Parecer Mec O outro lado do paraíso

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Código Coleção: 0501L20602

Componente: Gênero: conto, crônica, novela, teatro, texto da tradição popular

Bloco I Descrição geral da Obra "O outro lado do paraíso" é uma novela, narrada em primeira pessoa, que conta a trajetória de uma família, em busca do país de Evilath, lugar descrito no livro bíblico de Gênesis como a terra do ouro. Nessa jornada, eles partem de Minas Gerais para Brasília, capital recém-fundada, em busca de melhores condições de vida. A mudança, os movimentos políticos da época e a instauração do governo militar de 64 funcionam como pano de fundo que sustenta a amorosa relação de Antonio, narrador, com seu pai, um homem sonhador, animado e envolvido nas causas sociais. A obra tem 15 capítulos curtos, divididos em 44 páginas, fartamente ilustrados. A ilustração tem cores vivas e intensas, carregadas de dramaticidade que, em alguns painéis, imita tecidos bordados. O texto visual dialoga com a subjetividade, o lirismo, as dúvidas e a fantasia do jovem narrador, ao mesmo tempo em que não se revela como uma tradução realista da narrativa.

Critérios da qualidade do texto verbal 1.2.1 A linguagem do texto não se restringe a palavras utilizadas no cotidiano empregadas com ênfase na função referencial? Sim 1.2.2 1.2.2 O texto verbal emprega com qualidade figuras de linguagem, como metáforas, metonímias, antíteses, hipérboles e/ou elipses, Sim entre outras? 1.2.3 1.2.3 O texto está isento de clichês que prejudiquem a qualidade estética da obra? Sim 1.2.4 O texto, caracterizado pela polissemia, permite que os alunos elaborem diferentes leituras, permitindo que o professor conduza um Sim debate sobre as diferenças entre seus pontos de vista? 1.2.5 O texto verbal está escrito em acordo com um gênero da tradição literária (caso a resposta para essa pergunta for "sim" ou Sim "parcialmente", obrigatoriamente, a resposta será "não" tanto para a pergunta 1.2.7 quanto para 1.2.8)? 1.2.6 A construção do texto corresponde de modo adequado a convenções desse gênero (questão 1.2.5), consolidando ou ampliando um Sim repertório de formas literárias do aluno? 1.2.7 O texto rompe com as convenções de gêneros da tradição literária (caso a resposta para essa pergunta for "sim" ou "parcialmente", Não obrigatoriamente, a resposta será "não" tanto para a pergunta 1.2.5 quanto para a 1.2.6)? 1.2.8 A ruptura com gêneros tradicionais, nesse texto (questão 1.2.7), contribui para a ampliação de repertório de formas literárias do aluno? Não se aplica 1.2.9 O texto verbal está isento de apologia a ideias preconceituosas e comportamentos excludentes (ou seja, racismo, fascismo, machismo Sim ou outros modos de pensamento autoritário apresentados de forma acrítica)? 1.2.10 O texto verbal está isento da exploração da violência e/ou da morte de forma acrítica (ou seja, está isento de incentivos à violência)? Sim 1.2.11 O texto apresenta um vocabulário predominantemente compreensível para os estudantes, em acordo com sua faixa etária? Sim 1.2.12 Quanto às obras em língua inglesa: o texto utiliza o tempo presente perfeito de forma apropriada? Não se aplica 1.2.13 Quanto ao livro brinquedo: o texto é apropriado ao público-alvo e assume função estética e suscita um envolvimento emocional? Não se aplica A partir da visão do narrador, Antonio, a linguagem textual vai se modulando, ora a partir de frases próprias ao diálogo infantil, ora numa perspectiva mais elaborada, mais figurada, quando o menino cresce e assume um ponto de vista mais filosófico e poético, como se pode observar por meio dos seguintes excertos: "Alice riu, chutou uma pedra e virou as costas. - É verdade, merda! - eu gritei correndo atrás dela. - o pai contou ontem pra gente e já saiu pra buscar o caminhão. Alice sentou de novo, pôs a cesta de pirulitos no colo e ficou olhando pra mim com uma cara esquisita. Contei pra ela toda a história, aquelas loucuras de meu pai, e fiquei ali calado, sem saber mais o que dizer" (p. 15) e "Eu ainda estava ali sozinho quando papai chegou e pôs a mão no meu ombro. eu não quis olhar para trás, para não ver a cara dele agora magra e humilde, sem a grandeza de quando saía pelo mundo afora, gordo e pesado como se fosse o dono da terra e de todas as coisas." (p. 43). Por mais "simples" que aparente o trecho acima, ele revela os mecanismos verbais para significar os sentimentos do pai e sua relação com o mundo: isso incluía o pai está magro ou gordo, aspecto metafórico, que significava o pai cheio de sonho, de esperanças, de certeza de encontrar o país bíblico de Evilath. Embora a linguagem esteja isenta de clichês, observa-se o uso de alguns impropérios, entre os quais os vocábulos "merda" (citado mais de uma vez): "Alice riu, chutou uma pedra e virou as costas. - É verdade, merda! - eu gritei correndo atrás dela. - o pai contou ontem pra gente e já saiu pra buscar o caminhão." (p. 15) e "Mamãe entrou primeiro, medindo o espaço com as pernas, e papai entrou logo atrás. Quando mamãe virou as costas, ele olhou para cima, com ar distraído, e lhe deu um beliscão na bunda." (p. 25). O texto se caracteriza pela polissemia, sobretudo, no que diz respeito à concepção do passado histórico do Brasil. O fato de o livro ter sua ação desenvolvida na década de 60 do século passado leva o leitor a compreender outros modos de vida inconcebíveis nos dias atuais. Entre eles destacam-se por, exemplo, a naturalidade com que o pai extravasa o seu carinho, batendo na bunda da mãe e "dando piparote no pinto" do filho, como se nota em: "Beliscou a bunda de mamãe, como sempre, deu um piparote no pinto de Tuniquinho e perguntou pra Silvinha onde ela tinha arrumado aquele namorado de sardas e dentuço que ele tinha visto na porta de casa, sábado passado." (p. 29). Da mesma forma, é sem qualquer crivo de censura que a menina Alice aparece vendendo pirulitos: ?Alice estava na pracinha vendendo pirulitos, como de costume, e eu fui chegando ressabiado pra perto dela, a revista agora aberta na página do meio, onde estava a enorme fotografia de Brasília." (p. 13). E Antonio, o narrador, fuma escondido e bebe cerveja com o pai, como se observa no excerto: "Peguei um cigarro, deixei que papai acendesse para mim e traguei bem fundo, morrendo de medo. Ele riu com tristeza e disse: - É bom que você cresça, para ir entendendo as coisas. E ficamos ali os dois, fumando e bebendo cerveja, até que o sol começou a se esconder atrás da serra e tudo era uma vermelhidão sem fim." (p. 42). A despeito dessas marcas textuais próprias ao tempo histórico em que se desenvolve a ação, o texto verbal está escrito de acordo com as convenções do gênero novela, estando isento também de ideias preconceituosas e comportamentos excludentes, ou qualquer exploração da violência.

