reciclagem deste material, possivelmente, em decorrência da falta de valor comercial (SOONG e BARLOW, 2004). De acordo com o Ministério da Saúde as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) são ocasionadas pela ingestão de alimentos e/ou água contaminados, a maioria sendo transmitida por bactérias e vírus, entretanto, existem mais de 250 DTA’s no mundo. Os surtos que constantemente ocorrem são contraídos por alimentos que aparentemente não possuem nenhuma alteração, pois continuam com boa aparência, sabor e odor, isto acontece porque o patógeno infectante ocorre em menor quantidade do que é capaz para degradar um alimento (OLIVEIRA et al., 2010). Dentre as DTA’s existentes, as abordadas neste trabalho são a Salmonella e os coliformes, a importância de estudar estas doenças está principalmente relacionado com o fato de estarem presentes nas frutas e em produtos derivados delas tendo a capacidade de suportarem condições de baixas temperaturas e ambientes ácidos, além de serem responsáveis pelos maiores casos de surtos alimentares registrados em diversos países (SANTINI, 2017). Quanto aos coliformes, destacam-se os gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella, durante a contagem destes coliformes é possível diferenciar dois grupos, os coliformes totais que são avaliadores de condições higiênicas, de limpeza e sanitização, e os coliformes termotolerantes que são indicadores de contaminação fecal (SIQUEIRA, 1995). Ingerir estes alimentos contaminados é um risco a saúde pois pode gerar infecções do trato gastrointestinal ou de início no intestino que se dissemina para as outras partes do organismo, além disso o patógeno pode se multiplicar e causar doenças ainda mais graves (SCHERER, 2016). O micro-organismos são encontrados em sua grande maioria nas cascas, entretanto, se houver uma fissura pode ocorrer a contaminação para a parte interior do fruto. Os patógenos podem ficar presentes nas mãos dos manipuladores e na superfície da fruta por um longo período de tempo, assim, a contaminação ocorre por condições inadequadas de higiene durante a

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manipulação, associado à higienização insatisfatória dos equipamentos, contribuindo para o aumento da população microbiana (IUAMOTO et al., 2015). Neste contexto é necessária a adoção de boas práticas agrícolas e de fabricação que minimizam a probabilidade de contaminação microbiológica dos alimentos e da água durante o processamento, contribuindo para a conservação do produto, além de cuidados nas etapas seguintes da produção, até que chegue de forma correta ao seu destino final. Bem como a prática de higiene que deve ser realizada antes da manipulação dos alimentos, bem como após qualquer interrupção do processo de manipulação (SOUZA et al., 2015) Portanto, o presente trabalho tem por objetivo, fazer uma caracterização microbiológica das acerolas comercializadas em estabelecimentos formais e não formais (feiras livres) do município de João Pessoa/PB.

2. MATERIAL E MÉTODOS As amostras utilizadas para as análises foram coletadas em locais de comercialização (feiras livres e supermercados) e consumo na cidade de João Pessoa, onde as acerolas apresentaram condições higiênico-sanitárias satisfatórias e insatisfatórias, de acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Resolução – RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001). Foram utilizadas 13 amostras da acerola (Malpighia emarginata DC.), obtidas em diferentes pontos de comércio da cidade de João Pessoa (PB), sendo sete coletadas de supermercados e 6 amostras coletadas de feiras livres. A coleta das amostras foi realizada no mês de março do ano de 2019, sendo realizada no período da manhã, visitando os locais determinados para a coleta. As amostras em seus respectivos invólucros originais foram acondicionadas em sacos de polietileno estéreis sem o contato manual. De acordo com a resolução RDC n° 12 de 2001 as amostras foram devidamente identificadas e em suas condições adequadas foram levadas ao Laboratório de Microbiologia Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – Campus João Pessoa, para ao processamento das análises. Ao chegar no laboratório foram feitas três diluições para cada uma das amostras coletadas. A primeira diluição (10-1) foi obtida a partir da extração de 25g da amostra de acerola com 225 ml de Água Peptonada (AP) a 0,1%, seguido de homogeneização por meio do uso de um liquidificador por 60 segundos. Para a segunda diluição (10-2) foi utilizado 1ml da diluição 10-1 com 9ml de Água Peptonada (AP) a 0,1%. A última diluição (10-3) foi obtida a partir de 1ml da diluição 10-2 (LINS et al., 2015; FERREIRA et al., 2016; SANTOS et al., 2019). Para a realização das análises microbiológicas de coliformes totais e termotolerantes, foi utilizada a metodologia dos tubos múltiplos em série de 3, onde para cada uma das três diluições se tem 3 tubos com um tubo de Durhan dentro, e o resultado obtido em Número Mais Provável por grama (NMP/g). O teste se deu em duas partes, o teste presuntivo, onde foram adicionados 1ml das diluições nos tubos, com o meio de Cultura Caldo Lactosado Simples (CLS), colocado em estufa por 35ºC durante 48 hrs, observando os resultados positivos os tubos onde foi possível observar a presença de gás no interior do tubo de Durhan. No teste confirmativo, novo tubos de ensaio agora com os meios de cultura Escheria Coli (EC) e Caldo Lactose Bile Verde Brilhante 2% (VB), receberam a repicagem dos tubos que deram positivo no primeiro teste, para a confirmação da presença de Escherichia Coli (Coliformes termotolerante) e Coliformes Totais respectivamente. Os tubos com meio VB foram colocados em estufas a 35ºC por 48 horas, já o

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EC foi colocado em estufa de 45º por 24 horas (APHA, 2001). O valor limite de acordo com a RDC nº 12 para “a) Morangos frescos e similares, “in natura”, inteiros selecionados ou não” é de 2 x 10-2 ou 200 NMP. Para o diagnóstico de Salmonella sp., foi utilizada a técnica de plaqueamento Spread-Plate, onde utilizou-se o Ágar Salmonella Shigella (Agar SS). Para o teste também foram utilizadas as 3 diluições, onde cada uma delas foi feita em duplicata. As amostras foram inoculadas nos meios de cultura e posteriormente colocadas em estufa por 35ºC por 48 hrs. Os resultados finais foram expostos em ausência ou presença de Salmonella de acordo com o exposto na Resolução – RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As amostras de um a sete correspondem às coletas feitas no supermercado, já as de número outro a treze as amostras das feiras livres. A legislação vigente apresenta dois indicadores de qualidade de alimentos dessa classe, a Samonella ssp. e os Coliformes Termotolerantes que são chamados de coliformes a 45ºC/g. Apesar disso é de grande importância observar os resultados dos coliformes totais presentes nas amostras. De acordo com Barros et al. (2015), a presença de um elevado número coliformes totais demonstra que são necessárias medidas de monitoramento e de boas práticas dos locais onde se manipulam os alimentos. Lins et al. (2015) corrobora com essa informação, e disserta que alimentos com altos teores de coliformes totais são alimentos contaminados, considerados impróprios para o consumo humano principalmente por perda do valor nutricional, alterações sensoriais, riscos de deterioração e a presença de patógenos. Por isso a importância de também analisar os coliformes totais, a tabela 1 mostra os resultados obtidos amostras para coliformes.

Tabela 1. Números mais prováveis por grama (NMP/g) na acerola (Malpighia emarginata D.C.) Amostra

Coliformes Totais (VB)

Coliformes Termotolerantes (EC)

1

3,4

1,1

2

110

21

3

1.100

1.100

4

2,9

1,1

5

110

1,1

6

21

2,9

7

15

1,1

8

110

95

9

24

15

10

1.100

95

11

110

95


12

110

24

13

1.100

1.100

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

De acordo com os resultados obtidos é possível observar que a amostra 3 do supermercado e a amostra 13 da feira livre estão em desacordo com a legislação vigente. Também é possível observar que as amostras da feira livre (8 a 13) tiveram valores superiores aos encontrados nos supermercados, tanto relativo aos limites da lei, mas nesses espaços foram encontrados altos índices de coliformes totais. Santos et al. (2019), em análises feitas em salada de hortaliças, salada de frutas, melão e abacaxi fatiados e legumes para sopa coletados em supermercados na cidade de Maceió, encontraram altos índices da presença de coliformes termotolerantes estando todos em desacordo com a legislação RDC nº 12/2001, destacando-se as saladas de hortaliças, salada de frutas e legumes para a sopa com os maiores índices encontrados no estudo. Em estudos sobre a presença de coliformes realizados em alfaces (Lactuca sativa L), Coutinho et al. (2015) coletaram quatro amostras em três feiras livres da variedade crespa, totalizando doze amostras na cidade de Sobral/CE. O resultado obtido mostrou que todas as amostras analisadas apresentaram valores em desacordo com a RDC nº 12/2001, apresentando uma baixa qualidade higiênico-sanitária. Além da contaminação por coliformes a legislação também estabelece os limites para o grupo de patógenos Salmonella, na tabela 2 observamos os resultados obtidos no estudo. Tabela 2. Análise de Salmonella na acerola (Malpighia emarginata D.C.). Amostra

Salmonella Shigella

1

Ausente

2

Ausente

3

Ausente

4

Ausente

5

Ausente

6

Ausente

7

Ausente

8

Ausente

9

Ausente

10

Presente

11

Ausente

12

Ausente

97


13

Ausente

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

É possível identificar que das treze amostras analisadas apenas na (amostra 10) foi verificada a presença de Salmonella. A amostra positiva foi coletada em uma feira livre na cidade de João Pessoa/PB. Todas as outras amostras analisadas tanto dos supermercados (amostras um a sete), quanto das feiras livres (amostras oito a treze) apresentaram resultados “ausentes” estando em conformidade com a legislação vigente. Penteado e Castro (2016), em estudos realizados em tomates (Lycopersicon esculentum Mill), compararam duas metodologias para a detecção de Samonella, em ambas os resultados mostraram cerca de 45% das 215 amostras analisadas apresentaram resultados positivas para o patógeno. Já Ferreira et al. (2016), analisaram doze tipos hortaliças comercializados em cinco supermercados da cidade de Belo Horizonte/MG. No estudo foram analisados coliformes termotolerantes e Salmonella sp. Em nenhuma das amostras analisadas foi encontrada a presença do patógeno coliforme, em relação a Salmonella sp, os resultados foram “presença” nos alimentos, alface lisa e crespa, salada italiana (alface americana e radicchio) e também em agrião, almeirão e espinafre. Então, metade das amostras estavam contaminadas, fora dos padrões estabelecidos em lei. De acordo com os autores, as possíveis causas para esses tipos de contaminação são causadas pelas falhas em boas práticas de manipulação, contaminação cruzada, temperaturas inadequadas durante o processamento, santificação deficiente dos folhosos, entre outros. A contaminação dos alimentos pode ocorrer de várias maneiras e por meio de diversos processos que vão desde a produção em campo até o próprio consumidor. Volkweis et al. (2015), analisaram a qualidade da água que era utilizada para a produção de alimentos na cidade de Constantina/RS. No estudo foram coletadas dez amostras de água, que são de procedência de poços artesianos. Os resultados mostraram que 70% das amostras estavam contaminados ou com coliformes totais ou tolerantes. Esse resultado impacta diretamente na qualidade dos alimentos que recebem essa água. Outra forma de contaminação bastante comum dos alimentos é por meio da manipulação. Macedo et al. (2016) analisaram a presença de coliformes e Staphylococcus aureus de ambas as mãos de dezessete manipuladores de hortaliças e verduras de feiras livres na cidade de Vitória/ES. O resultado mostrou a presença e Staphylococcus aureus 59% das amostras e foram encontrados coliformes totais e termotolerantes e cerca de 29% das mãos analisadas.

4. CONCLUSÕES A presença de micro-organismos patogênicos em alimentos é bastante preocupante. A legislação brasileira limita a presenças Salmonella e Coliformes termotolerantes. O consumo de acerolas com a presença desses agentes patógenos pode causar as chamadas DTA’s (Doenças Transmitidas por Alimentos) a exemplo de febre tifóide, salmonelose, causando sintomas como, febre, diarreia, náuseas, vômitos, cólica abdominal, e em alguns casos mais graves a pessoa contaminada pode chegar a morte. No presente trabalho foram encontradas três amostras em desacordo com a legislação vigente no país, as amostras 3 e 13 com a presença do patógeno coliformes termotolerantes e a amostra 10 com a presença de Samonella. Tanto na feira livre quando no supermercado

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encontramos frutos de acerola contaminados, apesar que com a análise dos coliformes totais podemos observar que as condições sanitárias da feira livre encontravam se pior do que as encontradas no supermercado. Os resultados mostram que em algum momento do processo da produção, transporte, distribuição e comércio das acerolas, o produto foi contaminado. Ações como a análise da qualidade da água e do solo em campo, higiene na coleta, um boa embalagem e cuidados na hora do manuseio dos alimentos são necessárias para que o produto final não chegue ao consumidor com a presença de patógenos.

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Capítulo 12 QUALIDADE PÓS-COLHEITA DA UVA ‘ARRA-15’ SOB APLICAÇÃO DE BIOESTIMULANTE SOUZA, Gabriela Maria de Engenheira Agrônoma Universidade Federal do Vale do São Francisco gabrielaEREM@hotmail.com. COELHO, Bruno Emanuel Souza Pós-graduando em Agronomia/Produção Vegetal Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) souza.coelho.18@gmail.com SANTOS, Ana Cecilia Almeidas dos Engenheira Agrônoma Universidade Federal do Vale do São Francisco cecilia.santos0912@gmail.com SOUZA, Clériton Engenheiro Agrônomo Universidade Federal do Vale do São Francisco cleritonsouza@gmail.com SOUSA, Karla dos Santos Melo de Dra. em Engenharia Agrícola Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) karla.smsousa@univasf.edu.br

RESUMO Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação, do bioestimulante na qualidade da uva ‘Arra-15’ em duas épocas antes da colheita. No presente experimento, foi realizada a aplicação de um produto comercial denominado de Rygen®, que tem como principal atividade inibir a atividade da enzima polifenoloxidase. O experimento consistiu em um tratamento controle e um tratamento com a aplicação em concentrações 3 Kg/ha aos 92 DAP e 6 Kg/há aos 105 DAP, utilizando-se doze plantas por tratamento. Foi realizada uma colheita aos 113 DAP e a outra aos 118 DAP. Os cachos foram colhidos e conduzidos ao para avaliação da qualidade pós-colheita. Diante deste estudo, concluiu-se que o uso do bioestimulante. Os cachos e frutos foram avaliados quanto: a massa dos cachos, número de bagas por cacho, massa das bagas, comprimento e largura, firmeza, pH, acidez titulável sólidos solúveis e rátio. Os dados experimentais foram submetidos a análise de variância, e esquema fatorial 2x2, sendo dois tratamentos (com e sem a aplicação do uso de biostimulante) e duas épocas de colheita, e para comparação entre as médias foi utilizado o teste de Tukey. O uso do bioestimulante, permite a obtenção de uvas mais doces Arra-15® quando a colheita é realizada 118 dias após o plantio.

PALAVRAS-CHAVE: Escurecimento enzimático, Vitis vinifera L, apirênica, viticultura.

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INTRODUÇÃO A viticultura é uma atividade tradicional em nove regiões brasileiras e ocupa área de aproximadamente 79.017 hectares (AGRIANUAL, 2016; REIS; REIS, 2016). Os principais polos de viticultura tropical no Brasil são a região do Submédio do Vale do São Francisco, o noroeste Paulista e o norte de Minas Gerais (CAMARGO et al., 2011).

A partir do ano 2000, as cultivares de uvas sem sementes “Superior Seedless‟ ou “Sugraone”, “Thompson Seedless” e “Crimson Seedless‟ era as variedades mais produzidas na região (CAMARGO et al., 2011), principalmente devido as preferências do mercado externo, em observância à preferência dos consumidores de vários mercados e aos melhores preços obtidos no mercado externo (LEÃO et al. 2011), destino de uma parcela importante da uva produzida nessa região. Assim, os agricultores são incitados a plantar cultivares sem sementes devido à maior valorização nos mercados internacionais, cujos consumidores preferem essas uvas (SANTOS et al., 2014; FERRARA et al., 2017), a exemplo dos mercados da Inglaterra e dos países nórdicos, que estão mais atentos à praticidade no uso dos produtos. Por isso, há preferência por variedades de uvas apirenas, apesar de, segundo alguns especialistas, geralmente apresentarem sabor inferior ao de outras cultivares (SOUZA; AMATONETO, 2009). Atualmente, mais de 50% da área cultivada do Vale do São Francisco vêm sendo destinada à produção de novas cultivares, que são apreciadas no mercado interno e externo. Dentre as cultivares introduzidas que possuem maior área plantada estão, a Sweet Jubile (com semente) correspondendo a mais de 100 hectares e a Arra-15®, Sweet Globe, e Sugar Crisp (apirênicas) com mais de 500 hectares cada (MAIA et al. 2018). Dessas novas cultivares, para fins de exportação, destaca-se a cultivar Arra-15®, que em virtude do seu cultivo recente, necessita do estabelecimento de técnicas de produção adequadas para as condições regionais, bem como novos meios para agregar características, melhorar a qualidade da uva para o consumo in natura e definir o ponto ideal de colheita para a comercialização. Portanto, existem vários ajustes e melhorias a serem feitas que dependem de ações de pesquisa com essa cultivar (CRUZ et al. 2017). Por ser uma fruta não climatérica, é importante colher as uvas na maturidade fisiológica adequada a fim de permitir uma melhor qualidade. Logo, o reconhecimento do ponto ideal de colheita é um fator determinante da qualidade (CONDE et al. 2007). Outro aspecto importante com relação a qualidade da uva, é a sua aparência, que é afetada pela a ação de enzimas que causam escurecimento em frutos e vegetais, a exemplo da polifenoloxidase, que promove a reação de oxidação e biodegradação em frutos, causando perdas econômicas por afetar tanto a aparência quanto a qualidade nutricional (MARTIM, 2013). Os estudos ainda são incipientes quanto a adoção de técnicas para controlar a atividade enzimática das bagas ainda na videira. LIMA et al. (2002) utilizaram cloreto de cálcio em uvas Itália e observaram que este tratamento reduziu a atividade da polifenoloxidase e, consequentemente, os sintomas de danos mecânicos, resultando numa melhor aparência. A evolução da atividade das enzimas PPO e PDO e do conteúdo de fenóis durante o desenvolvimento e o amadurecimento da uva ‘Arra-15®’, especialmente nas condições da Região do Submédio São Francisco, ainda não foi estudada. E este conhecimento é

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fundamental para a viabilização de técnicas que reduzam as perdas decorrentes do escurecimento das bagas de uvas armazenadas, uma vez que se trata de uma uva de mesa destinada ao mercado externo, que é bastante exigente quanto aos atributos físicoquímicos. Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação do bioestimulante Rygen® na qualidade pós-colheita da uva ‘Arra-15®’, em duas épocas antes da colheita.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em um pomar comercial, localizado na Fazenda Sweet, localizada no município de Petrolina-PE, situado nas coordenadas geográficas de 9º22’55.35” S e 40º37’06.88” W, a uma altitude de 388m. O clima da região é classificado como BSw, correspondendo a um clima semiárido a classificação climatológica de Köeppen (1948), com temperatura média anual de 26,0 ºC, apresentando valores máximos e mínimos de 21,2 ºC e 32,7 ºC, respectivamente. A precipitação média anual é de 481,7 mm. A cultura em estudo foi a videira (Vitis vinifera L.) Cv. Arra-15®, com idade média de três anos, conduzida em sistema de latada, em espaçamento de 3,0 x 3,5 m entre plantas e entre linhas respectivamente, irrigadas sob irrigação total por gotejo. Os demais tratos culturais foram aqueles recomendados para o sistema de produção de uvas de mesa no Vale do São Francisco. Aplicação do bioestimulante No presente experimento, foi realizada a aplicação do biosteimulante Rygen®, que atua na inibição da enzima polifenoloxidase (PPO) em frutos. Os tratamentos utilizados foram o T1: tratamento controle, sem a aplicação do bioestimulante; T2: aplicação do produto na concentração de 3 Kg/ha aos 92 dias após a poda (DAP) e 6 Kg/ha aos 105 DAP aplicado via foliar. Utilizouse doze plantas por tratamento, e as colheitas foram realizadas, aos 113 DAP e aos 118 DAP. Avaliação da qualidade pós-colheita Os cachos foram colhidos e conduzidos ao laboratório de agroindústria da Universidade Federal do Vale do São Francisco campus Ciências Agrárias para avaliação da qualidade póscolheita. Foram amostrados 2 cachos de cada planta útil, os quais foram avaliados quanto as variáveis peso de cacho (g) e peso de 10 bagas (g) utilizando uma balança de precisão 1g. Para as bagas foram avaliadas comprimento e largura (mm) utilizando um paquímetro digital com precisão de 0,01 mm, peso de dez bagas utilizando uma balança de precisão (1g) e firmeza com um penetrômetro com diâmetro de 3 mm. Para a avaliação físico-química foram retiradas dez bagas de cada cacho, e desta amostragem de bagas, foi feita extração do suco e determinação do pH, que foi determinado através por potenciometria, com pHmetro digital de bancada e precisão de 0,01; acidez titulável expressa em ácido cítrico, determinada através de titulação ácido-base, utilizando a solução de NaOH a 0,1 mol.L-1 como agente titulante e como indicador a solução alcóolica de fenolftaleína a 1% com resultados expressos em ácido cítrico; o teor de sólidos solúveis, determinado com uso do refratômetro de bancada tipo Abbe e expressos em ºBrix com resultados corrigidos para 20 ºC;

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o rátio foi determinada pelo quociente do teor de sólidos solúveis e acidez titulável; e a massa seca dos frutos foi determinada por secagem direta estufa com circulação de ar forçado a 72°C por 72 horas, até atingir peso constante. Estas análises seguiram as metodologias descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2009). Análise estatística As variáveis foram submetidas à análise estatística, por meio Análise de Variância (ANOVA) em Esquema fatorial 2 x 2, sendo dois tratamentos e duas épocas de colheita, perfazendo quatro tratamentos. Para comparação entre as médias foi aplicado o teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade, utilizando o software Assistat versão 7.7 Beta (SILVA; AZEVEDO, 2016). RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto aos atributos físicos dos cachos da uva ‘Arra-15®’ tratadas com Rygen® na pré colheita (Tabela 1), apenas houve diferença significativa na massa das bagas e firmeza quanto a época de colheita, uma vez que quando os cachos foram colhidos com 118 DAP, as bagas apresentaram redução da firmeza, ao mesmo tempo, utilizando o bioestimulante, evidenciou-se a redução da massa das bagas nessa época de colheita. Ibacache et al. (2016) consideraram a massa do cacho um dos principais atributos de qualidade e, neste trabalho, os cachos entre os 113 DAP e 118 DAP, apresentaram valores superiores ao relatado por Cruz et al. (2017) de 303,47 g no período da colheita. De acordo com Penso et al. (2014), a massa das bagas de uva durante a maturação está correlacionada ao acúmulo de açúcares, à disponibilidade de água no solo e na atmosfera. No presente trabalho, não houve ganho ou perda significativa na massa dos frutos. Em relação ao número de bagas por engaço, durante a maturação na videira, não houve diferença significativa quanto ao tempo de colheita e uso do Rygen®. Tabela 1. Atributos físicos dos cachos e bagas da uva ‘Arra-15®’ sob a aplicação de Rygen®.

Variáveis

Época de Colheita

Massa do cacho (g)

Número de bagas/cacho

Massa de 10 bagas (g)

Comprimento (mm)

Largura (mm)

Firmeza (N)

Testemunha

113 DAP

429,81 aA

59,29 aA

84,97 aA

32,56 aA

19,78 aA

9,96 aA

Testemunha

113 DAP

405,86 aA

58,38 aA

84,97 aA

31,09 aA

19,23 aA

7,78 aB

Rygen®

118 DAP

447,05 aA

58,38 aA

81,66 aA

32,12 aA

19,38 aA

10,13aA

Rygen®

118 DAP

433,95 aA

64,95 aA

72,68 aB

30,32 aA

18,90 aA

7,96 aB

10,84

12,18

5,33

3,31

2,85

9.11

Tratamento

CV (%)

As médias (tratamento) seguidas pela mesma letra minúscula não diferem estatisticamente entre si. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula (época de colheita) não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

105


Com relação à firmeza da polpa, os valores houve redução dos 113 aos 118 DAP, quando se observou o valor médios de 10,00 N. Segundo Cia et al. (2010), com a maturação, é esperado o aumento deste parâmetro, em função da elasticidade que a casca ganha da uva ganha até um certo limite, antes do murchamento e perda de líquidos. Com relação ao diâmetro, que é a variável mais importante em se tratando de uva sem semente, já que normalmente é exigido um diâmetro maior do que 16-17 mm para exportação (NACHTIGAL et al., 2005), não houve diferença significativa entre os tratamentos, atestando que a data de colheita e o uso ou não do bioestimulante não interferem neste parâmetro, com isso as bagas apresentam dimensões indesejadas para este mercado. Tabela 1. Atributos físico-químicos das bagas da uva ‘Arra-15®’ sob a aplicação de Rygen®. Tratamento

Variáveis

Época de Colheita pH

Acidez titulável (g de ácido málico.100g-1)

Sólidos solúveis (ºBrix)

Rátio

Testemunha

113 DAP

3,34 aB

0,636 aA

17,05 bA

26,87 aA

Testemunha

113 DAP

3,44 aA

0,620 aA

17,49 bA

28,32 bA

Rygen®

118 DAP

3,37 aB

0,608 aA

17,79 aA

29,29 aA

Rygen®

118 DAP

3,48 aA

0,571 aA

18,23 aA

31,98 aA

1,40

5,49

2,12

5,82

CV (%)

As médias (tratamento) seguidas pela mesma letra minúscula não diferem estatisticamente entre si. As médias seguidas pela mesma letra maiúscula (época de colheita) não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Nota-se através da análise estatística (Tabela 2), a não existência de diferença significativa entre os tratamentos, e diferença significativa entre as épocas de colheita. No entanto, o pH foi menor aos 113 DAP e maior aos 118 DAP. De acordo com Manfroi et al. (2004); Fuchs et al. (1975), este comportamento está relacionado ao aumento de cátion potássio durante a maturação dos frutos, o que ocasiona a salificação dos ácidos orgânicos, e também a degradação dos ácidos orgânicos não voláteis, que são os constituintes celulares mais metabolizados durante o amadurecimento dos frutos, provocando queda de acidez e consequente aumento de pH. Não houve diferença significativa no teor de ácidos orgânicos nas bagas entre os tratamentos e época de colheita (Tabela 1). De acordo com Lima; Choudhury (2007) é esperado que o bioestimulante reduza a taxa de amadurecimento da fruta, entre uma colheita e outra, enquanto que sem a aplicação deste bioestimulante, a uva evoluia na maturação, pois conforme a uva vai amadurecendo, ocorre uma diminuição dos ácidos por causa do seu consumo como substrato no processo respiratório e/ou sua conversão em açúcares. Com relação ao teor de sólidos solúveis, observa-se que, a aplicação do bioestimulante resultou em maior teor destes sólidos nos frutos, ou seja, conferindo maior doçura. Na região de Petrolina a uva ‘Arra-15®’ tem sido colhida quando atinge 16 °Brix (CRUZ, 2017). E de acordo com Grapa (2016) a cultivar ‘ARRA-15’ o ponto ótimo para colheita para esta variedade corresponde a 20º Brix, onde se tem excelente equilíbrio açúcar-ácido, e apresenta textura firme (GRAPA, 2016). Para tanto, todos os tratamentos apresentaram teor de sólidos solúveis entre 16 e 20 ºBrix.

106


O rátio é um indicativo do grau de doçura, e está ligado ao sabor do fruto, quanto maior o valor mais doce é o fruto, ou seja, o sabor é mais agradável (ALMEIDA; DURIGAN, 2006; CHITARRA; CHITARRA, 2005). Então verifica-se na Tabela 2, que as uvas da segunda colheita apresentam uma maior relação apenas quando se fez uso do Rygen®, o que é chamativo, visto que o consumidor prefere uvas mais doce. CONCLUSÕES O uso do bioestimulante, permite a obentação de uvas mais doces ‘Arra-15®’ quando a colheita é realizada 118 dias após o plantio.

107 REFERÊNCIAS AGRIANUAL. Anuário da agricultura brasileira. 21. ed. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, 2016. 449p. ALMEIDA, Gabriel Vicente Bitencourt de; DURIGAN, José Fernando. Relação entre as características químicas e o valor dos pêssegos comercializados pelo sistema veiling frutas Holambra em Paranapanema-SP. Revista Brasileira de Fruticultura, p. 218-221, 2006. CAMARGO, U. A.; TONIETTO, J.; HOFFMANN, A. Progressos na viticultura brasileira. Revista Brasileira de Fruticultura, v. Especial, p. 144-149, 2011. CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2. ed. Lavras: UFLA, 2005. 785 p. CIA, P.; BENATO, E. A.; VALENTINI, S. R. de T.; SANCHES, J.; PONZO, F. S.; FLÔRES, D.; TERRA, M. M. Atmosfera modificada e refrigeração para conservação pós-colheita de uva ‘Niagara Rosada’. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.45, p. 1058- 1065, 2010. CONDE, C.; SILVA, P.; FONTES, N.; DIAS, A. C. P.; TAVARES, R. M.; SOUSA, M. J.; AGASSE, A.; DELROT, S.; GERÓS, H. Biochemical changes throughout grape berry development and fruit and wine quality. Food, Braga, v. 1, n. 1, p. 1-22, 2007. CRUZ, M. M.; SOUZA, R. F.; MORAIS, P. L. D. de; LIMA, M. A. C. de. Maturação e qualidade da uva de mesa “Arra 15” em ciclo do primeiro semestre no Submédio do Vale do São Francisco. In: II Jornada de Integração da Pós-Graduação da Embrapa Semiárido, 2017, Petrolina. Anais da II Jornada de Integração da Pós-Graduação da Embrapa Semiárido. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2017. v. 280. p. 183-188. FERRARA, G.; GALLOTTA, A.; PACUCCI, C.; MATARRESE, A. M. S.; MAZZEO, A.; GIANCASPRO, A.; GADALETA, A.; PIAZZOLLA, F.; COLELLI, G. The table grape 'Victoria' with a long shaped berry: a potential mutation with attractive characteristics for consumers. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 97, n. 15, p. 5398-5405, 2017. FUCHS, Y.; ZAUBERMAN, G.; YANKO, U.; HOMSKY, S. Ripening of mango fruits with ethylene. Tropical Science, v.17, p.211-216, 1975. GRAPA. ARRA Varieties 2016. GRAPA Company, 2016. IAL - INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020 p.


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108


Capítulo 13 REÚSO DE ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO NO CULTIVO DE ESPÉCIE FLORESTAL MAGALHÃES, Adriana Guedes Pesquisadora do PCI Instituto Nacional do Semiárido (INSA), adriana.magalhaes@insa.gov.br MARTINS, Emanoel Lima Pesquisador do PCI Instituto Nacional do Semiárido (INSA) emanoel.martins@insa.gov.br MEDEIROS, Salomão de Sousa Pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) salomao.medeiros@insa.gov.br

RESUMO A utilização de águas residuárias em espécies florestais, apresenta-se como uma maneira eficaz de mitigar a poluição nos cursos de água, proporcionando a redução do descarte desta água em corpos hídricos, diminuindo a poluição direta das águas dos rios e reduzindo impactos ambientais. O trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da água residuária no desenvolvimento da espécie florestal braúna (Schinopsis brasiliensis Engl.). O experimento foi conduzido com delineamento em blocos casualizados, constituído de quatro blocos e dois tratamentos, aplicação de lâmina de 7 L semana-1 de água de abastecimento (AA) e aplicação de 7 L semana-1 de água residuária tratada (AR7). Foram avaliados a altura da planta e o diâmetro, a partir das medidas dos valores primários em cada intervalo de tempo, foi estimado as características do crescimento. Nos resultados apresentados, as plantas cultivadas com AR7, apresentaram melhor desenvolvimento no crescimento, no período entre 48 e 300 dias após o plantio. O desenvolvimento das plantas, podem estar associadas aos mecanismos de adaptação das espécies ao ambiente de cultivo e quantidade de nutrientes fornecidos na água residuária.

PALAVRAS-CHAVE: efluente doméstico, área degradada, espécies florestais

1. INTRODUÇÃO A reutilização de águas residuais tratadas é considerada um bom recurso alternativo, de usos variados, para a água, particularmente em áreas com alta demanda e baixa disponibilidade de recursos naturais. Sendo um grande desafio para o desenvolvimento sustentável, principalmente em regiões semiáridas com poucos recursos hídricos e restrições às mudanças climáticas, a reutilização de águas residuais industriais e domésticas podem contribuir para a economia da água doce e reversão de danos ambientais causados por descargas de esgoto bruto (MALKI et al., 2017). O reuso de água proveniente de estações de tratamento de esgoto doméstico tem se mostrado uma prática promissora para recuperação de áreas degradadas e na irrigação de espécies florestais e agrícolas em região semiárida. A água residuária apresenta diversas vantagens para o meio ambiente, gerando economia de água e fertilizantes, proporcionando mudanças nas

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propriedades do solo, como a redução do pH do solo, disponibilidade de nutrientes e melhoria da matéria orgânica do solo (DANTAS et al., 2018). Pesquisas comprovam o uso de efluentes de esgoto doméstico, com a finalidade de suprir parcialmente alguns dos elementos nutricionais mais exigidos pelas culturas, como o nitrogênio, fósforo e o potássio, que são responsáveis pelo desenvolvimento e aumento da produção agrícola (SANTOS et al., 2019). Veronêz (2015), verificou a produtividade e a viabilidade econômica da aplicação de efluentes sanitários provenientes de lagoas de estabilização na irrigação da cultura de eucaliptos. Rebouças et al (2018), estudaram o efeito do efluente doméstico na produção de mudas de sabiá e obtiveram o aumento no crescimento e desenvolvimento das plantas com a adição de 100% de efluente. A recuperação de áreas degradas é uma forma de restituir o ecossistema que sofreu com a degradação, buscando a reparação dos recursos, restabelecendo as condições de equilíbrio e sustentabilidade anteriormente existente (BENATTI, 2016). O estudo de bases fisiológicas, como a avaliação do crescimento de espécies florestais de forma não destrutiva, apresenta-se como uma técnica, que utiliza os valores primários de crescimento como resposta ao desenvolvimento das plantas. Evidenciando as influências exercidas pelas variáveis ambientais, genéticas e agronômicas (ALVES et al., 2015; ARAUJO et al., 2014). O uso da água residuária no desenvolvimento de espécies nativas, visando à recuperação de áreas degradadas, pode ser analisado por indicadores que permitam constatar o crescimento e a ocupação da área por diversas espécies, proporcionando em curto prazo, proteção e fertilidade do solo, recuperação da paisagem, ocasionando o retorno da fauna no local (BENATTI, 2016). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da água residuária no desenvolvimento da espécie florestal braúna (Schinopsis brasiliensis Engl.).

2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em campo na área experimental na sede do Instituto Nacional do semiárido (INSA), localizado no município de Campina grande, PB. A região é caracterizada por um clima quente e úmido com regime pluviométrico irregular e longo período de estiagem classificado como As’ de acordo com a classificação de Köeppen (1918). O estudo foi conduzido em campo, montado em uma área com evidencias de processos erosivos, baixa profundidade do solo cultivável e afloramento rochoso exposto, classificado como Antropossolo Decapítico (CURCIO et al., 2004). O experimento foi conduzido com delineamento em blocos casualizados, constituído de quatro blocos, a espécie florestal avaliada foi braúna (Schinopsis brasiliensis Engl.) e dois tratamentos, correspondentes ao tipo e volume de água utilizado. Dessa forma os tratamentos consistiram da aplicação de lâmina de 7 L semana-1 de água de abastecimento (AA) e aplicação de 7 L semana-1 de água residuária tratada (AR7). Em todos os tratamentos a irrigação foi realizada por gotejamento localizados a 10 cm de distância do caule das plantas. A água residuária utilizada para irrigação do experimento foi obtida de uma estação de tratamento de esgoto, que trata o esgoto proveniente de banheiros e cozinha do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e está localizada nas imediações da área experimental; a água é aplicada via sistema de irrigação por gotejamento (Figura 1).

110


Figura 1. à rea experimental e Estação de tratamento de esgoto do INSA.

111

Fonte: INSA (2019).

A altura da planta foi avaliada, a partir do colo atÊ a extremidade final da planta e o diâmetro caulinar foi medido a 30 cm acima do solo das plantas, no período de dois anos. A partir das medidas dos valores primårios em cada intervalo de tempo, foi estimado as características do crescimento, atravÊs de fórmulas proposta por Silva et al. (2000).

a) Taxa de crescimento absoluto em altura da planta (TCAA) đ?‘‡đ??śđ??´đ??´ =

(cm/dia)

b) Taxa de crescimento relativa em altura da planta (TCRA) đ?‘‡đ??śđ?‘…đ??´ =

(cm.cm/dia)

onde A1 ĂŠ a medida da altura da planta no tempo t1 e A2 a altura da planta no tempo t2.

c)

Taxa de crescimento absoluto em diâmetro caulinar (TCAD) đ?‘‡đ??śđ??´đ??ˇ =

(cm/dia)

onde D1 Ê o diâmetro caulinar mensurado no tempo t1 e D2 Ê o diâmetro caulinar medido no tempo t2.


d) Taxa de crescimento absoluto em fitomassa fresca epĂ­gea (TCAFFE) (cm3/dia)

đ?‘‡đ??śđ??´đ??šđ??šđ??¸ =

e) Taxa de crescimento relativo em fitomassa fresca epĂ­gea (TCRFFE) (cm3.cm3/dia)

đ?‘‡đ??śđ?‘…đ??šđ??šđ??¸ =

112

3. RESULTADOS E DISCUSSĂƒO As plantas foram avaliadas durante dois anos, com intervalos de leituras de trĂŞs meses. A primeira leitura ocorreu aos 48 dias apĂłs o plantio (DAP). A Tabela 1 apresentam os resultados da mĂŠdia de altura, crescimento e as taxas TCAA, TCRA, TCAD, TCAFFE, TCRFFE.

Tabela 1. Crescimento e fitomassa fresca de braĂşna (Schinopsis brasiliensis Engl.) irrigadas com ĂĄgua residuĂĄria.

Tratamento

DAP

Altura de planta (cm)

Diâmetro caulinar (cm)

AA

48

58,50

4,00

AA

154

110,56

AA

300

AA

TCAA

TCRA

TCAD

TCAFFE TCRFFE

8,69

0,491

2,027

0,044

69,891

0,009

117,50

10,56

0,048

2,056

0,013

32,634

0,001

422

100,38

9,69

-0,140

1,985

-0,007

-30,238

-0,001

AA

539

101,69

9,75

0,011

1,990

0,001

2,109

0,000

AA

652

107,79

10,64

0,054

2,015

0,008

22,498

0,001

AA

786

114,31

14,15

-

-

-

-

-

AR7

48

71,33

6,17

AR7

154

121,25

8,50

0,471

2,066

0,022

57,053

0,005

AR7

300

129,93

10,06

0,059

2,099

0,011

30,109

0,001

AR7

422

108,86

8,33

-0,173

2,020

-0,014

-45,875

-0,002

AR7

539

109,86

8,80

0,009

2,023

0,004

8,101

0,000

AR7

652

115,17

9,15

0,047

2,043

0,003

10,113

0,000

AR7

786

116,45

12,92

-

-

-

-

-

MÊdia dos tratamentos para as variåveis altura de plantas (cm); diâmetro do caule (cm); taxa de crescimento absoluto em altura da planta (TCAA) em cm.d-1; taxa de crescimento relativa em altura da planta (TCRA) em cm.cm-1.d-1; taxa de crescimento absoluto em diâmetro caulinar (TCAD) (cm/dia); taxa de crescimento


absoluto da fitomassa fresca epígea (TCAFFE) em cm3.d-1, taxa de crescimento relativo de fitomassa fresca epígea (TCRFFE) em cm3.cm-3.d-1, dia após o plantio (DAP), água de abastecimento (AA) água residuária tratada (AR7) aplicação de 7 L semana-1.

As maiores taxas de crescimento, foram verificadas no período entre 48 DAP e 300 DAP nas plantas cultivadas com água residuária. As respostas ao crescimento das plantas, podem estar associadas aos mecanismos de adaptação das espécies ao ambiente de cultivo. Entre o período de 300 a 539 DAP aproximadamente 1 ano e 5 meses de cultivo, as plantas apresentam um leve crescimento. As respostas das plantas cultivadas com diferentes fontes de água residual, envolve alterações morfológicas, de crescimento e nutricionais. Segundo Freire et al. (2016) as plantas submetidas algum estresse, podem desencadear alterações fisiológicas e morfológicas que modificam seu metabolismo causando redução no crescimento e produtividade. O uso do esgoto doméstico tratado na irrigação proporciona a planta, nutrientes e matéria orgânica, necessários para seu desenvolvimento, além da disponibilidade de água e a redução de fertilizantes para o desenvolvimento das culturas. O aumento da produtividade e a melhoria do solo com adição de matéria orgânica beneficiam sistemas silvipastoris ao utilizarem a água residuária na implantação desses sistemas (BERNARDES, 2017). A utilização da água residuária tratada na recuperação de áreas degradadas e na irrigação de espécies florestais e agrícolas, estão sendo estudadas por diversos pesquisadores como alternativa viável para suprir as necessidades hídricas e nutricionais das plantas. Proporcionando mudanças nas propriedades do solo, como a redução do pH do solo, disponibilidade de nutrientes, melhoria da matéria orgânica do solo e o aumento da produção dos cultivos (HIRZEL et al., 2017). Estudos comprovam que o uso de água residuária na irrigação de diferentes culturas agrícolas, proporcionam a absorção e reciclagem de nutrientes do solo disponibilizado pelo efluente. De acordo com Lira et al. (2015) a utilização da água residuária para irrigação agrícola, proporciona o aumento da produtividade e a melhoria do solo com adição de matéria orgânica. A reutilização de águas residuais na agricultura é considerada uma ferramenta eficiente para gerenciar os recursos hídricos, podendo compensar a escassez de água causada por sazonalidade ou disponibilidade irregular de outras fontes de água para irrigação de culturas. A eficiência do reúso da água em cultivos florestais foi avaliada por Veronêz (2015) que verificou a produtividade de eucaliptos da espécie urograndis irrigado com efluentes sanitários, constatando que que os tratamentos irrigados com efluente apresentaram produtividade superior aos demais, chegando até 48% maior que a de sequeiro. Minhas et al. (2015) observaram melhoria da matéria orgânica do solo ao estudarem o efeito da irrigação a longo prazo (10 anos) utilizando águas residuárias domésticas e subterrâneas no crescimento e produção de biomassa do eucalipto da espécie tereticornis Sm. O sistema solo-planta é uma forma de pós-tratamento das águas residuárias pelo solo, por ser um filtro natural, reduz os impactos da descarga de contaminantes, proporcionando o controle da poluição e aumentando a disponibilidade hídrica. Apesar dos benefícios ambientais, econômicos e sociais, deve ser observado a declividade, cobertura vegetal do solo, a cultura implantada entre outros fatores, para garantir a eficiência do uso desses efluentes, diminuindo o descarte destes, diretamente no solo e nos corpos hídricos.

113


4. CONCLUSÕES A água de esgoto doméstico tratado aplicado, proporcionou o desenvolvimento da cultura, apresentando-se como alternativa promissora na estratégia para recuperação do solo e para inserção de nutrientes, ocasionando a restauração da fertilidade do solo. Assim, o estudo relacionado a recuperação de áreas degradadas com o uso da água residuária em sistema de silvicultura é de suma importância para a região do semiárido, apresentando vantagens para o ambiente devido a quantidade de nutrientes disponíveis bem como a economia de água e fertilizantes. 114 REFERÊNCIAS ALVES, G. S.; TARTAGLIA, F. L.; FERREIRA, M. M.; BEUTLER, A. N.; SANTOS, E. C. Análise de crescimento da mamoneira brs energia em função da densidade populacional. Revista Caatinga, v. 28, n. 1, p. 167-175, 2015. ARAÚJO, A. C.; ALOUFA, M. A. I., SILVA, A. J. N., COSTA, A. A., SANTOS, I. S. Análise não destrutiva de crescimento do gergelim consorciado com feijão caupi em sistema orgânico de cultivo. Revista Brasileira de Agroecologia, v.9, p. 259-268, 2014. BENATTI, L. A. C. Indicadores de qualidade aplicados ao monitoramento e avaliação em recuperação de áreas degradadas. 54p. (Monografia) - Universidade Federal de Viçosa, 2016. BERNARDES, R. F. B. Água residuária de suínos em um sistema agroflorestal: atributos químicos e translocação de nutrientes no solo. 2017. 76 p. (Dissertação - Mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Uberlândia – MG, 2017. CURCIO, G. R.; LIMA, C. V.; GIAROLA, N. F. B. Antropossolos: proposta de ordem (1ª Aproximação). Colombo - PR: EMBRAPA Florestas, 2004, 49 p. DANTAS, D. C.; SILVA, E. F. F.; DANTAS, M. S. M.; SILVA, G. F.; SANTOS, A. N.; ROLIM, M. M. Cultivation of sunflower irrigated with domestic sewage treated in Quartzarenic Neosol. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.13, n.2, p. 1-7, 2018. FREIRE, J. L. O.; SANTOS, S. J. A.; NASCIMENTO, J. J. V. R.; GONZAGA NETO, L.; ARRUDA, J. A. Produção de mudas de gliricídia irrigadas com águas salinas e uso de biofertilizante bovino. In: ALFARO, A. T. S.; TROJAN, D. G. (Org.) Descobertas das ciências agrárias e ambientais. Ponta Grossa: Atena, 2016. p. 19-38. HIRZEL, D. R.; STEENWERT, K.; PARIKH, s. j.; OBERHOLSTER A. Impact of winery wastewater irrigation on soil, grape and wine composition. Agricultural Water Management, v.180, p. 178-189, 2017. LIRA, R. M.; SANTOS, A. N.; SILVA, J. S.; BARNABÉ. J. M. C.; BARROS, M.S.; SOARES, H. R. A utilização de águas de qualidade inferior na agricultura irrigada. Revista GEAMA, v. 1, n. 3, p. 341 – 362, 2015. MINHAS, P. S. et al. Effect of long-term irrigation with wastewater on growth, biomass production and water use by Eucalyptus (Eucalyptus tereticornis Sm.) planted at variable stocking density. Agricultural Water Management, v. 152, p. 151-160, 2015.


MALKI, M.; BOUCHAOU, L.; MANSIR, I., BENLOUALI, H.; NGHIRA, A.; CHOUKRALLAH, R. Wastewater treatment and reuse for irrigation as alternative resource for water safeguarding in Souss-Massa region, Morocco. European Water, n. 59, p. 365-371, 2017. REBOUÇAS, J. R. L.; FERREIRA NETO, M.; DIAS, N. S.; GOMES, J. W. S.; GURGEL, G. C. S.; QUEIROS, I. S. R. Qualidade de mudas de sabiá irrigadas com efluente doméstico. Floresta, v. 48, n. 2, p. 173-182, 2018. SANTOS, A. C.; BOECHAT, C. L.; SARAIVA, P. C.; ARAUCO, A. M. S.; ROCHA, F. A.; PEIXOTO, M. F. S. P. Application of treated domestic sewage effluent on the quality indicators of an Oxisol cultivated with castor bean. Revista Ceres, v. 66, n.2, p. 077-084, 2019. SILVA, L. C.; BELTERÃO, N. E. M.; AMORIM NETO, M. S. Análise do crescimento de comunidades vegetais. Campina Grande, PB: EMBRAPA ALGODÃO, 2000. 18p. (EMBRAPA ALGODÃO. Circular Técnica, 34). VERONÊZ, A. H. Irrigação de eucalipto com efluente sanitário: Avaliação econômica e de produtividade agrícola. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil - UNICAMP, 2015. 151p. Tese (Doutorado), 2015.

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Capítulo 14 REÚSO DE ÁGUA NA RECUPERAÇÃO DE SOLO DEGRADADO EM REGIÃO SEMIÁRIDA MARTINS, Emanoel Lima Doutor em Ciência do Solo Pesquisador em Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido emanoel.martins@insa.gov.br MAGALHÃES, Adriana Guedes Doutora em Engenharia Agrícola Pesquisadora em Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido adriana.magalhaesaujo@insa.gov.br ARAÚJO, Ana Beatriz Alves de Doutora em Manejo de Solo e Água Pesquisadora em Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido ana.araujo@insa.gov.br MESQUITA, Francisco de Oliveira Doutor em Manejo de Solo e Água Pesquisador em Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido francisco.mesquita@insa.gov.br COSTA, Fabiana Xavier Doutora em Recursos Naturais Pesquisadora em Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido fabiana.xavier@insa.gov.br

RESUMO A degradação do solo pela remoção de horizontes superficiais proporciona impactos diretos na qualidade do solo, causando danos irreversíveis a sua fertilidade. A recuperação da produtividade do solo demanda alto custo e particularmente em regiões semiáridas a escassez hídrica é o principal agravante. A utilização de água residuária apresenta se como uma prática promissora por disponibilizar nutrientes como nitrogênio e fósforo, maiores limitantes à agricultura no semiárido e normalmente encontrados em concentrações elevadas nas águas residuárias. Com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de água residuária na recuperação dos teores de matéria orgânica e fósforo em um Antroposolo Decapítico em área de empréstimo na região semiárida. Avaliou-se os teores desses atributos após três anos de aplicação semanal de 7 litros de água da torneira, 7 e 14 litros de água residuária. O uso de água residuária proporcionou um aumento significativo nos teores quantidades de matéria orgânica e fósforo quando comparado com a água da torneira em relação a condição inicial do solo. Os teores de matéria orgânica e fósforo foram de 5 a 8 vezes superiores no tratamento de aplicação de 14 litros de água residuária que com aplicação de água da torneira na camada superficial de 0 – 15 cm. Também foi observado aumento expressivo desses teores também na profundidade 15 – 30 cm, tanto em relação a água residuária quanto a água de abastecimento o que provavelmente está relacionado a textura areno argilosa do solo. De maneira geral a irrigação com água residuária foi responsável por um incremento elevado nos atributos avaliados, podendo ser recomendada como uma prática promissora para recuperação da fertilidade do solo nas condições avaliadas.

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PALAVRAS-CHAVE: água residuária, matéria orgânica do solo, fósforo do solo,

INTRODUÇÃO O uso do solo como área de empréstimo é uma prática comum, realizada para aquisição de material para construção civil. No entanto, essa retirada de solo resulta na remoção de horizontes superficiais e exposição de camadas subjacentes o que se traduz em impactos diretos na qualidade do solo, causando danos irreversíveis a sua fertilidade (DOETTERL et al, 2016). Como agravante, os estudos de viabilidade ambiental de mineração e extração de solo, quando realizado, são geralmente incipientes e não contemplam técnicas de recuperação do solo (MEYER, et al, 2014, CRUZ, et al, 2014, SANTOS et al, 2015). Em regiões com deficiência hídrica acentuada, a recuperação dessas áreas de empréstimo fica ainda mais comprometida, pela limitação hídrica para produção de biomassa vegetal. A utilização de água proveniente de estações de tratamento de esgoto doméstico tem se mostrado uma prática estratégica tanto na produção florestal ou de forragem quanto na recuperação de solos degradados (BECERRA-CASTRO et al., 2015 al, BONINI et al, 2015). Várias publicações de órgãos internacionais destacam o interesse mundial no tema de reutilização de águas residuárias. A FAO e a UNEP-WHO têm publicado manuais com diversas técnicas para a reutilização correta de água residuárias (MONTE; ALBUQUERQUE; 2010; MATEO-SAGASTA et al., 2013) assim como, com considerações de ordem econômico (WINPENNY et al., 2010). Por ser uma fonte potencial de nutrientes, a possibilidade de recuperar os teores de matéria orgânica do solo (MOS) e de realizar aportes de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) para viabilizar a produção de biomassa, apresenta-se como uma alternativa estratégica, embora não tenham sido encontrados trabalhos publicados nesse sentido em escala de campo. Algumas pesquisas têm avaliado o transporte de solutos de águas residuárias em diversas classes de solos, mas limitadas a colunas de solo ou vasos (MEDEIROS et al., 2005; ANAMI et al., 2008; CARVALHO et al., 2013). Nesse sentido, a utilização de água proveniente de estações de tratamento de esgoto doméstico para irrigação se configura como uma alternativa promissora para regiões áridas e semiáridas uma vez que promove o reuso sustentável da água proporcionando o aproveitamento dos nutrientes presentes. Dentre estes, o P considerado, juntamente com o N, grande poluente de cursos de água e um elemento essencial às plantas, entretanto apresenta baixa solubilidade e baixa disponibilidade em solos intemperizados, o que torna a água de reuso uma fonte de baixo custo desse nutriente para solos degradados (KLEIN; AGNE, 2012). Por outro lado, na região semiárida, o P é frequentemente o nutriente mais limitante para a produção agrícola, devido aos baixos teores em que se encontra no solo (SALCEDO; SAMPAIO, 2008), fato que, juntamente com a baixa disponibilidade hídrica, limitam a produção de biomassa. Em áreas de empréstimo, das quais se retira a camada superficial mais fértil, os teores de MOS residuais são muito baixos. Assim, o N, a maior parte do qual está associado a matéria orgânica, também pode se transformar em fator limitante à produção vegetal, sobretudo em plantas não fixadoras de N. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de água residuária na recuperação dos teores de matéria orgânica e fósforo em um Antroposolo Decapítico em área de empréstimo na região semiárida.

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MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido nas imediações da sede do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) em Campina Grande, PB. A área tem relevo suave ondulado e o solo classificado como Planossolo Nátrico (BRASIL, 1972) com histórico de utilização como área de empréstimo para remoção de solo com características atuais correspondentes a um Antropossolo Decapítico (Embrapa, 2004). A água residuária utilizada para irrigação do experimento foi obtida de uma estação de tratamento primário (Figura 1) que trata o esgoto proveniente de banheiros e cozinha do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e está localizada nas imediações da área experimental; a água é aplicada via sistema de irrigação por gotejamento.

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Figura 1. Estação de tratamento primário (facultativo) de esgoto doméstico da sede do Instituto Nacional do Semiárido, Campina Grande, Paraíba.

Foi realizada caracterização química da água residuária utilizada para irrigação do experimento quanto ao pH, condutividade elétrica, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e sódio acordo com metodologia padrão para águas residuárias de acordo com os procedimentos descritos em APHA (1998) (Tabela 1). Tabela 3. Caracterização da água residuária utilizada para irrigação do solo.

pH CE -

N

dS m-1

P PO43- SO43- COT NH4+ NO23- Na+

K+ Ca+2 Mg+2 Cl-

-------------------------------------- mg L-1 -------------------------------------

8,3 13,5 26,3 14

9,4

51,9

3,7

22,3

4,5

22,3 27,6 24,5 10,7 270

Área experimental O experimento foi realizando com delineamento experimental em blocos completos casualizados com parcelas subdivididas; os tratamentos nas parcelas constituiram três combinações de tipo/volume/frequência de água aplicada (T1: 7 L semana-1 de água da torneira; T2:7 L semana-1de água residuária e T3: 14 L semana -1 de água residuária), enquanto cinco espécies florestais (Freijó, Ipê roxo, Catingueira, Braúna e Aroeira branca) foram aleatorizadas


nas subparcelas. A irrigação foi por gotejamento localizado a 10 cm de distância do caule de cada planta (600 mudas). Para uma caracterização inicial da área foram definidos 80 pontos amostrais e retiradas amostras de solo nas camadas de 0-15 e 15-30 cm, antes da implantação dos tratamentos.

Análise do solo A amostragem de solo foi realizada com o auxílio de um cavador, por se tratar de uma área com muita pedregosidade. Para caracterização química e física inicial da área foram definidos 80 pontos amostrais e retiradas amostras de solo nas camadas de 0-15 e 15-30 cm, antes da implantação dos tratamentos. O solo coletado foi seco e peneirado em malha de 2 mm e analisado quanto aos atributo químicos: pH, N, P, K+, Ca+2,, Mg+2, Na+2, Al+3, H+Al (Tabela 2) de acordo com Teixeira et al (2017) e matéria orgânica (MOS) pelo método de ignição em mufla a 550 ºC (SCHULTE et al, 1987) e granulometria (Tabela 3) de acordo com Teixeira (2017). Tabela 2. Caracterização química de um Atropossolo Decapítico em área de periurbana em região semiárida. pH

MOS

N

-- g kg-1--

K+

P

Ca+2

----mg dm-3----

Mg+2

Na+2

Al+3

H+Al

-------------cmolc kg-1-------------

PST %

0 - 15 cm 5,9

3,01

0,6

2,33

54,6

1,52

0,22

0,51

0,25

26,4

7,6

0,18

0,50

0,25

26,9

6,8

15 - 30 cm 6,0

3,12

0,5

0,65

46,8

1,67

MOS, matéria orgânica do solo, PST, porcentagem de sódio trocável.

Tabela 3. Caracterização granulométrica e textural de um Atropossolo Decapítico em área periurbana em região semiárida. Fração granulométrica Camada Classe Textural Areia Silte Argila cm

-------------------- g kg-1 --------------------

0-15

716

150

134

Franco arenoso

15-30

707

146

147

Franco arenoso

No terceiro ano após implantação dos tratamentos foi realizada amostragem de solo de acordo com o mesmo procedimento adotado na amostragem inicial. Na qual foram coletados 10 pontos em cada linha correspondente aos tratamentos, retirando-se amostras de solo em duas profundidades, 0 a 15 cm e 15 a 30 cm, distanciadas a 30 cm do caule das plantas, totalizando 30 pontos por bloco. O solo coletado foi seco e peneirado em malha de 2 mm e analisado quanto aos teores de matéria orgânica do solo pelo método de ignição em mufla a 550 ºC (SCHULTE et al, 1987) e

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fósforo extraível, utilizando extrator Mehlich-1, quantificado por colorimetria (MURPHY; RILEY, 1962).

