Código Coleção: 0476L20602
Componente: Gênero: conto, crônica, novela, teatro, texto da tradição popular
Bloco I Descrição geral da Obra O livro, Eu vi mamãe nascer, foi escrito por Luiz Fernando Emediato e ilustrado por Thais Linhares, está em sua 10ª edição em 2018. Publicado pela editora Jardim dos Livros, pertence à categoria 1 (6º e 7º ano do Ensino Fundamental). Tem como temas a família, amigos e escola; autoconhecimento, sentimentos e emoções. Trata-se de uma novela em que se aborda a beleza da vida, apesar da morte - que é retratada através da ótica de um menino de 10 anos - que inicia a narrativa dizendo: "Mamãe morreu ontem" (p. 7). Nesse sentido, a narrativa é uma longa viagem pela compreensão da morte através da vida. Contudo, toda a história resgata a relação de amor do filho com a mãe, sua compreensão da vida como uma missão, onde todos têm um papel a cumprir, até chegar a morte. O texto visual é belíssimo e encanta o leitor por suas cores fortes, marcantes e com imagens oníricas que contextualizam a obra de forma primorosa. O texto verbal, apesar de abordar um assunto difícil de ser tratado com as crianças, utiliza-se de uma linguagem lírica e procura responder a algumas questões como: para que serve a vida? Ajudado pelas histórias que a mãe conta, o narrador consegue perceber que apesar da morte, assim como na natureza, sua mãe continua viva nele, como o adubo vive em cada planta morta. A despeito do tema difícil, a linguagem com que é narrado é acessível aos leitores dos 6º e 7º anos, auxiliada por uma ilustração sensível, que apresenta múltiplos sentidos, estimulando a imaginação e favorecendo a fantasia.
Critérios da qualidade do texto verbal 1.2.1 A linguagem do texto não se restringe a palavras utilizadas no cotidiano empregadas com ênfase na função referencial? Sim 1.2.2 1.2.2 O texto verbal emprega com qualidade figuras de linguagem, como metáforas, metonímias, antíteses, hipérboles e/ou elipses, Sim entre outras? 1.2.3 1.2.3 O texto está isento de clichês que prejudiquem a qualidade estética da obra? Sim 1.2.4 O texto, caracterizado pela polissemia, permite que os alunos elaborem diferentes leituras, permitindo que o professor conduza um Sim debate sobre as diferenças entre seus pontos de vista? 1.2.5 O texto verbal está escrito em acordo com um gênero da tradição literária (caso a resposta para essa pergunta for "sim" ou Sim "parcialmente", obrigatoriamente, a resposta será "não" tanto para a pergunta 1.2.7 quanto para 1.2.8)? 1.2.6 A construção do texto corresponde de modo adequado a convenções desse gênero (questão 1.2.5), consolidando ou ampliando um Sim repertório de formas literárias do aluno? 1.2.7 O texto rompe com as convenções de gêneros da tradição literária (caso a resposta para essa pergunta for "sim" ou "parcialmente", Não se aplica obrigatoriamente, a resposta será "não" tanto para a pergunta 1.2.5 quanto para a 1.2.6)? 1.2.8 A ruptura com gêneros tradicionais, nesse texto (questão 1.2.7), contribui para a ampliação de repertório de formas literárias do aluno? Não se aplica 1.2.9 O texto verbal está isento de apologia a ideias preconceituosas e comportamentos excludentes (ou seja, racismo, fascismo, machismo Sim ou outros modos de pensamento autoritário apresentados de forma acrítica)? 1.2.10 O texto verbal está isento da exploração da violência e/ou da morte de forma acrítica (ou seja, está isento de incentivos à violência)? Sim 1.2.11 O texto apresenta um vocabulário predominantemente compreensível para os estudantes, em acordo com sua faixa etária? Sim 1.2.12 Quanto às obras em língua inglesa: o texto utiliza o tempo presente perfeito de forma apropriada? Não se aplica 1.2.13 Quanto ao livro brinquedo: o texto é apropriado ao público-alvo e assume função estética e suscita um envolvimento emocional? Não se aplica Como tratar da morte, e da morte da mãe com uma criança? Essa obra tem como base esse tema difícil, que será abordado a partir da perspectiva de uma criança de 8 anos. Ao eleger o menino como narrador, o autor opta por uma linguagem mais simples, mais próxima da realidade do leitor que se interessa pelo assunto, ou que está sofrendo uma perda. Para alcançar o equilíbrio entre o literário e a subjetividade exigida pelo livro, o autor lança