Critérios de avalição do texto visual O texto visual (imagens e/ou ilustrações) da obra: 1.3.1 O texto visual evidencia interação das imagens e/ou ilustrações com o texto verbal, contribuindo para a experiência estética do leitor. 1.3.2 O texto visual explora recursos visuais (combinação de cores, volume e proporção, luz e sombra, enquadramento, entre outros) com vistas à experiência estética e literária. 1.3.3 O texto visual contém imagens que sugerem múltiplos sentidos e estimulam o imaginário. 1.3.4 O texto visual está isento de apologia a ideias preconceituosas e comportamentos excludentes (ou seja, racismo, fascismo, machismo ou outros modos de pensamento autoritário apresentados de forma acrítica)? 1.3.5 O texto visual está isento da exploração da violência e/ou da morte de forma acrítica (ou seja, está isento de incentivos à violência)?

Sim Sim Sim Sim Sim


O texto visual evidencia interação das imagens e das ilustrações com o texto verbal, contribuindo para a experiência estética do leitor. Embora o leitor, nessa faixa etária, não tenha profundo apego às imagens, estas têm um papel relevante para compreensão do contexto e para a fruição literária. Exemplos podem ser observados nas seguintes páginas: 23, 24, 26, 28, 32, dentre outas. O texto visual explora recursos como combinação de cores, volume e proporção, luz e sombra, enquadramento, entre outros, com vistas à experiência estética e literária do leitor. As ilustrações têm grande importância durante a leitura, pois devido à riqueza dos detalhes, contribuem para a apreensão do sentido da linguagem poética do texto verbal. Todas as páginas do livro contam com ilustração que podem ser caracterizadas como oníricas ou surreais. Há o predomínio de muitas cores com destaque para o azul, vermelho, verde laranja e preto. Tem-se a presença de elementos da natureza (flores, árvores, animais, rios, estrelas, sóis) nas seguintes páginas: 23, 24, 26, 27,30 e 32, entre outras. Algumas páginas possuem ilustração que englobam a página inteira (p. 7, 8, 18, 20, 28 e 42). Apresenta também imagens que sugerem múltiplos sentidos e estimulam o imaginário do jovem leitor, possibilitando-lhe múltiplas experiências estéticas e literárias referentes ao texto. As ilustrações (re)criam um texto à parte, ou seja, permitem aos jovens leitores novas leituras e entendimentos de acordo com as suas vivências e experiências de mundo. Na imagem da página 27, pode-se inferir uma invasão ou ataque de alienígenas ao Brasil, por exemplo. Certamente, essa é apenas uma das inúmeras leituras proporcionadas pela imagem junto aos leitores. O mesmo se dá com a imagem da página 28 em que se observa o desespero de uma mulher devota e religiosa sendo atacada por criaturas vermelhas e malignas. Na imagem da página 35, nota-se a sensação de desespero do povo ao se ver "traído" por Jango, quando este foge para o Uruguai, o que está representado pelo sol e pelo azul celeste do céu. A presença das muitas estrelas de 5 pontas (pentagramas) pode ser entendida ainda como símbolo da proteção divina contra o mal. O texto visual está isento de apologia a ideias preconceituosas e comportamentos excludentes, pois as imagens estão associadas à polissemia que reforçam a interação do leitor junto ao texto verbal, possibilitando-lhe inferir o quão importante é ter e buscar o conhecimento acadêmico (histórico, político, social) para que se possa tirar conclusões próprias, diante de tanta polêmica acerca dos comunistas e da ditadura no Brasil. Na imagem da página 37, pode-se deduzir a morte do Brasil (perda da liberdade de expressão, de ir e vir, da felicidade); na página 32, mostra-se a importância das escolhas. Não se pode fazê-las apenas com "um pé de bota", o que é complementado com a imagem da página 33, em que o outro pé da bota está sendo oferecido por uma figura angelical e outra demoníaca. Cada qual faz a sua escolha! O texto visual está também isento da exploração da violência de forma acrítica. Ao contrário, as imagens reforçam a importância de se ter conhecimento, de não se pautar no senso comum. Isso, sim, pode gerar violências desnecessárias. Na página 36, mostram-se as "feras" que atacam o povo e os massacram. Contudo, há anjos que vêm para resgatá-lo e salvá-lo. Desde os primórdios do mundo, sempre houve a disputa entre duas forças de igual intensidade: o bem e o mal; entre o tormento e o bem-estar. Isso pode ser notado nas imagens das seguintes páginas: 26 e 27; 36 e 39.