Análise estatística Os dados de foram submetidos a análise de variância e teste F (p ≤ 0,1), utilizando-se desenho em blocos completos casualizados, com quatro repetições e duas fontes de variação: qualidade/quantidade da água e camada de solo. Foi utilizado o procedimento MIXED do SAS University Edition (SAS, 2016), com Blocos como efeito variável e declarando a autocorrelação entre as duas camadas para essa comparação específica. Na ausência de interação (p<0,1), foram comparadas as médias dos efeitos principais aplicando-se o teste Tukey (p ≤ 0,1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO A irrigação com AR proporcionou um incremento elevado nos teores de matéria orgânica e fósforo no solo em todas as camadas avaliadas em comparação com a irrigação com AA (Tabela 5). O pH do solo irrigado com AR foi ligeiramente inferior ao do solo irrigado com AA nas duas profundidades avaliadas, entretanto não apresentou diferença estatística significativa (p<0,05). Os teores de MOS no solo irrigado com AR apresentaram incremento significativamente elevado em relação a AA. Na profundidade de 0 – 15 cm com aplicação de 14 l de AR proporcionou valores até 5 vezes superiores a aplicação de AA e na profundidade de 15 – 30 cm essa diferença foi ainda maior, com valores até 8 vezes superiores. Tabela 5 – Valores médios (n=80) de pH, matéria orgânica do solo (MOS), fósforo disponível (P) mehlich-1 em um Antropossolo Decapítico antes e após irrigação com água residuária (AR) e água de abastecimento (AA) em região semiárida. pH

MOS

P

-

g kg-1

mg kg-1

5,87b

3,01c

2,33c

AA

6,11aA

2,66cC

2,32cC

AR7

5,98aA

7,84bB

4,82bB

AR14

5,58bB

14,6aA

9,48aA

6,03ª

3,12c

0,65c

AA

6,21aA

1,37dC

1,57cC

AR7

6,04aA

6,26bB

2,93bB

AR14

5,66bB

11,3aA

4,61aA

Tratamento

0 – 15 cm Inicial

15 – 30 cm Inicial

Letras minúsculas na coluna comparam tratamentos em relação a condição inicial; letras Maiúsculas comparam tratamentos entre si após irrigação.

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Os teores de P mehlich-1 no solo na camada de 0-15 cm quando irrigados com AR foram até 4 vezes superiores ao solo irrigado com AA e na camada de 15 – 30 a diferença foi menor, entretanto ainda 3 vezes superior a AA. Em relação aos teores de P orgânico a diferença foi ainda maior entre os tratamentos, na ordem de 6 a 8 vezes superior no solo irrigado com 14 l de AR em relação a AA. Os teores P extraíveis por Mehlich-1 foram significativamente maiores nos tratamentos com aplicação de água residuária (AR), nos dois níveis de aplicação, que com a aplicação da água de abastecimento domiciliar (Tabela 4). Os valores médios observados na camada superficial passaram de 2,33 mg kg-1 da amostragem inicial para 2,57 mg kg-1 com água de abastecimentos, 3,52 mg kg-1 com 7 L sem-1 e para 3,9 mg kg-1 com 14 L sem-1 após dois anos de irrigação. O aumento do teor de P no solo pode ser justificado pelo alto teor deste nutriente na AR, que foi de 14,4 mg L-1(Tabela 1). O aumento significativo dos teores de P após a aplicação de AR também foram observados por outros autores (Caovilla et al, 2010; Anami et al, 2008) estudando as características químicas de solos cultivados irrigados com água residuária. No presente estudo notou-se ocorrência de aumento de P extraível com Mehlich-1 também na camada sub-superficial, onde os valores médios observados na amostragem inicial passaram de 0,65 mg kg-1 para 1,65 mg kg-1 com água de abastecimentos, 2,86 mg kg-1 com 7 L sem-1 e para 2,88 mg kg-1 com 14 L sem-1 após dois anos de irrigação na camada dos 15 a 30 cm de profundidade. O aumento nessa camada foi detectado (p < 0,05) tanto em relação a água de abastecimento quanto em relação à camada superficial irrigada com água residuária. O P é considerado um ânion relativamente imóvel em solos, pois interage com a fase sólida e forma precipitados com Ca, Fe e Al (Olatuyi et al., 2009), diminuído sua mobilidade, principalmente em solos com maiores teores de argila. Por outro lado, em solos com textura arenosa a franco-arenosa como neste caso há relatos de ocorrência de transporte vertical. O transporte vertical de P no solo quando a fonte de P é um fertilizante líquido (Vitti et al, 1994) ou quando é aplicado com fertirrigação por gotejamento (Celho et al., 2004) e várias vezes superpior que quando aplicado ao solo na forma sólida. Por outro lado, em um latossolo vermelho irrigado com água residuária identificou-se baixa mobilidade de P no perfil do solo, mesmo irrigando por gotejamento Caovilla et al (2010). Isso coincide com os resultados de Araújo et al. (2003) e Heathwaite et al. (2000) que consideram insignificantes as perdas do elemento por lixiviação, mas vale salientar que esses autores estudaram solos com teores altos de argila. A entrada de P no solo via irrigação por AR, pode proporcionar o aumento das concentrações de P disponível, tanto em camadas superficiais, como subsuperficiais, de acordo com Mohammad & Mazahreh (2003), uma vez que a textura do solo mais arenoso possibilita uma maior mobilidade e perdas de P pelo transporte vertical, consideradas inexistentes em solos argilosos (HEATHWAITE, 2000), devido a sua alta afinidade com os colóides do solo. Devido a menor capacidade de adsorção de P em solos de textura arenosa ocorre uma maior mobilidade pelo transporte vertical do P, considerada inexistente em solos argilosos, devido a sua alta afinidade com os colóides do solo (HEATHWAITE, 2000). Dessa forma, em solos arenosos o aporte de P no solo via irrigação por AR, proporciona o aumento das concentrações de P disponível, tanto em camadas superficiais, como subsuperficiais (MOHAMMAD; MAZAHREH, 2003). Portanto, o aumento nos teores de P constatados no presente estudo, certamente está associado a textura do solo, mais arenosa, que permitiu a movimentação vertical do P adsorvido aplicado na camada superficial para as camadas subsuperficiais. Segundo Falkiner & Polglase (1997), a capacidade do solo em reter P contribui para prevenir a lixiviação do P abaixo da zona

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radicular, podendo determinar a sustentabilidade dos cultivos em que se utilize água residuária na irrigação. Todavia, na aplicação de águas residuárias ao solo é assumido que o P é altamente retido no solo, mas estudos demonstram aumento na concentração de P nas camadas mais profundas, embora muitas das vezes estes incrementos do P solução sejam pouco significativos (JOHNS; MCCONCHIE, 1994).

CONCLUSÃO A irrigação com água residuária proporcionou um incremento elevado nos teores de matéria orgânica e fósforo no solo até os 30 cm de profundidade. A utilização de água residuária de esgotos domésticos tratados mostrou-se uma alternativa promissora para a recuperação da capacidade produtiva do solo pelo incremento elevado nos teores de matéria orgânica e fósforo do solo.

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Capítulo 15 RIZOGÊNESE DO FEIJÃO CAUPI (Vigna Unguiculata (L.) Walp.) INDUZIDA PELA TEMPERATURA E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DA ÁGUA COSTA, Patrícia da Silva Doutoranda em Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande patriciagroambiental@gmail.com VELOSO, Luana Lucas de Sá Almeida Doutoranda em Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande luana_lucas_15@hotmail.com FERRAZ, Rener Luciano de Souza Prof. Dr. em Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande ferragroestat@gmail.com COSTA, Deibson Teixeira da Bacharelando em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba deibsondrums@gmail.com NASCIMENTO, Ronaldo do Pro. Dr. em Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande ronaldon453@gmail.com

RESUMO O feijão caupi é uma leguminosa amplamente cultivada na região semiárida do nordeste brasileiro, local que devido a baixa precipitação pluviométrica e a alta evaporação é propensa a áreas com água salina, além de altas temperaturas ambientais. Diante disso, objetivou-se com o experimento avaliar a rizogênese do feijão caupi induzida pela temperatura e condutividade elétrica da água. O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Fisiologia Vegetal da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, no Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, localizado no município de Campina Grande, PB. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2x5, sendo duas condições de temperatura (25 e 35 ºC) associado a cinco níveis de condutividade elétrica da água de umedecimento do substrato de germinação (0,4; 1,9; 3,4; 4,9 e 6,4 dS m-1). Constatou-se por meio da análise de variância que o efeito isolado da temperatura foi significativo sobre o índice de velocidade de germinação, comprimento médio inicial e final da raiz. Os níveis de condutividade elétrica da água influenciaram significativamente o índice de velocidade de germinação e comprimento médio inicial. Quanto a interação entre os fatores (T x CEa) observase significância apenas para o comprimento médio inicial. O aumento da condutividade elétrica da água prejudica a índice de velocidade de germinação e o comprimento inicial das raízes de plântulas de feijão caupi. Temperatura de 25 ˚C favorece a rizogênese de plântulas de feijão caupi.

PALAVRAS-CHAVE: Salinidade da água, estresse térmico e germinação.

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1. INTRODUÇÃO O feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) é uma leguminosa de origem africana, extremamente rústica e que apresenta alto teor de carboidrato e proteína. Devido ao seu alto valor nutritivo a produção de grãos, secos ou verdes é destinado ao consumo humano e animal (RATNANINGSIH et al., 2020). No Brasil, o cultivo de feijão Caupi que anteriormente, limitavase quase que exclusivamente ao nordeste, está se expandindo para a região do cerrado e norte do país (SILVA et al., 2020a). A cultura do feijão caupi tem uma boa adaptação às condições edafoclimáticas de regiões áridas e semiáridas em virtude de possuir tolerância a altas temperaturas, pouca exigência hídrica, apresentar ciclo curto e simbiose com as bactérias do gênero Rhizobium para fixação de nitrogênio atmosférico, caracterizando-se em uma cultura de grande importância socioeconômica para a região (PINHEIRO et al., 2019). Diante disso, torna-se proeminente a identificação do nível salino da água utilizado para irrigação que não comprometa o seu cultivo desde a fase de germinação da semente até a produção, visto que na região semiárida a propensão de áreas salinizadas e altas temperaturas é frequente (VELOSO et al., 2020). Geralmente, plantas submetidas a condições ambientais de alta salinidade, seja do solo ou da água de irrigação, apresentam modificações morfológicas, fisiológicas e bioquímicas decorrente da redução do potencial osmótico, fitotoxidade e desequilíbrio nutricional da planta (SILVA et al, 2019). Nas sementes, os principais efeitos observados na literatura são: redução da percentagem de germinação, redução da raiz primária e do hipocótilo e aumento do tempo médio para germinação (GOMES FILHO et al., 2019). Além da água e luminosidade, a temperatura é um fator determinante para a germinação da semente, pois afeta diretamente na capacidade de germinação e a taxa em que esta ocorre. Cada espécie vegetal apresenta capacidade de germinar sob faixa de temperatura ótima, e o tempo necessário para ser alcançada a máxima porcentagem de germinação varia com a temperatura. Ademias, compreender a interação da espécie com a temperatura no processo germinativo é imprescindível para iniciar o planejamento produtivo (BUENO et al., 2019). Desta forma, estudo de tolerância da germinação de sementes em função da condutividade elétrica e temperatura torna-se de fundamental importância para determinar a tolerância da semente a esses fatores almejando favorece a germinação através das respostas fisiológicas da cultura (GRANJA et al., 2019). Com isso, objetivou-se com o experimento avaliar a rizogênese do feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) induzida pela temperatura e condutividade elétrica da água.

2. MATERIAL E METÓDOS O experimento foi realizado no mês de setembro de 2018, no Laboratório de Fisiologia Vegetal da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola (UAEA), no Centro de Tecnologia e Recursos Naturais (CTRN) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), localizado no município de Campina Grande, PB, nas coordenadas 7°12'51.4"S 35°54'25.6"W. Foram utilizadas sementes crioulas de feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.), variedade corujinha, obtidas no banco de sementes de mulheres em São José da Mata, distrito de Campina Grande, PB. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2x5, com quatro repetições de 25 sementes (NUNES et al., 2017). Os fatores consistiram de duas condições de temperatura (25 e 35 ºC) e cinco níveis de condutividade elétrica

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da água de umedecimento do substrato de germinação (0,4; 1,9; 3,4; 4,9 e 6,4 dS m-1), que foram preparadas a partir da adição de NaCl em água destilada. Inicialmente, as sementes passaram pelo processo de assepsia com hipoclorito de sódio a 1%, por 3 min (CARVALHO; CARVALHO, 2009), posteriormente os tratamentos foram aplicados mediante o semeio em rolo de papel toalha (tipo germitest®), previamente humedecido com as soluções salinas correspondentes aos níveis de condutividade elétrica na quantidade equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos contendo as sementes foram acondicionados em sacos plásticos transparentes para manutenção da humidade do substrato e mantidos em germinadores (tipo B.O.D.) regulados para as temperaturas de 25 e 35 °C, respectivamente. A umidificação do substrato de germinação foi realizada uma única vez, após a acomodação das sementes nos rolos. As avaliações consistiram na quantificação de variáveis de índice de velocidade de germinação (IVG, adimensional), comprimento médio inicial da raiz (CIR, em cm), comprimento médio final da raiz (CFR, em cm) e taxa de crescimento relativo da raiz (TCRR, em cm cm-1 dia1 ) (FERRAZ et al., 2017). Transcorridos sete e quatorze dias de implantação do experimento, foram selecionadas três plântulas uniformes por parcela, nas quais foram realizadas medições para determinação do comprimento médio inicial da raiz (CIR) aos sete dias e comprimento médio final da parte aérea, aos 14 dias, utilizando-se de régua graduada em mm para as realizações das medições (FERRAZ et al., 2017). Foi realizada a determinação da taxa de crescimento relativo da parte aérea (TCRA), sendo essa variável obtida por meio da equação 1: TCRR 

ln W 2  ln W 1 t 2  t1

Eq. 1

em que: TCRR= taxa de crescimento relativo; ln = logarítmo neperiano; W1 = comprimento inicial; W2 = comprimento final; t1 = tempo inicial e t2 = tempo final (ECHER et al., 2010; FERRAZ et al., 2017). Os dados das variáveis foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk (SHAPIRO; WILK, 1965; PIMENTEL-GOMES, 2000) e posteriormente, atendidos os pressupostos de normalidade, submetidos às análises de variância pelo teste F com 95% de confiança, regressão polinomial e teste de médias (BARBOSA; MALDONADO JÚNIOR, 2015). Para realização das análises foi utilizado o software Sisvar 5.6 (FERREIRA, 2014).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Com base nos resultados da análise de variância (Tabela 1), constatou-se que o efeito isolado da temperatura foi significativo sobre o índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento médio inicial (CIR) e final da raiz (CFR) (p<0,01). Os níveis de condutividade elétrica da água influenciaram significativamente IVG e CIR. Quanto a interação entre os fatores (T x CEa) observa-se significância apenas para o CIR.

Tabela 4. Resumo das análises de variância para índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento médio inicial da raiz (CIR), comprimento médio final da raiz (CFR) e taxa de crescimento relativo da raiz (TCRR) de plântulas de feijoeiro submetidas a temperaturas e condutividades elétricas da água. Campina Grande, PB, 2019.

127


Quadrados médios IVG CIR CFR TCRR Temperatura (T) 1 1803,25** 390,06** 1188,10** 0,02ns * ** ns Condutividade (CEa) 4 81,58 10,23 14,13 0,01ns Regressão Linear 1 316,89** 18,58** 0,20ns 0,01ns ns ns * Regressão Quadrática 1 0,24 0,02 36,63 0,01ns ns ** ns Desvio da Regressão 2 4,58 11,16 9,85 3E-3ns Interação T x CEa 4 23,66ns 8,93** 2,59ns 0,01ns Resíduo 30 21,92 1,81 8,52 5E-3 CV (%) 8,88 16,62 23,33 48,90 *; **; ns , significativo a 0,05, 0,01 de probabilidade e não significativo, respectivamente. Fontes de Variação

GL

Por meio do teste de comparação de médias (Figura 1A) constatou-se que a temperatura de 35 ˚C, promoveu aumento de 22,03% no índice de velocidade de germinação das plântulas de feijoeiro em relação aquelas submetidas a temperatura de 25 ˚C. Este resultado pode esta relacionado ao fato de que todos os processos bioquímicos que ocorrem durante o evento da germinação são mediados em uma temperatura ótima, ou seja, aquela em que ocorre o máximo de germinação dentro do menor período de tempo (LIMA et al., 2019). Discordando dos resultados encontrados no presente trabalho para o IVG, Nunes et al. (2019a) ao avaliarem a germinação e vigor de sementes de feijão caupi em resposta aos estresses salino e térmico identificaram que as temperaturas de 20 e 25ºC apresentaram os melhores resultados para a germinação, enquanto os menores foram obtidos a 30 e 35ºC. Carvalho e Nakagawa (2000) constataram que o índice de velocidade de germinação aumentou a medida que se elevou a temperatura até 25 ºC, de modo que, a partir desse ponto, ocorreu diminuição com a elevação da temperatura, afirmando que temperaturas inferiores ou superiores à ótima tendem a reduzir a velocidade do processo germinativo, expondo as plântulas por maior período a fatores adversos, o que pode levar à redução no total de germinação. O aumento da condutividade elétrica da água afetou negativamente o índice de velocidade de emergência de sementes de feijão caupi (p <0,05). De acordo com análise de regressão (Figura 1B) o acréscimo unitário da CEa reduziu em 2,31% o IVG, desse modo, sementes submetidas a CEa de 6,4 dS m-1 tiveram uma redução de 14,82% em relação às umedecidas com água de 0,4 dSm-1. A utilização de água salina na umidificação das sementes pode provocar a redução do potencial hídrico, acarretando na redução da absorção de água pelas sementes podendo impedir a sequência dos processos da germinação, resultando na redução da velocidade e porcentagem de germinação, haja visto que cada espécie requer um valor de potencial hídrico no qual, se abaixo, a germinação não ocorrer (Leal et al., 2020). Em estudo realizado por Nunes et al. (2019b) verificou-se que a velocidade de germinação de sementes de feijoeiro dos genótipos BRS Marataoã e Setentão reduziu com o aumento da CEa, devido aos efeitos osmóticos e iônicos da salinidade que pode ser mais intensificada pelo acúmulo de sódio e cloro.

128


Figura 1: Índice de velocidade de emergência (IVG) de feijão caupi em função da temperatura (A) e da condutividade elétrica da água de umidificação (B).

A)

B)

75

A

75

B 50

IVG

IVG

50

25

25

ŷ = 57,259-1,3267**x R² = 0,97

129

0

0 25 ºC

35 ºC Temperatura

0,4

1,9

3,4

Condutividade (dS

4,9

6,4

m-1)

De acordo com o teste de comparação de médias (Figura 2A), nota-se que o comprimento inicial das raízes das plântulas de feijoeiro submetidas a temperatura de 25 ˚C em interação com a CEa, tiveram os maiores valores em comparação com as raízes das plântulas sob temperatura de 35 ˚C. No entanto, o aumento unitário da salinidade da água (Figura 2B) ocasionou uma redução linear de 5,11% no comprimento das raízes expostas a temperatura de 25 ˚C, correspondendo a uma diminuição de 4,17 cm nas plântulas irrigadas com água de 6,4 dS m-1em comparação com as plântulas irrigadas com água de 0,4 dS m-1. O efeito negativo da salinidade pode provocar mudanças na atividade enzimática, que posteriormente afeta a síntese proteica, bem como acarreta a diminuição dos níveis de carboidratos e dos hormônios do crescimento, podendo ambos levar à inibição do alongamento da planta (Oliveira et al., 2019). Silva et al. (2019) verificaram que o comprimento da raiz de plântulas de Clitoria fairchildiana Howard reduziu à medida que houve aumento dos níveis de salinidade em temperaturas de 20-30, 25 e 30 ˚C. No entanto, o crescimento primário das raízes foi menos afetado na temperatura de 25°C até o nível de salinidade de 4,5 dS m-1, relatando que, provavelmente nas temperaturas mais elevadas o efeito da salinidade seja mais pronunciado, o que prejudica o crescimento do sistema radicular, devido a diminuição da turgescência em resposta à deficiência hídrica ocasionada pelo efeito osmótico. Gomes Filho et al. (2019) em estudo realizado para avaliar o efeito do estresse hídrico e salino na germinação de sementes de feijão caupi cv. BRS Pajeú, observaram que à medida que diminui o potencial osmótico da solução no substrato, ocasionado pelo aumento da salinidade, o comprimento da raiz primária decresce, não apresentaram desenvolvimento da raiz primária em potencial inferior a 0,71 Mpa.


Figura 2: comprimento inicial das raiz (CIR) em função da interação entre os fatores (T x CEa) (A) e da condutividade elétrica da água (B); comprimento final das raízes (CFR) em função da temperatura (C).

A)

25 ºC A

CIR (cm)

12

A

8 4

25 ºC

16

A

B

B

B

B

35 ºC

25 ºC ŷ = 13,57-0,694**x R² = 0,68

12

A

A

B

CIR (cm)

16

B)

35 ºC

8 4 35 ºC ŷ = 4,96

130

0

0 0,4

1,9 3,4 4,9 Condutividade (dS m-1)

0,4

6,4

1,9 3,4 4,9 Condutividade (dS m-1)

6,4

C) 25

A

CFR (cm)

20 15

B

10 5 0 25 ºC

35 ºC Temperatura

Quanto ao comprimento final das raízes das plântulas de feijoeiro (Figura 1C), observa-se que a temperatura de 25 ˚C favoreceu o crescimento das raízes das plântulas, obtendo um crescimento de 18 cm, ou seja, as plantas sob temperatura de 35 ˚C tiveram uma redução de 11cm (61,11%) em relação às plântulas submetidas a temperatura de 25 ˚C. O efeito da temperatura sobre o comprimento radicular também foi reportado por Silva et al. (2020b) para a cultura da Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen, em que o valor ótimo de temperatura para maior crescimento radicular foi a de 28,3 ºC, sendo observado a partir dessa, decréscimo do comprimento radicular.

4. CONCLUSÃO O aumento da condutividade elétrica da água prejudica a índice de velocidade de germinação e o comprimento inicial das raízes de plântulas de feijão caupi. Temperatura de 25 ˚C favorece a rizogênese de plântulas de feijão caupi.

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Capítulo 16 SECAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA POLPA DE MANGA ‘PRINCESA’ OBTIDA PELO MÉTODO CAMADA DE ESPUMA

REIS, Carolaine Gomes dos Mestranda em Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande carolainetecalimentos@gmail.com MAIA, Gabriela Araújo de Oliveira Graduanda em Tecnologia de Alimentos Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Campus Salgueiro gabryella_maia@hotmail.com MARTINS, Joabis Nobre Dr. Em Engenharia de Processos Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Campus Salgueiro joabis.nobre@ifsertao-pe.edu.br

RESUMO Diante das dificuldades encontradas na conservação de alimentos perecíveis, o presente trabalho teve como objetivo secar e caracterizar a polpa de manga ‘princesa’ pelo método camada de espuma (foam-mat drying). Foram realizados estudos de caracterização da matéria-prima in natura; elaboração de espuma; cinética da secagem a 50, 60 e 70 °C com espessuras de 0,3; 0,5 e 0,7 cm, com planejamento experimental em esquema fatorial 22 com três pontos centrais; aplicação dos modelos matemáticos de Henderson e Pabis, Midilli, Newton, Page, Peleg, e Wang e Sing; caracterização dos pós obtidos e seleção do melhor pó. As análises físico-químicas realizadas seguiram metodologias do Instituto Adolf Lutz (2008). Os resultados apontaram que a polpa e a espuma apresentaram dados adequados, destacando a espuma (3,5% de Super Liga Neutra® e 3% de Emustab®) a qual concentrou alguns compostos como o teor de ácido ascórbico. Constatou-se na secagem que a temperatura influenciou o tempo do processo, ocorrendo mais rápida em altas temperaturas. Os modelos matemáticos geraram dados satisfatórios de coeficiente de determinação (R2) superiores a 0,96 e desvio quadrático médio (DQM) inferiores a 0,09. O modelo de Midilli obteve os melhores ajustes aos dados com os maiores R2 e menores DQM, esta representatividade foi constatada na curva de razão de água. Quanto a caracterização físicoquímica o ácido ascórbico (139,05 mg/100g), teor de água (10,47%), lipídeos (1,44%) e açúcar total (19,44%), determinaram o melhor pó, o qual foi submetido à temperatura de 70 °C com espessura de 0,7cm.

PALAVRAS-CHAVE: Desidratação; pós alimentícios; conservação

INTRODUÇÃO Atualmente, no Brasil, a produção de mangas está concentrada na região Sudeste e Nordeste, que somam 98,8% da produção nacional, o equivalente, no ano de 2016, a 990.300 toneladas; na região Nordeste, os principais estados produtores da fruta são Pernambuco e Bahia, com área total colhida de 32.378 ha (IBGE, 2017). A manga é um fruto apreciado em todo o mundo devido ao seu sabor, aroma e cor agradáveis. De acordo com as estimativas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e

133


Alimentação a produção mundial dessa fruta já ultrapassa a marca de 40 milhões de toneladas, concentrada, principalmente, nas regiões tropicais da Ásia e América Latina (ZOTARELLI et al., 2017). A manga princesa é uma variedade regional, a qual é explorada em pequenas áreas do Nordeste do Brasil. Possui potencialidade na utilização em planejamentos de melhoria genética como fonte de aspectos desejáveis. A mesma faz parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Semi-Árido. Simultaneamente, a espada ouro, espada Itaparica e pingo de ouro possuem poucas fibras, que são requisitos do mercado (SILVA et al., 2009). A secagem é uma operação térmica que visa a remoção do teor de água do produto, e como consequência, acarreta em reduzir a proliferação de microrganismos, reações químicas e deterioração do alimento (TIWARI, 2016). A cinética de secagem consiste na obtenção do teor inicial e final de água presente no material, aplicando teorias e fórmulas empíricas que permitem entender fenômenos e predizer a taxa de secagem do alimento (BARBOSA; LOBATO, 2016; DEFRAEYE, 2017). A desidratação via foam mat drying consiste em um processo de conservação, onde o material líquido ou semilíquido é transformado numa espuma estável, através de batedura e incorporação de ar ou outro gás, que é submetido à secagem com ar aquecido, até o ponto em que impeça o crescimento de microrganismos, reações químicas e/ou enzimáticas (AZIZPOUR et al., 2016). A facilidade de remoção de água durante a secagem é indicada pelo comportamento da curva. O estudo da cinética de secagem possibilita conhecer a temperatura apropriada e o tempo necessário para conclusão do processo. Além disso, a descrição efetiva por meio de equações matemáticas adequadas permite prever os parâmetros do processo a qualquer momento, a partir dos dados iniciais (AVHAD; MARCHETTI, 2016). Diante exposto, objetivou-se estudar a secagem e caracterização da polpa da manga princesa pelo método camada de espuma (foam-mat drying).

MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados nos Laboratórios de Processamento de Produtos de Origem Vegetal e Laboratório de Físico-química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, campus Salgueiro, na Unidade Acadêmica de Tecnologia em Alimentos (UATA). A matéria-prima base para a realização da pesquisa, manga da variedade princesa, foi adquirida nas proximidades de Santa Maria da Boa Vista - PE. Os aditivos Super Liga Neutra® e Emulstab®, foram adquiridos no comércio local, sendo escolhidos em função da eficiência, disponibilidade e baixo custo. Após a aquisição dos frutos, os mesmos foram direcionados ao laboratório de Processamento de Produtos de Origem Vegetal, onde deu-se seguimento ao processo, inicialmente com seleção dos frutos, descartando aqueles com danos e/ou problemas que comprometessem a qualidade do produto. Posteriormente foram lavados, afim de remover as sujidades, e pesados para averiguação do rendimento da polpa dos frutos; sanitizadas sob imersão utilizando solução clorada a 50 ppm de cloro ativo (v/v) por 15 minutos.

134


O despolpamento foi realizado em uma despolpadeira modelo DFMC 200 monofåsica. A polpa obtida foi acondicionada em sacos de polietileno selados com 400g por embalagem e armazenados sob congelamento a - 4°C, atÊ o uso. Foram realizados três testes preliminares com percentuais crescentes de Super Liga NeutraŽ e EmulstabŽ. Foram utilizadas as seguintes concentraçþes por ensaio: 1- liga neutra (1,5%) e emulstab (1%), 2- liga neutra (2,5%) e Emustab (2%) e 3- liga neutra (3,5%) e Emustab (3%), baseados para 200 g de polpa. O teste de espuma consistiu em bater a polpa com aditivos utilizando uma batedeira planetåria da marca ArnoŽ, retirando a cada 5 minutos uma alíquota da amostra no período de 30 minutos, resultando assim 6 amostras de espuma por ensaio. O objetivo da anålise foi escolher a espuma, que apresentasse parâmetros como espuma firme (sem escorrer ao virar o recipiente, utilizando para o teste copo plåstico transparente), menor percentual de aditivos e menor tempo de batimento. Foram realizadas anålises físico-química para a polpa de manga princesa integral, espuma formulada e pós de manga obtidos durante a secagem. Estas amostras foram analisadas em triplicatas quanto a teor de ågua (%), sólidos totais (%), cinzas (%), acidez total titulåvel (ATT) (%), acidez em åcido cítrico (%), pH, sólidos solúveis totais - SST (°Brix), densidade (g/cm3), relação SST/ATT, conforme o Instituto Adolf Lutz (2008). Açúcares redutores em glicose (%), açúcares não redutores em sacarose (%) e açúcares totais (%), conforme Lane e Eyon (1923). à cido ascórbico (mg 100g-1) por Bernassi e Antunes (1998), e lipídeos (%) pelo mÊtodo de Folch, Less e Stanley (1957). As razþes de ågua (RX) e as curvas de razão de ågua em função do tempo de secagem foram calculadas e construídas a partir dos dados de perda de massa das amostras durante as secagens (as quais foram pesadas em intervalos iniciais de 5 minutos com duração de 50 min.; 10 min. durante 1h40min; de 20 min. durante 2h; 30 min. durante 3h; e de 1h interrompendo o processo ao se atingir o equilíbrio) e dos teores de ågua determinados ao final do processo. Para o cålculo da razão de ågua foi utilizada a equação 1.

đ?‘…đ?‘‹ =

Em que: RX: razĂŁo de ĂĄgua do produto (adimensional) X: teor de ĂĄgua do produto (% b.s.); Xi: teor de ĂĄgua inicial do produto (% b.s.) e; Xe: teor de ĂĄgua de equilĂ­brio do produto (% b.s.).

Os modelos matemĂĄticos (Tabela 1) foram ajustados aos dados experimentais obtidos do processo de secagem. Empregou-se o software STATISTICA 7.0ÂŽ por meio de anĂĄlise de regressĂŁo nĂŁo linear, pelo mĂŠtodo Quase-Newton.

135


Tabela 1. Modelos matemáticos empregados para os ajustes aos dados experimentais de secagem. Modelo

Equação

Midilli

RX = a exp(-ktn)+bt

Page

RX = exp(-ktn)

Henderson e Pabis

RX= a exp(-kt)

Newton

RX = exp (-kt)

Peleg

RX = 1-t /(a + bt)

Wang e Sing

RX = 1 + at + bt2

136

RX - Razão do teor de água do produto, adimensional; t - tempo de secagem (min); a, b k, n - constantes do modelo, adimensional.

Para escolha do modelo de melhor ajuste aos dados experimentais, considerou-se aquele com maior coeficiente de determinação (R2) e menor desvio quadrático médio (DQM). O DQM foi calculado conforme a Equação 2.

DQM 

 RX

 RX exp 

2

pred

(2)

n

Em que: DQM: desvio quadrático médio; RXpred: razão de água predito pelo modelo; RXexp: razão de água experimental e n: número de observações

Para a etapa de secagem foi utilizado um planejamento fatorial 22 com três pontos centrais, resultando em 7 experimentos. Foram utilizadas como variáveis independentes a temperatura (50, 60 e 70 °C) e a espessura da camada de espuma de (0,3; 0,5 e 0,7 cm), como apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Espaço experimental usado para secagem da polpa de manga princesa em camada de espuma com suas respectivas variáveis independentes, seus níveis reais e codificados. Variáveis independentes Experimentos Temperatura (°C)

Espessura (cm)


1

-1 (50)

-1 (0,3)

2

+1 (70)

-1 (0,3)

3

-1 (50)

+1 (0,7)

4

+1 (70)

+1 (0,7)

5

0 (60)

0 (0,5)

6

0 (60)

0 (0,5)

7

0 (60)

0 (0,5)

Fonte: Os autores.

Os dados obtidos experimentalmente da caracterização físico-química da polpa da manga princesa, da espuma e dos pós da polpa da manga princesa foram submetidos ao Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), em esquema fatorial, com três repetições. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa Assistat, versão 7.7 (SILVA e AZEVEDO, 2016).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos para a caracterização físico-química da polpa da manga princesa, e da espuma formulada estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Caracterização físico-química da polpa da manga princesa e da espuma formulada. Variáveis

Polpa

Espuma

Brasil (2016)*

Teor de água (% b.u)

84,65 ± 0,21a

81,08 ± 0,89b

-

Sólidos totais (%)

15,35 ± 0,21b

18,92 ± 0,89ª

12,50

Cinzas (%)

0,36 ± 0,10a

0,37 ± 0,02a

-

Sólidos solúveis totais (°Brix)

17,53 ± 0,00b

20,40 ± 0,00a

12

Acidez total titulável (%)

6,13 ± 0,10a

6,71 ± 1,13a

-

Acidez titulável (% de ácido cítrico)

0,39 ± 0,01a

0,43 ± 0,07a

0,30

Ph

4,73 ± 0,00b

4,82 ± 0,02a

3,50

Relação (SST/ATT)

2,86 ± 0,05a

3,09 ± 0,47a

-

Açúcar redutor (%)

4,95 ± 0,04a

3,72 ± 0,04b

-

Açúcar não redutor (%)

0,12 ± 0,01a

0,07 ± 0,01b

-

137


Açúcar total (%)

5,07 ± 0,32a

3,79 ± 0,24b

-

Ácido ascórbico (mg.100g-1)

6.41 ± 0,63b

9.55 ± 0,87a

6,10

Densidade (g.cm-³)

1,03 ± 0,09a

0,36 ± 0,03b

-

Lipídeos (%)

0,32 ± 0,14b

0,74 ± 0,06ª

-

Polpa (%)

60,68

-

-

*Padrões mínimos exigidos para a polpa. Médias seguidas pela mesma letra na mesma linha diferem estatisticamente ao nível de 1% de probabilidade. Letras iguais não diferem entre si ao nível de 5% pelo teste de Tukey.

138 Os valores apresentados foram comparados com o regulamento técnico para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) para polpa de manga, mediante Portaria n°58, de agosto de 2016 (BRASIL, 2016). Os dados apresentados corroboram com os padrões mínimos exigidos pela legislação. Devido a existência de poucas publicações sobre a manga princesa, comparou-se os resultados com outras variedades de manga. A manga princesa apresentou alto teor de água (84,65%), característica de alimentos perecíveis influenciando assim na sua qualidade, estabilidade, composição e armazenamento. Resultado próximo ao percentual determinado por Diógenes, Figueirêdo e Sousa (2015) para polpa de manga Haden integral (84,50%), bem como para polpa de manga (83,46 g.100g-1) conforme Lobo e Sidhu (2017); e superior ao percentual detectado para polpa de manga ‘Ataulfo’ em diferentes estágios de maturação (69,08 a 73,55%) conforme Costa et al. (2020). O teor de água decresceu significativamente na espuma (81,08%) quando comparada com a polpa (84,65%), explicado pela incorporação dos aditivos Super liga neutra e Emustab reduzindo o teor de água devido ao aumento dos sólidos. Os aditivos utilizados não interferiram no percentual de cinzas da espuma (0,37%), permanecendo quase a mesma da polpa (0,36%), sem diferenças estatísticas significativas, percentual semelhante aos detectados na polpa de manga espada de 0,36%, reportado por Silva et al. (2016). Contudo, os aditivos utilizados interferiram no teor de sólidos solúveis totais (°Brix) de 17,53 °Brix para a polpa, concentração superior aos detectado na polpa integral de manga Rosa de 15 °Brix (OLIVEIRA et al., 2017). Quando comparada a espuma houve um acréscimo significativo de 14% (20,40 °Brix). O teor de sólidos solúveis da espuma da manga princesa é semelhante aos reportados por Silva et al. (2017) para espuma da manga espada (19,80 °Brix). Segundo os mesmos autores, devido estes aditivos possuírem carboidratos na sua estrutura explica-se a elevação dos sólidos solúveis e elevação dos açucares. O mesmo foi obtido na presente pesquisa, sendo contrário para o teor de açucares, que obteve diferença estatística significativa a qual a espuma formulada obteve menor percentual. O pH da manga princesa é de 4,73, semelhante a manga Dosehri (4,78) (QURESHI et al., 2020), e superior a manga espada (3,67) dos estudos de Aragão et al. (2017). Houve um acréscimo significativo no pH, aumentando para a espuma formulada da manga princesa (4,82), o que não foi observado para a espuma da manga espada de Silva et al. (2017) podendo ser explicada pela quantidade de aditivo utilizada (3%). Assim, pode-se perceber que com o aumento da concentração dos aditivos aumentam as diferenças estatísticas quando comparada com a polpa integral. Contudo, estas diferenças, a depender do percentual e da variável analisada não são negativas, uma vez que houve aumento na quantidade de ácido ascórbico na espuma da manga princesa.


O teor de acidez em ácido cítrico de 0,39% para polpa não diferiu estatisticamente da espuma formula de 0,43%. A acidez da polpa foi inferior a polpa de manga Rosa de 8,90% em pesquisa de Oliveira et al. (2017). Os mesmos autores obtiveram comportamento inverso ao adicionarem 30% do aditivo maltodextrina a polpa formulada, reduzindo o ácido em mais de 50%. Tal fato pode ser explicado pelo tipo de aditivo utilizado, variedade de manga e o processo de obtenção do produto. Quanto aos açúcares totais a polpa apresentou-se com 5,07%, estes inferiores aos reportados para polpa de manga congelada (7,21%) de estudos de Araújo, Alves e Marques (2018). A polpa apresentou resultados significativamente superior para os açúcares quando comparada a espuma formulada, resultado não esperado, uma vez que os aditivos utilizados possuem carboidratos em sua composição. Quanto ao teor de ácido ascórbico, a manga princesa apresentou resultados (6,41 mg.100g-1) dentro do exigido pela legislação para polpa de manga, contudo, inferiores aos reportados na literatura, com base nos estudos de Silva et al. (2010) em que para a mesma variedade obtiveram para a polpa madura 101,46 mg.100g-1. Essa discrepância entre os resultados pode ser explicada por fatores de plantio incluindo solo, água, insolação, entre outros. Os resultados foram inferiores a manga espada 22,83 mg.100g-1 (COELHO et al., 2019). O aumento do ácido na espuma formulada pode ser atribuído a microencapsulação do ácido pelos aditivos, promovendo uma proteção a degradação por fatores como o ar e temperatura no processo de batimento. Devido ao processo de batimento (15 minutos), afim de transformar a polpa em espuma, influenciou na densidade da mesma (0,36 g/100 cm3) que reduz significativamente devido a incorporação de ar no processo, ficando assim a espuma leve e porosa. Foi observado por Cavalcante Neto (2017) que quanto maior o tempo de batimento e aditivo utilizado menor é a densidade da espuma formada. As frutas, possuem baixíssimo percentual de lipídeos, salve algumas. A diferença apresentada no percentual de lipídeo da polpa de manga (0,32%) para a espuma formula (0,74%), com percentual de diferença de mais de 57%, é devido aos aditivos utilizados, principalmente o Emustab®, que possui em sua composição mono e diglicerídios destilados. As diferenças obtidas no presente estudo podem ser explicadas devido a composição das mangas variar de acordo com a cultivar, condições culturais e atmosféricas, estágio de colheita, armazenamento, métodos aplicados na pós-colheita e os processamentos agregados. Na tabela 4 estão apresentados os parâmetros obtidos nos modelos matemáticos, ajustados aos dados experimentais da secagem da polpa de manga princesa em camada de espuma nas temperaturas de 50, 60 e 70 °C e espessuras de 0,3; 0,5 e 0,7 cm.

Tabela 4. Coeficientes dos modelos matemáticos analisados, coeficiente de determinação (R²) e Desvio Quadrado Médio (DQM) da cinética de secagem da polpa de manga princesa em camada de espuma. Parâmetros Modelo

Experimentos a

k

N

b

R2

DQM

1

0,985895

0,007958

1,305915

-0,000022

0,99973

0,0076

2

0,996046

0,009950

1,648660

-0,000074

0,99968

0,0086

Midilli

139


Henderson e Pabis

Newton

Page

3

0,975307

0,002095

1,323038

-0,000036

0,99868

0,0180

4

0,979161

0,002387

1,697500

-0,000034

0,99896

0,0159

5

0,974213

0,004866

1,475710

-0,000048

0,99909

0,0142

6

0,974420

0,003425

1,542573

-0,000096

0,99880

0,0168

7

0,977745

0,004229

1,476387

-0,000115

0,99909

0,0146

1

1,066555

0,027187

0,99555

0,0306

2

1,095180

0,071088

0,98348

0,0621

3

1,060676

0,010476

0,99361

0,0396

4

1,120080

0,033222

0,98489

0,0601

5

1,085387

0,030885

0,99073

0,0454

6

1,098707

0,029161

0,98721

0,0548

7

1,092619

0,028360

0,98875

0,0510

1

0,025381

0,99351

0,0369

2

0,065954

0,97916

0,0696

3

0,009742

0,99145

0,0458

4

0,029741

0,97851

0,0716

5

0,028425

0,98734

0,0530

6

0,026494

0,98226

0,0645

7

0,025884

0,98426

0,0603

1

0,008876

1,282318

0,99964

0,0087

2

0,010098

1,647138

0,99965

0,0091

3

0,002692

1,279317

0,99812

0,0215

4

0,003048

1,637746

0,99876

0,0173

5

0,006218

1,418835

0,99880

0,0164

6

0,004345

1,491058

0,99837

0,0196

7

0,004965

1,446058

0,99866

0,0177

1

33,06511

0,770892

0,98563

0,0549

2

14,28773

0,700020

0,97539

0,0756

Peleg

140


Wang e Sing

3

93,66241

0,714525

0,98750

0,0553

4

31,57604

0,699997

0,97427

0,0783

5

31,81820

0,723522

0,98269

0,0619

6

38,13367

0,640777

0,98461

0,0601

7

39,21713

0,636104

0,98726

0,0543

1

-0,014838

0,000049

0,96340

0,0871

2

-0,042448

0,000419

0,98838

0,0521

3

-0,006479

0,000010

0,98807

0,0540

4

-0,020292

0,000095

0,98822

0,0532

5

-0,018606

0,000080

0,98600

0,0557

6

-0,019173

0,000088

0,99700

0,0266

7

-0,018795

0,000085

0,99806

0,0213

Observa-se que os valores dos coeficientes de determinação (R2) se encontram acima de 0,96 e desvio quadrado médio (DQM) inferior a 0,09. Dos seis modelos testados aquele que melhor representou o processo da secagem foi o modelo de Midilli, obtendo os maiores coeficientes de determinação (R2) acima de 0,98, e menores desvios quadrático médio (DQM) menores ou igual a 0,0180. Contudo, o modelo de Page também representou bem o processo, uma vez que assim como observado por Pereira (2015) os modelos que possuem mais parâmetros, os valores de R2 aumentam. Assim, como os valores de R2 do modelo de Page foram próximos aos valores do modelo de Midilli, este também se adequou. Pê et al. (2016) ao estudarem a secagem de polpa de caqui pelo método camada de espuma, ajustando os experimentos aos modelos matemáticos de Cavalcanti Mata, Logarítmico, Midilli, e Page, obtiveram para todos os ajustes valores de R2 superiores a 0,96 e DQM inferiores a 0,01, sendo que destes modelos o de Cavalcanti Mata obteve os melhores ajustes. Cavalcante Neto (2017) dos modelos ajustados para a secagem em camada de espuma de cuxá para as formulações, sendo testada concentrações de Emustab® (5%) e albumina (10%), obteve para o modelo de Page melhor ajuste, atribuído a este modelo tanto os valores de R2 e DQM melhores, como também as curvas obtidas na cinética de secagem foram próximas as preditas do modelo experimental. Também se observa (Tabela 4) que a constante k, a qual representa a constante da taxa da cinética de secagem, aumentou com a elevação da temperatura, indicando assim que com a elevação da temperatura a uma maior facilidade para remoção de água do material. Contudo, a constante n que que representa a resistência interna a secagem aumentou com a elevação da temperatura. Tal fato pode ser explicado pela composição da matéria-prima, a qual possui elevado teor de açúcares, estes podem ter caramelizado na superfície do material aumentando assim a resistência do produto a secagem, contudo não interferindo no tempo de secagem, comportandose dentro do esperado.

141


Apresenta-se na figura 1, as curvas de secagem da polpa de manga princesa em camada de espuma para todas as temperaturas e espessuras usadas, representada pelo ajuste do modelo de Midilli aos dados experimentais.

Figura 1. Ajuste do modelo de Midilli aos dados experimentais da secagem da polpa da manga princesa em camada de espuma.

1,0

50 70 50 70 60 60 60

Razão de água (adimensional)

0,8

°C °C °C °C °C °C °C

esp. esp. esp. esp. esp. esp. esp.

0,3 0,3 0,7 0,7 0,5 0,5 0,5

cm cm cm cm cm cm cm

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)

142

0,6

0,4

0,2

0,0 0

100

200

300

400

500

Tempo (minutos)

Fonte: Os autores.

Analisa-se que o tempo de secagem é inversamente proporcional a temperatura, assim quando se tem o acréscimo na temperatura contata-se a diminuição do tempo da secagem. Quanto maior a espessura a secar maior é o tempo de duração. Uma vez que a maior temperatura (70 °C) obteve o menor tempo de secagem de 70 e 150 minutos nas espessuras de 0,3 e 0,7 cm, respectivamente. Os pontos centrais apresentaram tempo de secagem intermediário com duração de 140 a 170 minutos. A menor temperatura 50 °C apresentou os maiores tempos de secagem de 230 a 510 minutos nas espessuras de 0,3 e 0,7 cm, respectivamente. Comportamento semelhante foi observador por Silva Filho et al. (2016) na secagem em camada de espuma da polpa de manga Haden e por Guimarães, Figueirêdo e Queiroz (2017) na secagem em camada de espuma da polpa de manga Keitt. A caracterização físico-química da polpa de manga em pó encontra-se apresentada na Tabela 5. O teor de água apresentado variou entre 9,54 a 10,83%, correspondentes respectivamente aos experimentos 1 (50°C 0,3cm) e 7 (60°C 0,5 cm). Os valores aqui apresentados, bem como os comparados, estão dentro do percentual de umidade definido pela legislação Brasil (2005) que deve ser de no máximo 25%.

Tabela 5. Seleção da melhor polpa em pó de manga princesa por secagem em estufa de circulação de ar, em camada de espuma, quanto ao Rendimento (R), Ácido Ascórbico (AA) Teor de Água (TA), Lipídeos (LP) e Açúcar Total (AT).


Variáveis

Resultados obtidos da polpa em pó

T.

Esp.

(°C)

(cm)

1

50

0,3

21,37

2

70

03

3

50

4

ENS.

R(%)

AA

T.A (%)

LP (%)

AT(%)

45,14e

10,83a

6,73a

16,54d

21,29

114,47b

10,47ab

1,85cd

20,46b

0,7

21,14

58,35de

9,85ab

5,01abc

18,97bc

70

0,7

21,28

139,05a

10,47ab

1,44d

19,44bc

5

60

0,5

21,29

116,71b

10,48ab

5,68ab

23,42a

6

60

0,5

21,09

70,67cd

9,63b

3,58abcd

19,70bc

7

60

0,5

21,07

81,23c

9,54b

3,02bcd

18,09cd

(mg/100g)

Valores médios, na mesma coluna, seguidos de letras minúsculas distintas apresentam diferença estatisticamente significativa (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey.

Quanto ao ácido ascórbico, percebe-se que com o aumento da temperatura concentrou-se o ácido, sendo a de 70°C (maior temperatura) nas espessuras de 0,3 e 0,7cm os maiores valores do mesmo, 114,47mg/100g e 139,05mg/100g respectivamente, podendo ser explicado pelo menor tempo de secagem, e devido aos aditivos utilizados que funcionaram como uma microencapsulação retendo assim este composto. A temperatura intermediaria, 60°C, apresentou valores intermediários quanto ao ácido ascórbico, variando de 70,67 a 116,71 mg/100g. A menor temperatura, 50°C, foi a que obteve menores valores do referido ácido (45,14 e 58,35mg/100g), podendo ser explicado devido a sensibilidade do mesmo a longos períodos expostos ao ar, uma vez que a duração da secagem foi de 230 e 510 minutos, essa elevada faixa de tempo proporcionou uma desestabilidade a microencapsulação resultando assim na degradação do composto. Os valores de ácido ascórbico da manga em pó aumentaram significativamente quando comparados com a polpa integral e a espuma formulada. Ao comparar os teores de ácido ascórbico da presente pesquisa com os detectados por Souza et al. (2018) na liofilização da polpa de manga Kent, observa-se que a secagem em camada de espuma proporcionou uma maior retenção do ácido, tornando-se assim um processo mais viável, além de menor tempo de duração e menor custo de operação. Quanto aos açúcares totais observou-se que o ensaio 5 do ponto central (60°C 0,5cm) foi o que obteve maior percentual de açúcar total com 23,42%, diferindo estatisticamente dos outros pós de polpa de manga obtidos. O percentual de acréscimo de açucares da polpa da manga princesa, apresentado na tabela 3 mostra que para os pós de manga princesa a diferença percentual de açucares totais foram de mais de 75%, quando comparado ao pó que obteve maior percentual (23,42%), e de mais de 64% quanto o menor teor de açúcar do pó (16,54%). Esse fenômeno atendeu as expectativas, uma vez que com a retirada da água proporciona a concentração dos compostos, justificando o acréscimo, com exceção da água que é inversamente proporcional no processo de secagem.

143


Já os lipídeos obtiveram-se maior percentual para o pó da manga obtido no experimento 1 (50°C 0,3cm) de 6,73%. Pode-se observar que quando comparado as diferentes espessuras na mesma temperatura não houveram diferenças estatísticas significativas. Assim o pó selecionado foi aquele que obteve maiores índices de ácido ascórbico (139,05 mg/100g), teor de água de 10,47%, baixos teores de lipídeos (1,44%) e açucares totais 19,44%, referente a maior temperatura de secagem (70 °C) e maior espessura (0,7 cm), ocorrendo a secagem em 150 minutos.

CONCLUSÕES Conclui-se que o tempo da secagem da espuma formulada da polpa de manga princesa foi influenciada pela temperatura e espessura, ocorrendo mais rápida em maiores temperaturas e menores espessuras. Os modelos matemáticos propostos aos experimentos, ajustaram-se satisfatoriamente aos dados, mediante altos índices de coeficientes de determinação (R2) e menores valores para o desvio quadrático médio (DQM). Dos modelos ajustados o de Midilli foi o que melhor se ajustou aos dados experimentais para todas as condições analisadas. Observouse quanto aos parâmetros físico-químicos da polpa integral e da espuma formulada, que houveram poucas diferenças entre si, alguns parâmetros como ácido ascórbico concentram na espuma formula, para outros como os açucares a polpa foi detentora de maior percentual. O pó selecionado foi aquele que obteve melhores resultados, principalmente quanto ao teor de ácido ascórbico, referente ao experimento 4 (70 °C, 0,7 cm).

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146


Capítulo 17 SECAGEM SOLAR DE PRODUTOS AGRÍCOLAS: UMA ALTERNATIVA DE BAIXO CUSTO SÁ, Cícero Henrique Graduando em Engenharia Agronômica Universidade Federal do Vale do São Francisco cicero_sa@live.com COELHO, Bruno Emanuel Souza Pós-graduando em Agronomia/Produção Vegetal Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) souza.coelho.18@gmail.com SILVA, Laurenielle Ferreira Morais Graduando em Engenharia Agronômica Universidade Federal do Vale do São Francisco Laura_nielle01@hotmail.com SOUSA, Karla dos Santos Melo Doutora em Engenharia Agrícola Karla.smsousa@univasf.edu.br MACHADO, Neiton Silva Doutor em Engenharia Agrícola neiton.machado@univasf.edu.br

RESUMO A secagem de frutas consiste na redução de seu teor de umidade a um nível no qual seu metabolismo e/ou dos microrganismos a ele associados sejam minimizados. Devido à grande quantidade de perda de alimentos, principalmente, na cadeia produtiva de frutas, tem-se uma grande demanda de pesquisas relacionadas com a finalidade de combater esse problema favorecendo os agricultores familiares. Objetivou-se promover uma alternativa de melhoria de renda ao pequeno produtor rural do município de Petrolina/PE, através do incentivo à utilização de uma tecnologia acessível e de baixo custo, para a obtenção de frutas secas. Para a secagem, foi desenvolvido um protótipo de exposição direta, denominado de secador solar versão 2.0, derivado da versão 1.0, sem convecção forçada de ar. Para que pudesse apresentar e demonstrar a funcionalidade e utilidade, foram planejadas e realizadas oficinas pedagógicas utilizando o protótipo desenvolvido e matérias-primas disponíveis na região (goiaba, manga, uva, caju e banana). O processo de secagem solar é um processo apropriado e ao alcance do pequeno produtor rural, principalmente, por utilizar uma fonte energética abundante em todo Brasil e, especialmente, no Nordeste.

PALAVRAS-CHAVE: Agroindústria, Tecnologia, Agronomia.

INTRODUÇÃO A secagem de frutas consiste, basicamente, na redução de seu teor de umidade a um nível no qual seu metabolismo e/ou dos microrganismos a ele associados sejam minimizados, prolongando a vida de prateleira, e facilitando o transporte (COSTA, 2008).

147


No Brasil, os agricultores familiares, muitas vezes, ainda carecem de informações e de assistência técnica para acessarem informações técnicas, e políticas públicas que são primordiais para melhorar, aumentar e qualificar ainda mais a sua produção. (AUGUSTO; SACHUK, 2008; SOUZA et al., 2011; DE PAULA et al., 2014; BUENO; SILVA, 2014). Devido grande perda de alimentos, principalmente, na cadeia produtiva de frutas, têm- se um aumento de pesquisadores e extensionistas que vêm direcionando uma atenção especial ao tema, buscando alternativas para favorecer os pequenos produtores, ou seja, a agricultura familiar. E o foco principal é a construção de secadores solares com materiais de baixo custo, com boa eficiência e que tenham algum tipo de controle das propriedades termodinâmicas do ar de secagem, principalmente temperatura, umidade relativa e velocidade do ar de secagem (GRILO et al., 2009; SOUZA et al., 2012; PRAKASH; ANILKUMAR, 2013; TUNDE-AKINTUNDE, 2011). De acordo com Ferreira et al. (2008), secadores solares usam fontes de energia livres e renováveis, reduzem as perdas de secagem (em comparação com a secagem direta ao sol) e apresentam baixo potencial poluidor, custos operacionais e de manutenção mais baixos do que o método tradicional, que usa fontes de energia elétrica, secagem elétrica ou mineral. O desenvolvimento de secadores de baixo custo que utilizam como fonte energética a irradiação solar apresenta uma importância cada vez maior nos dias atuais, porque é uma alternativa para os produtores que não têm acesso aos secadores convencionais que operam com energia elétrica que têm elevado custo de aquisição e operação (BARBOSA, 2011). Objetivou-se promover uma alternativa de melhoria de renda ao pequeno produtor rural do município de Petrolina/PE, através do incentivo à utilização de uma tecnologia acessível e de baixo custo, para a obtenção de frutas secas.

MATERIAL E MÉTODOS Construção do secador solar de baixo custo e de exposição direta O protótipo utilizado para as realizações dos minicursos e oficinas foi o secador solar versão 2.0, construído no Laboratório de Agroindústria e no Laboratório de Construções Rurais do Campus de Ciências Agrárias, com o apoio do Laboratório de Armazenamento de Produtos Agrícolas Campus Juazeiro da Universidade Federal do Vale do São Francisco. Trata-se de um sistema de secagem solar de exposição direta, que trabalham em regime de convecção natural. Para a construção do secador solar verão 2.0 (Figura 1), foi utilizado um tambor metálico com capacidade para 200 L. Após o corte do tambor, foi afixada uma cantoneira retangular metálica 5/16 polegadas, para apoiar um vidro de 4 mm de espessura, com comprimento de 80,5 cm e largura de 69,5 cm, fixado com cola pneumática de silicone. Em uma das laterais foi afixado uma ventoinha de corrente alternada alimentadas por energia elétrica.

148


Figura 1. Versão 2.0 do secador solar

Fonte: Autor (2020).

Na outra lateral foi adaptada uma porta, para permitir a entrada da matéria prima, e saída do produto final (fruto seco). Por fim, para permitir a saída de ar frio, nessa porta foi confeccionado um orifício, em um protótipo com dimensão de 24 mm de diâmetro, e no outro protótipo com dimensão de 57 mm respectivamente (Figura 2).

Figura 2. Secador solar versão 2.0 com orifício de 24 mm de diâmetro (A) e com 57 mm de diâmetro (B).

Fonte: Autor (2020).

Para evitar a passagem de insetos, os orifícios foram cobertos com telas mosqueteiras de polietileno com 1,0 mm de abertura. E por fim, com uso de cantoneiras retangular metálica 5/16 polegadas e uma tela, foram construídas duas bandejas que irão receber a matéria-prima para desidratação.

Realização de palestras, oficinas e minicursos. Com o intuito de aproximar a comunidade acadêmica da comunidade externa, realizamos palestras, oficinas e minicursos em Petrolina e região. Para avaliação dos participantes, foram utilizados questionários não estruturais para saber o nível de conhecimentos dos ouvintes sobre essas tecnologias.

