Parecer Mec O outro lado do paraíso

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Código Coleção: 0501L20602

Componente: Gênero: conto, crônica, novela, teatro, texto da tradição popular

Bloco I Descrição geral da Obra "O outro lado do paraíso" é uma novela, narrada em primeira pessoa, que conta a trajetória de uma família, em busca do país de Evilath, lugar descrito no livro bíblico de Gênesis como a terra do ouro. Nessa jornada, eles partem de Minas Gerais para Brasília, capital recém-fundada, em busca de melhores condições de vida. A mudança, os movimentos políticos da época e a instauração do governo militar de 64 funcionam como pano de fundo que sustenta a amorosa relação de Antonio, narrador, com seu pai, um homem sonhador, animado e envolvido nas causas sociais. A obra tem 15 capítulos curtos, divididos em 44 páginas, fartamente ilustrados. A ilustração tem cores vivas e intensas, carregadas de dramaticidade que, em alguns painéis, imita tecidos bordados. O texto visual dialoga com a subjetividade, o lirismo, as dúvidas e a fantasia do jovem narrador, ao mesmo tempo em que não se revela como uma tradução realista da narrativa.

Critérios da qualidade do texto verbal 1.2.1 A linguagem do texto não se restringe a palavras utilizadas no cotidiano empregadas com ênfase na função referencial? Sim 1.2.2 1.2.2 O texto verbal emprega com qualidade figuras de linguagem, como metáforas, metonímias, antíteses, hipérboles e/ou elipses, Sim entre outras? 1.2.3 1.2.3 O texto está isento de clichês que prejudiquem a qualidade estética da obra? Sim 1.2.4 O texto, caracterizado pela polissemia, permite que os alunos elaborem diferentes leituras, permitindo que o professor conduza um Sim debate sobre as diferenças entre seus pontos de vista? 1.2.5 O texto verbal está escrito em acordo com um gênero da tradição literária (caso a resposta para essa pergunta for "sim" ou Sim "parcialmente", obrigatoriamente, a resposta será "não" tanto para a pergunta 1.2.7 quanto para 1.2.8)? 1.2.6 A construção do texto corresponde de modo adequado a convenções desse gênero (questão 1.2.5), consolidando ou ampliando um Sim repertório de formas literárias do aluno? 1.2.7 O texto rompe com as convenções de gêneros da tradição literária (caso a resposta para essa pergunta for "sim" ou "parcialmente", Não obrigatoriamente, a resposta será "não" tanto para a pergunta 1.2.5 quanto para a 1.2.6)? 1.2.8 A ruptura com gêneros tradicionais, nesse texto (questão 1.2.7), contribui para a ampliação de repertório de formas literárias do aluno? Não se aplica 1.2.9 O texto verbal está isento de apologia a ideias preconceituosas e comportamentos excludentes (ou seja, racismo, fascismo, machismo Sim ou outros modos de pensamento autoritário apresentados de forma acrítica)? 1.2.10 O texto verbal está isento da exploração da violência e/ou da morte de forma acrítica (ou seja, está isento de incentivos à violência)? Sim 1.2.11 O texto apresenta um vocabulário predominantemente compreensível para os estudantes, em acordo com sua faixa etária? Sim 1.2.12 Quanto às obras em língua inglesa: o texto utiliza o tempo presente perfeito de forma apropriada? Não se aplica 1.2.13 Quanto ao livro brinquedo: o texto é apropriado ao público-alvo e assume função estética e suscita um envolvimento emocional? Não se aplica A partir da visão do narrador, Antonio, a linguagem textual vai se modulando, ora a partir de frases próprias ao diálogo infantil, ora numa perspectiva mais elaborada, mais figurada, quando o menino cresce e assume um ponto de vista mais filosófico e poético, como se pode observar por meio dos seguintes excertos: "Alice riu, chutou uma pedra e virou as costas. - É verdade, merda! - eu gritei correndo atrás dela. - o pai contou ontem pra gente e já saiu pra buscar o caminhão. Alice sentou de novo, pôs a cesta de pirulitos no colo e ficou olhando pra mim com uma cara