Critérios de adequação e tratamento do(s) tema(s) O(s) tratamento(s) do(s) tema(s) principal(is) da obra: 1.4.1 Está(ão) adequado(s) à categoria (faixa etária) do público a que se destina? Sim 1.4.2 Está(ão) isento(s) de abordagem(ns) simplificadora(s), superficial(is) e homogeneizante(s)? Sim 1.4.3 Possibilita(m) confronto(s) entre diferentes perspectivas ou visões de mundo? Sim 1.4.4 Está(ão) isento(s) de abordagem(s) que acentua(m) a submissão do leitor a normas sociais ou estratégias de opressão que silenciem Sim conflitos entre indivíduo e sociedade? 1.4.5 É(são) apresentado(s) de modo linguisticamente adequado, sendo utilizado um vocabulário apropriado para abordagem do tema? Sim 1.4.6 Contribui(em) para a consolidação e/ou ampliação do repertório de temas do(a) aluno(a)? Sim 1.4.7 Quanto ao livro-brinquedo: estimula(m) sentidos e sensações, aventuras e jogos? Não se aplica 1.4.8 Quanto ao livro-brinquedo: buscam surpreender, atrair a curiosidade e encantar o leitor criança? Não se aplica "O outro lado do paraíso" apresenta dois temas: a vida de uma família pobre na época da inauguração de Brasília e a relação de um menino com seu pai. Assim, ao mesmo tempo em que narra a vida de aventuras da família, o narrador vai tentando compreender quem é essa figura que o leva para tantas viagens e aventuras. Nesse sentido, apresenta adequação aos temas informados na ficha de inscrição do livro (conflitos da adolescência, encontros com a diferença, sociedade, política e cidadania), bem como ao público a que se destina (Categoria 2 - 8º e 9º ano do Ensino Fundamental). O livro desperta no leitor sentimentos e emoções relacionadas ao primeiro amor, à diferença cultural e regional existente nas cidades nas quais a família morou, e à frustração dos sonhos, como ocorre no caso de o pai acreditar e se decepcionar com a política (reforma agrária, ditadura militar). Exemplos: "- Eu vou sentir uma saudade desgraçada dessa pereba - eu disse. Alice continuou olhando para mim e não me xingou por eu ter falado da pereba. Então uma lágrima escorreu pela carinha dela e eu também senti vontade de chorar. - Então vai logo - ela disse com raiva, quase chorando alto. - Então vai logo, vai..." (p. 17); "Nós voltamos ali muitas outras vezes para ver o Jango sair do Palácio. As pessoas ficavam esperando, tinha dia que até batiam palmas e gritavam vivas e urras, não sei bem por quê. E, também não sei porque, a cara do Jango parecia a cada dia mais velha. Seria um homem triste, mesmo dono de um país tão grande como Brasil?" (p. 27); "- O Jango vai fazer a reforma agrária. - Ai, meu Deus - mamãe disse, levando a mão à cabeça. O pai de mamãe tinha uma fazendinha perto de Montes Claros, em Minas, e sempre ficava de mau humor quando ouvia falar de reforma agrária" (p. 29) e "Ia começar tudo de novo. Logo papai ia chamar de novo o caminhão e viajaríamos outra vez dias e noites sem parar, até acharmos nosso novo destino. O país de Evilath não era mais em Brasília" (p. 30). A adequação dos temas ao público ocorre pelo fato de a obra não apresentar abordagem simplificadora, superficial ou homogeneizantes. Essa imagem do pai que muda conforme a sua situação, em um pai que luta, que chora, que fuma e bebe, oferece ao leitor uma ampla perspectiva em relação à figura masculina, muitas vezes ausentes nos lares brasileiros. Destaca-se também o fato de a abordagem temática possibilitar o diálogo, o debate e o confronto entre diferentes perspectivas ou visões de mundo dos jovens leitores que podem expor seus pontos de vista diante de situações que, supostamente podem parecer distante de sua realidade ou que já tenham vivenciado. A troca de informações e a pesquisa possibilitam ainda o autoconhecimento, a mudança de postura e o aprofundamento dos temas propostos, como se observa nos fragmentos a seguir: "Eu não sabia o que era reforma agrária, e muito menos o que poderia ser comunista. Um dia eu aprenderia todas essas coisas, mas esse dia ainda estava longe. Uma vez, papai explicou: - reforma agrária é dar terra a quem não tem, para plantar, colher, vender e comer" (p. 29) e "Um dia, na escola, dona Iolanda, a professora, perguntou se a gente rezava o rosário em família e eu lembrei que nunca rezávamos em nossa casa. Quando eu disse isso, ela arregalou o olho e perguntou: - O seu pai é comunista?" (p. 31). Os temas estão isentos ainda de abordagens que acentuam a submissão do leitor a normas sociais ou estratégias de opressão que silenciem conflitos entre indivíduo e sociedade, tanto é que possibilitam inúmeros diálogos, debates e pesquisas acerca da temática para que os leitores tenham a possibilidade de questionar, rever ou mudar seus pontos de vista e opiniões. Embora apresente alguns termos que não estão no campo do repertório literário, como "merda" e "bunda", o livro é apresentado de forma linguisticamente adequada e ajuda a ampliar o repertório de temas dos leitores. A abordagem temática presente na obra contribui também para a ampliação dos temas, uma vez que traz à tona o relacionamento familiar: esposa e marido, pai e filho; sonhos e decepções; relações entre a escola e o conhecimento; a escola e a família; as diferenças regionais; a migração; a ditadura e comunismo na esfera política. Exemplos: "E nosso pai, um homem gordo, vermelho e pesado, pôs o caçula no colo, ficou olhando a cara assustada dele, fechou os olhos como se sonhasse e disse, com a voz tremendo de emoção: - Tunico, Evilath existe. Evilath existe, meu filho. E, abrindo os olhos, riu muito" (p. 9); "- Santo Deus -ela disse. - Essa família acaba me deixando louca. Papai riu alto, deu um tapinha na cara do Tunico, beijou mamãe e, procurando o chapéu, disse que ia naquela hora mesmo procurar o velho na fazenda. O velho era vovô" (p. 19) e"Nos países comunistas todos têm de ser ateus, ninguém é dono de nada, nem da roupa que veste, e até para ir na esquina comprar leite precisa autorização da polícia. É uma tremenda burocracia. Eu ouvia tudo espantado. Viver num país assim devia ser duro, eu pensei" (p. 31).