149


RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram ministradas diversas oficinas, uma delas foi no IV Workshop Nacional em Meio Ambiente e Sustentabilidade nos Territórios Semiáridos- IF Sertão, no dia 26 de julho de 2018, com o titulo de: secagem solar de frutas, em que tivemos a participação de 25 pessoas. Com a meta de levar os protótipos ao conhecimento da comunidade, realizamos, no dia 16 de novembro de 2018 no IF-Sertão, uma oficina sobre Construção de um secador solar de baixo custo e de exposição direta para a desidratação de frutas, ofertada na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Nesse encontro, conseguimos reunir dezessete pessoas que demostraram bastante interesse sobre o tema. A oficina de Desidratação de frutas com o uso de energia solar térmica ofertada durante o evento da UNIVASF, a Scientex, (Figura 3), conseguimos fazer as devidas atividades planejadas, desde a teoria sobre construção do secador e todo o processo de secagem de frutas com o uso solar térmico. Tivemos nesse encontro cinquenta pessoas.

Figura 3. Oficina: Desidratação de frutas com uso de energia solar térmica, ofertada na Scinetex 2018 da Univasf, em 27 de novembro de 2018.

Fonte: Autor (2020).

Também durante a Scientex 2018, participamos da I Mostra de Inovação e Empreendedorismo, em que conseguimos mostrar os protótipos e a importância da secagem. Por fim, foram realizados cinco encontros, dentre eles o último foi no IV Congresso Brasileiro de Educação Ambiental Interdisciplinar, Juazeiro-BA, com o tema do minicurso Secagem Solar de Manga, no dia 5 de dezembro de 2018. Tendo um publico alvo de oito pessoas. Durante esses eventos em que estivemos presentes, efetuamos a aplicação de questionários, com a meta de conhecer melhor os participantes, logo, observamos que dos 60 participantes, 93% são estudantes e apenas 2% eram agricultor, como mostra a Figura 4.

150


Figura 4. Analise das ocupações dos participantes dos eventos realizados.

151

Fonte: Autor (2020).

Para a pergunta se tinham conhecimento sobre alguma tecnologia para desidratação de frutas e hortaliças (Figura 5) resultou que 50% dos ouvintes responderam sim, e 50% responderam que não conhecia. Figura 5. Analise dos conhecimentos sobre tecnologias para desidratação de frutas e hortaliças.

Fonte: Autor (2020).

Outro pergunta abordada no questionário, era se eles como um pequenos produtores fariam a aquisição de um prototipo de secador solar de baixo custo para a produção de frutas secas (Figura 6).


Figura 6. Analise dos que fariam a aquisição de um prototipo de secador solar de frutas.

152

Fonte: Autor (2020).

Os resultados dessa pergunta obteve que 88% dos participantes que responderam o questionário fariam a aquisição do secador solar de baixo custo, mostrando que o prototipo atrai interresse e curiosidade sobre sua funcionalidade e oportunidade de gerar renda extra, apenas 3% das pessoas não teriam interresse no equipamento. Isso traz um ponto positivo, o mercado de frutas desidratadas tem um expressivo espaço para desenvolvimento, tanto em termos de produção quanto de consumo, principalmente porque a produção de frutas desidratadas no Brasil ainda é bastante incipiente ( SEBRAE,2015).

CONCLUSÕES O secador solar é de extrema importância para a agricultura familiar, pois se trata de um equipamento de baixo custo e fácil manuseio, apropriado e ao alcance do pequeno produtor rural, principalmente, por utilizar uma fonte energética abundante em todo Brasil e, especialmente, no Nordeste. Como se trata de uma fonte alternativa de baixo custo e mantém os princípios da agricultura familiar intactos, houve uma grande aceitação do público alvo, em que, por meio de oficinas, palestras e minicursos, cerca de 100 pessoas foram atingidas.

REFERÊNCIAS AUGUSTO, C. A.; SACHUK, M. I. Competitividade da agricultura orgânica no estado do Paraná. Caderno de Administração, v.15, n.2, p. 9-18, 2008. BARBOSA, J. R. P. Estudo da viabilidade de uso de secadores solares fabricados com sucatas de luminárias. Natal, RN. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 69 p. 2011. BUENO, C. da S.; SILVA, P. A. de O. Redes de informação como instrumento ao planejamento do desenvolvimento dos assentamentos rurais: o modelo do programa “PLANEJA” da


EMBRAPA. In: Congresso Da Sociedade Brasileira De Economia, Administração E Sociologia Rural. Anais... Goiânia, GO: Sober, 2014. CORNEJO, F. E. P.; NOGUEIRA, R. I.; WILBERG, V. C. Secagem como método de conservação de frutas. Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos (Documentos), 2003, 22 p. COSTA, A. R. S. Sistema de secagem solar para frutos tropicais e modelagem da secagem de banana em um secador de coluna estática. Natal-RN, 2008, 169 p. Tese (Doutorado em Engenharia Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, 2008. DE PAULA, M. M.; KAMIMURA, Q. P.; SILVA, J. L. G. da. Mercados institucionais na agricultura familiar: dificuldades e desafios. Revista de Política Agrícola, v.23, n.1, p. 34-35, 2014. GRILO, M. B. Fundamentos da energia solar: radiação solar e coletor solar plano conceitos básicos e aplicações. Campina Grande, PB: Editora da UFCG (EDUFCG), 60 p., 2007. PEREIRA, J. P. G.; OLIVEIRA, J. L. de; PEREIRA, R. M. P. G. Secador solar para a agricultura familiar. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 1, n.1, p. 923, 2006. SEBRAE. Como montar um negócio de frutas desidratadas. Disponível em: < https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-um-negocio-de-frutasdesidratadas,aae9e05452c78410VgnVCM1000003b74010aRCRD >. Acesso em 15 de março de 2020. SOUZA, L. G. M., SILVA, T. S., VIEIRA, A. P. N. B., BRITO, A. M. L., MARQUES, M. S., BATISTA, S. S. Construção de um secador solar a partir de sucatas de tambor de lixo. In: VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica. São Luís, MA, 2012. SOUZA, P. M.; FORNAZIER, A.; PONCIANO, N. J.; NEY, M. G. Agricultura familiar versus agricultura não-familiar: uma análise das diferenças nos financiamentos concedidos no período de 1999 a 2009. Documentos Técnico Científicos, v.42, n.1, p. 106-122, 2011. TUNDE-AKITUNDE, T. Y. Mathematical modeling of sun and solar drying of chilli pepper. Renewable Energy. v.36, p.2139-2145, 2011.

153


Capítulo 18 SELEÇÃO DE ADITIVOS UTILIZADOS NA SECAGEM EM CAMADA DE ESPUMA DA POLPA DO FRUTO DO MANDACARU

SOUSA, Karla dos Santos Melo de Dra. em Engenharia Agrícola Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) Karla.smsousa@univasf.edu.br FIGUEIREDO, Rossana Maria Feitosa de Dra. em Engenharia de Alimentos Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) rossanamff@gmail.com QUEIROZ, Alexandre José de Melo Dr. em Engenharia de Alimentos Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) alexandrejmq@gmail.com COELHO, Bruno Emanuel Souza Pós-graduando em Agronomia/Produção Vegetal Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) souza.coelho.18@gmail.com OLIVEIRA, Maria da Conceição Trindade Bezerra Dra. em Engenharia Agrícola e de Biossistemas Universidade Federal de Mato Grosso conceicaoufmt@gmail.com

RESUMO O mandacaru é uma das cactáceas de maior importância no semiárido Brasileiro, e seus frutos ainda são pouco explorados no cardápio brasileiro. O fruto do mandacaru é perecível e frágil, possuindo vida de prateleira curta, além de ser um produto sazonal. Uma das possíveis alternativas para o aproveitamento destes frutos é por transformação em polpa em pó por secagem em camada de espuma, que é um processo simples e de baixo custo, que consiste na transformação de alimentos líquidos ou pastosos em espumas estáveis através da incorporação de ar e adição de agentes espumantes e/ou estabilizantes. Este trabalho teve como objetivo elaborar e selecionar uma formulação composta da polpa do fruto do mandacaru e de diferentes concentrações de aditivos comerciais para obtenção de polpa em pó, utilizando o processo de secagem em camada de espuma. Os frutos do mandacaru foram despolpados, e transformados em espuma utilizando os aditivos: extrato de soja, albumina e super liga neutra. A seleção dos aditivos das suas concentrações foi feita em função da expansão volumétrica, densidade, e estabilidade da espuma do e tempo de batimento. A espuma, selecionada com as melhores características para a secagem, foi a composta de polpa do fruto do mandacaru, 2% de albumina e 2% de Super Liga Neutra, para um tempo de batimento de 5 min com densidade igual a 0,1566 g.cm-3.

PALAVRAS-CHAVE: Cereus jamacaru P. DC., processamento, armazenamento.

154


INTRODUÇÃO O bioma caatinga abriga um grande número de espécies vegetais endêmicas, especialmente da família Cactaceae, muito das quais são pouco estudadas e, consequentemente seus benefícios ainda não são aproveitados pelo homem (LUCENA et al., 2012; SILVA et al., 2019). O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.) é um cacto agigantado, colunar, multirramificado provido de espinhos. Os frutos são oblongos, casca grossa e vermelha, polpa branca com inúmeras sementes pequenas e pretas, suculenta, friável e igualmente doce e comestível (OLIVEIRA et al., 2015). Ainda que a exploração de consumos de cactos seja comum em alguns países, como o México que utiliza o fruto como alternativa às espécies tradicionais, a fim de atender as novas demandas e exigências de mercados interno e externo, por novos sabores, cores e texturas, no Brasil a utilização de cactáceas tem sido pouco comum em gêneros alimentícios (NASCIMENTO et al., 2011). O fruto do mandacaru é perecível e frágil, possuindo vida de prateleira curta, além de ser um produto sazonal. Com isso, e necessário o emprego de processos tecnológicos para aumentar a vida de prateleira, e chegar aos mercados mais distantes, reduzindo a sazonalidade (MELO et al., 2013). Uma das possíveis alternativas para o aproveitamento dos frutos do mandacaru é a secagem ou desidratação, que consiste na remoção parcial água do produto com o objetivo de promover longos períodos de armazenamento, sem que haja perdas significativas no processo, além de facilitar o armazenamento e transporte por dispensar o uso do frio (SOUSA et al., 2015). As técnicas de desidratação são muito variadas, e é conhecido que a qualidade nas propriedades dos produtos desidratados depende fundamentalmente dos métodos de secagem utilizados. A secagem em camada de espuma é um processo simples e de baixo custo, que consiste na transformação de alimentos líquidos ou pastosos em espumas estáveis através da incorporação de ar e adição de agentes espumantes e/ou estabilizantes. Algumas de suas vantagens são baixas temperaturas de processamento, curto período de desidratação, devido à maior área de contato com o ar, rápida remoção de água e obtenção de um produto poroso facilmente reidratável (GUIMARÃES et al., 2017). Este trabalho foi realizado com o objetivo principal de elaborar e selecionar uma formulação composta da polpa do fruto do mandacaru e de diferentes concentrações dos aditivos comerciais para obtenção de polpa em pó, utilizando o processo de secagem em camada de espuma.

MATERIAL E MÉTODOS Utilizaram-se, como matérias-primas, o fruto do mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.), proveniente da região circunvizinha de Campina Grande, localizada no Estado da Paraíba, e os aditivos: extrato de soja Mais Vita, albumina Neu Nutri (clara de ovo em pó) e Super Liga Neutra® Selecta (compostos à base de açúcar e dos espessantes goma guar e carboximetilcelulose). Obtenção da polpa Os frutos foram colhidos no estádio maduro, quando apresentavam cor de casca vermelha, em seguida foram colocados em caixas de isopor e levados ao laboratório, onde foram selecionados e sanitizados com solução de hipoclorito de sódio (50 ppm). Posteriormente foram cortados ao meio com o auxílio de uma faca e com uma colher a polpa com sementes foi retirada,

155


esta foi passada em prensa hidráulica para a separação da polpa das sementes. Após esta etapa a polpa sem semente (integral) foi embalada e congelada rapidamente por imersão dos sacos em nitrogênio líquido e em seguida armazenadas em freezer a -22 ºC até o momento da realização dos experimentos. Seleção da formulação Testes prévios indicaram que os aditivos albumina e Super Liga Neutra ambos nas concentrações de 2% em relação à massa da polpa, induziram à formação de espuma com características de expansão volumétrica e estabilidade da espuma adequadas à secagem, porém, com o objetivo de se obter uma espuma com densidade de 0,5 g.cm-3, valor recomendado como ideal por Bates (1964), testaram-se formulações e se incorporaram, além da polpa integral do fruto do mandacaru, albumina (2%) e da Super Liga Neutra (2%) adições de diferentes concentrações de extrato de soja (0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%). Utilizaram-se, como critérios para a seleção dos aditivos das suas concentrações e do tempo de batimento da formulação: a expansão volumétrica da espuma, a densidade da espuma e a estabilidade da espuma. A densidade foi determinada utilizando-se o método picnométrico (25 ºC). O método consiste na medida da massa de um volume conhecido do líquido em um picnômetro de 25 mL. A densidade foi calculada como a relação entre a massa e o volume das amostras (Equação 1).



m V

(1)

Em que:  - densidade (g.cm-3), m - massa (g) e V - volume (cm3).

Com os dados das densidades das espumas foi possível determinar a expansão volúmetrica (Equação 2):

 (%) 

1 / espuma 1 / polpa x100 1 / polpa

(2)

A estabilidade da espuma, com o tempo de batimento selecionado determinou-se a estabilidade das espumas das formulações testadas com diferentes concentrações de extrato de soja (0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%). A estabilidade das espumas foi determinada segundo a técnica descrita por Karin; CheeWai (1999). Para este 15 g da espuma foram colocados em funis, e o sistema foi levado à estufa com circulação de ar a 70 °C, durante 90 minutos, após 5 minutos na estufa o volume do líquido drenado para a proveta foi medido posteriormente, verificou-se o volume do líquido em intervalo de tempo de 10 minutos. A estabilidade da espuma é inversamente proporcional ao volume de líquido drenado para a proveta (Equação 3).



1 Vdrenado

(3)

156


Análise estatística Empregou-se visando à avaliação estatística dos dados de densidade das espumas, o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial, com 6 tempo de batimentos (5, 10, 15, 20, 25 e 30 min) e 5 concentrações de extrato de soja (0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%) e 3 repetições, com a comparação entre médias pelo teste de Tukey. Utilizou-se o programa computacional ASSISTAT versão 7.5 Beta (SILVA; AZEVEDO, 2006). Ajustes com equações lineares e quadráticas também foram realizados a fim de se obter, equações de regressão para a estimativa do volume coletado de líquido (mL) em função do tempo de drenagem (min) para as diferentes concentrações de extrato de soja (%), com o auxílio do programa computacional STATISTICA versão 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os valores médios da densidade das espumas (g.cm-3) das diferentes formulações em função das diferentes concentrações de extrato de soja (0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%) e tempos de batimento (5, 10, 15, 20, 25 e 30 min). Os valores da densidade da espuma do tempo zero não puderam ser determinados em razão de, neste tempo, não existir espuma, apresentando as formulações duas fases distintas: sólido e líquido.

Tabela 1. Valores médios da densidade da espuma (g.cm-3) das diferentes formulações em função da concentração de extrato de soja e do tempo de batimento. Concentração de extrato de soja (%) Tempo (min) 0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

5

0,1566 Ae

0,2386 eD

0,3122 dC

0,3882 eB

0,4666 dA

10

0,1531 abE

0,2344 eD

0,3183 dC

0,4216 dB

0,4889 cA

15

0,1367 Ce

0,2528 dD

0,3625 cC

0,4505 cB

0,4945 cA

20

0,1325 cE

0,2894 cD

0,3877 bC

0,4584 cB

0,5087 bA

25

0,1348 Ce

0,3138 bD

0,4053 aC

0,4698 bB

0,5142 abA

30

0,1482 Be

0,3288 aD

0,4115 aC

0,4862 aB

0,5219 aA

DMS colunas = 0,0081; DMS para linhas = 0,0077; CV =0,971%; MG = 0,3463 g.cm-3. MG: Média geral; CV: Coeficiente de variação e DMS: Desvio mínimo significativo Médias seguidas das mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Verifica-se individualmente, para cada tempo de batimento, que com o aumento da concentração de extrato de soja ocorre o aumento significativo da densidade da espuma das formulações de acordo com o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Estes aumentos entre a

157


amostra com 0% extrato de soja e a amostra com 2,0%, foram de 197,96; 219,33; 261,74; 283,92; 281,45 e 252,15%, para os tempos de batimento de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 min, respectivamente. Contrariamente, Karin; Chee-Wal (1999) observaram para a polpa de carambola que com o aumento da concentração de metilcelulose (Methocel) houve redução da densidade da espuma. Diante desses se resultados se constata que as características da polpa de fruta e o tipo e a concentração dos aditivos utilizados influenciam na densidade da espuma. Analisando-se a influência do tempo de batimento nota-se, que para as formulações contendo extrato de soja (0,5; 1,0, 1,5 e 2,0%) que existe uma tendência de aumento da densidade da espuma com o aumento do tempo de batimento. Verifica-se para a formulação com 0,5% de extrato de soja que as densidades entre os tempos de batimento de 5 e 10 min são estatisticamente iguais, conseguindo-se a maior densidade da espuma aos 30 min de batimento. Observa-se, para a formulação com 1,0% de extrato de soja que as densidades da espuma entre os tempos de 5 e 10 min e entre 25 e 30 min são estatisticamente iguais, com o maior valor da densidade obtido no tempo de 30 min. Para a formulação com 1,5% de extrato de soja as médias da densidade da espuma são estatisticamente diferentes, exceto entre os tempos de 15 e 20 min, apresentando também a maior densidade aos 30 min de batimento. Já a formulação com 2,0% de extrato de soja, constata-se que não existe diferença significativa entre as densidades entre os tempos de 10 e 15 min, entre 20 e 25 min e entre 25 e 30 minutos, com o valor máximo da densidade atingido também aos 30 min. O aumento da densidade da espuma entre o tempo de batimento de 5 e 30 min foi de 37,80; 31,81; 25,24 e 11,85% para as formulações com 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0% de extrato de soja, respectivamente. O aumento da densidade da espuma pode ser atribuído, de acordo com Lau; Dickinson (2005), à diminuição do filme líquido, maior deformação mecânica e maior ruptura da parede das bolhas durante o batimento prolongado. Similarmente, Sankat; Castaigne (2004) ao avaliarem a influência do tempo de batimento e da concentração de proteína de soja na densidade da espuma formulada com polpa de banana, verificaram que com o aumento do tempo de batimento, entre 0 (zero) e 12 min, houve um aumento da densidade da espuma, mas, contrariamente, com o aumento da concentração de proteína de soja houve redução da densidade. Diferentemente das formulações com adição de extrato de soja, a formulação com 0,0% não apresentou tendência de aumento da densidade com o aumento do tempo de batimento, verificam-se o maior valor da densidade da espuma aos 5 min de batimento. Comportamento inverso foi encontrado por Thuwapanichayanan et al. (2008) para a polpa de banana com a adição de diferentes concentrações de albumina, em que o tempo de batimento influenciou na densidade da espuma de modo que esta foi reduzida até o tempo de 20 min e depois houve um aumento no valor da densidade. Esses mesmos pesquisadores também verificaram que quanto maior a concentração de albumina menor a densidade da espuma. Nota-se que as médias encontradas para a densidade da espuma encontram-se numa faixa entre 0,1531  0,5219 g.cm-3, estando estes valores de acordo com a faixa considerada ideal por Soares et al. (2001) que é entre 0,1 a 0,6 g.cm-3 e contrariando, algumas amostras, o valor recomendado por Bates (1964) de 0,5 g.cm-3. Apresentam-se na Figura 1 estão apresentadas as curvas do volume da espuma (cm3) em função do tempo de batimento (min) para as diferentes formulações, com o tempo máximo avaliado de 30 min. As formulações testadas continham polpa do fruto do mandacaru adicionadas de percentuais fixo de 2% de albumina e de 2% de super liga neutra e com concentração variável de extrato de soja (0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%).

158


Verifica-se para as amostras com concentração de extrato de soja de 1,0; 1,5 e 2,0% que a maior expansão ocorreu no tempo de 5 minutos, com aumento do volume da espuma de 184,63; 119,14 e 90,89%, respectivamente, nota-se após este tempo que com o aumento do tempo de batimento há uma diminuição no volume da espuma. Para a formulação com 0,5% de extrato de soja, observa-se que há um aumento do volume com o tempo de batimento até os primeiros 10 minutos, posteriormente ocorre uma diminuição no volume da espuma. Já para a formulação contendo 0% de extrato de soja o aumento máximo do volume da espuma ocorre aos 20 min de batimento, em seguida este volume sofre um decréscimo. Constata-se ainda que as curvas das formulações com 1,5 e 2,0% de extrato de soja são muito próximas. No processo de secagem em camada de espuma tem-se por objetivo encontrar o tempo de batimento da espuma, o que segundo Rajkumar et al. (2007) é obtido quando a espuma apresenta a maior expansão volumétrica e o menor valor de densidade, o que no caso deste trabalho, isso é possível ser obtido com o menor tempo de batimento.

Figura 1.Volume da espuma (cm3) em função do tempo de batimento (min) para as formulações contendo diferentes concentrações de extrato de soja 800

700

Volume da espuma (cm3)

600

500

0,0 % 0,5 % 1,0 % 1,5 % 2,0 %

400

300

200

100

0 0

5

10

15

20

25

30

Tempo de batimento (min)

A partir dos resultados da expansão volumétrica e da densidade da espuma selecionou-se o tempo de batimento de 5 min para se avaliar a estabilidade das espumas. Na Tabela 2 se apresentam equações de regressão (linear e quadrática), com seus respectivos coeficientes de determinação (R²), propostas para o cálculo do volume coletado do líquido drenado (mL), para um tempo de batimento da espuma de 5 min, em função do tempo de drenagem (min), para as formulações com diferentes concentrações de extrato de soja (0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0%). Sabe-se que este parâmetro é um indicativo da estabilidade da espuma durante a secagem. Nota-se para todas as concentrações de extrato de soja (%) que a equação que melhor representou o volume coletado do líquido (mL) em função do tempo de drenagem (min) foi a equação quadrática, apresentando coeficientes de determinação (R²) superiores a 0,96.

159


Tabela 2. Equações de regressão propostas para o cálculo do volume coletado do líquido (mL) em função do tempo de drenagem (min) para as diferentes concentrações de extrato de soja (%) Concentração de extrato de soja (%)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Equação

R2

V   0,1270  0,0648 t

0,9341

V  0,6164 0,1070t  0,0005t 2

0,9651

V  0 , 0749  0 , 0676 t

0,9135

V  0,6380 0,1291t  0,0007t 2

0,9726

V  1,1282  0,0782 t

0,8374

V  0,2568 0,1977t  0,0014t 2

0,9901

V  1, 6711  0 , 0901 t

0,8803

V  0,3275 0,2061t  0,0013t 2

0,9939

V  2,3851  0,0943 t

0,7956

V  0,4571 0,2607t  0,0019t 2

0,9887

V – volume de líquido coletado (mL); t – tempo de drenagem (min).

Na Figura 2 têm-se a representação gráfica do volume coletado do líquido (mL) em função do tempo de drenagem (min) para as diferentes concentrações de extrato de soja (%), com ajuste pela equação de quadrática. Segundo Bastos et al. (2005) a importância deste teste reside na determinação de um nível mínimo de agente estabilizante necessário para a produção de espuma com estabilidade adequada para o processo de secagem em camada de espuma. Muitos alimentos contêm naturalmente proteína solúvel e monoglicerídeos e produzem espumas quando batidos, no entanto a espuma produzida é insatisfatória para a desidratação. Por isso é necessária a adição de agentes espumantes e estabilizantes, para induzir a formação da espuma e transmitir estabilidade (BATES, 1964). Os aditivos que foram adicionados à formulação com o objetivo de ter a função de agente espumante foram a albumina, de estabilizante a Super Liga Neutra, e de surfactante, a proteína de soja. Como a estabilidade da espuma é um parâmetro importante para a secagem em camada de espuma e é inversamente proporcional ao volume de líquido coletado, observa-se na Figura 2 que com o aumento da concentração de extrato de soja (%) ocorre um aumento no volume coletado de líquido (mL), sendo assim, a formulação que apresentou maior estabilidade foi a com 0% de extrato de soja. Contrariamente, Raharitsifa et al. (2006) ao avaliarem a estabilidade de espumas de formulações elaboradas com suco de maçã e com os aditivos, proteína de ovo e metilcelulose, em

160


diferentes concentrações, verificaram que com o aumento destes aditivos houve um decréscimo do volume coletado.

Figura 2. Volume coletado de líquido (mL) em função do tempo de drenagem (min) para as diferentes concentrações de extrato de soja (%) com ajuste pela equação quadrática. 10

Volume coletado (mL)

8

161 6

4

0,0 % 0,5 % 1,0 % 1,5 % 2,0 %

2

0 0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Tempo de drenagem (min)

Bastos et al. (2005) também verificaram que a estabilidade de espumas com diferentes concentrações de Twen 60 adicionados à polpa de manga aumentou com o aumento da concentração do aditivo. Com os dados apresentados, nota-se através dos parâmetros densidade da espuma, expansão volumétrica e estabilidade da espuma, que a Formulação no 1, composta por polpa integral do fruto do mandacaru + 2% de albumina + 2% de Super Liga Neutra e sem a adição de extrato de soja, apresentou os melhores resultados. Para o tempo de batimento de 5 min a densidade da espuma produzida a partir desta formulação foi de 0,1566 g.cm3, dentro da faixa recomendada por Soares et al. (2001); a expansão volumétrica foi de 584,57 cm3 e a estabilidade da espuma medida através do volume coletado de líquido drenado que foi de no máximo 4,91 mL para o tempo avaliado de 90 min. Sendo assim, esta foi à formulação selecionada para a realização da segunda etapa deste trabalho que foi a secagem em camada de espuma.

CONCLUSÕES A espuma, selecionada com as melhores caracterísiticas para a secagem, foi a composta de polpa do fruto do mandacaru, 2% de albumina e 2% de Super Liga Neutra (Formulação nº1), para um tempo de batimento de 5 min com densidade igual a 0,1566 g.cm-3. Os aditivos incorporados à polpa do fruto do mandacaru influenciaram as características físico-químicas da espuma.


REFERÊNCIAS BASTOS, D. S.; SOARES, D. M. B. G.; ARAÚJO, K. G. L.; VERRUMA-BERNARDI, M. R. Desidratação da polpa de manga “Tommy Atkins” utilizando a técnica de foam mat drying: avaliações químicas, físico-químicas e sensoriais. Brazilian Journal of Food Technology, v. 8, n. 4, p. 283-290, 2005. BATES, R. P. Factors affecting foam production and stabilization of tropical fruit products. Food Technology, v.18, n.1, p. 93–96, 1964. GUIMARÃES, M. K. A.; FIGUEIRÊDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M. Foam-mat drying kinetics of Keitt mango pulp. Revista Caatinga, Mossoró, v.30, n.1, p.172 –180, 2017. KARIM, A. A.; CHEE-WAI, C. Foam-mat drying of starfruit (Averrhoa carambola L.) LAU, C. K.; DICKINSON, E. Instability and structural change in an aerated system containing egg albumen and invert sugar. Food Hydrocolloids, v. 19, n. 1, p. 111–121, 2005. LUCENA, C. M.; COSTA, G. G. S.; CARVALHO, T. K. N.; GUERRA, N. M.; QUIRINO, Z. G. M.; LUCENA, R. F. P. Uso e conhecimento de cactáceas no município de são mamede (Paraíba, Nordeste do Brasil). Biofar: Revista de Biologia e Farmácia, v.Especial, p. 121-134, 2012. MELO, K. S.; FIGUEIRÊDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M.; FERNANDES, T. K. S.; BEZERRA, M. C. T. Secagem em camada de espuma da polpa do fruto do mandacaru: experimentação e ajustes de modelos matemáticos. Revista Caatinga, v.6, n.2, p.10-17, 2013. NASCIMENTO, V. T.; MOURA, N. P.; VASCONCELOS, M. A. S.; MACIEL, M. I. S.; ALBUQUERQUE, U. P. Chemical characterization of native wild plants of dry seasonal forests of the semi-arid region of northeastern Brazil. Food Research International, v.44, n.7, p.21122119, 2011. OLIVEIRA, A. S.; FIGUEIRÊDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M.; BRITO, J. G. Estabilidade da polpa do Cereus jamacaru em pó durante o armazenamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.19, n.2, p.147-153, 2015. RAJKUMAR, P.; KAILAPPAN, R.; VISWANATHAN, R.; RAGHAVAN, G.S.V. Drying characteristics of foamed alphonso mango pulp in a continuous type foam mat dryer. Journal of Food Engineering, v.79, n.4, p. 1452–1459, 2007. SANKAT, C. K.; CASTAIGNE, F. Foaming and drying behaviour of ripe bananas. Lebensmittel-Wissenschaft und-Technologie, v.37, n.5, p. 517–525, 2004. SILVA, F. A. S.; AZEVEDO, C. A. V. A New Version of the assistat-statistical assistance software. In: WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 4., Orlando. Anais... Orlando: American Society of Agricultural Engineers, 2006. p. 393-396. SILVA, S. N.; SILVA, P. B.; SILVA, R. M.; SILVA, L. P. F. R.; BARROSO, A. J. R.; ALMEIDA, F. A. C.; GOMES, J. P. Composição físico-química e colorimétrica da polpa de frutos verdes e maduros de Cereus jamacaru. Magistra Cruz das Almas-BA, v. 30, p. 11-17, 2019. SOARES, E.C.; OLIVEIRA, G. S. F.; MAIA, G. A.; MONTEIRO, J. C. S.; SILVA, A. J.; FILHO, M. S. S. Desidratação da polpa de acerola (Malpighia emarginata D.C.) pelo processo “Foammat”. Revista de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.21, n.2, p. 164-170, 2001.

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Capítulo 19 SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR: AS REDES SOCIAIS COMO AGENTES DE PERCEPÇÃO

BRANDÃO, Gabriella Henrique Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba gabriellabrandao77@gmail.com BARROSO, Vitória Saskia Ferreira Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba vitoriasaskia17@gmail.com SOUZA, Bruna dos Santos Graduanda em Agroecologia Universidade Estadual da Paraíba souza.brusbs@gmail.com

RESUMO O modelo agrícola imposto pela revolução verde trouxe uma série de mudanças, entre elas destaca-se o uso de agrotóxicos, a crescente industrialização dos alimentos, logo, observa-se um cenário de insegurança para a população, pois estes produtos em sua maioria não contêm todas as informações necessárias sobre sua produção e composição, além disso, a monocultura dos campos é refletida nos alimentos, que são os mesmos produtos e seus derivados, privando os consumidores de uma alimentação rica, diversa, variada e saudável, excluindo-os do direito a ter soberania alimentar. Buscou-se conhecer as percepções sobre Soberania e Segurança alimentar de usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande- Paraíba, foi realizada uma pesquisa quantitativa entre os dias 19 a 26 de fevereiro de 2020, através de um questionário online com perguntas referentes aos conhecimentos das pessoas sobre alimentação, segurança e soberania alimentar, este foi veiculado através das principais redes sociais (Facebook, Whatsapp e Instagram). Diante dos resultados foi possível perceber que o público possui um conhecimento limitado no que se refere a Soberania e Segurança alimentar, fazendo-se necessária uma maior propagação de informações sobre o tema entre o público.

PALAVRAS-CHAVE: Biodiversidade, Sustentabilidade, Nutrição.

INTRODUÇÃO A revolução verde trouxe consigo inúmeras mudanças para o cenário da agricultura, entre elas destaca-se a crescente industrialização dos alimentos, a biotecnologia em favorecimento de cultivares transgênicos, a intensificação da mecanização agrícola e a utilização constante de produtos para fins fitossanitários, os agrotóxicos. Diante das mudanças presentes no novo modelo agrícola vigente, está a limitação de informações sobre os produtos a serem consumidos e um espelho da monocultura que impera nos grandes campos dos latifúndios, a alimentação tende a provir dos mesmos alimentos e seus derivados, o que acarreta na perda de diversidade, insegurança e falta de soberania alimentar (SERRA et al., 2016). Segundo Assis, Priore e Franceschini (2017), uma alimentação variada e diversa oferece mais nutrientes essenciais ao funcionamento saudável de nosso organismo, ofertando também

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mais proteínas e outras substâncias fundamentais para a saúde. No atual modelo agrícola vigente, existe uma monopolização dos alimentos, assim os consumidores não tem acesso a uma variedade em sua alimentação, mas tem uma falsa sensação de diversidade, quando na verdade consomem os mesmos alimentos e seus derivados (SERRA et al., 2016). O intenso uso de agrotóxicos e a autorização do uso de produtos já proibidos em outros países, faz do Brasil um país campeão quando se trata da utilização de agrotóxicos e agroquímicos. Diante do que foi dito, observa-se uma situação de insegurança alimentar, de modo que entre os agrotóxicos utilizados existem produtos de baixo, médio e alto risco toxicológico, o muito deles são de níveis altos de toxidade, o que pode causar uma série de distúrbios e agravamentos para a saúde das pessoas (LIMA et al., 2019). A falta de informações sobre os alimentos, a crescente industrialização da alimentação e o aumento exacerbado no uso de agrotóxicos e cultivares transgênicos, refletem situações de falta de segurança e soberania alimentar, uma vez que a população não tem acesso a uma alimentação diversa e variada e consomem produtos quem provém de cultivos tratados com produtos de alta toxidade e de potenciais nocivos ou incertos (ASSIS; PRIORE; FRANCESCHINI, 2017). As redes sociais representam um avanço proporcionado pela globalização, através delas é possível a facilitação da comunicação, logo, tal aproximação possibilita conhecer as opiniões e percepções das pessoas sobre temas relativos ao seu modo de viver. Diante do que foi dito, foi utilizada tal facilitação da comunicação para conhecer as percepções de usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande - PB sobre Segurança e Soberania alimentar, visando construir pontos de partida para a tomada de decisões que possibilitem uma melhor divulgação e discussão do tema com o público.

MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa de caráter quantitativo foi realizada através da plataforma online Survio (2020), o questionário online foi veiculado pelas redes sociais (Facebook, Instagram e Whatsapp) entre os dias 19 a 26 de fevereiro de 2020, alcançando 100 respondentes residentes da cidade de Campina Grande-PB. Para conhecer as percepções dos usuários de redes sociais residentes em Campina Grande - PB sobre Soberania e Segurança alimentar, o questionário foi estruturado em 13 perguntas, as primeiras se referiam a informações pessoais sobre os respondentes, em seguida foram abordadas questões sobre a percepção deles sobre o que seria segurança e soberania alimentar, se eles achavam que existe segurança e soberania alimentar na vida deles, se eles se sentem seguros diante do que é disponibilizado para a alimentação deles, se acham que existe diversidade em suas refeições, se consideram que a diversidade é um fator importante para a alimentação, o que levam em consideração ao escolher um alimento, o que consideram ao atribuir a qualidade de ecológico e sustentável a um alimento, se acham que os produtos a serem consumidos devem conter todas as informações sobre sua produção e composição química em seus rótulos e se acham que o consumidor deveria ser mais criterioso no que se refere a sua alimentação. O percentual de respondentes para cada questão foi gerado pela plataforma online Survio (Survio, 2020). Os resultados foram analisados através dos percentuais obtidos e em seguida interpretados e confrontados com outros trabalhos sobre o tema.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Gallina et al. (2017), a crescente industrialização dos alimentos acarreta em uma carência de soberania alimentar, uma vez que as monoculturas dos latifúndios estão sendo representadas na monopolização da alimentação, assim, os consumidores tem acesso aos mesmos produtos e seus derivados, o que prejudica a soberania e diversidade alimentar. Os três primeiros questionamentos fazem referência a informações pessoais sobre os respondentes, logo, observou-se que 67% são do sexo feminino e 33% do sexo masculino, sendo que 2% tem menos de 15 anos, 73% tem entre 15 e 29 anos, 24% entre 30 e 59 anos e 1% tem entre 60 e 79 anos. O público foi questionado em relação à sua escolaridade, logo, 6% responderam ter estudado até o ensino fundamental, 29% disseram ter estudado até o ensino médio, 6% possuem ensino de nível técnico e 59% disseram estar cursando ou ter ensino superior completo. Diante dos resultados das três primeiras questões, pode-se conhecer o público de respondentes, este é composto por jovens e adultos em sua grande maioria, uma parcela considerável cursa ou já concluiu o ensino superior e uma pequena parcela estudou até o ensino fundamental. O Gráfico 1 mostra o percentual de cada resposta do público, quando questionados sobre o que significa Soberania alimentar. Gráfico 1. “Você sabe o que significa Soberania alimentar?”

Fonte: Usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande-PB

A 4º questão perguntava o que é Soberania alimentar, 12% responderam: “1- Sim, mas não sei explicar.”, 6% responderam: “2- Sim, é o nosso direito de escolher os alimentos que estarão presentes em nossa alimentação”, 38% responderam: “3- Sim, é o nosso direito de escolher os alimentos que farão parte de nossa alimentação, nossa liberdade para comer alimentos diversos e ricos em nutrientes, além de saber de onde vem esses alimentos e conhecer a sua cadeia produtiva” e 44% responderam que 4- Não sabem o que é Soberania alimentar. Em análise aos resultados do presente questionamento, é possível observar que uma parcela considerável dos respondentes disseram não saber o que é Soberania alimentar, o que constitui algo sério e grave, pois, considerando que comer constitui um ato político, devemos conhecer as possibilidades e informações referentes aos alimentos que estamos consumindo, o ato de exercer nossos direitos de escolha de produtos sustentáveis e diversos é o que caracteriza a Soberania, não conhecer os próprios direitos pode constituir um risco para a saúde dos consumidores e suas famílias (BERNARDES et al., 2016).

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A 5º pergunta questionava sobre o que é Segurança alimentar, 2% responderam: “Conhecer a cadeia produtiva do alimento”, 7% responderam: “Conhecer o alimento”, 43% responderam: “Conhecer os ingredientes e/ou a composição química do alimento ou produto, saber de onde ele vem e conhecer a sua cadeia produtiva”, 47% responderam: “Todas as opções”, que correspondem a “Conhecer a cadeia produtiva do alimento, conhecer o alimento, sua composição química, saber de onde ele vem.” e 1% respondeu “Nenhuma das opções”. Diante dos resultados, é possível notar que grande parcela dos respondentes marcaram opções mais completas de respostas, que dizem respeito a conhecer os ingredientes e\ou composição química dos alimentos e produtos, além de saber a origem deles, conhecer suas cadeias produtivas e os processos pelos quais passam até chegar em suas mesas. De acordo com Castro (2019), o termo Segurança alimentar pode ter vários sentidos e significados, entre eles está o direito de ter acesso a produtos saudáveis e sustentáveis, que não comprometam os recursos naturais no presente e nem futuro, além disso, a regularidade desse acesso constitui princípios da segurança alimentar, levando em consideração que o alimento é um bem comum e necessário a todos os seres vivos, assim, estes devem ser de qualidade e diversos, garantindo saúde, segurança, nutrição e soberania. O 6º questionamento perguntava ao público se acredita que existe soberania em sua alimentação, 35% responderam: “Sim, tenho a liberdade de escolher o alimento que eu quiser consumir, rico em diversidade e nutrientes essenciais para a saúde”, 10% responderam: “Sim, mas não sei explicar o porquê”, 37% responderam: “Não, os alimentos que consumo são os mesmos e seus derivados, os mercados não oferecem diversidade para a alimentação” e 18% responderam: “Não, mas não sei explicar o motivo”. Segundo Guedes et al. (2017), a maioria dos alimentos ofertados são processados e têm causado doenças como a obesidade e também desnutrição. Assim, se faz necessário conhecer o ponto de vista das pessoas sobre a sua alimentação, diante disso, é possível notar que 37% das pessoas responderam que os alimentos que consumem são os mesmos e seus derivados e 35% disseram que tem a liberdade para escolher o alimento que preferir, este rico em diversidade e nutrientes essenciais para a saúde. Através do que foi dito anteriormente, pode-se perceber que os respondentes se dividem em dois opostos: os que reconhecem a monopolização dos alimentos e os que acreditam ter diversidade de alimentação no atual modelo agrícola químico-dependente. O Gráfico 2 mostra os percentuais de cada resposta do público quando questionados se sentem segurança diante do que é disponibilizado para sua alimentação. Gráfico 2.” Você se sente seguro diante do que é disponibilizado para a sua alimentação?”

Fonte: Usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande-PB.

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A 7º questão perguntava se o público se sente seguro diante do que é disponibilizado para sua alimentação, 11% responderam: “1- Sim, os produtos disponíveis nas feiras convencionais e mercados nos proporcionam segurança alimentar”, 4% responderam: “2- Sim, mas não sei explicar o porquê”, 73% responderam: “3- Não, a maioria dos alimentos ofertados não possuem as informações necessárias sobre sua produção e composição, o que nos deixa em situação de insegurança alimentar” e 12% responderam: “4- Não, mas não sei explicar o porquê”. Os resultados do presente questionamento apresentam uma disparidade quando colocados em analogia ao questionamento 6º, de modo que 35% responderam ter a liberdade para escolher o alimento que querem consumir e este alimento rico em diversidade e nutrientes essenciais para a saúde, em contrapartida, no atual questionamento, 73% responderam que não se sentem seguros diante dos alimentos disponibilizados, pois estes não contêm as informações necessárias sobre sua produção e composição. Diante do 8º questionamento sobre o que levam em consideração ao escolher os alimentos, 41% responderam que levam o preço em consideração, 10% disseram que levam em consideração o valor nutricional, 2% citaram que prestam atenção na composição química dos produtos na hora de escolher, 41% disseram que visam todas as alternativas, o preço, o valor nutricional e a composição química e 6% responderam que levam em consideram outras características. Em análise aos resultados apresentados, 41% das pessoas responderam que levam em consideração somente o preço do produto e outros 41% consideram o preço, valor nutricional e composição química dos alimentos, o que revela um cenário de critérios limitados da população ao fazer a escolha dos produtos que irão compor a sua alimentação. Segundo Santos et al. (2016), o conjunto de informações presentes nos rótulos dos alimentos têm se tornado fator primordial para a promoção de saúde e diminuição dos riscos de doenças, além disso, tal acesso é um direito da população enquanto consumidores, de modo que seja garantida a completa informação sobre toda cadeia produtiva do alimento e sua composição. O Gráfico 3 mostra o percentual de cada resposta do público quando questionado sobre a importância de informações completas sobre os alimentos nos rótulos. Gráfico 3. “Você acha que é importante que os alimentos recebam em seus rótulos todas as informações relacionadas à sua composição e produção?”

Fonte: Usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande-PB.

Na 9º pergunta foram questionados se acreditam que é importante que os alimentos recebam todas as informações relacionadas à sua composição e produção em seus rótulos, 17% disseram: “1- Sim, informações sobre a produção do alimento”, 80% responderam: “2-Sim, informações sobre a produção, ingredientes e/ou composição química dos alimentos”, 2%

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responderam que 3- não são necessárias todas as informações e 1% respondeu: “4- Não, mas não sei explicar o porquê.” Diante dos resultados, observa-se que 80% dos respondentes disseram que é importante que os alimentos recebam informações sobre sua produção, ingredientes e/ou composição química, o que corrobora com o que é afirmado por Santos et al. (2016), que enfatiza a necessidade de estimular ações de empoderamento da informação pelo consumidor, de modo a facilitar o entendimento da rotulagem nutricional dos alimentos. O Gráfico 4 traz os percentuais das respostas das pessoas quando questionados sobre se acreditam que a diversidade é um fator importante na alimentação. Gráfico 4. “Você acredita que a diversidade é um fator importante na alimentação?”

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Fonte: Usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande-PB.

Ao serem perguntados na 10º questão sobre se acham que a diversidade é um fator importante na alimentação, 83% disseram: “1- Sim, a diversidade proporciona uma alimentação mais nutritiva”, 11% responderam: “2- Sim, mas não sei explicar o motivo” e 6% responderam: “3- Não, mas não sei explicar o motivo”. Em relação aos resultados, 83% responderam que a diversidade é um fator importante na alimentação, pois proporciona uma alimentação mais nutritiva, o que indica que os respondentes conhecem a importância de ter acesso a alimentos variados e diversos, o que pode contribuir para escolhas mais saudáveis. O Gráfico 5 traz os percentuais das respostas dos consumidores quando perguntados se acreditam que existe diversidade em suas alimentações. Gráfico 5. “Você acha que existe diversidade na sua alimentação?”

Fonte: Usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande-PB.


Diante da 11º pergunta sobre se acham que existe diversidade em suas alimentações, 51% disseram: “1- Sim, consumo uma variedade e diversidade altas de alimentos”, 8% disseram: “2Sim, mas não sei explicar o porquê”, 37% responderam: “3- Não, consumo os mesmos produtos e seus derivados” e 4% disseram: “4- Não, mas não sei explicar o porquê”. Os resultados da 10º pergunta mostraram que 83% dos respondentes reconhecem a importância da presença da diversidade na alimentação, no presente questionamento, 51% responderam que consomem uma variedade e diversidade altas de alimentos e 37% disseram que não, pois consomem os mesmos produtos e seus derivados. Em análise aos dados expostos, é possível notar que 37% dos respondentes reconhecem que sua alimentação provém dos mesmos cultivos e seus derivados e 51% acredita ter diversidade em sua alimentação, o que apresenta uma carência no que se refere a conhecer a composição de cada produto consumido e das informações sobre eles. De acordo com Biondo et al. (2018), o Brasil possui uma grande e rica diversidade vegetal, que possui um forte potencial alimentar, de compostos bioativos, substâncias que podem ser utilizadas como medicinais e outras moléculas utilizáveis. Assim, as PANCs (Plantas alimentícias não convencionais) representam a diversidade e riqueza de possibilidades para uma alimentação equilibrada e saudável, estas recebem o nome de “Não convencionais” por não fazerem parte das monoculturas mais utilizadas para produção de alimento. Logo, pode-se perceber a monopolização e industrialização dos alimentos, em face de possibilidades de alimentação muito mais diversas, nutritivas e saudáveis, que podem oferecer segurança e soberania alimentar para as pessoas. Foram perguntados na 12º questão sobre o que levam em consideração ao atribuir a qualidade de ecológico e sustentável a um alimento, 21% responderam que levam em consideração o fato dele ser orgânico, 59% responderam que levam em consideração o fato do alimento ser orgânico ou agroecológico e estar sendo comercializado por agricultores em feiras certificadas, 9% disseram que consideram somente o fato do alimento estar sendo comercializado no supermercado e 11% responderam que consideram o fato do alimento estar sendo comercializado em feiras convencionais. A importância de conhecer a percepção das pessoas sobre o que consideram ser atribuições de um alimento ecológico e sustentável, mora no fato de poder entender a dimensão do que significa a palavra “sustentabilidade” para a população, segundo Martinelli e Cavalli (2019), a alimentação só pode ser considerada saudável se também for sustentável, ultrapassando assim a questão nutricional, além disso, se faz necessário reconhecer que a qualidade de ser sustentável possui várias dimensões, podendo ser sociais, ecológicas, econômicas e outras. A última pergunta questiona se os respondentes acham que o consumidor deveria ser mais criterioso no que se refere a sua alimentação, 91% responderam: “Sim, devemos exigir a rotulagem com todas as informações necessárias sobre os alimentos e consumir produtos que são sustentáveis em todo seu processo produtivo”, 8% responderam: “Sim, mas não sei explicar o porquê”, 1% respondeu: “Não, os produtos ofertados já possuem as informações essenciais e são ecologicamente corretos no que se refere a todo o processo produtivo do alimento”. Em análise aos resultados obtidos, pode-se notar que 91% das pessoas responderam que os consumidores devem exigir que a rotulagem dos produtos contenha todas as informações correspondentes ao processo de produção do alimento, diante disso observa-se o conhecimento dos consumidores sobre seus direitos, ao enfatizar o tema, Santos et al. (2016) mostra que além de exigir a rotulagem dos produtos, também é importante e necessário que o consumidor tenha acesso adaptadas ao público em geral, de modo que seja facilitada a compreensão sobre aquelas informações contidas nos rótulos, visando uma maior propagação, facilitação e acesso dos consumidores a tais recursos.

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CONCLUSÕES Através dos resultados da pesquisa realizada, foi possível conhecer as percepções dos usuários de redes sociais residentes na cidade de Campina Grande - PB, assim, notou-se que o público tem noção do processo de monopolização pelo qual os alimentos vêm passando e em parte mostraram-se conscientes da importância da diversidade na alimentação. Porém, um número considerável de respondentes disse não saber o que é Soberania alimentar, além de uma grande parcela do público ter uma falsa sensação de que possui diversidade em sua alimentação. Além disso, as pessoas mostraram conhecer seus direitos no que se refere a ter acesso a todas as informações sobre os alimentos. Diante de tais resultados, faz-se necessária uma maior propagação de informações sobre as diversas possibilidades de alimentação, assim como o incentivo para a luta por direitos do consumidor em ter mais informações sobre os alimentos a serem consumidos, além disso é preciso também a busca pela adaptação dessas informações ao público, de modo que seja facilitada a compreensão, objetivando contribuir para a soberania e segurança alimentar. REFERÊNCIAS ASSIS, S. C. R. de; PRIORE, S. E.; FRANCESCHINI, S. do C. C. Impacto do Programa de Aquisição de Alimentos na Segurança Alimentar e Nutricional dos agricultores. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 2, p.617-626, fev. 2017. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232017222.02292015. BERNARDES, M. C. N.; REZENDE, A. P. C.; SANTOS, J. D. dos; SORRENTINO, M. Percepções dos feirantes sobre a agroecologia nas feiras livres dos municípios de Alcobaça, Itamaraju e Prado, no Extremo Sul da Bahia. Cadernos de Agroecologia, v. 10, n. 3, mai. 2016. ISSN 2236-7934. BIONDO, E.; FLECK, M.; KOLCHINSKI, E. M.; SANT'ANNA, V.; POLESI, R. G. Diversidade e potencial de utilização de plantas alimentícias não convencionais no Vale do Taquari,RS. Revista Eletrônica Científica da Uergs, v. 4, n. 1, p.61-90, 13 abr. 2018. CASTRO, I. R. R. de. A extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e a agenda de alimentação e nutrição. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, n. 2, p.1-4, 2019. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00009919. GALLINA, L. S.; TEO, C. R. P. A.; BUSATO, M. A.; MILAN, C.; SZINWELSKI, N. K. O olhar de mulheres camponesas sobre soberania e segurança alimentar e nutricional. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 12, n. 1, mar. 2017. ISSN 1980-9735. GUEDES, A. C.; SILVEIRA, P. R. C. da; BELTRAN, P. F. P.; PUGAS, A. da S. A ação extensionista na perspectiva da segurança e soberania alimentar. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Anais do VI CLAA, X CBA e V SEMDF, v. 13, n. 1, jul. 2018. LIMA, L. G.; MIRANDA, A. R.; LIMA, É. F. da S.; SANTOS, J. R. da S.; NASCIMENTO, J. A. Agrotóxicos no Semiárido de Alagoas: agricultura químico-dependente e suas contradições. Diversitas Journal, v. 4, n. 3, p.829-847, 2 out. 2019. Galoa Events Proceedings. http://dx.doi.org/10.17648/diversitas-journal-v4i3.874. MARTINELLI, S. S.; CAVALLI, S. B. Alimentação saudável e sustentável: uma revisão narrativa sobre desafios e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 11, p.4251-4262, nov. 2019. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182411.30572017.

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Capítulo 20 SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO E A IMPORTÂNCIA DO SETOR FLORESTAL

PIMENTA, Jéssica Maia Alves Pimenta Pós-graduanda em Ciências Florestais Universidade Federal do Rio Grande do Norte jessica.alves.pimenta@gmail.com PINHEIRO, Marina Ferreira Soares Pós-graduanda em Produção Vegetal Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul marinafspinheiro@gmail.com FAJARDO, Cristiane Gouvêa Doutorado em Ecologia Pós-doutorado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte genegoista00@gmail.com PACHECO, Mauro Vasconcelos Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pachecomv@hotmail.com

RESUMO O agronegócio é um dos setores de maior relevância para a economia brasileira devido à alta rentabilidade e por estar em constante crescimento. No entanto, suas atividades podem gerar impactos negativos para o meio ambiente, sendo necessário o desenvolvimento de tecnologias e ferramentas que possibilitem a sustentabilidade no agronegócio brasileiro. Assim, o presente trabalho teve como finalidade verificar os principais estudos relacionados à sustentabilidade no agronegócio brasileiro, com ênfase no setor florestal, e quais seriam as soluções propostas para este problema. O estudo foi realizado por meio do levantamento da revisão de literatura sobre as informações relacionadas à importância do setor florestal e a sustentabilidade no agronegócio. O resultado da pesquisa demonstrou que nos últimos 5 anos houve um acréscimo de trabalhos sobre a temática, o que demonstra uma maior preocupação dos pesquisadores. Entretanto, são necessárias medidas sustentáveis eficazes, visto que, grande parte dos artigos analisados não ressaltam a adoção de estratégias práticas e ações mais efetivas para preservação de recursos naturais, políticas ambientais e econômicas. Dessa forma, faz-se necessário que novas políticas públicas, e métodos de disseminação das informações sobre sustentabilidade para os agentes diretos e indiretos do setor sejam desenvolvidas. PALAVRAS-CHAVE: meio ambiente; desenvolvimento sustentável; cadeias produtivas. INTRODUÇÃO O Brasil é o país mais extenso da América do Sul, e o quinto do mundo com potencial de expansão de sua capacidade agrícola. É considerado como um país de referência mundial no agronegócio, sendo responsável por 25% de seu produto interno bruto (PIB). Devido ao grande potencial para o agronegócio, observa-se uma crescente participação do agronegócio na Balança Comercial Brasileira. Portanto, o aproveitamento de novas oportunidades de agronegócios, poderá

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contribuir a longo prazo para o crescimento econômico nacional, desde que concilie o aumento da produção de alta tecnologia com a preservação do meio ambiente (MONTOYA et al., 2017). Dentro do agronegócio, o setor florestal se difere das culturas agrícolas, pois estas possuem retornos financeiros a curto prazo, gerando renda todos os anos. A floresta plantada, entretanto, exige uma maior complexidade, e o retorno de investimento a longo prazo e alto custo de implantação. Estas características podem reduzir o interesse para produtores não habituados à cadeia produtiva florestal. No entanto, a floresta pode ser manejada com diferentes finalidades, permitindo ao produtor alcançar diferentes mercados de produtos florestais, e a data de colheita pode variar, não sendo obrigatória a colheita em uma determinada época, como as safras. Assim, permite ao produtor florestal uma flexibilidade para a colheita, possibilitando postergar a comercialização do seu produto, caso as condições atuais do mercado não estejam favoráveis (MOREIRA et al., 2017). Em 1966, o setor florestal passou a destacar-se no agronegócio com a aprovação da legislação de incentivos fiscais ao reflorestamento. Após 10 anos, o Brasil passou a ser um dos quatro países que mais incentivaram a produção florestal no mundo. Como resultado desses incentivos, as florestas plantadas brasileiras começaram a suprir de forma crescente as indústrias de siderurgia e papel e celulose, painéis. Posteriormente, mesmo com a extinção desses incentivos em 1988, o consumo de madeira oriundas de reflorestamento ampliou de 20%, em 1990, para 90% em 2016 (MOREIRA et al., 2017; IBÁ, 2017). O avanço das atividades antrópicas, as mudanças no uso da terra pelo agronegócio, a exploração intensa e seletiva de madeira e a ocupação urbana são os principais fatores responsáveis pelo aumento da fragmentação nas áreas naturais. Estas ações proporcionam o isolamento de subpopulações, e consequentemente, a perda na diversidade de espécies florestais. O aumento das atividades antrópicas faz com que seja necessário o desenvolvimento de novas estratégias para a manutenção e uso sustentável dos recursos florestais (RIBEIRO et al., 2016). Portanto, a adoção da sustentabilidade no setor do agronegócio de base florestal pode favorecer a produtividade de forma eficiente, sem esgotar os recursos naturais existentes. No entanto, para que isso ocorra, é necessário um desenvolvimento de técnicas que atendam as transformações oriundas da demanda do mercado consumidor, das políticas governamentais e tecnologias sustentáveis (ZANELLA; LEISMANN, 2017). Dessa forma, faz-se necessária a sustentabilidade nos diversos setores, objetivando o desenvolvimento equilibrado, proporcionando uma melhor qualidade de vida para a sociedade, ao ambiente e contribuindo para o avanço do agronegócio (ZANELLA; LAGO, 2016). Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi com base na literatura, realizar um levantamento bibliográfico sobre os aspectos que vêm sendo estudados para a sustentabilidade no agronegócio e a importância do setor florestal na economia brasileira.

MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado por intermédio de uma revisão de literatura, sobre a importância do setor florestal e a sustentabilidade no agronegócio. Para a coleta de dados foram utilizadas as seguintes plataformas de busca de dados como “Scielo” “Web-of-Science”, “Periódicos Capes”, e “Google Acadêmico” usando como palavras-chaves o nome “sustentabilidade”/“sustainability” e “setor florestal”/“forestry sector” combinado com o nome “agronegócio”/“agribusiness” entre os anos de 2016 a 2020. Além disso, foram utilizados os sites do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), Indústria brasileira de árvores (Relatório IBÁ) e Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF) com a finalidade de obter dados atualizados sobre o tema abordado.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Sustentabilidade no agronegócio O agronegócio é responsável pela integração de diversos setores da economia brasileira que estão diretamente ligados aos produtos e subprodutos advindos da atividade agrícola, pecuária e florestal (SOARES; JACOMETTI, 2016). Neste segmento são desenvolvidos pesquisas e processos, desde a compra dos insumos, processamento, até a distribuição. Assim, o conjunto de negócios relacionados à agricultura e pecuária é dividido em três etapas. A primeira, antes da porteira, envolve a aquisição dos insumos, bens e serviços. Em seguida, dentro da porteira, que são os processos de produção. Posteriormente, após a porteira, que compreende o beneficiamento, transporte, armazenamento, processamento ou industrialização, comercialização (LAS CASAS et al., 2016). A partir da expansão da indústria e da produção de alimentos para atender a demanda, surgiu a urgência de se direcionar o desenvolvimento, que antes era baseado em progresso, no qual não se incluíam questões sociais, culturais, políticas e ambientais (SILVA; DORNELES, 2016) para um cenário cujo objetivo é uma nova concepção do valor da natureza e reorientação das atividades econômicas para um modelo sustentável, voltado a minimizar o impacto ambiental, aliado às questões sociais e econômicas, com o intuito de garantir o direito das gerações futuras (SILVA; DORNELES, 2016; TARAPANOFF, 2016). A partir de 1960, a “Revolução Verde” contribuiu para a modernização e alteração drástica do agronegócio no Brasil. Foram adotados modelos de produção baseados em utilização de insumos (sementes, fertilizantes, defensivos e outros), máquinas, implementos para mecanização e redefinição de serviços na agropecuária. Todos estes avanços acarretaram aumento na produtividade e transformou o Brasil em um dos maiores produtores e exportadores do mundo, principalmente de alimentos (ZANELLA; LEISMANN, 2017; VELHO; MACHADO, 2018; PRESTES et al., 2019). Conforme as estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CEPEA/CNA, 2019), em 2019, o agronegócio representou um dos principais propulsores da economia do país, com a participação de 21,4%. Segundo Oliveira et al. (2019), o agronegócio é o sustentador do PIB nacional, devido ao crescimento expressivo e fortalecimento do setor na última década. Ainda, destacam que o agronegócio pode evitar que o PIB brasileiro retroceda no cenário de crise mundial econômica. Essa análise pode ser reforçada quando se consideram crises econômicas como consequência de pandemias, a exemplo do coronavírus que, em 2020, alterou a dinâmica das atividades econômicas em nível global. Há uma necessidade mundial da fomentação de sistemas do agronegócio sustentáveis, isto é retratado pela preocupação do desenvolvimento de práticas que garantam a preservação dos recursos naturais, qualidade de vida e longevidade dos recursos naturais, e ainda assim, promovendo o desenvolvimento econômico com o equilíbrio ecológico (MARTINS; BINOTTO, 2015; TARAPANOFF, 2016; COSTA; LINO, 2018; PRESTES et al. 2019). Como consequência do desenvolvimento agroindustrial e com o aumento da produção, houve então um considerável impacto ao meio ambiente. Em decorrência do crescimento das atividades agroindustriais, observou-se aumento do desmatamento, degradação dos solos, assoreamento de corpos hídricos e o alto consumo de defensivos agrícolas e fertilizantes (ZANELLA; LEISMANN, 2017). Além disso, dejetos de animais, queima de resíduos e substituição da vegetação natural para o cultivo agrícola/pastagem geram CO2, metano e óxido nitroso, que contribuem para o aquecimento global (PRESTES et al. 2019).

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O conceito de sustentabilidade é constituído por um tripé, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (TARAPANOFF, 2016). A sustentabilidade agrega as dimensões ambientais e sociais, que geralmente são esquecidas no contexto das cadeias produtivas da pequena produção rural (OLIVEIRA, 2016). O desenvolvimento sustentável referese à mudança da atividade econômica para um modelo sustentável, voltado a minimizar a degradação ambiental (TARAPANOFF, 2016). De acordo com Santos et al. (2018), o desenvolvimento necessita ser economicamente sustentado, socialmente desejado e ecologicamente prudente. Diante disso, surgiram os desafios do desenvolvimento sustentável na agricultura, pecuária e floresta. Entretanto, a aplicação dessas atividades na prática geralmente é considerada complexa, por estar relacionada à combinação de diversos fatores, como ambientais, tecnológicos, econômicos, culturais e políticos (OLIVEIRA, 2016; SANTOS; ARAÚJO, 2017). Diante da perspectiva do desenvolvimento de um novo modelo produtivo baseado na agroecologia, a assistência técnica e extensão rural entra como mecanismo de suporte para esse desenvolvimento. Em decorrência disto, é fundamental a multidisciplinariedade dessa temática para a obtenção de resultados mais eficazes (FERNANDES et al., 2019). Os modelos produtivos que têm a finalidade de desenvolver a sustentabilidade em projetos, pesquisas, cursos e colaboração entre as comunidades científicas, extensionistas e a legislativas com as comunidades rurais, têm demonstrado a conscientização, difusão das informações e bons resultados (NOVAKOSKI, et al., 2020). As principais estratégias que devem ser realizadas para alcançar a sustentabilidade são a reutilização e o aproveitamento de espaços agrícolas e pecuários já ocupados. Além destas, podem ser citadas a redução de resíduos e emissão de gases poluentes, a utilização de insumos de maneira consciente e o uso eficiente da água. Por fim, deve-se também considerar a preservação dos remanescentes nativos, investindo na conscientização da sociedade (OLIVEIRA, 2016; SANTOS; ARAÚJO, 2017; FERNANDES et al. 2019). Algumas alternativas foram implantadas com o objetivo de atingir a sustentabilidade no agronegócio. Por exemplo, o Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA) do MATOPIBA, foi criado por meio do Decreto nº 8.447 de 06/05/2015, que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e tem como finalidade promover e coordenar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável destas regiões (BUAINAIN et al., 2018). Segundo Prestes et al. (2019) uma das alternativas para a sustentabilidade é a realização da regulação de atividades e políticas por meio do Estado, voltadas para o agronegócio, estas devem ser realizadas com ações preventivas e corretivas, antes que os danos ao meio ambiente se tornem maiores. Além disso, é fundamental que continue havendo esforços para a inovação em produtos, processos e tecnologias que reduzam os impactos nocivos ao meio ambiente, em qualquer setor ou atividade. Apesar dos esforços das políticas governamentais com medidas que mitiguem os impactos ambientais das operações agrícolas, ainda assim, vale ressaltar que existem desafios a serem vencidos, como alcançar alternativas economicamente viáveis baseadas na sustentabilidade do agronegócio (SILVA; DORNELES, 2016). Dessa maneira, é importante que o processo de transição agroecológica proporcione mais equilíbrio aos métodos de produção, de forma que o meio ambiente recupere sua resiliência. Tais métodos precisam ser baseados na educação ambiental e na difusão de informação (NOVAKOSKI et al., 2020).

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Importância do setor florestal para o agronegócio O Brasil está entre os cinco maiores países produtores de importantes commodities agrícolas e pecuárias e destaca-se mundialmente na produção de celulose de fibra curta. O país se sobressai devido às condições climáticas favoráveis e solos propícios às atividades agrícolas e florestais. Além disso, tecnologias desenvolvidas pelas empresas e instituições de pesquisa do país estimulam o crescimento do agronegócio, assumindo o papel de notoriedade na economia brasileira (FERREIRA et al., 2017). Com aproximadamente 500 milhões de hectares de florestas naturais e plantadas, o país possui a segunda maior área de florestas do mundo, que corresponde a 59% do seu território. Apresenta 98% de florestas naturais e 2% de plantadas, sendo aproximadamente 55% em áreas públicas e 45% áreas privadas. Assim, o setor florestal possui grandes responsabilidades sobre a economia do país, e impulsiona-a com um PIB setorial de R$ 86,6 bilhões, representando 1,3% do PIB brasileiro, e 6,9% do PIB industrial. O destaque no comércio mundial é a celulose, sendo o insumo mais exportado pelo Brasil no setor florestal, que apenas no ano de 2018, foram 15,2 milhões de toneladas (IBÁ, 2019; SNIF, 2019). O setor de florestas plantadas ocupa lugar de destaque no cenário econômico nacional, sobretudo quando comparado aos demais produtos do agronegócio. As florestas plantadas têm predominância das espécies dos gêneros Eucalyptus e Pinus, cerca de 71% do total das florestas plantadas são de eucalipto, 22% de pinus e 7% são de outras espécies. Em 2018, a área total de florestas plantadas no Brasil cresceu 1,3%, um incremento de 131,8 mil hectares em relação ao ano anterior. Minas Gerais segue com a maior área de floresta plantada no Brasil, superando 2 milhões de hectares, com a predominância de florestas de eucalipto. Em seguida, vem o Paraná com 1,5 milhões de hectares, divididos entre pinus e eucalipto (ORTIGOZA, SENNA, 2016; SNIF, 2019). Outro fator importante do aumento de florestas plantadas, é que estas são destinadas a inúmeros produtos e subprodutos, o que consequentemente minimizam a necessidade de supressão de florestas nativas, e por esse motivo provêm diversos serviços ambientais, minimizando efeitos das mudanças climáticas. O Brasil é umas das referências mundiais na sustentabilidade e inovação da área florestal (IBÁ, 2017). A produção de papel e celulose no país é a atividade industrial que apresenta grande potencial para produção e crescimento. O produto de base florestal historicamente mais exportado pelo Brasil é a celulose. No ano de 2018 foram 15,2 milhões de toneladas, com um aumento de 9,7% em relação a 2017 (13,8 milhões t), equivalendo a US$ 8,27 bilhões (58% do total) (SNIF, 2019). O aumento na produção e exportação de celulose, deve-se principalmente à criação de novas unidades industriais, como as empresas Klabin sediada no Paraná, Fibria em Mato Grosso do Sul e Suzano no Maranhão, segundo o IBÁ, esse crescimento ocorreu a partir de 2012 (MAPA, 2018). Segundo as projeções realizadas, a produção de papel deve aumentar em 22,0% e em 32,9% de celulose até 2026 (MAPA, 2016). Devido às características destas atividades, as exportações de celulose devem crescer entre 2016 a 2026, em 40,3% e o papel em 22,7%. A projeção entre consumo interno e exportação em 2026 mostra que o mercado interno continuará sendo o principal destino da produção de papel (85,0%). Para a celulose, 68,2% da produção deve ir para o mercado externo e 31,8% deverá ser destinada para o mercado interno (MAPA, 2016).

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A grande diversidade de produtos que compõem a cadeia produtiva do setor florestal torna-o importante na geração de emprego e de renda no Brasil. Segundo projeções realizadas para 2026, o setor deve aumentar a produção, consequentemente aumentando a oferta de empregos na área (MAPA, 2016). O número de empregos no setor florestal apresentou uma redução ao longo de seis anos seguidos, no entanto, no último ano apresentou uma tendência de aumento. Em 2018, o setor florestal empregou 1,25% dos trabalhadores formais, chegando a 423.008 empregos, sendo que desses 29,83% se vinculam à produção moveleira e 29,52% à produção de celulose e papel (SFB, 2019). A produção madeireira, em 2018, foi responsável por uma movimentação de R$ 18,5 bilhões, deste total R$ 2,6 bilhões são provenientes da extração vegetal (floresta nativa) e R$ 15,9 bilhões da produção da silvicultura, que corresponde a 86%. Este montante equivale a 281.941.668 m³, sendo que a quantidade de madeira proveniente da silvicultura supera 7,2 vezes a quantidade da extração vegetal de nativas. A madeira oriunda das florestas nativas, são destinadas predominantemente para uso combustível (66,2% dos 34.409.199 m³ extraídos), porém o maior valor agregado está relacionado à madeira para uso industrial (R$159,48/m³ para uso industrial x R$34,47/m³ para uso como carvão e lenha) (SNIF, 2019). Os produtos florestais não madeireiros foram responsáveis por uma movimentação de R$ 2,01 bilhões em 2018, um aumento de 3,6% em relação à 2017, sendo 80% (R$ 1,6 bilhão) correspondentes à atividade extrativista em florestas nativas. Em 2018, os produtos alimentícios equivaleram a 63,5% (R$ 1,28 bilhão) do total, sendo que dentre esses, a erva-mate e o açaí assumiram posições de destaque. Os produtos advindos da silvicultura (resina, folha de eucalipto e folha de acácia) correspondem um total de 19,93% do total extraído (R$ 401 milhões). Outros produtos que também apresentaram números significativos foram as ceras, com destaque para o pó de carnaúba e os oleaginosos, com a amêndoa de babaçu. Em termos quantitativos, foram extraídas 1.137.868 toneladas de produtos não madeireiros (SNIF, 2019). A exportação brasileira de produtos florestais apresentou evolução desde 2000, impulsionada, principalmente, pelo aumento da demanda mundial deste produto. Os Produtos Florestais representam a quarta posição na classificação do valor das exportações do agronegócio nacional, abaixo do complexo soja, carnes e complexo sucroalcooleiro. Em 2018, a exportação brasileira de produtos madeireiros alcançou um patamar de US$ 13,86 bilhões, somados aos US$ 366 milhões de produtos não madeireiros. Entre os não madeireiros, a castanha de caju é a responsável pelo maior valor de exportação, US$ 116,1 milhões (SOARES et al., 2019; SNIF, 2019). Por outro lado, o Brasil, além de ser o maior produtor mundial de commodities agrícolas, também desponta como o maior consumidor de agrotóxicos. Atualmente seu consumo equivale a cerca de 20% de todos os agrotóxicos produzidos no mundo (TARAPANOFF, 2018). Neste contexto, é necessário realizar o agronegócio juntamente com a sustentabilidade. Para isso, algumas pesquisas estão sendo realizadas, principalmente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que tem incentivado a estratégia de produção que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais em uma mesma área, ao mesmo tempo, ou em rotação, denominada de integração lavoura-pecuária-floresta. Este sistema possui diversas vantagens devido aos ganhos ambientais gerados, visto que, a qualidade física, química e biológica do solo possui um crescimento junto com a matéria orgânica, aumento do sequestro de carbono, além de outros diversos benefícios para o bem-estar animal e para o meio ambiente (TARAPANOFF, 2018).

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Estado da arte das pesquisas em sustentabilidade no agronegócio Em relação às publicações sobre pesquisas relacionadas à sustentabilidade no agronegócio, com o intuito de observar a evolução dos trabalhos nos últimos 5 anos, foram encontrados e avaliados 21 artigos neste período (Figura 1).

Figura 1. Distribuição anual das publicações brasileiras sobre sustentabilidade no agronegócio entre 2016 a 2020. 8

Número de artigos

7

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6 5 4 3 2 1 0 2016

2017

2018

2019

2020

Período

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

Com base nos levantamentos, percebeu-se que entre os anos 2018 e 2019 houve um aumento nas pesquisas e publicações sobre a temática, em comparação aos anos anteriores. O ano de 2019 foi o que obteve a maior porcentagem de publicações (33,33%), e grande parte das publicações foram publicadas em inglês neste período. Conforme Zanella e Lago (2016), a produção científica brasileira em relação à sustentabilidade no agronegócio entre o período de 2005 a 2015, encontraram 47 trabalhos (Figura 2), distribuídos em 27 periódicos. Entre 2012 e 2014, houve aumento de 80% nas publicações relacionadas à temática deste estudo (ZANELLA; LAGO, 2016). No entanto, a partir de 2015 houve uma queda nas publicações, sendo que nos anos seguintes houve um aumento das publicações em 2016, com posterior queda em 2017.


Figura 2. Distribuição anual das publicações brasileiras sobre sustentabilidade no agronegócio.

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Fonte: Zanella e Lago, 2016 - adaptado pelos autores.

Apenas 19,05% dos trabalhos possuíam enfoque específico em determinadas regiões, sendo que os estudos foram realizados nos Estados do Rio Grande do Sul (MÜHL et al., 2016; VELHO; MACHADO, 2018), Paraná (PRESTES et al., 2019) e Pará (SANTOS et al., 2018). Além disso, 9,52% dos artigos possuíam enfoque em determinadas espécies frutíferas, como a mangueira (PINTO et al., 2017) e o cajueiro (OLIVEIRA, 2016). Os restantes dos trabalhos possuíam informações gerais em relação à sustentabilidade no agronegócio (ZANELLA; LAGO, 2016; ZANELLA; LEISMANN, 2017; CALLADO et al., 2017; COSTA; SILVA, 2018; MARCIS et al., 2018; IORIS, 2018; PEDROZO, 2019; RIBEIRO et al., 2020). Também verificou-se que 23,81% dos trabalhos tiveram enfoque em outros países como: Itália (SCARPATO et al., 2019), Indonésia (ANWARUDIN; DAYAT, 2019; MARIYONO, 2019), Bulgária (BACHEV, 2019) e África (OBAYELU, 2018). Em grande parte dos estudos, os pesquisadores demonstram a importância da sustentabilidade no agronegócio, bem como algumas soluções. Conforme Tarapanoff (2016), uma das formas de multiplicar o conhecimento em relação à sustentabilidade no agronegócio, seria a aproximação entre o governo, universidades e centros de pesquisa com o setor produtivo. É fundamental a organização da gestão da informação e do conhecimento, em seu nível mais avançado, nas atividades de gestão econômica, ambiental e social direcionadas especificamente ao agronegócio brasileiro. Segundo Silva e Dorneles (2016), uma das soluções seria a criação de uma agenda de pesquisa interdisciplinar que proporcione uma melhor compreensão das consequências e impactos da produção sobre a sociedade e meio ambiente, assim como permita a consolidação de técnicas produtivas sociais e ambientalmente sustentáveis. A pesquisa realizada por Pinto et al. (2017) sobre a responsabilidade social e sustentabilidade no agronegócio no Vale do São Francisco, evidenciaram que as empresas, de maneira geral, compreendem o importante papel e sua contribuição e influência na ética socioambiental. O setor na região mostra-se disposto a contribuir, traçando novos planos para aumentar os investimentos da área, e consequentemente, as portas serão abertas para parcerias com universidades e escolas para criar programas de benefício da sustentabilidade.


Durante uma análise do grau de conscientização dos gestores de propriedade rurais, em que foram analisadas 47 propriedades rurais dos ramos de pecuária, agricultura e agroindústrias no Estado do Rio Grande do Sul, foi demonstrado que 87% dos proprietários estão preocupados com o meio ambiente, e principalmente, em atender as primícias da sustentabilidade (MÜHL et al., 2016). Além disso, a maioria dos agricultores afirmaram que suas propriedades estão seguindo as exigências ambientais. Porém, vale destacar que a grande parte não recebeu nenhum tipo de vistoria para verificar se eles estão de acordo com os princípios da sustentabilidade ou recomendações. Isso demonstra a necessidade de conscientização e fiscalização juntamente aos produtores rurais para um agronegócio sustentável.

CONCLUSÕES O agronegócio é um setor muito importante dentro da economia brasileira, sendo o Brasil considerado um dos países mais importantes em relação ao agronegócio, pois apresenta grande potencialidade para atender às necessidades da demanda. No entanto, são necessárias medidas que conciliem suas atividades econômicas com a preservação do meio ambiente. Nos últimos anos pôde-se identificar o crescimento expressivo, mas ainda limitado, referente à sustentabilidade do agronegócio. Grande parte dos artigos ressaltam a importância na sustentabilidade, porém, poucos apontam a adoção de estratégias práticas e ações eficazes para preservação de recursos naturais, políticas ambientais e sociais. Além disso, apenas 19,05% dos trabalhos foram focados em regiões especificas e grande parte foi realizado no Estado do Rio Grande do Sul, sendo, portanto, fundamental que haja mais estudos direcionados para cada região brasileira, devido às peculiaridades de cada uma. Assim, devem ser realizadas novas políticas públicas, práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável e a difusão e transferência de tecnologias a todos que estão direta e indiretamente ligados a essa cadeia.

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Capítulo 21 TECNOLOGIA SOCIAL DE TRATAMENTO DE ÁGUA CINZA PARA REÚSO AGRÍCOLA NA ZONA RURAL DE MUNICÍPIOS DO CARIRI E SERIDÓ PARAIBANO LAMBAIS, George Rodrigues Pesquisador do Núcleo de Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTIC) george.lambais@insa.gov.br NERY, Janiele França Pesquisadora do Núcleo de Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTIC) janiele.nery@insa.gov.br LIMA, Maria Andressa Nicácio Mestranda em Engenharia Biomédica Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) andressanic97@gmail.com MELLO, Antonio Carlos Pires Coordenador do Programa Manejo Sustentável da Biodiversidade Programa de Aplicação de Tecnologias Apropriadas (PATAC) antoniocarlospiresdemello@gmail.com MEDEIROS, Salomão de Sousa Pesquisador do Núcleo de Recursos Hídricos Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTIC) salomao.medeiros@insa.gov.br

RESUMO No semiárido brasileiro, cerca de 38% das famílias residem na zona rural e geralmente não tem acesso a tratamento de esgoto. Nesse contexto, o tratamento de esgoto para reúso agrícola se torna uma alternativa para fortalecer a convivência com a região, além de contribuir com o saneamento rural. Na zona rural do semiárido paraibano foram implantados diversos sistemas de tratamento de água cinza e reúso agrícola. Entretanto, a grande maioria dessas unidades ainda não possui uma avaliação da qualidade da água após o tratamento. Esse estudo teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica e os potenciais usos de efluentes tratados em 10 propriedades rurais que utilizam dessa tecnologia social em 04 municípios da microrregião do Cariri e Seridó paraibano. Foram coletadas amostras de água cinza, após o tratamento, entre os meses de Setembro e Novembro de 2019. Para avaliação da qualidade foram analisados as seguintes variáveis: pH, potencial redox, concentração de sódio, quantificação de Escherichia coli e ovos de helmintos. Nos sistemas visitados, a composição dos filtros apresentou diferenças, em relação ao recomendado, o que acarretou diferenças na qualidade do efluente tratado. Os resultados microbiológicos demonstraram que 80% dos efluentes avaliados atenderam aos padrões para reúso agrícola exigidos pela legislação vigente, podendo ser utilizados na irrigação de espécies frutíferas, madeireiras, forrageiras e oleaginosas. Deste modo, conclui-se que a tecnologia social avaliada é uma solução viável para tratamento de água cinza e posterior uso na agricultura, contudo a composição e manejo dos filtros devem ser padronizados. PALAVRAS-CHAVE: Semiárido brasileiro, águas residuárias, saneamento ambiental.

185


INTRODUÇÃO Em regiões áridas e semiáridas, a água constitui um fator limitante para o desenvolvimento de diversas atividades humanas, inclusive para a agricultura, com isso, a busca por fontes alternativas deste recurso se torna uma necessidade (HESPANHOL, 2002). Além desse fator climático, a falta de saneamento básico, nas áreas rurais, constitui uma fonte de contaminação dos corpos hídricos (ANA, 2017). O Semiárido Brasileiro (SAB) possui cerca de 1,8 milhões de estabelecimentos agropecuários totalizando uma área de aproximadamente 52 mil hectares (MEDEIROS, 2018), nos quais a infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto é precária e/ou inexistente, expondo a sua população a doenças de veiculação hídrica. Nesse cenário, o esgoto doméstico tratado é uma alternativa que além de suprir demandas hídricas, fornece nutrientes para as culturas agrícolas, assim como reduz poluentes que chegam aos riachos, rios e em outras fontes de água presentes na região. Diversos estudos científicos demonstraram a viabilidade do reúso de água residuária doméstica na agricultura como alternativa estratégica para a produção de alimentos (SOUZA et al., 2015; BATISTA et al., 2017; SALES; SÁNCHEZ-ROMÁN, 2019). Diante dessas oportunidades e desafios da região, estratégias de inovações técnico-sociais voltadas para a convivência com o semiárido paraibano têm sido desenvolvidas, visando contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar com bases agroecológicas. Através da coordenação do Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar (COLETIVO) e assessoria pelo Programa de Aplicação de Tecnologias Aplicadas (PATAC), foram implementadas 87 unidades do Sistema Simplificado de Tratamento e Reúso de Água Cinza (SSTRAC) em 51 comunidades de 11 municípios do território de atuação (Curimataú, Seridó e Cariri paraibano) das entidades citadas, ocorrendo adaptações conforme as distintas necessidades de configurações do sistema de tratamento proposto. O princípio desse sistema de tratamento baseia-se em um processo de filtragem por mecanismo de impedimento físico e biológico dos resíduos presentes na água cinza, sendo parte da matéria orgânica biodegradada por uma população de microrganismos. Embora a água cinza não possua contribuição fecal dos vasos sanitários, de onde é oriunda a maioria dos microrganismos patogênicos, como é o caso da bactéria E. coli (indicadora de contaminação fecal), atividades como lavar as mãos, preparação de alimentos, lavagem de roupas, ou o próprio banho, constituem possíveis fontes de contaminação (WHO, 2006). Todavia, uma das grandes preocupações do uso do esgoto doméstico na agricultura consiste em adequá-lo aos critérios de qualidade higiênica recomendados pela Organização Mundial da Saúde – OMS. Sendo assim, o conhecimento sobre os riscos e cuidados sanitários necessários para sua utilização segura é extremamente importante. Deste modo, objetivou-se avaliar a qualidade microbiológica e os usos potenciais de efluentes tratados a partir de uma tecnologia social, para tratamento de águas cinzas, aplicada em municípios paraibanos.

MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado em unidades de tratamento por sistemas filtrantes (Figura 1), implantadas pelo PATAC, na zona rural de 4 municípios da região do Cariri e Seridó paraibano.

186


Figura 1. Esquema do modelo da unidade de filtração. (1) sistema de distribuição; (2) brita; (3) areia grossa; (4) tela sombrite (40%); (5) brita nº19; (6) seixo rolado. AF = entrada da água cinza; EF = saída do efluente após tratamento.

187 Fonte: INSA

Foram selecionadas 10 propriedades rurais, que utilizam essa tecnologia, distribuídas nas seguintes localidades: Comunidade Malhada do Canto e Arruda (município de Pocinhos); Assentamento Santa Helena, Riacho do Meio e Ipueiras (município de Olivedos); Pascácio e Latada (município de Gurjão); Logradouro e Alto do Umbuzeiro (município de São Vicente do Seridó), conforme demonstrado na Figura 2.

Figura 2. Localização do estudo realizado no estado da Paraíba.

Fonte: INSA


As coletas de água foram realizadas entre Setembro e Novembro de 2019, sendo coletadas amostras de água cinza, após tratamento e avaliados o pH, potencial redox (Multiparâmetro Horiba U-50) e concentração de sódio (Fotometria de Chamas). Para análises microbiológicas foram utilizados sacos estéreis de 100mL, do tipo Whirl-Pak (Nasco, Fort Atkinson, WI). Os sacos de coleta foram identificados quanto ao tipo de amostra, origem, data e hora e, em seguida, transportados, sob condições de refrigeração utilizando-se uma caixa isotérmica contendo gelo. Todo o procedimento esteve de acordo com plano de amostragem descrito no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2012). As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Ambiental do INSA em Campina Grande-PB, onde foram processadas para análises bacteriológicas. As presenças de coliformes totais e E. coli foram quantificadas através da tecnologia do substrato definido Colilert® (IDEXX Laboratories, Inc., Westbrook, ME). Todas as quantificações foram realizadas usando o sistema baseado em número mais provável (NMP). Alíquotas de 500mL foram utilizadas para registro de ovos e larvas de helmintos, os quais foram identificadas através de sedimentação em câmaras de Uthermol, 10mL. Informações sobre composição dos sistemas de tratamentos, tempo de manutenção, vazão e usos, foram coletadas a partir de entrevistas semi-estruturadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O sistema de tratamento e reuso da água cinza domiciliar, proposto pelo PATAC, consiste num processo de filtragem por mecanismos de impedimento físico, tendo em sua composição básica areia, brita, brita nº 19, tela de sombrite, e seixo rolado (MAYER et al., no prelo). Nos sistemas familiares visitados, a composição dos filtros apresentou diferenças, em relação ao recomendado, ocorrendo à inserção por algumas famílias de carvão, vegetação seca (palha de milho e capim) (Tabela 1).

Sistemas

Tabela 1. Descrição dos sistemas de tratamento avaliados. Composição dos Filtros do Sistema de Ano de Manutenção

Vazão

analisados

Tratamento

construção

(dias)

(L/semana)

F1

Seixo/Brita/Areia

2016

60

500

2016

120

700

F2

Seixo/Brita/Areia/Sombrite/Palha de milho

F3

Seixo/Brita/Carvão/Sombrite/Areia

2016

30

500

F4

Seixo/Brita/Carvão/Sombrite/Areia

2016

90

500

F5

Seixo/Brita/Carvão/Tela sombrite/Areia

2014

90

500

F6

Seixo/Brita/Carvão/Tela sombrite/Areia

2014

120

300

2016

180

500

2016

60

1600

F7 F8

Pedra grossa/Brita/Sombrite/Areia/Capim moído Pedra grossa/Brita/Sombrite/Areia/Folhas

188


F9

Cascalho / Brita / Tela sombrite / Areia

2016

si

600

F10

Seixo / Brita / Sombrite / Areia

2015

si

400

si = sem informação.

O tempo de manutenção dos sistemas variou de 30 a 180 dias. A vazão de efluente tratado variou de 400 a 1600 L/semana, os quais são utilizados na irrigação de fruteiras, forragens, tubérculos, flores e plantas ornamentais através dos mais variados manejos em virtude da realidade do local. O pH do efluente tratado variou de 7,2 a 8,9 (Figura 3A), estando em conformidade com o recomendado pela USEPA (2012) para água de reuso agrícola. O valor de pH na águas de reúso, pode exercer influência na disponibilidade e absorção de nutrientes por parte das plantas, na estrutura e propriedades do solo e nos sistemas de irrigação (DUARTE et al., 2008). Os valores de pH medidos se apresentaram dentro da faixa considerada ideal e não configuram efeitos negativos quanto à prática da irrigação das espécies vegetais citadas.

Figura 3. Valores de pH (A), Potencial Redox (B) e Sódio (C) em efluentes tratados nas 10 unidades familiares de tratamento avaliadas.

A.

B.

189


C. As medidas de potencial redox do efluente apresentaram valores entre -10 e -100, exceto para as famílias F1, F9 e F10 com valores de -157, -288 e 377 mV, respectivamente (Figura 3B). Potencial redox próximo a -100 mV está associado ao aporte de material orgânico, sendo a matéria orgânica, nesse caso, a principal fonte de elétrons, intensificando as reações de redução no ambiente anaeróbio (CARLOS et al., 2015). Valores positivos, como o observado em F10, indicam condições oxidantes, onde todo o oxigênio foi consumido e os principais receptores de elétrons serão íons nitrato e solubilização do manganês. Um dos problemas relativos ao uso de águas residuárias na agricultura consiste na possibilidade de salinização do solo, em função do excesso de nitrato, potássio, sódio e nitrogênio total, deste modo avaliar as concentrações de sódio e potássio são de fundamental importância para atingir níveis considerados perigosos. As concentrações de sódio nos efluentes tratados variaram de 18,2 a 2520,0 mg/L (Figura 3C), de modo que apenas 20% atendem ao recomendado pela legislação de 70 mg/L (WHO, 2006). Quando se aplica água salina no solo, sem um manejo adequado que conduza à lixiviação destes sais, pode ocorrer problemas na permeabilidade do solo, dispersando a fração argila e diminuindo a taxa de infiltração, o que pode impedir o desenvolvimento radicular da planta (VARALLO et al., 2012). Na avaliação da qualidade microbiológica dos efluentes tratados, metade dos sistemas analisados tiveram resultados de E. coli abaixo de 1,0x103 NMP/100 mL (Figura 4) e nenhum ovo de helmintos encontrado. Sendo assim, enquadrados dentro dos padrões para reúso agrícola irrestrito exigidos pela OMS (WHO, 2006) e/ou regional (Resolução COEMA nº 2 de 02/02/2017, do Estado do Ceará). Ainda segundo essas recomendações, 30% dos resultados encontrados podem ser enquadrados como reúso agrícola restrito, com valores de E. coli entre 3,0x103 e 4,1x104 NMP/100 mL e nenhum ovo de helmintos encontrado. Entretanto, 20% dos sistemas avaliados apresentaram uma preocupante situação sanitária, com valores de E. coli acima de 1,0x105 NMP/100 mL e 3 ovos/mL, ou seja, não recomendado para reúso agrícola.

190


Figura 4. Quantidade da bactéria E. coli encontrada nos efluentes tratados.

191

Em estudo de monitoramento de águas cinza tratadas durante o ano de 2018, Lambais et al. (no prelo) apresentaram valores para E. coli de 4,0x104 e 8,5x104 NMP/100 mL em duas propriedades rurais do munícipio de Cubati-PB que apresentam o mesmo tipo de tratamento (SSTRAC). Resultados similares foram observados na região semiárida do Rio Grande do Norte, onde o tipo de tratamento avaliado foi o Sistema Bioágua Familiar (SANTIAGO et al., 2015). Tais estudos relataram valores de E. coli entre 2,1x104 e 1,5x105 NMP/100 mL (DOMBROSKI et al., 2013) e de 1,9x104 NMP/100 mL (SILVA et al., 2018) em águas cinza após tratamento. A análise DISTLM (tabela 2), baseada nos dados referente a composição do filtro e efeito sobre a remoção de microrganismos, identificou 3 componentes que coletivamente resumem 36% da variabilidade da abundância dos microrganismos no efluente tratado. A componente vazão (8%), carvão (15%) e palha (13%), foram o mais representativo nos sistemas com menores densidades de microrganismos e consequente melhor qualidade do efluente (Figura 4).

Tabela 2. Resultados da análise de modelo linear (DISTLM) representando os componentes que descrevem as variações na densidade de microrganismos em efluentes tratados. Componente

AIC

Pseudo-F

p

Proporção (%)

Seixo

*

*

*

*

Brita

*

*

*

*

Areia

*

*

*

*

Palha-capim

19,2

0,004

13,0

Sombrite

*

*

*

*


Carvão

27,5

Cascalho

*

Vazão

18,7

*

0,004

15,0

*

*

0,005

8,0

CONCLUSÕES A tecnologia social avaliada demonstrou-se uma solução viável para tratamento de água cinza e posterior uso na agricultura, contudo a composição e manejo dos filtros devem ser padronizados, considerando a inserção de carvão e palha/capim moído, bem como tempo máximo de manutenção de 90 dias, para otimizar a qualidade do efluente produzido. Os resultados foram satisfatórios para reutilização na agricultura (irrigação de espécies frutíferas, madeireiras, forrageiras e oleaginosas), porém sem descartar monitoramentos periódicos da salinidade do solo. Avaliações sazonais ou monitoramento periódico da qualidade, principalmente microbiológica, em efluentes tratados por esses tipos de sistemas devem ser considerados em planos de manejo das propriedades rurais que utilizam de tal tecnologia. Sugere-se que pesquisas futuras realizem avaliações dos impactos da aplicação desse tipo de água em solos representativos da região semiárida brasileira, bem como as possíveis relações com o desenvolvimento e produtividade das culturas irrigadas com efluentes tratados em agroecossistemas no âmbito da agricultura familiar.

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Capítulo 22 TEMPERATURAS E SUBSTRATOS NA EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE Caesalpinia pyramidalis Tul

TARGINO, Vitor Araújo Graduando em Licenciatura em Ciências Agrárias Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vitoraraujo2204@gmail.com SILVA, João Henrique Constantino Sales Pós-graduando em Ciências Agrárias (Agroecologia) Universidade Federal da Paraíba (UFPB) joaohenriqueconst@gmail.com COSTA, Paulo Marks de Araújo Pós-graduando em Ciências Agrárias (Agroecologia) Universidade Federal da Paraíba (UFPB) paulomarks90@hotmail.com AZEREDO, Gilvaneide Alves de Doutora em Produção Vegetal Universidade Federal da Paraíba (UFPB) azeredogil@yahoo.com.br

RESUMO A catingueira (Caesalpinia pyramidalis) é uma espécie arbórea de ampla ocorrência no bioma Caatinga, com grande importância medicinal e ecológica para as populações humanas e ecossistemas onde apresenta distribuição. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da temperatura e do substrato na emergência de plântulas de Caesalpinia pyramidalis. A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Tecnologia de Sementes do CCHSA/UFPB. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, num arranjo fatorial 2 × 2, perfazendo 4 tratamentos, constituídos pelas combinações de duas temperaturas (25 e 35 ºC) e dois substratos (areia e terra), com quatro repetições de 25 sementes cada. Foram avaliadas as seguintes variáveis: determinação do teor de água (%) das sementes, emergência (%), índice de velocidade de emergência, tempo médio de emergência e massa seca de plântulas. Os resultados evidenciam que houve efeito significativo para a interação substrato × temperatura para todas as variáveis avaliadas. As sementes de catingueira apresentam elevados percentuais de emergência na temperatura de 25 °C. O substrato areia e a temperatura de 25 °C são indicados para a condução de testes de emergência e vigor de sementes de C. pyramidalis. A temperatura de 35 °C não favoreceu a emergência e o desenvolvimento inicial de plântulas dessa espécie.

PALAVRAS-CHAVE: Caatinga, Catingueira, Sementes.

INTRODUÇÃO As espécies vegetais nativas do bioma Caatinga apresentam grande importância ecológica e econômica para o meio ambiente onde estão inseridas. Por mais que estejam sob uma das maiores áreas em que ocorre déficit hídrico do continente Sul-Americano, estas espécies sobrevivem em solos rasos e pedregosos (FERNANDES; QUEIROZ, 2018). A pluviosidade nas áreas de Caatinga são sazonais e variam entre 300 e 800 mm, com temperatura média de 35ºC (SOUSA et al., 2001; LUCENA, 2019).

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Dentre as espécies vegetais existentes na Caatinga, destaca-se a espécie Caesalpinia pyramidalis Tul., que apresenta porte arbóreo, pertencente à família Leguminosae, subfamília Caesalpinoideae, popularmente conhecida como catingueira; é uma espécie considerada endêmica do bioma Caatinga e que apresenta alto potencial de utilização (ALVES et al., 2007; LIMA et al., 2011). Como exemplo dos seus diversos usos para as comunidades humanas que vivem na Caatinga, pode ser citado principalmente o uso medicinal por meio de suas folhas, vagens, flores e cascas que são utilizadas, popularmente, para tratamento de diversas doenças (FIGUEIREDO; SÁBER, 2016). A espécie C. pyramidalis contém altos níveis de taninos e flavonóides em suas folhas que podem causar aborto em animais, e suas cascas apresentaram alta atividade antioxidante (SILVA et al., 2011; REIS et al., 2016). Alguns estudos foram desenvolvidos avaliando a germinação de sementes de espécies pertencentes ao gênero Caesalpinia, como os descritos por Alves et al. (2007), Câmara (2007), Fonseca e Jacobi (2011), Lima et al. (2011), Souza et al. (2014), Nogueira et al. (2019) e Dantas et al. (2020). Porém, pouco se conhece sobre a ecofisiologia do comportamento germinativo de sementes de C. pyramidalis oriundas de um ecótono no Curimataú Oriental Paraibano. A temperatura e o substrato são dois fatores ambientais que possuem especial importância no processo germinativo, pois estes influenciam tanto no percentual de germinação, como na velocidade e uniformidade de emergência (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012). Portanto, segundo esses autores, fazem-se necessários e imprescindíveis estudos acerca das condições ótimas para a germinação, sobretudo da escolha da temperatura e substrato adequados, visto que a influência desses fatores varia entre as sementes de espécies pertencentes ao mesmo grupo ecológico. Ante ao exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da temperatura e do substrato sob a emergência e o vigor de plântulas de Caesalpinia pyramidalis.

MATERIAL E MÉTODOS A área de coleta dos frutos situa-se em um fragmento florestal de Caatinga, localizado no município de Bananeiras–PB. O município está localizado na mesorregião do Agreste paraibano, cujas coordenadas são: 6°46’S e 35°38’W. Gr. Os recursos vegetais desta área são constituídos por espécies caducifólica e subcaducifólica. O clima da região é o Ar quente e úmido (Classificação de Köppen) e se caracteriza por apresentar temperatura máxima de 38°C e mínima de 18°C. O solo apresenta-se em sua maior parte como um Latossolo vermelho amarelo textura franco arenosa a franco argilosa. O ambiente de estudo está localizado aproximadamente 11 km da sede do município de Bananeiras–PB (Figura 1).

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Figura 1. Imagem de satélite da área de coleta, Sítio Umburana, Zona Rural, Bananeiras–PB.

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Fonte: Google Earth (2020).

Os frutos, do tipo vagem, foram coletados maduros diretamente das plantas matrizes e apresentavam aspecto seco e coloração amarronzada. A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Tecnologia de Sementes do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias pertencente à Universidade Federal da Paraíba, Campus III, Bananeiras–PB. Durante o beneficiamento dos mesmos, as sementes foram separadas manualmente, sendo desprezadas aquelas que apresentavam injúrias. O teor de água das sementes foi determinado com quatro repetições de 25 sementes cada, sendo estas pesadas em balança de precisão de 0,0001g e secas pelo método de estufa a 105°C por 24 horas. Para o teste de germinação, foram utilizadas câmaras de germinação tipo Biochemical Oxigen Demand (B.O.D.) reguladas nas temperaturas constantes de 25 e 35 ºC com fotoperíodo de 12h. Foram utilizadas quatro repetições de 25 sementes por tratamento, distribuídas em caixas de plástico transparentes tipo “gerbox” com dimensões 11 × 11 × 3,5 cm, utilizando como substratos areia lavada e terra. Previamente, os substratos foram autoclavados e em seguida foi calculada a capacidade de campo (60%) para umedecer os substratos. As avaliações foram efetuadas segundo os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). As contagens do número de sementes germinadas foram realizadas diariamente, a partir do 4º ao 15º dia após a semeadura, utilizando a emergência do hipocótilo como critério estabelecido para a germinação. As variáveis analisadas foram: determinação do teor de água das sementes, porcentagem de germinação, índice de velocidade de emergência (IVE), tempo médio de emergência (TME) e massa seca das plântulas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC), seguindo um esquema fatorial de 2 × 2 (temperaturas × substratos). As análises estatísticas foram processadas no software ESTAT/Jaboticabal®, sendo as médias comparadas pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.


RESULTADOS E DISCUSSÃO O teor de água das sementes de catingueira estava em torno de 10,5%. Lima et al. (2011) encontraram o teor de água de 11,6% para sementes dessa mesma espécie em sua pesquisa. O teor médio de água obtido está de acordo com o relato na literatura, em que a maioria das sementes ortodoxas apresenta cerca de 5 a 20% de água com base em sua massa fresca. De acordo com a análise de variância (Tabela 1), houve efeito significativo (P > 0,01) para a interação substrato × temperatura para todas as variáveis avaliadas, bem como para o fator temperatura. No entanto, para o fator substrato, só houve significância para a variável massa seca de plântulas.

197 Tabela 1. Análise de variância para porcentagem de emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), tempo médio de emergência (TME) e massa seca (MS) de plântulas de Caesalpinia pyramidalis Tul. Quadrados Médios Fontes de variação E IVE TME MS Substrato 196,0000ns 0,1260ns 0,0900ns 0,0013* Temperatura 6084,0000** 21,1600** 76,5625** 0,0022** Substrato × Temperatura

Resíduo Médias CV(%) =

1156,0000**

3,6672**

17,2225**

0,0034**

57,3333 72,50 10,44

0,1286 2,5000 14,34

1,1854 9,15 11,89

0,0002 0,0884 13,89

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; * significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; significativo; CV: Coeficiente de Variação.

ns

– não

Em relação ao percentual de emergência, constatou-se que não houve diferença estatística entre os substratos na temperatura de 25 °C, em que os meios germinativos proporcionaram elevados percentuais de emergência: 97% (areia) e 87% (terra). Enquanto que na temperatura de 35°C, o maior percentual foi observado no substrato terra, com 65%. Já no substrato areia, nesta mesma temperatura, o percentual de germinação foi de 41% (Tabela 2). Tabela 2. Efeito da interação temperatura × substrato sobre o percentual de emergência (E%) de plântulas de Caesalpinia pyramidalis Tul. Substratos Temperaturas (°C) Médias Areia Terra 25 97 Aa 87 Aa 92 a 35 41 Bb 65 Ab 53 b Médias 69 A 76 A CV = 10,44% Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Percebe-se que ambos os substratos, quando associados à temperatura de 25 °C, proporcionaram condições ideais de umidade e aeração, de modo que as sementes expressaram a sua máxima capacidade germinativa. De acordo com Silva et al. (2007), a germinação das sementes, em função dos fatores ambientais, está associada às características ecofisiológicas das espécies. De acordo com Araújo e Sobrinho (2011), os substratos devem apresentar capacidade de retenção de água dentro de uma faixa adequada para a emergência das plântulas, contribuindo para uma maior uniformidade na disponibilidade de água para as sementes.


Quanto ao índice de velocidade de emergência de plântulas, verificou-se que os maiores valores para esta variável foram encontrados nos tratamentos em que as sementes foram postas para germinar na temperatura de 25 °C (Tabela 3). Nesta temperatura houve uma superioridade do substrato areia à terra, com valores médios de 4,21 e 3,08, respectivamente. Contudo, na temperatura de 35 °C, o substrato terra apresentou um IVE maior em relação ao substrato areia, com valores médios de 1,74 e 0,96, respectivamente. Tabela 3. Efeito da interação temperatura × substrato sobre o índice de emergência (IVE) de plântulas de Caesalpinia pyramidalis Tul. Substratos Temperaturas (°C) Médias Areia Terra 25 4,21 Aa 3,08 Ba 3,65 a 35 0,96 Ab 1,74 Bb 1,35 b Médias 2,58 A 2,41 A CV = 14,34% Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Esses resultados assemelham-se aos encontrados por Lima et al. (2011), que ao avaliar o efeito da temperatura e substrato na germinação de sementes de catingueira, verificaram IVG de 6,09 e 1,50 no substrato areia quando utilizaram as temperaturas de 25 e 35 °C, respectivamente. Contudo, os percentuais de germinação nessas condições foram de 65% (25°C) e 21% (35°C), valores inferiores quando comparados aos encontrados aqui neste trabalho, 97% (25°C) e 41% (35°C). Para o tempo médio de emergência (TME), os melhores resultados foram encontrados na temperatura de 25 °C, em que as plântulas levaram cerca de 6 dias para emergir no substrato areia e aproximadamente 8 dias para emergir no substrato terra. Já na temperatura de 35 °C, a emergência das plântulas foi mais vagarosa e desuniforme. Nestas condições, as plântulas levaram cerca de 10 e 12 dias para emergir nos substratos terra e areia, respectivamente (Tabela 4). É importante destacar que nesta temperatura, independente do substrato avaliado, algumas plântulas apresentaram coloração amarelada e manchas escuras nas folhas primárias e cotilédones. Tabela 4. Efeito da interação temperatura × substrato sobre o tempo médio de emergência (TME) de plântulas de Caesalpinia pyramidalis Tul. Substratos Temperaturas (°C) Médias Areia Terra 25 6,00 Bb 7,92 Ab 6,96 b 35 12,45 Aa 10,22 Ba 11,33 a Médias 9,22 A 9,07 A CV = 11,89% Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Ao investigar o efeito da temperatura e substrato na germinação de sementes de Caesalpinia ferrea, Lima et al. (2006) encontravam TME de 4,52 e 5,42, no substrato areia quando utilizaram as temperaturas de 25 e 35 °C, respectivamente. Nessas temperaturas, os autores verificaram ainda elevados percentuais de germinação para sementes dessa espécie, 98 e 96% nas temperaturas de 25 e 35 °C, respectivamente. Contudo, os autores recomendam a temperatura de 30 ºC e areia como substrato para germinação mais rápida de sementes de C. ferrea.

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Nogueira et al. (2019) também verificaram que a temperatura de 30°C foi a mais favorável à germinação e o vigor de Caesalpinia pulcherrima, mas que as sementes dessa espécie germinaram bem na faixa de temperatura de 20 a 30°C e também a 20-35 °C (alternada). Contudo, em temperaturas mais elevadas (≥ 35 °C) há um efeito deletério no desenvolvimento dessas plântulas. Ainda segundo esses autores, o substrato areia mostrou-se eficaz na emergência de plântulas dessa espécie. Na Tabela 5 são apresentados os valores médios do efeito da interação temperatura × substrato sobre a massa seca de plântulas de Caesalpinia pyramidalis Tul. Os resultados evidenciam que o substrato areia quando associado à temperatura de 25 °C proporcionou um maior acúmulo de massa seca (123,7 mg/plântula). Já na temperatura de 35 °C a massa seca foi de 70,8 mg/plântula, enquanto que no substrato terra massa seca foi de 76,6 e 82,3 mg/plântula nas temperaturas de 25 e 35 °C, respectivamente. Tabela 5. Efeito da interação temperatura × substrato sobre a massa seca (mg/plântula) de Caesalpinia pyramidalis Tul. Substratos Temperaturas (°C) Médias Areia Terra 25 123,7 Aa 76,6 Ba 100,1 a 35 70,8 Ab 82,3 Aa 76,6 b Médias 97,2 A 79,5 B CV = 13,89 Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Segundo Larcher (2004) e Lopes & Lima, (2015), a temperatura influencia diretamente o metabolismo dos vegetais e o seu efeito sobre a germinação das sementes tem especial importância para a ecologia de populações. Para que as sementes possam germinar, suas temperaturas cardinais devem corresponder às condições externas que asseguram um desenvolvimento suficientemente rápido para as plantas jovens (LARCHER, 2004). De acordo com esse autor, o estádio de plântula é, portanto, uma fase decisiva para a sobrevivência de um indivíduo e para a distribuição espacial de uma população, pois uma espécie somente é capaz de ocupar de maneira permanente um habitat no qual o indivíduo supere os estágios mais sensíveis do ciclo de vida.

CONCLUSÕES O substrato areia e a temperatura de 25 °C são indicados como ideais para a condução de testes de emergência de plântulas de Caesalpinia pyramidalis. A temperatura de 35 °C não favorece a emergência e o desenvolvimento inicial de plântulas dessa espécie.

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Capítulo 23 TRATAMENTO DE EFLUENTES DE LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO POR INFILTRAÇÃO EM COLUNAS DE AREIA PARA REÚSO AGRÍCOLA LOPES, Wilza da Silva Pesquisadora do Instituto Nacional do Semiárido - INSA wilza.lopes@insa.gov.br BARBOSA, Antonielly dos Santos Pesquisadora do Instituto Nacional do Semiárido - INSA antonielly.barbosa@insa.gov.br MEDEIROS, Salomão de Sousa Pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido - INSA salomao.medeiros@insa.gov.br

RESUMO A aplicação de esgoto tratado para práticas agrícolas vem a ser uma alternativa sustentável promovendo a proteção dos recursos hídricos e benefícios na economia. Além disso, o reúso de esgoto permite que a população que sofre com escassez hídrica, principalmente as situadas na zona rural do semiárido brasileiro, tenham no efluente tratando uma fonte alternativa para produção de culturas. A utilização de tecnologias para melhoria da qualidade do efluente e atendimento aos critérios estabelecidos por normas são fundamentais para proteção meio ambiente e da saúde humana. O estudo teve por objetivo melhorar a qualidade do efluente da lagoa de estabilização do sistema de tratamento de esgoto do município de Frei Martinho, PB. Para isso utilizou-se de colunas de areia para avaliar a melhoria da qualidade do efluente através da passagem no solo, para o reúso na agricultura. O tratamento por infiltração tornou possível a remoção de matéria orgânica e material em suspensão, com eficiência de remoção de 92,3% de turbidez e 93,2% de DQO. A técnica de infiltração no solo permitiu que o efluente apresentasse melhor qualidade, atendendo aos critérios estabelecidos por norma para o reúso agrícola. PALAVRAS-CHAVE: Recarga gerenciada de aquífero, Solo, Recursos hídricos, Agricultura.

INTRODUÇÃO A região semiárida brasileira compreende uma área de aproximadamente 970.000 km2, concentrada na região nordeste do Brasil e norte de Minas Gerais, correspondendo a 12% do território nacional (MEDEIROS et al., 2020). Essas regiões caracterizam-se pela aridez do clima, deficiência hídrica, imprevisibilidade da precipitação pluviométrica e, na sua grande maioria por solos pobres em matéria orgânica. A precipitação média se encontra numa amplitude que varia de 250 a 800 mm anuais, distribuídos durante três a cinco meses, com elevadas taxas de evapotranspiração. Na maior parte do semiárido, as chuvas esporádicas são as únicas fontes de água para a sobrevivência (RIBEIRO e OLIVEIRA, 2019). O crescimento populacional é acompanhado pela expansão da área ocupada e da demanda de água para consumo humano e agricultura, entre outras necessidades. Assim, as reservas de águas não são mais suficientes para atender todas necessidades, seja pelo volume insuficiente, seja pela qualidade das águas vulneráveis à ação antrópica (ALMEIDA et al., 2016).

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O uso de águas residuárias tratadas na agricultura beneficia a saúde humana, o meio ambiente e a economia. Esse uso representa uma prática alternativa que está sendo adotada em diferentes regiões, confrontadas com a escassez de água e o crescimento de populações urbanas com necessidades crescentes de água (JARAMILLO e RESTREPO, 2017). Um dos benefícios mais reconhecidos do uso de águas residuárias na agricultura é a diminuição associada da pressão nas fontes de água doce. Assim, as águas residuárias servem como uma fonte alternativa de irrigação (WINPENNY et al., 2013), especialmente para a agricultura, o maior usuário mundial de água, que consome 70% da água disponível. Além disso, o reúso de águas residuárias aumenta a produção agrícola em regiões com escassez de água, contribuindo assim para a alimentação (JARAMILLO AND RESTREPO, 2017). O reúso de água pode trazer benefícios econômicos, sociais e ambientais para as comunidades em que se insere, sendo uma alternativa sustentável para o aumento da oferta de água. Esta prática pode ser um importante elemento do sistema de tratamento e disposição final de efluentes, diminuindo a carga poluente que chega aos corpos d’água. (MILLER, 2006). O emprego de água residuária na irrigação pode reduzir os custos de fertilização das culturas, bem como o nível requerido de purificação do efluente e, consequentemente, os custos de seu tratamento, uma vez que as águas residuárias contêm nutrientes e o solo e as culturas comportamse como biofiltros naturais (HARUVY, 1997). Diversos tipos de tratamentos ou combinações de tratamentos são possíveis para o reúso da água na agricultura. No entanto, essas técnicas devem buscar reduzir matéria orgânica, microrganismos patogênicos e preservar os nutrientes. Os sistemas devem ser eficientes para produzir um efluente que atendam aos critérios estabelecidos para a irrigação restrita ou irrestrita, estabelecidas pela United States Environmental Protection Agency (USEPA, 2012) e a organização mundial de saúde - OMS (WHO, 2006) para não oferecer risco a saúde humana. Recarga gerenciada de aquífero com efluentes recuperados de águas residuárias é uma técnica que está sendo bem-sucedida, usada mundialmente para controlar o esgotamento da água em aquíferos superexplorados. A utilização de tecnologias bem como a realização de testes em colunas de solo se mostra como uma alternativa de avaliar a capacidade do solo no tratamento de efluentes. É neste âmbito que o trabalho teve por objetivo avaliar a remoção de material orgânico e em suspensão através do processo de infiltração em coluna de areia.

MATERIAL E MÉTODOS Considerações gerais O município de Frei Martinho situa-se na área geográfica do semiárido brasileiro, localizada na região central-norte da Paraíba, norte com o município de Currais Novos (RN), leste com Picuí, sul com Carnauba dos Dantas (RN) e oeste com Acarí (RN). De acordo com o censo do IBGE (2010) o município possui uma área de 244,317 km², e uma população estimada para o ano de 2019 em 2989 habitantes, sendo metade residente da área urbana e metade na zona rural. O afluente a ser tratado no teste de coluna de areia foi proveniente da lagoa de estabilização do sistema de tratamento do município de Frei Martinho, PB (Figura 1), no qual consistiu a coleta de 50 L de efluente.

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Figura 1. Lagoa de estabilização do município de Frei Martinho, PB.

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Sistema experimental O estudo foi desenvolvido na estação experimental do INSA, consistindo em uma coluna de infiltração para simular o tratamento do efluente através da areia visando a melhoria da qualidade do efluente da lagoa de estabilização. As características da coluna são descritas na Tabela 1.

Tabela 1. Características da coluna de infiltração. Material Dimensões

PVC Altura – 1 m Diâmetro – 100 mm

Área

0,00785 m²

Volume total

7,85 L

Altura do preenchimento da coluna

80 cm

Inicialmente foi realizada a lavagem e secagem da areia e da brita. Para a areia ainda houve a separação utilizando a peneira granulométrica de abertura de 2mm, definindo-a como areia média conforme a ABNT NBR 6502/1993. As britas utilizadas foram a de número 2. Essas foram colocadas na camada superior da coluna de infiltração, para se obter uma distribuição uniforme do efluente, enquanto que na camada inferior teve por função impedir a passagem de areia no fundo da coluna. Os detalhes sobre a coluna de infiltração podem ser observadas na Figura 2 e Figura 3.


Figura 2. Procedimento experimental da limpeza da areia e brita.

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Figura 3. Coluna de infiltração para tratamento de efluente.

Condições operacionais O efluente da lagoa de estabilização foi distribuído na superfície da coluna diariamente. O filtrado da coluna de areia foi armazenado em béquer de 1 L por uma torneira de passagem instalada em uma saída na parte inferior da coluna, através da gravidade. Com os valores filtrados por volume em relação ao tempo, foi estimada a taxa de infiltração média de 40 L/m² dia.


Para avaliar o desempenho da coluna na capacidade de infiltração, foi acompanhada a vazão de efluente tratado diariamente (redução da vazão ao longo do tempo) até o entupimento.

Métodos analíticos Para o monitoramento do sistema de tratamento foi realizado análises semanais de sólidos totais (ST), sólidos totais voláteis (STV), sólidos totais fixos (STF), sólidos suspensos totais (SST), sólidos totais dissolvidos (STD), turbidez, pH, cor, condutividade elétrica, demanda química de oxigênio (DQO), todos esses parâmetros seguindo os métodos preconizados pelo APHA (2012).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO A coluna apresentou redução na infiltração ao longo do tempo. Inicialmente a taxa de infiltração na coluna foi de 56 L/m² dia, após 20 dias a taxa de infiltração reduziu para 23 L/m² dia, mantendo-se em funcionamento até 40 dias, até o seu entupimento. Apesar de não ter sido analisado, a operação em ciclos (cheios e secos) podem vir a ser uma boa alternativa para prolongar o tempo de operação da coluna de infiltração. Coutinho et al., (2018) investigaram a utilização de colunas de solo para o tratamento de efluentes de lagoa de estabilização aplicando a alternância de ciclos após 42 dias de operação da coluna, com intervalos não fixos, com isso prologaram o tempo de operação das colunas para cerca de 80 dias. Outro fator que também pode ser aplicado é a retirada de parte da camada de solo (camada superior) para tentar recuperar a capacidade de infiltração das colunas. Essa redução do tempo de operação da coluna estão relacionados a presença de material sólido, bem como devido à presença de cor no efluente da lagoa que está associado ao crescimento de algas, como pode ser observado na Tabela 2 e Figura 4.

