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Carta ao Professor
Caro(a) professor(a),
Para auxiliar o trabalho com o romance As vidas e as mortes de Frankenstein, de Jeanette Rozsas, este Material Digital do Professor foi produzido em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as metodologias ativas de ensino de literatura, com o objetivo de subsidiar e orientar a análise do romance, seus elementos narrativos e atividades multidisciplinares.
Acompanham este Material dois vídeos tutoriais (videoaulas) para enriquecer e, se necessário, complementar as atividades pensadas e propostas pelo educador. Acreditamos ser a escola a principal fonte de acesso às obras literárias, e, consequentemente, os professores são aqueles que podem, pelo trabalho em sala com a literatura, fomentar e despertar novos leitores e, quem sabe, escritores. Sabemos que a leitura literária ainda é um desafio na educação brasileira. Nossa insistência ao apresentar um romance para a leitura dos jovens está calcada na esperança em fazer brotar ou se manter o hábito da leitura, importantíssima para o amadurecimento pessoal e coletivo de todos nós.
Assim, tentamos abraçar a diversidade das realidades escolares brasileiras ao propor atividades centradas no romance As vidas e as mortes de Frankenstein, apostando também no arcabouço literário prévio que os estudantes possam apresentar, valorizando, com isso, outras leituras feitas fora do ambiente escolar.
Sobre a autora do romance, Jeanette Rozsas, é importante apresentar uma breve biografia. Ela é paulistana, contista e romancista, autora de livros premiados como Kafka e a marca do corvo; A autobiografia de um crápula e Morrer em Praga. Seu livro Edgar Allan Poe: o mago do terror foi finalista do prêmio Jabuti em 2003. Além desses, Jeanette Rozsas publicou também Feito em Silêncio (Editora Vertente, 1996), Qual é mesmo o caminho de Swann? (Editora 7Letras, 2005) e As sete sombras do gato, que é o primeiro audiolivro brasileiro inteiramente dramatizado (Audiolivro Editora, 2006). É autora convidada da Off Flip desde 2006, fazendo parte da programação oficial do evento, além de integrar a Rede de Escritoras Brasileiras e da União Brasileira de Escritores (UBE).
SUMÁRIO
O romance As vidas e as mortes de Frankenstein é uma narrativa intertextual, que entrecruza uma série de temas e personagens já explorados pela literatura de ficção científica, mas que agora ganha contornos contemporâneos ao abordar pesquisas científicas na Alemanha e o intercâmbio de estudantes e pesquisadores brasileiros.
Mesmo mergulhados em um ambiente cada vez mais digital, a literatura deve ocupar espaço na vivência, escolar ou não, dos alunos. Ao retomar personagens e nomes da história literária, Jeanette Rozsas promove uma atualização do mito de Prometeu, assim como uma possibilidade de leitura comparativa, uma vez que, enquanto o Frankenstein de Mary Shelley começa com uma carta, As vidas e as mortes… começa com um e-mail. Esse simples recurso evidencia as várias referências no enredo, assim como as escolhas estéticas e de técnicas narrativas.
Desse modo, embora seja um romance contemporâneo, Jeanette Rozsas nos lança em séculos passados ao explorar a intimidade de Percy e Mary Shelley, por exemplo. Logo, a obra transita entre diferentes tempos e espaços, promovendo infinitas possibilidades de análise e interpretação, potencializando a curiosidade dos jovens para a leitura de outras obras referenciadas em As vidas e as mortes de Frankenstein.
O romance possui um enredo que aborda, como a obra de Mary Shelley, o embate entre ciência e sociedade, a loucura que a sede de conhecimento provoca no ser humano desde Prometeu, o herói que “marca o advento da consciência, o aparecimento do homem” (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2017, p. 745). Ao roubar o fogo dos deuses e oferecê-lo por amor aos homens, Prometeu recebeu o castigo eterno de ter o fígado comido por águias. Para Bachelard (apud CHEVALIER; GHEERBRANT, 2017, p. 746), o mito representa “a vontade humana de intelectualidade; mas de uma vida intelectual à semelhança da dos deuses”.
Por fim, sabemos que estamos diante de uma obra que não se encerra em si. Esperamos que a leitura do romance As vidas e as mortes de Frankenstein seja seguida por uma reflexão crítica sobre o tema, além de instigar a leitura de outros autores, clássicos ou contemporâneos, ou mesmo a escrita de narrativas. É isso que nós, da equipe editorial, esperamos: que o trabalho com o romance ao longo do ano letivo seja proveitoso, instigador, crítico e prazeroso; que a literatura em sala de aula não seja obrigação, pelo contrário: que exista interesse, principalmente por parte dos jovens, para que o mundo da ficção se abra e nos ajude a entender, nem que seja um pouquinho mais, da complexidade da natureza humana.
Equipe editorial