Critérios de avalição do projeto gráfico-editorial


O projeto gráfico editorial: 1.5.1 Contém prefácio e/ou apresentação e/ou orelha/paratexto que contextualize brevemente autor e obra (Lembrete: este item não se Sim aplica para a Ed. Infantil, categorias 1, 2 e 3)? 1.5.2 Favorece a leitura (diagramação, relação texto e imagens; escolha da fonte e corpo; espaçamento entre linhas; as ilustrações são Sim legíveis para o público-alvo, entre outros)? 1.5.3 A capa e/ou contracapa e/ou orelha da obra contribui(em) para a mobilização do interlocutor à leitura? Sim 1.5.4 Quanto ao livro brinquedo: permite interação entre a criança e o texto, viabilizando o alcance aos temas desde a abertura convencional Não se aplica à abertura súbita de páginas (em 3D, por exemplo), giros, trilhos e animações? 1.5.5 Quanto ao livro brinquedo: oferece materialidade objetal para a ação brincante? Não se aplica 1.5.6 Quanto ao livro brinquedo: traz efeitos de inventividade gráfica, disposição dos elementos, sensorialidades, montagens bi e Não se aplica tridimensionais e diversidade de junção multimeios? 1.5.7 Quanto ao livro brinquedo: é resistente ao manuseio direto e lúdico? Não se aplica A obra apresenta um prefácio com explicações sobre o seu conteúdo, obra e autor no item "Contextualização da obra", como se observa a seguir: "O menino, ainda na pré-adolescência, sofre por estar deixando em Minas a pequena Alice, sua amiga e possivelmente futura namorada, para ingressar num mundo novo e estranho. Em Brasília, um choque: a família não vai morar propriamente na Capital Federal, mas na nascente Taguatinga, uma espécie de vila que era então um grupamento empoeirado com pobres casas de madeira. É naquele ambiente árido, pobre, que a família vai enfrentar uma dura realidade, o brasil da pobreza, mas também da esperança" (p. 5) e "Luiz Fernando Emediato - autor de Geração Abandonada, Eu vi mamãe nascer e Verdes anos, entre outros livros - traça aqui um extraordinário e conciso painel das incertezas e heroísmos da existência humana" (contracapa). A ilustração e o texto da contracapa contribuem para mobilizar o leitor. As ilustrações, a diagramação e as fontes favorecem a leitura. A obra apresenta letras em preto sobre um fundo branco em todas as páginas, o que facilita a leitura. O tamanho e o tipo da fonte são apropriados. As imagens do miolo são desenhadas com cores fortes (predomínio do azul, verde, vermelho, marrom, laranja e preto) e são ricas em detalhes. Há imagens que envolvem toda a página (p. 6, 8, 28, 36, 39 e 42 ) e outras em que são parciais e que aparecem ora do lado esquerdo da página (p. 10, 26); ora do lado direito (p. 11 e 27 ); ora acima (p. 14, 15, 16 e 17); ora abaixo (p. 19, 24 e 25); ora acima e abaixo (p. 13, 23 e 30), por exemplo. Para completar, ainda apresenta uma fotografia da família (mãe e os três filhos: pai na maioria das vezes ausente) e do pai (Antônio Trindade) e um apêndice (A História da História) com uma pequena biografia de presidentes a partir de Juscelino Kubitschek até Fernando Henrique Cardoso (1994). Finalizando, há um comentário sobre os idealizadores de Brasília: Niemeyer e Lúcio Costa (arquiteto e engenheiro). Além disso, ela conta com várias fotos e breves biografias de todos os personagens reais envolvidos no enredo, entre os quais: Jânio Quadros, João Goulart, os arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa e os presidentes militares Castelo Branco e Médici. A capa e contracapa contribuem para a mobilização do interlocutor à leitura. A capa é enigmática, num fundo azul claro, apresenta uma mulher usando um uniforme do exército (que simboliza a pátria no período da ditadura), com longos cabelos ruivos, acorrentada, com a mão direita, com uma luva preta, estendida em direção ao caminhão de mudanças. Ao fundo, em tom cinza, há fadas voando e Brasília abaixo, com a silhueta de dois homens (o menino e seu pai - talvez aqueles que ajudaram na construção da cidade). Na página seguinte, há a imagem de um quadro de família (os pais e as três crianças). A contracapa, com fundo azul e com a mulher da capa voando acima (liberta das correntes) mais a sua sinopse também chama a atenção do leitor para a obra.