Tabela 2. Valores médios dos parâmetros físico-químico. Parâmetros

Afluente

Efluente

Eficiência (%)

pH

7,92

8,95

Condutividade (µS/cm)

2910

1984

Cor (uC)

985,8

499,5

58,5%

Turbidez (NTU)

152,5

11,8

92,3%

DQO (mg/L)

293

20

93,2%

ST (mg/L)

1198

1142

STV (mg/L)

236

318

STF (mg/L)

962

842

SST (mg/L)

180

80

STD (g/L)

1,5

1,5

55,5%


Figura 4. Efluente da lagoa de estabilização e após a infiltração na coluna.

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A condutividade elétrica do efluente e afluente foram de 2910 µS/cm e 1984 µS/cm, respectivamente. Observa-se uma redução na condutividade através da infiltração do efluente sobre a coluna de areia, fazendo com que o mesmo esteja dentro dos padrões para reúso agrícola irrestrito segundo a resolução COEMA Nº2/2017, o qual estabelece 3000 µS/cm. Vale ressaltar que a legislação não estabelece nenhum critério para este parâmetro considerando o uso agrícola irrestrito. A utilização de solos naturais podem ocasionar acréscimos na concentração de sais do efluente final, como observado por Barbosa et al. (2019) que encontraram um aumento de cerca de 5 vezes na condutividade do efluente após a infiltração no solo, sendo de 13722 µS/cm. De acordo com Page et al. (2018) a salinidade das águas provenientes de recarga gerenciada de aquífero devem ser semelhantes ou superior ao seu inicial, ou seja, antes do processo de infiltração. Desse modo, a utilização de infiltração através de colunas de areia torna-se uma alternativa bastante viável para melhoria da qualidade do efluente de lagoas, sendo uma tecnologia de tratamento complementar para garantir que o efluente possa ser utilizados para reúso agrícola irrestrito. Avaliando a Figura 4 e a Tabela 2 observa-se uma redução na cor de 58,5%. Como o sistema de tratamento de esgoto utilizado é anaeróbio (sendo composto por tanque séptico, filtro de areia e lagoas) não há a remoção de nutrientes, sendo preservada para o reúso. Sendo assim, a presença dos nutrientes favorecem o crescimento de algas, dando a coloração esverdeada ao efluente. É importante destacar que a presença das algas auxiliam ao processo de tratamento do efluente na lagoa. Apesar de não ter sido avaliado aqui no presente estudo, a concentração média de E. coli do efluente da lagoa é de 7,6x104, qualificando esse efluente adequado para reúso restrito, em níveis microbiológicos seguindo os padrões da OMS (2006). Os resultados encontrados mostraram alto desempenho do processo de infiltração na coluna de areia de 92,3% e 93,2% para turbidez e DQO, respectivamente. Quanto a remoção de sólidos, não houveram variações significativas, exceto para os sólidos em suspensão que a


remoção foi de 55,5%. Conforme o estudo de Coutinho et al., (2018) a remoção foi de até 83,1% para DBO5. Jokela et al. (2017) obtiveram uma redução de 70% a 85% do material orgânico para os vários estudos de recarga gerenciada de aquífero com e sem pré-tratamento do afluente. Para os autores a utilização do pré-tratamento mecânico pode ser usado para prevenir entupimentos, pois alta turbidez ou material em suspensão influenciam no desempenho do sistema. De acordo com os critérios estabelecidos pela USEPA (2012) para irrigação restrita a DBO deve ser ≤30 mg/L e o pH deve ser entre 6 e 9. Como pode ser observado a infiltração em coluna de areia, permitiu que o efluente estivessem dentro dos padrões de reúso. Apesar do estudo ter analisado apenas a DQO, pode-se afirmar que o mesmo atende aos critérios a partir da DQO, uma vez que em efluentes domésticos a concentração de DBO é inferior a de DQO.

208 CONCLUSÕES Com base no estudo verificou-se que a infiltração através de solo permite a melhoria na qualidade do efluente de lagoas de estabilização, principalmente na remoção de turbidez, matéria orgânica e cor. A partir da infiltração o efluente final passou a atender os critérios estabelecidos para estabelecidos por Norma para reúso em níveis de pH, matéria orgânica e condutividade, além de E. coli ao qual o efluente da lagoa já cumpria aos padrões de reúso agrícola. Com isso, os resultados evidenciam que a infiltração através do solo apresenta-se como uma alternativa promissora para melhorar a qualidade de efluentes de estação de tratamento de esgoto, além de proporcionar aumento dos níveis de águas subterrâneas.

REFERÊNCIAS ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILERA DE NORMAS TÉCNICAS, Análise Granulométrico – Rochas e Solos. NBR 6502, 1993. ALMEIDA, J. B.; BARROS, J. F.; MESQUITA, B. A.; SILVA, C. M. S. V.; FILHO, J. M.; FRISCHKORN, H.; SANTIAGO, M. M. F. Cluster analysis and geochemical processes for the characterization of the aquifer system in Maracanã/São Luis/MA. Brazilian Journal of Water Resources, v. 21, n. 4, p. 832-840, 2016. APHA - AMERICAN PUPLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. Washingto, 22nd Edition. 2012. BARBOSA, A. S.; LOPES, W. S.; BARBOSA, R. A.; MEDEIROS, S. S. Avaliação da recarga gerenciada de aquífero para o tratamento completar do efluente do município de Frei Martinho, Paraíba. I CONIMAS e III CONIDIS, Campina Grande, 2019. CEARÁ. Resolução COEMA nº 2/2017. Dispõe sobre padrões e condições para lançamento de efluentes líquidos gerados por fontes poluidoras, revoga as Portarias SEMACE nº 154, de 22 de julho de 2002 e nº 111, de 05 de abril de 2011, e altera a Portaria SEMACE nº 151, de 25 de novembro de 2002. COUTINHO, J. V.; ALMEIDA, C. N.; SILVA, E. B.; STEFAN, C.; ATHAYDE JÚNIOR, G. B.; GADELHA, C. L. M.; WALTER, F. Managed aquifer recharge: study of undisturbed soil column tests on the infiltration and treatment capacity using effluent of wastewater stabilization pond. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 23, n. 50, p. 1-9, 2018


HARUVY, N. Agricultural reuse of wastewater: nation-wide cost-benefit analysis. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 66, p. 133-119, 1997. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acessado em: 29 de Agosto de 2019. JARAMILLO, M.F. and RESTREPO, I. Wastewater Reuse in Agriculture: A Review about Its Limitations and Benefits. Sustainability, v. 9, p. 1734, 2017. JOKELA, P.; ESKOLA, T.; HEINONEN, T.; TANTTU, U.; TYRVÄINEN, J.; ARTIMO, A. Raw Water Quality and Pretreatment in Managed Aquifer Recharge for Drinking Water Production in Finland. Water, v. 9, n. 138, p. 1-16, 2017. MEDEIROS, A. S.; MAIA, S. M. F.; SANTOS, T. C.; GOMES, T. C. A. Soil carbon losses in conventional farming systems due to land-use change in the Brazilian semi-arid region. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 287, n. 1, p. 106690, 2020. MILLER, G. W. Integrated concepts in water reuse: managing global water needs. Desalination, v. 187, p. 65-75, 2006. PAGE, D.; BEKELE, E.; VANDERZALM, J.; SIDHU, J. Managed Aquifer Recharge (MAR) in Sustainable Urban Water Management. Water, 2018, n. 10, v 239, p. 1-16, 2018. RIBEIRO, C. S.; OLIVEIRA, G. G. The Water Question in the Baiano Semi-Arid and the Social Technologies for the Use of Rainwater. Revista del CESLA, n. 23, 2019. USEPA. UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Guidelines for water reuse, 2012. WHO. World Health Organization. Guidelines for the Safe Use of Wastewater, Excreta and Greywater, Geneva. 2006. WINPENNY, J.; HEINZ, I.; KOO-OSHIMA, S.; SALGOT, M.; COLLADO, J.; HÉRNANDEZ, F.; TORRICELLI, R. Reutilización del Agua en Agricultura: Beneficios para Todos. FAO: Rome, Italy, v. 124, 2013.

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Capítulo 24 TÉCNICAS PARA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE GOIABA (Psidum guajava): UM AVANÇO PARA O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO MUNICÍPIO DE CABEDELO

OLIVEIRA, Esther Cavalcanti Graduanda em Ciências Biológicas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba ecavalcante.11@gmail.com MONTEIRO, Francisca Micaely Ferreira Graduanda em Ciências Biológicas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba micaelymonteiro10@gmail.com NASCIMENTO, Isabella Carmen Graduanda em Ciências Biológicas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba isabella.carmen@academico.ifpb.edu.br DOMINGOS, Jailane Santos Graduanda em Ciências Biológicas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba jailannedomingoos@gmail.com SILVEIRA, Thyago de Almeida Doutor em Recursos Naturais Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba thyago.silveira@gmail.com

RESUMO A abordagem no avanço para o processo de recuperação de aéreas degradadas é uma alternativa importante para a regeneração ambiental. Diante disso, a natureza fortalece e amplia o bem-estar das aéreas em risco, resultando um ecossistema favorável onde foi regenerado. Propondo ao município de cabedelo transformações em suas respectivas aéreas degeneradas, com a coleta da semente da goiabeira (Psidium guajava), a qual foram feitos dois testes de quebra de dormência com o objetivo de estimular rapidamente o processo de germinação das sementes da goiaba. Foram utilizadas duas técnicas de quebra de dormência. A primeira técnica, foi a escarificação física através da fricção da semente com areia por média por 15 minutos, onde foram selecionadas 60 sementes, 29 destas sementes germinaram. Na segunda técnica, foi utilizada o método de imersão da semente em água, onde de 60 sementes, 39 foram germinadas. Em virtude de as duas técnicas obterem sucesso na quebra da dormência, sendo que, a segunda técnica atingimos um resultado mais propício para o estudo. Visto que é de extrema importância investir na elaboração de novos projetos focados nos estudos de plantas nativas, e utilizar em métodos de regeneração florestal do ambiente local.

PALAVRAS-CHAVE: Germinação, áreas degradadas, quebra de dormência, goiaba.

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INTRODUÇÃO A preocupação com a reparação de danos provocados pelo homem aos ecossistemas não é recente. Plantação florestal tem sido estabelecida desde o século 19 no Brasil com diferentes objetivos (ENGEL; PARROTTA, 2003). Com o estudo da germinação de sementes pode-se entender as condições ideais para o controle e armazenamento das sementes. Duas características fazem com que as sementes florestais sejam fundamentais para a recuperação de áreas degradadas: sua capacidade de distribuir a germinação no espaço (pelos mecanismos de dispersão) e no tempo (pelo mecanismo de dormência). Nesse sentido, à recuperação das áreas degradadas é o reflorestamento, que vem se constituindo numa alternativa importante para a recuperação ambiental. Observada as características gerais da área degradada a ser recuperada utiliza-se as espécies que melhor se atenda aos pré-requisitos determinados (Zamith, 2004). Pois, a natureza desenvolve e emprega os melhores processos, que ao mesmo tempo, aperfeiçoa a produção e melhora as condições de vida nos lugares onde o ecossistema foi recuperado. O Bioma Mata Atlântica encontra-se, hoje, em um estado de intensa fragmentação e destruição, havendo a necessidade de adoção de critérios bem estabelecidos de sustentabilidade. Nas florestas tropicais presentes no litoral brasileiro, a Mata Atlântica é um bioma de grande diversidade. Na região metropolitana no Município de João Pessoa, encontra-se o estuário do rio Paraíba, que sofreu nos últimos 40 anos uma drástica redução de 62,3% em sua área de florestas, tanto pela expansão urbana como por atividades agrícolas (STEVENS, 2014). Em Cabedelo, atualmente, existem dois fragmentos de florestas de restinga, o Parque Natural Municipal de Cabedelo (PNMC) e a Floresta Nacional da Restinga (FLONA) que passam por transformações urbanas de diversas comunidades que as circundam. Ambas são Unidades de Conservações (UC) e proteção integral, onde só é permitido o uso indireto de seus recursos naturais, são bem heterogêneas, e contêm áreas preservadas, áreas degradadas, áreas recuperadas, áreas utilizadas para realização de cultos religiosos e áreas de pastos e trilas, por onde as comunidades limítrofes transitam Desta forma, o município de Cabedelo passa por transformações ambientais que muda o seu estado de preservação. Com isso, mesmo com o avanço de pesquisas na área de tecnologia para a formação de mudas no Brasil, ainda há muito para ser explorado no que diz respeito às espécies frutíferas, pois a carência de conhecimento tecnológico básico limita a prática da análise de sementes, dificultando a obtenção de informações que realmente expressam a qualidade física e fisiológica. A dificuldade é ainda maior, pois para muitas espécies frutíferas, principalmente as mirtáceas, os problemas de conservação e de germinação das sementes, como a goiabeira (Psidium guajava L.) são relevantes. Apesar da importância dessa espécie e de seu intenso cultivo no Brasil, não há recomendação para o teste de germinação nas Regras para Análise de Sementes (Brasil; 2009). A cultura da goiabeira (Psidium guajava L.) é provinda da América tropical, sendo do sul do México até o sul do Brasil, de acordo com a economia da espécie, o Brasil é um dos maiores produtores mundiais, junto com a Índia, Paquistão, México, Egito e Venezuela. Sua importância alimentar está relacionado aos benefícios as saúde, devido sua fonte de vitamina C e Fibras. A goiaba (Psidium guajava L.) é valorizada por seu sabor pela sua riqueza (Alves et al., 2015). De acordo com Tavares et al., 1995 uma goiaba tem cerca de 50 sementes que forneceram em média 25 plântulas vigorosas. A extração das sementes para dar ênfase no teste de germinação devem ser retiradas de frutos maduros, visto que a maturação fisiológica das sementes coincidem com a dos frutos (Tavares et al., 1995). A germinação das sementes é influenciada por fatores ambientais e condições básicas requeridas como: a água, o oxigênio, a temperatura (20°C a 30ºC) e, para algumas espécies, a luz. Segundo Tavares, Lucca Filho e Kesten (1996) a germinação das sementes de frutos de regiões

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tropicais, em regiões de clima temperado, é lenta e desuniforme se comparada às regiões de temperaturas mais altas. Esta dificuldade é devido às baixas temperaturas, podendo ser considerada uma dormência secundária, que é causada por condições adversas de clima e temperatura (Carrione, 2008). Existem alguns métodos para teste de germinação de goiaba, métodos como semeadura pós-colheita ou semeadura de sementes armazenadas. O presente trabalho avaliou técnicas que melhor se encaixassem na quebra de dormência para acelerar o processo de germinação das sementes de goiaba, sendo utilizada a técnica em imersão na água por 48 horas em temperatura de 25° graus e a técnica de ficção em areia. Com isso, O estudo em como objetivo analisar testes para a germinação de sementes de goiaba (Psidium guajava) e cultivo de mudas para a recuperação de áreas degradadas na tentativa de aplicar a sustentabilidade para proteger a vida do meio ambiente. Algumas sementes iram precisar do processo de quebras ou superação de dormência para que elas germinem rapidamente e de maneira mais uniforme. Com isso para produção de mudas em área de recuperação de áreas degradadas será necessária a aplicação de tratamentos prégerminativos para superação da dormência. Essas técnicas são especificas para cada tipo de semente e foram testadas para encontrar um melhor resultado.

MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O estudo foi realizado no município de Cabedelo (Paraíba), que está inserido nos domínios da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba, região do baixo Paraíba, com todos rios e afluentes têm regime permanente, e cujo principal curso d’água é o Rio Mandacaru urbanizadas (IBGE, 2018). A vegetação é bastante diversificada, apresentando a predominância de faixas de Mata Atlântica (floresta subperenefólia com faixas subcaducifólia), coqueirais e manguezais, bem como vegetação de transição entre a restinga e a mata atlântica, com vegetação de dunas próxima ao mar. De acordo com o clima é tropical chuvoso com verão seco, temperaturas médias máximas de 30°C e mínimas de 22°C, índice pluviométrico de aproximadamente 1900 milímetros anuais, com chuvas concentradas entre os meses de março e julho (IBGE, 2018).

Coleta e Beneficiamento das Sementes O presente experimento foi realizado no período de novembro de 2019 a janeiro de 2020. Foram colhidos frutos maduros de goiaba (Psidium guajava) em duas árvores vigorosas e livres de pragas existentes em uma área de preservação remanescente do Rio Paraíba, localizado ao lado do Campus do Instituto Federal da Paraíba, a latitude 0. 297379 e longitude 9. 225516 (Imagem 1). No momento da coleta, a espécie vegetal foi identificada por um fichamento de campo e mapeada pela utilização de um GPS.

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Imagem 1: Coleta dos frutos de goiaba maduros em uma área de preservação remanescente do Rio Paraíba localizado no município de Cabedelo.

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Fonte: Dados da Pesquisa (2019)

O experimento foi instalado no laboratório de Ecologia do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia da Paraíba - Campus Cabedelo. Diante disso, retirou-se as sementes dos frutos maduros, e a seguir procedeu-se a diversas lavagens onde utilizou- se um peneira de malha para facilitar a retirada da polpa da fruta até a obtenção das sementes limpas que logo, foram espalhas sobre folhas de jornal à sombra (imagem 2) até a secagem por um período de 6 dias, em seguida foram armazenadas. Imagem 2: Secagem das sementes

Fonte: Dados da Pesquisa (2019)

Contudo as sementes foram submetidas a testes de quebra da dormência com o objetivo de acelerar o processo de germinação das sementes de Goiaba (Psidium guajava). Técnicas utilizadas para a quebra de dormência Foram utilizadas as seguintes técnicas para a quebra de dormência das sementes de Goiaba: técnica 1: Escarificação física através da fricção da semente com areia média por 15 minutos essa


metodologia é recomendada por DECKER (1953), AROEIRA (1960) técnica 2: Imersão da semente em água a 25 graus e duração de 48 horas, utilizou-se um termômetro para medir a temperatura da água (Imagem 3). Esta metodologia e recomendada por PARIZOTTO (2011).

Imagem 3: Termômetro utilizado para a verificação da temperatura da água.

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Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Com isso 60 sementes foram submetidas aos testes de quebra de dormência, para a semeadura foram utilizadas três sementes de goiaba (Psidium guajava) para cada célula, a uma profundidade de 1 cm, a bandeija foi separada em 20 celulas para cada tecnica totalizando 40 celulas, ultizou-se 100% de compostagem organica para o plantio das sementes depois disso as bandejas foram expostas em ambientes arejados e com luz solar e regada todos os dias (Imagem 4).

Imagem 4: Substratos na sementeira com areia e compostagem orgânica

Fonte: Dados da pesquisa (2019)


Depois desse processo observou-se tanto a quantidade de sementes germinadas e plântulas emergidas como a duração desse procedimento, depois disso os resultados foram todas tabelados para geração das análises e gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO No decorrer do experimento, verificou-se duas técnicas de germinação colocadas a teste para o processo de geração de mudas para a recuperação de áreas degradada no município de Cabedelo – PB. Nos gráficos 1 e 2 apresentam os índices da velocidade de emergência das sementes germinadas de Goiaba ao decorrer do estudo, perante as diferentes técnicas de quebra de dormência. No grafico 1 é possivel observar a tecnica de escarificação fisica através da semente com areia. Observa-se que entre os dias 14 a 26 ouve uma variaçao do aparecimento da plântula para fora do substrato, onde os dias de maior porcentual de germinação foram entre os dias 20 a 21 com o aparecimeto de 4 plântulas. Desta forma, das 60 sementes que foram selecionada para os testes 29 germinaram.

Grafico 1: Velocidade de Emergência das sementes da Técnica de quebra de dormência 1: Escarificação física através da fricção da semente com areia média por 15 minutos.

Fonte: Dados da Pesquisa (2019)

Segundo Tavares et al., (1995) descreve que em substratos com areia, junto com escarificação é onde tem-se maior porcentagem de germinação, possivelmente devido ao aumento de permeabilidade do tegumento, causado por esse tratamento. Diante disso pode-se afirmar que as sementes sem escarificação como a de imersão em água possuíram um grande percentual de germinação em substrato com areia. O gráfico 2 apresenta a técnica de imersão da semente em água, onde é possível visualizar que ouve também germinação e obteve uma grande variação referente aos dias de surgimento da plântula no substrato, ou seja a germinação obteve uma durão de 13 dias para o aparecimento da plântula no substrato, mas mostrou que a técnica deu certo, pois mesmo sendo uma quantidade

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pequena de amostra de 60 sementes 39 germinaram e assim podemos acelerar o processo de germinação para no futuro acelerar também o reflorestamento. Com isso para germinação de sementes de espécies da Mata Atlântica, a temperatura ótima mais comum é de 25 °C. Esse valor coincidi estar referente à temperatura característica deste bioma, já que nesta região há predominância de temperaturas mais amenas. Tal constatação reforça a hipótese de que a temperatura ótima de germinação está relacionada às temperaturas da região de origem da espécie na época favorável para a germinação (Gomes et al., 2016) constituindo-se em uma adaptação fisiológica.

Gráfico 2: Velocidade de Emergência das sementes da Técnica de quebra de dormência 2: Imersão da semente em água a 25 graus e duração de 48 horas.

Fonte: Dados da Pesquisa (2020)

De acordo com o gráfico 3 é possível observar que as sementes que foram submetidas ao teste de quebra de dormência a técnica 2 teve um índice de germinação maior com 39 sementes germinadas entre os dias 13 a 25, enquanto a técnica 1 obteve 29 sementes em 14 a 26 dias. Com isso, podemos afirmar que as duas técnicas tiveram sucesso no processo da quebra de dormência, sendo que a técnica 2 obtivemos um resultado mais favorável para o estudo.

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Grafico 3: Diferenciação agregada a quantidade de germinação de sementes entre as técnicas 1 e 2

Total de Sementes Germinadas 70 60 50

39

40

29

30 20

217

10 0 Técnica 1

Técnica 2

Quantidade de sementes

Sementes germinadas

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Sendo assim, é importante investir em elaboração de novos projetos focados nos estudos de plantas nativas de Mata Atlântica. Na maioria das sementes, a temperatura influencia a velocidade e a porcentagem de germinação, pois altera a velocidade de absorção de água e das reações metabólicas das reservas necessárias para a sobrevivência da plântula. Temperaturas elevadas alteram a permeabilidade das membranas e promovem desnaturação de proteínas necessárias à germinação, enquanto que baixas temperaturas retardam as atividades metabólicas, propiciando redução no percentual de germinação e atraso no processo germinativo. A germinação de sementes é um processo complexo, que envolve muitas reações e fases e cada uma delas é afetada pela temperatura, a exemplo do florescimento e maturação das sementes (Pagel, 2004).

CONCLUSÕES Tendo em vista os fatos mencionados anteriormente, através dos resultados obtidos para as sementes de goiaba (Psidium guajava), pode-se concluir que, a técnica 2 de quebra de dormência mais eficaz para o processo de germinação das sementes é imergindo a amostra em água em temperatura de 25°C. Das sementes plantadas, após o uso da técnica 2, 39 sementes de 60 germinaram em um período de 13 entre 25 dias. O substrato recomendável para o teste de germinação foi utilizando 100% de compostagem orgânica.

REFERÊNCIAS ALVES, Charline Zaratin; SILVA, Josué Bispo da; CÂNDIDO, Ana Carina da Silva. Metodologia para a condução do teste de germinação em sementes de goiaba. Rev. Ciênc. Agron,, Fortaleza, v. 46, n. 3, p. 615-621, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rca/v46n3/0045-6888-rca-46-03-0615.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. AROEIRA, J. S. Sobre Dormência e Conservação de Sementes de Algumas Plantas Frutíferas. Viçosa, MG., 1959. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura da UREMG, 95 p.


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Capítulo 25 UMEDECIMENTO DO SUBSTRATO E TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong

ARAUJO NETO, Aderson Costa Doutor em Agronomia Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) adersoncaneto@gmail.com ARAÚJO, Paulo Costa Doutor em Agronomia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) pauloaraujo85@hotmail.com ALVES, Edna Ursulino Professora do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ednaursulino@cca.ufpb.br MEDEIROS, José George Ferreira Professor da Unidade Acadêmica de Tecnologia do Desenvolvimento Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) jose.george@ufcg.edu.br SILVA, José Vinícius Bezerra Discente do curso de Tecnologia em Agroecologia Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) viniciusagro.21@hotmail.com

RESUMO A água e a temperatura são fatores importantes para as atividades metabólicas envolvidas no processo germinativo. Neste sentido, objetivou-se avaliar a influência de diferentes volumes de água no substrato e temperaturas na germinação e vigor de sementes de Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. A semeadura foi realizada em rolos de papel toalha, umedecidos com volumes (mL g-1 papel) de água destilada equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes a massa do substrato seco, sem adição posterior de água, e mantidos em germinadores regulados nas temperaturas constantes de 25 e 30°C e alternada de 20-30°C. Avaliou-se o teor de água, a porcentagem, primeira contagem e o índice de velocidade de germinação (IVG), o comprimento e a massa seca das plântulas normais. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 4 x 3 (volumes de água e temperaturas), com quatro repetições de 25 sementes por tratamento. Os resultados obtidos evidenciaram melhor desempenho germinativo da espécie em sítios de baixa umidade e de grandes flutuações diárias de temperatura, sendo o volume de água de 2,0 vezes a massa do substrato e a temperatura alternada de 20-30°C a combinação mais indicada para a condução dos testes de germinação e vigor das sementes de E. contortisiliquum.

PALAVRAS-CHAVE: disponibilidade de água, sementes florestais, tamboril.

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1. INTRODUÇÃO Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong, conhecida popularmente como tamboril, timbaúva ou orelha-de-negro, é uma espécie nativa encontrada em diversas formações florestais brasileiras (LIMA et al., 2009). Apresenta importância para diferentes setores da economia, como o madeireiro, na construção naval e civil (ZUCHIWSCHI et al., 2010); e para o uso medicinal, tendo em vista as propriedades anti-inflamatórias e antibióticas presente na casca do caule e no fruto, respectivamente (GOMES; BANDEIRA et al., 2012). Nos últimos anos vem crescendo o interesse dos pesquisadores para tornarem-se conhecidos os mecanismos de propagação e sobrevivência de espécies florestais, tanto para o entendimento ecofisiológico, que possibilita compreender o comportamento das espécies em condições naturais (FIGLIOLIA et al., 2009), quanto para a produção tecnificada das mudas. Assim, estudos do comportamento germinativo de suas sementes tornam-se fundamentais para elucidar tais questões. O conhecimento das condições apropriadas que viabilizem a condução do teste de germinação em laboratório de sementes de uma determinada espécie é imprescindível, principalmente pelas respostas diferenciadas que podem apresentar devido a diversos fatores como dormência, volume de água, luz, temperatura, oxigênio e ocorrência de agentes patogênicos associados ao tipo de substrato para sua germinação (BRASIL, 2009; GUEDES et al., 2010b). A temperatura afeta a porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação e está relacionada com os processos bioquímicos (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012). As sementes apresentam comportamento variável em diferentes temperaturas, não havendo uma temperatura ótima e uniforme de germinação para todas as espécies. Em geral, a temperatura é chamada ótima quando ocorre a máxima germinação, no menor tempo. Da mesma forma que a temperatura, a umidade do substrato constitui um dos fatores essenciais para desencadear o processo germinativo (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012) e este deve permanecer uniformemente úmido nos testes de germinação conduzidos em laboratório, de modo que garanta a germinação e o desenvolvimento das plântulas. A deficiência de água impossibilita a sequência dos processos bioquímicos, físicos e fisiológicos que determinam a retomada do crescimento do embrião (SOUZA et al., 2017). Por outro lado, o excesso de umidade provoca um decréscimo na germinação, pois dificulta a respiração e reduz todo o processo metabólico resultante, além de aumentar a incidência de fungos, levando à redução na viabilidade (FIGLIOLIA et al., 2009). A padronização do volume de água que favoreça a germinação, conforme a espécie, provavelmente minimizaria as variações nos resultados dos testes de germinação. Pesquisas sobre as exigências de água em sementes são pioneiras, estando disponíveis informações sobre poucas espécies florestais, tais como: Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urban (RAMOS et al., 2006a), Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke (RAMOS et al., 2006b), Amburana cearensis (All.) A.C. Smith (GUEDES et al., 2010b), Melanoxylon brauna Schott. (FLORES et al., 2013) e Parkia platycephala Benth. (GONÇALVES et al., 2015). Considerando a importância da temperatura e da disponibilidade hídrica no substrato para que ocorra a germinação uniforme das sementes e formação de plântulas, bem como no processo de propagação das espécies florestais nativas, objetivou-se estudar a influência de diferentes volumes de água no substrato e de temperaturas sobre a germinação e vigor de sementes de E. contortisiliquum.

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2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no LaboratĂłrio de AnĂĄlise de Sementes pertencente ao Centro de CiĂŞncias AgrĂĄrias da Universidade Federal da ParaĂ­ba, Areia, PB. Os frutos de E. contortisiliquum utilizados neste estudo foram coletados manualmente ao acaso no inĂ­cio da deiscĂŞncia natural em vinte ĂĄrvores matrizes localizadas no municĂ­pio de Sobrado, PB (07°08’38â€? S e 35°14’20â€? W), em novembro de 2016. A regiĂŁo situa-se na Zona da Mata Paraibana em uma altitude mĂŠdia de 82 m, com temperatura mĂŠdia anual de 25,1°C, sendo a mĂĄxima de 29,8°C e a mĂ­nima de 21,3°C. O clima, conforme a classificação de KĂśppen ĂŠ do tipo As’ (quente e Ăşmido com chuvas de outono/inverno), com precipitação mĂŠdia anual de 431,8 mm. Depois de colhidos, os frutos foram encaminhados ao laboratĂłrio para extração manual e homogeneização das sementes, as quais foram mantidas Ă sombra, para secagem natural durante cinco dias. Em seguida, foram embaladas em sacos de papel e armazenadas em ambiente controlado (25°C e 50% de UR) atĂŠ a execução do experimento. Primeiramente, verificou-se o teor de umidade das sementes, determinado pelo mĂŠtodo da estufa a 105 Âą 3°C por 24 horas (BRASIL, 2009), com os resultados expressos em porcentagem. Para avaliação da germinação das sementes, como tambĂŠm para o crescimento das plântulas, as sementes foram submetidas inicialmente Ă escarificação mecânica com lixa d’ågua nÂş. 120 na regiĂŁo oposta ao hilo para superação da dormĂŞncia tegumentar (ALEXANDRE et al., 2009). ApĂłs a superação da dormĂŞncia, oito repetiçþes de 25 sementes foram semeadas em rolos de papel toalha (GermitestÂŽ), umedecidos com volumes (mL g-1) de ĂĄgua destilada equivalentes a 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes a massa do substrato seco (rolo de trĂŞs folhas = 18 g), sem adição posterior de ĂĄgua. Os rolos foram acondicionados em sacos plĂĄsticos transparentes, com 0,04 mm de espessura para evitar a perda de umidade por evaporação. O teste de germinação foi conduzido em germinadores do tipo Biochemical Oxigen Demand (B.O.D.) regulados para os regimes de temperaturas constantes de 25 e 30°C e alternada de 20-30°C, com fotoperĂ­odo de 8/16 horas de luz e escuro, respectivamente. As avaliaçþes foram realizadas diariamente apĂłs a instalação do teste, por um perĂ­odo de 15 dias, quando o experimento foi encerrado. As contagens foram realizadas diariamente, considerando-se como plântulas normais aquelas que emitiram a raiz primĂĄria e a parte aĂŠrea e se encontravam aparentemente sadias (BRASIL, 2009), com os resultados expressos em porcentagem. Para avaliar o vigor das sementes submetidas aos diferentes tratamentos realizaram-se as seguintes determinaçþes: primeira contagem de germinação, Ă­ndice de velocidade de germinação, comprimento de plântulas e a massa seca de plântulas. A primeira contagem de germinação foi conduzida conjutamente ao teste de germinação correspondente Ă porcentagem acumulada de plântulas norrmais no sĂŠtimo dia apĂłs a semeadura. O Ă­ndice de velocidade de germinação (IVG) foi avaliado em conjunto com o teste de germinação, mediante contagens diĂĄrias das sementes germinadas e, calculado empregando-se a fĂłrmula proposta por Maguire (1962), onde:

đ??źđ?‘‰đ??ş =

đ??ş đ??ş đ??ş + + ...+ đ?‘ đ?‘ đ?‘

221


Sendo: G1, G2, ..., Gn = número de plântulas computadas na primeira, segunda e última contagem; N1, N2, ..., Nn = número de dias da semeadura à primeira, segunda e última contagem.

Ao final do teste de germinação, as plântulas normais de cada repetição foram utilizadas para avaliar o comprimento (raiz até a inserção dos cotilédones), com o auxílio de uma régua graduada em centimetros, sendo os resultados expressos em centímetros por plântula. Para determinação da massa seca de plântulas foram utilizadas as plântulas provenientes da avaliação do comprimento, as quais foram colocadas em sacos de papel do tipo Kraft e acondicionadas em estufa com circulação forçada de ar, regulada a 65°C, onde permaneceram até atingir peso constante. Em seguida, foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,0001 g, sendo os resultados expressos em miligramas por plântula. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente ao acaso, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 4 x 3 (volumes de água no substrato x temperaturas), em quatro repetições, sendo a parcela representada pelo rolo de papel contendo 25 sementes. Os dados, não transformados, foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o teste F para comparação dos quadrados médios e, as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Para os efeitos quantitativos foi realizada análise de regressão polinomial, selecionando-se os modelos significativos (F ≤ 0,05), com o r2 ≥ 60%, utilizando-se o programa estatístico Assistat (versão 7.7 beta).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A determinação do teor de água, como procedimento inicial para a avalição da qualidade fisiológica, indicou que as sementes de E. contortisiliquum apresentavam-se com grau de umidade de 11,9%. Para todas as variáveis avaliadas houve interação significativa entre os volumes de água no substrato e as temperaturas (p < 0,05), com exceção dos dados de massa seca de plântulas. Na temperatura de 25°C observou-se um ajuste ao modelo cúbico, em que o baixo percentual de germinação inicial (48%) obtido com a quantidade de água equivalente a 2,0 vezes a massa do substrato seco, sofreu uma tendência de aumento até o volume de 2,5 vezes a massa do papel, onde se registrou maior germinação (69,4%). No entanto, com o aumento da disponibilidade de água no substrato houve decréscimo na formação de plântulas normais de E. contortisiliquum, alcançando 54% no volume de 3,5 vezes a massa do substrato seco (Figura 1), evidenciando que o excesso de umidade reduz a germinação desta espécie. Segundo Azeredo et al. (2010), a disponibilidade excessiva de água no substrato pode promover a embebição rápida de grande quantidade de água, provocando danos celulares e, por conseguinte, reduzir a porcentagem de germinação.

222


25°C

Ŷ = -716 + 794X - 262X2 + 28X3 R² = 0,99

30°C

Ŷ = 235,95 - 130,3X + 23X2 R² = 0,94

20-30°C Ŷ = 288,65 - 154,1X + 25X2 R² = 0,98

Germinação (%)

100 80 60 40 20 0 2,0

2,5

3,0

3,5

Volumes de água (mL) Figura 1. Estimativa da germinação de sementes de Enterolobium contortisiliquum submetidas a diferentes temperaturas e volumes de água no substrato.

Para as temperaturas de 30 e 20-30°C verificou-se um efeito quadrático, com os maiores percentuais de germinação registrados com a quantidade de água equivalente a 2,0 vezes a massa do substrato seco (63 e 80%, respectivamente); sugerindo que o E. contortisiliquum é pouco exigente em disponibilidade hídrica nos estádios iniciais de desenvolvimento, com maior poder de estabelecimento em áreas desmatadas, em clareiras e bordas de matas (SCALON et al., 2005), locais onde ocorrem menor disponibilidade hídrica. No entanto, com o umedecimento do substrato observou-se tendência de redução da germinação até o volume de água de 3,0 vezes a massa do papel seco, onde foram obtidos os menores resultados, 51,4 e 51,1%, respectivamente. As espécies florestais apresentam exigências distintas em relação à disponibilidade de água para a germinação, enquanto algumas são indiferentes às condições de umidade dentro de uma determinada faixa, outras respondem a essas diferenças, requerendo níveis específicos para o seu desenvolvimento. Além disso, em condições naturais, certas espécies se adaptam melhor em ambientes de baixa umidade, geralmente em áreas de clareiras, enquanto outras apresentam maior poder de estabelecimento em sítios de alta umidade, quase sempre sombreados pelo dossel (GUEDES et al., 2010b); comportamentos estes que, possivelmente, podem estar associados às condições ambientais em que as mesmas se desenvolvem (GONÇALVES et al., 2015). O menor requerimento de água para germinação de E. contortisiliquum pode ser decorrente de suas características genéticas e/ou adaptativas, que a torna capaz de germinar e sobreviver em ambientes onde a água é escassa, comumente encontrada no nordeste do país, na zona do Agreste e na Caatinga (MESQUITA, 1990). Entretanto, Lima et al. (2009) relatam a ocorrência natural desta espécie em formações de alta umidade na região Sul do Brasil, em florestas estacionais semidecíduas, caracterizadas por baixas temperaturas, com média anual em torno de 19°C, e elevados índices pluviométricos acima de 1.300 mm por ano. Tais evidências sugerem que em decorrência da ampla distribuição geográfica, provavelmente, as exigências de umidade e temperatura para germinação e crescimento inicial do tamboril sejam bastante variáveis em função das condições climáticas e vegetacionais das regiões de estabelecimento, desenvolvimento e reprodução de suas matrizes. A germinação plena acontece em potenciais hídricos que variam com a espécie, dessa forma, não há um consenso nas informações disponíveis na literatura sobre as exigências de água em sementes florestais. Alguns estudos apontam que diferentes quantidades de água (1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 vezes a massa do papel) empregadas para umedecer o substrato não influenciam nas porcentagens de germinação (RAMOS et al., 2006a; GONÇALVES et al., 2015); outros autores

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citam que os maiores volumes de água no substrato (3,0 e 3,5 vezes a massa do papel) proporcionam melhor desempenho germinativo (RAMOS et al., 2006b; GUEDES et al., 2010b), assim como, existem resultados similares aos obtidos para E. contortisiliquum, isto é, uma maior germinação em menores níveis de umedecimento do substrato (1,5 e 2,0 vezes a massa do papel) (FLORES et al., 2013). O fato de a germinação ocorrer em diferentes regimes de temperaturas mostra a adaptação às flutuações térmicas naturais do meio ambiente, o que dá as espécies uma maior capacidade para estabelecimento de plântulas no campo, tornando-as capazes de suportar as condições ambientais adversas (ARAÚJO et al., 2014). Para Vázquez-Yanes e Orozco-Segovia (1984), provavelmente a maior germinação de sementes de determinadas espécies sob temperatura alternada, como observado para E. contortisiliquum, deve-se a mecanismos enzimáticos que são favorecidos pelas flutuações de temperaturas em amplitudes térmicas específicas durante o processo catalizado por estas enzimas. Borges e Rena (1993) acrescentaram, ainda, que provavelmente este fato está associado às flutuações de temperaturas do ambiente natural da espécie e que esta resposta é relativamente comum, entre as espécies de estádios sucessionais iniciais (pioneiras e secundárias iniciais), como é o caso de E. contortisiliquum (LORENZI, 2009). Semelhante ao comportamento germinativo observado em E. contortisiliquum, algumas espécies apresentam melhores resultados para a germinação quando sob temperatura alternada, como Senna multijuga (OLIVEIRA et al., 2003), Sebastiania commersoniana (SANTOS; AGUIAR, 2005) e Caesalpinia pyramidalis (LIMA et al., 2011). Enquanto outras apresentam a máxima capacidade germinativa sob temperaturas constantes, como é o caso de Caesalpinia leiostachya (BIRUEL et al., 2007), Amburana cearensis (GUEDES et al., 2010a) e Chorizia glaziovii (GUEDES; ALVES, 2011). Com base nessas informações, Lessa et al. (2014) sugeriram a existência de duas vertentes no tocante aos regimes ideais de temperatura para a germinação de sementes, a primeira trata-se das espécies adaptadas à regiões com grandes oscilações diárias de temperatura, como às ocorrentes no semiárido, que se beneficiam da alternância de temperatura, e a segunda das que não se beneficiam. Com relação ao vigor, determinado pela primeira contagem de germinação (Figura 2), para a temperatura de 25°C verificou-se aumento da germinação por ocasião da primeira contagem até o volume de 2,5 vezes a massa do papel seco, onde foi registrado maior percentual (66%). A partir deste volume houve redução considerável dessa variável até o volume de água de 3,5 vezes a massa do papel (54,5%). No entanto, a menor quantidade de água usada para umedecer o substrato proporcionou o menor percentual de germinação na primeira contagem, alcançando apenas 44%. 25°C

Ŷ = -726 + 804X - 267,5X2 + 29X3 R² = 0,99

30°C

Ŷ = 248,56 - 139,63X + 24,25X2 R² = 0,99

20-30°C Ŷ = 243,06 - 127,13X + 20,25X2 R² = 0,81

Primeira contagem (%)

100 80 60 40 20 0 2,0

2,5 3,0 Volumes de água (mL)

3,5

224


Figura 2. Estimativa da primeira contagem de germinação de sementes de Enterolobium contortisiliquum submetidas a diferentes temperaturas e volumes de água no substrato.

Nas temperaturas de 30 e 20-30°C observou-se que o umedecimento do substrato proporcionou maiores percentuais de germinação na primeira contagem com a quantidade de água equivalente a 2,0 vezes a massa do substrato seco (66 e 70%, respectivamente). Contudo, com a adição de água no substrato houve tendência de redução de sementes germinadas na primeira contagem até o volume de água de 3,0 vezes a massa do papel seco, obtendo-se os menores resultados, 47,5 e 43,5%, respectivamente (Figura 2). Em relação ao índice de velocidade de germinação (Figura 3) das sementes de E. contortisiliquum, para temperatura de 25°C verificou-se um ajuste ao modelo cúbico, com o menor índice registrado na quantidade de água equivalente a 2,0 vezes a massa do substrato seco (1,68). Com a adição de água no substrato houve tendência de aumento na velocidade de germinação até o volume de 2,5 vezes a massa do papel, verificando-se maior resultado (2,38). No entanto, após este volume houve redução expressiva nesse índice, chegando a 1,75 no volume de 3,5 vezes a massa do papel seco; demonstrando que o aumento excessivo da disponibilidade de água no substrato retarda a germinação desta espécie. 25°C 30°C

Ŷ = - 29,795 + 33,487X - 11,381X2 + 1,2539X3 R² = 0,99 Ŷ = 6,9476 - 3,667X + 0,6557X2 R² = 0,88

20-30°C Ŷ = 9,5237 - 4,9009X + 0,7743X2 R² = 0,99

3,0 2,5

IVG

2,0 1,5 1,0 0,5 2,0

2,5

3,0

3,5

Volumes de água (mL) Figura 3. Estimativa do índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de Enterolobium contortisiliquum submetidas a diferentes temperaturas e volumes de água no substrato.

Essa redução na velocidade de germinação de E. contortisiliquum deve-se, possivelmente, a uma deficiência no suprimento de O2 provocada pelo excesso de água no substrato. Com isso, ocorre dificuldade de aeração e consequente carência de oxigênio e danos provocados pela embebição muito rápida, pois a água, em excesso, limita a entrada de oxigênio, diminuindo a respiração, provocando o atraso ou a paralisação do processo de germinação e, ainda, a ocorrência de plântulas anormais e até o aparecimento de sementes mortas (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012). Nas temperaturas de 30 e 20-30°C, os maiores índices de velocidade de germinação foram alcançados com a quantidade de água proporcional a 2,0 vezes a massa do substrato seco (2,23 e 2,81, respectivamente). No entanto, o umedecimento do substrato reduziu a velocidade de germinação até o volume de 3,0 vezes a massa do papel seco, onde foram registrados os menores

225


índices (1,82 e 1,76, respectivamente); ocorrendo logo em seguida, a retomada do aumento do IVG até o volume máximo de água no substrato, obtendo-se os valores estimados de 2,14 e 1,85, respectivamente (Figura 3). De modo semelhante, em sementes de Largenaria siceraria a menor velocidade de germinação foi observada quando se utilizou a proporção de água equivalente a 3,0 vezes o peso do substrato (BISOGNIN et al., 1991). Entretanto, os resultados de índice de velocidade de germinação não apresentaram diferença significativa para os volumes de água no substrato, para sementes de Ochroma pyramidale (RAMOS et al., 2006a). Na temperatura adequada à germinação (20-30°C), combinada com o menor volume de água no substrato (2,0 vezes a massa do papel seco), haverá uma maior velocidade de embebição da água, com o rápido amolecimento do tegumento e subsequente protrusão da radícula, caracterizando a condição ideal para que desencadeie o processo germinativo e estabelecimento das plântulas de E. contortisiliquum. Esses dados não corroboram com os obtidos por Ramos et al. (2006b), em que os maiores índices de velocidade de germinação de sementes de Schizolobium amazonicum foram verificados nas temperaturas de 30 e 35°C com o volume de água de 3,0 vezes a massa do subtrato seco. No que diz respeito ao comprimento de plântulas (Figura 4), os maiores resultados foram verificados nas temperaturas de 25 e 30°C, quando utilizado o volume de água equivalente a 2,0 vezes a massa do substrato seco, apresentando valores estimados de 10,1 e 12,2 cm, respectivamente, ocorrendo logo em seguida decréscimo linear do comprimento à medida que houve aumento da disponibilidade de água no subtrato, com os menores resultados registrados no volume de 3,5 vezes a massa do papel seco (8,3 e 8,7 cm, respectivamente); indicando efeito negativo do excesso de umidade no substrato sobre o desenvolvimento das plântulas de E. contortisiliquum. Para a temperatura de 20-30°C não houve ajuste significativo dos dados aos modelos de regressão. 25°C

Ŷ = 12,702 - 1,2556X r² = 0,78

30 °C

Ŷ = 16,811 - 2,2918X r² = 0,83

20-30 °C 8,12

Comp. plântulas (cm)

16 14 12 10 8 6 4 2,0

2,5 3,0 Volumes de água (mL)

3,5

Figura 4. Estimativa do comprimento de plântulas oriundas de sementes de Enterolobium contortisiliquum submetidas a diferentes temperaturas e volumes de água no substrato.

Resultados distintos foram observados em S. amazonicum, onde o comprimento de plântulas foi influenciado, apenas pela quantidade de água, cujo valor equivalente a 3,0 vezes a massa do substrato seco proporcionou seu maior desenvolvimento (RAMOS et al., 2006b). No entanto, as melhores condições para o desenvolvimento de plântulas de O. pyramidale foram

226


registradas na temperatura de 30°C combinada com a quantidade de água de 1,5 vezes a massa do papel seco e, na temperatura de 35°C com a quantidade de água de 3,0 vezes (RAMOS et al., 2006a). Avaliando-se o vigor das sementes de E. contortisiliquum determinado pela massa seca de plântulas (Figura 5), verificou-se que não houve interação significativa entre as temperaturas e os volumes de água no substrato, ocorrendo somente efeito isolado destes fatores.

227

Figura 5. Estimativa da massa seca de plântulas (MSP) oriundas de sementes de Enterolobium contortisiliquum submetidas a diferentes temperaturas (A) e volumes de água no substrato (B). *Colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na temperatura de 20-30°C houve maior acúmulo de massa seca de plântulas (56,0 mg) em relação às demais (Figura 5A). Por outro lado, Lessa et al. (2014) constataram que a temperatura constante de 25°C proporcionou maiores resultados de massa seca de plântulas da mesma espécie, quando comparada à alternada de 20-30°C. Certamente esses resultados podem ser explicados uma vez que a temperatura alternada de 20-30°C foi favorável para o processo germinativo, com resposta positiva para a massa seca de plântulas. Sementes mais vigorosas, com melhor desempenho fisiológico, originarão plântulas com maiores taxas de desenvolvimento e ganho de massa em função destas apresentarem maior capacidade de transformação dos tecidos (ARAÚJO et al., 2014). Na avaliação da massa seca de plântulas em resposta ao umedecimento do substrato, observa-se que houve um ajuste ao modelo quadrático, com os maiores resultados registrados na quantidade de água equivalente a 2,0 vezes a massa do papel seco (55,0 mg); ocorrendo posterior redução até o volume de 3,0 vezes a massa seca do papel (51,0 mg). A partir deste volume, o aumento da massa seca foi retomado, atingindo 53,0 mg no volume de 3,5 vezes a massa do substrato seco (Figura 5B). Em plântulas de A. cearensis não houve influência dos diferentes volumes de água (2,0; 2,5; 3,0 e 3,5) utilizados para umedecer o substrato, relacionando apenas a interferência das temperaturas (30 e 35°C), com o maior conteúdo de massa seca obtido na temperatura de 30 °C (GUEDES et al., 2010b). Vale salientar que, apesar de não ser recomendada nas Instruções para Análise de Sementes de Espécies Florestais (BRASIL, 2013) para avaliação da germinação de sementes de E. contortisiliquum, a temperatura alternada de 20-30°C, sob o volume de 2,0 vezes a massa seca do substrato, proporcionou melhores resultados em relação às demais, justificando a necessidade de pesquisas que permitam a reavaliação dos fatores que afetam o processo germinativo. Assim, os resultados obtidos no presente estudo, juntamente com informações de pesquisas futuras, podem subsidiar a padronização e, consequentemente, a inclusão nas Regras para Análise de Sementes


(RAS) de combinações adequadas de temperaturas e volumes de água no substrato para a condução de testes de germinação em laboratório com sementes de E. contortisiliquum. Os resultados obtidos em laboratório podem ser utilizados para predizer o comportamento germinativo e desenvolvimento de plântulas em condições naturais. Nesse sentido, observa-se que a combinação da temperatura alternada de 20-30°C e o volume de água de 2,0 vezes a massa do substrato seco foi mais favorável ao desempenho fisiológico das sementes, com respostas no desenvolvimento das plântulas. Levando-se em consideração a variabilidade genética e a adaptabilidade da espécie, percebe-se que ao trabalhar com temperatura e umidade próximas às observadas nos locais de ocorrência de E. contortisiliquum, as sementes demonstraram boa capacidade germinativa, podendo-se inferir que o teste de germinação realizado à temperatura de 20-30°C e volume de 2,0 vezes a massa do substrato pode simular condições reais em que as sementes são submetidas durante a sua formação e dispersão, crescimento e estabelecimento nos ambientes naturais, sendo uma combinação recomendada para avaliação em laboratórios de análise de sementes (AMARO et al., 2014).

4. CONCLUSÕES A temperatura alternada de 20-30 °C e o volume de água de 2,0 vezes a massa do substrato seco é a combinação mais adequada para a condução dos testes de germinação e vigor com sementes de Enterolobium contortisiliquum.

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230


Capítulo 26 UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO EM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO UTILIZANDO ÁGUA RESIDUÁRIA

ARAÚJO, Ana Beatriz Alves Doutora em Manejo de Solo e Água Pesquisadora do Instituto Nacional do Semiárido – PCI/CNPq ana.araujo@insa.gov.br MARTINS, Emanoel Lima Doutor em Ciência do Solo Pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido – PCI/CNPq emanoel.martins@insa.gov.br MESQUITA, Francisco de Oliveira Doutor em Manejo de Solo e Água Pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido – PCI/CNPq francisco.mesquita@insa.gov.br COSTA, Fabiana Xavier Doutora em Recursos Naturais Pesquisadora do Instituto Nacional do Semiárido – PCI/CNPq fabiana.xavier@insa.gov.br SIMÕES, João Paulo de Oliveira Mestre em Engenharia Civil e Ambiental Pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido – PCI/CNPq joao.simoes@insa.gov.br

RESUMO O reuso de água na agricultura é uma prática que oferece vários benefícios de cunho social, econômico e, principalmente, ambiental. O processo de fertirrigação, quando atrelado ao uso de sistemas de irrigação por gotejamento, ajuda a minimizar problemas relacionados ao desperdício e degradação do ambiente. Todavia, é um sistema que oferece alto risco de obstrução devido a formação de colônias geradas pela junção de agentes físicos, químicos e biológicos. O presente trabalho objetivou avaliar a alteração de indicadores como o Coeficiente Uniformidade de Distribuição (CUD) e Coeficiente Uniformidade Estatístico (Us) de unidades gotejadoras operando com efluente de laticínios diluído, detectando aqueles mais susceptíveis ao processo de obstrução. No Laboratório de Poluição e Degradação do Solo, situado no Setor de Solos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, campus Mossoró/RN, o experimento foi conduzido por meio da montagem de uma bancada experimental com cinco unidades gotejadoras, cujo desempenho foi avaliado a cada 40 h, até que se completasse 200 h de funcionamento. Para esta avaliação, foram determinadas características como ph, Condutividade Elétrica (CE), Sólidos Suspensos (SS), Sólidos Dissolvidos (SD), Cálcio (Ca2+), Magnésio (Mg2+), Ferro Total (Fe), Magnésio Total (Mg2+) e Coliformes Totais (CT). Os gotejadores G1 e G5 se mostraram mais resistentes ao entupimento, enquanto que os emissores G2, G3 e G4 apresentaram maior suscetibilidade a esse processo. Os coeficientes estudados apresentaram classificações de boa a excelente no referente a uniformidade de distribuição do efluente de laticínios diluído.

PALAVRAS-CHAVE: Efluente de laticínio, Eficiência de irrigação, Entupimento.

231


1. INTRODUÇÃO No Brasil, o leite é um dos seis produtos mais importantes da agropecuária brasileira, sendo essencial no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população (EMBRAPA, 2016). Os efluentes, quando lançados em corpos d’água, correspondem a uma fonte de poluição pontual, ou seja, atingem o corpo receptor de forma concentrada no espaço. Em especial os efluentes de laticínios, onde a elevada carga orgânica é uma característica comum. Devido a isso, ao serem lançados nos corpos d’água sem o tratamento adequado, reduzem a disponibilidade do oxigênio dissolvido, podendo causar danos significativos ao ecossistema aquático (SILVA, 2018). O uso de águas residuárias para irrigação é uma alternativa viável para fornecer água e nutrientes às plantas, além de contribuir para a conscientização sobre um melhor uso dos recursos hídricos (FISCHER FILHO et. al., 2016). Nesse contexto o esgoto doméstico tratado se destaca por ser rico em material orgânico, considerado sustentável para a aplicação na agricultura especialmente devido à concentração de nutrientes, como nitrogênio e fósforo. (SCHIERANO et al., 2017). Outro ponto a ser considerado é que a utilização de água residuária constitui de uma medida eficaz no controle da poluição, pois evita o descarte de esgoto em corpos d'água. (OLIVEIRA et al., 2019). A irrigação localizada pode ser usada para a aplicação de águas residuais, dada a alta uniformidade de aplicação dos efluentes e o baixo risco de contaminação, além de operar a baixas pressões e com alta eficiência. Diante do exposto, a manutenção da alta uniformidade de aplicação de efluentes em sistemas de irrigação se torna fundamental para uma irrigação eficiente quanto ao uso dos recursos hídricos e redução de custos. No entanto, devido a presença de agentes físicos, químicos e biológicos em efluente do esgoto, os gotejadores se tornam suscetíveis a alterações na vazão e redução na uniformidade da aplicação (FISCHER FILHO et. al., 2016). Com isso, o sistema de irrigação por gotejamento destaca-se como uma opção para diminuir os impactos originados pelo uso indiscriminado da água no setor agrícola que atualmente é responsável por 70% do seu consumo; oferecendo menor risco ambiental e maior eficiência de aplicação, quando comparado aos demais sistemas de irrigação. Observa-se que a suscetibilidade ao problema de obstrução não se apresenta de forma uniforme em todas as unidades gotejadoras, e sim de acordo com as características do gotejador e a qualidade do efluente utilizado. O desenvolvimento de biofilme é proveniente da influência mútua entre mucilagens bacterianas e partículas orgânicas e inorgânicas e esse tem sido o fator fundamental de incrustação de gotejadores que operam com água residuária (FERNANDES et. al., 2017). Portanto, esse artigo tem por objetivo avaliar a alteração de indicadores como o Coeficiente Uniformidade de Distribuição (CUD) e o Coeficiente Uniformidade Estatístico (Us) de unidades gotejadoras operando com efluente de laticínios diluído, apresentando aqueles mais sensíveis ao processo de entupimento. 2. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), no Laboratório de Poluição e Degradação do Solo (LPDS) no Campus central localizado no município de Mossoró no estado do Rio Grande do Norte (RN), sob coordenadas geográficas 5º

232


12’12,31” de latitude sul, 37º 19’27,72” de longitude oeste e altitude de 18 m acima do nível do mar. Como pode ser visto na Figura 1.