esquisita. Contei pra ela toda a história, aquelas loucuras de meu pai, e fiquei ali calado, sem saber mais o que dizer" (p. 15) e "Eu ainda estava ali sozinho quando papai chegou e pôs a mão no meu ombro. eu não quis olhar para trás, para não ver a cara dele agora magra e humilde, sem a grandeza de quando saía pelo mundo afora, gordo e pesado como se fosse o dono da terra e de todas as coisas." (p. 43). Por mais "simples" que aparente o trecho acima, ele revela os mecanismos verbais para significar os sentimentos do pai e sua relação com o mundo: isso incluía o pai está magro ou gordo, aspecto metafórico, que significava o pai cheio de sonho, de esperanças, de certeza de encontrar o país bíblico de Evilath. Embora a linguagem esteja isenta de clichês, observa-se o uso de alguns impropérios, entre os quais os vocábulos "merda" (citado mais de uma vez): "Alice riu, chutou uma pedra e virou as costas. - É verdade, merda! - eu gritei correndo atrás dela. - o pai contou ontem pra gente e já saiu pra buscar o caminhão." (p. 15) e "Mamãe entrou primeiro, medindo o espaço com as pernas, e papai entrou logo atrás. Quando mamãe virou as costas, ele olhou para cima, com ar distraído, e lhe deu um beliscão na bunda." (p. 25). O texto se caracteriza pela polissemia, sobretudo, no que diz respeito à concepção do passado histórico do Brasil. O fato de o livro ter sua ação desenvolvida na década de 60 do século passado leva o leitor a compreender outros modos de vida inconcebíveis nos dias atuais. Entre eles destacam-se por, exemplo, a naturalidade com que o pai extravasa o seu carinho, batendo na bunda da mãe e "dando piparote no pinto" do filho, como se nota em: "Beliscou a bunda de mamãe, como sempre, deu um piparote no pinto de Tuniquinho e perguntou pra Silvinha onde ela tinha arrumado aquele namorado de sardas e dentuço que ele tinha visto na porta de casa, sábado passado." (p. 29). Da mesma forma, é sem qualquer crivo de censura que a menina Alice aparece vendendo pirulitos: ?Alice estava na pracinha vendendo pirulitos, como de costume, e eu fui chegando ressabiado pra perto dela, a revista agora aberta na página do meio, onde estava a enorme fotografia de Brasília." (p. 13). E Antonio, o narrador, fuma escondido e bebe cerveja com o pai, como se observa no excerto: "Peguei um cigarro, deixei que papai acendesse para mim e traguei bem fundo, morrendo de medo. Ele riu com tristeza e disse: - É bom que você cresça, para ir entendendo as coisas. E ficamos ali os dois, fumando e bebendo cerveja, até que o sol começou a se esconder atrás da serra e tudo era uma vermelhidão sem fim." (p. 42). A despeito dessas marcas textuais próprias ao tempo histórico em que se desenvolve a ação, o texto verbal está escrito de acordo com as convenções do gênero novela, estando isento também de ideias preconceituosas e comportamentos excludentes, ou qualquer exploração da violência.

Critérios de avalição do texto visual O texto visual (imagens e/ou ilustrações) da obra: 1.3.1 O texto visual evidencia interação das imagens e/ou ilustrações com o texto verbal, contribuindo para a experiência estética do leitor. 1.3.2 O texto visual explora recursos visuais (combinação de cores, volume e proporção, luz e sombra, enquadramento, entre outros) com vistas à experiência estética e literária. 1.3.3 O texto visual contém imagens que sugerem múltiplos sentidos e estimulam o imaginário. 1.3.4 O texto visual está isento de apologia a ideias preconceituosas e comportamentos excludentes (ou seja, racismo, fascismo, machismo ou outros modos de pensamento autoritário apresentados de forma acrítica)? 1.3.5 O texto visual está isento da exploração da violência e/ou da morte de forma acrítica (ou seja, está isento de incentivos à violência)?

Sim Sim Sim Sim Sim


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Parecer Mec O outro lado do paraíso by Geração Editorial - Issuu