Critérios eliminatórios A obra: 1.6.1 A obra é literária (não se caracteriza como didática)? Sim 1.6.2 Apresenta texto de qualidade estética e literária que contribui para a formação do leitor? Sim 1.6.3 Está isenta de erros crassos e/ou recorrentes de revisão (para obras em língua portuguesa, considerar o acordo ortográfico vigente). Sim 1.6.4 Está isenta de apologias a preconceitos, moralismos e/ou estereótipos que contenham, por exemplo, teor doutrinário, panfletário ou Sim religioso? 1.6.5 Apresenta correspondência com a categoria declarada no ato da inscrição? Sim 1.6.6 Apresenta correspondência com o(s) tema(s) declarado(s) no ato da inscrição? Sim 1.6.7 Apresenta correspondência com o(s) gênero(s) literário(s) declarado(s) no ato da inscrição? Sim 1.6.8 Apresenta prefácio e/ou apresentação e/ou orelha/paratexto que contextualize brevemente autor e obra? (Lembrete: este item não se Sim aplica para a Ed. Infantil, categorias 1, 2 e 3) A obra é literária e apresenta texto de qualidade estética, o que contribui para a formação do leitor. Trabalhando a palavra no seu sentido conotativo, o texto apresenta um misto de lirismo e realidade que perpassam a narrativa, despertando uma variedade de sentimentos (amor, tristeza, medo, perda, solidão) no jovem leitor, como se observa por meio dos fragmentos a seguir: "Porque um dia papai chegou em casa chorando e ver aquele homem gordo e vermelho chorando era a pior coisa do mundo. Papai chegou suado, como sempre, as roupas rasgadas, o ombro sangrando e as lágrimas escorrendo pelo rosto de barba crescida" [...] "Eu fiquei ali sentado na frente deles, quase chorando também, ouvindo papai dizer - ele nos abandonou, fugiu para o Uruguai, aquele filho da puta -. e mamãe nem sequer pediu a papai que não falasse nomes feios" (p. 35) e "O tempo passava. Papai sempre chegando tarde em casa, mamãe envelhecendo na cozinha, as calças de Tuniquinho aumentando os seus remendos e crescendo, a cada dia, o enorme buraco do meu velho sapato" (p. 34). Não possui erros de revisão, não havendo nada que a desabone nesse sentido. Aliás, o texto é muito bem elaborado e escrito trabalhando a linguagem formal e informal com sensibilidade e maestria. Exemplos: "Saí de casa meio desorientado, com a revista O Cruzeiro debaixo do braço e me perguntando se toda criança tinha um pai tão esquisito quanto o meu" (p. 13); "- Uai, não quer? É de graça. - e, me olhando com aquela carinha suja: - Só pra você..." (p. 13) e "- Cê pensa que eu sou boba, é? - essa aí da revista... e a escola, você vai largar? ora..." (p. 14). Está isenta também de apologias a preconceitos, moralismos ou estereótipos que contenham, por exemplo, teor doutrinário, panfletário ou religioso. Ao contrário, o texto verbo-visual reforça a importância de se ter conhecimento, de não se pautar no senso comum, de procurar saber o que se passa, buscando referências seguras. Exemplos: "Naqueles dias eu pensava que o Brasil ia entrar na guerra. O rádio vivia tocando marchas militares e todo dia o presidente, algum ministro ou um governador fazia discursos atrás de discursos Dona Iolanda, na escola, levava sempre um terço e obrigava todos a rezar com ela: - o presidente da república - sentenciava - é a encarnação do capeta e devemos todos rezar para que deus salve a pobre alma dele" (p. 34) e "O dinheiro que um homem honesto ganha hoje - dizia ele -, não dá pra sustentar uma família com decência. E era verdade. Mamãe voltava da feira reclamando dos preços, havia vários meses não comprava roupas para ela mesma e era uma pena ver as calças do Tuniquinho: sempre remendadas na bunda" (p. 33). Apresenta correspondência com a categoria (8º e 9º ano do Ensino Fundamental - Categoria 2), com os temas (conflitos da adolescência, encontros com a diferença, sociedade, política e cidadania) e com o gênero (novela), declarados no ato da inscrição. A despeito dos elementos apontados anteriormente acerca da bebida e do cigarro, esses elementos não estão apresentados de forma a influenciar ou levar o leitor a beber e fumar. São apenas cenas de um tempo histórico, completamente inseridas no contexto da narrativa. Da mesma forma, os fatos relativos à Golpe Militar de 1964 não apresentam qualquer teor doutrinário ou panfletário. Contém ainda apresentação que contextualiza, respectivamente, a obra e o autor, como se observa em: "O menino, ainda na pré-adolescência, sofre por estar deixando em Minas a pequena Alice, sua amiga e possivelmente futura namorada, para ingressar num mundo novo e estranho. em Brasília, um


choque: a família não vai morar propriamente na Capital Federal, mas na nascente Taguatinga, uma espécie de vila que era então um grupamento empoeirado com pobres casas de madeira. É naquele ambiente árido, pobre, que a família vai enfrentar uma dura realidade, o Brasil da pobreza, mas também da esperança" (p. 3) e "Luiz Fernando Emediato - autor de Geração Abandonada, Eu vi mamãe nascer e Verdes anos, entre outros livros - traça aqui um extraordinário e conciso painel das incertezas e heroísmos da existência humana" (contracapa).