Figura 1. Localização da área experimental

233

Nesta região o clima recebeu a classificação Köppen tipo BSwh, sendo um clima seco, muito quente e com estação chuvosa no verão atrasando-se para o outono O clima da região onde está inserida a área experimental, segundo a classificação de Köppen, é do tipo BSh, sendo seco, muito quente e com estação chuvosa no verão atrasando-se para o outono, tendo precipitação pluviométrica bastante irregular, com média anual de 794 mm; temperatura média anual de 26,5 °C; umidade relativa do ar média de 68,9%; insolação média diária de 7,83 horas e anual de 2.771,27 horas de brilho solar e velocidade média do vento de 0,84 m s-1, durante um período histórico de 30 anos (ÁLVARES et al., 2013). Para realização dos ensaios, foi montada de uma bancada experimental com área útil de 3,5 m2, sendo 1,4 m de largura por 2,5 m de comprimento. Para a recirculação da água residuária, foi utilizado um declive de 2,0% no sentido do comprimento. A mesma é composta por um reservatório plástico de 0,062 m3, uma moto bomba centrífuga de 0,5 cv, um filtro de tela com aberturas de 130 μm, dois manômetros analógicos dois pontos para coleta de amostras do efluente, um hidrômetro de 1,5 m3 h-1, uma tubulação principal em PVC de 32 mm, uma tubulação de derivação em PVC de 50 mm e cinco unidades de irrigação por gotejamento, sorteadas ao acaso. Cada unidade de irrigação foi composta por quatro linhas laterais de 16 mm de um tipo de gotejador. O esquema ilustrativo da bancada experimental pode ser visualizado na Figura 2.


Figura 2. Esquema ilustrativo da bancada experimental montada dentro do LPDS/UFERSA.

234

Na realização do experimento, foram utilizados dois tipos de água: a água de abastecimento público, oriunda da rede da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) e; a água residuária de laticínios oriunda de um empreendimento localizado no município de Mossoró (RN), sob as coordenadas geográficas 5º11’44,65” S e 37º 18’ 36,04” O, onde, durante o processamento e sanitização das instalações, gera 35 m3 de efluente por dia. Uma parte de efluente de laticínios foi diluída em duas partes de água de abastecimento público (1:2), com a finalidade de reduzir a viscosidade do resíduo bruto e possibilitar o seu bombeamento. As linhas emissoras, por onde circulou o efluente, eram compostas por gotejadores, escolhidos devido sua maior demanda comercial de mercado, como pode ser visto na Figura 3, cujas características, retiradas dos catálogos dos fabricantes, estão dispostas na Tabela 1.

Tabela 1. Gotejadores (G) utilizados nos ensaios experimentais, destacando o fabricante (F), o dispositivo de autocompensação (DA), a vazão nominal (Q), o coeficiente de vazão (k), expoente da vazão que caracteriza o regime de escoamento (x), a área de filtragem (A), o comprimento do labirinto (L), o coeficiente de variação de fabricação (CVf), a faixa de pressão recomendada (P) e o espaçamento entre emissores (EE). G

F

DA*

Q1* (L/h)

k*

x*

A* (mm2)

L* (mm)

CVf* (%)

P* (kPa)

EE* (m)

G1

Netafim Streamline

Não

1,60

0,57

0,45

17,0

13

±7

65 – 100

0,30

G2

Netafim Tiran

Não

2,00

0,69

0,46

70,0

75

±7

100 – 300

0,40

G3

Netafim PCJ CNJ

Sim

2,00

2,00

0,00

2,0

35

±7

50 – 400

0,20


G4

NaanDanJain TalDrip

Não

1,70

0,56

0,46

6,0**

44**

±5

50 – 300

0,20

G5

Netafim Super Typhoon

Não

1,60

0,53

0,48

34,0

23

±7

60 – 100

0,30

Nota: 1 - Vazão nominal dos gotejadores na pressão de serviço de 100 kPa; * informações obtidas nos catálogos dos fabricantes. CNJ - sistema anti-drenante; e ** informações medidas com auxílio de um parquímetro digital com precisão de 0,01 mm.

Figura 3. Imagem dos gotejadores G1 (A), G2 (B), G3 (C), G4 (D) e G5 (E) utilizados na aplicação do efluente de laticínios diluído em água de abastecimento público.

A

B

C

235

D

E

Durante o experimento foi controlada a temperatura ambiente do laboratório para que a água residuária fosse mantida dentro da faixa de temperatura de 23ºC com variações de ± 3ºC, conforme recomendado pela NBR ISO 9261 (Brasil, 2006), uma vez que temperaturas compreendidas entre 20 e 30 ºC favorecem a formação de muco microbiano com elevado potencial de obstrução para gotejadores (PIZARRO CABELLO, 1990). As unidades de irrigação funcionaram quatro horas por dia, durante sete dias da semana até completar-se o tempo de funcionamento de 200 h, operando na pressão de serviço de 100 kPa. Na metodologia proposta por Mesquita et al., (2016), um tempo de operação de 160 h foi suficiente para proporcionar a obstrução de gotejadores, operantes com água residuária proveniente do percolado de aterro sanitário, e realizar a avaliação de seu desempenho hidráulico. A vazão foi medida em 24 gotejadores, de cada unidade de irrigação, coletando-se o volume aplicado durante três minutos. Capra e Scicolone (1998) e a NBR ISO 9261 (Brasil, 2006), recomendam, para o tempo de coleta citado, a utilização de, no mínimo, 16 gotejadores para avaliação do desempenho hidráulico de sistemas de irrigação por gotejamento com problemas de entupimento e, variações de vazão entre os gotejadores, no tempo de operação inicial (0 h), na faixa de ±7%. O desempenho dos sistemas foi avaliado a cada 40 h, empregando as equações 1, 2 e 3:

Q Em que: Q - Vazão do gotejador (L h-1); V - Volume de efluente coletado (ml) e;

V  60 1000  t

(1)


t - Tempo de coleta do efluente (min).

CUD  100

q 25%

(2)

q

Em que: CUD - Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (%); q25% - Valor médio dos 25% menores valores de vazões dos gotejadores (L h-1) e;

q - Vazão média dos gotejadores (L h-1).

236

Us  100 1  CVQ

(3)

Em que: Us - Coeficiente de Uniformidade Estatístico de aplicação de efluente (%) e; CVQ - Coeficiente de Variação da Vazão (%).

Os valores de CUD e Us obtidos nas unidades gotejadoras foram analisados empregandose os critérios estabelecidos por Mantovani (2001), que propôs a seguinte classificação para o CUD: maior que 84% excelente, entre 68 e 84% bom, entre 52 e 68% razoável, entre 36 e 52% ruim e, menor que 36% inaceitável e; Us: entre 90 e 100% excelente, entre 80 e 90% bom, entre 70 e 80% razoável, entre 60 e 70% ruim e, menor que 60% inaceitável. Na Tabela 2, estão dispostos os valores correspondentes as análises físico-químicas e microbiológicas realizadas para a água residuária de laticínios diluída em água de abastecimento público (na proporção de 1:2). Para tal, seguiram-se as recomendações do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (RICE et al., 2012), descritas abaixo. Tabela 2. Características físico-químicas e microbiológicas de uma parte de efluente de laticínios diluída em duas partes de água de abastecimento público com respectiva média e desvio padrão. pH

CE

SS

SD

Ca2+

Mg2+

Fe

Mn

CT

Características dS m-1 Média

7,67

1,24

Desvio padrão

0,23

0,06

mg L-1 393 177

929 196

mmolc L-1 0,87 0,33

1,08 0,69

mg L-1 0,20 0,08

NMP 100 mL-1*

0,07

3,77x105

0,01

1,84

Nota:2 Potencial Hidrogeniônico (pH), Condutividade Elétrica (CE), Sólidos Suspensos (SS), Sólidos Dissolvidos (SD), Cálcio (Ca2+), Magnésio (Mg2+), Ferro total (Fe), Manganês total (Mn), Coliformes Totais (CT) e Número Mais Provável (NMP).

As análises físicas, realizadas no Laboratório de Análises de Solo, Água e Planta (LASAP) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFERSA, compreenderam a determinação de Sólidos Dissolvidos (SD) obtidos pela diferença entre as concentrações dos Sólidos Totais (ST) (pelo método gravimétrico) e dos Sólidos Suspensos (SS) pelo método gravimétrico com a utilização de membranas de fibra de vidro (0,45 μm de diâmetro de poro); do potencial Hidrogeniônico (pH) com peagâmetro de bancada e; da Condutividade Elétrica (CE) pelo condutivímetro de bancada.


Nas análises químicas, realizadas nos Laboratórios de Matéria Orgânica e Resíduos e de Espectrometria de Absorção Atômica, do Departamento de Solos (DPS) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), foram obtidas as concentrações de Ferro total (Fe) e Manganês total (Mn) por espectrofotometria de absorção atômica. Obtiveram-se, também, análises de Cálcio (Ca2+) e Magnésio (Mg2+) pelo método titulométrico, no LASAP da UFERSA. Nas análises microbiológicas, realizadas no Laboratório de Saneamento Ambiental (LSA) do Centro de Engenharia (CE) da UFERSA, foram quantificados os níveis populacionais de Coliformes Totais (CT), de acordo com as recomendações do Standart Methods for Examination of Water and Wastewater (RICE, et al., 2012). Os dados de qualidade da água residuária de laticínios foram analisados por meio da estatística descritiva através de média e desvio padrão.

237 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES As unidades de irrigação submetidas à pressão de serviço de 100 kPa, durante o período de funcionamento inicial (0 h) e 80 h, apresentaram valores do Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD) entre 98 e 90%, com exceção do G2 que às 80 h apresentou um percentual de 89%. Entre os tempos de 120 e 200 h, apenas os gotejadores G4 (com exceção das 160 h em que se mostrou com 80%), G1 e G5 permaneceram com seus coeficientes acima dos 90%, variando entre 91 e 97%, enquanto o G3 e G2 apresentaram valores entre 82 e 89%, como pode ser visto na Figura 4. Figura 4. Valores médios do Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD - %) das unidades de irrigação para o fator gotejador dentro de cada nível de tempo de funcionamento e pressão de serviço de 100 kPa.

Merriam e Keller (1978) apresentaram o seguinte critério geral para interpretação dos valores de CUD, para sistemas que estejam em operação por um ou mais anos: maior que 90%, excelente; entre 80 e 90%, bom; 70 e 80%, regular; menor que 70%, ruim. Desta forma, analizando-se a figura acima, verificou-se que os gotejadores G1 e G5 (maior que 90%) apresentaram classificação excelente, enquanto que às 160 h os gotejadores G3 (com 83%) e G4 (80%), bem como o G2 (82%) às 200 h, classificaram-se como bons. Mesquita (2016), atuando com efluente de percolado de aterro sanitário no desempenho de unidades gotejadoras no tempo de operação de 0 h às 160 h e na pressão de serviço de 100 kPa encontrou no início do experimento (0 h), valores de CUC das unidades de irrigação acima de 90%, sendo classificados por Merriam & Keller (1978) como excelentes (CUC > 90%). Já no tempo de avaliação de 160 h o CUC da unidade de irrigação com gotejador G1 foi de 78%


classificado como bom (70% < CUC < 80%); nas unidades de irrigação com os gotejadores G2, G3 e G4 os valores de CUC foram de 96, 98 e 97%, respectivamente, classificados como excelentes (CUC > 90%) por Merriam & Keller (1978). Franco (2015), em seu experimento com água residuária da suinocultura, também obtiveram valores de variação de uniformidade classificados como excelentes, com percentuais acima dos 90%. Vale (2019) também encontrou os valores médios do CUD maiores que 90%, sendo classificados como excelentes nos tempos de operação inicial e final, exceto quando submetido ao tratamento T5, que obteve classificação regular (entre 70 e 80%) segundo Merriam & Keller (1978) no tempo de operação de 160 h e pressão de serviço mantida no valor de 100 kPa. A obstrução de emissores é apontada como uma das maiores dificuldades de manutenção em microirrigação estando inteiramente ligada à qualidade da água de irrigação (Perboni, 2018), ato que afeta diretamente a uniformidade de aplicação e, consequentemente, a eficiência do sistema através da presença e, consequente, acúmulo de partículas inorgânicas em suspensão, materiais orgânicos, sólidos dissolvidos, algas e outros microrganismos de natureza química e biológica (CUNHA, 2017). Todavia, como mostrado na classificação, o sistema, durante o período experimental, não apresentou grande comprometimento em sua eficiência, uma vez que se classificou como bom e excelente, ato provavelmente dado pelo não uso do efluente de laticínio puro, mas sim diluído em água de abastecimento, na proporção de 1:2, o que levou ao desenvolvimento de um sistema de irrigação, relativamente, bem elaborado em que se permitiu um melhor alcance de uniformidades de aplicação. As unidades de irrigação submetidas à pressão de serviço de 100 kPa, nos tempos de funcionamento inicial e 120 h, apresentaram valores do Coeficiente de Uniformidade Estatística (Us) entre 98 e 90%, com exceção do G3 que às 120 h apresentou um percentual de aproximadamente 85%. Entre os tempos de 160 e 200 h, apenas os gotejadores G4 (com exceção das 160 h em que se mostrou com aproximadamente 83%), G1 e G5 permaneceram com seus coeficientes acima dos 90% - variando entre 94 e 96%, enquanto o G3 e G2 apresentaram valores entre 87 e 88% como pode ser visto na Figura 5.

Figura 5. Valores médios do Coeficiente de Uniformidade Estatística (Us) das unidades de irrigação para o fator gotejador dentro de cada nível de tempo de funcionamento e pressão de serviço de 100 kPa.

Conforme a classificação proposta por Mantovani (2001), o Us apresenta-se com os seguintes valores: entre 90 e 100% excelente, entre 80 e 90% bom, entre 70 e 80% razoável, entre 60 e 70% ruim e, menor que 60% inaceitável. Desta forma, analizando-se a figura acima, verificou-se que os gotejadores G1 e G5 apresentaram classificação excelente, enquanto que às

238


160 h o gotejador G4 (com aproximadamente 83%), o G2 de 160 a 200 h (com aproximadamente 88 e 89%, respectivamente) e o G3 de 120 a 200 h (com 85 e 88%, respectivamente), classificaram-se como bons. Pereira et. al., (2016), avaliando a eficiência de aplicação de água em um sistema de irrigação por aspersão em pastagem, encontrou um valor de Coeficiente Estatístico de 75,41 %, sendo classificado como razoável por (Mantovani, 2001), coeficientes acima de 75% são aceitos a nível comercial. Franco (2015), em seu experimento com água residuária da suinocultura, também mantido a faixas de eficiência acima dos 90%, ato que não permitiu o comprometimento por obstruções parciais.

4. CONCLUSÃO Os emissores avaliados estão entre os níveis de classificação de excelentes a boas para o Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD) e Coeficiente de Uniformidade Estatística (Us). Os gotejadores G1 e G5, operando na pressão de serviço de 100 kPa, são os mais recomendados para a aplicação da água residuária de laticínios diluída em água de abastecimento público na proporção de 1:2, uma vez que se mostraram mais resistentes ao desenvolvimento de obstruções. Enquanto que os emissores G2, G3 e G4 foram os que apresentaram maior suscetibilidade a esse processo.

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239


FRANCO, D. Avaliação do desempenho de gotejadores com uso de água residual da suinocultura. 56f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Agronomia, Universidade Estadual Paulista, UNESP. Botucatu/SP, 2015. MANTOVANI, E. C. AVALIA: Programa de Avaliação da Irrigação por Aspersão e Localizada. Viçosa, MG: UFV. 2001. MERRIAM, J. L.; KELLER, J. Farm irrigation system evaluation: a guide for management. Logan: Utah State University, 1978. MESQUITA, F. O. Desempenho de gotejadores e produção de capim elefante Pennisetum purpureum Schum com percolado de aterro sanitário no semiárido. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Mossoró, 2016. OLIVEIRA, J. F.; FIA, R.; FIA, F. R. L.; RODRIGUES, F. N.; OLIVEIRA, L. F. C.; LEMOS FILHO, L. C. A. Efeitos da água residual de laticínios na respiração basal do solo, produtividade e remoção de nutrientes por Tifton 85 (Cynodon sp.). Revista de Ciências Agrárias vol. 42 nº1, Lisboa mar. 2019. PEREIRA, L. R.; SOUZA, J. M.; RAFAEL, A. M.; CRUZ, E. A.; TEIXEIRA, A. G.; REIS, E. F. Uniformidade e eficiência de aplicação de água em um sistema de irrigação por aspersão em pastagem. Revista Agrarian v.9, n.32, p. 156-161, Dourados, 2016. PERBONI, A.; FRIZZONE, J. A.; COELHO, R. D.; LAVANHOLI, R.; SARETTA, E. Sensibilidade de gotejadores à obstrução por partículas de areia. Irriga, Botucatu, v. 23, n. 2, p. 194-203, abril-junho, 2018. PIZARRO CABELLO, F. Riegos localizados de alta frequência (RLAF) goteo, microaspersión, exudación. 2. ed. Madrid: Mundi-Prensa, 1990. RICE, E. W.; BAIRD, R. B.; CLESCERI, A. D. Standard methods for the examination of water and wastewater. 22. ed. Washington: APHA, AWWA, WPCR, 2012. 1496p. SILVA, R. R.; SIQUEIRA, E. Q.; NOGUEIRA, I. S. Impactos ambientais de efluentes de laticínios em curso d’água na Bacia do Rio Pomba. Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental. vol. 23 nº2 Rio de Janeiro Mar./Apr. 2018. SCHIERANO, M.C.; MAINE, M.A.; PANIGATTI, M.C. Dairy farm wastewater treatment using horizontal subsurface flow wetlands with Typha domingensis and different substrates. Journal of Environmental Technology, vol. 38, n. 2. 2017. VALE, H. S. M. Análise do nível de obstrução em gotejadores operando com diluições de água produzida tratada. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido, PróReitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, 2019. Mossoró, 2019.

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Capítulo 27 USO DE POLÍMERO HIDRORETENTOR COMO ATENUANTE DO ESTRESSE SALINO NA CULTURA DO MANJERICÃO (Ocimum basilicum L.)

RODRIGUES, Lucas Soares Graduando em Licenciatura em Ciências Agrárias Universidade Federal da Paraíba (UFPB) lucassoares80035@gmail.com LUCENA, Marcos Fabrício Ribeiro Graduando em Licenciatura em Ciências Agrárias Universidade Federal da Paraíba (UFPB) fabriciorlucena@gmail.com LOPES, Adriano Salviano Mestrando em Agronomia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) adrianolopes5656@gmail.com ALVES, Lunara de Sousa Doutoranda em Agronomia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) lunara_alvesuepb@hotmail.com DIAS, Thiago Jardelino Doutor em Agronomia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) thiagojardelinodias@gmail.com

RESUMO O Manjericão pertencente à família Lamiaceae é considerada uma importante fonte de óleos essenciais, é bastante utilizada na gastronomia, indústria alimentícia, medicina popular e também no paisagismo. O recurso água está cada vez mais escasso, tanto em qualidade ou até mesmo em quantidade, e com isso a salinidade está entre os fatores ambientais que mais limitam o

crescimento e desenvolvimento das plantas. Atualmente se usam varias tecnologias na agricultura entre elas tem o hidrogel que têm capacidade de reter uma quantidade considerável de água dentro de sua própria estrutura. Esse estudo teve como objetivo avaliar a variável de crescimento, a fisiologia e a fitomassa da cultura do manjericão em relação à irrigação com água salina em diferentes condutividades elétricas aliadas à aplicação de diferentes doses do polímero de hidrogel. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em fatorial 5 x 5, combinadas segundo a matriz experimental Composto Central de Box (BOX), referentes as cincos condutividades elétricas da água de irrigação e cinco doses do polímero de hidrogel. Os resultados mostraram que a cultivar respondeu significativamente as doses do polímero hidroretentor em relação a variável analisada e também foi afetada de forma negativa pela salinidade na água de irrigação, os dados obtidos nas trocas gasosas e clorofila não houve significância, isso pode está ligado ao horário e ao clima das analises, já no momento que ocorreu o aumento da condutividade elétrica da água de irrigação o desenvolvimento do sistema radicular foi prejudicado.

PALAVRAS-CHAVE: irrigação, salinidade, hidrogel.

241


INTRODUÇÃO A cultura do Manjericão (Ocimum basilicum L.) é considerada uma erva aromática e também uma planta medicinal com diversos benefícios, existe variados tipos de manjericão, que diferem o sabor e aroma, essa cultura é uma planta anual ou perene pertencente à família Lamiaceae e é uma importante fonte de óleos essenciais, tendo uso na medicina popularmente em todos os continentes. A medicina natural utiliza as folhas e flores do manjericão para obtenção de chás por suas propriedades tônicas e digestivas, além de auxiliar no tratamento de problemas respiratórios e reumáticos (FAVORITO et al., 2011). É nativa da Índia e de outras regiões da Ásia, o manjericão é bastante utilizada na gastronomia, indústria alimentícia, medicina popular e também no paisagismo, além de destacarse na produção de óleo essencial onde é bastante rico, o qual é empregado na indústria de cosmético e também como aromatizador de alimentos e bebidas (KUHN et al., 2018). Atualmente o recurso água está cada vez mais escasso, tanto em qualidade ou até mesmo em quantidade, porém a água é um dos fatores mais importantes na produção agrícola, para o desenvolvimento vegetal. Portanto a salinidade está entre os fatores ambientais que mais limitam o crescimento e desenvolvimento das plantas, e se estimam que mais de 900 milhões de hectares de áreas agricultáveis no mundo são afetadas pela salinidade (MANCARELLA et al., 2016). Em regiões onde os recursos hídricos são escassos, um dos principais problemas hídricos, é a qualidade da água, fazendo com que a maioria dos produtores utilize água de baixa qualidade para irrigação, e assim a salinidade pode afetar muitas culturas. O estresse salino afeta as plantas de diversas maneiras, podendo limitar o seu crescimento e rendimento, além de acarretar danos nos processos fotossintéticos, na composição mineral e na absorção de nutrientes essenciais, como causar desequilíbrio ou toxicidade iônica (BEHRADI, 2015). Uma das tecnologias utilizadas ultimamente na agricultura é o hidrogel, um polímero hidrorretentor, esse produto se destaca, por ser um material formado por redes poliméricas tridimensionais que têm capacidade de reter uma quantidade considerável de água dentro de sua própria estrutura e inchar, sem a dissolução (KAEWPIROM & BOONSANG, 2006; RUI et al., 2007). Os hidrogéis na agricultura possibilitam o aumento da capacidade de armazenamento de água e a retenção de nutrientes, favorecendo as propriedades físicas e estruturais do solo, e com a presença desse material, irá promover a redução de irrigação. Azevedo et al. (2002) descrevem que os hidrogéis servem como uma alternativa para situações em que o solo apresente baixa disponibilidade de água, em ocasiões de estresse hídrico ou em períodos de longa estiagem, em que a pouca umidade do solo interfere de forma negativa no crescimento e o desenvolvimento das plantas. Objetivou-se, com esse estudo, avaliar a variável de crescimento, a fisiologia e a fitomassa da cultura do manjericão em relação à irrigação com água salina em diferentes condutividades elétricas aliadas à aplicação de diferentes doses do polímero de hidrogel.

MATERIAL E MÉTODOS Todo o experimento foi realizado em ambiente aberto no Laboratório de Produção de Mudas no Setor de Agricultura do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) localizado em Bananeiras, Paraíba, Brasil.

242


As condições atmosféricas para os meses trabalhados com a cultura do manjericão no ambiente aberto foi o seguinte: janeiro 30,1 mm²; fevereiro 170,7 mm²; março 123,6 mm². (AESA, 2019). O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em fatorial 5 x 5, combinadas segundo a matriz experimental Composto Central de Box (BOX; HUNTER, 1961), referente a cinco condutividades elétricas da água de irrigação (CEa) e cinco doses de polímeros de hidrogel com valores mínimos (- α) e máximos (α), respectivamente de 0,5 e 4,35 dS m-1 e 0,0 e 3,0 g L-1, totalizando três blocos, nove tratamentos e quatro plantas por tratamento (Tabela 1).

Tabela 1. Composto Central de Box utilizado no experimento. Bananeiras-PB, 2019. -1

243 -1

Tratamentos

Condutividade elétrica (dS m )

Polímero de hidrogel (g L )

1

1,15

0,44

2

1,15

2,56

3

4,35

0,44

4

4,35

2,56

5

0,50

1,50

6

5,00

1,50

7

2,75

3,00

8

2,75

0,0

9

2,75

1,50

As unidades experimentais foram representadas por vasos plásticos com capacidade para 5,0 dm3, contendo uma planta por vaso, no espaçamento de 0,6 x 0,4 m. Os vasos foram preenchidos por 3,5 kg de solo, 1 kg de areia e 0,5 kg de esterco de bovino por vaso. O solo utilizado foi classificado Latossolo Vermelho-Amarelo (EMBRAPA, 2013). Foi coletada uma amostra da mistura do substrato para a análise dos atributos químicos, com os seguintes resultados: pH (H2O): 5,35; P (mg dm-3): 36,36; K+ (mg dm-3): 154,83; Na+ (cmol dm-3): 0,13; H++Al+3 (cmol dm-3): 0,99; Al+3 (cmol dm-3): 0,00; Ca+2 (cmol dm-3): 2,90; Mg+2 (cmol dm-3): 1,10; soma de bases (cmol dm-3): 4,53; capacidade de troca de cátions (cmol dm-3): 5,52; saturação por bases (%): 82,05; matéria orgânica (g dm-3): 17,17. O polímero de hidrogel foi aplicado e misturado no substrato de cada vaso antes da semeadura, a quantidade de cada polímero foi de acordo com o seu tratamento. O manejo da irrigação foi aferido através de lisímetria de drenagem (ALVES et al., 2017). A água com menor condutividade elétrica (0,5 dS m-1) foi proveniente do sistema de abastecimento da UFPB, água não tratada. Na preparação das águas com maiores condutividades foi adicionado NaCl a água de 0,5 dS m-1 (OLIVEIRA et al., 2017). Para a aferição das salinidades foi utilizado condutivímetro portátil microprocessado Instrutherm® (modelo CD-860).


Utilizou-se a cultivar de manjericão Limoncino, cuja semeadura foi realizada diretamente nos vasos, colocando-se entre 4 e 6 sementes por vaso. Após a emergência realizou-se o desbaste deixando-se apenas uma plântula por vaso. Aos 30 dias após semeadura deu início os tratamentos referentes ao manejo de irrigação com água salina. A adubação de plantio e cobertura com NPK foram às doses de 100, 120 e 140 kg ha-1, conforme análise química do solo e recomendação de adubação (FURLAN et al., 2007). Realizaram-se durante a condução do experimento controles fitossanitários de pragas e de plantas daninhas manualmente. As doenças foram ausentes durante o ciclo da cultura do manjericão. Aos 30 e 60 dias após a semeadura, foi analisada a variável de crescimento, que foi a altura das plantas: medindo-se a partir do colo da planta até a última inserção foliar, com auxílio de régua graduada em cm. Aos 45 dias e 60 dias após a semeadura foram analisadas as variáveis de índice de clorofila (clorofilas a, b, total e razão clorofila a/b). Ci As trocas gasosas foram realizadas com 30 dias e 60 dias após a semeadura, que foram (fotossíntese líquida – A, transpiração – E, condutância estomática – gs, e concentração interna de CO2 – Ci). Os índices de clorofila foram obtidos com auxílio de um clorofilômetro eletrônico portátil (modelo CFL 1030, ClorofiLOG®), realizando-se duas leituras por planta em folhas recémexpandidas. As determinações das trocas gasosas foram realizadas com auxílio de um analisador de gases infravermelho (IRGA, modelo portátil LI-6400XT, LICOR®, Nebraska, USA). Os teores de CO2 foram fixados em 400 umol m-2 s-1 e a intensidade luminosa em 1200 umol de fótons m-2 s-1. Aos 61 dias após a semeadura foi realizada a coleta das plantas, onde se avaliou a produção de massa fresca da raiz: obtidos após a separação das partes da planta e pesados em balança de precisão (0,01 g). Foram realizadas análises estatisticamente através de regressão polinomial linear e quadrática, os resultados das variáveis avaliadas foram analisados utilizando o programa estatístico R (R CORE TEAM, 2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve interações significativas na variável de crescimento entre o polímero de hidrogel e a condutividade elétrica da água de irrigação (CEa). Em relação a variável de crescimento, a altura das plantas, o polímero de hidrogel teve mais eficiência em uma dose especifica para o desenvolvimento da mesma, porém o nível de salinidade que a mesma recebia era dose menor, e em outras plantas onde as doses da CEa eram maiores as plantas sofreram para ter um melhor desenvolvimento. Referente à altura das plantas em relação ao polímero (Figura 1A) foi observado que o valor de 2,59 g L-1 favoreceu para o crescimento das plantas, porém teve uma observação, estava em período chuvoso e o ambiente não estava protegido, esse fator pode ter interferido nos resultados, mas diante disso o maior valor em tamanho da planta que foi de (54,4cm) essa planta era irrigada com concentração de salinidade em 2,75 dS m-1, já em outro tratamento onde a planta era irrigada com salinidade maior, como de 4,35 dS m-1 obteve-se em média (44,8 cm), neste caso

244


mesmo com o fator interferindo a salinidade ocasionou redução no crescimento na cultura do manjericão. Vieira et al., (2018) trabalhando com a cultura do manjericão, observou comportamento semelhante utilizando concentração de até 6,0 dS m-1, porém evidenciou redução no crescimento em altura das plantas.

Figura 1. Altura da Planta (A) em manjericão (Ocimum basilicum L.) submetido ao polímero de Hidrogel. Bananeiras-PB, 2019.

Para as variáveis das trocas gasosas, não houve interações significativas entre os fatores avaliados. Os dados obtidos (Tabela 2), nas variáveis das trocas gasosas não foram significativos, e provavelmente ocorreu devido à hora de obter esses dados, ou por ocasião do clima, pois estava nublado e o horário não favorecia para obter os dados. Com a consequência do tempo, isso pode ter ocasionado ao fechamento dos estômatos que podem resultar na diminuição na fotossíntese, na taxa de transpiração e concentração interna de CO2 nas folhas (BYBORDI, 2012).

Tabela 2. Resumo de análise de variância, fotossíntese líquida (A), condutância estomática (gs), concentração de carbono interno (Ci), e a transpiração (E). FV

GL

QM A

gs

Ci

E

Bloco

2

1,0316ns

0,0016232 ns

10,361 ns

0,95873ns

Tratamento

8

2,8800ns

0,0015655 ns

27,187 ns

0,35026ns

Interação CEA*H

16

0,8764

0,6302

0,8568

0,8853

16,4

19,9

16,6

14,0

CV (%)

FV = fonte de variação; GL = grau de liberdade; CEa= Condutividade elétrica H = Hidrogel; ns = não significativo; * e** significativo a 5 e 1%; CV = coeficiente de variação.

245


Segundo Iarley et al., (2017) em alguns casos a fotossíntese em plantas sob estresse salino diminui significativamente, devido à atividade das enzimas responsáveis pelo processo fotossintético, podendo ser um efeito secundário mediado pela redução da pressão parcial de CO2 nas folhas causada pelo fechamento estomático. Não foram significativos os dados obtidos da Clorofila aa e bb nos tratamentos (Tabela 3), as condutividades elétricas da água de irrigação (CEa) e as diferentes doses do polímero de hidrogel não afetou diretamente os índices de clorofila da cultura. Resultados totalmente diferentes do trabalho de Vieira et al., (2018), que também trabalhou com a mesma cultura e que verificou efeito nos índices de clorofila a, b, na cultura do manjericão em decorrência do aumento das CEa. Tabela 3. Resumo de análise de variância, Clorofila A e B aos 45 e 60 dias após semeadura (DAS). FV

GL

QM Cloro (A)

Cloro (B)

Cloro (A)

Cloro (B)

45DAS

45DAS

60DAS

60DAS

Bloco

2

29,7070**

4,0937*

10,4844 ns

1,1381 ns

Tratamento

8

5,7406ns

0,8406 ns

11,6275ns

4,0018ns

Interação CEA*H

16

0,3816

0,5539

0,2325

0,3127

5,7

9,8

7,5

12,8

CV (%)

FV = fonte de variação; GL = grau de liberdade; CEa= Condutividade elétrica H = Hidrogel; ns = não significativo; * e**significativo a 5 e 1%; CV = coeficiente de variação.

De acordo com Jamil et al., (2007) o conteúdo de clorofila aumenta em plantas tolerantes e diminui em plantas sensíveis ao estresse salino, fato que pode apontar que os incrementos obtidos nos índices de clorofila a e b, ocorreram devido a cultivar de manjericão utilizada nesse trabalho ser tolerante ao estresse salino, no entanto, os efeitos da salinidade sobre os teores de clorofila dependem também de fatores como a concentração e o tipo de cátion. Em relação á análise de variância da fitomassa do manjericão, não houve interação entre as condutividades elétricas da água de irrigação (CEa) e as doses de polímero de hidrogel, com exceção para massa da matéria fresca radicular, onde foram significativos de forma isolada em CEa. Ocorreu decréscimo linear para a massa fresca radicular, no momento que ocorreu a elevação das condutividades elétricas é verificado que impossibilitava o desenvolvimento radicular do manjericão, observa-se na (Figura 2A). Segundo Vieira et al., 2018 na cultura do manjericão onde o mesmo foi trabalhado com a condutividade mais elevada (6,0 dS m-1) ocorreu um decréscimo na massa fresca do caule em relação aos outro de CEa.

246


Figura 2. Massa da matéria fresca radicular (A) em manjericão (Ocimum basilicum L.) submetido à condutividade elétrica. Bananeiras-PB, 2019.

247

Mesmo com os efeitos negativos causados pelo excesso de sais, o manjericão consegue se desenvolver sob condições de salinidade. Isso demonstra que a espécie é tolerante ao estresse salino, segundo relatos de alguns autores (CIRAK & BERTOLI, 2013; CALISKAN et al., 2017). Referente ao polímero não apresentou resultados significativos, como o ambiente do experimento foi totalmente aberto e em época de chuva a irrigação ficou irregular e mantendo sempre o solo úmido, sem da o intervalo ideal para irrigação.

CONCLUSÕES A cultura do manjericão respondeu significativamente as doses do polímero hidroretentor em relação a variável analisada e também foi afetada de forma negativa pela salinidade na água de irrigação. Os resultados obtidos nas trocas gasosas e clorofila não houve significância, isso pode está ligado ao horário e ao clima das analises. O desenvolvimento do sistema radicular foi prejudicado, no momento que ocorreu o aumento da condutividade elétrica da água de irrigação, afetando negativamente.

REFERÊNCIAS ALVES, E. S.; LIMA, D. F.; BARRETO, J. A. S.; SANTOS, D. P.; SANTOS, M. A. L. Determinação do coeficiente de cultivo para a cultura do rabanete através de lisimetria de drenagem. Irriga, v. 22, n. 1, p. 194-203, 2017. AZEVEDO, T. L. F.; BERTONHA, A.; GONÇALVES, A. C. A. Uso de hidrogel na agricultura. Revista do Programa de Ciências Agro-Ambientais, Alta Floresta, v.1, p.23-31, 2002. Bekhradi, F.; Delshad, M.; Marín, A.; Luna, M. C.; Garrido, Y. Kashi, A.; Babalar, M.; Gil, M. I. Effects of salt stress on physiological and postharvest quality characteristics of different Iranian genotypes of basil. Horticulture, Environment, and Biotechnology, v.56, p.777-785, 2015. BOX, George EP; HUNTER, J. Stuart. The 2 k—p fractional factorial designs. Technometrics, v. 3, n. 3, p. 311-351, 1961


Bybordi, A. Effect of ascorbic acid and silicium on photosynthesis, antioxidant enzyme activity, and fatty acid contents in canola exposure to salt stress. Journal of integrative Agriculture, v.11, n.10, p.1610-1620, 2012. 10.1016/S2095-3119(12)60164-6 CIRAK, C.; BERTOLI, A. Aromatic profiling of wild and rare species growing in Turkey: Hypericum aviculariifolium Jaub. and Spach subsp. depilatum (Freyn and Bornm.) Robson var. depilatum and Hypericum pruinatum Boiss. and Bal. Natural product research, v. 27, n. 2, p. 100-107, 2013. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3 ed. Brasília: EMBRAPA, 2013. 353 p. FAVORITO, P.A.; ECHER, M.M.; OFFEMANN, L.C.; SCHLINDWEIN, M.D.; COLOMBARE, L.F.; SCHINEIDER, R.P.; HACHMANN, T.L. Características produtivas do manjericão (Ocimum basilicum L.) em função do espaçamento entre plantas e entre linhas. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.13, p.582-586, 2011. FURLAN, M. R. Cultivo de plantas condimentares herbáceas. CETEC, out., 2007. IARLEY, T. D. S. et al. Trocas gasosas e fitomassa de manjericão (Ocimum basilicum L.) submetido ao estresse salino e ácido salicílico. Dissertação (Dissertação em Agronomia) – UFPB. Areia, 2017. JAMIL, M.; REHMAN, S.; LEE, K. J.; KIM, J. M.; KIM, H. S.; RHA, E. S. Salinity reduced growth PS2 photochemistry and chlorophyll content in radish. Scientia Agrícola, v. 64, n. 2, p. 111- 118, 2007. KAEWPIROM, S.; BOONSANG, S. Electrical response characterisation of poly (ethylene glycol) macromer (PEGM)/chitosan hydrogels in NaCl solution. European Polymer Journal. v.42, p.1609-1616, 2006. KUHN, ANDRIELLE Manjericão (Ocimun basilicium L.) sob diferentes períodos de estresse salino: fitomassa, fitoquimica e citogenotoxidade. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria: UFSM, 2018. 11 p. Tese Doutorado. MANCARELLA, S.; ORSINI, F.; VAN OOSTEN, M. J.; SANOUBAR, R.; STANGHELLINI, C.; KONDO, S.; GIANQUINTO, G.; MAGGIO, A. Leaf sodium accumulation facilitates salt stress adaptation and preserves photosystem functionality in salt stressed Ocimum basilicum. Environmental and Experimental Botany, v. 130, n. 1, p. 162-173, 2016. METEOROLOGIA – CHUVAS, AESA, Bananeiras PB, 2019. Disponível <http://www.aesa.pb.gov.br/aesa-website/meteorologia-chuvas/?formdate=2019-01 01&produto=municipio&periodo=mensal>. Acesso em: 27/07/2019.

em:

OLIVEIRA, F. A.; OLIVEIRA, M. K. T.; LIMA, L. A.; ALVES, R. C.; RÉGIS, L. R. L.; SANTOS, S. T. Estresse salino e biorregulador vegetal em feijão caupi. Irriga, v. 22, n. 2, p. 314329, 2017. R Core Team (2017). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. VIEIRA, L. D. S. et al. Estresse salino e bioestimulante vegetal no crescimento, produção e fisiologia do manjericão. Dissertação (Dissertação em Agronomia) – UFPB. Areia, 2018.

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Capitulo 28 VALIDAÇÃO DE MANEJO DE ORDENHA SUSTENTÁVEL JUNTO AOS PRODUTORES DE LEITE CAPRINO NASCIMENTO, Maria Clara Ouriques Graduanda em Licenciatura Plena em Ciências Agrárias Universidade Federal da Paraíba mclaraouriques@gmail.com SANTOS, Anna Izaura Balbino Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Agrárias Universidade Federal da Paraíba anna.balbino09@gmail.com MARQUES, Michele Flávia Sousa Médica Veterinária Universidade Federal da Paraíba michele_flavia4@hotmail.com

RESUMO O presente trabalho buscou estudar as formas de reduzir a utilização de água potável na rotina de ordenha de cabras leiteiras; Capacitar os discentes envolvidos para os métodos atuais de rotina de ordenha; Realizar testes de eficácia para a escolha do antisséptico à ser utilizado como prédipping; Avaliar o crescimento microbiológico antes e depois da implementação do pré-dipping com solução antisséptica; Apresentação dos resultados, orientações e debate com os produtores de leite caprino de Soledade e região, no sindicato dos trabalhadores rurais da cidade de SoledadePB e Juazeirinho-PB. O projeto foi desenvolvido com o intuito de apresentar ações sustentáveis para se trabalhar na ordenha de cabras leiteiras voltado para os produtores rurais que criam e comercializam leite caprino. Para isso, foi trabalhado dois momentos importantes no decorrer do projeto; um primeiro momento de análises em laboratório e o segundo momento de apresentação dos resultados para produtores de caprinos leiteiros. Os resultados obtidos com o trabalho foi a certificação que, o uso de uma solução desinfetante na linha de ordenha diária de uma produção diminui positivamente o crescimento de bactérias que causam problemas de inflamação das glândulas mamárias como a mastite, que é uma inflamação que varia de leve a grave e pode causar grandes problemas em um rebanho leiteiro. Foi observado a diminuição em 50%, de bactérias presentes nos tetos dos animais em tratamento.

PALAVRAS-CHAVES: Mastite Caprina, Pré-dipping, Produtores Rurais.

INTRODUÇÃO A produção de leite de cabra no Nordeste do Brasil é uma atividade de grande importância econômica, praticada por pequenos e médios produtores. Nos últimos anos, vários esforços têm sido realizados por agências governamentais em associação às Universidades para implementar programas de melhoria do nível tecnológico da indústria de leite de cabra. Embora a produção deste alimento tenha aumentado no Brasil, especialmente na Região Nordeste (MONTE et al., 2017).

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A produção de leite no Brasil é uma atividade em constante crescimento, decorrente disso, cada vez mais proprietários e indústrias buscam formas de assegurar a qualidade dessa matériaprima. Um dos fatores que interfere essa propriedade é a mastite, fazendo com que a produção diminua gradativamente, consequentemente ocasiona prejuízos para o produtor. Com isso deve ser adotada boas práticas de manejo, pois no ambiente poderá ter a presença de agentes causadores de mastite (ACOSTA et al., 2016). A busca por uma atividade pecuária sustentável deve pautar os estudos que visam a melhoria dos sistemas de criação animal e isso deve passar obrigatoriamente pelo debate no uso racional de recursos naturais como solos e principalmente, a água. O uso racional da água na pecuária é uma das principais preocupações da comunidade internacional já que suas reservas mundiais estão cada vez mais escassas. A maior parcela do consumo de água doce, é na agricultura (que inclui pecuária, cultivos, silvicultura), com 70%. Em alguns casos, de países menos desenvolvidos, esse uso pode chegar a 90% (FAO, 2018). Deste modo, estudos que visem mostrar métodos alternativos para o uso consciente da água nas propriedades devem ser buscados e incentivados principalmente na nossa região, onde esse recurso é considerado por muitos, o maior limitador da atividade pecuária. Além destes estudos, as boas práticas de manejos também devem ser adotadas para que o desempenho do rebanho e da matéria-prima dele extraída mantenha a qualidade. Estas boas práticas são de extrema importância, se feitas de forma adequada garantiram ao produtor uma boa qualidade na meteria prima que ele irá obter, além de garantir uma maior saúde aos animais. No cenário de boas práticas para a ordenha em cabras leiteiras é importante frisa a higiene, tanto no ambiente onde estes animais estão inseridos quando na sala de ordem, algumas práticas como o fácil acesso dos animais, a higiene do ordenhado, lavem dos tetos e condução da ordenha de forma tranquila, a realização do teste da caneca, pratica está, que auxilia o produtor a identificar os animais que apresentam mastite e assim já podem ser tratadas e evitado a utilização do seu leite. Desta forma, foi desenvolvido o trabalho cujo o objetivo era torna mais visível e informativo acerca das práticas adequadas para a realização de uma ordenha de qualidade e segura para a caprinocultura e de forma sustentável, além de formas de identificação da mastite clínica em cabras leiteiras, já que não é possível encontrar muitos trabalhos sobre o tema, além de levar estas práticas para os produtores na forma de uma capacitação para eles, buscando entrelaçar os conhecimentos por eles já adquiridos com as boas práticas para juntos buscar uma melhoria em suas produções.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho buscou validar uma metodologia de ordenha alternativa ao que é preconizado hoje pela legislação brasileira com vista a um melhor aproveitamento da água no ambiente da ordenha e que ao mesmo tempo, garanta uma higiene adequada dos tetos e a qualidade do leite, além de difundir esse conhecimento aos produtores de leite da cidade de Soledade-PB e Juazeirinho-PB, tendo este trabalho duração de cerca de um (1) ano, e sendo dividido em duas etapas. O trabalho foi desenvolvido com as cabras em lactação do Laboratório de Caprino e Ovinocultura do CCHSA/UFPB na Universidade Federal da Paraíba, no campus III em Bananeiras- PB, que normalmente participam da rotina de ordenha diária. Para obtenção

250


dos resultados, foram feitas avaliações da diminuição da carga bacteriana na pele do teto dos animais que participam da ordenha diária do setor, para se observar se o uso do prédipping teria a resposta esperada. Também foi registrado a quantidade de água gasta no dia-a-dia da ordenha por cabra, para observar a quantidade de litros de água que poderiam serem economizados. A partir dos resultados obtidos, da diminuição da carga bacteriana presente nos tetos dos animais com o uso de um pré-dipping e com número de quanto de água pode ser economizado em apenas uma ordenha, apresentamos em forma de palestra, e com o auxílio de cartilhas elaboradas pelos participantes do trabalho, que continham métodos de ordenha sustentáveis aos produtores de caprinos leiteiros, no sindicato dos produtores rurais da cidade de Soledade-PB e da cidade de Juazeirinho-PB.

RESULTADO E DISCUSSÃO Os resultados obtidos com o trabalho foi a certificação que, o uso de uma solução desinfetante na linha de ordenha diária de uma produção diminui positivamente o crescimento de bactérias que causam problemas de inflamação das glândulas mamárias como a mastite, que é uma inflamação que varia de leve a grave e pode causar grandes problemas em um rebanho leiteiro. Foi observado a diminuição em 50%, de bactérias presentes nos tetos dos animais em tratamento. O pré-dipping foi desenvolvido como medida de prevenção para as mastites ambientais. Calculase uma redução em até 50% na taxa de novas infecções. Para a realização do pré-dipping os tetos devem ser secos com papel toalha descartável. Esta etapa é de extrema importância, já que associada à lavagem pode reduzir em 50 a 85% os índices de novas infecções, afirma Müller (2002). Por mais de duas décadas, os produtores de leite têm encontrado no pré-dipping uma opção benéfica e viável para a redução de novos casos de mastite ambiental. Aproximadamente 85% dos produtores de leite têm adotado o pré-dipping como parte dos seus procedimentos padrões de ordenha. E, as pesquisas sobre pré-dipping sustentam esta tendência, nos mostrando que: Há uma redução de cerca de 50% na incidência de novas infecções provocadas por estreptococos ambientais e coliformes; Há redução de mastite clínica; Pode haver uma redução na incidência de Staphylococcus aureus (que costuma formar colônias na pele do teto). Contudo, todos os pesquisadores ressaltam que, para ser efetivo, o pré-dipping deve ser feito corretamente. Recomenda-se que o produtor de leite: escolha um produto para o pré-dipping comprovadamente efetivo; aplique o produto somente em tetos razoavelmente limpos - os tetos excessivamente sujos talvez precisem ser lavados com uma solução apropriada para úberes antes do pré-dipping; faça a imersão de cada teto (o ideal é 75-90% do teto) em um produto para prédipping para uma cobertura completa da superfície; e permita que o produto fique no teto entre 15-30 segundos para obter uma ação germicida máxima, antes de tirar totalmente o produto do teto com papel toalha ou tecido limpo (MILKPOINT, 2011). Após feita estas analises os dados obtidos foram levados aos produtores rurais de caprinos leiteiros das cidades de Soledade e Juazeirinho – PB, em forma de palestras para instruir eles da importância da realização dessas etapas como forma de prevenção, onde a mesma obteve grande aproveitamento de ensino para eles.

251


Figura 2:Slide de apresentação sobre manejo de ordenha.

Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

Figura 3: Bolsista realizando a apresentação na cidade de Juazeirinho-PB.

Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

Figura 4: Equipe de apresentação, realização e participação na cidade de Juazeirinho- PB.

Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

252


Este contato no segundo momento do trabalho, com os produtores de ambas as cidades contempladas se mostrou bastante importante pois ainda nos dias de hoje, é observado a carência quanto a informações que possam chegar até estes produtores, tendo em vista que grande parte destes produtores vivem da renda gerada pela atividade, como fala Souza (2016). As palestras se caracterizaram como um canal para levar estas informações para eles, e assim ajuda-los a melhorar sua produção e consequentemente elevar sua renda.

Figura 5: Apresentação do projeto na cidade de Soledade-PB realizado pelo sindicato dos agricultores rurais.

253

Fonte: Acervo Pessoal, 2018. Figura 6: Público participante da palestra na cidade de Soledade-PB.

Fonte: Acervo Pessoal, 2018.


Figura 6: Material disponibilizado durante as palestras para todos os participantes incluía uma pasta com folhas para anotação, uma caneta e um folder explicando o passo a passo do uso do pré-dipping na ordenha diária e suas corretas soluções a ser utilizadas.

254

Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

Após feita estas analises os dados obtidos foram levados aos produtores rurais de caprinos leiteiros das cidades de Soledade e Juazeirinho – PB, em forma de palestras para instruir eles da importância da realização dessas etapas como forma de prevenção, onde a mesma obteve grande aproveitamento de ensino para eles.

CONCLUSÃO Ao final deste trabalho podemos obter um resultado positivo em ambas as etapas realizadas, tanto na constatação da importância das boas práticas e do pré-dipping, quanto ao servirmos de canal para levar estas informações aos produtores. Com as apresentações feita pelos alunos participantes do projeto, conseguimos interagir com produtores de caprinos leiteiros para levarmos aprendizados sobre o tema “mastite caprina” que é um assunto a ser discutido por ser um problema que atinge bastante as criações, também apresentado formas de prevenção da doença, como realizar a ordenha de forma higiênica, onde buscamos manter sempre os diálogos com os produtores participantes, sempre ouvindo suas dúvidas e sua vivência com o trabalho, pois além de querermos levar o aprendizado obtido no decorrer do projeto também visamos aprender com os participantes, tornando assim, essa experiência não algo unilateral mas uma via de mão dupla.

REFERÊNCIAS ACOSTA, Atzel Candido et al. Mastite em pequenos ruminantes no Brasil. Pernambuco: Pesq. Vet. Bras., 2016.RIZZO, H. et al. Tratamentos clínico-cirúrgicos de mastite gangrenosa unilateral em caprinos por diferentes tipos de cicatrização. 11. ed. Recife - PE: Scientia Plena, 2014. 9 p. (4).). Disponível em: //www.scientiaplena.org.br/sp/article/view/2475/1172. Acesso em:09/04/2018


BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL. (org.). Compartilhar a água: De 18 a 23 de março, em Brasília, a FAO participará do 8º Fórum Mundial da Água, encontro trianual que pretende conscientizar a população sobre a importância desse recurso natural e sobre as razões pelas quais o abastecimento de água deve ser cobrado. 2018. Disponível em: https://diplomatique.org.br/wp-content/uploads/2018/03/Suplemento-FAO-F%C3%B3rumMundial-da-%C3%81gua.pdf. MONTE, D. F. M.; LOPES JUNIOR, W. D.; OLIVEIRA, C. J. B.; DE MOURA, F. P. Indicadores de qualidade microbiológica de leite caprino produzido na Paraíba. Agropecuária Científica do Semiárido, v. 12, p . 354-358, 2017 MÜLLER, E.E. Qualidade do leite, células somáticas e prevenção de mastite. In: Simpósio sobre Sustentabilidade da Pecuária Leiteira na Região Sul do Brasil, Maringá. Anais... Maringá: II SUL-LEITE, p. 206-217, 2002  Pré e Pós-Dipping com Antissépticos Iodados. MILKPOINT, 2011. Disponível em: < https://www.milkpoint.com.br/empresas/novidades-parceiros/pre-e-posdipping-comantissepticos-iodados-75114n.aspx>. Acesso em: 26 de abr. de 2020. SOUZA, V.D.; BENEVIDES, S. D.; OLIVEIRA, L. D. Boas Práticas Agropecuárias na Ordenha de Cabras Leiteiras. EMBRAPA. p. 1-21, 2016. Disponível em < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/95266/1/NT-Boas-PraticasAgropecuarias.pdf> Acesso em: 05 de Julho de 2020.

255


Capítulo 29 VARIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE CINCO CULTIVARES DE SORGO CULTIVADAS EM UMA DAS ÁREAS MAIS SECAS DO BRASIL

SILVA, Marcos André Cardoso da Graduando em Agronomia Universidade Federal da Paraíba marcosuepb@gmail.com NASCIMENTO, Mayana Ferreira Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas Universidade Federal de Viçosa mayana.f.nascimento@gmail.com DANTAS, Adriana Pricilla Jales Mestranda em Agronomia Universidade Federal da Paraíba pricilla.bbc@hotmail.com NASCIMENTO, Naysa Flávia Ferreira do Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas Universidade Federal de Viçosa naysafn@gmail.com ARAUJO, Helder Farias Pereira de Doutor em Ciências Biológicas Universidade Federal da Paraíba helder@cca.ufpb.br

RESUMO O (Sorghum bicolor L. Moench) é uma importante cultura para produção de grãos, alimentação animal e alternativa para produção de energia. Nacionalmente, sua utilização vincula-se, principalmente para alimentação animal. Sua produção no Brasil sofreu um crescimento de 6,7%. O objetivo do trabalho foi comparar o desempenho de genótipos de sorgo sacarino e granífero em uma das áreas mais secas do Brasil, o Cariri Paraibano. O experimento foi conduzido em blocos casualizados, às parcelas foram constituídas de quatro fileiras, sendo avaliadas as fileiras centrais, com uma unidade experimental de dez repetições. Foram utilizados cinco genótipos, três sacarinos e dois graníferos. Os genótipos foram avaliados aos 110 dias após o plantio. Foram avaliadas seis características relacionadas à produção. Embora a altura das plantas de um genótipo granífero tenha sido significativamente maior, não houve uma relação dessa variável com os dados de produção e produtividade de massa seca e verde. Os maiores valores médios de produção e produtividade de massa seca e verde foram observados em dois genótipos sacarinos (IPA 467 e BRS 506), sob condições de precipitação menores que o esperado para um desempenho satisfatório, da produção de sorgo. Ainda, o genótipo sacarino BRS 506 possui uma grande potencialidade para produção de energia devido ao seu alto teor de sólido solúveis totais, quando comparado a valores de referência nacional. Esses genótipos apresentaram bom desenvolvimento na região do Cariri Paraibano e sua utilização tanto para produção como para genitores em programas de melhoramento devem ser considerados.

PALAVRAS-CHAVE: Culturas tolerantes, produtividade, semiárido.

256


INTRODUÇÃO O Sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) é uma gramínea tropical que apresenta metabolismo C4com origem no continente africano (CAVALCANTE et al., 2017) .É considerado o quinto cereal mais produzido no mundo, logo depois do trigo, arroz, milho e a cevada (SOUZA, 2014). Essa cultura vem sendo produzida, sobretudo, em áreas de semiárido, por apresentar alto potencial de produção de fitomassa, capacidade de rebrota, adaptabilidade a ambientes secos, tolerância moderada ao estresse salino provenientes do solo ou da água, alto valor energético, boa aceitabilidade, boa digestibilidade, grande reserva de água e fácil propagação (EMBRAPA, 2015; ELIAS et al., 2016; CAVALCANTE et al., 2017; LUCENA; SIMPLICIO; LEITE, 2019). No Brasil, a estimativa de área plantada de sorgo na safrinha de 2018/2019 sofreu um aumento em relação á safrinha 2017/2018 que foi de 782,2 para 816,6 mil hectares. Sua produção na safra de 2017/2018 foi de 2.135,8 mil toneladas, enquanto que na safra de 2018/2019 foi de 2.277,9 mil toneladas, com um crescimento de 6,7 % em relação à safra anterior (CONAB, 2019). A região Nordeste contribuiu com 407,1 e 337,7 mil toneladas nas safras mencionadas anteriormente. No cenário atual, o sorgo tem uma produção em grãos direcionada ao consumo interno, principalmente em áreas rurais onde sua utilização vincula-se, para alimentação animal e fabricação de ração (EMBRAPA, 2015). Entre as variedades mais comuns plantadas, encontramos o sorgo granífero e o sorgo sacarino. As cultivares de sorgo granífero são excelentes para produção de grãos, produção de ração animal e grande versatilidade para mistura de planta ceifada e seca, armazenamento de forragem e processo de colheita da forragem diretamente pelo animal (CONAB, 2013). Seu uso para esses fins tem justificativa em suas características agronômicas. O sorgo sacarino apresenta uma produtividade excelente para o fornecimento de matériaprima para indústria sucroenergética, por apresentar altas concentrações de sólidos solúveis totais nos colmos. O que torna essa cultura um excelente atrativo para a produção de bioetanol, podendo ser utilizado também como forrageira na alimentação animal e produção de grãos (FERNANDES et al., 2014; OLIVEIRA, 2016; SILVA et al. 2017; CONAB, 2018). Além de apresentar um ciclo curto, que possibilita o cultivo de mais de uma safra por ano e cultivo mecanizado, e conseqüentemente, elevada produção de massa verde (PARRELLA et al., 2010; NASCIMENTO et al., 2017). O objetivo deste trabalho foi avaliar e comparar o desempenho de genótipos de sorgo sacarino e granífero, baseado em descritores morfoagronômicos, em uma das áreas com menor índice pluviométrico do Brasil. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no município de São José dos Cordeiros, cuja área experimental é localizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, Fazenda Almas, situada na mesorregião da Borborema, microrregião do Cariri Paraibano, com coordenadas geográficas de 7º 28’16” S e 36º53’54” O. A região do Cariri Paraibano tem registrados índices pluviométricos mais baixos da Caatinga (GOMES, 1979).Sua pluviosidade anual varia entre 400 e 800 mm. Seu período chuvoso se concentra nos meses de fevereiro, março e abril. As chuvas nesses meses correspondem a aproximadamente 60% do total anual. Com temperatura em torno de 25°C e umidade média correspondente a 65%, anualmente. O clima da região segundo a classificação de Köppen é do tipo A e B. Sendo os climas de tipo B aqueles secos, onde a evapotranspiração é maior que a precipitação média anual. Com clima predominante Bsh, com chuvas de verão e outono (LUCENA; PACHECO, 2007).

