UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE JORNALISMO Redação VI – Exercício de Reportagem Conto Acadêmico: Guilherme Longo Desvio inesperado Aquele grupo de aproximadamente 50 estudantes estava indo para a viagem que esperaram o ano inteiro. Eram formandos do nono ano do ensino fundamental que estavam indo para uma pousada no interior de Goiás, famosa pelas piscinas quentes. Dentro do ônibus, estudantes de duas escolas de cidades diferentes, Palmital e Santa Cruz do Rio Pardo, pequenos municípios localizados no sul do estado de São Paulo, próximos à divisa com o Paraná. Tinham se conhecido pessoalmente horas antes, mas já conversavam através do MSN há meses. Já haviam feito amizades e conversavam sobre a separação dos quartos, que seria decidida quando chegassem à pousada, como havia determinado um dos professores que acompanhava os alunos. Já passava da meia-noite do feriado de 15 de novembro de 2007. Naquele momento, o ônibus estava próximo da divisa de São Paulo com Minas Gerais. Na estrada, o movimento era quase inexistente, por mais que fosse um final de semana de feriado prolongado. Dentro do ônibus, a maioria dos estudantes dormia na parte de cima, desconfortável nos bancos que de reclináveis não tinham quase nada; no andar de baixo, cerca de 10 alunos estavam acordados conversando e jogando truco. Ao final da partida, Vitor, um dos viajantes, resolveu ir ao banheiro. Para brincar com ele, o pessoal resolveu trancar a porta, impedindo sua volta. Como seu parceiro de jogo havia saído, Guilherme passou a olhar a estrada, esperando o sono chegar. Queria dormir antes de chegar à pousada para que pudesse aproveitar o primeiro dia. Queria, acima de tudo, aproveitar todos dias da viagem, independente de sol, chuva, frio. Estava cansado do trabalho que teve durante o ano. Era o líder da comissão organizadora da formatura de sua turma. Não tomava muitas decisões, já que os estudantes do terceiro colegial tinham preferência. Mas tinha como obrigação recolher o dinheiro dos seus companheiros de classe, como pagamento da festa e de rifas e convites, depositar no banco e fazer um balanço semanal da conta para apresentar para a professora responsável pela festa. Também estava irritado, porque Bárbara, sua companheira de turma e líder da comissão não estava ajudando em nada na preparação. Uma parada que o ônibus fez cortou seu pensamento. Achou estranha essa parada repentina, mas como ela durou menos de 15 segundos, não ligou. De repente, o barulho de alguém tentando abrir a porta chamou a atenção de todos. Como achavam que era o Vitor, começaram a rir e a falar: - Vai lá pra cima dormir, não vamos abrir nada! Mas a pessoa continuou a tentar abrir a porta, sem sucesso, pois estava trancada. Até que em um momento, ouviu-se o barulho do vidro se quebrando. Todos