Bloco II Material de Apoio ao Professor O material PDF 1 (GERAL) apresenta informações que: 2.1.1 Contextualizam o autor e a obra? Sim 2.1.2 Auxiliam o trabalho do professor para motivar o estudante a conhecer o texto literário, valorizando suas características formais e Parcialmente temáticas, e propondo desafios para reflexão? 2.1.3 Fornecem subsídios, orientações e propostas de atividades para a abordagem da obra literária com os estudantes? Parcialmente 2.1.4 Expõem, com clareza, possibilidades de trabalho com o texto, em uma gradação de elementos mais simples para aspectos mais Parcialmente complexos? 2.1.5 Apresentam diferentes perspectivas de compreensão do texto, respeitando sua polissemia e evitando restringir a leitura? Parcialmente 2.1.6 Justificam a associação da obra à categoria e gênero literário indicados pela editora, bem como explicitam a associação da obra com Parcialmente o(s) tema(s) indicado(s) pela Editora no momento da inscrição? O material apresenta uma sequência didática que se inicia com a Pré-leitura. A atividade proposta, contudo, parece pouco relacionada com a leitura literária da obra, uma leitura que motive o leitor a conhecer o texto literário. Trata-se de atividade relacionada a adivinhar o título do livro a partir da ilustração. Como se pode observar pelos fragmentos a seguir: "1.ª FASE: Pré-leitura. Aula 1 - Que título tem? Materiais: Livro "O outro lado do paraíso", com o título coberto por uma tira de papel. Antes da leitura do livro "O outro lado do paraíso", de Luiz Fernando Emediato, problematize a capa a partir das imagens e do título, a princípio coberto com uma tira de papel para que os alunos não o vejam nesse momento." (p. 14). Essa atividade não considera, por exemplo, o caráter fantástico, polissêmico e pouco realista da capa, que não se relaciona com o título, mas com o conteúdo da obra. E assim é utilizada uma aula apenas com relação ao título e sua adivinhação, afastando-se, portanto, da leitura literária. Outro exemplo ocorre com a proposta para a Aula 2 - Conhecendo a sinopse: "Materiais: Cópias da sinopse do livro "O outro lado do paraíso" (1 por dupla de alunos), que está na quarta capa da obra; cópias do roteiro para análise da sinopse (1 por dupla de alunos)." (p. 15). Essa atividade tampouco considera a leitura literária como o foco central. Tanto que na aula três os alunos deverão entrar em contato com as sinopses de outros livros de literatura infanto-juvenil. O mesmo ocorre com relação às sugestões da Aula 3 - Mais sinopses: "Materiais: Livros de literatura infantil de títulos variados." (p. 16). Após essa etapa, é chegada a hora da leitura propriamente dita. Observa-se que as atividades propostas estão mais relacionadas ao nível de compreensão da sequência narrativa da obra, do seu vocabulário, bem como do "sentimento" das personagens, como se observa em: "Sobre os sentimentos das personagens... Para Antônio o que a mudança para Brasília simbolizava? Como a família se Antônio sentiu-se com a mudança? O que a família sentiu quando chegaram em sua nova casa? O que sentiu Antônio ao ouvir sobre o comunismo no rádio? O que aconteceu para o Antônio chegar em casa chorando?" (p. 16). Pode-se afirmar que o trabalho de orientação apresenta características genéricas, que não respeitam a gradação tampouco a construção poética propriamente dita, principalmente no que concerne ao fato de ser uma narrativa em primeira pessoa, narrada por uma criança. Dessa forma, a polissemia e a qualidade literária da obra é transformada em pretexto para construção de sinopses e de outro final para a história, como se observa a seguir: "Aula 7 Mudando a história. Materiais: Livro "O outro lado do paraíso". Leia novamente a história para os alunos até o trecho "Naquele dia mesmo chegou o caminhão de mudança" (página 37) e proponha que pensem em outro desfecho para a história. Para isso, pergunte: Depois dessa parte, o que aconteceu na história?" (p. 20). Analisando essas atividades, observa-se que, ao fim delas, os alunos terão compreendido o mecanismo construção de uma sinopse, mas não o da construção de uma obra literária. Apesar dos problemas apresentados, recomenda-se a aprovação do material, dada a qualidade da obra. O material PDF 2 (para os professores de língua e literatura) apresenta orientações para o trabalho com a obra literária em aulas de Língua Portuguesa e/ou Literatura ou Língua Inglesa (conforme o idioma original da obra) que: 2.1.8 Evidenciam que se deve estudar o texto literário respeitando suas particularidades e não como qualquer outro gênero discursivo? Parcialmente 2.1.9 Respeitam a polissemia, permitindo que leitores possam desenvolver diferentes compreensões do texto que leem e/ou escutam? Parcialmente 2.1.10 Abordam especificidades da linguagem no texto literário? Parcialmente 2.1.11 Respeitam a(s) escolha(s) linguística(s) feita(s) pelo(a) autor(a) e não tomam a linguagem literária como exemplo de correção Parcialmente gramatical ou de emprego adequado de uma norma linguística? Apesar de a editora não ter enviado o material de apoio ao professor, PDF 2, os itens relacionados a esse material, quais sejam, o destaque para que o texto literário seja estudado, respeitando suas particularidades e não como qualquer outro gênero discursivo; o respeito à polissemia, permitindo que leitores possam desenvolver diferentes compreensões do texto; a abordagem das especificidades da linguagem no texto literário e o respeito às escolhas linguísticas feitas pelo autor, não tomando a linguagem literária como exemplo de correção gramatical ou de emprego adequado de uma norma linguística, estão parcialmente contemplados no PDF 1. O material PDF 3 (para os professores de outros componentes ou áreas) apresenta orientações gerais que: 2.1.13 Expõem maneira(s) de abordar o texto literário que possibilita(m) ou viabiliza(m) a realização de debates capazes de articular o texto com desafios sociais contemporâneos, incluindo outros componentes ou áreas do conhecimento, com vistas a uma abordagem Parcialmente interdisciplinar? Apesar de a editora não ter enviado o material de apoio ao professor, PDF 3, o item relacionado a esse material, qual seja, a apresentação de maneiras de abordar o texto literário que possibilitem ou viabilizem a realização de debates capazes de articular o texto com desafios sociais contemporâneos, incluindo outros componentes ou áreas do conhecimento, com vistas a uma abordagem interdisciplinar, está parcialmente contemplado no PDF 1.