257


Para a realização do ensaio, foram utilizados cinco genótipos, três de sorgo sacarino: BRS 506, IPA 467, SAB 01 e dois genótipos de sorgo granífero MG 01 e MG 02. O experimento, foi instalado em delineamento de blocos casualizados, com a distribuição de genótipos em três blocos, cada bloco foi constituído de quatro parcelas. Cada parcela foi instalada com quatro metros de comprimento, em espaçamentos de 0,7 m entre as fileiras e 0,2 m entre plantas. As duas fileiras centrais foram consideradas como área útil e cada unidade experimental constituída de dez plantas por parcela, com um estande de 71.000 plantas por ha. Com relação à semeadura dos genótipos de sorgo, sacarino e granífero, foram inseridas três sementes por cova, com profundidade aproximadamente 2,0 cm. Sendo realizado o desbaste 15 dias após o plantio, buscando-se deixar apenas as plântulas maiores e mais fortes. Com acompanhamento quinzenal na área do experimento, no intuito de monitorar o crescimento e desenvolvimento dessa cultura. Os genótipos foram avaliados aos 110 dias após o plantio, quando os grãos estavam em maturidade fisiológica. Desse modo, foram avaliadas as seguintes características quantitativas: altura da planta (cm), peso da massa verde (g), peso da massa seca (g), teor de sólidos solúveis totais (ºBrix), produtividade da matéria verde (T/ha) e produtividade da matéria seca (T/ha) em cada parcela. Os dados foram submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey (P<0,05). Para realizar as análises estatísticas foi utilizado o programa Genes (CRUZ, 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Altura da planta e o teor de sólidos solúveis totais foram às únicas varáveis que demonstraram diferenças significativas (p<0,05), entre os genótipos (Tabela 1). Os valores do coeficiente de variação (CV) dessas características foram baixos 9,62% e 13,01% (Tabela 1), respectivamente. Porém, a produção em massa seca, produção em massa verde, produtividade em massa verde e produtividade em massa seca apresentaram coeficiente de variação entorno de 22,91% a 29,91%, indicando uma precisão experimental alta (FILHO CARGNELUTTI; STORCK, 2007). Tabela 1. Resumo da análise de variância para as características altura de plantas (cm); Produção em massa verde (g); Produção de massa seca (g); Teor de sólidos solúveis totais (ºBrix); Produtividade massa verde (T/ha); Produtividade massa seca (T/ha), São José dos Cordeiros, 2019. FV

ALT

PMV

PMS

ºBRIX

T/ha MV

T/ha MS

Bloco

1151.93

7689.95

2172.26

2.93

43.25

12.21

Genótipo

5694.91*

19315.19 ns

9167.87ns

33.25**

108.64ns

51.56ns

Resíduo

1148.12

8967.12

5200.85

2.29

50.44

29.25

CV (%)

13.01

22.91

29.91

9.62

22.91

29.91

Média

260.29

413.30

241.05

15.73

30.99

18.07

“ns”, “*” e “**” indica significativo e não significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.

258


Altura da planta dos genótipos MG 01, IPA 467 e SAB 01 foi estatisticamente igual e apresentou médias de 331,16 cm; 258,11 cm e 262,88 cm (Tabela 2), respectivamente. Geralmente, altura da planta é uma variável importante, pois o porte alto geralmente apresenta uma maior produção de biomassa (MAY et al., 2011; PERAZZO et al. 2013). No entanto, as variáveis de produção e produtividade não foram diferentes significativamente entre os genótipos e a média de produtividade de massa seca do MG 01 foi à menor entre genótipos, próximo à metade da produtividade média de massa seca do IPA 467. Portanto, altura da planta não foi necessariamente uma variável chave para indicação de produção e produtividade.

Tabela 2. Teste de Tukey para comparação das médias dos genótipos dentro das características altura de plantas (cm); Produção em massa verde (g); Produção de massa seca (g); Teor de sólidos solúveis totais (ºBrix); Produtividade massa verde (T/ha); Produtividade massa seca (T/ha), São José dos Cordeiros, 2019. Genótipo

ALT

PMV

PMS

ºBRIX

T/ha MV

T/ha MS

BRS 506

227,63 b

432,27 a

268,88 a

21,33 a

32,42 a

20,16 a

MG 01

331,16 a

299,44 a

158,33 a

12,81 b

22,45 a

11,87 a

MG 02

221,66 b

422,50a

236,11 a

13,97 b

31,68 a

17,70 a

IPA 467

258,11 ab

522,00a

308,33 a

15,98 b

39,15 a

23, 12 a

SAB 01

262,88 ab

390,27 a

233,61 a

14,58 b

29,27 a

17,52 a

*Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na coluna não diferem entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.

Nossos resultados demonstram que todos os genótipos apresentam desempenho estatisticamente semelhantes na produção em massa verde (Tabela 2). Apesar da não existência de diferença estatística, as maiores médias de produção em massa verde foram observadas no IPA 467 de 522,0 g, BRS 506 de 432,27 g e o MG 02 com 422,5 g (Tabela 2). Os resultados de massa verde, corroboram com os resultados para massa seca do genótipo IPA 467 (308,33 g) que apresentou maior média em relação aos demais genótipos avaliados (Tabela 2). Pesquisas relatam que cultivares de sorgo sacarino geralmente tem uma especialidade em produção de colmos (SOARES et al., 2014) comprovando os resultados observado no nosso estudo. As médias de produção do IPA 467 demonstraram uma tolerância de maior produção que precisa ser averiguada frente a outras condições locais para verificar se existe estabilidade nesse padrão. O genótipo IPA 467 apresentou a produtividade de massa verde de 39,15 T/ha (Tabela 2), valor aproximado ao estimado para sorgo do tipo sacarino que varia de 40 a 60 T/ha (PEREIRA FILHO et al., 2013). As médias dos genótipos BRS 506 (32,42 T/ha), MG 02 (31,68 T/ha), SAB 01 (29,27 T/ha) e o MG 01 (22,45 T/ha) ficaram entorno de 32,42 T/ha a 22,45 T/ha (Tabela 2). Desse modo, para ocorrência de uma produtividade satisfatória é necessário precipitação em torno de 450 a 550 mm durante o ciclo de cultivo da cultura (SILVA et al., 2019). Nesse estudo, a produtividade satisfatória foi obtido pelo genótipo IPA 467, BRS 506 e MG 02 com precipitação de 426 mm durante os meses de experimento. Demonstrando valores próximos aos de referência de cultivares de sorgo sacarino, sob menor precipitação esperada para uma produção satisfatória.

259


Os valores de produtividade de matéria seca demonstraram tendências semelhantes aos de produtividade de massa verde entre os genótipos. No entanto, os genótipos do tipo sacarino mantiveram aproximadamente 60% de produtividade média de massa seca, quando comparados á massa verde. Já os genótipos graníferos mantiveram entre 52 e 54% dessa produtividade. Assim, um fator importante para um bom desempenho de produtividade de matéria seca está o comprimento da panícula, pois, possibilita maiores quantidades de grãos e grande valor nutricional (AVELINO et al., 2011; MOTA, BEVILAQUA, MENEZES, 2016). O genótipo sacarino BRS 506 apresentou a maior média para característica Teor de sólidos solúveis totais (21,33), em relação aos demais genótipos (Tabela 2). A produtividade da massa do caldo do sorgo sacarino necessita conter altos teores de sólidos solúveis totais (ALBUQUERQUE et. al., 2012). Genótipos de sorgo sacarino com valores médios acima de 14,50 são adequados para produção de etanol (MAY et al., 2013). Nesse estudo comprovamos que, os três genótipos sacarinos aqui testados possuem uma grande potencialidade para produção de energia. O genótipo BRS 506 apresentou média de teor de sólidos solúveis superior a valores de referência demonstrados em outros trabalhos, 15,07 e 16,03 de °Brix. (POSSER, 2016; TEXEIRA, 2017).

CONCLUSÕES Embora a altura das plantas do genótipo granífero MG 01 tenha sido significativamente maior, não foi observada uma relação dessa variável com os dados de produção e produtividade de massa seca e verde. Portanto, altura das plantas não foi um bom indicador para uma boa opção para produção de silagem, por exemplo, entre os genótipos aqui analisados. Os maiores valores médios de produção e produtividade de massa seca e verde foram observados nos genótipos sacarinos IPA 467 e BRS 506, sob condições de precipitação menores que o esperado para um desempenho satisfatório da produção de sorgo. Ainda, o genótipo BRS 506, possui uma grande potencialidade para produção de energia, devido ao seu alto teor de sólidos solúveis totais, quando comparado a valores de referência nacional. Em resumo, esses genótipos apresentaram bom desenvolvimento na região do Cariri Paraibano, e sua utilização tanto para produção como para genitores em programas de melhoramento devem ser considerados.

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262


Capítulo 30 ÍNDICE DE CLOROFILA E A ESTIMATIVA DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJÃO GUANDU CULTIVADO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

DANTAS, Sílvia Maria Pós-graduanda em Meteorologia Universidade Federal de Campina Grande silviadantasrn@gmail.com SILVA, Vicente de Paulo Professor em programa de pós-graduação de meteorologia Universidade Federal de Campina Grande vicente.paulo@ufcg.edu.br DE MORAIS, Virginia Maria Magliano M.Sc. Professora de Economia da Educação-Centro de Educação Universidade Federal da Paraíba virginiammoraes@gmail.com MEDEIROS, Geovergue Rodrigues Pesquisador no Instituto Nacional do Semiárido geovergue.medeiros@insa.gov.br

RESUMO A obtenção de informações sobre o manejo do feijão guandu cultivado no Semiárido brasileiro mediante observações em campo, auxilia no manejo da cultura servindo de subsidio para o produtor. O desenvolvimento de plantas de feijão guandu (Canjanus canja) variável bicolor foi observado em diferentes espaçamentos (T1- 1,0 x 1,0m, T2- 1,0 x 0,5m, T3- 1,0 x 1,5m) em solo arenoso. As variáveis mensuradas foram a produção de massa verde por parcela para cada tratamento obtendo-se a média produtiva, o índice de mortalidade dos indivíduos e seus fatores. O teor de clorofila foi mensurado através do SPAD-502 em 28 plantas do feijão guandu. De forma geral, o feijão guandu apresentou melhor desenvolvimento para o tratamento T3, os índices de clorofila foram significativos afirmando a utilização dessa cultura em região do Semiárido para incrementar a produção. PALAVRAS-CHAVE: Forragem; morfometria; SPAD. INTRODUÇÃO O feijão guandu (Cajanus cajan L. millsp) é uma espécie pertencente à família Fabaceae, é uma espécie originaria da Índia e atualmente cultivado em mais de 50 países da Ásia, da África e Américas, sendo uma das principais leguminosas cultivadas nos trópicos e subtrópicos. A utilização de leguminosas na produção de forragens para a complementação na alimentação animal vem sendo inseridas ao longo de décadas em várias regiões do Brasil. De acordo com Silva et al., (2017) o feijão guandu vem sendo utilizado, como adubação verde e em consórcios com pastagens de gramíneas, na composição da dieta dos animais em diferentes formas: combinado com fenos ou silagens, para aumentar o valor proteico, como banco de proteína. O guandu possui alta taxa de retenção das folhas na época seca, assim fornecendo forragem de alta qualidade, sendo sua produtividade bastante elevada (OLIVEIRA, 2017). A sua utilização

263


tem se dado como feno, silagem, em pastejo direto no período seco e para formação de bancos de proteína. Possui um sistema radicular com raiz principal (pivotante), que pode alcançar mais de 2 m de profundidade, originando-se a partir várias outras secundarias, com características finas e localizadas a 30 cm da superfície do solo (SOUZA et al., 2007). As baixas produtividades dos rebanhos foram resultantes devido a carência nutricional no manejo da alimentação, na influência das chuvas e no suporte forrageiro da região foram observadas por (REIS et al., 2016). A dinâmica da fotossíntese está ligada ao teor de clorofila das plantas, dependendo da sua eficiência positiva ou negativa pode afetar diretamente no desenvolvimento de crescimento e a adaptabilidade (MAIA JUNIOR et al., 2017). O índice de clorofila mensurado através do spad502 devido a sua agilidade, precisão e portabilidade. Neste sentido, torna-se importante a realização do experimento desenvolvido em campo para mensuração do desempenho produtivo do feijão guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp) para as condições edafoclimaticas da região do Semiárido brasileiro.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no ano de 2019, na Estação Agrometeorológica Experimental-EstAgr/DCA, pertencente a Universidade Federal de Campina Grande-UFCG, localizada no município de Campina Grande-PB, na zona oriental do Planalto da Borborema com latitude de 07º13’50” S e longitude de 35º52’52’’W e 546 m de altitude. O Clima é de semiaridez com baixas precipitações e uma média anual de 755 mm, apresentando os meses mais chuvoso entre abril e agosto. A condução do experimento foi realizada de agosto a dezembro, devido à baixa ocorrência de chuvas nesse período disponibilizados no site do INMET através da Estação Meteorológica Automática de Campina Grande, localizada na Embrapa Algodão (Figura 1). Figura 7. Dados de temperatura e precipitação

Fonte: INMET

A variedade plantada foi o guandu bicolor através de transplantio em três parcelas com dimensões de 5 x 5 m. As análises de solo química, física e de fertilidade (Tabela1) apresentaram os seguintes resultados: a classe textural é solo arenoso nas três parcelas, o pH 6,5 na parcela 1,

264


na parcela 2 pH 5,73 e na parcela 3 o pH 6,4 o feijão guandu desenvolve-se melhor em solos com pH entre 5 e 8, porém em solos neutros apresenta níveis excelentes de produção. Tabela 5. Analise química, física e de fertilidade do solo.

Parcelas

pH (H2O)

M.O %

Salinidade

Classe Textural

Parcela 1

6,5

0,21

Não salino

Arenoso

5,73

0,49

Salino

Arenoso

6,4

0,35

Não salino

Arenoso

Tratamento T1 Parcela 2 Tratamento T2 Parcela 3 Tratamento T3 Fonte: Laboratório de analise LIS

O delineamento utilizado foi em parcelas com diferentes espaçamentos T1 (1,0 x 0,50 m) T2 (1,0 x 1,0m) e T3 (1,0 x 1,5m), os espaçamentos foram os tratamentos utilizados, nos quais variam o número de indivíduos iniciais plantados (Tabela 2).

Tabela 6. Descrição de instalação experimental

Parcela

Tratamento

Total de indivíduos

P1

T1 (1,0 m x 1,0 m)

37

P2

T2 (0,5m x 1,0 m)

74

P3

T3 (1m x 1,5m)

28

Fonte: Autoria própria

Os tratos culturais para o transplantio do feijão guandu foi através de sulcos com profundidade de 30 cm, as mudas estavam com 45 dias após a germinação. Realizou-se a adubação com esterco curtido e NPK 10-15-10, implantou-se uma composteira para as demais adubações ao longo do experimento (Figura A; B)

265


Figura 8. (A) composteira; (B) Transplantio

266 Fonte: Autoria própria

Utilizou-se uma área útil de 2 x 2 m para a mensuração das variável massa verde total. Observou-se o índice de sobrevivência das plantas de feijão guandu quando submetido a condições adversas no campo 120 dias após o plantio (DAP). O teor de clorofila foi mensurado na parcela 3 com o tratamento T3 (1,0 x 1,5m) em 28 plantas, realizou-se a leitura em 3 folhas de cada planta na parte da face adaxial da folha evitando assim a nervura central da folha, obtendose a média concentrações de clorofila A, B e C que são geradas diretamente no aparelho SPAD502 e mensurado estatisticamente através da análise descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O tratamento T2 apresentou maiores taxas de indivíduos mortos durante o período observado e o tratamento T3 apresentou os melhores índices de indivíduos vivos. Figura 9. Índices de mortalidade do feijão guandu

Fonte: Autoria própria

Fatores que ocasionaram os índices de mortalidade estão ligados possivelmente a classe textural do solo que foi classificado como arenoso. O feijão guandu apresentou melhor desempenho em solo de textura argilosa em relação ao solo de textura arenosa em pesquisa realizada por (PONTE FILHO et al., 2017). Outros fatores como o estresse hídrico e o ataque de insetos (mosca branca; formigas; lagartas) que ocasionaram a diminuição da quantidade de


indivíduos (Figura 3 A; B; C; D). Outro fator interessante foi a ocorrência de murchamente das raízes ocasionando a perda do indivíduo. A parcela 3 apresentou os melhores resultados com índice de mortalidade menor.

267

Para calcular a produção de matéria verde utilizou-se de uma área útil de 2 x 2 m o tratamento T3 (1,0 x 1,5 m) apresentou uma média de peso de 300 g, um peso maior quando comparado aos demais tratamentos T1 (1,0 x 0,50 m) apresentou 220g em média e T2 (1,0 x 1,0) uma média de 150g, sendo que os tratos culturais foram aplicados igualmente para todas as parcelas. A avaliação de parâmetros morfológicos e fisiológicos das plantas desde a sua fase inicial é importante, pois permite a compreensão da estrutura vegetal para orientar o cultivo e o manejo adequado das espécies nas diferentes fases fenológicas (DANTAS et al., 2019). Para o fornecimento de alimentos para animais é essencial que a planta presente um bom desenvolvimento foliar. Figura 10. Índices de matéria verde

Fonte: Autoria própria

Para as análises do índice SPAD Os dados da mensuração dos teores médios de clorofila (índice SPAD) estão demonstrados na Tabela 1, no qual foram avaliadas 20 plantas, a variação do teor de clorofila para 30 dias após semeadura foi de 20, 5 a 49,01, para o teor de clorofila de 60 dias 32,8 a 58,6 e para clorofila de 90 dias 44,7 a 56,7. O menor desvio padrão foi apresentado para o teor de clorofila de 90 dias (3,51) e o maior para o teor de clorofila de 30 dias (7,37).


Tabela 1. Média, desvio padrão, variância, curtose, assimetria, mínimo, máximo, e o coeficiente de variação %(CV) dos teores de clorofila (30, 60 e 90 dias) nas 20 plantas amostradas.

Estatística

Clorofila 30 dias

Clorofila 60 dias

Clorofila 90 dias

Média

40,57

48,42

50,96

Desvio padrão

7,37

6,10

3,51

Variância da amostra

54,35

37,21

12,33

Curtose

1,81

1,77

- 0,81

Assimetria

- 1,49

- 1,11

- 0,37

Mínimo

20,50

32,80

44,70

Máximo

49,10

58,60

56,50

CV (%)

18,17

12,60

6,89

Fonte: Autoria própria

Quando analisamos e comparamos com experimento realizado na Universidade Federal de Santa Maria -UFSM, Santa Maria, RS, com 57 dias após emergência por (FACCO et al., 2012) no qual fez adubação de N P K (05-20-20) e obteveram os seguintes dados de 15,5 a 36,4 para teor de clorofila A, de 3,3 a 15,7 para clorofila B, e de 19,1 a 52,1 clorofila C índice total nos três folíolos (central, direito e esquerdo), dados demonstrados na Tabela 2 com 30 plantas, observamos uma variância significativa com os índices de clorofila de 60 dias realizados no presente experimento. Tabela 2. Média, desvio padrão, variância, curtose, assimetria, mínimo, máximo, e o coeficiente de variação (CV) dos teores de clorofila realizadas na pesquisa em comparativo com o experimento realizado por (FACCO et al., 2012).

Estatística

Clorofila 60 dias

Clorofila A 57 dias (FACCO et al., 2012)

Clorofila B 57 dias (FACCO et al., 2012)

48,42

28,62

9,09

6,1

3,53

2,12

Variância

37,21

12,46

4,5

Curtose

1,77

0,82

0,01

Assimetria

-1,11

-0.76

-0,05

Mínimo

32,8

15,50

3,3

Máximo

58,6

36,40

15,7

Coeficiente de variação CV(%)

12,60

43,53

49,47

Média Desvio padrão

Fonte: Facco et al., (2012)

268


CONCLUSÕES O comportamento apresentado pelo feijão guandu em solo arenoso quando submetido ao estresse hídrico apresentou uma perda considerável de indivíduos diante das condições de campo. Com relação aos diferentes espaçamentos resultou uma melhor produção o tratamento T3 (1,0 x 1,5m). Para o desenvolvimento adequado do feijão guandu é necessário a realização das práticas culturais, principalmente durante os 60 dias após o plantio (DAP). O índice SPAD apresentou excelentes resultados para o feijão guandu cultivado no Semiárido.

REFERÊNCIAS REIS, R. A., BARBERO, R. P., HOFFMANN, A. Impactos da qualidade da forragem em sistemas de produção de bovinos de corte. Informe Agropecuário, Belo Horizonte. v. 37, n. 292, p. 36-53, 2016. DANTAS, S. M., RIBEIRO, R. R., SILVA, V. P. R., MEDEIROS, G. R. . análise morfométrica e o teor de clorofila do feijão guandu cultivado em ambiente protegido no semiárido nordestino. Disponível em: <https//www.even3.com.br/anais/SICONFOR/187231-analise-morfometrica-eo-teor-de-clorofila-do-feijao-guandu-cultivado-em-ambiente-protegido-no-semiarido-nordesti>. Acesso em: 29 de nov. de 2019. FACCO, G., SANTOS, G. O., STEFANELLO, R. B. , CARGNELUTTI FILHO, A. . Local de amostragem e tamanho de amostra para avaliação do índice SPAD em plantas de feijão guandu. In: XVII Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão. Santa Maria: Unifra, 2013, Santa Maria-RS. Anais do Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão. Santa Maria: Unifra, 2013. v. 3. p. 1-9. Disponível em:> https://docplayer.com.br/9370179-Amostragem-do-indice-spad-emplantas-de-feijao-guandu.html> Acesso em: 20 de novembro de 2019. PONTE FILHO, F. A. M., GAMA, L., de Souza, H. A., & GUEDES, FEfeito do estresse hídrico em guandu cultivado em solos com diferente textura. In: Embrapa Caprinos e Ovinos-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, Juazeiro, BA. Construindo pontes entre o ensino, a pesquisa e a extensão: anais. Petrolina: Univasf: Embrapa Semiárido: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Sertão de Pernambuco, 2017. 1 CD-ROM. p. 2337-2339. 2017. MAIA JÚNIOR, S. D. O., ANDRADE, J. R., SOUSA FERREIRA, R., ARAÚJO, D. L., GUERRA, H. O. C., SILVA, F. G. Teores de pigmentos, fluorescência da clorofila ae índice SPAD em cultivares de girassol sob regimes hídricos. Agrarian, v. 10, n. 36, p. 105-112, 2017. OLIVEIRA, L. F. C. et al. Conhecendo a fenologia do feijoeiro e seus aspectos fitotécnicos. Embrapa Arroz e Feijão-Livro técnico (INFOTECA-E), 2018. SILVA, S. P., MELO, J., GUEDES, F., DUTRA, M. D. S., SOUSA, Y. H. L. BOMFIM, M. Análise bromatológica do feijão guandu para predição da composição química para o uso nos modelos de calibração do NIRS. In: Embrapa Caprinos e Ovinos-Resumo em anais de congresso (ALICE). In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA CAPRINOS E OVINOS, Sobral. p. 31-32., 2017.

269


Capítulo 31 ÍNDICES DE QUALIDADE E CRESCIMENTO DE MUDAS DE ESPÉCIES NATIVAS DA CAATINGA PRODUZIDAS EM DIFERENTES TIPOS DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

SANTOS, Magna Pereira Graduanda em Engenharia Agronômica Instituto Federal de Alagoas - IFAL magnasantos322@gmail.com NASCIMENTO, Heverly Lima Graduanda em Engenharia Agronômica Instituto Federal de Alagoas - IFAL heverlly15@gmail.com SANTOS, Luiz Carlos Alves Graduando em Engenharia Agronômica Instituto Federal de Alagoas - IFAL Apontasat77@gmail.com COSTA, Kleyton Danilo da Silva Doutor em Agronomia- Melhoramento Genético de Plantas Instituto Federal de Alagoas - IFAL kd.agro@gmail.com PRATES, Fabiano Barbosa de Souza Doutor em Agronomia- Ciência do Solo Instituto Federal de Alagoas - IFAL fabiano.prates@ifal.edu.br

RESUMO O objetivo do trabalho foi realizar a propagação das espécies craibeira, aroeira do sertão e angico em diferentes compostos orgânicos acrescidos de óleo de cozinha usado. O experimento foi realizado em área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL) - Campus Piranhas, em Piranhas-AL. O substrato utilizado foi construído na proporção 1:1 (v/v), sendo duas fontes de composto orgânico, um oriundo de esterco caprino/ovino e outro com esterco bovino e areia lavada auto clavada. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado com fatorial 3 x 6 x 2, sendo 3 espécies arbóreas, aroeira do sertão, craibeira e angico, 2 fontes de esterco para produção do composto orgânico utilizado no substrato, e 6 doses de óleo de cozinha usado (0,00 m3; 0,01 m3; 0,02 m3; 0,03 m3; 0,04 m3 e 0,05 m3 de óleo na pilha de 1m3 do composto), com três repetições cada, totalizando 36 repetições para cada espécie arbórea. Foram avaliadas variáveis biométricas nas mudas e o índice de qualidade de mudas (IQD). O uso de até 5% de óleo de cozinha usado pode ser utilizado na produção de composto orgânico com finalidade na produção de substratos para a produção de mudas, pois até esta porcentagem a substancia não interferiu no processo do desenvolvimento das plantas. Os valores de IQD foram: para a espécie craibeira entre 0,06 a 0,23; para a espécie aroeira, ficaram entre 0,007 e 0,061; e para a espécie Angico, 0,015 e 0,109.

PALAVRAS-CHAVE: substrato alternativo, adubação orgânica, propagação.

270


1. INTRODUÇÃO O Brasil possui uma área aproximada de 8.514.877 km2, tendo a região de Caatinga cerca de 844.453 mil km2, o que corresponde a 9,92% do território nacional e 70% do território nordestino, que se estende pela totalidade do estado do Ceará (100%) e mais de metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%) (IBGE, 2004). A caatinga tem fisionomia de deserto, com índices pluviométricos muito baixos, em torno de 500 a 700 mm anuais. A temperatura situa-se entre 24 e 26 oC e varia pouco durante o ano. Além dessas condições climáticas rigorosas, a região das caatingas está submetida a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca (DANTAS et al., 2008). Após o plantio no campo, um dos fatores na determinação da sobrevivência de uma espécie é seu desenvolvimento inicial na fase de muda, de modo que a habilidade competitiva e o uso de recursos por cada muda podem determinar a composição de espécies de árvores adultas em florestas (CROCE et al., 2007). A produção de mudas florestais, em quantidade e qualidade, é uma das fases mais importantes para o estabelecimento de bons povoamentos florestais com espécies nativas. A craibeira (Tabebuia aurea (Manso) Benth.; Hook.), também conhecida como para-tudo, caraibeira e ipê-amarelo-do-cerrado, ocorre desde a região amazônica, até o cerrado, pantanal matogrossense e caatinga, possui madeira resistente, indicada para usos diversos e, em virtude da sua exuberante copa e floração, pode ser empregada para arborização, paisagismo e reflorestamentos mistos de áreas degradadas destinadas à recomposição da vegetação (LORENZI, 1998). O angico (Anadenanthera colubrina) é uma espécie arbórea da família Leguminosae – Mimosoideae, com altura variando de 12 a 15 m e diâmetro entre 30 e 50 cm. É particularmente freqüente nas regiões mais altas da encosta atlântica nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis (LORENZI, 1992). Sua madeira apresenta grande durabilidade quando exposta, podendo ser utilizada em tacos, marcenaria, obras internas e construção civil e naval, dentre outros (CARVALHO, 1994). Essa espécie pode ser usada ainda no controle da erosão e no melhoramento de solos (SANTOS, 1987). Devido ao crescente processo de devastação das áreas de nascentes e das matas ciliares, juntamente com a necessidade de reflorestamento em solos com características químicas diferentes, o conhecimento sobre as demandas nutricionais das espécies utilizadas para essas finalidades, entre outras, é de fundamental importância (FERNANDES et al., 2000). A aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão), conhecida popularmente como aroeira-dosertão ou urundeúva, é uma espécie decídua, heliófita e seletiva xerófita (LORENZI, 1992). Seu limite de distribuição natural se estende pelas Regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil até a região chaquenha da Bolívia, Paraguai e Argentina (NUNES et al, 2008; LORENZI, 1992). A aroeira do sertão tem seu emprego muito difundido na construção rural, por possuir madeira resistente. No entanto, sua exploração comercial tem sido feita de forma predatória, o que a fez ser declarada espécie ameaçada de extinção pelo Ministério do Meio Ambiente, conforme Instrução Normativa MMA nº 6, de 23 de setembro de 2008 (BRASIL, 2008). Além disso, tem sido estudada e recomendada para recuperação de ecossistemas degradados e, ou, perturbados, considerando seu caráter de pioneirismo. De acordo com Ehlers (2009), o fertilizante orgânico mais tradicional e conhecido é o chamado composto orgânico produzido por meio da mistura de dejetos animais e restos vegetais, através do método compostagem em pilhas, com uma variação significativa quanto ao tempo de decomposição, dependendo da temperatura ambiente, do número de revolvimentos, de irrigações e da composição da pilha.

271


A compostagem é um processo de biodecomposição da matéria orgânica dependente de oxigênio e com geração de calor, levando a temperaturas típicas de 50 a 65ºC, e picos que podem chegar a mais de 70ºC (Inácio; Miller, 2009). É considerado que a matéria orgânica para a compostagem, em geral resíduos, é constituída por sete grandes grupos de substâncias, a saber: carboidratos; açúcares; proteínas; e gorduras, que são decompostos mais facilmente, e; hemicelulose; celulose; e lignina; com decomposição mais lenta (Epstein, 1997). O óleo de cozinha usado, por essa definição, não seria problema para ser utilizado num composto orgânico, uma vez que, são gorduras, e atuarão como fonte primária de energia e carbono disponíveis para os micro-organismos (Epstein, 1997). Segundo o autor, essa disponibilidade é de suma importância para o início do processo de compostagem e toda fase termofílica. A utilização de composto orgânico de qualidade para produção de mudas, além de contribuir para a redução do impacto, causada pelos resíduos supracitados exigidos na formulação do mesmo, ao meio ambiente, também proporciona redução de custo, quando disponíveis na região de produção (CUNHA et al., 2005). Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo realizar a propagação das espécies craibeira (Tabebuia aurea), aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva) e angico (Anadenanthera colubrina), nativas do bioma Caatinga, em diferentes compostos orgânicos acrescidos de óleo de cozinha usado.

2. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado em casa de vegetação da área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL) - Campus Piranhas, em PiranhasAL. A área do trabalho localiza-se nas coordenadas 9° 37’ 20,83"S e,37° 45’ 83"O, a uma altitude de 181 m. O clima da região é BSh de Köppen (semiárido seco), com temperatura média anual entre 26 e 30 °C e com precipitação anual média entre 400 e 600mm O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado com fatorial 3 x 6 x 2, sendo 3 espécies arbóreas nativas do Bioma Caatinga (aroeira do sertão, craibeira e angico), 2 fontes de esterco para produção do composto orgânico utilizado no substrato para as mudas (bovino e caprino/ ovino), e 6 doses de óleo de cozinha usado em v/v (0,00 m3; 0,01 m3; 0,02 m3; 0,03 m3; 0,04 m3 e 0,05 m3 de óleo em cada pilha de composto com volume de 1 m3), em porcentagens, as doses foram respectivamente, 0, 1, 2, 3, 4 e 5% de óleo usado para cada pilha de composto, com três repetições cada, totalizando 36 repetições para cada espécie arbórea nativa. Para cada espécie foram utilizadas 5 mudas para cada substrato, totalizando 180 mudas. No final do processo da compostagem, ou seja, 90 dias após a construção da pilha, ou quando o mesmo apresentou características que conferem a um produto estabilizado e pronto para uso conforme Proque et al., (2008), amostras dos compostos foram secadas ao ar, homogeneizadas e passadas em peneira de 2 mm; posteriormente, esse material foi utilizado na produção do substrato para o plantio das espécies arbóreas nativas. A composição do substrato foi de um volume de 50% de areia esterilizada em autoclave e 50% de cada tipo de composto. Aos 60 dias após a semeadura, foram avaliadas as características referentes ao crescimento das mudas. O Número de Folhas (NF) foi obtido por contagem das folhas definitivas desenvolvidas. A Área Foliar foi determinada empregando um medidor digital de área foliar (modelo YMJ-C, da empresa TKS Top Instrument). A Altura da Planta (HP) foi determinada com régua graduada, em centímetros, medindo-se suas alturas da base do caule até a gema apical. O Diâmetro do Caule (DC) foi obtido com o emprego de um paquímetro digital (modelo 15MM-6’, da empresa Marberg), medindo-se o diâmetro das mudas na base do caule. Após medições, essas plantas foram cortadas rente ao solo, acondicionadas em sacos de papel, e as raízes lavadas em

272


água corrente e acondicionadas em sacos de papel. Para determinação de massa seca da parte aérea (MSPA) e para determinação da massa seca das raízes (MSR), as amostras foram encaminhas para estufa de circulação de ar forçada a 65ºC por um período de 72 horas, procedendo em seguida a pesagem em balança analítica de precisão. Determinou-se a relação da matéria seca da parte aérea com a matéria seca de raízes (RPAR) e a relação da altura parte aérea com o diâmetro do coleto (RAD). O Índice de Qualidade de Mudas foi determinado pela fórmula IQD = [matéria seca total/(RAD + RPAR)]. Os resultados foram submetidos à análise de variância e, quando significativos, foram geradas as equações de regressão utilizando o software Table Curve 2D v5.01 (Jandel Scientific, 1991) e o teste de médias entre as espécies pelo SISVAR (FERREIRA, 2008).

273 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve interação entre o tipo de substrato com o incremento de doses de óleo de cozinha usado, nas variáveis analisadas em cada espécie produzida, conforme são apresentadas nas tabelas 1, 2 e 3. A craibeira apresentou interação nas variáveis altura da planta (HP), número de folhas (NF), massa seca da raiz (MSR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca total (MST), relação parte aérea raiz (RPAR) e no índice de qualidade de Dickson (IQD). A área foliar (AF) e o diâmetro do caule (DC) apresentaram diferenças entre substratos e nos incrementos de óleo usado. A variável relação altura diâmetro do caule (RAD) não foi significativo (Tabela 1).

Tabela 1: Parâmetros de crescimento e qualidade de mudas de craibeira: altura de planta (HP), número de folha (NF), área foliar (AF), diâmetro do caule (DC), massa seca da raiz (MSR), massa seca da parte aerea (MSPA), massa seca total (MST), relação parte aérea raiz (RPAR), índice de qualidade de Dickson (IQD) e relação altura da planta e diâmetro do coleto (RAD), em função dos tipos de substrato com cinco diferentes teores de óleo de cozinha usado em sua composição. Teor de Óleo % (v/v)

Média

CV*

Variável Substrato 0 BO

9,10 Ab

1

2

3

4

5

14,49

9,54

15,26

14,39

Aa

Ab

Aa

Aa

8,87 Bb

-

HP (m)

23,10 CA - OV

BO

13,13 Aa 6,27 Aa

8,73 Bb

7,20 Aa

6,73 Ab 4,47 Ab

7,48 Bb

9,50 Bb

7,13 Aa

7,33 Aa

15,25 Aa 4,80 Bb

-

-

NF

24,20 CA - OV

AR (cm2)

BO

6,93Aa

4,80 Bb

67,23

146,63

4,06 Ab 111,20

4,60 Bb

4,93 Bb

7,73 Aa

198,82

135,04

134,84

132,36 A

33,10


CA - OV Média

127,50

99,94

81,49

80,42

200,66

180,09

128,35 A

97,36 b 123,29 b 96,35 b 139,62 a 167,85 a 157,47 a

BO

3,07

3,83

3,25

4,06

3,73

3,72

3,61 A

CA - OV

3,24

3,12

3,09

2,99

4,26

3,61

3,38 B

3,15 b

3,47 b

3,17 b

3,52 a

3,99 a

3,66 a

0,11 Ab

0,20 Aa

0,23 Aa

0,12 Bb

0,13 Bb

DC (mm)

Média

M SR

BO

0,18 Ab

7,61

(g) CA - OV

0,16 Aa

0,13 Bb 0,23 Aa

BO

0,39 Ab

0,91 Aa

0,69 Ab

0,09 Bb

0,31 Aa

0,24 Aa

-

1,17 Aa

0,88 Aa

0,83 Bb

-

MSPA (g)

6,28 CA - OV

0,66 Aa

0,64 Bb

BO

0,50 Ab

1,11 Aa

MST (g)

0,53 Ab 0,87 Ab

CA - OV

0,82 Aa

0,77 Ba 0,77 Aa

BO

4,99 Ab

4,63 Ab

4,52 Ab

0,47 Bb

1,31 Aa

1,02 Aa

-

1,40 Aa

1,00 Ba

0,97 Ab

10,05

0,56 Ba

1,68 Aa

1,37 Aa

-

5,64 Ab

7,08 Aa

6,50 Ab

-

RPAR

27,17 CA - OV

RADNS

10,51

4,32 Aa

5,84 Aa

BO

2,98

3,88

CA - OV

4,45

Média BO

6,15 Aa

4,48 Ba

4,27 Aa

4,05

4,03

3,78

3,59

3,70

3,80

3,18

3,81

3,19

4,21

3,77

3,71

3,84

3,61

3,92

3,48

3,90

0,08 Ab

0,13 Aa

0,15 Aa

0,09 Bb

0,10 Ab

IQD CA - OV

2,53

0,10 Aa

Ab

0,11 Ab

0,08 Aa 0,13 Aa 0,06 Ba

-

-

1,69

0,23 Aa

0,16 Aa

-

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste Skott-Knott (0,05< P). *Dados estatísticos rodados com transformação √(x+0,1). NS Não Significativo. BO: Bovino, CA- OV: Caprino – Ovino.

Nas mudas de craibeira, as variáveis que apresentaram interação, os resultados foram distintos tanto dentro do tratamento substrato, quanto incremento de óleo (Tabela 1). Freire et al. (2015) avaliando o crescimento de mudas de craibeira, encontraram os melhores resultados

274


quanto as variáveis HP, DC, MSR, MSPA, MST e IQD com o substrato esterco bovino com solo, comparando com substratos com esterco de caprino ovino e húmus. Os valores de IQD encontrados por esses autores foram superiores aos encontrados no presente trabalho (Tabela 1). Fonseca (2000), afirma que o IQD tem sido considerado com um bom indicador da qualidade das mudas, por considerar a robustez (RAD) e o equilíbrio da distribuição da fitomassa, sendo levados em consideração, para o seu cálculo, vários parâmetros morfológicos importantes e, quanto maior o IQD, melhor a qualidade da muda. Para as mudas de aroeira, a interação ocorreu nas variáveis HP, AF, DC e MSP. As variáveis NF, MSR e IQD apresentaram diferença apenas entre substratos, onde o substrato oriundo do composto com esterco bovino apresentaram os maiores valores. A MST apresentou os maiores valores com o substrato com esterco bovino e o incremento de 2, 3 e 4% de óleo no composto proporcionaram os maiores valores. A RAD teve o maior valor com o incremento de 3% de óleo (Tabela 2).

Tabela 2 - Parâmetros de crescimento e qualidade de mudas de aroeira: altura de planta (HP), número de folha (NF), área foliar (AF), diâmetro do caule (DC), massa seca da raiz (MSR), massa seca da parte aerea (MSPA), massa seca total (MST), relação parte aérea raiz (RPAR), índice de qualidade de Dickson (IQD) e relação altura da planta e diâmetro do coleto (RAD), em função dos tipos de substrato com cinco diferentes teores de óleo de cozinha usado em sua composição. Teor de Óleo % (v/v) Variável

0 BO

9,01 Ab

HP (m)

NF

Média

1

2

10,68

14,43

Ab

Aa

3

4

5

15,29 Aa

16,59 Aa

9,17 Ab

23,10

CA - OV

8,03 Aa

8,16 Aa

8,17 Ba

12,30 Aa

10,09 Ba

9,85 Aa

-

BO

20

20

24

22

26

18

22 A

CA - OV

15

17

14

20

19

16

17 B

MédiaNS

18

18

19

21

23

17

-

63,00

77,99

85,41

106,11

138,13

57,62

Ab

Ab

Ab

Aa

Aa

Ab

BO

24,20

33,80

AR (cm2)

27,25

32,47

37,48

Bb

Bb

Bb

BO

1,07 Ab

1,17 Ab

CA - OV

0,66 Ba

BO

CA - OV

DC (mm)

CV*

Substrato

51,43

56,38 Ba

52,72 Ba

1,44 Aa

1,33 Aa

1,69 Aa

1,05 Ab

-

0,72 Ba

0,62 Ba

0,94 Ba

0,88 Ba

0,88 Aa

-

0,07

0,14

0,32

0,09

0,10

0,05

0,13 A

CA - OV

0,03

0,02

0,03

0,03

0,04

0,02

0,03 B

MédiaNS

0,05

0,08

0,18

0,06

0,07

0,03

Aa

-

10,51

M SR (g)

7,61

275


BO

0,18 Ac

0,31 Ab

0,33 Ab

0,39 Ab

0,56 Aa

0,22 Ac

-

CA - OV

0,08 Aa

0,09 Ba

0,11 Ba

0,17 Ba

0,17 Ba

0,14 Aa

-

BO

0,25

0,50

0,65

0,48

0,67

0,27

0,47 A

CA - OV

0,11

0,12

0,20

0,20

0,24

0,20

0,18 B 10,05

Média

0,18 b

0,31 b

0,43 a

0,34 a

0,45 a

0,23 b

BO

3,28

2,67

3,39

5,64

6,04

6,92

4,66 A

CA - OV

4,35

5,78

5,84

7,62

5,48

7,23

6,05 A 27,17

Média

3,81 b

4,23 b

4,61 b

6,63 a

5,76 a

7,08 a

BO

8,43

9,33

10,45

11,84

10,18

9,28

CA - OV

13,49

11,54

13,68

13,22

11,72

11,15

Média

10,96 b

10,44 b

12,07 b

12,53 a

10,95 b

10,21 b

BO

0,022

0,043

0,061

0,031

0,044

0,019

CA - OV

0,007

0,007

0,011

0,010

0,015

0,011

MédiaNS

0,014

0,025

0,036

0,020

0,029

0,015

6,28

MSPA (g)

MST (g)

RPAR

RADNS

IQD

9,92 A 12,46 A

23,54

0,037 A 0,010 B

1,69

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste Skott-Knott (0,05< P). *Dados estatísticos rodados com transformação √(x+0,1). NS Não Significativo. BO: Bovino, CA- OV: Caprino – Ovino.

As mudas de aroeira, assim como as de craibeiras apresentaram interação em algumas variáveis, como HP, AF, DC e MSPA, e os resultados foram distintos tanto dentro do tratamento substrato, quanto incremento de óleo (Tabela 2). O substrato com esterco bovino proporcionou os maiores valores de IQD, como já discutido, quanto maior o valor de IQD, teoricamente melhor a qualidade da muda (FONSECA, 2000). Krakta; Correia (2015) encontraram os maiores valores de IQD em mudas de aroeira nos substratos com esterco bovino, valores de 0,28 a 0,52, sendo os valores encontrados por esses autores superiores aos do presente trabalho (Tabela 2). Nas mudas de angico apresentou interação na variável RAD, onde os valores variaram de 3,27 a 6,77. Já as variáveis AF, DC, MSR, MSPA, MST e IQD apresentaram diferenças entre substratos e incrementos de óleo usado nos compostos orgânicos. O NF só apresentou diferença entre substratos, onde o substrato com composto caprino-ovino, apresentou o valor 30% maior (Tabela 3).

Tabela 3: Parâmetros de crescimento e qualidade de mudas de angico: altura de planta (HP), número de folha (NF), área foliar (AF), diâmetro do caule (DC), massa seca da raiz (MSR), massa seca da parte aerea (MSPA), massa seca total (MST), relação parte aérea raiz (RPAR), índice de qualidade de Dickson

276


(IQD) e relação altura da planta e diâmetro do coleto (RAD), em função dos tipos de substrato com cinco diferentes teores de óleo de cozinha usado em sua composição. Teor de Óleo % (v/v) Variável

Substrato

Média

CV*

0

1

2

3

4

5

BO

5,45

3,30

3,75

4,95

4,66

4,88

5,40

CA - OV

6,20

4,65

3,76

5,38

7,90

7,30

5,41

Média

5,77

3,98

3,76

5,23

6,28

5,91

BO

21

16

15

17

33

31

19 A

CA - OV

22

17

15

25

19

23

27 B

MédiaNS

21

18

15

21

26

27

-

BO

63,00

77,99

85,41

106,11

138,13

57,62

44,82 B

27,25

32,47

37,48

56,38

52,72

51,43

92,79 A 35,87

HP(m)NS

277

NF

AR (cm2) CA - OV Média

53,54 b 41,66 b

23,83 b

20,24

67,49 a 95,30 a 84,91 a

BO

1,19

0,99

0,90

1,04

1,09

1,01

1,03 B

CA - OV

1,31

1,03

0,90

1,50

1,82

1,47

1,43 A

Média

1,26 a

1,01 b

0,90 b

1,19 a

1,45 a

1,27 a

BO

0,06

0,03

0,03

0,04

0,20

0,22

0,14 A

CA - OV

0,10

0,06

0,05

0,06

0,08

0,07

0,07 B

Média

0,08 b

0,04 b

0,04 b

0,05 b

0,14 a

0,16 a

BO

0,18

0,31

0,33

0,39

0,56

0,22

0,32 A

0,08

0,09

0,11

0,17

0,17

0,14

0,18 B

Média

0,20 b

0,15 b

0,10 b

0,15 b

0,38 a

0,31 a

BO

0,26

0,15

0,12

0,14

0,79

0,59

0,46 A

CA - OV

0,30

0,24

0,16

0,22

0,27

0,29

0,25 B

Média

0,28 b

0,19 b

0,14 b

0,19 b

0,53 a

0,46 a

BO

3,47

4,21

2,23

1,36

3,20

5,03

3,73

CA - OV

1,91

3,23

2,52

3,03

2,69

2,85

2,70

Média

2,80

3,72

2,44

2,47

2,94

4,10

DC (mm)

M SR (g)

MSPA (g) CA - OV

MST (g)

RPARNS

6,88

3,28

6,45

7,23

-


BO

4,15 Aa 3,32 Aa 4,14 Aa 3,24 Ba 4,29 Aa 3,27 Ba

-

CA - OV 5,15 Ab 4,54 Ab 4, 21 Ab 6,47 Aa 4,30 Ab 6,77 Aa

-

RAD

IQD

12,43

BO

0,035

0,020

0,015

0,025

0,104

0,109

0,032 B

CA - OV

0,043

0,030

0,024

0,032

0,042

0,027

0,072 A 1,62

Média

0,039 b 0,025 b

0,021 b

0,030 b 0,073 a 0,074 a

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste Skott-Knott (0,05< P). *Dados estatísticos rodados com transformação √(x+0,1). NS Não Significativo. BO: Bovino, CA- OV: Caprino – Ovino.

Nas mudas de angico houve apenas uma variável que apresentou interação, a RAD. As variáveis HP e RPAR não foram significativas. A demais, NF, AF, DC, MSR, MSPA, MST e IQD tiveram resultados distintos quanto ao incremento de óleo de cozinha usado e ao tipo de substrato. Os valores de IQD das mudas de angico encontrados no presente trabalho foram de 0,021 a 0,074, esses valores são inferiores quando comparados aos valores encontrados por Nobrega et al. (2008), que obtiveram valores superiores a 2,0 utilizando como substrato composto de lixo urbano. Quanto às equações de regressão, houve ajuste nas variáveis AF, DC, MSR, MSPA, MST, RPAR, e IQD para a craibeira, a HP, NF e RAD não houve ajustes, onde os valores médios foram respectivamente, 12,81 cm, 6,89 e 3,69 (Tabela 4). Para as mudas de aroeira, houve ajuste para as variáveis HP, AF, DC e RPAR. As variáveis NF, MSR, MSPA, MST, RAD e IQD, sendo seus valores médios, respectivamente, 20,82; 1,88; 0,24; 2,12; 10,69 e 0,2044 (Tabela 4). As mudas de angico apresentaram ajustes de regressão para as variáveis HP, NF, AF, DC, MSR, RAD e IQD. As variáveis MSPA, MST e RPAR não obtiveram ajustes, sendo seus valores médios, 0,25g; 0,33g e 2,73, respectivamente (Tabela 4).

Tabela 4: Quadro de equações de regressão ajustadas das variáveis altura de planta (HP), número de folha (NF), área foliar (AF), diâmetro do caule (DC), massa seca da raiz (MSR), massa seca da parte aerea (MSPA), massa seca total (MST), relação parte aérea raiz (RPAR), índice de qualidade de Dickson (IQD) e relação altura da planta e diâmetro do coleto (RAD), analisadas em mudas de craibeira, aroeira e angico produzidas em diferentes tipos de compostos com incrementos de óleo de cozinha usado. Variável

Tipo de substrato

Equação

R2

Craibeira HPNS

-

Ŷ = 12,81

-

NFNS

-

Ŷ = 6,89

-

Y = 312931**x3 – 111353**x2 + 6011,1**x + 71,933

0,5505

y = 122279**x2 - 4526,4**x + 122,81

0,7202

BO

y = 11,639***x + 3,309

0,2973

CA - OV

y = 16,732***x + 2,9522

0,3105

BO AF CA - OV

DC

278


BO

y = 4419,4***x3 - 442,69***x2 + 11,454***x + 0,1142

0,5626

CA - OV

y = -4908,3***x3 + 461,61***x2 - 9,0074***x + 0,1689

0,4884

y = -520,75***x2 + 33,97***x + 0,4408

0,5818

y = -24478***x3 + 2385,3***x2 - 50,223***x + 0,7159

0,6445

y = 7750***x3 - 1217,6***x2 + 50,255***x + 0,5397

0,5632

CA - OV

y = 634,57***x2 - 18,634***x + 0,7969

0,5609

BO

y = 127,98***x2 + 65,573***x + 3,5039

0,8025

y = 2,7706***x + 4,039

0,0039

MSR

BO MSPA CA - OV BO MST

RPAR CA - OV RADNS

-

Ŷ = 3,67

-

BO

y = 2160,2***x3 - 225,14***x2 + 6,2123***x + 0,0789

0,4759

CA - OV

y = -5986,3***x3 + 497,74***x2 - 8,8219***x + 0,1082

0,5085

IQD

Aroeira BO

y = -9375,6**x2 + 496,41**x + 9,1512

0,7629

CA - OV

y = -3283,9**x2 + 226,73**x + 7,9853

0,8040

HP

NFNS

-

Ŷ = 20,82

-

BO

y = -69726**x2 + 3903,8**x + 56,26

0,4738

CA - OV

y = -25903**x2 + 1893,3**x + 25,656

0,8710

y = -618,43***x2 + 33,303***x + 1,0532

0,5446

y = 7,5137***x + 0,7294

0,8995

AF

BO DC CA - OV MSR

-

Ŷ = 1,88

-

MSPA

-

Ŷ = 0,24

-

MST

-

Ŷ = 2,12

-

BO

y = 1436,3**x2 - 14,284**x + 2,7366

0,6535

y = 114599**x3 - 9588,4**x2 + 235,61**x + 3,8939

0,5579

RPAR CA - OV RADNS

-

Ŷ = 10,69

-

IQDNS

-

Ŷ = 0,2044

Angico

HP

BO

y = -438264**x3 + 38144**x2 - 826,02**x + 5,9914

0,6793

279


y = -254015**x3 + 24807**x2 - 588,7**x + 6,1228

0,7781

BO

y = 26667**x2 - 990,47**x + 18,762

0,6751

CA - OV

y = 19077**x2 - 853,39**x + 20,375

0,6810

BO

y = -6E+06**x3 + 544432**x2 – 11064**x + 60,642

0,8164

CA - OV

y = -3E+06**x3 + 239316**x2 - 5638,1**x + 58,378

0,7701

BO

y = 147,55**x2 - 3,1877**x + 0,0466

0,8083

CA - OV

y = 79,17**x2 - 3,9497**x + 0,0889

0,4894

BO

y = 147,55**x2 - 3,1877**x + 0,0466

0,8083

CA - OV

y = 79,17**x2 - 3,9497**x + 0,0889

0,4894

CA - OV

NF

AF

DC

MSR

MSPA

-

Ŷ = 0,25

-

MST

-

Ŷ = 0,33

-

RPAR

-

Ŷ = 2,73

-

BO

y = -187227**x3 + 17222**x2 - 406,26**x + 4,1848

0,5437

y = -228143x3 + 20950x2 - 449,97x + 5,0703

0,6222

y = 109,54x2 - 3,6494x + 0,0419

0,8440

y = -2763x3 + 228,4x2 - 4,8882x + 0,0453

0,7646

RAD CA - OV BO IQD CA - OV ***, **

Significativo a 5% e 1%, respectivamente; NS Não significativo. RPAR Relação parte aérea raiz; RAD Relação altura diâmetro do caule; IQD Índice de Qualidade de Dickson. BO: Bovino, CA- OV: Caprino – Ovino.

4. CONCLUSÕES Em função das espécies arbóreas nativas, os parâmetros de crescimento apresentaram resultados distintos tanto entre compostos orgânicos quanto dentro das doses de óleo que foram acrescentadas nesses compostos. Os Índices de Qualidade de Dickson (Medida morfológica que indica boa qualidade das mudas) apresentaram valores: • Para a espécie Craibeira entre 0,06 a 0,23; • Para a espécie aroeira, esses valores ficaram entre 0,007 e 0,061; e • Para a espécie Angico, os valores de IQD foram de 0,015 e 0,109. O uso de até 5% de óleo de cozinha usado pode ser utilizado na produção de composto orgânico com finalidade na produção de substratos para a produção de mudas, pois até esta porcentagem a substancia não interferiu no processo do desenvolvimento das plantas.

280


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281


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282


Capítulo 32 ÍNDICES DE VEGETAÇÃO E IMPACTO CAUSADO PELO PERÍODO DA SECA, NO MUNICÍPIO DE SÃO ROQUE DO CANAÃ – ES GARCIA, Andre Dalla Bernardina Pós-graduando em Produção Vegetal Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF andredallabg@outlook.com DE MORAIS, Virginia Maria Magliano M.Sc. Professora de Economia da Educação-Centro de Educação Universidade Federal da Paraíba virginiammoraes@gmail.com MENDONÇA, José Carlos Prof. Orientador D.Sc em Produção Vegetal Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF mendonca@uenf.br

RESUMO O monitoramento e estudo dos índices de vegetação por sensoriamento remoto são ferramentas atualmente utilizadas na agricultura de precisão para estudos dos impactos de eventos climáticos sobre a agricultura e vegetação. Com base no NDVI e SAVI pode-se realizar a tomada de decisões quanto a ações de mitigação dos danos. A partir deste conceito, a realização deste trabalho teve como objetivo avaliar os impactos de anos com baixos índices pluviométricos sobre o município de São Roque do Canaã - ES. A coleta de dados pluviométricos foi realizada na estação instalada no IFES, com dados referentes aos anos de 2016 a 2018, e a partir deles foi calculado o volume de chuva para o primeiro semestre dos respectivos anos. As imagens do satélite Landsat 8 utilizadas foram adquiridas no endereço eletrônico pertencente ao serviço geológico dos Estados Unidos, buscando representar o estado da vegetação após o fim do primeiro semestre para cada um dos anos estudados. Com as imagens GeoTiff pré-processadas foram calculados os índices de vegetação NDVI e SAVI, para 2016, 2017 e 2018, respectivamente. A análise dos histogramas mostrou que no ano de 2016, devido à baixa pluviosidade, o SAVI teve o pico de pontos entre 0,15 e 0,3, enquanto em 2018, ano com chuvas mais próximas a normal climatológica, o pico de pontos foi entre 0,3 e 0,6. Pela análise das imagens e histogramas gerados, pode-se concluir que os eventos climatológicos ocorridos no ano de 2016 prejudicaram de forma significativa a produção agrícola na região estudada. PALAVRAS-CHAVE: Sensoriamento Remoto, Déficit Hídrico, Climatologia.

INTRODUÇÃO Desde o início do processo de agricultura o homem do campo precisa lidar com diversos fatores para colher o que plantou, ou seja, produzir alimento. Dentre os principais fatores, podese destacar os bióticos, são eles a interação das plantas com outros seres vivos como os animais, fungos e bactérias, de modo que estes podem ser controlados e de certa forma reduzir os danos ao cultivo (SILVEIRA, BONETTI e ROSSLER, 2015). No entanto, os fatores abióticos, como chuva, vento, temperatura e radiação são os mais preocupantes para a produção agrícola, uma vez que, é muito difícil e as vezes até impossível

283


controlá-los. Por tanto, cabe aos gestores e profissionais das ciências agrárias o estudo e compreensão destes fenômenos para melhor gestão do plantio até a colheita. Nesse sentido, o Sensoriamento Remoto é uma técnica que utiliza ferramentas que permitem a criação de um banco de dados referente a cobertura do solo agrícola de forma rápida e com grande facilidade operacional (RIBEIRO et al. 2017). Os índices como Soil Adjusted Vegetation Index – SAVI e Normalized Difference Vegetation Index – NDVI são utilizados no acompanhamento do desenvolvimento da vegetação, principalmente, em relação ao estresse vegetativo e avaliação da produção da cultura, e podem estar ligados ao estresse hídrico a nível regional (JIAO et al. 2016). O município de São Roque do Canaã é um importante produtor agrícola pertencente ao estado do Espírito Santo, com uma área cultivada de mais de 6 mil hectares, com a atividade agropecuária correspondendo a cerca de 31% do PIB local. No município contabiliza-se um total 1000 ha ocupados por mata nativa (2,5 a 3% da área total) e são cultivados principalmente o café conilon e a cana de açúcar nas planícies e encostas de morros, ou seja, duas culturas que toleram temperaturas mais altas, mas tem grande necessidade hídrica (INCAPER, 2013). Nos anos de 2015 a 2017, não só a cidade de São Roque do Canaã, mas a maior parte dos municípios do norte e noroeste do estado do Espírito Santo passaram por um período de seca, o que ocasionou perdas que foram extremamente prejudiciais a agricultura e vegetação local (INCAPER, 2017). Nesse sentido, a realização do presente estudo objetivou avaliar o impacto ocasionado pelo período de seca, bem como a recuperação da vegetação, entre os anos de 2016 a 2018 no município de São Roque do Canaã, por meio de sensoriamento remoto.

