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Idealização e projeto
Geysiane Andrade
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Idealização e projeto Geysiane Andrade
Idealização e projeto
Geysiane Andrade
Idealização e projeto Geysiane Andrade
Do alto da serra, a Santa Cruz acena ao longe na torre da igreja. O asfalto rompe pela mata fechada e reflete o calor do sol do meio do dia, enquanto a cidadezinha vai surgindo tímida. De um lado, as árvores dividem espaço com os pastos e algumas cabeças de gado. Do outro, uma fileira de casas vai se formando, com nova tinta e forma. No final da subida, benzo-me ao pé da igreja matriz Nossa Senhora das Necessidades e peço licença para entrar. Ela está lá, imponente e de vigília, guardando Piracema, com todas as suas histórias e segredos, numa mistura de água, terra e silêncio.
A exposição Deságua: paisagens poéticas de Piracema apresenta poemas, fotografias, colagens, vídeos, pinturas, objetos, instalações, artesanatos e documentos históricos da cidade de Piracema, interior de Minas Gerais, com o objetivo de valorizar e fortalecer sua memória, história e cultura. A exposição é resultado da pesquisa de doutorado em Escrita Criativa realizada na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) pela escritora piracemense Geysiane Andrade, reunindo criações da autora, além de obras de artistas e acervos da cidade.
Geysiane Andrade
Na superfície pouca água. No silêncio escrito flutuam alguns peixes chave de todo o enigma.
O coração campeia. Sob a memória outro rio forma-se.
Geysiane Andrade
As águas cobrem o rosto inundam as ruas, Piracema tudo e eu rio começo a desaguar.
Fotos: Igreja Nossa Senhora das Necessidades, Fabiele Assunção; Comunidade do Tatu, Festa do Ruralista, Flor de Paineira, acervo Geysiane Andrade; Folia de Reis N. Sra. das Necessidades, Leandro Oliveira
Fotos: Simple Man, Luciana Moura; Av. Onofre Pinto Lara (antigo Distrito do Rio do Peixe), acervo Prefeitura Municipal de Piracema; Dona Carlinda na janela e sua família reunida, acervo Associação dos Congadeiros de N. Sra. do Rosário
Piracema vem do tupi-guarani pirá-acema (pirá, peixes; acema, saída), ou seja, saída dos peixes. Movimento migratório dos peixes, que sobem a correnteza do rio para desovar.
Localizada no interior do estado de Minas Gerais, a 120 quilômetros de Belo Horizonte, Piracema é composta por, aproximadamente, 6.700 habitantes (IBGE, 2022), a maioria residente na zona rural, e foi emancipada em 1953. Antes era chamada de Rio do Peixe, com rios caudalosos e cachoeiras, pelas matas se apresentam diversas espécies de animais e plantas nativas, embora agora tudo pareça mais escasso e silencioso. A economia gira em torno da produção agropecuária, com criação de gado bovino e produção de hortifrutigranjeiros. O artesanato, a produção de doces, mel e cachaça também são destaque, além de suas tradições, como congado, folia de reis, festas tradicionais e saberes populares.
Apesar de ainda não ser muito desenvolvida política e socioeconomicamente, Piracema é conhecida como “Cidade Amiga” e faz jus à fama do estado, com um povo pacato, alegre e acolhedor. Tem também os mais desconfiados, que preferem ficar quietos em suas casas, mas com os olhos sempre na janela. Todo mundo conhece todo mundo. Gente simples, que gosta de chamar para dentro para tomar um café com biscoito quentinho ou uma sanfona à noitinha, com roda de dança e torresmo no prato. Gente de boa prosa, que conta seus causos e histórias e, assim, resiste e mantém viva a memória da cidade.
Fotos desta página: pintura em tela, Hélio Antônio de Oliveira (“Treula”); artesanatos de pintura em tecido de Maria Cândida de Jesus, bordado em ponto cruz de Cecília Andrade Silva, bonecas de espiga de milho por Alenir Monteiro e Cirlei Andrade; “Bordando a existência”, bordado sobre papel, Ana Berenice; quadros de EVA e materiais orgânicos sobre vidro e madeira, alunos da APAE de Piracema; poema bordado em tecido por Geisibel Andrade, texto de Geysiane Andrade. Fotos da página ao lado: instalação seixos de rio com poesia, Eliana Silva; colagens sobre papel, Ana Berenice; documentos históricos de Piracema de acervos locais; rede de poemas em crochê, por Catarina Maria de Jesus, com texto de diversos autores(as) piracemenses, e peixe em crochê de Armelinda Silva.
ExPosição “DEsáGuA: PAisAGEns
PoéticAs DE PirAcEmA”
01 a 14 de abril de 2024
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)
Rua Dr. Andrade, 3, sala 1
Prédio Secretaria de Educação
Centro, Piracema - MG
rEAlizAção
Lei Paulo Gustavo e Ministério da CulturaGoverno Federal
APoio
Prefeitura Municipal de Piracema
Secretaria Municipal de Esporte
Cultura e Turismo
Secretaria Municipal de Educação
Secretaria Municipal de Assistência Social
Câmara Municipal de Piracema
PUCRS
iDEAlizAção E curADoriA
Geysiane Andrade
oriEntAção
Bernardo Bueno
colAborAção
Geisibel Andrade
ArtistAs conviDADos
Fotografia: Cássio Melo, Cleiton Souza, Fabiele Assunção, Geraldinho Ferreira da Silva, Leandro Oliveira e Luciana Moura.
colagem: Ana Berenice
instalação: Eliana Silva
Pintura: Daiany Lara
Artesanato: Alenir Monteiro, Armelinda Silva, Catarina Maria de Jesus, Cecília Andrade Silva, Cirlei Andrade, Irani Lara, Ivone Andrade, Maria Cândida de Jesus e Rita Olga Lara.
Poesia: Geraldo Magela, João Sávio Melo e Michele Resende Nery
vídeo: Leandro Oliveira
AcErvos
APAE - Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de Piracema
Associação dos Congadeiros de Nossa
Senhora do Rosário
Cartório Marques – Notas e Registro Civil
Casa de Cultura Dona Carlinda Rosa de Castro
Igreja Matriz Nossa Senhora das Necessidades
Prefeitura Municipal de Piracema
Antônio Clareth da Costa
Carla Silva
João Bosco Ferreira
Leila de Assis
Lindamar Aparecida
Lucila Maria de Oliveira
Nadir Costa
Otávio di Toledo (Programa Viação Cipó - TV Alterosa / SBT)
Sônia Moura
Waldivino Gonçalves Wantuir das Graças
iDEntiDADE visuAl Do ProjEto Martokos / Fabrícia Batista
ProDução
Aerotildes Costa, Ana Berenice, Cirlei Andrade, Geisibel Andrade, Geysiane Andrade, Hirma Costa, Janderson Costa e Jésica das Graças.
EDição DE víDEos
PUCRS Cultura e Agência Ideação.
“Ouço na língua do silêncio sonhos submersos o mistério sobrevive além das águas.”
Geysiane Andrade