Tutorial/Vídeo-aula/Audiovisual O tutorial/vídeo-aula apresenta informações que: 2.2.1 Contextualizam o autor e a obra? 2.2.2 Auxiliam o professor a motivar o estudante para a recepção do texto literário? 2.2.3 Justificam a associação da obra à categoria e gênero literário indicados pela editora, bem como explicitam a associação da obra com

Sim Parcialmente


o(s) tema(s) indicado(s) pela editora no momento da inscrição? Sim 2.2.4 Apresentam subsídios, orientações e propostas de atividades para a abordagem da obra literária com os estudantes? Parcialmente 2.2.5 Estão isentas de apologias a preconceitos, moralismos e/ou estereótipos que contenham, por exemplo, teor doutrinário, panfletário ou Sim religioso? 2.2.6 O tutorial possui entre 5 a 10 minutos? Sim A apresentação e a contextualização da obra são realizadas pelo escritor Luiz Fernando Emediato (00 min 10 s) que relata que o livro foi adaptado para o cinema, com o mesmo título, dirigido por André Ristum. Destaca que a melhor definição para a obra é o que está na contracapa (00 min 21 s), enfatizando a busca do Eldorado, a democracia e o relacionamento entre pai e filho. A narrativa é ambientada na década de 1960, período da criação de Brasília e da ditadura militar. De acordo com o autor, trata-se de uma obra que deve ser lida por pré-adolescentes, por volta dos 13 anos (1 min 20 s), pois, segundo Nelly Novaes Coelho, é "escrito em linguagem realista, mas perpassada de lirismo e de subjetivismo nostálgico, sua linguagem narrativa comunica-se de imediato com o leitor e o mantém suspenso pelo interesse, a cada página renovado. A aventura épica do pai, um Quixote, é vista pelos olhos do filho, numa mescla de admiração, amor, dor, orgulho e tristeza. O livro trata da força do sonho e da luta pela vida, o que o torna recomendável para o jovem leitor (1 min 32 s). Emediato contextualiza o livro ao dizer que a história é narrada por um garoto que está em processo de formação e que vai mudando ao falar de seus conflitos, de seu amor por uma coleguinha, de sua família, de sua percepção de que há algo errado com o Brasil, assim como as consequências disso para sua família (2 min 13 s). Reforça, o autor, que se trata de um livro focado nas relações familiares, nas descobertas de outras classes sociais, em conflitos pautados no discurso da família (pai) e no discurso da escola (professora) (3 min 09 s) e na busca pelos sentidos da vida, dentro de um padrão moral e ético que sejam aceitáveis (3 min 50 s). Para finalizar, Luiz Fernando Emediato afirma que o livro possibilita ao professor abrir debates e rodas de conversa com seus alunos para torna-los mais críticos, para que percebam o que é aceitável e condenável dentro dos padrões morais e éticos (4 min 19 s). Para que o docente possa se articular nesse sentido, sugere que este passe por uma imersão histórica referente aos anos de 1960, para que possa garantir a reflexão e a criticidade de seus alunos (4 min 51 s). Observa-se que a videoaula consiste, assim, de uma compreensão da obra, de seu sentido político e histórico. O vídeo carece, no entanto, de uma produção didática. Assemelha-se a uma conversa com ou autor, tendo como pano de fundo uma música, que não demonstra qualquer relação com o conteúdo da obra. Dessa forma, fica mais difícil para o professor motivar o estudante para a recepção do texto literário. O vídeo reporta-se ao gênero e sobretudo ao tema indicados pela editora. Contudo, carece de subsídios e orientações com propostas de atividades. Apesar dos problemas apresentados, recomenda-se a aprovação do material, dada a qualidade da obra.