MATERIAL E MÉTODOS O município de São Roque do Canaã, com sua cede a uma altitude de 120m localizada nas coordenadas 19°44'22.2"S e 40°39'27.8"W, foi escolhido como área de estudo para o presente trabalho. Do ponto de vista topográfico, São Roque do Canaã possui duas regiões distintas, sendo uma de região alta, com altitudes acima de 500 metros (até 1.143 metros, na Cabeceira do Córrego Jacutinga, divisa com Itaguaçu), onde predomina um clima frio e úmido; e uma região baixa, com clima quente e seco e altitudes abaixo de 500 metros até 80 metros na foz do Córrego Picadão do Mutum no Rio Mutum, conforme a Figura 1 (INCAPER, 2013). Figura 1. Zonas naturais do município.

Fonte: Adaptado de INCAPER (2013)

284


A estação utilizada para coleta de dados climatológicos pertence ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e fica localizada no Instituto Federal do Espírito Santo campus Santa Teresa (IFES) à 8 km da cede do município de São Roque do Canaã. Padronizada de acordo com as normas, a estação possui sensores de temperatura, umidade, vento, radiação e pluviômetro automatizados, controlados por datalogger que armazena e envia os registros para um banco de dados. De acordo com os estudos descritos e obtidos na Lei nº 819/2017 a normal climatológica pluviométrica, para o município, no primeiro semestre anual é de 545mm (SÃO ROQUE DO CANAÃ, 2017). As imagens utilizadas para composição dos índices de vegetação foram obtidas a partir do endereço eletrônico pertencente ao serviço geológico dos Estados Unidos (USGS). Foram selecionadas imagens captadas pelo sensor Operational Land Imager –OLI do satélite Landsat 8, representativas do período a ser estudado, com o mínimo de nebulosidade, aceitando-se no máximo 5 a 10% de nuvens. Além das imagens GeoTiff, também foram adquiridos, de forma gratuita, os mapas do tipo shapefile (vetores) no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, estas utilizadas com a finalidade de máscaras para recortes da área em estudo. Após a aquisição dos dados, os arquivos GeoTiff foram pré-processados, de forma a adequá-las a projeção para utilizada atualmente no sistema brasileiro, o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas - SIRGAS 2000. Como parte do pré-processamento, também foi calculado a refletância espectral das bandas, a partir do número digital das imagens obtidas. O procedimento de cálculo foi realizado segundo a metodologia indicada por Ruhoff, Novo e Rocha (2015) conforme as Equações 1 e 2:

 '   M  Qcal  A

(1)

Em que, ρ’λ não apresenta correção para o ângulo solar. Qcal é o número digital de cada pixel nas bandas, Mρ corresponde ao fator multiplicativo de reescalonamento para cada banda (disponível no arquivo metadados da imagem) e Aρ corresponde ao fator aditivo de reescalonamento para cada banda (disponível nos metadados da imagem).

 

 ' 1 sen SE  2 d

(2)

Em que, ρλ corresponde a reflectância planetária no topo da atmosfera corrigida, θSE corresponde ao ângulo de elevação solar (disponível nos metadados da imagem) e d equivale a distância astronômica Terra-Sol, também disponível no arquivo de metadados das imagens. A partir do tratamento das bandas, foram utilizadas as bandas 4 e 5 vermelho e infravermelho próximo, respectivamente, para cálculo do Índice de Vegetação da Diferença Normalizado – NDVI, conforme a Equação 3, apresentada por Alexandre et al. (2016).

285


 5   4   5   4 

NDVI 

(3)

De forma análoga, a reflectância das bandas 4 e 5 também foram utilizadas para calcular o Índice de Vegetação Ajustado ao Solo – SAVI, segundo Moreira Santos et al. (2017) utilizando a Equação 4 descrita:

SAVI 

1  L  5   4  L   5   4 

(4)

Em que, o fator L corresponde a constante relacionada a densidade da vegetação. Para este trabalho adotou-se essa constante como 0,5, pois este valor representa de forma mais significativa uma vegetação heterogênea conforme literaturas consultadas (OLIVEIRA SANTOS et al, 2015; LEITE et al, 2017; LIMA, 2017). Os dados, bem como as cartas e mapas foram trabalhados e gerados por meio de um sistema de informação geográfica – SIG, utilizando-se da versão 3.4 (Madeira) do software livre QGis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados referentes aos índices pluviométricos do primeiro semestre de cada ano, assim como a normal climatológica obtida pela análise de dados provenientes de vários anos de estudos podem ser observados por meio da Figura 2.

Figura 2. Pluviosidade acumulada para o primeiro semestre dos anos em estudo.

Preciptação acumulada (mm)

Precipitação mensal acumulada para o primeiro semestre 350 300 250 200 150 100 50 0 Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Meses Normal Climatologica

2016

2017

2018

Jun

286


A comparação entre a normal climatológica e as demais colunas dos anos em estudo permite verificar que no ano de 2016 e 2017 as chuvas para o primeiro semestre foram abaixo da normalidade, somando aproximadamente 113mm e 348mm, respectivamente, de chuva para este período em cada um dos anos, ou seja um volume 79% e 36% menor do que o volume normal esperado de 545mm para o primeiro semestre. Em contraponto, o ano de 2018 apresenta um volume de chuva 25% maior do que o esperado segundo a normal climatológica, totalizando aproximadamente 683mm de pluviosidade no primeiro semestre de 2018. Os municípios do norte e noroeste do estado do Espírito Santo estão inseridos no Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2005), e segundo os dados deste estudo 60% do estado é caracterizado com déficit hídrico de 50 a 349mm, incluindo o município de São Roque do Canaã. Os mapas de NDVI gerados a partir dos cálculos realizados conforme a Equação 3 podem ser observados na Figura 3.

Figura 3. Respectivos mapas de NDVI para os anos de 2016, 2017 e 2018.

Pela análise da Figura 3 é possível verificar que no ano de 2016 houve uma grande redução na área com vegetação fotossinteticamente ativa, uma vez que o mapa de 2018 apresenta tons mais verdes, ou seja, maior número de pixels com valores de NDVI entre 0,5 a 0,9, portanto uma média de 0,7, enquanto no ano de 2016 o maior número de pixels ficou agrupado entre 0,3 a 0,7 logo uma média de 0,5. Segundo Vani e Mandla (2017) o NDVI pode variar de -1 a 1, de modo que os valores mais próximos a 1 indicam uma vegetação com maior capacidade fotossintética, enquanto os valores

287


mais próximos a 0 representam uma vegetação mais seca ou amarelada, bem como o solo exposto. Os valores negativos, geralmente, representam os corpos hídricos. A análise dos valores de NDVI também pode ser utilizado para estimar a produtividade de uma determinada cultura (BERTOLIN et al. 2017). Os dados obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística retificam a informação, uma vez que no ano de 2016 a produção de Banana, Café conilon e Goiba, três das principais culturas do município, foi de 3.750ton, 3.215ton e 1.600ton, respectivamente. Enquanto no ano de 2018 as produções destas mesmas espécies foi de 6.300ton, 11.880ton e 3.000 ton, nesta mesma ordem (IBGE, 2020). Os mapas de SAVI gerados a partir dos cálculos realizados conforme a Equação 4 podem ser observados na Figura 4.

288 Figura 4. Respectivos mapas de SAVI para os anos de 2016, 2017 e 2018.

Ao analisar previamente os histogramas, bem como os mapas da Figura 4 nota-se que, de forma similar ao comportamento dos valores de NDVI, o ano de 2018 apresentou maiores valores para o SAVI com homogeneidade de pixels no intervalo de 0,3 a 0,5, enquanto para o ano de 2016 o intervalo com maior número de pixels é de 0,15 a 0,35, ou seja, a vegetação encontra-se mais densa no mapa de 2018 em comparação à 2016 e 2017. De acordo com Coutinho et al. (2016) os valores de SAVI para uma mata seca variam entre 0,13 a 0,24, enquanto matas mais verdes e densas o intervalo é de 0,24 a 0,58 o que corrobora os resultados encontrados neste trabalho. Outro fator importante de ser observado, contrastando as Figuras 1 e 4, é que as regiões classificadas como zonas de temperaturas amenas e frias, com altitudes superiores a 500m possuem valores de SAVI praticamente equivalentes em todos os anos avaliados, o que indica


que a presença de mata nativa nestas regiões preservou a densidade e vigor da vegetação mesmo durante o período seco. Resultados semelhantes ao deste trabalho foram descritos por Galvincio et al (2016), em que os valores de SAVI mantem-se elevados mesmo no período da seca para altitudes acima de 800 a 1100 metros. Segundo Gois et al. (2015) a cobertura vegetal apresenta elevada importância para a diminuição do desenvolvimento da desertificação, uma vez que protege o solo da ação inicial dos processos erosivos. Nesse sentido, a ausência da cobertura vegetal pode anunciar a susceptibilidade dos solos ao efeito dos agentes desencadeadores da desertificação.

289 CONCLUSÕES De acordo com dos resultados encontrados pode-se concluir que a seca ocorrida no período estudado, principalmente no ano de 2016, impactou negativamente tanto na produção agrícola, quanto na densidade e mortalidade da vegetação nativa. Além disso, pode-se observar que as áreas classificadas como terras quentes acidentadas e secas são as que mais sofrem com o déficit hídrico e, dessa forma, sendo mais susceptíveis ao processo de desertificação, enquanto as regiões com preservação de vegetação nativa possuem maior resiliência.

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290


Capítulo 33 ÓLEOS ESSENCIAIS SOBRE A QUALIDADE DAS SEMENTES DE Albizia lebbeck (L.) Benth

SILVA, Hilderlande Florêncio da Pós-graduando em Agronomia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) hildafs@hotmail.com SILVA, Edcarlos Camilo da Pós-graduando em Agronomia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) edcarloscamilo@bol.com.br GOMES, Rommel dos Santos Siqueira Doutor em Agronomia Universidade Federal da Paraíba (UFPB) pratacca@gmail.com NASCIMENTO, Luciana Cordeiro do Professora Adjunta Universidade Federal da Paraíba (UFPB) luciana.cordeiro@cca.ufpb.br

RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de óleos essenciais no controle de fungos e na qualidade fisiológica de sementes de Albizia lebbeck. As sementes utilizadas foram coletadas no município de Remígio, PB, as quais foram submetidas aos tratamentos: T1: testemunha (sementes não tratadas); T2, T3: imersão das sementes no óleo de andiroba (Carapa guianensis); T4, T5: imersão das sementes no óleo de eucalipto (Eucalyptus citriodora); T6, T7: imersão das sementes no óleo de menta (Mentha piperita), ambos os óleos nas concentrações de 0,5 e 3 mL.L-1. As sementes foram submetidas aos testes de sanidade e germinação com 100 sementes por tratamento em cada ensaio, distribuídas em dez repetições de dez sementes para a sanidade e no teste de germinação foram quatro repetições de 25 sementes por tratamento. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial (3 x 2+ 1) (óleos essenciais x concentrações + testemunha). Com base na análise sanitária foram identificados os fungos Aspergillus sp., Aspergillus niger, Penicillium sp., Cladosporium sp., Fusarium sp., Rhizopus sp. e Botrytis sp. Os óleos essenciais de andiroba, eucalipto e menta, em todas as concentrações testadas, são eficientes na redução de Rhizopus sp. A concentração de 0,5 mL/L do óleo de andiroba controla Aspergillus sp. e Cladosporium sp. A qualidade fisiológica das sementes de A. lebbeck não é influenciada pelo uso dos óleos essenciais.

PALAVRAS-CHAVE: Controle Alternativo, Espécie florestal, Patologia de sementes.

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INTRODUÇÃO A degradação do solo pode estar associada com as práticas agrícolas inadequadas, as quais, são responsáveis por ocasionar sérios problemas ambientais, como a perda da biodiversidade e a poluição de mananciais superficiais e subterrâneos, pelo uso exagerado de fertilizantes e defensivos nas plantações (FAO, 2011). Nesse cenário, há a necessidade da recuperação de ecossistemas degradados, através do aprimoramento de tecnologias, viabilidade técnica e econômicas nos projetos de produção de mudas (MENEGATTI et al., 2017). Entre as inúmeras espécies que são utilizadas na prática de reflorestamento, se destaca Albizia lebbeck (L.) Benth (1844), popularmente conhecida por coração-de-negro, nativa da Ásia tropical, árvore com densa copa e ornamental, indicada para a arborização urbana e sua propagação é exclusivamente por sementes (LORENZI et al., 2018) Para que haja uma maior produtividade é necessário não apenas métodos adequados de cultivo, mas também o uso de sementes de alta qualidade, determinadas por um conjunto de características genéticas, físicas, fisiológicas e sanitárias (ROSSI et al., 2017). Dentre os inúmeros fatores responsáveis pela perda da qualidade das sementes, os principais são os microrganismos fitopatogênicos associados que podem comprometer a sua qualidade em todas as fases de produção (MEDEIROS et al., 2019). O método mais utilizado para a redução ou eliminação desses microrganismos tem sido o tratamento químico (DOMENE et al., 2016) que pode causar danos à saúde humana e ao ambiente. Isso leva a necessidade mundial de alternativas para o tratamento de sementes (OLIVEIRA et al., 2017), especialmente aqueles à base de extratos vegetais, óleos essenciais, controle biológico e tratamentos físicos (MELO et al., 2016; ARAÚJO et al., 2018; REIS et al., 2020). Óleos essenciais são substâncias voláteis constituídas a partir de misturas complexas, em geral odoríferas e líquidas, com baixo peso molecular e lipofílica. Sua ação antimicrobiana está relacionada a compostos como alicina, carvacrol, eugenol e timol e por substâncias como o canfeno, linalol, mentol, mirceno e sabineno (COSTA et al., 2015; REIS et al., 2020) Pesquisas tem demostrados que os óleos essenciais de menta (Mentha piperita L) e eucalipto (Eucalyptus citriodora L) são eficientes na redução da micoflora e conservação da qualidade fisiológica em sementes de espécies florestais (PEREIRA et al., 2016). Pires et al. (2016) verificaram que o óleo essencial de andiroba na concentração de 3% foi eficaz na inibição do crescimento in vitro da bactéria Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae. Face ao exposto, o objetivo do trabalho foi determinar a eficiência de óleos essenciais no controle de fungos e na qualidade fisiológica de sementes de A. lebbeck.

MATERIAL E MÉTODOS Localização do experimento O experimento foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia (LAFIT) pertencente ao Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB.

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Coleta e beneficiamento das sementes Os frutos de A. lebbeck foram obtidos diretamente de cincos árvores matrizes, localizadas no município de Remígio (S 6° 53' 30'' W 35° 49' 51''). Após a colheita, os frutos foram conduzidos ao laboratório, para a extração manual e homogeneização das sementes. Em seguida, as sementes foram armazenadas em garrafas PET (2 L) e mantidas em temperatura ambiente de 25 ± 2 ºC, e posteriormente escarificadas utilizando lixa Massilla A257 no 80 na região oposta ao hilo, para a superação da dormência.

Teste de sanidade Para a avaliação da incidência de fungos, foram utilizadas 100 sementes por tratamento, distribuídas em dez repetições de dez sementes por placa. As mesmas foram submetidas a assepsia com hipoclorito de sódio (1%) durante 3 minutos e dupla lavagem em água destilada esterilizada (ADE), sendo colocadas para secar sobre papel toalha em temperatura ambiente (25 ± 2 °C). Em seguida, as sementes foram imersas nos tratamentos por cinco minutos. Os tratamentos foram compostos por óleos essenciais, adquiridos em estabelecimentos comerciais: T1: testemunha (sementes não tratadas); T2, T3: imersão das sementes no óleo de andiroba; T4, T5: imersão das sementes no óleo de eucalipto; T6, T7: imersão das sementes no óleo de menta nas concentrações de 0,5 e 3 mL.L-1 de ADE contendo 0,5% de Tween 80® para facilitar a emulsificação dos óleos em água. Logo após aplicação dos tratamentos, as sementes foram incubadas em placas de Petri (9 cm de diâmetro) contendo dupla camada de papel filtro esterilizado e umedecido com ADE e mantidas à 25 ± 2 °C, por sete dias. A detecção dos fungos presentes nas sementes foi realizada a partir do surgimento de colônias fúngicas nas mesmas, que foram transferidas para lâminas e visualizadas com o auxílio de microscópio óptico e estereoscópico, em comparação com literatura especializada (SEIFERT et al., 2011) e os resultados expressos em percentagem de sementes infectadas para cada fungo identificado (BRASIL, 2009).

Teste de germinação No teste da germinação, foram utilizadas 100 sementes para cada tratamento, anteriormente descrito, divididas em quatro repetições de 25 sementes. Estas foram previamente desinfestadas em hipoclorito de sódio (1%) durante 3 minutos e dupla lavagem em ADE, sendo colocadas para secar naturalmente sobre papel toalha em condição de laboratório (25 ± 2 ºC). Para implantação do teste foi utilizado papel Germitest® previamente esterilizado em estufa a 160 °C por uma hora e umedecido com ADE na proporção de 2,5 vezes o seu peso seco, mantidos em sacos plásticos transparentes. As sementes foram incubadas em câmara de germinação do tipo B.O.D (Biochemical Oxygen Demand) regulada à temperatura de 25 °C ± 2 e luz alternada (12 h de luz branca fluorescente/12 h de escuro). As avaliações foram realizadas conforme os critérios estabelecidos por Brasil (2013), adotando-se sementes germinadas aquelas que apresentaram sistema radicular com pelo menos 2 mm de comprimento. As contagens foram realizadas do sétimo ao décimo quarto dia após a semeadura. Foram analisados percentual de germinação (GE) e primeira contagem de germinação (PCG). A PCG foi determinada com base na percentagem de plântulas normais no sétimo dia após a instalação do experimento e os resultados expressos em percentagem.

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Análise estatística O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 × 2 + 1 (óleos essenciais × concentrações + adicional controle). Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott até o nível de 5% de significância, e o programa estatístico utilizado foi o SISVAR® versão 5.6 (Ferreira, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto a micoflora presente nas sementes de A. lebbeck observou-se que os maiores percentuais de fungos foram representados por Aspergillus sp. (18%), Rhizopus sp. (16%), Cladosporium sp. (10%) e Penicillium sp. (8%) e com menor expressão pelos fungos Botrytis sp. (6%), Aspergillus niger (4%) e Fusarium sp. (2%) (Figura 1). Fungos associados às sementes são capazes de promoverem diminuição na qualidade fisiológica e redução na uniformidade da emergência, ocasionando perda na produtividade, além de propiciarem incremento no custo da produção (PARSA et al., 2016).

Fusarium sp. Aspergillus niger Botrytis sp. Penicillum sp. Cladosporium sp. Rhizopus sp. Aspergillus sp.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Percentual de incidência

Figura 1. Incidência de fungos em sementes de Albizia lebbeck (L.) Benth.

Verificou-se efeito significativo (p<0,05) entre as concentrações dos óleos essenciais, quando avaliado a incidência de fungos associados as sementes de A. lebbeck, em que apresentou uma redução no percentual de incidência de Aspergillus sp. nas sementes tratadas com o óleo de andiroba nas concentrações de 0,5 e 3 mL/L e no óleo de menta na concentração de 3 mL/L (Figura 2). Tais resultados se diferem dos relatados por Gomes et al. (2019), ao utilizarem óleos essenciais em sementes de Bauhinia variegata Linn, observaram que o óleo de andiroba nas concentrações de 1.000, 1.500 e 2.000 μL L-1, não foi eficiente sobre Aspergillus sp.

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A atividade antifúngica constatada no óleo essencial de M. piperita pode ser atribuída em grande parte aos compostos majoritários mentol, mentona, mentofurano e acetato de mentil (SINGH et al., 2015). O composto monoterpeno, presente em óleos essenciais, pode causar perdas significativas na pigmentação das colônias de A. flavus, ocasionando um bloqueio nas vias de biossíntese de melanina do fungo, contribuindo para a diminuição da patogenicidade e aumento da sensibilidade a vários estresses bióticos e abióticos (TIAN et al., 2018). Para a incidência de A. niger, constatou-se que houve efeito significativo (p<0,05), entre os óleos essenciais, no qual os óleos de andiroba e menta reduziram o percentual de incidência diferindo do óleo de eucalipto na concentração de 3 mL/L (Figura 2). Bonapaz et al. (2019), ao utilizarem óleos essenciais no controle in vitro de fungos, relataram que o óleo de M. piperita nas concentrações de 20, 60 e 100 μL inibiu o crescimento de A. niger. O gênero Aspergillus podem atuar como fungo patógeno oportunista, causando aspergilose, além de produzirem micotoxinas em alimentos (ocratoxina e aflatoxina) (TORTORA et al., 2017).

Figura 2. Fungos associados as sementes de Albizia lebbeck (L.) Benth., tratadas com óleos essenciais. Médias seguidas por mesmas letras minúsculas (compara os óleos essenciais) e maiúsculas (compara as concentrações), não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott até ao nível de (p<0,05).

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Os tratamentos à base óleos de andiroba, eucalipto e menta apresentaram efeito significativo (p<0,01) entre as concentrações, mostrando eficientes na diminuição do percentual de Rhizopus sp. diferindo do controle (Figura 2). Bibiano; Sáber (2017) evidenciaram o efeito inibitório do óleo essencial de capim limão nas concentrações de 50 e 100% sobre o diâmetro médio micelial de Rhizopus sp. Em relação a incidência de Cladosporium sp., foi observado efeito significativo (p<0,05), em que a concentração de 0,5 mL/L dos óleos de andiroba e eucalipto reduziram o percentual (Figura 2). Farias et al. (2016) constataram que o óleo essencial de andiroba na concentração de 1% reduziu a incidência de Cladosporium sp. em sementes de feijão macassar (Vigna unguiculata L. Walp) cultivar Marataoã. Fungos como Cladosporium sp., estão associados às sementes durante o armazenamento e são capazes de ocasionar danos na germinação e no vigor, principalmente em sementes não tratadas (Guimarães et al., 2014). Houve efeito significativo (p<0,01) entre as concentrações analisadas, em que as concentrações de 0,5 e 3 mL/L dos óleos de andiroba, eucalipto e menta não apresentaram controle sobre Penicillium sp. diferindo da concentração 0 mL/L que apresentou a menor incidência (Figura 2). Moura et al. (2019) verificaram que o óleo essencial de menta, nas concentrações de 0,5; 1,0 e 1,5% inibiu em 100% o crescimento micelial de Penicillium sp., evidenciando o efeito fungitóxico deste óleo sobre fungo de armazenamento. Fungos do gênero Penicillium são um dos principais responsáveis pela deterioração das sementes na fase de armazenamento, sendo capazes de atingir os tecidos e causarem redução no vigor das sementes e na qualidade fisiológica (SOUZA et al., 2017). Os resultados obtidos no teste de germinação para as sementes de A lebbeck, não apresentaram diferenças significativas entre os óleos essenciais e as concentrações utilizadas quando avaliadas primeira contagem de germinação (PCG) e percentual de germinação (GE), em que obteve-se os valores médios variando de 70 a 86% para primeira contagem e 72 a 86 % de sementes germinadas (Figura 3). Daronco et al. (2015) utilizando óleos essenciais no tratamento de sementes de soja (Glycine max), evidenciaram que o óleo essencial de eucalipto nas concentrações de 10, 20 e 30 % apresentou efeito similar ao controle quanto ao percentual de germinação.

Figura 3. Primeira contagem de germinação (PCG) e germinação (GE) de sementes de Albizia lebbeck (L.) Benth., tratadas com óleos essenciais. Médias seguidas por mesmas letras minúsculas wpelo teste de Scott-Knott até ao nível de (p<0,05).

296


Sorato et al. (2016) avaliando o efeito de óleos essenciais no controle de fungos em sementes de leucena (Leucaena leucocephala), verificaram que o percentual de germinação foi semelhante entre os óleos e o tratamento controle (água), não influenciaram na qualidade fisiológica das sementes. Os óleos essenciais podem ser utilizados como uma alternativa natural para o controle de microrganismos em substituição aos aditivos químicos artificiais (REIS et al., 2020)

CONCLUSÕES Os óleos essenciais de andiroba, eucalipto e menta, em todas as concentrações testadas, são eficientes na redução de Rhizopus sp.; A concentração de 0,5 mL/L do óleo de andiroba controla Aspergillus sp. e Cladosporium sp.; A qualidade fisiológica das sementes de A. lebbeck não é influenciada pelo uso dos óleos essenciais.

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Capítulo 34 QUALIDADE DO EXTRATO DE PRÓPOLIS MARROM EM APIÁRIOS INSTALADOS NO BIOMA CAATINGA

LINS, Maria Verônica Doutora em Engenharia de Processos – UFCG agrolins@yahoo.com.br MEDEIROS, Marcos Barros de Doutor em Entomologia – ESALQ/USP marcos.barros@academico.ufpb.br SILVA, Osvaldo Soares da Doutor em Engenharia Química – UNICAMP osvaldo@ccta.ufcg.edu.br

RESUMO A própolis é um produto apícola de constituição química complexa produzida pelas abelhas. O objetivo geral dessa pesquisa foi avaliar a influência da vegetação da caatinga no armazenamento a frio dos tipos de própolis colhidas nas regiões do litoral, Curimataú oriental e alto sertão, Estado da Paraíba, sob temperatura controlada. Foram analisadas 60 amostras de própolis; sendo 20 de cada região. As amostras foram submetidas ao armazenamento a frio há 10ºC, por um período de 12 meses. Foi possível concluir que o valor bioativo quantificado dos teores fenóis para os extratos das própolis vermelha, verde e marrom, a própolis marrom mostrou níveis em seus teores de fenóis inalterados ao armazenamento por um período de 12 meses em temperatura constante de 10ºC, os valores encontrados são acima da média comparando com resultados encontrados em todo o país, apresentado uma qualidade extraordinária. PALAVRAS-CHAVE: Própolis; Eficiência; Fenóis; Semiárido. INTRODUÇÃO A própolis é uma mistura complexa de substância resinosa, gomosa e também balsâmica colhida por abelhas (Apis milifera L.) de brotos, flores e exsudados de plantas, ás quais as abelhas acrescentam secreções salivares, além de cera e pólen na elaboração do produto final (MAPA, 2001). Estudos sugerem que substâncias como antioxidante exógeno, quando presentes em dietas em quantidades significativas, contribuem para a preservação de vários tipos de doenças classificadas como graves ou crônicas, entre elas o câncer, as cardiopatias, distúrbios metabólicos (TEERASRIPREECHA et al., 2012). Embora estudos indiquem a presença de outros compostos de natureza antioxidante na própolis, diferentes métodos analíticos foram usados e experimentados para determinar a capacidade de ação dessas substâncias, de modo que a falta de padronização limite a possibilidade da comparação entre os trabalhos já publicados (FABRIS, 2013). Estudos mais recentes afirmam que própolis se refere a um produto apícola resinoso, formado por substâncias coletadas de plantas produzidas por abelhas. Nem todas as espécies de abelhas produzem própolis da mesma forma, colônias de Apis dorsata, por exemplo, utiliza própolis para reforçar a colmeia, já Apis cerana, não a utiliza para nenhuma finalidade, sendo Apis mellifera L., a que mais usa a própolis para as mais diversas funções dentro da colmeia. Quando comparada a outros produtos de origem medicinal, a composição da própolis é muito

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mais variável, de tal modo que as amostras de uma mesma localidade possuem composições totalmente distintas. A própolis apresenta em proporções variáveis, resinas, cera das abelhas, substâncias voláteis, pólen e outros constituintes minoritários como minerais e vitaminas (WIECKIEWICZ et al., 2013). A própolis do Brasil foi classificada em 12 tipos diferentes, segundo seu perfil químico obtido pelas técnicas de espectrofotometria de absorção na região UV - Visível, Cromatografia de Camada Delgada Analítica (CCDA) e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLA), além da avaliação das atividades antimicrobiana e antioxidante (PARK et al., 2005). Um novo tipo de própolis foi classificado em outro grupo, o 13º tipo de própolis brasileira foi denominado de própolis vermelha por causa da sua coloração intensa e tem sido uma importante fonte de investigação desde 2007, por grupos de pesquisadores nacionais e internacionais (FROZZA et al., 2013). Este produto vem sendo amplamente estudado devido sua importância para controle e tratamento de diversos males, utilizado na forma de extrato alcoólico ou aquoso, existem alguns requisitos mínimos para reconhecer a qualidade do extrato de própolis, sendo um produto proveniente da extração dos componentes solúveis da própolis em álcool neutro alimentício, por processo tecnológico adequado (MAPA, 2001). O extrato de própolis é um produto já comercializado, essa atividade é regulamentada pela instrução normativa nº 03 de 19 de janeiro de 2001, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2001). Diante do exposto, foi desenvolvida uma investigação acerca da avaliação da influência da vegetação da caatinga registrado as principais espécies no entorno do apiário em 1km e sobre a condição de armazenamento das própolis a frio frente às analisadas em temperatura ambiente, colhidas em três regiões geográficas do semiárido paraibano. CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÓPOLIS O universo das abelhas é fascinante, são animais (insetos voadores) que traduzem em suas atividades e produtos toda a magnitude da natureza, diversidade e riqueza na complexidade de seus produtos como cera; pólen, mel, apitoxina e própolis. A própolis é um produto que apresenta em sua constituição química toda diversidade e características próprias de biomas e regiões, referenciando a localização onde o apiário está instalado, imprimindo em seus produtos a influência botânica local. As abelhas colhem gotículas, macro e micro partículas expiradas dos brotos, botões florais, que juntadas a outras partículas e diversos tipos de secreções compõe um produto apícola rico, complexo e diverso, que se apresenta como principal característica da resina, com as mais variadas finalidades de uso, porém a mais aplicada pelas abelhas está relacionada com higienização, proteção, imobilização de outros insetos ou microrganismos que possam de forma indesejável entrar para o interior da colmeia. Para explicar tanta complexidade da própolis é possível observar que a ação das abelhas consegue transferir tais características que estão diretamente ligadas à diversidade das plantas, que por sua vez segregam em forma de gotas resinas, como forma de promover naturalmente a perpetuação da sua própria espécie vegetal, como também de proteção aos seus brotos e folhas em desenvolvimento. A própolis é uma mistura complexa de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas colhidas por abelhas (Apis melifera L.) de brotos, flores e exsudados de plantas, as quais as abelhas acrescentam secreções salivares, além de cera e pólen, na elaboração do produto final (BRASIL, 2001). É destinada a diferentes propósitos na colmeia, tais como selar fissuras ou vedar espaços e embalsamar insetos invasores, evitando sua decomposição e o crescimento de microrganismos que possam infectar a colônia (KAWAKITA et al., 2015). A Apis mellifera L. é a espécie que utiliza a própolis para as mais diversas funções dentro da colmeia, são as abelhas que mais recorrem à distintas espécies vegetais como fontes de matériaprima naturalmente empregada em sua elaboração (BAKIRS et al., 2013).

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Certos componentes químicos da própolis têm origem botânica cujo pólen não foi totalmente incorporado à amostra, ou mesmo outros fatores das próprias abelhas, influenciando no perfil químico (TEIXEIRA et al., 2003). COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PRÓPOLIS A composição da própolis está relacionada e dependente de sua localização geográfica e de sua origem botânica. Seus constituintes químicos são complexos quantitativamente e qualitativamente variável dependendo da região da coleta, ainda sim, são observadas diferenças acentuadas na composição da cada amostra, embora a vegetação existente na região onde é feita a coleta seja similar, pode-se afirmar que as diferentes espécies de abelhas apresentam preferências particulares para várias fontes botânicas com a finalidade de elaboração da própolis (SALATINO et al., 2015). A própolis é composta de 47% de resina e demais componentes, tais como: sais minerais, ácidos fenólicos, flavonoides, ácidos graxos, ácidos cinâmicos, cafêicos, aminoácidos, alcoóis aromáticos e ésteres. Para a cera corresponde o percentual de 30%, pólen 5%, 4 a 15% para as substâncias voláteis e para os materiais estranhos a faixa é de 13%, aproximadamente (FERNANDES, 2007). As referências existentes apontam correlação positiva entre a capacidade antioxidante e o teor de compostos fenólicos na própolis, principalmente com flavonoides, prenilados e outros compostos específicos, como ácidos cafêicos (GREGORIS e STEVANATO, 2010). Segundo Gonsales (2006) a atividade antimicrobiana dos extratos de própolis encontrase relatada em diversos artigos. Quando se avalia a atividade antibacteriana do tipo de própolis denominada de vermelha, é possível observar que o extrato obtido das regiões brasileiras possui melhor ação biológica em comparação aos outros resultados de vários estudos com extratos norteamericanos (BASTOS et al., 2008). A própolis vermelha se caracteriza por ter como origem botânica a resina da espécie vegetal Dalbergia ecastaphyum, da família da Fabacea, o que confere a este tipo de própolis sua característica e a ocorrência da substância marcadora como isoflavonoides, que não ocorrem em nenhum dos outros 12 tipos de própolis. A própolis vermelha tem sido alvo de inúmeros estudos químicos e farmacológicos que despertaram grande interesse da comunidade científica mundial, não apenas pelas atividades biológicas relatadas para a própolis e suas frações, como também pela presença de substâncias com conhecida atividade citotóxica e antimural, como é o caso das benzofenonas preniladas (LOPEZ et al., 2014). Sua composição química é bastante complexa e variada, estando diretamente relacionada às plantas das quais as abelhas coletam as resinas, a esses constituintes químicos são atribuídos às diversas atividades biológicas da própolis, porém sua aplicação terapêutica ainda pode ser considerada incipiente, em vista a variabilidade da composição química em função da origem geográfica (PARK, 2005). Neste sentido, o conhecimento das fontes botânicas é da maior procedência da amostra adquirida e que quando estudadas contribuiriam com a desejada padronização, pois poderiam indicar características típicas de própolis de determinada origem, com sua composição química e atividade biológica. No Brasil, por exemplo, são descritas propriedades biológicas e composição distintas para diferentes amostras brasileiras na mesma região (SALATINO et al., 2015). Para a padronização deve ser avaliada a qualidade da própolis com bases determinadas pela legislação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio de análises das características sensoriais e físico-químicas, com valores máximos e mínimos dos requisitos químicos para que sejam aceitáveis para o consumo humano, na perspectiva da segurança alimentar (MASSON, 1994). MATERIAIS E MÉTODOS Para essa pesquisa foram utilizadas própolis produzidas por abelhas (Apis mellifera L.) colhidas em três regiões do semiárido paraibano: litoral, curimataú oriental e alto sertão, denominadas de própolis vermelha, verde e marrom, respectivamente.

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Foi realizado um levantamento florístico para o registro dos indivíduos no entorno dos apiários nas regiões do litoral, curimataú oriental e alto sertão. Inicialmente, isolou-se a área em 1 km para Norte, Sul, Leste e Oeste. Em seguida foi aplicado o método de parcelamento aleatório sendo cada parcela com dimensão de 10x20 m totalizando 16 parcelas para cada região. Em seguida foi realizada a marcação dos indivíduos com etiquetas plásticas devidamente enumeradas em ordem crescente, Após a contagem dos números de indivíduos foram aplicadas as equações descritas a seguir para o cálculo dos parâmetros: densidade total, densidade relativa e frequência. DT = (N.U)/A Em que: DT: Densidade Total (indivíduos/hectare) N: Número total de indivíduos amostrados U: Área (10.000 m2) Drt = (Nt/N)x100

(1)

303 (2)

Dat= (Nt.U)/A Em que: Nt: Número de indivíduos do táxon amostrado U: Área (10.000 m2) A: Área amostrada N: Número total de indivíduos Fat = (nAt/NAT)x100

(3)

Em que: FT = Fat Frt = (Fat/FT)x100 Divisão das amostras de própolis em grupos

Fonte: Própria autoria (2017).

Análises Físico-Químicas da Própolis As análises físico-químicas foram realizadas de acordo com metodologia recomendada pelo dispositivo legal no Brasil para indicar a qualidade da própolis, foram preconizadas pela Official Methods of Analysis of (AOAC,1995). Processos de Preparação para Extratos de Própolis Etanólico e aquoso No processo de preparação para os extratos etanólicos e aquoso das própolis foram utilizados 20% das amostras das própolis in natura (100 mL) e 80% do álcool cereal, na proporção matemática de 20% do soluto/80% de solvente. Misturada e triturada em um liquidificador


convencional, a mistura foi mantida em agitação periódica de 12h por 7 dias, em temperatura ambiente. Em seguida foi centrifugada (calibragem de 8,800 g e força G igual a 7,690 g), com temperatura de 20ºC por 20 minutos. Também foi realizada a filtragem do sobrenadante em papel de filtro e em seguida posto para refrigerar à 4ºC. Após o descanso de 3h, o material foi submetido a nova filtragem e levado para armazenamento sob condições ambiente de temperatura e luz. Teor de Fenóis Totais Solução de metanol (50%): o metanol foi diluído em 500 mL de álcool cereal em água destilada, em um balão volumétrico de 1000 mL, essa solução foi homogeneizada e transferida para armazenamento em um frasco de vidro. Solução de acetona (70%): a acetona foi diluída em 700 mL de água destilada, em um balão volumétrico de 1000 mL, a solução foi devidamente homogeneizada e transferida para armazenamento em um frasco de vidro. Solução de Folin Ciocalteau (1:3): diluiu-se 10 mL de reativo Folin Ciocalteau (p/fenol) em 30 mL de água destilada, homogeneizou-se e transferiu-se a solução para um frasco de vidro âmbar. Solução de carbonato de sódio anidro (20%): inicialmente foram pesados 20 g de carbonato de sódio (Na2CO3) e diluídos em água destilada (fervida e resfriada), em balão volumétrico de 100 mL, deixou-se a solução descansar durante 12 horas. Após o tempo de descanso foi feita a filtragem e transferência para um balão volumétrico completando-se para o volume desejado de água destilada (considerando a solução a 20%), homogeneizando-se e transferindo-se para o armazenamento em um frasco. Solução de ácido gálico (0,05%): foram pesados 5 mg de ácido gálico e diluídos em água destilada, em seguida a solução foi transferida para um balão volumétrico completando-se o volume para 100 mL. Determinação de Flavonoides A determinação total de flavonoides foi realizada pelo método de espectrofotometria, utilizando cloreto de alumínio (AlCl3) com solução padrão de quercetina (C15H10O7) (2 mg de própolis/mL, extrato preparado em 95% de álcool/cereal) para determinação dos totais de flavonoides a partir de uma solução estoque, em balões volumétricos de 100 mL, para observação da curva com no mínimo seis pontos. Em seguida foi preparada uma solução diluindo-se a quercetina em mg em um balão volumétrico de 50 mL (3 mg.mL-1), e a partir desta solução foram pipetados os volumes de 2, 4, 6, 8, 10 e 20 mL em balões volumétricos de 100 mL para a solução estoque. Os reagentes usados foram folin-ciocalteau 0,2 N com água destilada e 5 mL da solução diluída. O volume final do reagente foi calculado de acordo com o número de amostras. O carbonato de sódio (Na2CO3) 7,5% foi preparado a partir da diluição do carbonato de sódio anidro usando 5 mL da solução por cada amostra. A ressuspensão dos extratos secos foi feita por metanol com concentração de 10 mg.mL-1, em seguida adicionou-se o valor do ponto uL; 5 mL de folin 0,2 N e 5 mL de carbonato de sódio. RESULTADOS E DISCUSSÃO REGISTRO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES NAS REGIÕES ESTUDADAS Mascarenhas et al. (2005) destacou que as amostras de própolis vermelha colhidas no apiário da região do litoral paraibano apresentam em seu entorno característica de uma vegetação rasteira, arbustiva, arbórea de porte mediano. A vegetação da Baía da Traição é predominantemente do tipo floresta subperenifólia, com parte de floresta subcaducifólia. Com base nas 18 espécies identificadas observou-se que a região onde o apiário está localizado tem características de floresta subcaducifólia com árvores de porte médio e grande, com DAI- Densidade absoluta de 1.897 indivíduos/hectare, sendo ainda tomada como referência a direção de voo das abelhas para 1000 m para Norte (N), Sul (S), Oeste (O) e Leste (L), área que apresentou números de indivíduos em 16 parcelas de 607, sendo considerado um número baixo

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pois a mata encontra-se em processo de recomposição tendo ocorrido um incêndio em 2015 onde foram queimadas várias espécies. Figura 1 – Valores das cinco espécies mais frequentes na área de estudo do litoral paraibano.

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Fonte: Própria autoria (2017).

Com base nas espécies identificadas foi possível observar que na distância de 200 e 400 m ocorre a mesma frequência de vegetação que em 1000 m, as repetições das 23 espécies em proporções semelhantes e na forma como estão dispostas na natureza configura ainda que há uma característica similar da composição da vegetação regional com DAI- Densidade absoluta de 5.215 indivíduos/hectare, e que as plantas oferecem às abelhas o pólen, néctar e resina, entre outras substâncias que compõe a própolis. As plantas identificadas, com princípios medicinais são utilizadas pela comunidade local, algumas já com comprovação científica. Observa-se ainda que há um grande número de espécies diferentes, misturadas em uma mesma área, ocorrendo uma interação mútua com uma diversidade complexa, cada espécie apresenta seu comportamento e suas particularidades. A exemplo da aroeira que em trabalhos já realizados foi encontrado um alto teor de fenóis, em média 302,72 mg para 100 g do extrato, com o passar dos anos estudos mostraram evidências que o consumo de compostos fenólicos traz benefícios ao organismo, este fato está diretamente relacionado ao seu poder antioxidante presente na planta (PAULA et al., 2016). Foram 23 espécies identificas no raio de 1 km, com uma densidade total de1.669 indivíduos/hectare em 16 parcelas, centenas delas repetidas, que contribuíram para alta complexidade da composição da própolis verde nesta região, podendo-se afirmar que o teor de fenóis nas plantas está diretamente relacionado ao índice de fenóis encontrado na composição da própolis. Destacamos ainda a interação das abelhas com a perpetuação destas espécies na região, que lhe permitem tirar da polinização a manutenção do ecossistema.


Figura 2 - Valores das em cinco espécies mais frequentes na área de estudo do Curimataú oriental paraibano.

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Fonte: Própria autoria (2017).

Foram identificadas 29 espécies em 16 parcelas, em um raio de 1 km, com disposição de centenas de exemplares que compõe o pasto apícola, em destaque marmeleiro, aroeira, pereiro preto. O apiário com 120 colmeias localiza-se no P. A. Juazeiro, município de Marizopolis, o apiário está em uma reserva legal de 8 hectares e as plantas estão dispostas aleatoriamente, conforme frequência natural da caatinga com diversidade extraordinária de táxons. Cada uma apresenta sua particularidade e sua adaptação mútua com outras plantas e com os animais, ocorre uma troca de benefícios, interação entre eles, ainda com toda sua beleza e complexidade de um dos maiores biomas do Brasil, fator determinante para a qualidade da própolis marrom que apresentou ser uma própolis de alta qualidade com níveis de fenóis significativos, certamente reflexo de um bioma único, imprimindo na própolis produzida pelas abelhas um produto de qualidade originário de uma biodiversidade complexa que representa uma localidade. Existe uma quantidade de espécies de plantas e animais com bastante endemismo, isso mostra que a caatinga é um bioma totalmente diferente (MAIA, 2004). A área apresenta uma condição de excelência para o pasto apícola com um DAI – Densidade absoluta de 5.157 indivíduos / hectare, com uma diversidade extraordinária, sendo suficiente para atender a demanda das abelhas (Apis mellifera L.). Apresenta um período de floração disponível durante o ano inteiro, significando garantia na qualidade dos produtos das abelhas, resultado desta interação mútua. Figura 3 - Valores das em cinco espécies mais frequentes na área de estudo do alto sertão paraibano.

Fonte: Própria autoria (2017)


Para as amostras de própolis verde e marrom respectivamente colhidas em regiões que apresentam características do conjunto vegetacional típico de floresta de caatinga arbórea aberta, com espécies diversificadas que compõe a flora apícola com exemplares de grande porte, como juazeiro, oiticica, marizeiro e aroeira que estão dispostas aleatoriamente compondo o pasto apícola nas regiões do curimataú oriental e alto sertão, este aspecto vegetacional favorece e influencia na qualidade da produção da própolis. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DAS PRÓPOLIS Os valores médios encontrados, por meio desse estudo, versam sobre a qualidade de extratos de própolis vermelha, verde e marrom, em função das suas respectivas regiões, litoral, curimataú oriental e alto sertão, do Estado da Paraíba. Os resultados obtidos indicaram que houve diferença significativa entre os parâmetros avaliados e que ocorre uma interação entre as regiões. Tabela 1 - Parâmetros da qualidade dos extratos das própolis em função da região e condições de armazenamento e campo.

Teste de Tukey a 5% letras iguais não houve diferença significativa

Fonte: Própria autoria (2017Fonte: Própria autoria (2017). Fonte: Própria autoria (2017)

UMIDADE Quanto aos resultados obtidos para o teor de umidade em virtude das variáveis da vegetação da caatinga em campo e armazenamento em extratos em meio aquoso e etílico, respectivamente, foi possível observar que a região de maior valor para pré-requisito de qualidade foi o litoral paraibano (própolis vermelha), com escores de 3,310%, a região é propícia para aumento do teor de umidade em relação as demais, haja vista que sua média de umidade relativa em relação ao ar apresenta uma média anual entre 80 e 90%, sendo maior nas outras duas regiões, a própolis verde do curimataú oriental que apresenta média anual oscilando entre 55 e 60%, apresentou a menor média com um valor de 2,015%, seguida do extrato da própolis do alto sertão com 2,286 %, que apresenta média anual para umidade relativa do ar oscilando entre 50 e 60%, segundo dados do Institutito Brasileiro de Geografia e Estatística (2014). TEOR DE CERA Para o parâmetro teor de cera não houve diferença significativa entre as regiões sob condição de armazenamento e vegetação em campo para os extratos de própolis relacionados ao local onde foram devidamente colhidos. Os valores encontrados variaram de 0,903% para o extrato da própolis verde do curimataú oriental a 0,020% para o extrato da própolis vermelha no litoral e 1,044% para a própolis marrom do alto sertão Para os valores do teor de cera encontrados em função da condição de armazenamento para o período de 12 meses, com temperatura constante de 10ºC, não houve diferença significativa para os percentuais encontrados nos extratos produzidos em meio aquoso, em relação ao extrato de própolis em meio etílico em condição de ambiente, isso significa que o valor do percentual da

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cera tem forte ligação com a origem geográfica de onde está localizado o apiário, a cera é um componente que depende de outros fatores como diversidade vegetal, clima, temperatura, já que sua composição química é basicamente formada de hidrocarbonetos, gordura, resinas, encontradas nas plantas de visitação das abelhas. Os dados percentuais dos extratos de própolis, segundo a condição de armazenamento e campo, reafirmando que a presença da cera em condição de campo e armazenamento sofre influência da localização de origem, confirmam que todas as amostras dos extratos de própolis vermelha, verde e marrom estão em conformidade com a legislação vigente, atendendo ao pré-requisito de até no máximo 1% (m/m). A consistência das própolis está relacionada com o teor de cera em sua composição, sua característica elástica ou quebradiça sugere a quantidade de cera podendo variar de acordo com a região mesmo não apresentado diferença significativa. A própolis do litoral apresentou-se mais elástica em relação às própolis colhidas nas duas outras regiões (curimataú oriental e alto sertão) que apresentaram aspectos semelhantes para quebradiços, como foi o caso das citadas regiões estudadas, para tanto é importante afirmar que esse parâmetro está dentro da legislação que atesta a qualidade da própolis para os valores encontrados nas regiões do litoral, curimataú oriental e alto sertão paraibano. De acordo com Mapa (2001) a composição da cera em estudos já realizados com própolis tem relação direta com a vegetação da região de colheita, sua consistência à temperatura ambiente indica a razão entre os teores de resina e cera em sua composição. O teor de cera da própolis de Alto Santo foi de 12,79 ± 1,21 % e o de Beberibe foi de 9,75 ± 0,78 %, estando de acordo com a Legislação Brasileira vigente. TEOR DE CINZAS Para os parâmetros analisados em função das regiões sob condições de armazenamento e campo para o teor de cinzas, a maior média foi observada para a própolis vermelha do litoral, com valor de 3,020%. O extrato de própolis do alto sertão paraibano apresentou o valor de 2,197%, neste parâmetro a própolis verde do curimataú oriental deteve o menor e melhor percentual para cinzas com 1,361%, esse parâmetro é indicativo da quantidade de resíduos inorgânicos não voláteis presentes na própolis, esse aspecto tem um limite máximo de 5% estabelecido pela instrução normativa nº 3 de 19 de janeiro de 2001 do Ministério do Abastecimento e da Agricultura. É possível concluir que os valores obtidos para as própolis vermelha (litoral), verde (curimataú oriental) e marrom (alto sertão) estão em conformidade com a legislação vigente do País. É importante analisar o teor de cinzas para se ter o conhecimento da qualidade da própolis para que não ocorra alteração no produto, quando este é produzido em meio aquoso ou etílico os teores de cinzas não são alterados. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH) Os valores obtidos indicaram que houve efeito de interação (P < 0,05) entre as diferentes regiões do litoral, curimataú oriental e alto sertão, e as condições de campo e de armazenamento identificaram que os valores médios de pH variam em virtude do extrato etílico. Os valores para o índice de pH analisados nas amostras dos extratos das própolis apresentaram variação entre os extratos submetidos ao armazenamento e na condição de campo, embora este parâmetro não esteja regulamentado ou sugerido pela legislação vigente no Brasil, sua determinação é importante devido a presença de substâncias orgânicas nas própolis. Conforme os dados dispostos pode-se verificar que para a condição de armazenamento houve uma diferença significativa comparado aos valores de pH obtidos para os extratos em condição ambiente, ressaltando que para o extrato da própolis marrom do sertão na condição de campo e meio etílico o índice de pH foi de 3,214, enquanto que para o extrato da própolis vermelha do litoral em meio etílico foi 3,121. Foi possível observar que houve diferença significativa entre os resultados para os extratos das própolis vermelha, verde e marrom submetidas ao armazenamento. Nesse estudo a faixa de pH variou entre 3,240 para condição de armazenamento e 3,333 para condição de campo. Constatou-se que o pH apresenta variação em seus índices mesmo

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em temperatura ambiente e condições iguais para todas as amostras, e varia em função do armazenamento em temperatura constante de 10ºC pelo período de 12 meses. Kawakita et al. (2015) descreve em seu trabalho que, com relação ao pH, em estudos realizados com extratos de própolis observou que não houve diferença entre as temperaturas utilizadas e tipo de armazenamento ao longo do tempo estudado, de até 12 meses. Por outro lado, destacou que o valor de pH para o extrato de própolis, mantido em temperatura ambiente, apresentou variação significativa a partir do sexto mês. Para o extrato mantido em geladeira, ocorreu alteração significativa após 60 dias. Esses dados sugerem que o pH pode ser influenciado pela temperatura de armazenamento do extrato de própolis, o autor também salientou que o pH do extrato alcoólico de própolis tende a ser ligeiramente ácido, variando de 3,0 a 5,7 e, segundo as observações o valor de maior porcentagem de pH encontra-se em torno de 5,0. COMPOSTOS FENÓLICOS As análises por espectrofotometria dos extratos das própolis conferiram a partir dos compostos fenólicos presentes nas própolis, que eles independem da condição de armazenamento avaliado por 12 meses, podendo ser destacado que os extratos não sofreram alteração na qualidade em função do tempo do produto armazenado ou da condição de campo para as amostras colhidas in natura e levadas diretamente para realização das análises em laboratório, houve influência do tipo de solvente utilizado para produção dos extratos em meio aquoso e das amostras de própolis, sugerindo que o teor de fenóis ocorre como característica presente nos extratos de própolis em função da região onde a mesma foi colhida e das características vegetacionais no entorno onde estão localizados os apiários, os níveis de fenóis da própolis vermelha teve leitura de 0,773 (m/m), para o extrato do alto sertão a leitura foi de 0,736 (m/m) expressando que os níveis de fenóis estão diretamente ligados a diversidade local. A temperatura de armazenamento e o período de tempo estudados não interferiram na porcentagem de compostos fenólicos presentes nos EAPs. Alguns artigos destacam que a porcentagem inicial de compostos fenólicos é de 0,520,01% e 0,530,01% para temperatura ambiente e geladeira, respectivamente, estando de acordo com a legislação brasileira, em que o mínimo de compostos fenólicos exigido é de 0,50% (MAPA, 2001). FLAVONOIDES Para a condição de armazenamento, o extrato marrom do alto sertão apresentou um teor de 0,736 (m/m) para o extrato de própolis armazenado, não perdendo a característica do percentual para flavonoides, sendo considerado o melhor extrato para índice de flavonoides em condição de armazenamento, houve uma perda significativa na qualidade do extrato da própolis vermelha do litoral em condição de armazenamento, para o extrato da própolis verde houve uma estabilidade de qualidade para o armazenamento e para a condição de campo. Pode-se observar que o extrato da própolis verde do curimataú oriental,em condição de campo, obteve o valor de 0,406 m/m e o extrato da própolis marrom em meio aquoso em condição de armazenamento tem leitura de 0,652 m/m, que os extratos mantiveram os níveis de flavonoides para os extratos em meio aquoso e etílico proporcionalmente aos índices de cada região, os valores obtidos nas regiões foram superiores aos encontrados em estudos realizados em todo o país, vale ainda afirmar que houve uma inteira relação entre a qualidade da própolis e o conjunto diversificado das espécies vegetacionais encontradas e registradas nas áreas onde estão localizados os apiários pertinentes à pesquisa, sugerindo que estudos sejam aprofundados para classificação de um novo grupo de própolis da caatinga no semiárido do alto sertão paraibano. Alencar et al. (2007) destaca que de acordo com estudos realizados com amostras de própolis em quatro regiões diferentes, para o teor de fenóis e flavonoides as amostras apresentaram as seguintes leituras: 281 e 309 nm para as amostras da Paraíba; entre 271 e 281 nm para a amostra do Maranhão e 278 nm para a do Rio Grande do Norte, com absorção no valor máximo de comprimento de onda de 270 nm. Na região Sudeste (SE), as cinco amostras de Minas Gerais apresentaram absorção no valor máximo entre 303 e 312 nm, as cinco amostras de São

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Paulo entre 310 e 313 nm, e as duas amostras do Rio de Janeiro entre 312 e 314 nm. Das amostras da região Sul, quatro delas do Paraná, apresentaram absorção no valor máximo entre 301 e 308 nm; quatro de Santa Catarina entre 272 e 315 nm; e duas delas do Rio Grande do Sul, absorção no valor máximo de comprimento de onda de 270 nm. Na região Centro-Oeste (CO), as três amostras procedentes do Mato Grosso do Sul apresentaram absorção nos valores máximo entre 300 e 315 nm. O teor de compostos fenólicos e, consequentemente, os espectros de absorção estão relacionados à origem botânica da própolis. CONCLUSÕES Foram amostrados na área de estudo do litoral, 607 indivíduos e encontrados 18 espécies, classificadas em 16 famílias botânicas, as cinco mais frequentes, Byrsonima crassifólia, Anacardium occidentale, Licania rígida, Hancornia speciosa. Foi registrado por amostragem na área de estudo do curimataú oriental, 1.669 indivíduos e encontrados 23 espécies, classificadas em 10 famílias botânicas, as cinco mais frequentes, Cronton sonderianus, Piptadenia stipulacea, Manihot pseodoglaziovii, Mimosa tenuiflora, Caesapinia pyramidalis. Foi identificadas por amostragem na área de estudo do alto sertão, 1.650 indivíduos e encontrados 29 espécies, classificadas em 17 famílias botânicas, as cinco mais frequentes, Cronton sonderianus, Aspidosperma pyrifoluim, Combretum leprosum, Cardiopermum halicacabum L., Piptadenia stipulacea. A própolis marrom apresentou níveis em seus teores de fenóis 0,736 (% m/m) significativos a cima da média para níveis de fenóis encontrados em todo país, apresentado uma qualidade extraordinária na caatinga do alto sertão paraibano. O extrato da própolis marrom manteve sua qualidade inalterada em relação ao armazenamento por um período de 12 meses em temperatura constante de 10ºC. REFERÊNCIAS AOAC. Official Methods of Analysis of the association of Analytical Chemists, Arlington, 16 th, cap. 4.1.03, 1995. BAKIRS, O. M.; GUN, R.; YORGANCILAR, E.; KINIS, V.; KELES, A.; ABAKAY, A.; GOKALP, O. The protective role of caffeic acid phnethyl estar against streptomycin ototoxicity. American Journal of Otolaryngology-Head Neck Medicine and Surgery, v. 34, p.16-21, 2013. BASTOS, E. M. A. F.; SIMONE, M.; JORGE, D. M.; SOARES, A. E. E.; SPIVAK, M. In vitro study of the antimicrobial activity of Brazilian propolis against Paenibacillus larvae. Journal of Invertebrate Pathology, v. 97, n. 3, p. 273-281, Marceline, 2008. FABRIS, S. Antioxidant properties and chemical composition relationship of European and Brazilian propolis. Pharmacology & Pharmacy, v. 4, n. 1, London, 2013. FERNANDES, F. F. The in vitro Antifungal Activity Evaluation of Propolis G12 Ethanol extract on Cryptococcus neiforman. Rev. Inst. Med. Trop., v. 49, n. 2, p. 93-95, São Paulo, SP, 2007. GREGORIS, E.; STEVANATO, R. Correlations between polyphenolic composition and antioxidant activity of Venetian propolis. Food Chemistry, v. 48, n. 1, p. 76-82, London, England, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO.DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Disponível <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/panorama>. Acesso em 26 de janeiro de 2018.

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312 Editor chefe: Marcos Barros de Medeiros Editor chefe adjunto: Isaac Araújo Gomes Secretário executivo e design gráfico: Érik Serafim da Silva Coordenação de avaliação: Maria Verônica Lins Diretor de eventos científicos: Weverton Pereira de Medeiros Diretora de comissão científica em eventos: Natanaelma Silva Costa Diretora do departamento de marketing e divulgação: Luzimar Joventina de Melo

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