mão de uma linguagem mais corriqueira, verossímil em relação ao narrador, uma criança de 8 anos. Contudo, está longe de ser clichê, como se pode observar por meio do seguinte fragmento: ?Meu pai é um homem bom. Eu sabia que ele ia ficar triste com a morte de mamãe, mesmo sabendo que a vida continuava do mesmo jeito sem ela, porque tudo o que nasce um dia tem de morrer.? (p. 12) Pode-se afirmar que a polissemia do texto está relacionada a sua estrutura narrativa que, embora comece com a frase ?Minha mãe morreu ontem?, apresenta toda a narrativa a partir da experiência desse filho com a mãe e o pai. Suas histórias alimentam a polissemia e o sentido último da obra que é a de mostrar que a morte é inevitável e que a vida, plena de histórias, de fantasia e de amor é o caminho que leva à finitude. Assim como na natureza, a vida continua na memória do filho, como se nota em: ?Mamãe estava na cama, com os olhos fechados e as mãos cruzadas no peito. Acho que dormia, de tão bonita que estava. Mamãe era uma mulher muito branca, de cabelos pretos. Mas não tinha boa saúde, dizia vovó antes de morrer também? (p.13). A obra está escrita de acordo o gênero novela, correspondendo, de modo adequado, a convenções desse gênero, sem rompê-las, e possibilitando ampliar o repertório das formas literárias do aluno. Além disso, o texto está isento de apologia a ideias preconceituosas e comportamentos excludentes; a morte se apresenta de forma sensível, com vocabulário compatível com o universo do leitor do 6º e 7º ano. A linguagem do texto não se restringe a palavras utilizadas no cotidiano e empregadas com ênfase na função referencial. O texto trabalha a polissemia e insere novas palavras que ampliam o vocabulário dos jovens leitores, como se observa nos seguintes excertos: "Eu não entendia bem, mas hoje eu sei. Dentro de cada homem, dizia papai, existem sóis, galáxias, átomos se movimentando, vivos e mortos. O mundo está dentro de cada coisa viva e morta, dizia papai, e eu ouvia tudo maravilhado" (p. 23) e "Porque o mundo está nas coisas, nos homens, nas plantas. e tudo se movimenta e tudo é muito grande, mesmo aquilo que é tão pequeno. Porque o que é pequeno está dentro do grande, da mesma forma que o grande está dentro do pequeno." (p. 23). O texto verbal emprega com qualidade figuras de linguagem, como hipérboles, antíteses, metonímias, comparações e sinestesias, possibilitando a fruição literária. O título do livro já é um eufemismo para a morte: a mãe só pode renascer depois de morrer. Outros exemplos podem ser observados nos seguintes fragmentos: "Eu só não sabia que mamãe ia terminar primeiro do que a gente" (p. 18); "Há o tempo de fazer e o de destruir, o tempo de sorrir e o de chorar, de se manchar e de se desmanchar" (p. 5); "Me pôs no joelho e olhou para mim bem nos olhos" (p. 20) e "A última lembrança que vou ter dela, para o resto da minha vida, é de uma mulher magra e boa que descansava na cama, os olhos fechados, a boca tão bonita, aqueles cabelos compridos e as mãos magrinhas cruzadas no peito" (p. 28). O texto está isento de clichês, pois se utiliza da linguagem literária com múltiplos significados que acabam por sensibilizar o leitor, fazer com que tenha empatia pela dor, pela perda e pelos sentimentos do outro, possibilitando que os leitores elaborem diferentes leituras e que o professor conduza rodas de conversas e debates sobre os diferentes pontos de vista acerca de sentimentos, emoções e perdas familiares ou não , como se nota nos seguintes fragmentos: "Era divertido imaginar essas coisas, mas às vezes eu ficava triste. Porque eu imaginava essas pessoas vivas, como gente mesmo, e não como planta, e gostaria que elas não tivessem nunca chegado ao fim do seu caminho. Porque ser gente é sempre bom, eu pensava" (p. 25); "Eu não entendi direito naquela hora, mas depois entendi. Papai não ia morrer, mas mamãe sim. Eu pensei que desde esse dia as coisas iam ficar tristes em casa, mas nada disso aconteceu. Papai continuou saindo com mamãe para o cinema, às vezes passeavam no parque e me levavam com eles" (p. 27) e "Papai chorou muito essa noite, mas hoje já está melhor. Não vamos ver mamãe nunca mais, pelo menos da forma como ela era. Já a levaram, e não fomos juntos, papai não quis, nem eu" (p. 28).