Resultado Resultado da Avaliação 3.1.1 Recomenda-se que a LIVRO seja: Aprovada "O outro lado do paraíso" é uma novela, narrada em primeira pessoa, que conta a trajetória de uma família, em busca do país de Evilath, lugar descrito no livro bíblico de Gênesis como a terra do ouro. Nessa jornada, eles partem de Minas Gerais para Brasília, capital recém-fundada, em busca de melhores condições de vida. A mudança, os movimentos políticos da época e a instauração do governo militar de 64 funcionam como pano de fundo que sustenta a amorosa relação de Antonio, narrador, com seu pai, um homem sonhador, animado e envolvido nas causas sociais. Tanto o tema da busca de condições de vida como o do encontro do filho com o pai são adequados ao público a que se destina, visto que não apresentam abordagem simplificadora, superficial ou homogeneizante. Essa imagem do pai que muda conforme a sua situação, em um pai que luta, que chora, que fuma e bebe, oferece ao leitor uma ampla perspectiva em relação à figura masculina, muitas vezes, ausentes nos lares brasileiros. Embora apresente alguns termos que não estão no campo do repertório literário, como "merda", "bunda" e algumas situações que hoje são consideradas inapropriadas - como o trabalho infantil e o fato de a personagem criança beber e fumar - o livro é apresentado de forma linguisticamente adequada e ajuda a ampliar o repertório de temas dos leitores. Está adequado, portanto à categoria (8º e 9º ano do Ensino Fundamental - Categoria 2), aos temas (conflitos da adolescência, encontros com a diferença, sociedade, política e cidadania) e com o gênero (novela) informados na ficha de inscrição. O texto visual é bem-acabado e motiva o leitor por meio do uso de cores fortes, marcantes e imagens oníricas e surreais que contextualizam adequadamente a obra. Destaca-se ainda por apresentar inúmeras imagens que sugerem múltiplos sentidos e estimulam o imaginário do jovem leitor. 3.1.3 Recomenda-se que o MATERIAL DO PROFESSOR (PDF 1, 2 e 3) seja: Aprovada O material apresenta uma sequência didática que se inicia com a Pré-leitura. A atividade proposta, contudo, parece pouco relacionada com a leitura literária da obra, uma leitura que motive o leitor a conhecer o texto literário. Trata-se de atividade relacionada a adivinhar o título do livro a partir da ilustração. Como se pode observar pelos fragmentos a seguir: "1.ª FASE: Pré-leitura. Aula 1 - Que título tem? Materiais: Livro ?O outro lado do paraíso?, com o título coberto por uma tira de papel. Antes da leitura do livro "O outro lado do paraíso", de Luiz Fernando Emediato, problematize a capa a partir das imagens e do título, a princípio coberto com uma tira de papel para que os alunos não o vejam nesse momento (p. 14). Essa atividade não considera, por exemplo, o caráter fantástico, polissêmico e pouco realista da capa, que não se relaciona com o título, mas com o conteúdo da obra. E assim é utilizada uma aula apenas com relação ao título e sua adivinhação, afastando-se, portanto, da leitura literária. Outro exemplo ocorre com a proposta para a Aula 2 - Conhecendo a sinopse: "Materiais: Cópias da sinopse do livro "O outro lado do paraíso" (1 por dupla de alunos), que está na quarta capa da obra; cópias do roteiro para análise da sinopse (1 por dupla de alunos)." (p. 15). Essa atividade tampouco considera a leitura literária como o foco central. Tanto que na aula três os alunos deverão entrar em contato com as sinopses de outros livros de literatura infanto-juvenil. O mesmo ocorre com relação às sugestões da Aula 3 - Mais sinopses: "Materiais: Livros de literatura infantil de títulos variados." (p. 16). Após essa etapa, é chegada a hora da leitura propriamente dita. Observa-se que as atividades propostas estão mais relacionadas ao nível de compreensão da sequência narrativa da obra, do seu vocabulário, bem como do "sentimento" das personagens, como se observa em: "Sobre os sentimentos das personagens... Para Antônio o que a mudança para Brasília simbolizava? Como a família se Antônio sentiu-se com a mudança? O que a família sentiu quando chegaram em sua nova casa? O que sentiu Antônio ao ouvir sobre o comunismo no rádio? O que aconteceu para o Antônio chegar em casa chorando?" (p. 16). Pode-se afirmar que o trabalho de orientação apresenta características genéricas, que não respeitam a gradação tampouco a construção poética propriamente dita, principalmente no que concerne ao fato de ser uma narrativa em primeira pessoa, narrada por uma criança. Dessa forma, a polissemia e a qualidade literária da obra é transformada em pretexto para construção de sinopses e de outro final para a história, como se observa a seguir: "Aula 7 Mudando a história. Materiais: Livro "O outro lado do paraíso". Leia novamente a história para os alunos até o trecho "Naquele dia mesmo chegou o caminhão de mudança" (página 37) e proponha que pensem em outro desfecho para a história. Para isso, pergunte: Depois dessa parte, o que aconteceu na história?" (p. 20). Analisando essas atividades, observa-se que, ao fim delas, os alunos terão compreendido o mecanismo construção de uma sinopse, mas não o da construção de uma obra literária. Apesar dos problemas apresentados, recomenda-se a aprovação. 3.1.5 Recomenda-se que o material audiovisual (tutorial/vídeo-aula) seja: Aprovada A apresentação e a contextualização da obra são realizadas pelo escritor Luiz Fernando Emediato (00 min 10 s) que relata que o livro foi adaptado para o cinema, com o mesmo título, dirigido por André Ristum. Destaca que a melhor definição para a obra é o que está na contracapa (00 min 21 s), enfatizando a busca do Eldorado, a democracia e o relacionamento entre pai e filho. A narrativa é ambientada na década de 1960, período da criação de Brasília e da ditadura militar. De acordo com o autor, trata-se de uma obra que deve ser lida por pré-adolescentes, por volta dos 13 anos (1 min 20 s), pois, segundo Nelly Novaes Coelho, é "escrito em linguagem realista, mas perpassada de lirismo e de subjetivismo nostálgico, sua linguagem narrativa comunica-se de imediato com o leitor e o mantém suspenso pelo interesse, a cada página renovado. A aventura épica do pai, um Quixote, é vista pelos olhos do filho, numa mescla de admiração, amor, dor, orgulho e tristeza. O livro


trata da força do sonho e da luta pela vida, o que o torna recomendável para o jovem leitor (1 min 32 s). Emediato contextualiza o livro ao dizer que a história é narrada por um garoto que está em processo de formação e que vai mudando ao falar de seus conflitos, de seu amor por uma coleguinha, de sua família, de sua percepção de que há algo errado com o Brasil, assim como as consequências disso para sua família (2 min 1 s). Reforça, o autor, que se trata de um livro focado nas relações familiares, nas descobertas de outras classes sociais, em conflitos pautados no discurso da família (pai) e no discurso da escola (professora) (3 min 09 s) e na busca pelos sentidos da vida, dentro de um padrão moral e ético que sejam aceitáveis (3 min 50 s). Para finalizar, Luiz Fernando Emediato afirma que o livro possibilita ao professor abrir debates e rodas de conversa com seus alunos para torna-los mais críticos, para que percebam o que é aceitável e condenável dentro dos padrões morais e éticos (4 min 19 s). Para que o docente possa se articular nesse sentido, sugere que este passe por uma imersão histórica referente aos anos de 1960, para que possa garantir a reflexão e a criticidade de seus alunos (4 min 51 s). Observa-se que a videoaula consiste, assim, de uma compreensão da obra, de seu sentido político e histórico. O vídeo carece, no entanto, de uma produção didática. Assemelha-se a uma conversa com ou autor, tendo como pano de fundo uma música, que não demonstra qualquer relação com o conteúdo da obra. Dessa forma, fica mais difícil para o professor motivar o estudante para a recepção do texto literário. O vídeo reporta-se ao gênero e sobretudo ao tema indicados pela editora. Contudo, carece de subsídios e orientações com propostas de atividades. 3.1.7 Recomenda-se que a OBRA LITERÁRIA (Livro, Material do Professor Digital, Material do Professor Audiovisual) seja: Aprovada

Assinado eletronicamento por SONIA REGINA VICTORINO FACHINI, comissão técnica de Obras literárias do PNLD 2020 - Obras Literárias - Anos Finais do Ensino Fundamental, 19/04/2019 15:46

Assinado eletronicamento por DANIELA MARIA SEGABINAZI, comissão técnica de Obras literárias do PNLD 2020 - Obras Literárias - Anos Finais do Ensino Fundamental, 24/04/2019 15:54

Assinado eletronicamento por ANDERSON CARNIN, comissão técnica de Obras literárias do PNLD 2020 - Obras Literárias - Anos Finais do Ensino Fundamental, 25/04/2019 01:05


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